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Carolina Andion

De: Marcio Pochmann; Ricardo Amorim.


São Paulo: Cortez, 2003.
Por: Carolina Andion, administradora,
mestre em Administração pela École des
Hautes Études Commerciales de
Montreal, doutoranda em Ciências
Humanas na UFSC e professora de
graduação e pós-graduação da FAE
Business School.

ATLAS DA
EXCLUSÃO
SOCIAL
LIVRO APRESENTA GEOGRAFIA DA EXCLUSÃO SOCIAL NO BRASIL, DISCUTE AS

RAÍZES HISTÓRICAS DO FENÔMENO E PROPÕE ALTERNATIVAS DE AÇÃO

O Atlas da Exclusão Social é um livro de referência para "selva" de exclusão. A exclusão é mais densa em determinadas
profissionais e acadêmicos que se interessam pela temática da áreas geográficas que coincidem com as regiões Norte e Nordeste.
responsabilidade social. Os autores realizaram uma ampla O trabalho de Pochmann e Amorim apresenta um retrato das
pesquisa, no ano de 2000, envolvendo os 5.507 municípios desigualdades sociais presentes no país, levantando alguns dados
brasileiros e a apresentam em 41 mapas (nacionais e regionais), importantes, dentre os quais se destacam:
dando forma a uma verdadeira geografia da exclusão social no
Brasil. Por meio do cruzamento de diferentes indicadores • 53,6% dos municípios pesquisados possuem elevada
relacionados ao padrão de vida (grau de pobreza dos chefes de participação de chefes com pouca escolaridade e em 2,12% das
família, taxa de emprego formal e desigualdade de renda); ao cidades pesquisadas a maioria absoluta dos chefes de família
conhecimento (taxa de alfabetização da população acima de cinco não sabe ler ou escrever;
anos e média de escolaridade dos chefes de família); e ao risco
juvenil (porcentagem de jovens na população e número de • apenas 10,3% dos municípios contam com uma estrutura
homicídios por 100 mil habitantes), os autores conceberam o ocupacional marcada pelo assalariamento formal, quase todos
índice de exclusão social. Esse índice varia de zero a um, sendo localizados na região Centro-Sul do país;
que as piores condições estão próximas de zero, ao passo que
as melhores situações estão próximas de um. • 13,9% das cidades apresentam uma alta incidência de homicídios
e sua localização não coincide com os territórios onde estão os
TRISTE RETRATO maiores índices de exclusão;

A geografia nacional da exclusão permite constatar que no território • as cidades com elevada participação de jovens se situam nas
brasileiro há alguns "acampamentos" de inclusão em meio a uma regiões mais excludentes do país;

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• 49% dos municípios tem uma elevada desigualdade na importância da Não é possível conceber
distribuição de renda; q u e s t ã o d a
responsabilidade
um real projeto de nação
• 41,6% dos municípios apresentam índices de exclusão social social como algo que sem que se construam
de 0.0 a 0.4, situados na sua grande maioria acima do Trópico de diz respeito a
alternativas viáveis para
Capricórnio. todos: Estado,
mundo corporativo diminuir as desigualdades
A obra não se encerra na apresentação dos mapas e dados e sociedade civil presentes no país. Nesse
estatísticos, mas contém também análises interessantes a respeito organizada.
da exclusão social, interpretada pelos autores como um fenômeno
sentido, coloca-se a
complexo, multifacetado e com raízes históricas. Eles destacam Mais do que nunca é importância da questão
a existência de dois tipos de exclusão no Brasil: a velha e a nova. necessária a união da responsabilidade
A primeira, mais comum nas regiões com os piores índices de de esforços para
exclusão (Norte e Nordeste), tem sua origem no processo de construir pontes social como algo que diz
colonização e no regime escravista. Confirmando a análise de entre o Brasil dos respeito a todos: Estado,
Darcy Ribeiro, o Atlas mostra que a estratificação social gerada incluídos e o Brasil
nos primórdios da história nacional foi mantida, fazendo com que dos excluídos. Essas
mundo corporativo e
o país se caracterize, ainda hoje, como uma nação que se pontes só serão sociedade civil
preocupa mais em atender às solicitações exógenas, do que em firmes se construídas organizada
responder às necessidades básicas da sua população. no longo prazo,
envolvendo vários setores da sociedade e considerando as
 EXCLUSÃO PÓS-MODERNA diferentes dimensões da exclusão social, que não constitui apenas
um fenômeno socioeconômico, mas também simbólico. O excluído
A perpetuação de um modelo de desenvolvimento excludente, além é visto como um não semelhante e é privado não somente dos
de manter os velhos problemas, fomenta novas formas de exclusão, meios de consumo, mas principalmente dos vínculos sociais.
típicas de uma sociedade pós-moderna, como o desemprego, o Romper com esse ciclo histórico de exclusão significa devolver a
preconceito e a apartação social. Segundo os autores, esse tipo de essas pessoas o seu poder de ação, enquanto cidadãos. Incluir,
exclusão está mais presente nas regiões Sudeste e Sul e reflete o nesse sentido, pressupõe, além de crescer e gerar empregos,
modelo de industrialização instaurado no país. Conforme já reforçar a democracia. 
ressaltava Celso Furtado, algumas décadas atrás, o crescimento
econômico gerado pela modernização do país não foi suficiente
para promover a inclusão social e diminuir as suas desigualdades.
Apenas uma pequena parcela da população teve acesso aos níveis
de consumo dos países ditos desenvolvidos. Privilegiou-se um
modelo de desenvolvimento polarizador, baseado em padrões
exógenos e dependente dos fluxos de capital estrangeiro. Nesse
modelo, os protagonistas eram a grande indústria, no meio urbano,
e o latifúndio, no meio rural. O resultado foi uma clivagem entre as
áreas rurais e urbanas, com o êxodo rural precoce, gerando uma
explosão populacional nos grandes centros urbanos, formada em
grande parte por pessoas subempregadas e vivendo em um nível
de subsistência fisiológica.

Pochmman e Amorim vêm então chamar a atenção para a urgente


necessidade de reversão desse quadro de exclusão histórica,
antes que os "acampamentos" de inclusão sejam engolidos pela
"selva" de exclusão. Não é possível conceber um real projeto de
nação sem que se construam alternativas viáveis para diminuir
as desigualdades presentes no país. Nesse sentido, coloca-se a

Atlas mostra que a estratificação social


gerada nos primórdios da história
nacional foi mantida, fazendo com que
o país se caracterize, ainda hoje, como
uma nação que se preocupa mais em
atender às solicitações exógenas, do
que em responder às necessidades
básicas da sua população

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