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"Elaborando projetos"
A experiência de atividades didáticas no Programa de Alfabetização Solidária (PAS)
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Mestranda em Letras – Estudos Literários – UFMG; Professora da rede estadual de ensino.
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Doutoranda em História pela UNICAMP; Professora de História da UEMG, Campus da Campanha.
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Ver livro-guia para alfabetizadores elaborado pelo MEC; texto de VÓVIO, Cláudia e JOIA, Orlando.
Albabetização de Jovens e Adultos — Diagnosticando necessidades de aprendizagem. Brasília: MEC, 2000.
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VÓVIO, Cláudia Lemos (Coord.). Viver, Aprender: Educação de Jovens e Adultos. São Paulo: Ação
Educativa; Brasília: MEC, 2000.
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questões que envolvam a reflexão sobre si, enquanto indivíduo/cidadão, sobre sua
comunidade, sobre sua época, sobre a sociedade em que vive e sua cultura.
Compreende-se assim que todo ato pedagógico deve se inserir em uma ação
determinada sobre a sociedade, permitindo também uma ação das pessoas sobre si mesmas
e destas sobre o mundo (GADOTTI, 1988). A tradição educacional tem nos mostrado que
as atividades e conteúdos escolares têm se organizado de forma a desenvolver um ensino
fragmentado e sem integração entre as disciplinas e, mais grave ainda, desconectado dos
problemas mais imediatos do contexto sócio-cultural. O empenho seja da escola, seja do
professor, em oferecer condições e possibilidades para que cada aluno possa construir e
reconstruir sua identidade sócio-cultural, sendo sujeito interativo com direito a expressar
suas experiências e conhecimentos de mundo são aspectos fundamentais no processo
educativo.
A ação pedagógica deixa então de ser encarada como a justaposição de falas isoladas,
e passa a ser concebida como um conjunto de falas em torno de eixos comuns. O trabalho
coletivo e interdisciplinar promove uma maior participação, mas em contrapartida requer
responsabilidade e envolvimento em todo processo: no planejamento, na execução, no
registro e na avaliação das atividades didáticas. O trabalho coletivo permite as pessoas se
encontrarem mais, aprenderem a se defrontar com diferentes perspectivas, a conviver e
trabalhar com o diferente, com o conflito. Este trabalho mostra o conhecimento individual
como essencial ao fortalecimento do grupo.
Partindo do princípio de que a alfabetização é uma forma de inserção do indivíduo na
sociedade letrada e, no caso específico, de jovens e adultos, é um meio de resgate da
cidadania através da recuperação da auto-estima e da aquisição de ferramentas essenciais
para o cidadão exercer o seu papel social, torna-se necessário pensar em uma prática
pedagógica que proporcione a inclusão social e que respeite a relação diferenciada do
sujeito com a escrita e a leitura, que é marcada pelo meio social em que o sujeito está
inserido.
Neste sentido, o papel do professor deve passar por uma transformação. Cabe a ele
não apenas fornecer estímulos, mas trabalhar a partir de experiências e vivências dos
alunos, procurando através de atividades reflexivas possibilitar que cada um supere suas
expectativas a cada momento. É importante ver o aluno como uma pessoa que vive na sua
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• Objetivos: quais são as finalidades do projeto, o que espero alcançar? Definir objetivos é ter clareza do
que deseja e das ações a serem desenvolvidas:
A) Um painel? Um álbum? Um cartaz?
B) O que espero dos meus alunos no dia-a-dia? Agilidade? Destreza? Trabalho em equipe?
Atenção? Desenvolvimento da afetividade? Desenvolvimento de atividades psico-motoras?
C) Em português? Em história? Em matemática? Com relação a outros campos de saber?
• Atividades Previstas: como será feito? Que atividades devo propor para alcançar meus objetivos. É o
processo de desenvolvimento do projeto.
• Material: o que precisarei usar?
• Duração Provável: quanto tempo utilizar? 1 dia? Uma semana? 15 dias? 1 mês ou mais?
• Avaliação: a avaliação deve levar em conta todo o processo e o envolvimento de todos no projeto. Pode
ser utilizado: auto-avaliação, relatos orais e escritos, trabalhos em grupos, “vitórias”/ “conquistas” dos
alunos no dia-a-dia, exposições de trabalhos.
teórico. Para tal foi necessário abordarmos um assunto conhecido por todos os
alfabetizadores, independente do grau de escolaridade, então optamos por trabalhar com o
nome, a terra e as expectativas de cada um. Esta atitude fez com que os alfabetizandos
participassem mais das atividades, arriscassem opiniões, ou seja, se sentissem mais seguros
para desenvolver um trabalho.
Alguns resultados
Com relação aos resultados, o que nos surpreendeu foi algumas divergências nas
concepções e definição do povo nordestino, que foram bem destacadas pelos municípios de
Pilar, Juripiranga, Itabaiana e Pedras de Fogo, da Paraíba. Os alfabetizadores conseguiram
dentro da igualdade superficial, marcar as diferenças, o que possibilitou a nossa inserção no
sentido de mostrar a necessidade de respeitar as diferenças na sala de aula, procurando
sempre estabelecer um fio condutor comum; e ainda observamos a construção da
consciência da preservação do patrimônio cultural destas cidades, inexistentes nas
primeiras turmas de alfabetizadores capacitadas por nossa equipe, o que consideramos fruto
do trabalho da equipe do PAS/UFOP nestas cidades.
Por outro lado, observamos também que estavam presentes alguns estereótipos ou
idéias de senso comum à respeito do nordeste e de seus habitantes, especialmente
temas/noções veiculados pela mídia, quanto a estreita relação entre povo e meio. Desta
maneira, destacavam-se em suas falas e nos painéis apresentados, imagens de praia, sol,
pessoas alegres, sol, religiosidade, pessoas trabalhadoras, fortes. Em outro pólo, as
dificuldades, sobretudo temas e imagens ligados ao universo da seca, não tão delimitados
devido ao fato de que estas cidades não serem fortemente atingidas pela seca.
Como finalização da Capacitação, pedimos aos alfabetizadores divididos em grupos
por cidades, que fizessem um esboço de um projeto didático para ser executado nas
comunidades em que fossem trabalhar. Ficamos surpresos com os resultados, primeiro
porque abordavam assuntos diversos sem perder o objetivo, a alfabetização; segundo por
conseguirem, de forma incipiente, o que nós educadores buscamos a todo tempo: a inserção
da escola na comunidade, através da execução de projetos que contribuíam para o bem estar
da população como um todo. Assim sendo, foram feitos projetos sobre prevenção da
dengue, coleta do lixo, etc.
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Bibliografia:
VÓVIO, Cláudia Lemos (Coord.). Viver, Aprender: Educação de Jovens e Adultos. São
Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 2000.