Álvaro Joaquim Melo Siza Vieira, nasceu no dia 25 de Junho de 1933.
O gosto pelo desenho começou cedo e prolonga-se desde então. Para Siza desenhar é um acto compulsivo. Estudou na Escola de Belas Artes, de 1949 a 1955, ano em que começa a trabalhar com o arquitecto Fernando Távora, onde desempenhou tarefas durante três anos. Em 1966 começou a leccionar na Escola de Arquitectura do Porto (ESBAP), onde se mantém como docente até hoje. Como Professor Visitante contam-se muitas passagens, como por exemplo, na Escola Politécnica de Lausanne, na Universidade da Pennsylvania, na Escola de Los Angeles em Bogotá e na Escola de Design da Universidade de Harvard. Projectou inúmeras obras, sendo o autor de vários projectos nos quais se incluem o Museu de Arte Contemporânea da Galiza, a Escola Superior de Educação de Setúbal, a Escola de Arquitectura do Porto, a Biblioteca da Universidade de Aveiro e o Museu de Arte Moderna do Porto. Foi o supervisor das obras de reconstrução da área incendiada do Chiado, em Lisboa, e construtor do grande projecto que foi o Pavilhão de Portugal na Expo 98. Os seus trabalhos têm sido exibidos em todo o mundo, desde Copenhaga, Barcelona, Nova Iorque, Paris, Amsterdão, entre outros. No seu currículo, contam igualmente numerosas conferências e seminários em Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha e Noruega, por exemplo. Dos diversos prémios que recebeu destacam-se o Prémio Mies Van Der Rohe, o da Comunidade Europeia (1988) e o Pritzker Prize (1992).
Siza, a evolução de uma linguagem estética
Na adolescência, durante uma viagem a Barcelona, Siza deixa-se impressionar pelas formas plásticas da Casa Milá e pela Igreja da sagrada família. Até àquele momento vivia praticamente indiferente à arquitectura, mas as obras que acabava de ver surgiam-lhe como uma revelação. Indagava-se de como seria possível que elementos tão simples como uma porta ou um rodapé, pudessem assumir aquela força criativa. A obra de Gaudi foi, sem dúvida, um factor determinante para despertar em si o gosto pela arquitectura. Hoje, Álvaro Siza, é considerado o maior arquitecto português cujos trabalhos, ao longo dos anos, têm provado estar entre os mais coerentes e completos trabalhos da arquitectura deste século. As suas primeiras obras revelam uma linguagem de certa agressividade exterior, característica que se foi atenuando a partir da introdução de aspectos «neo- modernistas». São utilizados volumes cúbicos ou cilíndricos, com as janelas e as portas muito bem recortadas em paredes nuas, opondo-se, de certa forma, à arquitectura de tradição popular. As suas obras mais recentes parecem citar alguns aspectos de uma linguagem «cubista» e «minimalista», tentando também introduzir uma influência alemã na arquitectura portuguesa. Os edifícios que projecta são essencialmente de estrutura puramente bela, que podem ser considerados como obras-primas da arquitectura contemporânea, isto porque são também edifícios excelentes do ponto de vista funcional e estético. Todas as suas obras pretendem ainda, sempre que possível, respeitar a topografia local e se adequarem a ela. Siza considera a arquitectura uma actividade de evolução e transformação, que reage a rupturas históricas. Nela não interferem apenas a solidez do desenho ou a experiência do arquitecto, mas o impulso colectivo.
De 1933 até aos nossos dias
Álvaro Siza nasce em 1933, ano em que Portugal se encontra sob o governo do Estado Novo, que segundo o seu regime autoritário e opressivo, manteve o país praticamente isolado a contactos externos. Como Siza refere, «nessa altura era muito difícil sair do país, a informação era controlada e a Censura estava muito presente. A abertura começou nos anos 60 e acelerou-se depois da “Revolução dos Cravos” (...) ». Desde os anos 30 que os arquitectos portugueses se mantinham informados em relação ao que se passava e ao que era feito fora do país. Países da Europa, como a Alemanha, ou a Holanda eram referências importantes. No entanto, durante o Salazarismo havia quase uma imposição de um estilo arquitectónico muito ao gosto do regime e dos seus colaboradores. Estar disposto a seguir tais imposições significava uma condição de acesso ao trabalho. Com o fim do regime, a abertura e a circulação de informação acelerou-se, suscitando muita curiosidade e uma imperiosa necessidade de contactos. Estes foram facilitados devido ao crescimento económico que daí adveio. Portugal, até então um país quase fechado e refém de um duro regime, abre-se à livre circulação de pessoas, informação e ideias. As relações estreitam-se ainda mais, quando Portugal se integra na União Europeia. Portugal, quase desconhecido, começa então a despertar um súbito interesse nos países estrangeiros. A arquitectura e, consequentemente, o trabalho de Álvaro Siza tornam-se pontos de grande interesse e divulgação. Hoje o seu nome encontra-se entre os grandes da arquitectura mundial. São inúmeros os artigos já publicados sobre o arquitecto em revistas da especialidade, assim como o número de convites para trabalhar e leccionar fora do país.