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SPINA, Segismundo. A lirica trovadoresca. 4 ed. Sao Paulo: _Edusp, 1996, p. 17-85 O Movimento Trovadoresco Occitdnico « Mined SY Para se compreender a literatura da Idade Média, seja a da Franca, a da Itslia, a escandinava, a germénica ou a galego-portuguesa, é necessé- rio amé-la. Uma excursio proveitosa, inteligente, através das supostas sombras da era medieval, principalmente da Baixa Idade Média, 56 € possivel se do nosso espirito afastarmos 0 conceito pejorativo que a Re- nascenga imputou aos séculos géticos (dos godos, “bérbaros”) ¢ abragar- mos 0 entusiasmo sonhador do Romantismo, que fez. revivescer esse mundo encantado da poesia, das catedrais e das justas sarracenas. Os primeiros capitulos da historia literéria da moderna Europa fo- ram escrites, no curso do século XI, pelos (rovadores da Provenga. Por Provenca vamos designar aqui, ndo obstante a impropriedade do termo, toda a civilizagio do Languedécio que est compreendida entre 0 Medi- terrineo e 0 Macigo Central, os Pireneus ¢ a fronteira italiana. Af brotou, quando em lingua vulgar também surgia uma floragio épica no setentriio da Franca, uma poesia lirica cuja importincia é indiscutivel como fonte de todo o lirismo europeu dos séculos posteriores. O século XIl € considera- do o século de ouro da literatura medieval na Franca; 6 0 século por ex- celéncia do grande renascimento medieval. Levando em conta 0 extraor- indrio desenvolvimento da filosofia, de literatura e do pensamento artis- tico da Franga no periodo que decorre de 1150 a 1200, Gustave Cohen imagina um “classicismo” do século XII, onde as realizagées literarias so perfeitas?. Joseph Anglade é da mesma opinido: “.. Se se reduzisse 0 classicismo a0 fato de haver expresso sob uma forma perfeita verdades cternas, a antiga poesia provengal mereceria o nome de cléssica”’. O lo anterior, denominado “o século das géneses”, aparece condensado nu- ‘ma feliz imagem do grande romanista das gestas, Joseph Bédier: para cle nessa época que surgem simultaneamente a pincira cangio de gesta ca primeira poesia lirica; a primeira ogiva, o primeiro vitral, 0 primeiro dra- ma litdrgico, 0 primeiro torneio cavaleiresco ¢ a primeira carta de liber- dade de uma comuna, todas eriagdes autenticamente francesas*. Acrescen- ta ainda Bédier que Turold e Guilherme IX foram aproximadamente con- temporineos; ao lado da Chanson de Roland (presumivelmente escrita por Turold), a Franga meridional conhecia, com o trovador Guilherme IX, duque da Aquiténia, a sua primeira poesia lirica. Estas duas literaturas, a épica dos trouvéres do Norte, € a lirica dos troubadours do Sul, j4 nascem maduras, constituidas, refinadas, presst- pondo, portanto, um perfodo anterior de elaboracdo cujas rafzes esto por determinar, Como se explicaria que nos dois hemisférios franceses se pro- duzissem duas literaturas diferentes? Ambas abandonaram 0 latim como vefculo da expressio literéria e foram buscar na lingua vulgar, no romance, ‘a expresso respectivamente do verbo épico e do verbo lirico. Se 0 roman- ce as aproxima, distanciam-se entretanto pela inspiracio. Jé se procurou explicar 0 temperamento lirico da Franga meridional por causas ecogréfi- cas ¢ pela organizagéo municipal das suas comunas, Mais do que a organi- zagio politica ¢ 0 argumento romintico do clima, militam outras causas, como as condigdes de existéncia a concepgio da vida’. No século IX Carlos Magno representa uma tentativa de construgio de um novo império, cujo modelo seria o romano. O tempo incumbiu-se 1. Ver, por exempl, Paul Renveck, L'menture de Phumanisme européen aw Moyen ge, Pat, 1983; C HL Hastings, The Renaisance ofthe Twelfh Cenusy, Cambridge, 1927; Pre, Brunet, Tremblay, La reac dene te, Pat 18% Cts Broke, Te Tel Cnty Reanee, drs, 1972 2.0. Cohen, La grande clané ds Mayen dpe, New York, Maison Francie, 13, p53 3. Les oubadows, Pai, A. Colin, 1908, p17 4G. Coben far restrigies & sntese de Bédier, pois cof mais atin a cango de gest, € chanson de Gulleume remonia par ele a0 século X, bem como o prineize drama Iarpico. (Ct. La vie laéraire x Frence ou Moyen de, Pai Tllandiet, 199, p29) 5. Plt Belpéron, La Joie dAmou, Pai, Poa [198 p10. de esclarecer a impossibilidade de criar um mundo novo, ¢ a propria Id: de Média explicaria 0 fracasso de semelhante empresa: as grandes reali- zagées medievais nao foram fruto de individuos, mas obras coletivas; ¢ foi por isso que, ap6s a partilha do mundo carolingio, a cristandade se diluiu num novo periodo de anarquia®. E durante estes sombrios séculos IX ¢ X foi que surgiu o feudalismo como Gnico meio de defesa militar da Europa ocidental, assolada agora pelos invasores sarracenos, eslavos, magiares © dinamarqueses. O cavaleiro armado € 0 castelo fortificado do senhor se- riam os Unicos baluartes da Cristandade ameacada. Quando no ano 1000 feudalismo cumpria a sua missdo (pois os invasores sarracenos haviam si- do empurrados para além dos Pireneus; os eslavos, recuados até 0 Oder; 08 magiares, obrigados a limitarem-se a Hungria, ¢ os dinamarqueses es- tabelecidos - como bons catélicos — na Franga do norte ¢ na Inglaterra ocidental), no século XI a Cavalaria jé se tornava um anacronismo’. A es- trutura feudal constitufa, sem divida, um grande progresso: como sistema organizado, rudimentar embora, no s6 visava a seguranga do mundo cristo, como a fortificar progressivamente 0 poder dos senhores, eriando, entio, do mais alto suserano ao mais desprezivel dos servos, uma hicrar- quia na qual se fixavam pela primeira vez. os deveres ¢ os dircitos de cada um, Esta unio e protecao mitua foram determinadas pela necessidade da manutengio da paz contra os invasores; ¢ ao redor das igrejas fortificadas, dos castelos esbogam-se as cidades, que vio paulatinamente adquirindo consciéncia de sua personalidade politica, surgindo assim 0 movimento comunal; os eastelos de madeira vo sendo substituidos pelos de pedra, ¢ 0s grandes senhores, articulando a sua suserania os vassalos que deles nc- cessitam auxilio e protecao. ‘A Cavalaria, como organizagio paramilitar complementar do Feu- dalismo, tornou-se a exprcssio combativa, guerreira, moral ¢ rel dessa sociedade, Se o cavaleiro tinka diante de si, a partir da investidura de suas armas, um e6digo que The prescrevia o temor de Deus ¢ a manu- tengio da religiéo eristé, 0 servico leal ao seu rei, a protegao dos fracos ¢ indefesos, 0 desprezo das recompensas pecuniérias, 0 respeito & honra das mulheres, por outro lado esses votos professados no ato da investidura eram apenas te6ricos; a cavalaria da primeira Cruzada ainda nio estava impregnada desse idcalismo, e 0 banditismo selvagem dos cavalciros cn: conirava expressio na vida gucrreira que levavam. A regra geral no im- pediu que dentre eles surgissem exemplos de verdadeiros cavaleiros: Go- 61d. pp.12, 1. Ver FJ: Hearmhan, “A Cavalaia¢ 0 Sev Lugar ma Hiri", A Covalaria Medieval, trad. de A Anato Dina, Pot, Lavaia Ciszagso. 5 p16 dofredo Bulhdes pode ser considerado um modelo da cavalaria cristé, € nos séculos seguintes, XII, XIII, muitos outros aparecem como exem, do perfeito cavaleiro, ‘ a Nos castelos esboga-se uma nova situagio social criada pouco a pou- co pela mulher, que comega a ter relevo nessa organizagio, criando um mundo a parte, seu, ¢ os sal6es tornam-se um centro de convivéncia social. © coi, ue do ndeva for com tana ini viva mai nt compania 4a mle duff, Otro, nos rma alain comer acon wa cone cade ham cenit de rece at pat emia sone cram manna isc hs do slo aprender sarees mace pis ds Sonat dn oman 4 al mente vendedores abulne,prepcs conto undresvpbendes sm nin o mundo eo fro en ars Conese afr ef a 2 nica ea. oar mnt costume Entretanto, se no sul da Franca esse renascimento da mulher esti- mula um verdadciro culto na poesia dos trovadores, no Norte a mulher no logra a mesma independéncia: nas cangées de gesta, escritas para ce- lebrar 0 espfrito herdico € guerreiro da sociedade aristocratica do Norte, cla desempenha um papel acess6rio, de mero refrigério dos herdis cansa- dos € dos prazeres do senhor; estes s6 pensam nelas quando se sentem cansados de matar?. __Ennesta altura que se diversificam pela indole os dois movimentos li- teririos: o do Norte, épico, guerrciro, fazendo da uta o seu tema capital, € © do Sul, sentimental, cortés, elegante, refinado, transformando a mulher no santuirio de sua inspiragio. Ao contrario do do Norte, carater meridional € visceralmente indi- vidualista, Ai deixara forte influéncia a civilizagio romana, e nas sobre- vivéncias do direito romano podemos encontrar algumas das causas de- terminantes da fisionomia espiritual do sul da Franga"®. Os preceitos do dircito justinianeu nao se harmonizavam com o regime feudal, cuja coesio estava bascada no servigo pessoal; 0 direito romano procurava assegurar a Therdade individual © substituir por um contrato a relagdo de direitos € 8, Hearnshaa, 0b itp. 28 9 Pierre Belpeton. 0: itp. B 10, Referindo-e orgntzaglo potica do sul da Franc, diz Vode. a lag feudal éseguramente ‘uma tranformagio militar a antiga telaco romana entre o plone e seus cenc, eae @ Heo epretinn ses arenaror ou pear Em conn tdi lao faa

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