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As linhas de transmissão são os equipamentos empregados para transportar grandes blocos de energia por
grandes distâncias, entre os centros consumidores e os centros geradores. No Brasil, em função do parque
gerador ser baseado na energia hidrelétrica, o sistema de transmissão desempenha um papel muito
importante pois as distâncias entre os centros consumidores e geradores são elevadas.
Os dados do setor elétrico brasileiro podem ser obtidos nos boletins do Sistema de Informações Empresariais
do Setor de Energia Elétrica (SIESE) que é parte do Sistema Integrado de Informações Energéticas (SIE) da
Secretaria Geral do Ministério das Minas e Energia (MME). Um extrato do relatório, referente às linhas de
transmissão encontra-se no Quadro III.1.
Uma linha de transmissão de energia elétrica possui quatro parâmetros básicos: resistência série, indutância
série, capacitância em derivação e condutância em derivação. Estes parâmetros influem diretamente no seu
comportamento como componente de um sistema de energia elétrica mas, a condutância em derivação
(utilizada para representar a fuga pelos isoladores e corona de linhas aéreas ou isolação dos cabos
subterrâneos) geralmente é desprezada por ser muito pequena.
Assim, para a análise do regime permanente de uma linha de transmissão serão considerados apenas três
parâmetros: resistência série, indutância série e capacitância em derivação.
Na construção de linhas de transmissão são empregados largamente os condutores de alumínio devido aos
seguintes fatores:
• Menor custo e peso;
• Maior diâmetro que equivalente em cobre (portanto menor densidade de fluxo elétrico na superfície
proporcionando um menor gradiente de potencial e menor tendência à ionização do ar – efeito corona).
Os nomes código dos cabos CA são nomes de flores (por exemplo: 4 AWG Rose; 266,8 MCM Daisy; 636
Orchid) e dos cabos CAA são nomes de aves (por exemplo: 1 AWG Robin; 636 MCM Grosbeak; 1590
Falcon).
A resistência série é a principal causa das perdas de energia nas linhas de transmissão.
Na determinação da resistência dos condutores devem ser levados em conta os seguintes aspectos:
• Para a faixa normal de operação, a variação da resistência de um condutor metálico é praticamente
linear, ou seja:
T + T2
R2 = R1 0 (III.2)
T0 + T1
onde:
R1 – Resistência à temperatura T1 [Ω]
R2 – Resistência à temperatura T2 [Ω]
2 o
T0 – Constante do material [ C]
• Em cabos encordoados, o comprimento dos fios periféricos é maior que o comprimento do cabo (devido
ao encordoamento helicoidal). Isto acresce à resistência efetiva em 1 a 2%.
Em corrente alternada (CA), devido ao efeito pelicular (skin), a corrente tende a concentrar-se na superfície
do condutor. Isto provoca um acréscimo na resistência efetiva (proporcional à freqüência) observável a 60
Hz (em torno de 3%).
Exemplo III.1 – Para o cabo de alumínio Marigold 1113 MCM ( 61 × 3,432 mm ), a resistência em CC a
20oC é igual a 0,05112 Ω/km e a resistência CA-60 Hz a 50oC é 0,05940 Ω/km. Determinar:
a) O acréscimo percentual na resistência devido ao encordoamento.
b) O acréscimo percentual na resistência devido ao efeito pelicular.
Solução:
a) A área da seção transversal do condutor é:
2
3,432 × 10 −3 −4
A = Nπr 2 = 61π = 5,643 × 10 m
2
2
Utilizando a expressão (III.1), tem-se:
l 1000
RCC = ρ = 2,83 × 10 −8 = 0,05015 Ω km
A 5,643 × 10 − 4
Portanto, o acréscimo devido ao encordoamento , ∆ enc , é:
ef
RCC 0,05112
= = 1,019 ⇒ ∆ enc = 1,9 %
RCC 0,05015
1
Para o alumínio têmpera dura a 20o C, ρ = 2,83 × 10 −8 Ωm .
2
Para o alumínio têmpera dura a 20o C, T0 = 228 o C .
Solução (continuação):
Um condutor constituído de dois ou mais elementos ou fios em paralelo é chamado condutor composto –
observar que isto inclui os condutores encordoados e também os feixes (bundles) de condutores.
Sejam os dois condutores compostos arranjados conforme a Figura III.1. O condutor x é formado por n fios
cilíndricos idênticos, cada um transportando a corrente I n e o condutor de retorno Y é formado por M fios
cilíndricos idênticos, cada um transportando a corrente I
M .
b
a A B
DbC
Dbn
c C
n M
Condutor x Condutor Y
Figura III.1 – Seção transversal de uma linha monofásica constituída por dois condutores compostos.
Considerando as distâncias indicadas na Figura II.1, a indutância dos fios a e b que fazem parte do condutor
x são dadas por:
µ M D D D LD
aA aB aC aM
La = n ln [H/m]
2π n ra′ Dab Dac L Dan
µ M D D D LD
bA bB bC bM
Lb = n ln [H/m]
2π n r ′D D L D
b ba bc bn
onde:
µ = µr µ0 – Permeabilidade do meio3 (para o vácuo, µ 0 = 4π 10 −7 H
m = 4π 10 −4 H
km ) [H/m]
Dαβ – Distância entre os fios α e β [m]
rα′ – Raio de um condutor fictício (sem fluxo interno) porém com a mesma indutância que o
condutor α, cujo raio é rα rα′ = rα ⋅ e 4 [m]
−1
Nas expressões anteriores, é imprescindível que Dαβ e rα′ estejam na mesma unidade (em metros, por
exemplo).
3
Geralmente é utilizada a permeabilidade do vácuo pois, para o ar, a permeabilidade relativa é unitária: µ r ≈ 1 .
A indutância do condutor composto x é igual ao valor médio da indutância dos fios dividido pelo número de
fios (associação em paralelo), ou seja:
La + Lb + Lc + K + Ln
L x médio n L + Lb + Lc + K + Ln
Lx = = = a [H/m]
n n n2
Segue daí que:
Mn (D D L D
µ aM )(DbA DbB L DbM )L (DnA DnB L DnM )
Lx = ln 2 aA aB [H/m] (III.3)
2π n (Daa Dab L Dan )(Dba Dbb L Dbn )L (Dna Dnb L Dnn )
onde Dαα = rα′ . O numerador da expressão (III.3) é chamado de Distância Média Geométrica (DMG) e é
notado por Dm ; o denominador é chamado de Raio Médio Geométrico (RMG) e é notado por Ds . Assim,
µ Dm
Lx = ln [H/m] (III.4)
2π Ds
com:
Dm – Distância Média Geométrica (DMG):
Dm = Mn (DaA DaB L DaM )(DbA DbB L DbM )L (DnA DnB L DnM ) [m]
Ds – Raio Médio Geométrico (RMG):
Ds = n (Daa Dab L Dan )(Dba Dbb L Dbn )L(Dna Dnb L Dnn ) [m]
2
Considere a linha trifásica transposta com espaçamento assimétrico mostrada na Figura III.2.
D12
2
Condutor B Condutor C Condutor A Posição 2
D13
D23
Transposição
Posição 3
3
1 1 1
/3 comprimento /3 comprimento /3 comprimento
Para a linha da Figura III.2, a indutância média por fase é dada por:
µ Deq
L= ln [H/m] (III.5)
2π Ds
onde:
Deq – Distância média geométrica entre condutores Deq = 3 D12 D23 D31 [m]
Ds – Raio médio geométrico do condutor [m]
Observar a semelhança entre as expressões (III.4) e (III.5). Em linhas constituídas por mais de um condutor
por fase, o raio médio geométrico deve ser calculado como anteriormente, ou seja:
Ds = n (Daa Dab L Dan )(Dba Dbb L Dbn )L(Dna Dnb L Dnn )
2
e os termos empregados no cálculo da distância média geométrica (D12 , D23 e D31 ) correspondem às
distâncias médias geométricas entre cada uma das combinações das fases, ou seja, D xY é dado por:
Para uma linha de transmissão monofásica formada por condutores de raio r, conforme a mostra Figura III.3,
a capacitância entre os dois fios desta linha é dada por:
πk
C ab = [F/m]
D
ln
r
onde k é a permissividade do meio ( k 0 = 8,85 × 10 −12 F m = 8,85 × 10 −9 F km , é a permissividade do vácuo,
geralmente empregada no cálculo de linhas aéreas).
a b
D
Figura III.3 – Seção transversal de uma linha monofásica.
Assim, a capacitância de qualquer um dos fios ao neutro corresponde ao dobro do valor determinado pela
expressão anterior (associação série de capacitores), conforme ilustra a Figura III.4.
C aN C bN
C ab a b
N
a b
C aN = C bN = 2C ab
Capacitância linha/linha
Capacitância linha/neutro
Figura III.4 – Capacitâncias linha/linha e linha neutro.
Desta forma, a expressão da capacitância entre linha/neutro, para uma linha monofásica é dada por:
2πk
CN = [F/m] (III.6)
D
ln
r
Para uma linha de transmissão trifásica espaçada igualmente e formada por condutores de raio r, conforme
mostra a Figura III.5, a capacitância entre linha/neutro de qualquer uma das fases pode ser obtida, também,
pela expressão (III.6).
b
D D
a c
D
Figura III.5 – Seção transversal de uma linha trifásica.
Observar que na expressão (III.5) não foi contemplada a existência da terra que causa uma descontinuidade
no meio dielétrico (passa de isolante para condutivo). Embora a consideração do efeito da terra, geralmente,
não provoque alterações significativas no valor da capacitância (em outras palavras, a capacitância entre as
fases é muito maior do que a capacitância entre as fases e a terra), é possível determinar esta componente
aplicando-se o método das imagens.
Considerando os condutores fase e as imagens, mostrados na Figura III.6, a capacitância média com relação
ao neutro é dada por4:
2πk 2πk
CN = = [F/m] (III.7)
Deq 3 Daβ Dbχ Dcα Deq 3 Daα Dbβ Dcχ
ln − ln ln + ln
r 3 Daα Dbβ Dcχ r 3 Daβ Dbχ Dcα
sendo Deq = 3 Dab Dba Dca a distância média geométrica entre condutores. Observar a semelhança entre as
expressões (III.6) e (III.7). Como os condutores das linhas de transmissão são suspensos e adquirem a forma
de uma catenária, a altura adotada no cálculo da capacitância é diferente da altura de suspensão (H), pois o
cabo apresenta uma flecha f, sendo sua altura média é inferior. Usualmente, a altura empregada no cálculo, h,
é dada por: h = H − 0,7 f .
b
Condutores
Dab
a Dbc
Dca c
Superfície do solo
D aβ Dcα Dbχ
χ
α
Imagens
β
Figura III.6 – Seção transversal de uma linha trifásica assimétrica e sua imagem.
Exemplo III.2 – Para as duas configurações abaixo (vertical e horizontal), determinar a indutância série e a
capacitância em derivação por unidade de comprimento (km). Considerar que ambas as linhas são
transpostas.
a
Vertical
D
µ = µ 0 = 4π 10 −4 H
km
b
k = k0 = 8,85 × 10 −9 F km Horizontal
D Cabo 636 MCM Grosbeak
r = 1,257 cm a b c
c
D D
Ds = 1,021 cm (RMG)
D = 7 ,0 m
H H = 20 m H
Superfície do solo
5
Isto explica porque o efeito da terra é muitas vezes desprezado no cálculo da capacitância das linhas de transmissão.
Exemplo III.3 (Provão 2002) – Questão relativa às matérias de Formação Profissional Específica (Ênfase
Eletrotécnica).
Exercício III.1 – Descrever e demonstrar com exemplo as alterações necessárias na disposição dos cabos
(altura, arranjo das fases, arranjo do bundle, etc.) para:
a) Reduzir a indutância série de uma linha de transmissão.
b) Aumentar a capacitância em derivação de uma linha de transmissão.
Embora as linhas nem sempre possuam espaçamento eqüilátero e sejam plenamente transpostas, a assimetria
resultante em sistemas de alta e extra-alta tensão é pequena e as fases podem, geralmente, ser consideradas
equilibradas (via de regra, a carga é bastante equilibrada).
Os parâmetros utilizados nos estudos de fluxo de carga para representar linhas curtas e médias podem ser
obtidos diretamente das expressões anteriores – basta multiplicá-los pelo comprimento da linha de
transmissão. Para linhas longas é necessário fazer uma correção para considerar que os parâmetros são
distribuídos.
Qualquer linha de transmissão pode ser representada de modo exato, a partir dos seus terminais, por um
circuito π equivalente, como mostrado na Figura III.7, onde:
′
γ ⋅l
′ Y Y km
tanh
Y km
=
km 2
2 2 2 γ ⋅l
2
Logo, para linhas de transmissão médias, pode-se utilizar diretamente a impedância série total da linha (pois
′ ′
Z km = Z km ) e a metade da admitância em derivação total (pois Y km 2 = Z km 2 ), resultando no chamado
circuito π nominal.
Para linhas de transmissão curtas, pode-se desprezar a admitância em derivação e utilizar-se somente a
impedância série total da linha.
Exercício III.2 – Para a configuração vertical do Exemplo III.2, determinar o circuito equivalente,
considerando a resistência em corrente alternada por unidade de comprimento igual a r = 0,10054 Ω km , 60
Hz, e que o comprimento da linha é:
a) 500 km (linha longa)
b) 150 km (linha média)
c) 50 km (linha curta).
Após realizadas as correções necessárias para levar em conta o comprimento, a representação das linhas de
transmissão no fluxo de carga é realizada pelo seu equivalente π, mostrado na Figura III.8 que é definido por
sh
três parâmetros: a resistência série rkm ; a reatância série xkm e a susceptância em derivação (shunt) bkm .
V k = Vk θ k V m = Vm θ m
k I rkm jx km m
I km I mk
sh sh
jb km jb km
( sh
I km = Y km V k − V m + jbkm ) sh
V k = Y km + jbkm (
V k − Y km V m ) (III.8)
I mk = Y km (V m −V k ) + jb
sh
km V m = (Y km
sh
+ jbkm )V m − Y km V k (III.9)
[ (sh
S km = g km − j bkm + bkm )]
Vk2 − (g km − jbkm )VkVm θ km
= [g )]V
(III.10)
km − j (b sh
km + bkm k
2
− VkVm ( g km − jbkm )(cosθ km + j sen θ km )
Separando as partes real e imaginária, chega-se a:
(
Qkm = −Vk2 bkm + bkm
sh
)
− Vk Vm (g km sen θ km − bkm cosθ km ) (III.12)
* sh * * *
= V m Y km − jbkm V m − Y km V k = Y km − jbkm
* sh 2 * *
Vm − Y km V m V k
cujas partes real e imaginária são:
(
Qmk = −Vm2 bkm + bkm
sh
)
− Vk Vm (g km sen θ mk − bkm cosθ mk ) (III.14)
rkm I Vk
jx km I
θ km
V km
Vm I
Figura III.9 – Diagrama fasorial da linha de transmissão.
As perdas de potência ativa e reativa em uma linha de transmissão podem, então, ser determinadas somando-
se, respectivamente, as expressões (III.11) com (III.13) e (III.12) com (III.14), ou seja:
( )
Pperdas = Pkm + Pmk = Vk2 + Vm2 g km − 2Vk Vm g km cosθ km
Qperdas = Qkm + Qmk = (
− Vk2 )(
+ Vm2 bkm + bkm
sh
)
+ 2Vk Vm bkm cosθ km
As expressões (III.8) e (III.9), podem ser arranjadas de outra forma, tendo em vista possibilitar a
representação da linha de transmissão por um quadripolo, conforme mostrado na Figura III.10.
I km I mk
+ +
V m A B V k
V k = Vk θ k = ⋅ V m = Vm θ m
I mk C D I km
– –
Vm =
1
Y km
[(Y km
sh
+ jbkm )
] jb sh
V k − I km = 1 + km V k −
Y km
1
Y km
( sh
I km = 1 + Z km jbkm )
V k − Z km I km (III.15)
sh
I mk = jbkm
jb sh
Y km
jb sh
2 + km V k − 1 + km I km = jbkm
Y km
sh sh
2 + Z km jbkm ( sh
V k − 1 + Z km jbkm )
I km ( ) (III.16)
sh
Assim, os parâmetros do quadripolo são: A = 1 + Z km jbkm B = − Z km
sh
C = jbkm ( sh
2 + Z km jbkm ) ( sh
D = − 1 + Z km jbkm).
Exemplo III.4 (Provão 2000) – Questão relativa às matérias de Formação Profissional Específica (Ênfase
Eletrotécnica).