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Diya Benevides Pinho Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos ‘Amaury Patrick Gremaud André Franco Montoro Filho CB Srsiva eee attora Saraiva $a eae Serna, 210 — of. 0549-010 Pras Yl PAR (HKU) 361-301 Foe i 14-208 Tn (1) 813-236 fac Yon: (KN) N12 — Sap Fad — SP eae inte gave eis com. 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Nao ¢ dificil encontrar, por exemplo, noticias sobre inflagao, desemprego, taxa de juros ou taxa de cambio, Muito se tem falado, t no Brasil, do déficit ptiblico e suas conseqiiéncias ou da necessidade de se reduzir a divida externa, Também, e infelizmente, é comum encontrarmos andlises sobre a tise econdmica pela qual passa o Pais, bem como as opgdes de politica econdmica como solugdo desta crise, opgdes essas muitas vezes conflitantes. Além disso, com © processo de intensificagio das relagdes econdmicas internacionais, chamado por muitos de globalizacao, esto cada vez mais presentes determinados fatos econd- micos internacionais no cotidiano das pessoas e das empresas. £ bem provavel que vocé jd tenha ouvido falar da “crise do petréleo”, das “crises cambiais” dos paises emergentes, da “instabilidade financeira internacional” ou das implicagées, para a economia brasileira, do desempenho da economia mundial. Enfim, todos esses assuntos fazem parte das intimeras questdes estudadas pela ciéncia econdmica, cuja importancia cresce a cada dia para diversas areas do conhecimento, como Direito, Administragdo, Ciencia Politica, atividades de comunicagao etc., além de, evidentemente, para a propria Economia. Este capitulo tem como objetivo apresentar a vocé a ciéncia econdmica, suas origens, sua importancia e seus principios basicos. L Pe | Manual ce inrockugso & eoonomia Il 1-2 Conceito de economia A palavra economia® deriva do grego oikonomos (de oikos, casa; e nomos, lei), ‘que significa a administracio de uma casa ou do Estado. De forma bem geral, pode- De forma bem geral, pode mos definir a Economia como uma ciéncia social que estuda como o individuo €a eH ie (othe) nei ees cares cee ma pe le Bens ¢ servicos, de modo a distribui-los entre as varias pessoas ¢ grupos da soci¢- ‘te das intimeras questdes sugeridas na introducao deste capitulo, essa definicao pode parecer pouco pritica. Talvez fosse mais interessante dizer algo como: “a Economia a ciéncia que estuda 0 comportamento da taxa de juros e da taxa de cambio”, por exemplo. Essa também € uma defini¢ao possivel. Porém, nossa definicao “geral”, apesar da pouca referéncia ao cotidiano das pessoas e das empresas, tem como méri- to destacar alguns conceitos fundamentais para o entendimento correto dos fend- menos econdmicos. Tais conceitos sto: = recursos; = escassers + necessidadess = escolha; = producao; = distr isto. Vejamos com mais atenao o significado desses conceitos eas relagdes entre eles. Em qualquer sociedade, os recursos produtivos ou fatores de produgao (mao- de-obra, terra, matérias-primas ete.) sio limitados. Jé as necessidades humanas si ilimitadas, e sempre se renovam, por forca do préprio crescimento populacional e do continuo desejo de elevar 0 padrao de vida. Independentemente do seu grau de desenvolvimento, nenhum pais dispoe de todos os recursos necessérios para satisfa- Introdupte a economia | zer a todas as necessidades da coletividade, Tem-se, entéo, um problema de escas- sez: recursos limitados, contrapondo-se a necessidades humanas ilimitadas. wer = Em fungao da escassez de recursos, toda sociedade tem de escolher entre alter- nativas de producio ¢ de distribuigdo dos resultados da atividade produtiva dos seus varios grupos. Essa € a questio central do estudo da Economia: como alocar recursos produtives limitados para satisfazer todas as necessidades da populacao. Evidentemente, se os recursos ndo fossem limitados, ou seja, se nao existisse escassez, nao seria necessério estudar questdes como inflagdo, desemprego, cresci- mento, déficit puiblico, vulnerabilidade externa etc., pois esses problemas talvez nao existissem. Mas a realidade nao é assim, ea sociedade tem de tomar decisoes sobre a melhor utilizagdo de seus recursos, de forma a atender o maximo das necessidades humanas, a: ‘As quest0es econdmicas fundamentals Da escassez dos recursos ou fatores de produgdo, associada as necessidades ili- mitadas do homem, originam-se as chamadas questdes econémicas fundamentais: 0 que © quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? ‘As quest6es 0 que e quanto produsir surgem diretamente do problema da ‘escassez de recursos de producdo. Ou seja, a sociedade tera de escolher, dentro do eque de possibilidades limitadas de produsio, quais produtos serdo produzidos ¢ as respectivas quantidades a serem fabricadas. Jé como produzir refere-se & necessida- de de escolha, por parte da sociedade, da combinacdo dos recursos que serdo utiliza dos para a produsdo de bens e servigos, dado o nivel tecnoldgico existente. Por fim, diante de para quem produzir, a sociedade terd também de decidir como seus membros participardo da distribuicdo dos resultados de sua produgio. A distribui- so da renda dependerd nao s6 da oferta e da demanda nos mercados de servigos Produtivos, ou seja, da determinagao dos salérios, das rendas da terra, dos juros dos beneficios do capital, mas, também, da repartigio inicial da propriedade e da | maneira como ela se transmite por heranga. © tratamento dessas questdes depende da forma de organizagao econdmica. Por exemplo, em uma economia de mercado, espera-se um maior papel das empre- sas privadas na solugio dessas questdes. J em economias planificadas, o Estado assume toda a responsabilidade pela resolucdo delas. Nesse sentido, torna-se funda- mental algum conhecimento da organizacio do sistema econdmico. | manua’ de niroaucto & economia 113 Sistemas econdmicos ‘Um sistema econdmico® pode ser definido como a forma politica, social ¢ econdmica de organizacéo de uma sociedade. £ um particular sistema de organiza- lo da producto, distribuigao e consumo de todos os bens e servigos que as pessoas utilizam, buscando uma melhoria no padrio de vida e bem-estar. Os elementos bisicos de um sistema econdmico sto: \\ 05 estoques de recursos produtivos ou fatores de produgio, que incluem | os recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais ea tecnologia; * 0 complexo de unidades de produgao, constituido pelas empresas; icas, econdmicas e sociais, que * 0 conjunto de instituigdes politicas, ju sio a base da organizagdo da sociedade, De forma geral, os sistemas econdmicos podem ser classificados em dois gran- des grupos: o sistema socialista ou de economia centralizada ou planificada; € 0 sistema capitalista ou de economia de mercado. No sistema socialista, as questdes econdmicas sio resolvidas por um érgio cen- tral de planejamento, predominando a propriedade piblica dos fatores de produ- 20, chamados nessas economias de meios de produgio, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos, matérias-primas.' No século XX, até o infcio dos anos 1990, tal sistema prevaleceu em varias economias, tendo como lider a antiga Unido Soviética. Atualmente, poucas economias compartilham desse sistema, com destaque para a China ¢ Cuba. J4 no sistema capitalista, o funcionamento da economia é regido pelas forgas de mercado, predominando a livre-iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produgao, Nesse sistema, as questées fundamentais sdo resolvidas predomi- Nao pertencem ao Estado pequenas atividades comerciais e artesanais, as quas, junto com os meios 4e sobrevivencia, como roupas, automéveis, méveis, pertencem aos individuos (mas com precos fixados pelo governo). Fxiste também liberdade para escolha de profissio (ou sea, hd mobilidade de ‘mio-de-obra) Introcugao a economa | nantemente pelo mecanismo de precos, o qual atua por meio da oferta ¢ da de- manda. Pelo menos até o inicio do século XX, prevalecia nas economias ocidentais ‘0 que se pode denominar sistema capitalista puro, em que nao havia a intervenco do Estado na atividade econémica, Era a filosofia do Liberalismo, que discutire- mos mais adiante. Atualmente, predomina no mundo o sistema capitalista. As dificuldades de planejamento da atividade econdmica por meio de um planejador central talvez tenham sido um dos principais problemas do sistema socialista. Entretanto, nao se pode creditar ao liberalismo toda a responsabilidade de organizagao do sistema econémico, tendo em vista as intimeras imperfeigdes presentes no funcionamento dos mercados. O fato € que, no sistema capitalista contemporaneo, 0 papel do Esta- do € fundamental para 0 bom funcionamento da atividade econdmica. Wl 1-4 Curva de possibiidades de produgao (ou curva de transformagao) A curva de possibilidades de produgéo (CPP) ¢ a fronteira maxima de pro- ducao da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou dos fatores de produ- do de que se dispde em dado momento. Trata-se de um conceito tedrico com 0 qual se ilustra como a questao da escassez impoe um limite a capacidade produtiva de uma sociedade, que tera de fazer escolhas entre alternativas de produsao. Devido a escassez de recursos, a produgao total de um pais tem um limite maximo, uma producao potencial ou produto de pleno emprego, quando todos os recursos dispontveis estéo empregados (todos os trabalhadores que querem trabalhar estio. ‘empregados, nao ha capacidade ociosa etc.).. Suponhamos uma economia que s6 produza maquinas (bens de capital) e alimen- tos (bens de consumo) e cujas alternativas de producdo sejam as seguintes: Tabola 1.1 Economia com dois fatores de produgao. | Manual de inroctdo a economia Na alternativa A, todos os fatores de produgao seriam alocados para a produ- 1H fo de méquinas, No outro extremo, na alternativa D, os fatores seriam alocados wrt somente para a produgdo de alimentos; ¢ nas alternativas intermediérias, B ¢ C, 08 fatores de produgdo seriam distribuidos na producio de um e de outro bem. Essas alterns cao”, apresentada na Figura 1.1. as podem ser visualizadas a partir da “curva de possibilidades de produ- Figura 1.1 Curva ou tronteira) de possibiidades de producéo p Méqunas 10 (ears) | ‘A curva ABCD indica todas as possibilidades de produgao de maquinas ¢ de alimentos nessa economia hipotética. Qualquer ponto sobre a curva significa que a economia estaré operando no pleno emprego, ou scja, 4 plena capacidade, utilizan- do todos os fatores de produsao disponiveis. Qualquer ponto abaixo da curva re- | presenta uma situagéo de ineficiéncia, sendo possivel aumentar a produgao de ambos ‘0 bens. Por fim, qualquer ponto acima da curva nao pode ser atingido. ‘Tomemos como exemplo o ponto E (ou qualquer outro ponto interno a curva). Nesse ponto, a economia esté produzindo somente 8 mil méquinas ¢ 3 milhdes de toneladas de alimentos. Nesse caso, dizemos que a economia esta operando com capa- cidade ociosa ou com desemprego. Ou seja, 0s fatores de produgdo esto sendo subutilizados, sendo possivel, por exemplo, aumentar a produgao de alimentos de 3 para 6 milhdes de toneladas, mantendo a produgio de méquinas em 8 mil unidades. J& 0 ponto F representa uma combinagao impossivel de produgao (8 mil mé- ‘quinas e 10 milhées de toneladas de alimentos), uma ver que os fatores de produgio € a tecnologia de que a economia dispbe seriam insuficientes para obter essa quantia se eieeeetatteateatnteesananieatssmsenicntanae Introdugdo & economia | as de bens. Esse ponto ultrapassa a capacidade de produséo potencial ou de pleno emprego dessa economia, pelo menos a curto prazo, aor Ill 1.4.1 Conceito de custo de oportunidade A transferéncia dos fatores de produgdo de determinado bem X para produzir ‘um outro bem ¥ implica um custo de oportunidade, que ¢ igual 20 sacrificio de deixar de produzir parte do bem X para produzir mais do bem Y. custo de opor- tunidade também é chamado de custo alternativo, por representar o custo da pro- ducdo alternativa sactificada, ou custo implicito. Por exemplo, na Figura 1.1, para aumentar a produsio de alimentos de 6 para 8 milhdes de toneladas, passando assim do ponto B para o ponto C, o custo de oportunidade em termos de maquinas € igual a 2 mil unidades, que é a quantidade sacrificada desse bem para produzir mais 2 milhées de toneladas de alimentos. E de esperar que os custos de oportunidade sejam crescentes, j4 que, quando aumentamos a producio de um bem, os fatores de produsio transferidos dos outros produtos tornam-se cada vez menos aptos para a nova finalidade, ou seja, a transfe- réncia vai ficando cada vez mais dificil e onerosa e o grau de sacrificio vai aumentando. Isso significa que os fatores de produgao sio especializados em determinadas linhas de produgao, ¢ nao sio completamente adaptaveis a outros usos. Esse fato justifica 0 formato concavo da curva de possibilidades de producao: acréscimos iguais na produgao dos alimentos implicam decréscimos cada vez maio- res na produgéo de méquinas, como mostra a Figura 1.2,? Figura 1.2 Curva de possibiidades de produgao/custos de oportunidade crescentes Allmertos 4 (ives de tonalades} Acréscimos iguals ra produgso de alimentos, Maguinas {iares) evam a quodas cada vez maiores ra produgao de maquinas Se oscustos de oportunidade fossem constantes, a CPP seria uma reta;se fossem decrescentes,a CPP setia convexa em relacio origem, | atanua! de mrocucdo & econamia I 1.42 Desiocamentos da curva de possibilidades de produgao A situagao representada pela curva de possibilidades de produgio pode ser centendida como de curto prazo. Essa situago “limite”, entretanto, pode ser supera- da ao longo do tempo, a partir de deslocamentos da CPP para cima e para a direita Esses deslocamentos indicam que o pats esté crescendo ¢ decorrem tanto de uma clevagao na dotasio dos fatores de produgio (como o crescimento da forga de tra- balho qualificada ou a incorporagio de novas terras produtivas) como de melhor aproveitamento dos recursos ja existentes, 0 que pode ocorrer com 0 progresso tecnol6gico, maior eficiéncia produtiva e organizacional das empresas e aumento no grau de qualificagdo da mao-de-obra. Desse modo, a expansio dos recursos de produgdo € os avangos tecnoldgicos, que caracterizam o crescimento econdmico, ‘mudam a curva de possibilidades de produgdo para cima e para a direita, permitin- do que a economia obtenha mais quantidades de ambos os bens. Figura 1.3. Crescimento econdmico Alimentos 4. {ilhSes de toneladas) Maquina (ihares) Il 7.5 Funcionamento de uma economia de mercado: fluxos reais e monetérios ‘A.curva de possibilidades de produgdo mostra as alternativas de produgio dos varios bens e servicos que séo possiveis ao sistema econémico, Mas qual a alternativa a ser escolhidat Para se chegar a uma resposta, € preciso inicialmente entender o funcio- namento desse sistema econdmico. rnvocuste a economia | ‘Vamos supor, por conveniéncia, uma economia de mercado sem interferéncia do governo e que nao tenha transagdes com o exterior (economia fechada). Os agen- aT tes econdmicos sio as familias (unidades familiares) ¢ as empresas (unidades produ- toras). As familias s40 proprietérias dos fatores de produgio e os fornecem as unidades de produgao (empresas) por meio do mercado de fatores de produgio. As empresas, a partir da combinagio dos fatores de produgio, produzem bens e servigas e os for- necem as familias no mercado de bens e servigos. A esse fluxo denominamos fluxo real da economia.’ we Figura 1.4 Fluxo real da economia -—— Mercado da bens © servigos Domanda Oferta l Familias Empresas Oferta Demanda Mercado de fatores de produgao__ -}-———I ‘Como pode ser observado na Figura 1.4, familias e empresas exercem um duplo papel. No mercado de bens ¢ servigos, as familias demandam bens e servigos, en- quanto as empresas os oferecem; no mercado de fatores de produgao, as familias oferecem os servigos dos fatores de produgao (que séo de sua propriedade), enquan- to as empresas os demandam. No entanto, o fluxo real da economia s6 se torna possivel com a presenga da moeda, que ¢ utilizada para remunerar os fatores de produgio e para pagar os bens e servigos. Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetiétio da economia. + "Un flue édefinido ao longo de dado periodo de tempo (ano, més et.) Diferencia-se do conceito de estoque, que é definide em dado momento do tempo, ¢ no ao longo de um periodo. Em Economia, essa diferenciagio € particularmente importante: por exemplo, 0 concsito de défi t al a pblica eum etogueacwrmlado, i até dado momento, umn luxo (mensal, trimestral anval), enquanto a dis ‘Manual de introdugéio & economia Figura 1.5 Fluxo monetario da economia i >———Pagamento dos bens servigos Familias Empresas, Remuneragao dos fatores de produgao. Unindo os fluxos real e monetério da economia temos 0 chamado fluxo circu- lar de renda. Figura 1.6 Fluxociroular de renda ‘Mercado de bens e senigos |] Oferta de {0 qué e quanto produzir Oferta de F bons e servigos bens @ servigos Familia Como produzir > t Oterta de ! Oterta de servigos dos servigos dos fatores do fatorea de j Produgio produgéo Para quem produzir : j “Mercado de fatores de produgiio|” Fluxo monetaio Fluxo real (bens e servigos} Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forgas da oferta e da deman- da, determinando o prego. Assim, no mercado de bens e servicos formam-se os pregos dos bens e servigos, enquanto no mercado de fatores de produgdo séo determinados os pregas dos fatores de produgao (salérios, juros, aluguéis, lucros, royalties etc.). Esse fluxo, também chamado de fluxo bisico, & 0 que se estabelece entre fam{- lias e empresas. © fluxo completo incorpora o setor piiblico, adicionando-se Introdugéo a economia | ‘feito dos impostos e dos gastos piblicos ao fluxo anterior, bem como o setor exter- no, que inclui todas as transagdes com mercadorias, servigos e 0 movimento finan- were ceiro com o resto do mundo. Definigao de bens de capital, bens de consumo, bens intermedidrios @ fatores de produgso Misi Percebe-se que, A medida que se estudam os prineipios bisicos em Economia, surgem outros conceitos, particularmente os relacionados com as caracteristicas dos bens produzidos. Em geral, esses bens podem ser classficados em trés categories: bens de capital, bens de consumo ¢ bens intermediarios. Os bens de capital sio utilizados na fabricagao de outros bens, mas nao se desgastam totalmente no processo produtivo. £ 0 caso, por exemplo, de méquinas, ‘equipamentos e instalagdes. Sao usualmente classificados no ativo fix das empre- sas, € uma de suas caracteristicas ¢ contribuir para a melhoria da produtividade da mao-de-obra. s bens de consumo destinam-se diretamente ao atendimento das necessida- des humanas. De acordo com sua durabilidade, podem ser clasificados em duré- veis (por exemplo, geladeiras, fogdes, automéveis) endo durdveis (alimentos, pro- diutos de limpeza etc.). ij Jé os bens intermediérios sio transformados ou agregados a produgao de ‘outros bens e sto consumicos totalmente no processo produtivo (insumos, matérias- primas ¢ componentes). Diferenciam-se dos bens finais, que sio vendidos para consumo ou utilizagao final. Os bens de capital, como nfo sto “consumidos” no proceso produtivo, sao bens finais, e nao intermediérios. Existe também o conceito de fatores de produgo, definidos como os recursos de produgdo da economia, constitufdos pelos recursos humanos (trabalho e capaci- dade empresarial), terra, capital e tecnologia. A cada fator de produgao corresponde uma remuneragio, a saber: Quadro 1.1 Tipos de remunerago Trabalho Salério Capital Tecnologa | Manuel ce introctigto & economia Como se observa, em Economia 0 lucro também ¢ considerado remuneragio a um fator de produgdo, sendo representado pela capacidade empresarial ou gerencial dos proprietirios da empresa, A soma de todas as remuneragdes € chamada de “ren- da” da economia, Trata-se de um conceito fundamental no estudo da macroeconomia ll 7.6 Argumentos positivos versus argumentos normativos A Economia é uma ciéncia social e utiliza fundamentalmente uma anslise posi- tiva, que deverd explicar os fatos da realidade. Os argumentos positivos estdo con- tidos na andlise que nao envolve juizo de valor, andlise estritamente limitada a argu- mentos descritivos, ou medigies cientificas. Bla se refere a proposigdes bésicas, como se A, entio B. Por exemplo, se 0 prego da gasolina aumentar em relacao a todos os outros precos, entdo a quantidade que 2s pessoas comprardo de gasolina cairé. £ uma anilise do que é Nesse aspecto, a Economia aproxima-se da Fisica e da Quimica, que so ciéncias consideradas virtualmente isentas de juizo de valor. Em Economia, entretanto, de- frontamos com um problema diferente, Ela trata do comportamento de pessoas, € no de moléculas, como na Quimica. Freqiientemente nossos valores interfere na anilise do fato econdmico. Nesse sentido, definimos também argumentos normativos, que € uma anélise que contém, explicita ou implicitamente, um juizo de valor sobre alguma medida econdmica. Por exemplo, a afirmagao “o prego da gasolina nao deve subir” expressa uma opiniao ou juizo de valor, ou seja, se € uma coisa boa ou md, £ uma anilise do que deveria ser. Suponha, por exemplo, que desejemos uma melhoria na distribuigao de renda do pafs. £ um julgamento de valor em que acreditamos. O administrador de politica econdmica (ou autoridade econdmica) dispde de algumas opgdes para alcancar esse objetivo, como aumentar salérios reais, combater a inflagdo, criar novos empregos etc. A Economia Positiva ajudard a escolher o instrumento de politica econdmica mais adequado. Se a economia esté préxima da plena capacidade de producao, aumentos de salérios, por encarecerem 0 custo da mao-de-obra, podem levar @um au- mento de desemprego, isto é, 0 contrério do desejado quanto a melhoria na distri- buigdo de renda. Esse é um argumento positive, indicando que aumentos salariais, nessas circunstancias, nao constituem a politica mais adequada, essa forma, a Economia Positiva pode ser utilizada como base para a escolha da politica mais apropriada, de forma a atender 20s objetivos individuais ou aos da nagao. Introdugao @ economia | Ml 1.7 Interrelagdo da economia com outras 4reas do conhecimento Embora a Economia tenha seu niicleo de andlise e seu objeto bem definidos, ela tem inter-relagdes com outras cincias. Afinal, todas estudam uma mesma realida- de, ¢, evidentemente, hi muitos pontos de contato. aor Nesta secio, tentaremos estabelecer relagoes entre a Economia e outras areas do conhecimento, As inter-relagdes entre Economia e Direito serdo discutidas com mais profundidade no proximo capitulo. 17.1 Economia, Fisica 6 Biologia O inicio do estudo sistemitico da Economia coincidiu com os grandes avangos da técnica e das cincias fiscas e bioldgicas nos séculos XVII e XIX. A construgéo do niicleo cientifico inicial da Economia deu-se a partir das chama- das concepgées organicistas (biolégicas) e mecanicistas (fisicas). Segundo 0 grupo organicista, a Economia se comportaria como um drgdo vivo. Daf utilizarem-se ter- mos como drgios, funcées, circulagdo e fluxos na teoria econémica. Segundo o grupo mecanicista, as leis da Economia se comportariam como determinadas leis da Fisica. Dai advém os termos estética, dindmica, aceleragio, velocidade, forgas etc. Com o passar do tempo, predominou uma concepgao humanistica, a qual coloca em plano superior os méveis psicol6gicos da atividade humana. Afinal, a Economia repousa sobre os atos das pessoas ¢ 6, por exceléncia, uma ciéncia social, pois objetiva a satisfacdo das necessidades humanas. Il 1.7.2 Economia, Matemética e Estatistioa Apesar de ser uma ciéncia social, a Economia estuda variaveis como quantidades, pregos, renda, taxa de juros, taxa de cimbio etc. Procura também estabelecer relagdes entre essas varidveis, por exemplo; de que forma a taxa de juros afeta a quantidade demandada; ou como a taxa de cambio afeta os pregos da economia. Nesse sentido, surge ainecessidade de utilizacao de modelos mateméticos ¢ estatisticos, os quais per- mitem melhor compreensio do funcionamento do sistema econdmico. ‘A Matematica nos possibilita escrever de forma resumida importantes concei- tos € relagoes de Economia, tornando possivel andlises econdmicas na forma de modelos analiticos, que resumem os aspectos essenciais da questo em estudo, To- memos como exemplo a importante relagio econdmica que nos diz. que 0 consumo Edeterminado pela renda, Se chamarmos de C= consumo e ¥ = renda, € possivel ter a seguinte representacio: | Manual de introcusto & economia c=) Podemos melhorar esse “modelo” de consumo. Vamos supor, por exemplo, que, a medida que a renda cresce, 0 consumo também cresce, ou seja: I C=1(Y; ACIAY > 0 Podemos supor ainda que o consumo cresce, mas seu crescimento é proporcio- nalmente menor ao crescimento da renda: | C=; 0 P,. Logicamente, a quanti= dade demandada passa a ser Q,< Q, (veja Figura 4.13). Figura 4.13 Elasticidade-prega da deranda | Manual de intredugto & economia WM 4.4.3 Elasticidade no ponto eno arco A elasticidade-prego da demanda no ponto A sera entao: Nat Q__ AQ Var.% P AP | t Caso estivéssemos interessados no ponto B, teriamos: | 4 Var%Q _ AQ _ Pp Y Var% PAP Qs Mas, € se nosso interesse for a elasticidade entre as pontos A € B, ou seja, a clasticidade no arco AB? Para compreender melhor esse problema, vamos conside- rar a seguinte curva de demanda: | Q) = 10-2p Sendo: Qp = quantidade demandada P= prego Tabela 4.2 Exemplo de calculo da elasticidade-prego da demanda Partiremos do prego 2 ¢, portanto, quantidade 6, Em um segundo momento, 0 reco passa a 4 ¢a quantidade demandada torna-se 2. Resumindo: ponto A~P,=2,Q,=6 ponto. B-P,=4,Q,=2 a Funcionamento do mercado Logo: AQ =Q,-Q, AP =P,-P,=2 AQ _=4 ap 2 Oleitor j& deve ter observado que £86 a declividade ou coeficiente angular da curva de demanda. Como a curva de demanda normalmente decrescente, 0 coefi- ciente angular é negativo. Assim, a elasticidade-preco da demanda é também nega tiva, A razio para ser negativa decorre do fato de que, quando os pregos aumentam, a quantidade demandada diminui. O contrério ocorre quando 0s pregos caem. As variagdes de pregos ¢ quantidades tém sentidos opostos. Logo, a elasticidade &, em eral, negativa Mas voltemos ao exemplo dado. Pode-se calcular a clasticidade no ponto A: 2 me=~2 eS No ponto B, teremos: Entdo, qual sera a elasticidade no arco AB? Qual a elasticidade no intervalo entre os pontos A ¢ B, jé que a elasticidade no ponto A ¢ diferente da elasticidade no Ponto B? Para resolver essa questo, usa-se a seguinte formula: PtP, 2 Ou scja, tomam-se a média aritmética das quantidades e a dos pregos. Essa € a lasticidade no arco ou no ponto médio, Calculando-se, pelo exemplo, dado: |. Manu de ntrocuto & economia 442 6 442-9, 6 2+6 8 we =-2 Em geral, 0 conceito de elasticidade é utilizado em referencia a determinado onto, preco e quantidade, £ bom notar; ¢ 0 exemplo mostra, que a elasticidade varia conforme o ponto que se tome, Nesse sentido, ndo é correto dizer, a ndo ser em casos especiais, que a elasticidade da demanda é x. Deve-se afirmar, por exemplo, que no ponto A a clasticidade é ~-}-. No ponto B, é — 4. No arco compreendido entre AcBe-3 Cumpre frisar que, no exemplo, 0 arco escolhido foi muito grande e dessa for- rma as diferengas entre as clasticidades sao bastante acentuadas. Em casos priticos, entretanto, 0 arco é menor ¢, portanto, a elasticidade no arco ou nos pontos extre- ‘mos bem préxima. W242 Doefinigbas Em valor absoluto, a elasticidade varia entre zero ¢ infinito, Desse modo, divi- dem-se as demandas de bens em trés categorias, no que se refere &clasticidade-prego da demanda: — demanda ineléstica, quando Np > -1 ou |np| < 1; U— demanda de elasticidade unitéria, quando np = -1 ou np} = Is III — demanda elistica, quando Ny <~1 ou fol > 1. No caso I, tem-se a situacio na qual a vatiagfo percentual da quantidade deman- dada é menor que a variagio percentual dos pregos, ou seja, %Var. Q < 96Var, P. No caso If, ocorre igualdade entre essas variagSes percentuais. No caso III, verifica-se 0 inverso do caso I, isto 6, a variago percentual da quantidade demandada é maior do que 2 variagdo percentual de pregos, ou seja, ‘%Var. Q > %Var. P. Nos casos I e III, tém-se dois extremos. O primeiro, de demanda ineléstica, é aquele em que hp = 0. Isso significa que qualquer variago nos pregos nao provocaré variagio na quantidade demandada. Em outras palavras, deseja-se comprar dada quantidade qualquer que seja o prego. Graficamente, tem-se a situagao expressa na Figura 4.14: Funcionamento do mercado Figura 4.14 Curva de demanda totalmente ineléstica aor ‘O segundo caso extremo, o de demanda eléstica, é aquele no qual se tem No = ou seja, a quantidade demandada pode variar sem que haja modificagao no prego. Ou melhor, a um dado prego, os consumidores estardo dispostos a adquirir toda a quantidade que for ofertada (veja Figura 4.15). Figura 4.15 Curva de demanda infinitamente eléstica 4 Px Pode-se verificar, dessa forma, que, quando a demanda tiver elasticidade zero, a quantidade de equilibrio é determinada pela demanda, ¢ a oferta determinaré os pregos; quando a elasticidade da demanda for infinita, a demanda determina os pre- 60s, € a oferta, a quantidade. | Manuai de rirecude a aconeria Ml 4.4.5 Rolagdo entre recaita totale olasticidade A receita total que as empresas produtoras de determinado bem recebem € obvia- ‘mente igual a quantidade vendida vezes o prego da mercadoria, Da mesma forma, a despesa total dos consumidores com esse bem é igual quantidade comprada vezes seu reso. A despesa dos consumidores na compra de determinado bem é igual a reccita total de seus produtores. Assim, tudo 0 que dissermos a respeito da receita das empre- sas valeré, com as devidas adaptagoes, para a despesa dos consumidores. ‘Vamos supor que, em certo mercado, 0 prego de equilibrio seja Py, ea quantida- de, Qs, como na Figura 4.16, Figura 4.16 Relagao entre receita total e elasticidade oO Nesse mercado, a receita total dos produtores sera: RT = Po Qy = OP,AQy Vamos agora supor que a oferta aumente. © leitor jé sabe que isso é representa- do no grifico por meio de deslocamento da curva de oferta para a direita. O novo prego de equiltbrio sera P,, que é menor que P,. Mas a nova quantidade de equilibrio sera Q,, que é maior que Q, A esse prego e quantidade, a receita total ser: | RT, =P, -Q, = OP,BQ, Essa receita é maior ou menor que RT,? O prego é menor, masa quantidade é maior. ‘Apenas com essas informagdes nada se pode afirmar. Funcionamento do mercado | Faiste, entretanto, uma forma de saber se houve ou nio aumento da receita, pela comparagdo entre as variagdes na receita total e a elasticidade-prego da demanda, ‘Admitamos que, no intervalo considerado, ou seja, entre os pontos Ae B, a deman- da seja eldstica. Sendo a demanda elistica, a variagao percentual na quantidade (aumento) seré maior que a variagdo percentual (redugéo) nos pregos. Portanto, haverd acréscimos na receita total das empresas produtoras do bem em questo. O ‘que as empresas ganham com 0 aumento da quantidade supera 0 que perdem devi- do & redugdo nos pregos. Raciocinemos com 0 exemplo apresentado. De acordo com o argumento ex- posto, sendo a demanda elistica, a receita total no instante zero € menor que a do instante um, ou sejaz Ty < RT, £ facil provar graficamente essa afirmativa (observe a Figura 4.16). Para que a desigualdade mencionada seja verdadeira, é preciso que 0 retingulo P,PyAC seja menor que o retingulo Q,CBQ,: P,PAC < Q,CBQ, Ora, sendo a demanda elistica no ponto B, tetemos: AQ. AP. QP ssa expressio simplesmente diz que a variagao percentual da quantidade é maior que a variagio percentual dos precos. Portanto, AQ - P,> AP» Q, >APQ) Manual de introcuio & economia Ou seja, | Q,CBQ, > P/RAC Logo: | AT, >ATo Dessa forma, pode-se concluir que, sendo a demanda eléstica, a receita total das ‘empresas aumenta quando os pregos se reduzem, e diminui quando sobem. No caso de a demanda ser ineléstica no intervalo considerado, ocorre o oposto. A variagio percentual dos precos ¢ maior que a variagéo percentual da quantidade. Logo, com a queda dos pregos, a receita cai, e, com o aumento, a receita total torna-se maior. Finalmente, no caso de elasticidade igual a1, a receita total permanecerd constante. Resumindo, tem-se: Tabela 4.3 Receita total e elasticidade-prego da demanda ‘aumenta (ou ciminul) 0, tem-se o caso dos bens substitutivos ou concorrentes, ‘ho qual, quando subir o prego do bem x, aumentara a quantidade demandada do bem y. Exemplo classico éa relagao existente entre a manteiga e a margarina, Subin- do o preso da manteiga, aumenta o consumo da margarina. Wl 4.4.8 ‘Glasticidade-ronda da demanda do bemx Elasticidade-renda da demanda é a variacio percentual da quantidade demandada de um bem x para cada unidade de variagdo percentual da renda do consumidor. © conceito de elasticidade-renda é bastante similar aos anteriores, Procura-se medi © que ocorreré quando houver variagao na renda do consumidor. Normal- mente, quando se tem aumento da renda, intuitivamente se espera aumento da quantidade demandada de qualquer ber. Assim, ter-se-ia: Entretanto, no caso dos bens inferiores, a elasticidade-renda serd negativa. Wl 4.4.9" Basticidade-progo de oferta do bemx Do mesmo modo que a clasticidade de demanda, a clasticidade de oferta define-se como a variagio percentual na quantidade ofertada do bem x para cada unidade de variagdo percentual no preco do bem x. _ Var%Q _ AQ 40 P °° Var%P ~ AP Q Funcionamento do meroaclo Se E,> 1, tem-se oferta elstica. By Ey < 1, tem-se oferta inelastica. 1, a clasticidade- prego da oferta é unitéria ‘Ao contrério da elasticidade da demanda, a elasticidade-prego da oferta é posi tiva, ss0 ocorre porque as variagbes de prego e quantidade sao no mesmo sentido. ‘Ao aumentar o prego, aumenta @ quantidade oferecida, MMB 4.4.10 Casos particulares 1 — Blasticidade-prego da oferta zero — nesse caso, a curva de oferta seré verti- cal (veja Figura 4.17). A qualquer prego a quantidade ofertada ser a mesma Isso tende a ocorrer a curto prazo e/ou com produtos perectveis quando a quantidade disponsvel é praticamente constante. O produtor/vendedor esta disposto a vender tudo 0 que tem a0 prego que conseguir Figura 4.17 Curva de oferta de elasticidade-progo da oferta zero TI — Blasticidade-preco da oferta infinita — a curva de oferta serd horizontal (veja Figura 4.18), Este é geralmente o caso de oferta de longo prazo, quando 0 produtor consegue produzir mais ao mesmo custo por unidade. III — Blasticidade-preso da oferta unitéria — qualquer curva de oferta passan- do pela origem tem clasticidade-prego unitéria (veja Figura 4.19). Fica a cargo do leitor provar essa propriedade. ‘Manual de introdugo @ economia Figura 4.18 Curva de oferta infinitamente etastica of Figura 4.19 Curvas de oferta de elasticidade unitéria P, 0, Ml 4.4.11 Aigumas apicagoes da teoria de mercado Nesta seco, estudaremos a teoria dos pregos que acabamos de desenvolver € verificaremos sua utilidade. Em outras palavras, analisaremos se, com a teotia, po- demos fazer predigdes sobre 0 comportamento dos agentes econdmicos. Jé se abor- dou 0 mecanismo da formagdo dos precos e o que ocorre quando hé modificagoes do equilibrio. Por exemplo, viu-se que, se a oferta aumentar, coeteris paribus, 0 prego de equilibrio deve cair, e a quantidade, aumentar, Essa conclusio, além de uma deducio légica da teoria, é também uma previsio do que ocorrerd quando a oferta aumentar. A teoria de pregos desenvolvida, apesar de elementar, é muito poderosa em sua aplicagio a uma série de situagdes concretas, como ivemos analisar. Essa andlise serve Frclonamente so mercado | para ilustrar a aplicagao tedrica de precos ¢, ao mesmo tempo, proporcionar a0 leitor 4 pratica em anzlise econdmica. O entendimento da forma de raciocinio econdmico € fundamental. © leitor, assimilando-a, ser4 capaz de tratar corretamente situagies reais, que diferem um pouco dos exemplos dados, ou mesmo analisar novas situagbes. Il 4.4.12 Garantias de pregos minimos Sao comuns propostas, ou reivindicagOes, por parte de agricultores, que o gover- no adote politicas de pregos minimos, ou melhor, garanta precos minimos, pre- tensamente justos. Essas medidas visam proteger os produtores, em geral agricolas, das flutuagdes de mercado, ou seja, defendé-los de possivel queda acentuada nos precas de seus produtos. Antes de analisar 0 mecanismo de precos minimos, vamos ver o que ocorreria se 1ndo houvesse essa politica e as consequléncias disso, Raciocinemos com produtos agrt- colas. Em determinado ano, hd grande safra de amendoim e, portanto, haverd grande oferta. Os precos de equilibrio sera baixos e algumas ve7es inferiores ao custo de produgao. O que ocorreré com a reccita total dos agricultores? Ir4 diminuir, O leitor ja deve saber que essa redugao nao € causada apenas pela queda de precos, mas tam- bbém pelo fato de a demanda ser inelistica. Caso fosse eldstica, a receita total aumenta- ria, apesar da queda de pregos. Mas, em geral, a demanda por produtos agricolas é ineléstica, Temos, assim, a primeira repercussio. A renda dos agricultores diminui s produtores, ao verem sua renda diminuir, alterarao seus planos em referéncia a0 proximo ano. Sentir-se-Ao desestimulados para plantar amendoim, ¢ alguns, ou muitos, passardo a plantar cebolas, cujo prego é alto. A oferta de amendoim do ano seguinte caird, ea de oebolas, aumentard, O prego do amendoim subird. Haverd escassez 1no mercado e prejuzo para os consumidores ¢ para a indlstria de éleo e outros dos, No mercado de cebola, ocorrera.o inverso: os pregos cairdo ea renda dos plantadores reduzir-se-é, Talvez no outro ano a situagao inverta-se, e assim por diante, Para evitar essas flutuagdes ¢ os prejufzas decorrentes, 0 governo interfere no mer- cado ¢ fixa pregos minimos para o amendoim, ou seja, garante aos produtores determi- nada remuneragéo minima. Vamos analisar essa politica por meio de grificos. O prego minimo € Py e o preco de equilibrio é P,, Como o preco minimo é inferior ao prego de mercado, ninguém vai usar essa garantia. De fato, € melhor para o produtor vender diretamente a0 mercado, no qual recebe Py por unidade vendida, que recorrer as autoridades para receber Py por unidade. A vantagem da politica de precos minimos, nessas circunstancias, é psicolégica. Os produtores es- | Manual de irocusso a economia tio garantidos contra uma queda acentuada no prego, E isso tende a estabilizar a oferta desses produtos. 1.9 caso (Figura 4.20): Figura 4.20 Prego de equilrio superior ao prego minimo 2° caso (Figura 4.21): Figura 4.21 Prego de equillbrio inferior ao prego mirime Neste tiltimo caso, vai surgir excesso de oferta, Os produtores preferirao vender | 0 prego Pa fazt-lo ao prego Py, pois Py,2 P,. A quantidade oferecida a esse preco (Py) ser Qs. A quantidade demandada ser Qy. O excesso de oferta serd a diferenga: Qe Qo. | O governo precisa, entio, intervir nesse mercado, podendo fazé-lo por meio de dois programas: Funcionamente do mercado | 4) programa de compras — 0 governo compra 0 excedente ao prego Py. Po- demos representar essa intervengao por meio de deslocamento para a direita wnt da curva de demanda, O motivo para essa representagao é facil de ser enten- dido: a curva de demanda D, nesse caso, € a curva de demanda de mercado, ‘Com o governo, surge mais um elemento demandando o bem. Logo, a curva de demanda de mercado, sendo 0 somatério das curvas de demande indivi- duais, desloca-se para a direita, Graficamente, teremos: Figura 4.22 Poltica de progos minimos: programa de compres A receita total dos produtores, que € igual a0 gasto dos consumidores mais 0 gasto do governo, é: I AT = Py Qs = OP yBQ, que pode ser dividido em | RT = Py Qp + Py (Qs ~Qp) = O Py A Qy + Qy ABOs Isso significa que o gasto do governo (GG) nessa compra é igual a: | GG = Q, ABQ; b) programa de subsidio — o governo permite que os pregos caiam, mas, para manter a receita dos produtores, paga-lhes um subsidio. Este subsidio é exa- tamente a diferenga entre 0 prego minimo e o prego de mercado, Grafica mente, teremos: | Mera ce itrocducao a economia Figura 4.23 Poltica de pregos minimos: politica de subsidios Para que os consumidores adquiram a quantidade Q,, € preciso que o preco seja P,. Os produtores recebem dos consumidores o prego P,, 0 governo paga um sub- sidio por unidade vendida igual a (P,,—P,), de forma que os produtores mantenham uma receita total igual a: | AT = Py Qs = OPBQs Podemos verificar que os gastos dos consumidores (GC’) serio: | GC’ = P,Q; = OP, AQ, © gasto do governo (GG’) sera: | aa’ (Py PA) Qy = PiPy BA Comparemos a despesa do governo nos dois casos a fim de verificar qual pro- grama cle deve adotar. O critério para essa decisio é escolher a alternativa mais ba- Tata, ou seja, qual das despesas seré menor. Nessa analise, ndo se levaraio em conta os custos administrativos, os custos de estocagem, nem os lucros que 0 governo possa auferir nesses dois programas. O padrao de referencia sera verificar se GG é menor ou maior que GG. Suponhamos, inicialmente, que a demanda seja ineléstica. Sem nenhuma inter- feréncia do governo, o gasto dos consumidores seria Py Qp. Caso o preco aumente Para Py a despesa dos consumidores passaré para P,,- Q,. Comoa demanda é ineléstica, a despesa dos consumidores aumenta, Logo: Funcicnamento do mercado l Pay Qp > Py Qe wen Caso © prego caia para P,, a despesa se tornard P, - Qs, Sendo a demanda incléstica, l Py-Qs Py Qs, ‘como era dese esperar, jé que a demanda é ineldstica. Aumentando os precos, a receita total aumenta, Logo: | GG = Q)ABQs < GQ’ = P,Py BA Assim, sendo a demanda ineléstica, 0 programa de compras deve ser utilizado. E ‘0.caso do café. A demanda por café no Brasil é inelistica. Se os pregos cairem, a receita também cairé. Por isso, © governo do Brasil, por diversas vezes, comprou a safra excedente ¢ estocou-a para manter seu preco, especialmente no mercado externo. No caso de a demanda ser elastica, ocorrerd 0 oposto. A queda de pregos au- menta 0 gasto dos consumidores, Em nosso caso: | Py Qy GG’. Assim, é 0 programa de subsidios que deve ser adotado. Il 4.4.13 Controle de pregos 6 racionamento A politica de pregos minimos visa defender o produtor, em geral agricola. Va- ‘mos passar a analisar 0 tabelamento ou controle de pregos, cujo objetivo ¢ defender © consumidor. Em certas ocasides, 0 governo entende que o prego que vigoraria no mercado scria muito alto ¢ intervém, fixando o prego maximo pelo qual a mercado- ria pode ser vendida. E dbvio que esse preco deve ser inferior ao prego de equilibrio de mercado. Q controle de presos foi uma prética muito utilizada no Brasil. Devido a0 processo inflacionério, o governo, visando a defesa do consumidor ¢ o controle da inflagao, interveio no mercado e fixou ou tabelou os precos de varias mercadorias. | anual de introcugto & economia Tornaram-se bastante conhecidos a Superintendéncia Nacional de Abastecimento | (Sunab), 0 Conselho Interministerial de Pregos (CIP), a Secretaria Especial de Abaste- af P, Q,>Q; | Menuet de introduxtio & economia Figura 4.26 _ Incidéncia de um imposto sobre vendas e elasticidade prego de demanda Em outras palavras, no caso da demande 1, que é mais horizontal que a demanda 2, o acréscimo de prego de mercado foi menor e a redugao da quantidade foi maior ‘que no caso da demanda 2. Sendo 0 aumento de prego a parcela do imposto paga lor, pode-se concluir que essa seré maior em D,. pelo consui Podemos analisar rigorosamente 0 que determina tais diferengas. Vamos cha- mar Q,— Q, de AQ: | AQ=Q,-O, Jé vimos que a elasticidade-preco da demanda no ponto de equilibrio inicial & | = 40, Po PAP Oe ¢ a elasticidade-prego da oferta é: AQ Py AP’ Qo Funcionamento do mercado. Logo: ‘wer Py 4 AP = AQ. 2 Q No Poi AP’ = aq. 5o- Q% Ee Portanto, To Eo ap+apr _Fo+tp = Fo +o No: Ou poderiamos dizer que: AP= Eo ‘0+ Nb ‘Assim, a parcela do imposto paga pelo consumidor (¢, analogamente, ado produ- tor) dependeré das elasticidades-precos da oferta e da demanda do bem, £ interessante o leitor examinar os casos a seguir: I — oferta infinitamente elastica; Ui — oferta totalmente inebisticas Il — demanda infinitamente elésticas e IV — demanda totalmente ineldstica. Wl -£.4.742 imposto ad valorem Este imposto incidiré sobre o valor das vendas. O imposto a ser pago representa uma porcentagem da receita total do produtor. Em outras palavras, poderiamos | manu ae ntroausto @ eccnoma dizer que o prego efetivamente recebido pelo produtor é uma parcela do prego de ‘mercado, Caso vigore imposto de 10%, 0 que o produtor recebe é na verdade, 90% do prego de mercado. Em termos gerais, se 0 imposto for 1%, 0 produtor receberd (11-1)%. Usando a mesma terminologia jé apresentada: Pra(i-9P Qual a repercussdo do imposto ad valorem? Observando a oferta com e sem im- posto, € ficil verficar (veja Figura 4.27) que as alteragées aparecem no coeficiente an- gular da curva, Esse coeficiente diminui, ou seja,a curva de oferta torna-se mais vertical. Figura 4.27 _Incidéncia de um imposto sobre vendas: 0 caso deum imposto ad valorem o Com a alteragao da oferta, modificam-se prego e quantidade de equilibrio do mercado. © prego aumentaré € a quantidade reduziré (veja Figura 4.28). Figura 4.28 Incidéncia de um imposto ad valorem Funcionamento do mercado Da mesma forma que no caso do imposto especifico, costuma-se chamar 0 au- mento de preco de parcela paga pelo consumidor: wer | AP =P'-P, O restante do imposto é pago pelo produtor: | AP! =Py-P' Como no caso do imposto especifico, as parcelas pagas pelo consumidor e pelo produtor dependerio das elasticidades-precos da oferta e da demanda do produto. Bens complementares: Bens inferiores Bens substitutes Demanda — fungao e curva Elasticidade-prego cruzada e renda Equiltorio de mercado Oferta — fungéo e curva 1. Oque édemanda individual por bern ou servigo? Quai varidveis a influenciamn? 2. O que 6 oferta individual por bem ou servigo? De que varidveis depende a oferta de mercadoria? ‘Qual difsrenga entre variacéo da demanda e variagao da quantidade deman- ‘dada? Dé um exemplo para cada caso. Explique por que o governo costuma estabvelecer pregos minimos (garantidos) para 0s produtos agricolas, 5. Sobre aelasticidade-progo da demanda, responda: 2) Quais 0s fatores que a influenciam? ) Por que a elasticidade-prego da demianda por sal 6 préxima de zero? sama | Manual de introcuco 4 economia ©) Explique por que, quando a demanda 6 inelstica, as aumentos do prego do produto devem elevar a receita total dos vendedores, 6. Defina: elasticidade-renda; elasticidade-prego cruzada da demanda e elastic dade-prego da oferta, 7.) Definaimposto.ad valorem e imposto especiico. b) Quanto mais concorrencial o mercado de um produto, maior a parcela ‘paga pelo consumidor, quando ocorre uma variagao do imposto sobre ven- da, Voce concorda com essa afrnago ou discorda dela’ Por qué? 8. lustre graficamente o que ocorre com o prego e a quantidade de equllibrio do mercado de um bem ) Quando aumenta a renda dos consumidores, supondo um bem normal. ») Quando aumentam os pregos das matérias-primas utlizadas na produgéo desse born 8. Dados: P,=R$20,00 @,=500 P,=R$30,00 Q,= 400 a) Calcule a elasticidade-prego da demanda no ponto (P, Qa). ) Calcule a elasticidade-prego da dernanda no ponto (P,, Q,). ©) Calcule a elasticidade-prego da dernanda no ponto médio entre 0 € 1 4) Classitique a demianda por esse produto, de acordo com a olasticidade- rego. 10. Supondo tabelamento de prago, de que forma pode ser resolvido 0 excesso de deranda que normelmente esse tipo de poitica provoca? EATON, C. B EATON, D. F. Microeconomia. Sao Paulo: Saraiva, 1999, MANSFIELD, Es YOHE, G. Microeconomics: theory and applications. 11.ed. New York: W, W. Norton & Company, 2003. SAMUELSON, P. A.j NORDHAUS, W. D. Economics. 12. ed. New York: MeGraw- Hill, 1985. STIGLITZ, J. Es WALSH, C. E. Economics. 3. ed. New York: W.W. Norton & Company, Inc.,2002, WESSELS, W. J. Microeconomia:teoria eaplicagées. Sto Paulo: Saraiva, 2002. Teoria da firma: producao e custos de producao aor Luiz Carlos Pereira de Carvalho ME 6.1 Introdugo Il 6.1.1 Consideragées preliminares ‘Uma economia de mercado € orientada pelas forcas da oferta e da procura. Nesse tipo de economia, os consumidores caracterizam-se como unidades do setor de consumo, e as firmas, como unidades do setor da produgio. Essas unidades, a0 realizarem suas atividades basicas de consumir e produzir, se inter-relacionam por meio do sistema de pregos, 0 mecanismo central que dirige uma economia de mercado, Os pregos determinam os nfveis de produgao e de consumo, permitem a adequada alocagio dos recursos produtives e também controlam, em boa parte, as rendas dos individuos. A parte da teoria econdmica que estuda 0 comportamento da unidade do setor de consumo — 0 consumidor — é denominada teoria do consumidor,® que, por meio da utilizacao de hip6teses basicas e de um mecanismo adequado de aciocinio, procura explicar 0 comportamento do consumidor, quando ele, 20 atender suas necessidades, realiza 0 seu processo de consumo. | anua’de itractico a econornia © comportamento da unidade do setor da produgao — a firma — ¢ estudado pela teoria da firma. Também fuzendo uso de hipéteses bisicas de trabalho adequado mecanismo de raciocinio, procura explicar o comportamento da firma quando ela desenvolve a sua atividade produtiva, No presente capitulo, sera apresentada a teoria da firma, Procuraremos indi- car, de forma clara e acessivel, os mecanismos da atividade da firma como centro da realizagao do processo produtivo. a ~~ Ateoria da firiia que trata do problema da produgao, dos custos de producao ,€ dos rendimentos da firma também é conhecida como teoria da produgai U _— Wl 6.1.2 Aimporténcia da teoria da produgao E possivel afirmar que a teoria da produgio desempenha pelo menos dois pa- péis extremamente importantes: 0 primeiro deles é servir de base para a anélise das rclagdes existentes entre produgdo ¢ custos de produgao; o segundo é servir de apoio para analisar a demanda da firma relativamente aos fatores de produgio que utiliza, isto é, a teoria da produgio estabelece os fundamentos para a anélise da demanda da firma pelos fatores de produgito. INS COF fu is da teoria ch i) Vi eel in Dates hogs 0" Oprimeiro conceto Gsencial que deve Sr bu Comprdend € 0 empress4u Q ©firma.® & importante ressaltar que esse conceito abrange, além de atividades imdus- ttiais e agricolas, as atividades profissionais, téenicas e de servicos. Ademais, quando se fala em firma, em geral, devem-se fazer algumas abstracGes. Assim, as diferencas centre firmas serdo ignoradas, considerando-se apenas as caracteristicas comuns exis- tentes entre elas. Aluz da teoria dos pregos, o conceito de firma nao traz vinculagdes juridicas ou contabeis. Portanto, € possivel definir a empresa ou firma apenas como wma unida- de técnica que produz bers, Deve-se, entretanto, entender que a forma de organiza- 0 da firma nao apresenta relevancia para a teoria dos presos e, conseqiientemente, para a teoria da produgao. Assim, ela tanto pode ser individual como coletiva, A NY wrt Teoria da rma: poaunae e cusies de proaugco_ | jdéia essencial é a de que a firma seja uma unidade de produgio, que atue racional- mente, procurando maximizar seus resultad odugio e ao lucro. O segundo conceito fundamental 60 Ge fator de produga0,? E posstvel conceituar os fatores de produgao como bens ou servi Fidveis em producto. f importante destacar algumas distingdes entre os fatores de producio. Exis- tem os primérios, isto os que ndo sdo produzidos por outra empresa, ¢ 0s secundé- rios, cua existencia deriva do processo produtivo realizado por alguma empresa ou firma. Portanto, os fatores primarios sio os fatores naturais que existem indepen- dentemente dz ocorréncia de processo produtivo anterior. Jé 0s fatores secundirios so 08 que necessitam da realizado de processo produtivo para crid-los, Adicionalmente, os fatores de producao podem ser clasificados de acorda com quatro critérios ti bs tal e durabilidade No que se refere a variabilidade, os fatores podem ser classificados como fi- x0s, quando sta quantidade utilizada no processo de produgao nao varia, mesmo variando a quantidade produzida do produto; e variaveis, quando a quantidade utilizada do fator varia em decorréncia da variagio da quantidade produzida do produto. Quanto a disponibilidade, os fatores podem ser limitados ou ilimitados. Os primeiros tém a quantidade disponivel menor do que a quantidade necesséria para 4 sua utilizagao; nao sio encontrados livremente na natureza €, por isso, também so chamados de escassos. Jé 08 fatores considerados ilimitados s4o os encontrados livremente na natureza; sdo abundantes ¢ sua quantidade disponivel é maior do que a quantidade necessérin para a sua utilizaco, Por isso, também sio chamados de fa- tores livres. Segundo o critério da divisibilidade, 0s fatores sdo classificados em divisiveis ¢ indivisiveis. Os primeiros podem ser fragmentados e assim utilizados em partes muito pequenas no processo produtivo, Desse tipo de fatores participam boa par- te das matérias-primas, J4 os indivisiveis nao podem ser fragmentados para utili- zagio no proceso produtivo. As Aquinas ¢ os equipamentos estdo inclufdos nes- ta Gltima classificagao. Por tltimo, de acordo com o critério da durabilidade, os fatores sio classifica- dos em durdveis ¢ nio duriveis ou fungiveis. Os primeiros suportam mais de um proceso produtivo, como as maquinas ¢ equipamentos; os fungiveis sio consumi- dos em um tinico processo produtivo. As matérias-primas esto neste caso. | Manat de inrodugse a economia > O terceiro conceito fundamental é 0 dé-produgao,® Aue pode ser definida como a transformagito dos fatores adquiridos pela tmpresa-eri produtos para a venda no mer- cado, E muito importante entender que 0 conceito de produgdo nao se resume a identi. ficar transformagées fisicas e materiais, Seu sentido é mais amplo, abrangendo também 4 oferta de servicos, como transporte, financiamentos, comércio e outras atividades, M62 A produgdo Meat WM G27.7 Conceitoe representagao O empresirio, ao decidir 0 que, como e quanto produzir, ird variar, conforme © comportamento do mercado consumidor, a quantidade utilizada dos fatores, Para, com isso, alterar a quantidade produzida do produto. Esse tipo de ago esté sujeito néo s6 a algumas restrigdes econdmicas e financeiras, mas também a uma importante restrigao técnica: a fungao de produgao. (A) A funcao de producio® identifica a forma de solucioner os problemas técni- da produsao por meio da apresentagao das combinacoes de fatores que podem ser utilizados para 0 desenvolvimento do proceso produtivo. Ela deve ser entendi- da como a relagdo entre a quantidade utilizada dos fatores e a quantidade que pode ser obtida de um ou mais produtos. E interessante observar que, normalmente, na andlise microeconémica, a fun- sao de producio assim definida nao garante, por si s6, a produgao dos bens. Ela é apenas uma restrigao técnica que, sendo respeitada, permite obter a combinagio ‘mais efciente dos fatores e atingir a maior produgao possivel. Todavia, a fim de que © empresério possa realizar esse tipo de ago, é preciso definit o meio que deve ser utilizado, ou seja, € preciso definir © processo de producio a ser adotado. Assim, é interessante que aqui também se conceitue proceso de produgio: técnica por meio da qual um ou mais produtos sao obtides pela utilizagao de deter- minadas quantidades de fatores de produgio. Se esse processo de producao for sim- “Teoria ca thm: produgao e custos de producéo | ples, obter-se-4, com a combinagio dos fatores, um tinico produto — produgio i simples; quando, pela combinagao dos fatores, for possivel produzir mais de um arf produto, ter-se-4 um processo de produgdo muiltiplo, ou produgio miltipla, B possivel perceber, pelos conceitos apresentados, que a funcdo de produgio indica o maximo de produto que se pode obter com as quantidades dos fatores, yma vex escolhido o processo de producio mais conveniente. A diferenca entre os concei- tos de fungio de produgao e processo de producao ¢ extremamente sutil. O proceso de produgio, na realidade, indica quanto de cada fator se faz necessério para obter certa quantidade de produto. Por seu turno, a fungio de produgdo mostra 0 maxi- mo de produto que se pode obter com certa quantidade de fatores, mediante a escolha adequada do processo de produgao. Em outras palavras, podem existir di- versas formas de combinar os fatores para obter certa quantidade de produto. Cada ‘uma dessas formas caracteriza um processo de produgdo. Por conseguinte, quando se fala em fungio de produgdo no sentido genérico, admite-se implicitamente que o processo ou a forma escolhida de combinar os fatores € a mais eficiente. Normalmente, na anélise microeconémica, a representacao analitica da fun- 40 de produgio pode ser apresentada da seguinte maneira: | = Ms Xay Xap ove ads ‘em que q é a quantidade produzida do bem ¢ xX, %y =» %, identificam as quantida- des utilizadas de diversos fatores, respeitado o processo de produgao mais eficiente escolhido, Com o objetivo de tomar essa fungio de produgio genérica operacionalmente didatica no ambito da teoria dos precos, € necessério realizar uma simplificagao, reduzindo-a ¢ uma fungio de apenas duas variév I = fhe, x) A fungao de produgdo 6, por hip6tese, uniforme e continue ¢ constitu’ um fluxo de fatores do qual resulta um fluxo de produtos. Por isso, sempre deve ser definida no tempo. Ainda é preciso lembrar que a fungio de produto é unicamente definida em i niveis positivos dos fatores e do produto. | anua’a inroctato a economia Outra observagao importante & que a fungao de producdo vai modificar-se & medida que variar o nivel de tecnologia existente, isto 6 0 chamado “estado da arte”, Aprimorando-se 0 conhecimento tecnolégico, evidentemente seré alterada a composigéo da fungao de produgao. Esse fato possibilita aos empresérios conhece- rem novas ¢ melhores maneiras de combinar os fatores de produgao, com vistas & obtengio de certa quantidade do produto, A teoria econdmica, na sua andlise, leva em conta dois tipos de relacoes entre a quantidade produzida do produto e a quantidade utilizada dos fatores, A primeira las ocorre quando, na fungdo de producio, alguns fatores slo fixos e outros varié- vtis.° Esse tipo de relacdo identifica 0 que a teoria denomina periodo de curto prazo. segundo tipo de relagao identifica 0 periodo de longo prazo ¢ ocorre quando todos \ [A> fatores sto variveis. MM G.2.1.2 Anéise de curto prazo ‘Tomemos uma fangao de produgao que, para simplificar a andlise, possua ape- nas um fator fixo e um fator varidvel: | =H x2), em que: q = quantidade do produto fator variével fator fixo m Nesse caso, a quantidade produzida, para que possa variar, dependera da varia- so da quantidade utilizada do fator varidvel, associada & contribuigao constante do fator fixo, em cada combinagao dos fatores utilizados. Admitindo essa estrutura para a fungio de produgdo, é possivel apresentar alguns conceitos bésicos relacionados com a fungdo de produgao no periodo de curto prazo. © primeiro desses conceitos é 0 de produto total do fator varidvel. Pode-se definir 0 produto total do fator variével como a quantidade do pro- duto que se obtém da utilizagao do fator varidvel, mantendo-se fixa a quantidade Teoria da firma: produgao e custes de producto | dos demais fatores. No caso exemplificado, x, é 0 fator varidvel, e x*, € 0 fixo. Por conseguinte, o produto q depende da utilizagio do fator varidvel x, e, logicamente, id modificar-se em fungao de cada nivel em que for fixado o fator fixo x Existe, portanto, certa proporgio de combinagao entre o fator fixo x, € 0 fator varidvel x,, pois, a medida que se incrementa o nivel de utilizagao do fator fixo, redu- zem-se as quantidades utilizadas do fator variével na fungdo. Graficamente, pode-se representar a curva do produto total do fator variével da seguinte maneira: Figura 6.1 Fungdio de produgdo ealteragdesna proporgao dos fatoresfixos e varidveis Outros conceitos basicos que podem ser derivados dessa hipétese de fungio de produgio sdo: produtividade média e produtividade marginal do fator varidvel. A produtividade média do fator variavel pode ser definida como 0 resultado do quociente da quantidade total produzida pela quantidade utilizada desse fator. Tem-se: Por produtividade marginal do fator variével entende-se a relagdo entre as variagdes do produto total e as variagdes da quantidade utilizada do fator varidvel. Pode ser assim representada: PMg = AL Ax, | Menor ce invocuedo & economia A lei dos rendimentos decrescentes® Admitamos que a fungao de produgao de uma firma tenha todos os fatores fixos, menos um deles. Suponhamos também que os fatores fixos sejam a dimensao da sua Planta produtiva, os equipamentos utilizados em sua linha de producao e area onde a firma esta instalada. © fator varidvel é apenas o trabalho, realizado pela mao-de- obra contratada, Admitamos, por iltimo, que essa firma possa fazer cresver a sua producao aumentando a quantidade utilizada do fator trabalho, por meio da contratagio de mais trabalhadores. Considerando esse tipo de hipétese, como se com porta a relagio entre a quantidade produzida do produto ¢ a quantidade utilizada dos fatores? A medida que determinada empresa aumenta a sua produgdo por meio de uma fangio de produgo, em que todos os fatores de produgao sdo fixos, menos um, alte- Fam-se as proporgoes de combinagio entre esses fatores. Essa alteragdo ndo se faz. totalmente ao sabor das préprias intengdes da empresa; ela é regida pela lei dos rendi- mentos decrescentes ssa Iei pode ser assim enunciada: aumentando-se a quantidade de um fator varidvel, permanecendo a quantidade dos demais fatores fixa, a producao, inicial- ‘mente, crescerd a taxas crescentes; a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator varidvel, passard a crescer a taxas decrescentes; continuando o incremento da uutilizacdo do fator varidvel, a produgio decrescerd. Vé-se, assim, que essa lei descre- ve 0 comportamento da taxa de variagdo da produgéo quando € possivel variar apenas um dos fatores, permanecendo constantes os demais. E importante salientar que, quando a produsao é aumentada por meio do incremento da utilizagao de um fator varidvel, mantendo-se fixos os demais, a pro- orga de combinagao entre esses fatores é alterada, Por esse motivo, lei dos rendi- mentos decrescentes & também conhecida como lei das proporgies variéveis, Essas relagdes entre os fatores fixos e variaveis permitem o tragado dos grificos reptesentativos da lei dos rendimentos decrescentes, apresentada no grafico superior da Figura 6.2. A curva do produto inicialmente cresce a taxas crescentes, depois a taxas decrescentes, até atingir 0 seu maximo; em seguida decresce. As curvas das Produtividades média e marginal sto construidas com base na curva do produto ‘otal (veja grafico inferior da Figura 6.2). A curva de PMe é obtida pelo quociente entre a quantidade produzida e a utilizada do fator varivel; ea curva da PMg, pelo quociente entre as variagbes da quantidade produzida e as variagGes da quantidade utilizada do fator varidvel. 7 .L21 dos renidimentas decrasoentes: dasctive 6 ‘comibcrlantenio de exa do vata a pro- Fauci. cen ¢posstel varia apenas in oOMINGIGS, bxttirecanch consteissios mal | Teoria da frm: producao e custos de produgao. Figura 6.2 Relagiio entre procluto total, produtividade média e marginal do fator variavel Mo. Essa segunda forma de encarar a relagio entre a quantidade produzida do pro- duto ¢ a quantidade utilizada dos fatores, ou seja, a hipétese que admite que na fungdo de producao todos os fatores sao variaveis, caracteriza a anélise do periodo de longo prazo, Nesse caso, a firma pode pretender aumentar a sua produgao varian- do nao apenas um fator de produgdo, mas todos eles. Em termos gerais, é possivel representar a fungdo de produgio de longo prazo da seguinte forma: 3 Andiise de longo prazo l = AO, es Kon om Mae na qual q representa a producio realizada e x), ... x, representam as quantidades utilizadas dos fatores em certo periodo de tempo. ‘Admitindo de forma simplificada que 2 fungao possua apenas dois fatores de produgio, 2 sua representa¢ao analitica seré: l = fhe, x) Uma fungio de produgéo com essa caracteristica pode ser representada por uma familia de isoguantas, [tito ols corn J fica “igual quantidade” e pode ser de- inida como wma linha na qual todes os pontos representam combinagies das fato- res que indicam a mesma quansidéde produzida. Vé-se, assim, pela definigao, que isoquanta é, na verdade, uma curva ou linha de indiferenga de produgdo. Por essa razio, a isoquanta é também denominada linha de igual produgao ou linha de isoproduto. Graficamente, a isoquanta pode ser representada como na Figura 6.3: aN As isoquantas € 0s mapas de-prbducao ) Que significa isoquanfa?!Isoquan Figura 6.3 'soquanta x q=10 7 2 ‘O ntimero 10, que esté identificando a isoquanta, significa 10 unidades do produto e revela que qualquer quantidade em que forem combinados os fatores x, ex redundaré nna produgio de 10 unidades do produto. Fendmeno semelhante ocorreré quando as isoquantas forem identificadas por ntimeros como 100, 200, 300, ou qualquer outro. ‘Um conjunto de isoquanta, cada qual representando determinado nivel de pro- dugdo derivado da combinagao dos fatores, constitui uma familia de isoquanta e é ! normalmente conhecido por mapa de produgio. Graficamente, 0 mapa de produ- «a0 pode ser assim representado: ' Figura 6.4 Mapa de isoquantas NS ‘Teoria da firma: produggo e custos de produgdo A taxa marginal de substituigao tcnica entre os fatores A taxa marginal de substituigao técr (TMST) é um conceito muito im- portante na teoria de produgdo. Ela indica a declividade da isoquanta em cada ponto. Revela também qual deverd ser o acréscimo de utilizagao do fator x, (ou seja, + Ax) para que, compensando o decréscimo de utilizagao do fator x, (isto & — Ax), mantenha constante a quantidade produzida do produto. Em outras palavres, a taxa marginal de substituigao técnica mostra que o ganho de produgéo devido ao acréscimo de utilizagio + Ax, do fator x, é exatamente igual a perda de produgio devido ao decréscimo de utilizagao ~ Ax, do fator x,, Assim, na mesma isoquanta, a produgio permanece constante para qualquer combinagao x; x, A taxa marginal de substituigdo técnica pode ser assim identificada: Ax, TMST yo = | e+ BX ou Ax, TMST py, = | EX O sentido do conceito de taxa marginal de substituigio técnica pode ser perce- bido de forma bastante clara observando-se a representacio gréfica: Figura 6.5 Taxamarginal de substituigéo técnica | Manuat oe introducéo & economia Nota-se pela Figura 6.5 que, sobre a isoquanta q,, ao se passar do ponto A para © ponto B, reduzit-se a utilizagao do fator x de ~ Ax, ¢ aumentou-se a utilizagaio do fator x, de + Ax,. Todavia, como o dectéscimo de x, € perfeitamente compensado pelo acréscimo de x,, a produgio nao se altera. Logo, tanto no pont A como no ponto B a produgao é a mesma e igual a q,. Propriedades das isoquantas © comportamento do peril das isoquantas em um mapa de produgao € regido [por suas propriedades, A teoria da produgio destaca trés propriedades fundamentais: I — sao decrescentes da esquerda para a direita, ou seja, possuem declividade negativas, IL — sao convexas com relagio a origem dos eixos cartesianos; ¢ III ~ nao se cruzam nem se tangenciam. As isoquantas so decrescentes, porque o sinal da taxa marginal de substituigdo. técnica entre os fatores & sempre negativo, isto é essa taxa sempre relaciona decrésci- mo de utilizagio de um dos fatores com o acréscimo do outro. Assim, é representada or uma fragao na qual o numerador e o denominador tém sempre sinais contrétios, | TMST py, 2 = =A rt ou ~ Ax; TMST 2 x 2 | EAN, Comoa taxa marginal de substituicao técnica representa a inclinago da isoquanta, conclui-se que esta sera sempre inclinada negativamente, Assim, podem ser tragadas tanto como linhas decrescentes da esquerda para a direita quanto como linhas ascen- dentes da direita para a esquerda. O importante é que tenham declividade negativa, justificada pelo fato de, ao longo da isoquanta, o nivel de produgo ser constante e os fatores de producio serem substituidos entre si — se for diminuida a quantidade de um deles, a quantidade do outro deverd ser aumentada. As isoquantas sto convexas em relagao a origem, porque a taxa marginal de substituigao técnica € decrescente. Esse fato revela que os fatores séo substitutos entre si, porém nao substitutos perfeitos. Realmente, caminhando-se sobre a isoquanta no sentido do fator que esté sendo substituido, percebe-se que cada vez menores quanti- dades desse fator deixam de set utilizadas em troca de novas unidades do fator que 0 Teoria da firma: producéo @ eustos de produsao | esta substituindo na fungio. Assim, conforme dissemos, a isoquanta é convexa em relagao a origem, Na Figura 6.6, é bastante facil notar esse fendmeno. Admitamos que 6 fator x, esteja sendo substituido, em sua utilizagao na fungio de produgao, pela par- ticipagao crescente do fator x;. Dessa forma, representemos graficamente a perda de participagdo de x, por segmentos verticais cada ver. menores, ¢ 0 ganho de participa- ‘lo de x, por segmentos horizontais cada vez. maiores. Notaremos que, unindo os cextremos desses segmentos, obteremos forgosamente uma linha convexa, Figura 6.6 Corvexidade daisoquanta As isoquantas nao se cruzam nem se tangenciam, porque por um ponto s6 pode assar uma isoquanta, Esse fato pode ser demonstrado graficamente: Figura 6.7 Porque isoquentas nao se cruzam | hana’ de ntrocueso & economia A.combinagao dos fatores referentes ao ponto B é indiferente aquela referente 20 ponto A, pois ambos os pontos esto sobre a mesina isoquanta q, = 20. © mesmo ‘corre com as combinacdes dos fatores referentes aos pontas A e Cna isoquanta q, = 10. Assim, relativamente & produgio, 0 ponto A ¢ indiferente a0 ponto B, na isoquanta 4, = 20, ¢ também € indiferente ao C, na isoquanta q, = 10. Portanto, o ponto B deveria ser indiferente ao ponto C. Todavia, essa indiferenca seria absurda, pois o ponto B repre- senta uma combinagao dos fatores x, ex, que redunda na produgio de 20 unidades do produto, ¢ 0 ponto C, uma combinagao que produ apenas 10 unidades. Desse modo, condlui-se que, pelo ponto A, s6 pode passar uma das duas isoquantas. A nogao de rendimentos de escala Ao analisar a teoria da produgdo, é muito importante que se entenda 0 sentido verdadeiro da expressdo escala de produsao. Escala de producao® € 0 ritmo de variagao da produgao, respeitada certa proporydo de combinagéo entre os fatores. O resultado relativo a produtos finais obtidos por meio da variagao da utiliza- a0 dos fatores de produgao, dada determinada escala de produgdo, os economistas denominam rendimentos de escala.® Assim, essa expresso descreve simplesmente ‘uma relagio tecnolégica. No entanto, as melhorias da tecnologia ndo sto admitidas nesse conceito, que é vilido unicamente na hipétese de consideracdo da existéncia de determinado nivel de tecnologia. De acordo com a resposta da quantidade produzida a uma variagio da quanti dade utilizada dos fatores, é possivel identificar trés tipos de rendimentos de escalat 0s rendimentos crescentes de escala, os rendimentos constantes de escala e 0s rendi- mentos decrescentes de escala. Os rendimentos crescentes de escala ocorrem quando @ varia¢ao na quanti- dade do produto total é mais do que proporcional & variagdo da quantidade utiliza- da dos fatores de produgdo. Por exemplo, aumentando-se & utilizagdo dos fatores ‘em 10%, 0 produto cresce 20%. Esse tipo de rendimento de escala pode ser gerado por uma série de causas. As influéncias das relagdes dimensionais e os problemas de divisibilidade dos fatores s20 causas que, entre outras, devem ser destacadas. Os rendimentos constantes de escala ocorrem quando a variagio do produ- to total € proporcional & variagao da quantidade utilizada dos fatores de producao. Por exemplo, aumentando-se a utilizacio dos fatores em 10%, o produto também. Teoria da fema: produgao e custos de producto | aumenta em 10%. E a fase posterior & ocorréncia de rendimentos crescentes de escala. Os economistas consideram-na como fase de breve duragao, mas as evidéncias em- Neary piricas sugerem que essa fase é mais longa do que imaginam os economistas e abran- ge um intervalo grande de produca. Finalmente, os rendimentos decrescentes de escala ocorrem quando a variaga0 do produto é menos do que proporcional 2 variagdo na utilizagio dos fatores. Por exemplo, aumenta-se a utilizacdo dos fatores em 10% ¢ o produto cresce em 5%. Existe uma série de causas importantes responsiveis pela ocorréncia de rendimentos decrescentes de escala, Entre eas, podem ser destacadas, como exemplos, as restrigdes na cupacidade administrative da empresa e as dificuldades de coordenagao e controle da variagto da escala de produgao. MB G3 A firma Ml 6.3.1 A firma maximizadora de lucros @ a conduta de otimizagao O objetivo bésico da firma é a maximizacao dos seus resultados quando realiza sua atividade produtiva. Dessa forma, procurard sempre obter a maxima produgao possivel em face da utilizagao de certa combinagio de fatores. Contudo, em uma economia monetarizada, os fatores de produgdo, que sio bens escassos, ndo podem ser obtidos gratuitamente. Eles possuem um valor mone- tatio, isto é um prego que a firma necessita pagar para poder utilizé-los. Portanto, a quantidade utilizada de cada um multiplicada pelo respectivo prego constituird a despesa total que a firma realizaré para poder dar andamento A produgio. Essa despesa 6 normalmente denominada custo total de producao. A otimizagao dos resultados da firma poderd ser obtida quando for possivel resolver um dos dois problemas seguintes: maximizar a produgao para determina do custo total ou minimizar o custo total para certo nivel de producdo. Em qual- quer uma das situagdes, a firma maximizaré ou otimizaré os seus resultados, Estaré, pois, em uma situagao que a teoria econémica denomina equilfbrio da firma, WM 6.3.1.7 Os custos de producto Entendidas as posigdes de equilibrio da firma como situagées de otimizacao, é ficil compreender que a cada uma dessas posigdes corresponderé uma despesa total ‘ou um custo total de produgio. Assim, conhecidos os pregos dos fatores, as empre- sas, para realizarem os seus processos produtivos, podem sempre determinar um custo total de produgio étimo para cada nfvel de produgio. | Manuat ee miroctcdo & aconemia Assim, € possivel definir custo total de produgao como o total das despesas Arealizadas pela firma com a utilizagao da combinagao mais economica dos fatores, por meio da qual é obtida determinada quantidade do produto. LJ. | Os custos totais de producto sao genericamente clasificados em dois tipos: cus- fixos totais” (CFT) custos varidveis totais® (CVT). Os primeitos correspondem parcela dos custos totais que independem da produgao. Sao decorrentes clos gastos ~ com 08 fatores fixos de produsao, Jé os custos variiveis totais so parcelas dos custos totais que dependem da produgéo e, assim, mudam com a variagdo desta. Represen- tam, por sua vez, as despesas realizadas com os fatores varidveis de produgao. Ja vimos que a teoria da produgao se interessa particularmente por dois tipos de fangio de produgao: a fungdo de produgéo de curto prazo, caracterizada pela exis- téncia de fatores fixos (pelo menos um) e de fatores varidves; ¢ a fungao de produgzo de longo prazo, com fatores unicamente varidveis. Em decorréncia desse fato, a andlise dos custos de produgdo obedece & mesma biparticio: os custos totais de curto prazo, caracterizados pelo fato de serem compostos por parcelas de custos fixos e de custos varies; ¢ 0s custos totais de longo prazo, formados unicamente por custos varidveis, Os custos de curto prazo Admitamos que uma firma realize a sua produgio utilizando fatores fixos € fatores varidveis. Consideremos, a titulo de exemplo, a existéncia de apenas um fator fixo, identificado pelo tamanho ou dimensio dessa firma, ¢ de dois fatores variaveis, capital e mao-de-obra. Assim, pois, essa firma imaginéria s6 poderé au- mentar ou diminuir sua produgéo por meio de uma atuacdo sobre a utilizagao dos fatores varidveis — capital e mo-de-obra —, uma vez que o seu tamanho ou di- mensao € constante, ndo podendo ser aumentado ou diminufdo a curto prazo. Consideremos, para efeito de anilise dos custos de produgao de curto prazo, a fungio de produgao dessa firma, assim identificada: I = Alyy Xap Xa"), Teoria da firme: produgao @ custos de produgso na qual quantidade produzida Nery X, €.x, = fatores varidveis (capital e mao-de-obra) x," = fator fixo (« imensao da planta) Sabemos, pelos conceitos ja apresentados, que o custo total de produgio da quantidade q é formado pelo total das despesas realizadas utilizando-se a combina- ‘s80 mais econdmica dos fatores de produgao: x, x, € x’. Sabemos também que esse custo total € formado por duas parcelas: uma variavel — custo variavel total (de- corrente das despesas com os fatores variaveis x, e x,) — e outra fixa — custo fixo total (resultado das despesas com o fator fixo x,"). Admitindo que os pregos desses fatores sejam representadlos, respectivamente, POF Py» Ps € Ps podemos especificar os custos de curto prazo, da maneira que segue: l CT, = CVT + CFT () em que CT, = custo total de curto prazo CVT = custo variavel total CFT = custo fixo total No entanto, sabemos que: | CVT = px, + Poke @ Isso significa que 0 custo variével total é determinado pelo total das despesas com os fatores varidveis, isto é, pelas quantidades utilizadas desses fatores multipli- cadas pelos respectivos precos. Além disso, l OFT = py Xs (3) ‘0U seja, o custo fixo total é determinado pelo total das despesas com os fatores fixos; esse caso, pela quantidade utilizada do fator fixo multiplicada pelo respectivo preso. ‘Assim, associando as relagdes apresentadas em (1), (2) e (3), podemos escrever: | CT. = Psy + DaXp + DoXy (4) | Manual de introduce a economia A igualdade (4) nos da a equagto do custo total de curto prazo, Ao contrario do custo fixo total p.x. que nao se altera, o custo varidvel total px, + pox poder aumentar ou diminuir em decorréncia da maior ou menor utilizacao dos fatores x, © X», mantidos os seus respectivos precos sempre. Dessa forma, considerando 0 custo fixo total inalterado, o custo total fixo de curto prazo variaré apenas em decorréncia de modificagdes no custo varidvel total Como esse esta intimamente relacionado ao comportamento da produsao, conclui-se facilmente que custo total de producao mo curto prazo depende diretamente do nivel de producao estabelecido pela firma, associado aos gastos com os fatores fixos de produsao. A teoria da produgao, além da anilise dos custos totais de curto prazo, também se interessa no estudo de outros custos, decorrentes deste timo e que também estdo rela- cionados ao comportamento da produgio. Esses custos sto 0 custos médios ou unita- tos e 0 custo marginal. Entre os custos médios, destacam-se 0 custo total médio de curto prazo (CMe), 0 custo varidvel médio (CVMe) e 0 custo fixo médio (CFMe). ‘Vejamos como € possivel obter cada um deles e qual a sua representagdo gratica. © custo total médio é obtido por meio do quociente entre o custo total ¢ a quan- tidade produzida, Assim, podemos identificé-lo da forma seguinte: Ome, = Cle Mas, como o custo total de curto prazo € decomposto em duas parcelas, uma varidvel e outra fixa, representando cada uma, respectivamente, 0 custo variével total ¢ 0 custo fixo total, podemos alterar a igualdade anterior para: | CVT + CFT Desta iltima igualdade, decorrem, de forma simples e clara, as representages do custo varivel médio ¢ do custo fixo médio. O primeiro é obtido pelo quociente entre © custo varidvel total e a quantidade produzida; 0 segundo, pelo quociente entre © custo fixo total ¢ a quantidade produzida, Assim, podemos escrever: Teoria da fra: produgio © custos de produgao | cvme = CYT. very e | OFMe = FT q ‘Vejamos agora como se comportam esses custos médios. Jé vimos que 0 custo variavel total €a despesa de produsao diretamente relacionade ao andamento desta liltima. Portanto, a medida que a produgio cresce, 0 custo variével total aumenta, O custo varidvel médio, por sua vez é inicialmente decrescente e, ap6s atingit 0 minimo, tomna-se crescente. Isso porque, embora 0 custo varidvel total seja crescente com 0 aumento da produsdo, el cresce proporcionalmente menos do que a produstos aps certo nivel do produto, passa a crescer mais do que proporcionalmente. Por seu turno, o custo fixo total é constante para cada intervalo de produgdo. Em decorréncia desse fato, 0 custo fixo médio é decrescente a medida que a produ- fo aumenta. Resta agora analisarmos 0 outro custo dependente da producio e de certa for- ma relacionado com o custo total de producio, por intermédio do comportamento do custo varidvel total, Esse €0 denominado custo marginal de curto prazo, sendo i normalmente determinado pela variasio do custo total em resposta a variasio da i quantidade produzida, Pode ser assim identificado: I mas como | Manuatde intocicdo & economia Todavia, como vimos,o custo fixo total nao se modifica com as variagoes da produ ‘Ho. Assim, na realidade, o custo marginal de curto prazo & determinado pela variagiio do custo varidvel total em decorréncia das variagdes da quantidade producida. ACVT Mg, = 4g © comportamento do custo marginal ¢ bastante caracteristico. Inicialmente, decresce quando a relagdo entre as variagdes do custo variivel ¢ as variagoes da producao fica decrescente. Apés atingir 0 minimo, passa novamente a crescer pelo fato de essa relacao tornar-se crescente. Apresenta, como se vé, a forma de U, fican- do, porém, situado abaixo da curva de custo varidvel médio quando esta for decres- cente, e acima dessa curva quando 0 referido custo for ctescente, No ponto de mini mo do custo varivel médio, o custo marginal a ele se igualaré. Comportamento idéntico ocorre entre as curvas de custo marginal e custo total médio, Graficamente, € possivel representar todos os custos de curto prazo. Vejamos cada um deles, iniciando pelos custos totais de produgao. A Figura 6.8 mostra as representacdes convencionais das curvas de custo total, custo varidvel total e custo fixo total, em curto prazo. Nota-se, claramente, que a curva de custo total é formada pela composicao do comportamento das outras duas — a curva de custo fixo total e a curva de custo varidvel total, Figura 6.8 Custostotais de produgao 14246 8 IM 16 1820 F Toota da fima: procugao @ custos de produgso | As curvas de custo total médio (ou custo unitério), custo varidvel médio, cus- to fixo médio e custo marginal, todas em curto prazo, sao apresentadas na Figu- ra 6.9, wr Figura 6.9 Custos médios e custo marginal OT 2 4 6 B 101214 16 18.20 4 Verifica-se, pela observaco da Figura 6.9, que a curva de custo total médio é resultado da composigao dos perfis das curvas de custo varivel médio e custo fixo médio, Essa curva apresenta-se em forma de U, ou de um prato, devido a hipstese de que a firma, ao desenvolver o processo produtivo, inicialmente experimenta rendi- mentos crescentes, apés os quais entra em um estégio de rendimentos decrescentes. Esse fenémeno esta relacionado a lei das proporgdes variéveis, jé analisada quando estudamos a fungio de produgio no curto prazo. Os custos de longo prazo Como vimos, o longo prazo possui como caracteristica o fato de todos 0s fato- res na funcio de produgdo serem variiveis. Dessa forma, nesse tipo de periodo de producio, nao faz sentido falar em custos fixos, pois, devido a caracteristica jé men- cionada da fungao de produgdo, s6 existem custos variaveis, Assim, tomando-se uma fungio de produgio hipotética, todos os seus fatores, serdo varisveis, até mesmo o tamanho ou dimensio da empresa, Podemos representi-la assim: l 4 = es Kos %), em que 4, = quantidades produzidas em longo prazo %i% € % = fatores variaveis (capital, mao-de-obra e dimensio da planta) Devido a essa caracteristica, 0 periodo de longo prazo torna-se, para os empresi- rios, um elemento fundamental para a tomada de decisdes. Isso porque, nesse perio do, o tamanho ou a dimensio da planta produtiva da empresa néo é mais fixe e, portanto, a variagao da produsio vai depender também da variagao desse tamanho ou dimensio, Nessas circunstancias, o empresério pode escolher para a sua firma a dimensio de planta mais adequada para cada nivel de produgio pretendido. Por isso se costuma afirmar que o periodo de longo prazo, para o empresério, constitul seu horizonte de planejamento, © custo total de produgao de longo prazo é determinado pela soma das despe- sas com cada um dos fatores, despesas estas representadas pelo resultado da multi- plicagao do prego de cada fator pela respectiva quantidade utilizada na fungio de producdo. Assim, teremos: | CT, = Dik + PXe + PX Essa igualdade da a equagao do custo total de longo prazo. Como todos os fatores de produgao sto varisveis, é possivel afirmar que o custo total de produgdo de longo prazo é um custo inteiramente varivel e, portanto, dependente do nivel de producao estabelecido pela firma, Pelo custo total de longo prazo é possivel abter o custo médio ou custo unitdrio (CMe,) e 0 custo marginal de longo prazo (CMg,). O primeiro deles é o resultado do quociente entre o custo total de longo prazo e a quantidade produz cme, = © custo marginal de longo prazo decorre do quociente entre as variagbes do custo total de longo prazo e as variacdes da quantidade produzida “Teorla da firma: produgo © custos de producéo ACT, CMa. = Ke er £ muito importante saber que 0 comportamento do custo total ¢ do custo médio de longo prazo estao intimamente correlacionados ao tamanho ou dimensio da planta escolhida para operar a longo prazo, Para cada dimensio de planta escolhi- da, existiré sempre um custo total de curto prazo ¢ um custo total de longo prazo, assim como um custo médio de curto prazo ¢ um de longo prazo, que tornarao 6tima 2 quantidade produzida, Dessa forma, para cada nivel étimo de produgio, sero iguais os custos totais e os custos médios, de curto e de longo prazos. B por essa razio que, na representacio grifica desses custos (Figura 6.10), a curva representativa do custo total de longo prazo é uma envolvente ow envoltéria das curvas de custo total de curto prazo, possuindo a primeira, com cada uma das ‘outras, um ponto de tangencia correspondente ao nivel étimo de produsao. Figura 6.10 Custototal de longo prazo curvas de custo total de curto prazo, CT. CT ¢ CT,c, identifica trés tamanhos diferentes de plantas da firma, sendo 0 tamanho C maior que o tamanho B, ¢ este, por sua vez, maior que o tamanho A. Se eventualmente a empresa pretender produ- zir a quantidade OX, poder fazé-lo utilizando qualquer uma das trés dimensoes de planta. Todavia, vé-se claramente que & com a dimensio A que essa produgao pode- 14 ser obtida com o menor custo total (XX"). Assim, o ponto X’ é aquele que devera estar tanto na curva de custo total de curto prazo correspondente 4 dimensio A da Observando-se a Figura 6.10, nota-se claramente esse fenomeno, Cada uma das [anual de introcucdo a economia planta como na de longo prazo, constituindo-se, dessa forma, como referéncia para delinear © tragado desta ultima. Algo semelhante ocorre com as produgdes OY e OZ, Para a primeira, o tama- ho escolhido deve ser 0 B, que permite essa produgao ao menor custo possivel (ponto Y’); para a segunda, o tamanho ideal seré 0 C, que minimizaré o custo total de produgio dessa quantidade (ponto Z’). Assim, a0 lado do ponto X°, 0s pontos ¥"e Z’ também constituem mais duas referén- clas para o tragado da curva de custo total de longo prazo. Admitindo que pontos desse tipo existam em quantidade infinita, podemos tragar, de forma continua, a curva de custo total de longo prazo, como apresentada na Figura 6.10, envolt6ria das curvas de custo total de curto prazo. Vé-se ainda que essa curva revela que o custo total de longo prazo depende do nivel de producio, crescendo com o auumento deste iiltimo. Analogamente, 0 custo médio de longo prazo esté relacionado com os custos médios de curto prazo, cada um identificado pelo tamanho de planta escolhida. Dessa forma, na sua representagao grifica, o custo médio de longo prazo também constitui a envolt6ria das curvas de custo médio de curto prazo. Na Figura 6.11, esse fato pode ser facilmente observado. O raciocinio jé utilizado Para a constituicao da curva de custo total de longo prazo pode agora ser repetido. Assim, observando a Figura 6.11, nota-se que, para a producao OR, a planta representativa da dimensao A é a mais adequada, identificando 0 menor custo mé- dio de produgao (ponto R’). Jé para produzir OS, a planta ideal seré a correspon dente a dimensio B, com 0 menor custo identificado pelo ponto S’. Para a producio OT, a dimensio étima é a C ¢ 0 custo timo € definido por 7’. Fendmeno idéntico ‘ocorre com a produ¢cao OM, com 0 custo minimo M’, Figura 6.11 Custos médios de curto e de longo prazos Toora ca mma: proce ecuntos decreas | Admitindo a continuidade de existéncia de pontos como os mencionados, é pos- sivel tragar o perfil da curva de custo médio de longo prazo, envolt6ria das diversas curvas de custo médio de curto prazo. E importante uma observagio adicional a respeito da produgao OT. Nota-se que, para esse nivel do produto, a curva de custo total médio de longo prazo tangencia a curva de custo total médio de curto prazo, no ponto de minimo desta tltima (T°). Esse fato revela um fendmeno muito importante: a produgao OT nao € apenas a produgio dtima para determinada dimensio de planta escolhida, mas revela tam- bém a melhor dimensao de planta escolhida, isto é, aquela que iguala, nos respecti- ‘vos pontos de minimos, 0 custo total médio de curto prazo (ponto timo da planta escolhida) © 0 custo total médio de longo prazo (planta étima a ser escolhida). O custo marginal de longo prazo é determinado, como vimos, pela relacao entre as variagdes do custo total de longo prazo e as variagdes da produgio. Assim, sua re- presentacao gréfica (Figura 6.12) nao € constitufda pela linha envolt6ria das curvas de ‘custo marginal de curto prazo. A curva de custo marginal de longo prazo é formada pelos pontos das curvas de custo marginal de curto prazo que correspondem a produ- «fo 6tima relativa a cada tamanho ideal escolhido para a planta da firma. Na Figura 6.12, os pontos relevantes para a determinacao do perfil da curva de custo marginal de longo prazo sio R’, S°, T’, M’ e N’, todos representando, respecti- ‘vamente, 0s custos marginais de curto prazo das produgdes OR, OS, OT, OMe ON, todas 6timas em relacdo as dimensées de plantas escolhidas. Figura 6.12 Custos marginais de curto e longo prazos As linhas de igual custo ow isocusto O que é uma isocusto? Como jé foi visto anteriormente, a firma, para produzir certa quantidade de produto, necessita utilizar determinados fatores de produgio, combinados entre si, respeitadas as restrigdes técnicas apresentadas pela funcio de produgao, Na economia monetéria, esses fatores possuem seus respectivos pregos de mercado, os quais, uma vez pagos pelas firmas, caracterizam a despesa ou custo total deles. Assim, isocusto € uma linha de pregos que, dados os pregos dos fatores e as respectivas quantidades adquiridas, representa uma despesa ou um custo total cons: tante para a firma que os utiliza. Formalmente e no sentido econdmico, a isocusto pode ser definida como a linha na qual todos os pontos indicadores das combinagdes de quantidades utiliza- das dos fatores adquiridos pela firma representam sempre o mesmo custo total. Nota-se pelo conceito que a isocusto nada mais & do que a representacéo da propria equagio de custo total da empresa, quando, para qualquer combinagio dos fatores, esse custo € mantido constante. Admitindo-se que a firma utilize apenas dois fatores, a isocusto serd explicitada por: I CT = px, + P2X2 ‘A representagao gréfica da isocusto (Figura 6.13) pode ser efetuada por meio de um diagrama cartesiano e por uma tabela na qual estdo indicados os pregos dos fato- res € as combinacées destes, que redundem sempre no mesmo custo total de produgio, Essa tabela ¢ geralmente conhecida como tabela de igual custo. Vejamos como pode ser apresentada pela utilizagdo de dados hipotéticos: Tabela 6.1 Tabelade igual custo Teoria da ra: prockiao © custos de arcaucso | ‘Transportando esses dados para a representagdo cartesiana e escolhendo para ‘8 seus respectivos eixos uma escala adequada, teremos a representacdo grifica da isocusto. wry Figura 6.13 \socusto CT = Dyk + PK 5 10 15 20 25 30 2 Vé-se pela Figura 6.13 que, por simplificagéo, mantidos constantes os pregos dos fatores, 0 perfil da isocusto sera o de uma reta inclinada negativamente. Todos 0s seus pontos representam sempre o mesmo custo total, A taxa marginal de substituigao técnica na isocusto O conceito de taxa marginal de substituigao técnica também pode ser utilizado para a isocusto, Nesse caso, essa taxa revela qual devera ser, por exemplo, 0 incre- mento na utilizagao do fator x, (+ Ax,) que compensaré perfeitamente o decréscimo de utilizagio do fator x, (~ Ax;), de tal maneira que, mantidos constantes os pregos desses fatores, a despesa ou custo total de produgao permanega inalterado. Essa taxa ¢ identificada da mesma forma que a da isoquanta, ou seja: ~ AK + AX, TMS 535 Graficamente, a TMS, pode ser visualizada da maneira apresentada na Figura 6.14. ‘Ao passarmos do ponto A para o ponto B sobre a isocusto, reduzimos a participa- fo de x, de certa quantidade identificada por ~ Ax, e aumentamos a contribuigio de x, por meio do acréscimo + Ax,..No entanto, esses acréscimos e decréscimos de participa- ‘Manual de introcupao economia 80 dos fatores compensam-se, ¢, mantidos os seus presos, os custos totais de producao ‘nos pontos A ¢ B sio exatamente iguais. Dessa forma, a firma realoca a participagao dos fatores na combinagdo entre eles, porém nio altera o seu custo total de produgio, Figura 6.14 Taxa marginal de substituigo técnica na isocusto As curvas de possibilidades de producao ‘Quando a firma adquire fatores de produgao e com eles produz mais de um pro- duto, a sua atividade produtiva € dassificada pela teoria econémica como produgito ‘miltipla. Admitindo que a firma possua em certo momento determinada quantidade de fatores, é muito importante para ela saber qual a possibilidade que tem de, com esse estoque de fatores, produzir diversos produtos para venda no mercado. Considerando a hipétese simplificada de a firma fabricar apenas dois produtos, a teoria econdmica, para procurar explicar as alternativas de escolha que ela tem, vale-se de uma ferramenta grafica de grande auxilio, que é comumente denominada curvas de possibilidades de producdo ou, como muitos estudiosos a denominam, curvas de trans- formagao.! Podemos definir a curva de possibilidades de produgéo® como uma linha na qual todos os pontos revelam as diferentes possibilidades de dois produtos serem " Oconceito de curva de possbilidade de producto, em um contexto mais gerl,jé fo apresentadomno Capito 1, item 1.4 “Teoria da fra: produo © custos da producao | fabricados de forma combinada, em dado periodo de tempo, a partir de determina- do estoque de fatores possutdos pela firma. wer =e Exemplificando, vamos admitir que uma firma possua, em certo momento, 10 mil toneladas de aco em lingotes e, com esse estoque de matéria-prima, pretenda produzir trilhos para estrada de ferro e chapas laminadas para indiistria automobi- listica. A curva de possibilidades de produgio revelaré as possibilidades de produzit em conjunto esses dois bens, com a quantidade constante de matéria-prima, Diz-se que, nesse caso, os dois produtos — trilhos e chapas — sdo concorrentes entre si relativamente & utilizagdo do estoque fixo de matéria-prima ago em lingotes. A Figura 6.15 representa essa curva de possibilidades de produgio. Figura 6.15 Curva de possiblidades de produgéo Nota-se pelo grifico que, se a firma utilizar toda a sua matéria-prima para pro- duzir apenas trilhos, obtera a quantidade OA desse produto, e nada seré obtido de chapas; se, a0 contrério, utilizar todo o ago para produzir chapas, obteri a quantida- de OB desse produto e nio produziré trilhos, Esses dois pontos A ¢ B sto pontos limite, ou pontos de fronteira, nos quais s6 existe a possibilidade de produzir um dos dois produtos. ‘Nos demais pontos sobre a curva, como no caso dos pontos MeN, existem possi- bilidades de produzir ambos os produtos com o estoque de matéria-prima. Claro est que, como os dois produtos sio concorrentes quanto A utilizagéo do estoque de recur- sos, para se aumentar a quantidade produzida de um deles ¢ necessdrio reduzir a do outro, Assim, verfica-se pela observacio da Figura 6.15 que, para passar do ponto M para o ponto N, € necessério reduzir a produgio de trilhos de QA’ para OA” a fim de | Manual de introctisso & economia que seja possivel aumentar a produgao de chapas de OB para OB”. Todavia, tanto em. -M como em N, 0 estoque de matéria-prima ¢ totalmente utilizado Como 0s fatores de produgio ou recursos em geral sio bens econdmicos ¢, conseqiientemente, custam dinheiro, a firma, para obté-los, arca com determinado custo total. Dessa forma, a curva de possibilidade de produgio também revela as possibilidades de produzir os dois bens com o mesmo custo total, Por essa razdo, a curva de possibilidade de produgio também representa uma isocusto ou uma curva de igual custo de producio. A taxa marginal de substituigao na curva de possibilidade de producao Da mesma forma jé analisada, em que se identificou a taxa marginal de subst 40 tanto nas isoquantas como nas isocustos, também é perfeitamente possivel obté-la nas curvas de possibilidade de producio. Nesse caso, essa taxa é geralmente denominada taxa marginal de substituigto entre os produtos ou taxa marginal de transformagao. No nosso exemplo, essa taxa seria identificada pela quantidade de trilhos que deveria ser produzida a menos para se poder obter um acréscimo na produgo de chapas laminadas de ago, de tal forma que fosse utilizada pela firma a mesma quantidade de matéria-prima disponi- vel naquele periodo de tempo. Esse comportamento relative & substituicio entre os bens produzidos ocorre porque a taxa marginal de substituigao é crescente, isto é, para que a produgao de ‘um dos bens possa ser aumentada de uma quantidade constante, 0 sacrificio em termos da produgio do outro necessita ser cada vez maior. Esse fendmeno revela uma caracteristica fundamental das curvas de possibilidades de produgio: sao cén- cavas com relagao a origem dos eixos cartesianos. Figura 6.16 Taxa marginel de substituigao de produtos Teoria da tira: produgao @ custos de produgéo | Nota-se pela Figura 6.16 que a taxa marginal de substituigio entre os produtos € identificada da forma jé conhecida, qual seja: aL ~AX +X, | TMS = Além disso, os pontos S, M, Ne T revelam que essa taxa é realmente crescente: para aumentar a produgéo de chapas em quantidade constante (5°M = M'N = N'D), é neces~ sério diminuir a produgao de trihos em quantidade crescente (SS'< MM’ < NN’). A razao desse fendmeno esté calcada na quantidade relativa dos dois produtos que € produzida em cada caso. No ponto S produzem-se muito mais trilhos relativa- ‘mente a produgao de chapas. Assim, reduzindo-se um pouco a produgio de trilhos (distancia $$), é possivel aumentar a produgio de chapas em determinada quanti- dade (distancia SM). Situagao oposta ocorre no ponto N, no qual se produz quan- tidade grande de chapas (OB") e uma quantidade menor de trilhos (OA”). Assim, Para aumentar a produgio de chapas na mesma quantidade (distancia N’T), é ne- cessério grande sacrificio da produgio de trilhos (distancia NN’). Esse comportamento, em termos da substituicao entre os bens produzidos, tra- duz-se em um dos conceitos mais importantes da teoria econdmica: 0 conceito de custo de oportunidade. A nogio de custo de oportunidade Como é possivel definir custo de oportunidade? Retomando a Figura 6.16, ana- lisemos a situagdo representada pelos pontos M e N sobre a curva de possibilidade de produgio CB. Admitamos que estivéssemos caminhando sobre a curva de M para N, isto ¢, alterando 0 comportamento da produgao de trilhos e chapas de acordo com a modificagao indicada pelos dois pontos. O motivo dessa modificagao seria 0 incentivo para se produzirem mais chapas de ago em um montante identificado pela distincia MN ou B’ ‘Todavia, a curva de possibilidade de produgdo nos mostra que nao & possivel incrementar a produgdo de chapas de montante igual a distancia M'N se nao for possivel reduzie a produgio de trilhos de montante igual a distancia MM’ ou A’A”. Assim, pontos como M e N sobre a curva representam alternativas econdmicas vid- veis para a firma em questio, e a distancia MM’ indica 0 custo de oportunidade de modificar a estrutura de produgo de trilhos e chapas daquela alternativa identificada pelo ponto M para a alternativa identificada pelo ponto N. | Manus! de itrodtusdo a econorna Assim, podemos dizer que o custo de oportunidade mede o valor das oportuni- dades perdidas em decorréncia da escolha de uma alternativa de produgio em lugar de outra também possivel. Caberia agora a pergunta: qual razdo induziria a firma produtora de trilhos ¢ chapas a efetivamente escolher a alternativa de produgao desses bens indicada pelo ponto N em lugar da indicada pelo ponto M? Admitindo o comportamento da firma como racional, ela s6 escolheria @ alternativa indicada pelo ponto N se o gantho adicio- nal com a maior produgao de chapas fosse maior do que o custo de oportunidade avaliado em termos dos trilhos producidos a menos. IBA 6.3.7.2” Os rendimentos da Ao realizarem o processo de produgao de bens, as firmas almejam uma compen: sagdo para a sua atividade criadora de riquezas. Assim, os custos de producao, identi ficando o esforgo para realizar a produgao, tém uma contrapartida que constitui a sua propria compensagio: o rendimento ou receita recebida pela venda da produgdo no mercado. Claro est que, quanto maior for esse rendimento, maior ser o incentive Para a firma continuar produzindo ¢, assim, manter 0 suprimento do produto a0 mercado consumidor. Podemos definir a receita total das vendas ou o faturamento bruto de uma firma como 0 resultado da multiplicagao da quantidade total do produto oferecida @ vendida no mercado pelo seu respectivo preco de venda. A receita total das vendas seria assim identificada: | RT=p-q, emque P= prego de venda do produto 4 = quantidade vendida jento ou receita total das vendas Além da receita total, é muito importante, para a anilise da firma, 0 conceito de dois outros tipos de receita: a receita média (RMe) e a receita marginal (RMg). A primeira € definida como o resultado do quociente entre a receita total e a quan- tidade vendida do produto “Teoria da firma: produgao e custos de produgao Mas como RT =p q, entéo: RMe = 2-2 q Assi \: RMe = p. Nota-se, assim, que a receita média da firma é constituida pelo préprio prego de venda do produto. A receita marginal é definida como 0 resultado do quociente entre as variagdes da receita total decorrentes das variagoes da quantidade vendida do produto. Assivn: Todos esses rendimentos ou receitas da firma podem ser representados grafica- mente (Figura 6.18). Para isso, vamos construir inicialmente uma tabela de receitas, formada por dados hipotéticos, ¢, a seguir, por intermédio de um eixo cartesiano, representemos graficamente cada uma das possibilidades, tendo, todavia, o cuida- do de escolher a escala adequada Tabela 6.2 Receitas total, média e marginal | Manual de introckssa0 @ econorna Transportando os dados da Tabela 6.2 para um grifico, em que no eixo hori- zontal (cixo das abscissas) figurem as diferentes quantidades vendidas e no eixo verti- cal (cixo das ordenadas) aparegam as diferentes receitas expressas em moeda, é pos- sivel visualizar 0 perfil apresentado pelas curvas identificadoras dos variados tipos de receitas da firma (Figura 6.17). Figura 6.17 E interessante fazer agora uma observagaio a respeito do tragado da curva de receita ‘marginal, Para que o seu perfil seja corretamente apresentado na Figura 6.17, é neces- sdrio que cada valor numérico da receita marginal seja relacionado com 0 ponto médio do intervalo da quantidade vendida a que corresponde. Assim, por exemplo, a receita marginal 9 corresponde ao intervalo de vendas entre 0 e 2. Portanto, tal receita deve ser relacionada com a quantidade vendida 1; a receita marginal 7 corresponde ao intervalo de vendas entre 2 e 4 e, por isso, deve ser relacionada com a quantidade vvendida 3. Procedendo dessa forma para todos os valores obtidos para a receita margi- nal, é possivel realizar corretamente o tracado da sua respectiva curva representativa As curvas de igual rendimento ou isorrendimento As curvas de igual rendimento, também conhecidas como isorrendimento, identificam outra ferramenta grafica da qual a teoria econémica langa mao para permitir mais facilmente a compreensio dos seus conceitos por meio da visualizagao do fendmeno descrito. £ possivel conceituar as isorrendimentos como linhas sobre 4s quaiis 0s pontos revelam as diferentes quantidades dos produtos que, vendidas no mercado aos. seus respectivos pregos, geram para a firma a mesma receita total.

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