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O documento resume os principais pontos de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo de Max Weber. Aponta que o capitalismo racional e organizado surgiu exclusivamente no Ocidente, devido ao racionalismo ocidental e à ausência de obstáculos éticos impostos por religiões. Explica que o livro analisa a relação causal entre a ética protestante e a economia das regiões, e que o trabalho se limita por não usar informações etnográficas.
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Fichamento - trecho inicial do A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo de Max Weber
O documento resume os principais pontos de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo de Max Weber. Aponta que o capitalismo racional e organizado surgiu exclusivamente no Ocidente, devido ao racionalismo ocidental e à ausência de obstáculos éticos impostos por religiões. Explica que o livro analisa a relação causal entre a ética protestante e a economia das regiões, e que o trabalho se limita por não usar informações etnográficas.
O documento resume os principais pontos de A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo de Max Weber. Aponta que o capitalismo racional e organizado surgiu exclusivamente no Ocidente, devido ao racionalismo ocidental e à ausência de obstáculos éticos impostos por religiões. Explica que o livro analisa a relação causal entre a ética protestante e a economia das regiões, e que o trabalho se limita por não usar informações etnográficas.
Fichamento: A tica Protestante e o Esprito do Capitalismo
Max Weber
A civilizao ocidental guarda a exclusividade dos fenmenos que tem um
desenvolvimento universal em seu valor e significado. Temos como exemplo a cincia moderna, ou a reflexo sistemtica sobre o mundo surgida sob influncia do helenismo. Matemtica, geometria, ou mesmo cincia experimental, todos j foram concebidos em outros lugares do mundo, mas no ocidente assumiram caracteres especficos que tornam o fenmeno moderno ocidental algo nico. O mesmo ocorre quanto arte. O ouvido musical era, aparentemente, at mais desenvolvido em outros povos do que atualmente entre ns: certamente no o era menos. (...) Mas, msica racional tanto o contraponto como a harmonia -, a formao da sonoridade na base de trs trades com o terceiro harmnio; nossa cromtica e enarmnica interpretadas no em termos de espao, mas, desde o Renascimento, de harmonia (p. 2), entre outras especificidades, so exclusivas do ocidente. A arquitetura, as universidades, o estado, todos tiveram manifestaes ricas por todo o mundo; mas apenas aqui foi desenvolvida uma instrumentalidade das abbadas gticas, apenas aqui surgiu o trabalho intelectual produzido por especialistas treinados, apenas aqui surgiu o estado constitucional. O mesmo se d com o Capitalismo. A nsia de lucro existiu em diversos povos e pocas, e nada tem de especfico com o capitalismo. A ao econmica capitalista se caracteriza por ser racionalmente calculada em termos de capital. Isto significa que ela se adapta a uma utilizao planejada de recursos materiais ou pessoais, como meio de aquisio, de tal forma que, ao trmino de um perodo econmico, o balano da empresa em termos monetrios (...) exceda o capital (...), isto , o valor estimado dos meios materiais de produo utilizados para a aquisio na troca. (p. 5). Decerto empresas capitalsticas existiram em diversos lugares como China, ndia, Babilnia, Egito, no somente de forma isolada mas tambm de forma instituda. Ainda assim, caracterizava-se como uma srie de empresas individuais, e a coerncia interna e a especializao so fenmenos tpicos da modernidade ocidental. Figurou em diversas culturas o capitalista aventureiro o especulador, o financiador das grandes viagens, o coletor de escravos que em sua conduta nada tem de racional. Mesmo hoje a figura do empreendedor aventureiro est presente, e uma parte do comrcio internacional est relacionado a ela. O Ocidente, todavia, ao lado desse, veio a conhecer, na era moderna, um tipo completamente diverso e nunca antes encontrado de capitalismo: a organizao capitalstica racional assentada no trabalho livre. (...) Apenas casos isolados de trabalho livre em algumas indstrias caseiras podem ser encontrados fora do ocidente (p. 7). Esta organizao s se faz possvel graas a duas peculiaridades do ocidente: a separao da empresa da economia domstica e a contabilidade racional. Certamente, empresas separadas espacialmente do domiclio, ou associaes capitalsticas independentes, podiam ser encontradas no bazar oriental ou no oriente em geral; mas a separao jurdica dos bens da empresa do indivduo exclusividade do ocidente. Da mesma forma que no houve fora do ocidente uma organizao racional do trabalho, no houve socialismo racional. Houveram economias comunistas religiosas, militares, mas a burguesia como classe, e consequentemente o proletariado, e sempre houve lutas de classe, mas nada semelhante ao presente conflito, ou seja, nenhum socialismo moderno. Desta forma, sempre houve burgueses, ou empresas capitalistas; mas o sbrio capitalismo burgus (p. 9), ou a burguesia consolidada como classe, so exclusivos do ocidente. O desenvolvimento tcnico e a contabilidade, aspectos imprescindveis ao capitalismo burgus, poderiam ter surgido em outros locais, uma vez que a matemtica floresceu tambm na ndia ou no oriente mdio. O que tem influncia incontestvel a estrutura racional do direito e da administrao. O que leva ao ponto de que o que h de especfico e peculiar cultura ocidental o racionalismo - especificamente da esfera econmica, uma vez que podem haver racionalismos em vrias esferas e em vrios sentidos. Certamente, o racionalismo s pode modificar efetivamente as aes dos homens porque inexistiam os obstculos de ordem tica erigidos pelas religies. exatamente este o tema do livro: a a relatividade da formao de uma mentalidade econmica, de ethos de um sistema econmico. No caso, trata-se do exemplo das relaes entre o moderno ethos econmico e a tica racional do protestantismo asctico. (p. 12). Os trabalhos seguintes tratam da relao causal dupla entre a tica religiosa e a economia das diversas regies mundiais. Alerta-se que estes trabalhos podem soar rasos para os especialistas, e tambm so incertos, por dependerem de tradues e se basearem certas vezes sobre dados extremamente escassos. O trabalho limitado por no utilizar-se de informao etnogrfica. Uma tentativa dessa espcie teria ultrapassado os limites desta investigao e das suas circunscritas finalidades. Ela teve de contentar-se com a tentativa de, na medida do possvel, trazer superfcie os pontos de comparao com as nossas religies ocidentais. (p. 14) Por fim, cabe dizer que a questo da influncia gentica sobre a cultura foi deixada de lado, uma vez que mostra-se impossvel no presente estado do saber precisar o quo influente so as diferenas raciais sobre o comportamento dos povos.