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a noite de 21 de Novembro de 2014 jantava com algumas deze
nas de amigos, na sua esmagadora maioria jornalistas, quando
subitamente os nossos telemveis comearam a vibrar e a tocar
em simultneo. Numa estranha sinfonia nocturna, todos recebamos cha
madas e mensagens a um ritmo diablico. Rapidamente percebemos por
qu: Jos Scrates acabara de ser detido no aeroporto de Lisboa no mbito
de uma investigao judicial em que era o principal visado.
Claro que o jantar de aniversrio da minha amiga Catarina terminou
naquele instante. Todos aniversariante includa desejvamos ir para
casa assistir aos directos das televises, ao mesmo tempo que acompa
nhvamos em tempo real os artigos exclusivos sobre o caso que a jorna
lista Felcia Cabrita se encontrava a publicar no site do jornal Sol a uma
velocidade colossal. No espao de pouco mais de uma hora ficmos a
saber que Jos Scrates era suspeito de crimes to graves como os de
fraude fiscal, corrupo ou branqueamento de capitais. Parecia um filme,
pura fico. No era, afinal: um exprimeiroministro acabara mesmo de
ser detido pela primeira vez na histria da democracia portuguesa.
Por tudo o que o acontecimento significa a nvel poltico, judicial,
humano, jornalstico era impossvel ficarlhe indiferente. Nos lti
mos 20 anos acompanhei, enquanto jornalista, a carreira poltica de Jos
Scrates, que foi deputado, secretrio de Estado do Ambiente e ministro
do Ambiente nos Governos de Antnio Guterres e, finalmente, primeiro
ministro entre 2005 e 2011. Ao longo desse perodo, cobri muitos dos
casos que o afectaram politicamente. A sua deteno foi a ringing bell, o
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