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THOMAS GOUNET FORDISMO E TOYOTISMO NA CIVILIZACAO DO AUTOMOVEL eo Copyright 1992, Thomas Gounet right da edigio brasilcita © 1999, Boitempo Editorial Legao Mundo do Trabalhe Coordenagio Ricardo Antunes Tradugtio Bernardo fffily “Tradugio do preficio Adir Aparoida Julia Revise Daniela fnkings Priscila Una dos Soros gira Chaves Capa faringoni sre foto de Sebastido MorciralAE Dingsarmcio PS Comuicages ‘gordenagio de prod Eliane Alves de O Foroliros Pose Script Imprestio e acabamento Assai Grifics¢ Eaitora ISBN 85-85934-44-1 cena tenses Nenhuma pare deste pode ser wilada ‘Severo se a auton da core, 1 ego: outubro de 1999 1 reimpresso:julho de 2002 OTANTO STA, Jinkings Editores Asociados Leda Rata Euclides de Andrade, 27 Perdizes '05030.030.Sio Paulo SP ‘els. fax: (11) 3875-7285. 3875-7250 ‘editocaiboitempe.com ‘wvrweboitempo.com CONCORRENCIA E ESTRATEGIA DE ACUMULAGAO NA INDUSTRIA AUTOMOBILISTICA Aiguem que nao esteja direca- mente envolvido na inddstria auromobilistica poderia levantar 4 pergunta: por que tanto interesse pelo automével? Por que um ensaio sobre ele? Na verdade, quem estuda um pouco este se- or logo percebe que ele tem uma importancia estratégica, prin- cipalmente para o desenvolvimento do capitalismo nos paises ocidentais.' Quatro aspectos mostram essa importancia: 1, Um carro tem no minimo 20 mil pegas.? E um produto de tecnologia e organizacio complexas, cuja fabricagio nfo se limica ao conjunto de seus componentes. Hi todo um sistema dedicado a produzir o automével.} Caso se considere o conjun- "Uso aqui o vrmo “ocidental” no sentido mais araplo da eivilzagio que getou e desenvolveu o capitaismo, sea, essencialmente, 2 Europa oci- dena, a Amética do Norte € 0 pio. 2 Alguns falam inclusive em 30 a0 mil pega. + Aidéia da cadeia indica claramence que se trata de uma cadeia de produ- ‘fo, pattindo do principio, da extragio das matétas-primas necesséras Fabricacio do auromével (boreacha fer, cobte, cumbo, bauxita.., pas sando por setores como a siderurga, a industria videeira, a de pmeus, producto de auropesas (bielss, velas,frcios..), depois pela montage dlestes componentes em blocos diretamente utlizaveis no veculo (mo- 13 to do sistema e 0s servigos ligados a ele (seguros, créditos, ga- ragens...), essa induiscria representa, nos principais paises do mundo, cerca de 10% do emprego, 10% do Produto Nacional Bruto (PNB) 15% do comércio externo. Isto quer dizer que © setor, em si, tem um peso considerivel na economia desses patses. 2. Em conseqiiéncia, a producio automobilistica rornou-se uma questéo de Estado. Os governos tentam atrair para seu territério empresas que criam tantos empregos, que favorecem © aparecimento de um tecido industrial composto por fabrican- tes de autopecas, que permitem melhorar a balanga comercial, para nio falar dos impostos. Porém hd mais. O setor esté extremamente concentrado em, nivel mundial: em 1988, os doze maiores construtores realiza- vam 77% da produ¢io mundial de automéveis (de passcio € utilicdrios). S40 doze empresas vindas de apenas cinco paises: Japio, Estados Unidos, Alemanha, Franga e Irdlia, Os Estados desces paises empenham-se, em uma concorréncia do mais alto nivel, em apoiar a sua ou as suas empresas nacionais. Isso passa pela criacao de um mercado interno suficiente, pela ctiagao de infra-estrutura (auto-estradas, por exemplo) que facilitem 0 uso do automével, pela protecdo da indistria nacional, através de barreicas alfandegérias ou de subsidios as exportacées, pela incorporagao das empresas nacionais em projetos de pesquisa etc. Em suma, a competi¢ao na indiistria aucomobilistica nao se limita a uma batalha entre gigantes industriais; implica uma impiedosa guerra econdmica entre Estados, ¢ nao qualquer Eseado, mas os principais do planeta. 3. A inddscria automobilistica tem a particularidade de ser pioneira em matéria de organizacao da producio (organizagio do trabalho), seja a0 nivel de uma fibrica ou de todo um sistema de produgio. Foi ela que criou o chamado fordismo. Foi ela que claborou e desenvolveu os chamados métodos flexiveis de produ- do. O que acontece no setor automobilistico se espalha depois pela maior parte da industria. Estuds-lo tem, portanto, um va- lor de exemplo do que pode acontecer em outros ramos. é chegar 4 montagem final ¢ vend, onde sdesigua a cadeia 14 4, Por fim, devido ao peso de sua influéncia estratégica, de suas conseqiléncias econdmicas, de seu papel pioncizo na orga- nizagio do trabalho, o automével tem uma importancia mais que setorial. Todo um modelo de desenvolvimento se articula a0 seu redor. A prova esté nos paises do Leste Europeu: junto com 0 retorno 4 economia capitalsta, chega a revalorizagio do automé- vel ea vontade de eriar um novo tecido industrial voltado para cle, Por isso nao hesitamos em falar de civilizagio automobilis- tica para descrever 0 desenvolvimento capiralista no século XX. Numenosas MUDANGAS DE FESO A inddstria automobilistica sofreu muitos abalos nos iti: ‘mos vinte anos. 1. A partir de 1973-1974, 0 mundo capitalista entrou em ‘uma crise estrucural caracterizada pelo débil crescimento da de- manda. No se:or automobilistico, isso significa concretamente que o regiscto de novos veiculos particulares passou de 9,5 mi- Ihdes de unidades na Europa Ocidental em 1973 para 10,2 milhdes em 1984, de 11,4 milhées nos Estados Unidos em 1973 para 10,5 milhGes em 1988, de2,9 milhes no Japéo em 1973 pa- 23,1 milhdes em 1986.* Portanto, em mais de dez anos a de- manda cresceu apenas 7% na Europa ¢ no Japio, e diminuiu nos Estados Unidos. 2. Aindiistria do automével foi fortemente afetada pela crise cenergética. Desde 1973, 0 prego do barril de petréleo bruro quadruplicou: de 2,9 passou a 11,7 délares. Essa alta repercu- dude maneira mais que proporcional nas tarifas dos derivado, jd que as empresas petroliferas aproveitaram para aumentar suas margens de lucto ¢ os Estados dos paises industrializados au- mentaram os impostos sobre tais produtos, seguindo uma diretiva da Trilateral,’ Um segundo “choque do petréleo” ocor- ‘Alain BAHIIER, Les grands problémes de 'industie mondiale des voitures particulitres, Anabse Financiée, 2= imestce de 1979, p.5:€ World Mo- tor Vbicle Data, Relaério 1989-1990, p. 33. Desde entao, a demanda aumencou ligciramence na Europa eno Japfo, atingindo em 1988 08 13, rilhdcs de veiculos na primeira e 3,7 milhées no ikimo. [Abdelkader SID-AHMED. Développement sans crvissance:expérience des économies pécroliéres du tiers monde. Publisud, Paris, 1983, p. 161 15 reu em 1979, quando o prego do barril dobrou, de 13,3 para 26 délares. Ora, 0 carto consome um derivado do petréleo, a gasolina. © encarecimento desta modificou profundamente = Sstrucura da demanda, que se transferiu progressivamente dos vefculos médios e grandes para catros menores, que devorassem menos energia. O deslocamento aconteceu sobretudo nos Es- tados Unidos: os modelos intermedidrios ¢ standard (ou seja, a faixa média e elevada, mas sem incluir a de luxo), que em 1972 representavam 57,7 do mercado norte-americano, nao for- mavam mais que 46,89 em 1974 e 33,1% em 1980; jd os “sub- compactos” (os menores modelos) passaram de 22,7% em 1972 para 28,4% em 1974 ¢ 42% em 1980. Isso ceve conseqlléncias imediatas na divisdo das fatias do mercado entre os grupos ‘turomobilisticos, pois os fabricantes norte-americanos especia- lizaram-se em modelos médios € caros, enquanto os produto- res de cartos pequenos sdo europeus e japoneses. 3, Some-se & crise estrutural a saturagio do mercado, A aioria dos paises industrializados esta perto de atingir o nivel tebtico da saturagio, ou seja, 0 nuimero maximo de veiculos por mil habitantes que o pafs pode ter. Isso quer dizer que a sinica Jemanda de carros novos que subsiste, caso se aleance o nivel de saturagio, é2 demanda de substituigao. Em outras palavras, s6 comprario auromdveis as familias que substituem seu carro juado (ou novas familias que substituem as velhas). A deman- da de substituicao ocupa um lugar crescente: 47,9% do toral em 1960, 49,1% em 1970, 58% em 1980; em 1990 estima-se que chegue a 71% € no ano 2000, 76%.” O setor automobilistico ‘nao € mais a inddstria do futuro, nem uma rea com perspec tivas de répida expansio. 4, Osabalos tecnolégicos, sobretudo na microeletrénica, afe- tam fundamentalmente aindiistia automobilistica. Ela foi a pri- © Jelfiey HONKER. Serucrural change in the US. automobile industry Lexington Books, p. 18. + Ahmed BONFOUR, Lisvenir de Vndustrie automobile mondiale. Queller Iovalges? Notes et ebudes documentaires. Pais, 1387, p. 31; € OCDE. ‘Penpectves long terme de lindusrie antomobile mondiate, Pats, 1983, 28 Para os palses da OCDE, que agrupa os 24 Estados planeta, esta cifras sio mais mais elevadas: 66% em 1980, 8 «© 869% no ano 2000, 16 meira usustia de robds industrais (exceto no Japao, onde foi a industria eletrOnica), a primeira consumidora de sistemas de concep¢io/fabricasio assistidos por computadores. E bergo da aplicacao dos sistemas flexiveis e, em geral, da produgio infor- matizada, onde todas as fung6es produtivas serdo comandadas por computadores, Essa revolucio tecnolégica expande as pos- sibilidades de organizagio da producio. Em especial, permite uma produgao mais flexivel ¢ ao mesmo tempo mais integrada: flexivel quer dizer melhor adaptivel & demanda; integrada signi- fica que os instrumentos e méquinas estfo mais bem interligador. 5. A crescente internacionalizagao ¢ outro dado essencial Implica dizer que a arena da lura entre os fabricantes é 0 mer- cado mundial. A maiot parte das empresas auromobilisticas em fliais nas trés grandes regi6es industrializadas: América do Norte, Europa eJapao. E.0 caso sobretudo das companhias norte-ame- ricanas, que podem se beneficiar do apoio da unificagio euro- péia, por exemplo, enquanto a mattiz vive dificuldades finan- ceiras. Alguns autores, ao descreverem esta competicao em escala mundial, falam de globalizagao. 6. O sistema de produgio dominante na industria auromo- bilistica do inicio dos anos 70 ¢ 0 fordismo. Mas jé entio ele virou um simbolo da exploragio capitalista: sem qualificagio, 0 operitio da linha de produgdo aparece como uma maquina de dar lucto para a empresa, seus acionistas diretores. Muitas lutas operdrias poem em xeque este sistema na Franga, Itilia Gra-Bretanha, Estados Unidos... Os patroes se inquietam. Em Kallmar, na Suécia, a Volvo implanta uma fabrica onde a linha de produgio foi toda substitulda pelo trabalho em equipe. Sur- gem outras experiéncia mais limitadas. E preciso sair da cami- sa-de-forga fordista, um sistema que jd no produz todos os be neficios que os patrdes do auromével esperam. 7. Porém a mudanga mais intrigante tem como cendrio os fabricantes japoneses, As cinco principais empresa do Japao, Toyota, Nissan, Honda, Mazda e Mitsubishi Motors, represen tavam 14,4% da produgéo mundial de veiculos (de passcio € utilitarios) em 1973, mas 21,2% em 1979 ¢ 23,2% em 1988, Durante esse petfodo, as trés companhias de Detroit (EUA) viram sua fatia cair de 46% em 1973 para 33,9% em 1988, enquanto a parte européia permanecia estavel em torno de 7 20%. Esse crescente poderio dos japoneses inevitavelmente desperca indagagoes. Qual a causa de uma tao fulgurante ascen- io? Existc um milagre japonés? H4 um modelo que possa explicar este crescimento? E principalmente da ultima pergunta que nos ocuparemos. ForDisto Para examinar 0 abalo na hierarquia dos fabricantes, é pre- ciso analisar a situagio anterior, recuar no tempo, comparat 0 sistema japonés com o que existia antes Nise cea ann grande recuo, pois o automével é uma invengio de fins do século passado.* A data bésica € 1913, quan- do Henry Ford, frente de uma empresa que leva seu nome, for- mada dez. anos antes, cria aquilo que se denominou fordismo. E uma nova organizacio na produgio e no trabalho, destinada a fa- bricar seu vefculo, o modelo T, por um prego relacivamente bai- x0, de forma que fosse comprado em massa. Mas para fazé-lo, Ford choca-se com o antigo regime de trabalho. Nele, cram operitios extremamente especializados, grandes mecinicos, que fabricavam artesanalmente os vefculos quase de A a Z. No conjunto das operagdes que um trabalha- dor efetuava, uma tomava um tempo enorme: procurar a pega certa para colocat no lugar certo, e modificé-la, adapté-la ao seu uso no automével. Como urn carro tem dezenas de milhares de peas, pode-se compreender que a producio era lenta ¢, conse- qiientemente, o veiculo custava caro, Ford muda isso tudo. Aplica os métodos do taylorismo (ou “organizagao cientifica do trabalho”) a indiistria automobilistica para atender a um potencial consumo de massas. Ele €filho de um sitiante e quer fornecer aos agricultores norte-americanos um meio de transporte pessoal, sem complicagdes excessivas, desti- nado a romper seu isolamento ¢, sobretudo, acessivel ao seu bolso. 0 fordismo se apdia em cinco transformagbes principais 1. Para responder a um consumo amplo, Ford atira-se & produgio em massa. Isso significa racionalizar a0 extremo as ro

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