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O documento discute o método comparativo na ciência política, destacando sua importância e diferentes abordagens. Apresenta John Stuart Mill como fundador do método, comparando casos onde um fenômeno ocorre ou não para identificar causas. Também discute evoluções no campo da política comparada e uso de pesquisas em múltiplos países para permitir análises comparativas.
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Fichamento GONZALEZ, Rodrigo Stumpf. O Método Comparativo e a Ciência Política.
O documento discute o método comparativo na ciência política, destacando sua importância e diferentes abordagens. Apresenta John Stuart Mill como fundador do método, comparando casos onde um fenômeno ocorre ou não para identificar causas. Também discute evoluções no campo da política comparada e uso de pesquisas em múltiplos países para permitir análises comparativas.
O documento discute o método comparativo na ciência política, destacando sua importância e diferentes abordagens. Apresenta John Stuart Mill como fundador do método, comparando casos onde um fenômeno ocorre ou não para identificar causas. Também discute evoluções no campo da política comparada e uso de pesquisas em múltiplos países para permitir análises comparativas.
Poltica. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Amricas. Vol. 2, n. 1, janeiro- junho de 2008.
a discusso sobre epistemologia e mtodo, como caminho lgico na construo do
conhecimento, tem desaparecido dos currculos da graduao e dos mestrados, substituda pelas exigncias de especializao dos contedos, pela compresso dos tempos dos cursos, priorizando-se a formao em temas especficos da rea de conhecimento, em detrimento de uma formao mais geral. (p. 1) (...) resgatar a importncia do mtodo comparativo como uma das opes de mtodo nas cincias sociais e na cincia poltica (...) (p. 1) (...) um consiste em comparar os diferentes casos em que o fenmeno ocorre; o outro, em comparar casos em que o fenmeno no ocorre. Esses dois mtodos podem ser respectivamente denominados o mtodo de concordncia e o mtodo de diferena. (Mill, 1984, p. 196) (p.1) Segundo o mtodo da concordncia, se uma circunstncia pode ser eliminada sem alterar o fenmeno, ela no tem relao causal. Se eliminada altera o fenmeno, tem relao causal. (p. 2) Se dois ou mais casos do fenmeno objeto de investigao tm apenas uma circunstncia em comum, essa circunstncia nica em que todos os casos concordam a causa (ou efeito) do fenmeno. (Mill, 1984, p.198) (p. 2) No temos seno um meio de demonstrar que um fenmeno causa de outro, comparar os casos em que esto simultaneamente presentes ou ausentes, procurando ver se as variaes que apresentam nestas diferentes combinaes de circunstncias testemunham que um depende do outro (...). Quando, pelo contrrio, a produo dos fatos no est ao nosso alcance e no obtemos seno tais quais se produziram espontaneamente, o mtodo a empregar o da experimentao indireta, ou mtodo comparativo. (Durkheim, 1987, p.109). (p. 2) O mtodo de experimentao indireta, "quando a produo dos fatos no est a nosso alcance", corresponde situao em que Mill prope o mtodo das variaes concomitantes. (p. 3) Discordando de Mill, Durkheim entende que o mtodo comparativo aplicvel s cincias sociais, mas o nico que apresenta maior utilidade o mtodo das variaes concomitantes, pois muito difcil encontrar fenmenos sociais em que as semelhanas ou diferenas sejam de um nico ponto. (p. 3) (...) autores que veem no mtodo comparativo uma alternativa em relao aos outros que podem ser empregados nas cincias sociais. Sua utilizao do mtodo comparativo em sua obra O suicdio considerada um modelo. (p. 3) O uso de tipos ideais, como conceitos gerais, segundo Gerth; Mills (1974) so os instrumentos de Weber para realizar a comparao. (p. 3) o que intitulam de estudo tradicional de poltica comparada possui seis caractersticas negativas: configuraes descritivas, legalismo, formal, paroquialismo, conservadorismo, nfases no tericas e insensibilidade metodolgica. Uma nova viso metodolgica buscou romper essas barreiras. (pp. 3-4) A crtica ao modelo de estudo de "Governos Comparados", agregada a outros fatores, comeou a mudar a forma de se fazer poltica comparada, a partir do final dos anos 50 do sculo XX. (...) Os estudos preocupavam-se com a poltica formal partidos, parlamentos, gabinetes, etc. (p. 4) (...)poltica comparada vem a ser o estudo de pases que no os Estados Unidos. (p. 4) Crtica semelhante faz Sartori (1994) ao identificar um carter ainda paroquialista, em especial dos comparativistas norte-americanos, que so assim considerados somente porque estudam outros pases que no os Estados Unidos. (p. 4) A poltica comparada acabou sobrevivendo identificada mais pelo seu mtodo (comparativo) do que pelo seu contedo (estudo comparado de diferentes pases). (p. 4) Smelser (1968) identificou trs mtodos: o experimental, o estatstico e o comparativo. Sua diferena se d no tratamento dado a parmetros e variveis operativas. (p. 5) O uso do mtodo experimental consiste em manipular diretamente a situao para criar parmetros e variveis operativas. (p. 5) Identificam-se duas formas do mtodo comparativo: a comparao de casos similares e o mtodo de replicao em diferentes nveis para o estabelecimento de descobertas comparativas. (p. 5) A lgica dos mtodos a mesma do mtodo experimental. A nica diferenciao entre o mtodo estatstico e o comparativo seria o nmero de casos, no havendo uma clara linha de diviso entre eles. (p. 5) As caractersticas comuns so consideradas variveis controladas, enquanto as diferenas so as variveis explicativas. (p. 6) Uma vez escolhido o nvel de anlise, este no pode ser mudado. (p. 6) A segunda metodologia de pesquisa identificada pelos autores a dos sistemas mais diferentes "most different systems". (p. 6) Partindo do nvel individual, podem ser feitas anlises em nveis de subsistemas ou sistemas. Enquanto as anlises forem vlidas sem considerar fatores sistmicos, so vlidas. Caso algum fator sistmico intervenha, este nvel de anlise deve ser considerado. (p. 6) Ragin & Zaret, 4 citados por Panebianco (1994), identificam dois tipos diferenciados de comparao: o primeiro, o estatstico, que seria baseado em variveis e buscaria comparar hipteses de alcance geral. (pp. 6-7) O segundo, o histrico, est baseado em casos. Este buscaria a comparao pela lgica da semelhana e da diferena e se identificaria com a tradio weberiana. (p. 7) A randomizao identificada com o uso da estatstica e o mtodo da especificao adota como modelo a metodologia weberiana do estudo da tica protestante. (p 7) Sartori (1994) identifica o mtodo comparativo como uma especializao do mtodo cientfico em geral, identificando quatro tcnicas de verificao utilizveis nas cincias humanas: os mtodos experimental, estatstico, comparado e histrico. (p. 7) Para Tilly, podem ser identificados quatro tipos de comparao: individualizantes, universalizantes, "variationfinding" e englobantes. (p. 7) A base da comparao ainda a desenvolvida por John Stuart Mill. Neste sentido, as diversas classificaes do mtodo comparativo so, em geral, baseadas no mtodo das semelhanas, com nfase na opo pela sua variante, o mtodo das variaes concomitantes, por um lado, e o das diferenas, por outro. (p. 8) Lijphart (1971) aponta algumas limitaes do mtodo comparativo, que o tornariam limitado em relao ao mtodo experimental ou ao mtodo estatstico. Seu principal problema seria a relao entre muitas variveis e "N" pequeno, isto , poucos pases a serem considerados, diante de muitas variveis, tornando impossvel o uso de estatstica, por exemplo. As sadas propostas pelo autor so: a) aumentar o nmero de casos tanto quanto possvel. b) reduzir o "espao de propriedades da anlise: usando tcnicas avanadas, como a anlise fatorial, diminuir, por exemplo, o nmero de classe em que dividida uma varivel; c) enfocar a anlise comparativa em casos comparveis: seria adotar os pressupostos do mtodo da variao concomitante de Mill ou o que Przworski e Teune chamam de Most Similar System ou adotar a perspectiva de comparao por rea; d) enfocar a anlise em variveis-chave: o uso de parcimnia na escolha das variveis consideradas relevantes. (pp. 8-9) Sartori (1970), que observa um uso inadequado da quantificao, pela transformao de conceitos em variveis. (...) Segundo ele, preciso primeiro definir adequadamente os conceitos, desenvolver categorias para, ento, pensar na possibilidade de criar gradaes. (p. 9) A tradio da poltica comparada era da anlise configurativa de diferentes pases, considerados em sua estrutura institucional. No entanto, j neste perodo, a discusso da poltica comparada como mtodo, e no como contedo, dava mostras de ampliar estas fronteiras. (p. 9) Smelser, ao discutir o mtodo comparativo aplicado ao campo da economia, aponta que em determinados momentos a escolha do nvel intrassistmico pode ser mais adequado do que o intersistmico, citando o exemplo da comparao entre Alemanha e Itlia ou entre regies alems e regies italianas entre si. (p. 9) A utilizao do mtodo da maximizao das diferenas tambm permite o uso de diferentes nveis de anlise. Embora baseado normalmente em amostras de indivduos, a anlise pode se dar no nvel individual ou em diferentes nveis sistmicos, como no caso de estudo de lideranas locais, de uma amostra de comunidades, que poderia ser analisada nos nveis individual ou de comunidade. (p. 10) Embora defendendo nveis diferenciados de anlise, fugindo da mera comparao entre sistemas como um todo, no fica clara no texto a considerao da possibilidade do uso do mtodo comparativo dentro de um nico pas. (p. 10) Uma das dificuldades para o uso do mtodo encontrada nos estudos relativos s transies democrticas da Europa e da Amrica Latina, que tiveram grande destaque nas dcadas de 80 e 90 do sculo XX. Esses estudos eram, em geral, constitudos de anlises individualizadas de diversos pases, desenvolvidas por diferentes autores, agregadas construo de um quadro comparativo por parte de autores comparatistas. (p. 10) Hoje h inmeras experincias de surveys realizados concomitantemente em mltiplos pases, com instrumentos homlogos, com o objetivo de comparao como o Eurobarmetro, o Latinobarmetro e a Pesquisa Mundial de Valores (World Values Survey ou VWS). (pp. 10-11) Esses levantamentos so realizados periodicamente, constituindo bancos de dados que permitem anlises comparativas entre populaes de diferentes pases ou em um nico pas, em perspectiva diacrnica, verificando mudanas de comportamento ao longo do tempo. (p. 11) Embora o mtodo comparativo na cincia poltica e a poltica comparada possam ser considerados sinnimos, nem sempre os termos so usados assim. A poltica comparada certamente mudou muito desde a justaposio de estudos configurativos institucionais. (...) neste texto vemos que a viso da poltica comparada, tendo como objeto o que se encontra "abroad", foi substituda pela concepo de mtodo comparativo. Neste sentido, a poltica comparada deixa de ser identificada pelo seu objeto, mas sim pelo seu mtodo. (p. 11) (...) importante considerar a conexo entre mtodo e quadro terico. Embora a preciso metodolgica seja imprescindvel para a construo de um bom trabalho, os limites de sua capacidade explicativa sempre estaro dados pela teoria utilizada na anlise dos dados. Boas teorias sem dados e sem um mtodo adequado se fragilizam, porm a abundncia de dados, variveis e resultados de pacotes estatsticos intil sem um corpo terico que lhe d sentido. Essa integrao continua sendo um dos desafios da construo de conhecimento. (pp. 11-12)