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Os stios sitiados (Luiza Neto Jorge)

A BOCA

em espessura do tempo feito infindo


em amor me feria dilatava

a boca era um leito um rgo de lava

A LNGUA

A lngua
que lquido
sacro
no transborda

um dedo
que tocou
a palavra
no a aborda

O CORPO INSURRECTO

Sendo com o seu ouro, aurfero,


o corpo insurrecto.
Consome-se, combustvel,
no sexo, boca e recto.

(...)

REFROS

III

naso
eixo facho

parto
naso
des-leixo
deixo
parto
logro morte
morro

jorro forte
morte
logro

AS CASAS

II

Prometeu ser virgem toda a vida


Desceu persianas sobre os olhos
alimentou-se de aranhas
humidades
raios de sol oblquos

Quando lhe tocam quereria fugir


se abriam uma porta
escondia o sexo

Ruiu num espasmo de vero


molhada por um sol masculino

RECANTO 10

Mal se abria novo tnel


e o vero, em sua flora andrgina, em seu elevador
subia lesto

logo as patas do Anjo se erguiam


sobre o sexo
esmagava-o sorvia-o ilusionava-o

para que parecesse no o sexo


para que parecesse um cu
residencial

onde entrassem famlias


com mincias
de pai a me e a filhos

a baptizarem-se
sucessivamente
num curto-amor-coito-circuito.
RECANTO 16

(...)

Tenta abrir o jacto para beijar em voo


um passageiro tenta ordenar o trnsito com um beijo
nos dedos destrudos
mas consegue pouco:

uma luminosidade quase cesariana


na barriga do melhor amigo.

PELO CORPO

infinita inveno
de ptala a escaldar
desprende o falo

a palavra sublinhada
que ele a avanar-me
pelo corpo

a porta giratria
que me troca
e, a este,

o frtil trajo
que lhe cria mais seios
pelo corpo

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