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O documento descreve o fenômeno da cavitação em turbinas hidráulicas, que ocorre quando bolhas de vapor se formam em regiões de baixa pressão e implodem violentamente, causando erosão. A cavitação causa problemas como queda de rendimento, vibrações, ruídos e redução da vida útil de equipamentos. Pesquisas buscam entender e prevenir a cavitação para reduzir seus custosos danos.
O documento descreve o fenômeno da cavitação em turbinas hidráulicas, que ocorre quando bolhas de vapor se formam em regiões de baixa pressão e implodem violentamente, causando erosão. A cavitação causa problemas como queda de rendimento, vibrações, ruídos e redução da vida útil de equipamentos. Pesquisas buscam entender e prevenir a cavitação para reduzir seus custosos danos.
O documento descreve o fenômeno da cavitação em turbinas hidráulicas, que ocorre quando bolhas de vapor se formam em regiões de baixa pressão e implodem violentamente, causando erosão. A cavitação causa problemas como queda de rendimento, vibrações, ruídos e redução da vida útil de equipamentos. Pesquisas buscam entender e prevenir a cavitação para reduzir seus custosos danos.
O fenmeno de cavitao pode ser basicamente entendido como:
a formao de cavidades, no lquido em escoamento, cheias de ar e vapor dgua causadas pela baixa presso originada pela velocidade desse escoamento; ou como a seqncia dos eventos de formao de bolhas de vapor, com o seu posterior desenvolvimento, em imploso ou exploso, tendo como origem a queda de presso associada velocidade do lquido. Esse fenmeno ocorre sempre em locais internos aos sistemas hidrulicos, onde alcanada a presso de saturao do vapor. Quando essa presso de vapor alcanada, comeam a ser produzidas bolhas de vapor, que so arrastadas pelo lquido at lugares onde a presso maior, condensando-se violentamente. Portanto, quando a presso no lquido se torna maior do que a presso interna na bolha com vapor, as dimenses da mesma se reduzem bruscamente, ocorrendo seu colapso e provocando um deslocamento do lquido circundante para seu interior, gerando assim uma fora inercial considervel. As partculas formadas pela condensao se chocam muito rapidamente umas de encontro com as outras, e de encontro superfcie que se anteponha ao seu deslocamento. Produz-se em conseqncia, simultaneamente, uma alterao no campo representativo das velocidades e das presses que deveriam existir de acordo com as consideraes tericas do escoamento dos lquidos. As superfcies metlicas onde se chocam as diminutas partculas resultantes da condensao, so submetidas a uma atuao de foras complexas oriundas da energia dessas partculas, que produzem percusses, desagregando elementos de material de menor coeso, e formando pequenos orifcios, que, com o prosseguimento do fenmeno, do superfcie, um aspecto esponjoso, rendilhado, corrodo. Esse desgaste pode assumir propores tais que pedaos de metal podem se soltar das peas. Os efeitos da cavitao so mensurveis e audveis, parecendo com o crepitar de lenha seca ao fogo ou um martelamento com freqncia elevada. As presses exercidas sobre as superfcies pela ao da percusso das partculas condensadas ou pela onda de choque por ela provocada alcanam valores relativamente elevados, mas no to intensos que possam normalmente produzir a ruptura do material. Vrias explicaes tm sido apresentadas para esclarecer essa ao destruidora, admitem alguns, que a alterao peridica e rapidssima das presses possa concorrer para o enfraquecimento da estrutura dos cristais dos materiais. Outros supem que, devido percusso das partculas condensadas, com uma freqncia de vrios milhares de ciclos por segundo, possam ocorrer, em pontos pequenssimos da superfcie, temperaturas elevadas que reduziriam a resistncia dos cristais, podendo ento as presses de colapso das bolhas ser suficientes para desagregar partculas do material. As regies atingidas no so aquelas em que as presses so as menores, isto , no dorso das ps ou nas superfcies do material, e sim nas regies em que se produziu a condensao das partculas de vapor. Alm de provocar corroso, desgastando, removendo partculas e destruindo partes dos equipamentos e sistemas, a cavitao apresenta os seguintes problemas:
queda de rendimento dos equipamentos;
eroso de contornos slidos;
vibraes , rudos excessivos com conseqente desbalanceamento dos equipamentos;
Pelo fato do fenmeno cavitao ser excessivamente complexo e
importante, diversos centros de pesquisas e companhias privadas de todo o mundo, tm envidado esforos no sentido de obterem mais informaes no tocante ao equipamento hidrulico para esclarecer principalmente os seguintes pontos:
Prever as condies para as quais existem riscos de cavitao
agressiva para o prottipo;
Localizar a regio onde a cavitao aparecer e se
desenvolver;
Estimar os nveis de tenses que a cavitao exercer sobre as
paredes slidas;
Classificar materiais com relao s suas resistncias a eroso
por cavitao;
Estabelecer relaes entre tipo de cavitao e intensidade de
eroso.
No Brasil com a produo de energia sendo essencialmente
hidrulica (em torno de 92%) e com um potencial a ser explorado de grande envergadura, somado crescente demanda por energia eltrica, chegando em algumas regies em torno de 20% ao ano, e tambm com o desenvolvimento das indstrias naval e aero-espacial, estabelecem-se razes importantes para a realizao de trabalhos e estudos sobre cavitao.
Levantamentos efetuados pelo CEPEL (Centro de Pesquisa de
Energia Eltrica da Eletrobrs) em 1991, mostraram que os dispndios gastos com reparos de cavitao nas turbinas hidrulicas no Brasil eram da ordem de US$ 13,000,000.00 (treze milhes de dlares), isto considerando apenas despesas com mo-de-obra e materiais.
Esses dispndios aumentaram ao longo dos ltimos anos,
principalmente devido ao fato de que, para atender ao incremento da demanda de energia eltrica, com pequeno crescimento da oferta, e garantir a estabilizao do sistema eltrico, as usinas hidreltricas tm sido operadas em seus limites mximos, muitas vezes com sobrecarga, ultrapassando os limites operacionais estabelecidos pelos seus fabricantes. Em outros casos, existe ainda a necessidade de operao de unidades em cargas parciais, com a finalidade de atender condies especficas da regio e garantir a qualidade de energia fornecida aos consumidores . Os danos causados pela cavitao em componentes de turbinas hidrulicas tm envolvido no apenas custos elevados de reparo mas principalmente considervel perda de energia gerada, por indisponibilidade das mquinas, limitao da flexibilidade operacional do sistema e reduo da vida til dos equipamentos afetados. Atualmente no pas 75% das companhias geradoras de energia eltrica atravs de usinas hidreltricas esto operando com algum tipo de problema de cavitao em seus equipamentos. A cavitao entretanto, pode ocorrer em qualquer estrutura hidrulica de uma usina, tais como vertedouros, vlvulas, canais, tneis, comportas e principalmente nas turbinas hidrulicas. O projeto e a fabricao de turbinas hidrulicas, principalmente as de grande porte, vm evoluindo atravs do tempo, sendo que atualmente algumas chegam a apresentar rendimentos mximos superiores a 96%. Entretanto os fabricantes se deparam com problemas significativos com relao cavitao. Nas turbinas hidrulicas de reao, principalmente as Francis e Kaplan de altas velocidades, a incidncia de cavitao maior em virtude de depresses ocorridas com maior freqncia nas regies convexas prximas sada das ps rotoras. Os tipos de cavitao que mais ocorrem nessas mquinas so:
Cavitao fixada: consiste basicamente na formao,
crescimento e enchimento de uma cavidade de vapor, que posteriormente interrompida por um fluxo reentrante e deslocada para a jusante, para regies com presses mais elevadas, onde implodida violentamente, provocando ondas de choques e concentraes de altas presses. A ao erosiva desse tipo de cavitao considervel.
Cavitao por vrtice: desenvolve-se normalmente em
regies de alta tenses cisalhantes, onde ocorre a formao de vrtices. Nos vrtices a presso absoluta decresce no seu centro para valores prximos aos da presso de vapor. Estes vrtices so normalmente desenvolvidos nas extremidades das ps rotoras de turbinas Kaplan, nas camadas cisalhantes de jatos submersos, na extenso do cone dos rotores (principalmente em turbinas Francis) e nas passagens do fluxo entre as ps. Este tipo de cavitao responsvel por vibraes, rudos intensos e grandes eroses
Cavitao por bolhas: ocorre como conseqncia do ciclo da
bolha, originado devido a gradientes de presso e a existncia de germes ou ncleos contidos nos fludos. Este tipo de cavitao normalmente aparece ao longo de contornos slidos ou no interior dos fludos, devido queda de presso para valores inferiores ao da presso de vapor do lquido. Esta cavitao erosiva devido s altas presses geradas pelos colapsos das bolhas, que normalmente so intermitentes; devido ao impacto do jato reentrante que se forma durante a imploso com a superfcie slida; ou ainda devido a repercusso das ondas de choques geradas.
Um fator relevante em turbinas hidrulicas, que a melhor forma
de prever a cavitao da turbina prottipo efetuada atravs de ensaios em laboratrios especializados em modelos de escala reduzida, com posterior transposio dos resultados. Entretanto esse mtodo acompanhado por algumas imprecises, em virtudes dos efeitos de escala existentes entre as condies de ensaios e as de operao real da unidade.
Estas diferenas que provocam desvios das similaridades podem se
manifestar principalmente das seguintes formas:
Viscosidade da gua;
Rugosidade dos acabamentos dos materiais;
Nvel de turbulncia;
Qualidade da gua.
Portanto para a determinao dos limites operacionais da unidade e
do posicionamento do rotor da turbina, levado em considerao um fator de segurana com relao a cavitao. O coeficiente que quantifica as condies dinmicas e estticas que podem conduzir condio de cavitao, uma referncia para os nveis de cavitao incipiente, desenvolvida e desinente, e denominado para turbinas hidrulicas de coeficiente de Thoma e assume a seguinte expresso: sp = (Ha Hv Hs)/ H onde:
H - altura da coluna de lquido;
Ha - altura da coluna de lquido correspondente a presso atmosfrica; Hv - altura da coluna de lquido correspondente a presso de vapor; Hs - altura da coluna de lquido correspondente a calagem da turbina hidrulica sp - coeficiente de cavitao da instalao.
As turbinas normalmente so projetadas e instaladas de forma que o
coeficiente de cavitao da instalao(sp), seja superior ao coeficiente de cavitao crtico(sc). A relao entre o sigma da instalao e o crtico, representa o fator de segurana com relao cavitao, que por volta de 1960, era de 50%, e atualmente est em torno de 15%, sendo que j existem fabricantes trabalhando com 10%. Espera-se que esta relao chegue em menos de 5%, quando for possvel um quase perfeito diagnstico do fenmeno, bem como uma considervel melhoria no seu controle. Considerando que cada turbina tem suas prprias caractersticas com relao cavitao , fatores como presso atmosfrica, elevaes dos nveis de jusante e montante, so responsveis por grandes influncias no comportamento de turbinas hidrulicas, e tornam sua anlise mais complexa. O posicionamento do rotor da turbina com relao ao nvel mnimo de jusante fundamental, pois se a contrapresso no rotor no for suficiente para compensar as quedas de presses oriundas das condies operativas, poder surgir uma cavitao intensa e comprometer o seu funcionamento.Tambm no vivel economicamente aumentar o afogamento ( Hs ) da turbina, pois isto elevaria os nveis de escavaes e como conseqncia, os dispndios com concreto durante a construo. Atualmente frmulas empricas, advindas de mtodos estatsticos, tm sido utilizadas para determinar de forma preliminar a altura de suco de turbinas hidrulicas. Estas frmulas normalmente so em funo da queda, e principalmente da velocidade especfica de turbinas homlogas, no entanto a comprovao do comportamento do rotor da turbina com relao cavitao, efeita nos ensaios do modelo reduzido. Nos levantamentos realizados pelas reas de Projeto Eletromecnico de Usinas Hidreltricas ( EEGM ) e de Engenharia de Manuteno da Gerao (CEMG )da Eletronorte, junto s principais empresas geradoras de energia do setor eltrico, os mesmos mostraram os seguintes dados: existem aproximadamente 129 Turbinas Francis operando no Brasil sob cavitao, das quais 110 apresentam potncias unitrias superiores a 100 MW, e 49 Turbinas Kaplan tambm esto operando com problemas de cavitao, sendo que dessas 23 unidades possuem potncias superiores a 100 MW. Dos principais fatores que levam estas turbinas a cavitar podemos relacionar: Perda dos perfis das ps rotoras, devido a sucessivas intervenes para reparos, principalmente quando no se dispe de gabaritos para a reconstituio do perfil;
Perda dos perfis das palhetas diretrizes;
Rugosidade excessiva dos acabamentos das peas;
Operao fora das faixas operacionais estabelecidas pelo
fabricante, isto , com carga parcial ou com sobrecarga;
Desconjugao das palhetas diretrizes com as ps rotoras;
Caractersticas da gua do reservatrio;
Operao com altura de suco inferior a mnima prevista;
Projeto de perfis inadequados;
Suco da unidade subestimada;
Proteo insuficiente das reas sujeitas a severa cavitao,
previstas nos ensaios de modelo em escala reduzida.
Os problemas acima citados podem ocorrer individualmente ou
em conjunto. Com o objetivo de se evitar eroses severas, sempre que possvel, os limites operacionais das unidades geradoras so limitados.
O fenmeno de eroso por cavitao baseado na interao entre
o fludo e uma superfcie slida. As altas presses, e ondas de choques geradas por imploses de estruturas de vapor, so responsveis pelos danos causados nas superfcies metlicas.
Esse fenmeno bastante complexo pelo fato de envolver o
comportamento hidrodinmico dos fluxos cavitantes, especialmente as fases de imploso das estruturas de vapor e o comportamento do material com relao aos impactos repetitivos oriundos da cavitao. Embora os mecanismos dos colapsos ainda no se encontrem totalmente elucidados, admitido que o impacto caracterizado por uma presso da ordem de GigaPascal, com um tempo de durao da ordem de microsegundos, e superfcie de impacto da ordem de dcimo de milmetro . A perda de massa do material slido durante a eroso passa por duas fases, inciando pelo aparecimento de pequenos pits ou orifcios onde o desgaste pequeno, para em seguida ocorrer uma acelerao do processo com a remoo de massa sendo incrementada at um valor mximo, aps o qual a perda de material se torna estvel e aproximadamente constante. Em um fluxo cavitante se o coeficiente de cavitao diminudo e a velocidade mantida constante, a eroso incrementada at um mximo e decresce posteriormente quando atingido o estgio de supercavitao. A capacidade erosiva da cavitao est associada aos pulsos de presso gerados. Para prever possveis danos, os pesquisadores tm recorrido principalmente a mtodos experimentais, destinados a quantificar estes picos de presso e compar-los com a resistncia dos materiais. Tambm tm sido usados mtodos acsticos, que monitoram os rudos do fenmeno. Um dos mtodos que determinam experimentalmente os picos instantneos de presso o PPHS (Pressure Pulse Height Spectrum) que utiliza sensores piezoeltricos de alta frequncia (0,7 MHz) , de dimenses reduzidas (dimetro de 0,9mm) e de alta resistncia. Este sistema permite avaliar a agressividade de diferentes tipos de cavitao, entretanto de difcil aplicao em turbinas hidrulicas, em virtude da necessidade da instalao dos transdutores nas reas de impactos. No Brasil, foram realizados ensaios de monitoramento de cavitao em turbinas hidrulicas, com sensores acsticos de altas freqncias (100 kHz a 1 MHz). Testes de campo foram executados em algumas empresas de energia, utilizando-se os seguintes sistemas:
CESP - UHE Ilha Solteira turbina Francis de 160 MW
Instalao de sensores acsticos em conjunto com hidrofones e
transdutores de presso, associados a uma unidade de condicionamento de sinal e a um software de inteligncia artificial.
CHESF - UHE Xing turbina Francis de 500 MW
Instalao de um sistema de diagnstico da cavitao por sensores acsticos de alta freqncia associado a uma unidade de condicionamento de sinal. CEMIG efetuou teste com um sistema de monitoramento acstico atravs de acelermetros.
Todos estes sistemas tm detectado a cavitao com xito, entretanto
a determinao da taxa de eroso para definir com preciso a parada da unidade geradora ou equipamento para reparo, e a previso de pontos operacionais com cavitao no erosiva, encontram-se em fase de desenvolvimento por todos os pesquisadores.