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ilustrações Fabia Bercsek Modesta proposta para evitar que as crianças da Irlanda
projeto grafico Pinky Wainer sejam um fardo para os seus pais ou para o seu país.
produção gráfica GFK
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Jonathan Swift (1667-1745)
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E ainda dizem que a humanidade caminha
por Clarah Averbuck*
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Mas não estamos falando de canibalismo.
Você tem em mão um manifesto político
atemporal que não precisa sequer ser
contextualizado. E ainda dizem que a
humanidade caminha.
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A cho que é um consenso de todas as
Partes que esse prodigioso número de
Crianças nos Braços, nas Costas ou nos
Calcanhares de suas Mães, e freqüente-
mente de seus Pais é, do deplorável pre-
sente estado do Reino, um considerável
malefício adicional; e, portanto, quem
quer que pudesse encontrar um método
justo, barato e fácil de tornar essas
Crianças úteis e saudáveis Membros dos
Bens-comuns, mereceria ter por parte do
público a sua Estátua como preservador
da Nação.
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nascidas de Pais efetivamente pouco
capazes de sustentá-las, quanto aquelas
que demandam a nossa Caridade nas Ruas.
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olhar por elas de tal maneira que, em vez
de serem um Fardo para seus pais, ou para
a Paróquia, ou querendo Comida e Roupa
para o resto de suas Vidas, elas deverão,
pelo Contrário, contribuir para a
Alimentação e em parte pelo Vestuário de
muitos Milhares.
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S endo o número de Viventes neste
Reino geralmente estimado em um
Milhão e meio, desses calculo que deva
haver mais ou menos duzentos mil Casais
cujas Mulheres sejam Parideiras, número
do qual subtraio trinta Mil Casais capazes
de manter seus próprios Filhos, embora
tema que possam não ser tantos, com as
atuais Aflições do Reino. Mas, assim
sendo, sobrarão cento e setenta Mil
Reprodutoras. Novamente Subtraio
cinqüenta Mil, para aquelas Mulheres
que abortam naturalmente ou cujas
Crianças morrem por acidente ou
doença durante o primeiro Ano de Vida.
Sobram apenas cento e vinte Mil Filhos
de Pais Pobres nascidos anualmente.
Logo, a pergunta é: como serão criados e
sustentados? Como já disse, nas atuais
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Circunstâncias, é terminantemente impos-
sível pelos Métodos propostos até agora,
pois não podemos empregá-los na
Indústria ou na Agricultura; nem cons-
truímos casas (digo, no Campo) ou culti-
vamos Terra: eles raramente podem ga-
nhar a Vida Roubando, antes de chegar
aos seis Anos, a não ser que sejam muito
Precoces, embora, confesso, eles aprendam
os Fundamentos bem mais cedo. Durante
este período, entretanto, podem ser consi-
derados apenas Aprendizes, como fui
informado por um cavalheiro dirigente no
Condado de Cavan que me assegurou que
nunca soube de mais de um ou dois Casos
abaixo dos seis Anos, mesmo em uma
parte do Reino tão conhecida pela mais
ágil competência nesta Arte.
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F oi-me assegurado por nossos
Mercadores que um Garoto ou uma
Garota antes dos doze anos não é uma
Mercadoria vendável; mesmo quando
atingem essa idade não rendem, na troca,
mais do que três Pounds, ou três Pounds
e meia Coroa, no máximo, o que não pode
reverter em Lucro nem para os Pais ou
para o Reino, pois O Custo em Alimen-
tação e Trapos é de pelo menos quatro
vezes este Valor.
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bem tratada é, com um Ano, um Alimento
delicioso e nutritivo, seja Cozida,
Grelhada, Assada ou Fervida; e eu não
tenho dúvidas de que serviria também
em um Guisado ou um Ensopado.
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Boa Posição Social e Fortuna em todo o
Reino, sempre aconselhando a mãe que as
deixem Sugar abundantemente durante o
último Mês, de modo que as entreguem
Gordas e Rechonchudas para uma boa
Mesa. Uma Criança daria dois Pratos em
uma Recepção para os Amigos, e quando
a família jantar sozinha, o Quarto
dianteiro ou traseiro daria um Prato
razoável. Temperado com um pouco de
Pimenta ou Sal ficaria muito bom fervido
no quarto Dia, especialmente no Inverno.
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A dmito que esta comida será um
tanto cara e, sendo assim, muito apropri-
ada para Senhores de terra que, tendo já
devorado a maioria dos pais, parecem ter
maiores Direitos sobre os filhos.
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e estará apta para trabalhar até que pro-
duza outra Criança. Aqueles mais
econômicos (e devo admitir que os
Tempos pedem isso) poderiam esfolar a
Carcaça; a Pele, Artificialmente tratada,
daria admiráveis Luvas para as Damas e
Botas de Verão para os finos Cavalheiros.
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U ma Pessoa de muito valor, um ver-
dadeiro Amante de seu País e cujas
Virtudes muito estimo, recentemente, dis-
cutindo esta questão, deleitou-se ao ofere-
cer um refinamento ao meu Projeto. Ele
disse que muitos Cavalheiros neste Reino,
tendo ultimamente dizimado seus Veados,
imaginou que a Procura por esta Carne de
Caça poderia bem ser suprida pelos
Corpos de jovens Rapazes e Moças, com
não mais de catorze anos, nem menos de
doze. Grande é o Número, de ambos os
Sexos, em todos os Países estando agora a
ponto de Morrer de Fome, por falta de
Trabalho e deles se livrariam seus Pais, se
vivos, ou então seus Parentes mais próxi-
mos. Mas com o devido respeito a tão
excelente amigo e tão meritório Patriota,
não posso concordar totalmente com sua
Visão, porque quanto aos Machos, meu
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conhecido americano assegurou-me com
vasta experiência que sua carne é normal-
mente Dura e Magra, tal como a de nos-
sos Escolares devido ao exercício e seu
gosto desagradável. Engordá-los não
resolveria a Questão. Quanto às Fêmeas,
acredito humildemente que seriam uma
perda para o Público, porque elas em
breve se tornariam Parideiras. Além
disso, não é improvável que algumas
Pessoas escrupulosas pudessem Censurar
tal Prática (embora muito injustamente)
de beirar um pouco a Crueldade, o que
confesso ter sempre sido para mim a mais
forte Objeção contra qualquer Projeto,
por mais bem intencionado que seja.
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Sallmanaazor, um Nativo da Ilha
Formosa, que de lá veio para Londres
há mais de vinte Anos e durante uma
Conversa contou ao meu amigo que, em
seu País, quando acontecia de qualquer
Jovem ser condenado à morte, o Carrasco
vendia a Carcaça para Pessoas de Boa
Posição Social como algo Delicioso e que,
em seu tempo, o Corpo de uma
rechonchuda de quinze que fora crucifica-
da por uma tentativa de envenenar o
Imperador foi vendido para O Primeiro
Ministro de Estado de Sua Majestade e
a outros grandes Mandarins da Corte,
aos pedaços, por quatrocentas Coroas.
Tampouco posso negar que se o mesmo
Uso fosse dado a várias garotas
rechonchudas da cidade, que, sem um
único Tostão por Fortuna, não podem ir
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muito longe sem uma Cadeira, nem
aparecer no Teatro ou Reuniões com
Adornos importados, que nunca poderão
pagar, nem por isso o Reino estaria pior.
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Não conseguem Trabalho e, conseqüente-
mente, desfalecem por falta de Alimento, a
tal ponto que se fossem eventualmente
contratados para algum Serviço comum
não teriam Forças para realizá-lo, estando
assim o país e eles mesmos alegremente
livres dos Males por vir.
1º
P rimeiramente, como já observei,
diminuiria bastante o Número de Papistas,
pelos quais somos Anualmente infestados,
sendo os principais Reprodutores da
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Nação, assim como nossos mais perigosos
Inimigos, e que permanecem em casa de
propósito com a Intenção de entregar o
Reino ao Pretendente, na esperança de
aproveitar a Ausência de tantos bons
Protestantes, que preferiram deixar seu
País a ficar em casa e pagar, ainda que
contra sua consciência, o Dízimo a um
Vigário Episcopal.
2º
E m segundo lugar, os Inquilinos
mais pobres terão algo de valor, que por
Lei ficasse disponível em caso de
Necessidade e ajudaria a pagar o Aluguel
ao seu Senhor, seu Milho e seu Rebanho já
tendo sido levados, e sendo o Dinheiro
uma Coisa desconhecida.
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3º
E m terceiro lugar, a Manutenção
de cem mil crianças a partir dos dois
Anos, não podendo ser calculada em
menos de dez Shillings por Cabeça ao
Ano, para o Tesouro Nacional serão
então acrescidas cinqüenta mil Libras
por Ano, além da Vantagem de um Novo
Prato introduzido na mesa de todos os
Cavalheiros de Fortuna no Reino que
tenham qualquer Refinamento em seu
Gosto, e o Dinheiro circulará entre Nós,
os Produtos sendo inteiramente Produ-
zidos e Manufaturados por nós.
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4º
E m quarto lugar, as Parideiras regu-
lares, além de ganharem oito Shillings
Esterlinos por Ano pela Venda de suas
Crianças, estarão livres do Encargo de
mantê-las após o primeiro Ano.
Em
5º
quinto lugar, este Alimento
traria grande Clientela para as Tavernas,
onde os Fazedores de Vinho serão certa-
mente sensatos para conseguir as me-
lhores Receitas para prepará-lo com per-
feição e, conseqüentemente, ter suas casas
freqüentadas por todos os Cavalheiros
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finos, que se orgulham com razão de
serem Entendidos em boa Mesa. Um
Cozinheiro habilidoso, que saiba como
agradar seus Convidados, dará um jeito
de tornar tão caro quanto quiser.
Em
6º
sexto lugar, Isto seria um
grande Incentivador para o Casamento,
que todas as Nações sábias têm estimula-
do por Recompensas ou imposto Leis e
Penalidades. Aumentaria o Cuidado e
Ternura das Mães com suas crianças
quando estivessem seguras de terem seus
Pobres Bebês um Encaminhamento na
Vida, de certa forma graças ao público,
para seu Lucro anual em vez de Despesa;
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deveremos logo notar uma honesta
Competição entre as mulheres Casadas,
sobre qual delas poderá trazer a criança
mais gorda ao mercado. Os homens pas-
sariam a gostar mais de suas Esposas
durante a Época de sua Gravidez, assim
como gostam agora de suas Éguas e vacas
prenhes ou de suas Porcas quando estão
prontas para parir, e não bateriam nelas
ou as chutariam (Prática muito freqüente)
por medo de Aborto.
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å nossas Mesas, que não são de maneira
alguma comparáveis em Sabor ou
Suntuosidade a uma bem desenvolvida e
gorda Criança de Um ano, que, assada
inteira, será uma Atração considerável em
um Banquete do Senhor Prefeito, ou qual-
quer outra Recepção Pública. Mas isto e
muitas outras coisas eu omitirei, sendo
ilustração adepto da Brevidade.
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Não me ocorre objeção alguma que
possa ser levantada contra esta Proposta,
a menos que se retruque que o Número
de pessoas ficaria assim bastante reduzido
no Reino. Isso eu reconheço de bom
grado, sendo este, na verdade, um dos
principais motivos Pensados em oferecê-
la ao Mundo. Desejo que o Leitor observe
que cálculo meu Corretivo especifica-
mente para o Reino da Irlanda, e para
nenhum outro que tenha existido, exista,
ou Imagino, venha a existir na face da
Terra. Que não venham, então, falar em
outros Propósitos: de cobrar dos nossos
Ausentes cinco Shillings por Libra de
Imposto; de não usar Roupa ou Mobília
que não seja de nosso cultivo ou manu-
fatura; de rejeitar totalmente Materiais e
Instrumentos que promovam o Luxo
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Estrangeiro; de sanar o Alto Custo de
Orgulho, Vaidade, Ociosidade e Jogos
Fúteis das nossas Mulheres; de introduzir
um mínimo de Parcimônia, Prudência e
Moderação; de aprender a amar nosso
País, no que diferimos até menos dos
Lapônios e dos Tupinambás; de deixar de
lado nossas Hostilidades e diferenças,
nem agir mais como os Judeus, que
estavam se matando uns aos outros no
Momento em que sua Cidade foi tomada;
de sermos um pouco cuidadosos de não
vender nossos País e nossas Consciências
por nada; de ensinar os senhores de Terra
a ter pelo menos um grau de Compaixão
para com seus Inquilinos; e, finalmente,
de colocar um Espírito de Honestidade,
Zelo e Habilidade em nossos Comercian-
tes, que, se fosse agora tomada a Decisão
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de se comprar apenas Produtos Nativos,
imediatamente se reuniriam para nos
engabelar e nos impor o preço, a Medida
e a Qualidade; eles nunca puderam ser
trazidos a uma proposta justa de Transa-
ções Honestas, ainda que freqüente e
ardentemente solicitados para tanto.
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seu Sucesso, felizmente tropecei nesta
Proposta absolutamente nova, que pos-
sui algo de Sólido e Real, de nenhum
Custo e pouco Trabalho, plenamente em
nosso Poder, com a qual não corremos
nenhum Perigo de desagradar a
Inglaterra. Pois este tipo de Mercadoria
não suportará a Exportação, sendo a
Carne de Consistência muito tenra para
resistir a uma longa permanência no Sal,
muito embora eu possa citar um país que
devoraria com prazer a nossa Nação
inteira sem ele.
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M as antes que algo desse Tipo seja
Contraposto ao meu Projeto, e seja pro-
posto outro melhor, desejo que seu Autor
ou Autores tenham a maturidade de con-
siderar dois Pontos. Primeiro, do jeito em
que As Coisas estão, como eles con-
seguirão achar Comida e Roupa para Cem
mil Bocas e Costas inúteis. Segundo,
existindo aproximadamente Um Milhão
de Criaturas em Forma Humana neste
Reino cuja toda Subsistência os deixaria
com uma Dívida de dois Milhões de
Libras Esterlinas, somando aqueles que são
Mendigos Profissionais à Massa de
Agricultores, Camponeses e Trabalhadores
com suas Mulheres e Crianças, que são
Praticamente mendigos; desejo que esses
Políticos que não gostam da minha
Sugestão e que talvez sejam ousados o
suficiente para Retrucar, que eles falem
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primeiro com os Pais desses Mortais, se
eles Hoje não consideram que teria sido
uma grande Felicidade ter sido vendido
como Comida com Um Ano de Idade, da
maneira como estou receitando, tendo
assim evitado tal perpétuo Cenário de
Desgraças, como o que vêm atravessando
desde então pela Opressão dos Senhores
de Terra, a Impossibilidade de Pagar o
Aluguel sem Dinheiro ou Emprego, a
Falta de Simples Sustento, sem Lar ou
Roupas para abrigá-los das Inclemências
Climáticas, e a inevitável Perspectiva de
legar tal ou ainda maior miséria à sua
Prole para sempre.
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D eclaro na Sinceridade do meu
Coração que não tenho o menor Interesse
Pessoal em procurar promover este
Trabalho necessário, não tenho outro
Motivo senão o Bem Público do meu País,
desenvolvendo nosso Comércio, suprindo
as necessidades das Crianças e dando
algum prazer para os Ricos. Não tenho
Filhos com as quais pudesse ganhar um
Tostão; o mais jovem tem Nove anos e
minha Esposa ultrapassou a idade de
Procriar.
FIM
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