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Dr Dit] LLU ata ile: muyjalt Oat SE andl Sy OS ae Cee Dery Cree Lacy Ce OM Dy Sy eee Lay ED ecard) Reet Re) Rc oc Lise Vieira da Costa Tupiassu Mertin Dee sand Cece Ce Ly ‘Sandro Alex de Souza Simoes ‘Suzy Elizabeth Cavalcante Koury '* AEditora Método se responsabliza pelos vicios do produto no que concern & sua edigdo {(mpressdo e apresentagdo a fim de possibiltar 20 consumidor bem manseé-lo e Wo). (s vicios relacionados @ atualizagdo da obra, aos conceitos doutnaris, 88 concepgoes Ideoligicas e referéncias indevidas so de responsabildade do autor elou stualizador ‘Todos 0s direitos reservados. Nos tormos da Lei que resguarda os direitos autorals, @ profbida a reproducto total ou parcial de qualquer forma au por qualquer meio, eletrenico ‘04 mecanico, inclusive através de processos xerograficos, folocdpia e gravapdo, sem ppermissio por escrito do autor © do editor. Impresso no Brasil ~ Printed in Brazil oe ae ae pane ale tnseng ae een roo EDITORA METODO LTDA. Bee EB on excaarl pea Seater ee at Re nomsare ey sccm Pe caleware mabe escaped aoe Centro Universitario do Estado do Pari - CESUPA Gonselho Editorial ~ Presidente: Joao Paulo do Valle Mendes Normalizagso: Sivia Mara Bitar de L. Mori Eattora CESUPA ‘Av. Gow. José Malcher, n, 1963 ~ S30 Bris - 65060-230 - Belém-PA Tel: 91 4008-0165 / 9125, ediiors@cesupa.br | www.cosupa.br 1 Revisio do texto: Jéssica Souza © Maria Angélica Pinho 1 Dados intemacionais de Catalogagdo na Publicagso (CIP) {Sindicato Nacional dos Editores de Livros, Rio de Janeiro - RJ, Brasil) es Dirito, pleas pibioas desenvohimento | Ana Chistina Darich Borges Lea! tal] ccordonarge Joan Caos Dis, Sandro Aloe de Souza Simdes. - Rio de Jana: Forenge Sto Prado METODO : Belém, PA CESUPA, 2013, (Cosipa) Inc togeata ISON 976.95-908-4057.9, 1, Dro potias publieas @ desenvolimenta regina. Danwich, Ana. Dias, Jean Caos lw. Simaes, Sendo Alex de Sousa. IV Centro Unverstaro do Estado do Par. . Sera ss00710 ‘cou: 42.9181) NOTA EDITORIAL ‘A presente edigdo tem uma caracteristica especial. E fruto de uma ia da Editora CESUPA, do CENTRO UNIVERSITARIO DO PADO DO PARA, com a EDITORA METODO, empresa integrante | Grupo Editorial Nacional | GEN. ‘Vivemos um periodo de crescente colaboragio na sociedade, entre s da esfera civil, bem como entre estas e instituigdes do ppiblico. Para muitos, parceria é a palavra de ordem do milénio. ‘nds, a expresso significa a unido de instituigdes para um fim |, mediante © entendimento ¢ a aceitagdo mutua, a fim de al- © sucesso almejado. Ao juntar esforgos, somar competéncias ¢ humanos e materiais, os parceiros ampliam suas possibilidades agilo e conseguem atingir metas que, isoladamente, nao alcangariam. de nossa realidade editorial, reconhecemos a importincia deste colaborativo, cuja construgao requereu habilidade para se- ‘0s envolvidos, descobrir espacos de identidade e de autonomia, ilidades individuais possa resultar em ‘Ao estabelecer, claramente, as responsabilidades ¢ os limites, 0 de Edigo assegura a harmonia no labor do dia a dia, com Tespeito, aceitagdo e entendimento, além de promover o prazer ‘rabalhar em conjunto, Desse modo, a ampliagao das ages mediante jetos especificos acaba por se transformar em alianga estratégica, vol- 440 objetivo maior — a transformagao de nossa realidade editorial Doe ee Joao Paulo do Valle Mendes Presidente do Conselho Editorial da Editora CESUPA € Reitor do Centro Universitario do Pari. 3 4 DIREITO DOS POVOS TRADICIONAIS: AFIRMACAO E APLICACAO Eliane Cristina Pinto Moreira ‘Sumérlo: 1, Inrodugto - 2. Estado plrétnico e multicultural — 3. A consalidagto 0 afimagao do dieto dos povos wadiconals| 28 Elomentos estruturantes do diretto dos. povos tradicional: 44.1, Autodetorminacao: 42. Autodontifeaggo: 43. Partcipacto, informagao e consulta, 44. Pluralism juridco; 45. Terttorial- dade = 5. Conelusto ~ Referéncias, INTRODUGAO Objetivamos debater 0 Direito dos Povos Tradicionais, tendo em vista ‘conformaciio de um acervo juridico composto de principios, normas, tuigdes juridico-politicas e jurisprudéncia que permitem reconhecet dimensao dos direitos humanos aplicavel em especial aos sujeitos direitos que integram a categoria juridica “Povos Tradicionais”. Deve-se ressaltar que temos a compreenstio de que esta categoria ica ainda ¢ alvo de debates acalorados, tanto em razao da diversidade povos que esta categoria contempla, muitas vezes elencados como indigenas, quilombolas e comunidades locais ou tradicionais, os S possuiem entre si muitas distingdes; quanto porque, na tradiglo ‘comumente sio identificados com institutos juridicos bastante ites entre si (indigenato, por exemplo), fato que gera modos dis- de salvaguarda de direitos. Todavia, esta categoria juridica ¢ a utilizada pela Convengdo 169 da Internacional do Trabalho (OIT) que superou a terminologia populagdes” e adotou 0 termo “povos”, deixando para tris a visio que muito tempo vigorou de que seriam estes grupos transitérios e que 0 EEE mera rounesromersencseneumero caminho’ “natural” seria 0 da assimilagao. Ainda sob a égide da Convengao, esta permite a proterdo de todas as categorias anteriormente referidas fato que amplia a capacidade de defesa dos direitos destes povos, desde que assim 0 queiram, em outras palavras, desde que desejam se reconhecer ‘como povos indigenas ou tribais na alocugio da convencio. Deve-se, ainda, referir, que temos plena cigncia de que estes grupos Ppossuem diferengas culturais, sociais, politicas, dentre outras, nfo exis- tindo a pretensdo de homogeneizé-los, nem mesmo entendé-los como uma categoria una. Da mesma forma, estamos cientes de que muitos deles possuem institutos juridicos especificos em face da j4 propalada sociodiversidade existente. ¥ Todavia, Procuramos ressaltar 0 que hi de comum em termos de institutos juridicos, buscando evidenciar que alguns direitos decorrentes das lutas ¢ debates encampados por um grupo especifico podem, sim, servir-se & protegio desta categoria juridica por nés identificada como Povos Tradicionais, de modo a ampliar 0 espctro de diritas postos sua defesa. Pertinente, portanto, tran: e Lit eas ce por screver a observagao de Little © interesse é mostrar como este novo olhar analitco pode detectarsemelhan- «a importantes entre esses diversos grupos — semelhangas que fea ocultas quando se empregam outras categorias ~,vincular essa semelhangas a suas reivindicagdes e lutas fundirias e descobrir possveis eixos de artculagio social e politica no contextojuridico maior do Estado-Nagdo brasi te] © uso do conceito de povos tradicionais procura oferecer wm mecanismno analtico capaz de juntarfatoes como a existéncia de regimes de proprieda- de comum, o sentido de pertencimento a um lugar, a procura de autonomia cultural ¢ priticas adaptativas sustentiveis que os vatiados grupos sociais analisados aqui mostram na atuaidade, __ Esta intersegdo ¢ oriunda da compreensao de que o Estado Brasileiro ‘um Estado Pluriétnico e Multicultural, o qual nos permite compreender que, da matriz constitucional (¢ dos tratados de direitos humanos que a integram), derivam hoje uma espinha dorsal de direitos que devem estar a disposigio dos variados grupos formados pela categoria juridica Povos Tradicionais. Nesse sentido, por exemplo, o direito 4 consulta prévia, to s brepujado na atualidade, fica evidente quando assistimos @ tragédia socioambiental aportada pela Usina Hidroelétrica de Belo Monte. matriz que denominamos Direito dos Povos Tradicionais, ‘ainda a sua necesséria percepgao sob 0 enfoque dos direitos . compreendendo-o como um dos direitos que compée este que ¢ essencial & dignidade da vida humana. ESTADO PLURIETNICO E MULTICULTURAL © Estado, em sua concepgao modema, afirmou-se, por séculos, ‘uma homogeneidade sustentada numa concepgao una de povo io. Todavia, isto nunca correspondeu & realidade existente em ferritério que na maior parte das vezes era formado por grupos nis, cujas diversidades identitarias, no mais das vezes, foram rene- ‘ou invisibilizadas, sobretudo em paises que experimentaram 0 de colénia. Nestes Estados, foram estabelecidos os alicerces no ialismo cultural propugnado por Bourdieu ¢ Wacquant (1998, p. ‘0 qual “se apoia sobre o poder de universalizar particularismos a uma tradigdo historica singular, fazendo com que no sejam “dos como tal”. Por séculos, grupos muitas vezes denominados autéctones ou mi- as lutaram pelo reconhecimento de diversidades culturais ¢ sociais de que “categorias isoladas de uma dada nagio-Estado com base tragos *étnicos’ ou ‘culturais’ tem o desejo ou o direito de exigir ;cimento civico ¢ politico como tal” (BORDIEU; WACQUANT, p. 229). (0 cenirio intenso de luta destes povos em busca da afirmagiio do ito & diversidade conduziu a necessidade de revistio do paradigma por intermédio da afirmagao da concepedo do Estado Pluriétnico “Multicultural passado a perceber-se 0 Estado niio mais como uma ‘mas sim um arquipélago e, parafraseando Rouland (2004, p. 11), sm deseja nele navegar deve seguir seus estreitos”. Por intermédio da reivindicagaio de movimentos sociais na América ina, fez-se estabelecer o direito a diferenga étnica ¢ cultural que ‘em xeque 0 imaginario da Nagao homogénea ¢ o Estado unitério STILLO GOMEZ, 2006, p. 116). Diversos paises da América Latina reconheceram em suas constituigdes cardter Pluriétnico e Multicultural, tais como Argentina, (1994), Bo- ia (1994), Brasil (1998), Colombia (1991), Costa Rica (1997), Equador (1998), Guatemala (1985), Nicarégua (1986), Panamé (1983), Paraguai (1992), Peru (1993), México (1992) e Venezuela (2000) (GOMEZ, 2005, p. 2). Tal fato decorre da “reinvencién de la identidad y el surgimiento Erato, pourcas posuicas €oeserwowwmento de nuevos movimientos étnicos, lo que comienza a ser conocido como las ‘nuevas etnicidades” (CASTILLO GOMEZ, 2006, p. 2). ‘Tomemos como exemplo a Constituigao Colombiana de 1991 que reconhece e protege “la diversidad étnica y cultural de la Nacién Co- Jombiana” 0 que, para Rodrigues Pefiaranda (2005, p. 74), significou: Larenuneia a una pretensién de uniformidad es la idea principal del original ‘concepto de nacién colombiana acogido com la Constitucién de 1991 y ‘que conjuga claramente uma unidad basada en la diferencia, Yano existe un solo registro de 16 que es la cénion, sino maltiples caudales ‘que, pese a sus variedades, pueden integrarse sin que esa conjuncién exija ‘como requisito la renuncia a su especificidad. Bajo esta perspectiva, la diversidad étnica pasa a constituirse em um valor, uma riqueza, y por 16 tanto, em um aspecto positivo digno de proteccién. A Constituigdo Brasileira de 1988 reconheceu o carter pluriétnico ¢ multicultural do Estado Brasileiro, representado nas palavras de De- borah Macedo Duprat de Britto Pereira: [...]uma clivagem em relacao ao sistema constitucional pretérito, uma vez que reconhece o Estado brasileiro como pluriéinico, ¢ nao mais pautado ‘em pretendidas homogencidades, garantidas ora por uma perspectiva de assimilagio, mediante a qual sub-repticiamente se instalam entre (8 diferentes grupos étnicos novos gostos ¢ habitos, corrompendo-os ¢ levando-os a renegarem a si prdprios ao eliminar 0 especifico de sua identidade, ora submetendo-os forgadamente a invis : 2002, p. 1) Com efeito, pode-se asseverar que a Constituigiio Federal Brasileira 0 estabelecer em seu artigo 1° os fundamentos do Estado, indicando a dignidade da pessoa humana ¢ o pluralismo politico, langa os alicerces para a conformagao constitucional de um Estado nao homogeneizador, reiterando este direcionamento quando afirma a prevaléncia dos Direitos Humanos (art. 4°, inc. II). Mais adiante tora inequivoca sua op¢io politica pelo direito & diversidade sociocultural ao afirmar que “O Es- tado garantiré a todos 0 pleno exercicio dos direitos culturais e acesso 4s fontes da cultura nacional, e apoiard ¢ incentivard a valorizagio e a difusdio das manifestagdes culturais” (Art. 215, caput) e que “O Estado protegeri as manifestagdes das culturas populares, indigenas ¢ afro- ileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatério I" (art. 215, § 1°). Ressalte-se que 0 texto constitucional dentre 0s objetivos a serem sguidos pela Politica Cultural: a “valorizagao da diversidade étnica ional (Art. 215 § 3°, inc. V), se associa a protegiio conferida aos dife- grupos formadores da sociedade brasileira, conforme o Art. 216”. Tal previstio constitucional deve necessariamente ser interpretada consondncia com todas as demais previsdes de protegao conferidas ;pos culturalmente diferenciados, de tal modo que se imponha a io analégica dos dispositivos entre si, formando um bloco direitos constitucionais de caréter pluriétnico e multicultural. Para Macedo Duprat de Britto Pereira: HE importante assinalar que, 20 assumir o carter plurigtnico da nagio bra- sileira, que nio se esgota nas diferentes etnias indigenas, como evidencia © pardgrafo 1° do art. 215, a Constituigtio de 1988 tornou impositiva a aplicagao analogica do tratamento dado & questi indigena e aos demais ‘grupos étnicos. Assim, diante desse novo padrio de respeito & heteroge- neidade da regulamentagio ritual da vida, impGe-se a exata compreensio das pautas de conduta que agora orientam os diversos atores sociais, em pparticular os agentes pilicos e politicos (PEREIRA, 2002, p. 2). Dessa feita, resta claro que a Constituigdo Federal consagrou 0 Brasileiro como Pluriétnico © Multicultural 0 que advém do constitucional, mas também dos Acordos ¢ Tratados de Direitos ‘que passam a integrar o chamado bloco de constitucionalidade ‘como a Convengao 169 da OIT e a Convengio sobre a Protegao ¢ Promogao da Diversidade das Expressdes Culturais, os quais integram ceme da protesio a dignidade da pessoa humana: A principio resultado de exereicio hermenéutico, tal compreensio, na atualidade, esta reforgada por varios documentos intemacionais dos quais, © Brasil é signatirio, merecendo destaque a Convengao 169, da OIT, a ‘Convengiio sobre a Proteeo, ambas ja integrantes do ordenamento juridico interno, e, mais recentemente, a Declaragio das Nagdes Unidas sobre os Direitos dos Povos Indigenas. ‘A nogiio central, comum a esse conjunto de atos normativos, é a de que, no seio da comunidade nacional, hi grupos portadores de identidades es- pecificas e que cabe ao direito assegurar-hes 0 controle de suas préprias instituigdes e formas de vida e seu desenvolvimento econdmico, e manter ¢ fortalecer suas entidades, linguas ¢ religides, dentro do dmbito dos Es- Ferner rms oeewoino tados onde moram. Assim, a defesa da diversidade cultural passa a ser, para os Estados nacionais, um imperativo ético, insepardvel lo respeito 4 dignidade da pessoa humana (PEREIRA, 2007, p. 9-10). Importante lembrar que ao falar-se em Estado Pluriétnico deve-se ter em mente a superagdo da concepgao de civilizagdo como um [deus a ser ocupado a partir da integragdo dos diferentes grupos sociais, no qual simplesmente se tome ciéncia das diversidades existentes, mas aguarde-se sua assimilago ou incorporagdo, ao revés, trata-se de garantia de lugar politico ¢ juridico aos atores que se reconhegam no bojo de identidades étnico-culturais. Carvalho (1983, p. 6) assevera: Com isso, as “etnias” deixariam de estar situadas a meio caminho do processo civilizatério © poderiam se afirmar como formas civilizatorias plenas, do mesmo modo que os estados pluriétnicos nflo seriam aqueles {que se pretendem meros respeitadores das diferengas e que, ao se definirem dese modo, nada mais pretende do que congelar as herangas culturais dos ‘varios “grupos étnicos”, condenado-os a viver uma “ordem” intransitiva ¢ Ao contririo, esses espagos pluriétnicos seriam aqueles enrique- ccidos pelas contribuigdes culturais dos varios grupos “diferentes” neles incluidos e que mesmo uma identidade nacional forte mio conseguiria pagar ou neutralizar A compreensio do Estado Brasileiro como pluriétnico © multi- cultural importa na necessidade de estabelecer os elementos basilares da afirmagio do Direito dos Povos Tradicionais enquanto sujeitos de direitos. 3. A CONSOLIDACAO E AFIRMACAO DO DIREITO DOS POVOS TRADICIONAIS No contexto de um Estado Pluriétnico e Multicultural, os Povos Tradicionais ganham especial relevo. Antes subjugados e invisibilizados pela concepcdo homogénea de Estado e de Direito, passam agora a pleitear seu lugar de atores politicos e sujeitos de direito. Neste ambito, nao ha um consenso conceitual ou terminolégico sobre estes atores, alguns utilizam a terminologia populagdes tradicionais, ou- tros comunidades tradicionais ou locais. No presente artigo, adotaremos a terminologia povos tradicionais, por reconhecer nela uma categoria juridica harménica com a Convengdo 169 da OIT. ae: | O Decreto n.° 6040/2007 adotou como conceito de Povos e Comu- Tradicionais o seguinte: Povos e Comunidades Tradicionais: grupos culturalmente diferenciados ¢ que se reconhecem como tais, que possuem formas préprias de organizagao Social, que ocupam e usam terrtérios e recursos naturais como condigdo. Para sua reprodusio cultural, social, religiosa, ancestral e econémica, Uutilizando conhecimentos, inovagdes e priticas gerados ¢ transmitidos pela tradigdo (Art. 3, ine. 1); Todavia, convém ressaltar a inconsisténcia de conceitos desta na- face & necessidade de reconhecer que a categoria Povos Tradi- esta atrelada a afirmago desses grupos, sendo mais acertada de que esté em curso um processo de afirmagao politica atores, a qual faz. parte de um proceso de “autoconstituigao” de que, segundo Cunha e Almeida (2001, p. 192): ‘conquistaram ou estio lutando para conquistar (por meios priticos e sim- bolicos) uma identidade pablica que incluialgumas e ndo nevessariamente todas as seguintes caracteristicas: o uso de téenicas ambientais de baixo impacto, formas equitativas de organizagao social, a presenga de institui- ‘gBes com legitimidade para fazer cumprir suas leis, lideranga local, por fim, tragos culturais que so scletivamente reafirmados e reelaborados. Shiraishi Neto ¢ Dantas (2008, p. 65) ressaltam que o critério determinar os grupos sociais é “a consciéneia de sua identidade” -] “Nao ha definigao prévia de quem seriam os grupos sociais, mas ios que permitiriam aos sujeitos se definirem, segundo a sua cia”. postulado da afirmago de um Estado que se reconhece integrado ‘grupos diferenciados com identidades e culturas que necessitam ser nadas, reconhecidas e protegidas, conduz & necessidade de afirmagio direitos que em muitos casos vio ser eivados de especificidades, a0 reconhecimento das diversidades jé aportadas. Nesse sentido ial considerar as observagdes de Deborah Macedo Duprat de Assim, é preciso que se considere que (1) todo esse acervo juridico existente pode ¢ deve ser mobilizado para assegurar 0 exercicio pleno e imediato de direitos étnicos e culturais; (2) hi que se eleger o instrumento de mais ‘ampla e ripida eficdcia e adapté-lo is especificidades desses direitos; e (3) FED omeraramcasronicsoeamoininne 4 aplicagao do direito nacional, em demandas que envolvam esses grupos c/ou seus membros, requer leitura que leve em conta as suas diferengas (PEREIRA, 2007, p. 16). No cenario da afirmagdo de direitos dos Povos Tradicionais, a Convengio 169 da OIT deve ser considerada um dos principais textos internacionais ¢ representa a superagao de varios paradigmas, sobretudo aqueles aportados pela antiga Convengao n° 107 de 1957, ganhando relevo ainda por ser um instrumento internacional vinculante. A Convengao representa a superagdo da utilizagdio da terminologia “populagdes”, passando ao largo da percepgio de grupo transitério, gue fatalmente seria extinto ao absorvido e consagra a terminologia “povos”, que, conforme esclarecem Ramos ¢ Abramo (2011, p. 10), “caracterizam segmentos nacionais com identidade e organizagio proprias, cosmovisio especifica relagdo especial com a terra que habitam”. Vale ressaltar que a referida Convengao destina-se a assegurar os direitos de povos indigenas e povos tribais, nesse sentido dispde: 1. A presente Convengao aplica-se a; 4) povos tribais em paises independentes cujas condigaies sociais, cultu- rais e econdmicas os distingam de outros segmentos da comunidade nacional ¢ cuja situagdo seja regida, total ou parcialmente, por seus Préprios costumes ou tradigdes ou por uma legislagio ou regulagdes especiais; +) povos em paises independentes considerados indigenas pelo fato de descenderem de populagdes que viviam no pais ou regitio geogritfica nna qual o pais estava inserido no momento da sua conquista ou colonizagtio ou do estabelecimento de suas fronteiras atuais e que, independente de sua condigdo juridica, mantém algumas de suas proprias instituigdes sociais, econdmicas, culturais e politicas ou todas elas. Sobre os referidos conceitos, Ramos e Abramo (2011, p. 9) escla- recem: A Convengao aplica-se a povos em paises independentes que sio consi- derados indigenas pelo fato de seus habitantes descenderem de povos da ‘mesma regio geogrifica que viviam no pais na época da conquista ou to 805 povostmapcons = "no periodo da colonizagio ¢ de conservarem suas préprias instituigdes sociais, econdmicas, culturais ¢ politicas Aplica-se, também, a povos tribais cujas condigdes sociais, culturais © econdmicas os distinguem de outros segmentos da populagao nacional _ © conceito de Povos Tribais tem sido bastante debatido, nao ha ida de que os povos quilombolas se inserem neste grupo, existindo, ive, em decisbes da Corte Interamericana de Direitos Humanos endossam esta visio, tais como os casos Saramaka versus Suriname Moiwana versus Suriname. Porém, muito se discute se os demais upos existentes no Brasil e formadores do Estado Brasileiro podem considerados Povos Tribais e por via de consequéncia ser também iados pelos direitos por ela estabelecidos. Em documento denominado “A Convengo 169 da OIT no Brasil”, ‘item 2, elaborado pelo Instituto Socioambiental, a questao é proposta Seguintes termos: Eas chamadas comunidades tradicionais podem também ser consideradas ‘como povos tribais para fins de aplicagdo da Convengio OIT 169? Como afirmado pela CIDH, 0 reconhecimento das comunidades tradicionais {como povos tribais traz consigo a obrigacdo do Estado de oferecer direitos diferenciados para essas populagdes com o objetivo de garantir 0 acesso a Juma cidadania plena de seus membros. Isso incluiria também o direito de ‘consulta prévia para a tomada de decisio sobre medidas administrativas ‘ou legislativas capazes de thes afetar[..} © Decreto n° 6.040 de 2007 descreve os trés elementos do conceito de ove tribal do artigo 1o da Convengio na definigao de povos e comunida- Ges tradicionais: a existéncia de condigdes sociais, culturais e econdmicas diferentes de outros setores da sociedade nacional; a presenga de uma ‘organizag20 social regida total ou parcialmente por regras ¢ tradigdes roprias; ¢ a autoidentificagdo, entendida como a consciéncia que tem 0 ‘grupo social de sua identidade tribal. Isso indica que a Convengao 169 da OIT deve ser aplicada também aos povos e comunidades tradicio embora ainda no exista nenhum reconhecimento por parte do Estado ‘brasileiro nesse sentido (INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL, 2012) Concordamos com a visio supratranscrita de que as chamadas comu- nidades tradicionais também deve se aplicar a Convengo 169 da OIT, todavia, discordamos da afirmago no que se refere a suposta auséncia de reconhecimento por parte do Estado brasileiro quanto & consideragio ___DIREITO, POUTICAS PUBLICAS E DESENVOLVUMENTO | dos demais Povos Tradicionais como Povos tribais, isto porque, acredi- tamos ser possivel vislumbrar este reconhecimento ~ ainda que existam iniimeras barreiras politicas — nos trechos ja transcritos da Constituicao Federal, mas também na legislacdo infraconstitucional, nesse sentido as disposigdes da Lei n.° 9985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservagao), na Lei n.° 11.284/2006 (Lei de Gestao Florestal), na MP n.° 2186-16/01 (Acesso e Uso da liversidade e dos Conhecimentos ‘Tradicionais Associados), além do ja citado Decreto n.° 6040/2007 que institui a Politica Nacional de Povos e Comunidades ‘Tradicionais. Deve-se ressaltar que, em decorréncia da Politica Nacional de Povos ¢ Comunidades Tradicionais, foi criada a Comissio Nacional de Povos € Comunidades Tradicionais das quais fazem parte diversos grupos para além dos Povos Indigenas ¢ Quilombolas, tais como Caigaras, Comu- nidades de Fundo de Pasto, Comunidades de Terreiro, Faxinalenses, Raizeiros, Pantaneiros, Pescadores Artesanais, Pomeranos, Quebradeiras de’Coco-de-Babagu, Retireiros, dentre outros, Donde ¢ possivel afirmar que no Estado Brasileiro faz-se imprescindivel reconhecer um espectro mais amplo para a categoria Povos Tribais. Junte-se a isu © fato de que diversos grupos que, para além dos povos indigenas ¢ quilombolas, tém demandado seu reconhecimento como sujeitos de direitos da Convengao 169 da OIT. Em recente reunidio destinada a debater a regulamentagdo da Con- vengao 169 da OIT, diversos representantes de comunidades tradicio- nais cobraram a necessidade de definir 0 que significa o termo povos tribais disposto na convencdo tendo em vista a realidade brasileira, E © que narra a reportagem intitulada Comunidades tradicionais exigem ser contempladas na regulamentacao da Convengao 169 da OIT, cujos trechos s&o a seguir transcritos: A Comissao Nacional de Desenvolvimento Sustentivel dos Povos ¢ Co- ‘munidades Tradicionais (CNPCT) precisa ser mais que um espago de didlogo. Queremos que o governo reconhega as comunidades tradicionais como sujeitos de direito. Com essa fala inicial, o presidente do Grupo de Trabalho Amaz6nico (GTA), Rubens Gomes, traduziu um pouco do senti ‘mento geral dos representantes do CNPCT durante a reuniaio realizada nesta uinta-feira (3) no Pakicio do Itamaraty. A reunido é parte das etapas de atividades do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) para regulamentar 4 Convencao 169 da OTT, que trata das consultas aos povos afetados por programas ¢ decisdes de governo. Hee Avaliando © esbogo apresentado pelo GTI sobre as metodologias de Aatividades, as liderangas representativas no se sentiram contempladas. © texto acabou por segmentar e desnivelar a Comissio em relagio aos povos Indigenas © Quilombolas, como se os povos tradicionais nfo fos- sem igualmente atingidos pelas aes administrativas e legislativas e nao tivessem equidade nas instincias decisérias, Entre as criticas colocadas, o CNPTC destacou a importincia de 0 go- ‘ero levar em consideragdo © Decreto 6,040 de 2007, que define povos ‘© comunidades tradicionais e de se utilizar este conceito para se definir 0 que é “tribal”, dentro da Convengio 169. ‘Taata Konmannanjy, representando a Associacdo Cultural de Preservacio. do Patriménio Bantu (Povos de Terreiro), ressaltou o valor de cada povo ‘estar representado e ser considerado. “Queremos ser tratados como povo, ‘Somos cultura, temos lingua, temos nossa educagio, nossa cozinha, nossa oupa, nossa cultura, precisamos ser reconhecidos” (GRUPO DE TRA- BALHO AMAZONICO, 2012). ‘ ‘T0005 Fv TRADIIONAS © questionamento proposto pelas liderancas da entrevista acima co- ‘0 problema no ambito do debate sobre 0 principio da proibicao de ‘iéncia de protecdo ou de protecao deficiente que impde ao Estado vedacdo de omissio quando direitos estiverem vulnerabilizados, bem de destinar aos sujeitos de direitos uma protegi0 menor do que a que tem direito, Nesse sentido, Sarlet (2011, p. 184) afirma que principio da proibicao de insuficiéncia de protegdo ou de protecdo “iente implica no entendimento de que “tanto nao hé ‘margem’ para Estado ‘ndo atuar’ quanto nao the ¢ deferida a prerrogativa de ‘atuar forma insuficiente””, pelo que & 0 Estado obrigado a ter uma atuago iente que efetivamente garanta proteger o direito fundamental. 4. ELEMENTOS ESTRUTURANTES DO DIREITO DOS POVOS TRADICIONAIS ‘A Convengdo 169 langa os patamares minimos de garantia no gerne do Direito dos Povos Tradicionais, cenério no qual se destacam os seguintes direitos: autodeterminagao, autoidentificagio, participagdo, in- formagao, consulta, pluralismo juridico, territorialidade, dentre outros. Consideramos estes direitos ora elencados as matrizes do que enten- demos por Direito dos Povos Tradicionais, os quais, enquanto direitos basilares devem ser aplicados em todas as circunstancias em que se faga necessiria a defesa destes direitos, mesmo que em distintos diversos HD, roueas roms eceseounmevro de disputa, tais como conflitos envolvendo mineragdo, licenciamento de obras de infraestrutura, acesso © uso dos conhecimentos tradicionais, ‘manejo florestal comunitério, REED, dentre outros, Neste item, pretendemos apresentar os direitos basilares que comp3e © Direito dos Povos Tradicionais, aplicaveis aos povos indigenas, q lombolas ¢ locais. Todavia, necessério advertir que no se apresenta aqui um rol taxativo, ao revés procura-se demonstrar as especificidades dos direitos destes povos com o objetivo de ressaltar sua afirmago no contexto do Estado Pluriétnico e Multicultural Importa, ainda, referir que tais direitos somam-se aos demais di- reitos humanos nao os exeluindo, porém qualificando-os face as dis- tingdes culturais jé mencionadas. Ademais, realizaremos a abordagem do Direito dos Povos Tradicionais sob a dtica coletiva, embora nio se excluam suas repercussdes individuais, porém estas no serio objeto da presente abordagem. Ao mesmo tempo tomaremos a Convengo 169 da OIT como marco de apreciagao, embora 0 Direito dos Povos Tradicionais nela nio se esgote nem se satisfaga plenamente existindo outras Convengdes de Direitos Humanos que a ela se juntam. 4.1. Autodeterminagio O direito a autodeterminagao ¢ um dos alicerces do Direito dos Povos Tradicionais. Originalmente identificado com o direito a independéncia dos povos coloniais ou com a riqueza dos Estados (COMPARATO, 2007, p. 286), este direito assumiu novos contomos com a interpretagao evolutiva dos direitos humanos e passa a ser entendido como 0 direito dos povos tradicionais disporem de si mesmos. E de se dizer que o direito a autodeterminagao tem duas expresses: uuma extema, concemnente ao direito dos Estados regerem-se segundo seu proprio entendimento no contexto internacional autogerindo-se e, Portanto, autodeterminando-se; e, uma outra vertente interna, a qual reside no direito dos povos tradicionais terem o direito de determinarem Seus caminhos, ¢ procederem conforme suas aspiragdes em busca do desenvolvimento segundo o entendem. Ressalte-se que apenas em relagaio. 20 primeiro esta presente o dircito de secessao, sendo falaciosa qualquer tentativa de limitar 0 direito a autodeterminagao dos povos tradicionais sob o argumento de que ele representaria a secessiio. Nesse sentido, ¢ 0 Relatorio apresentado pela Presidente do Grupo de Trabalho da ONU destinado a elaboragao da Declaragio dos Direitos dos Povos Indigenas: E possive fazer uma dstngo entre a autodeterminaso “extema”, que significa o ato pelo qual um povo determina seu futuro no nivel intema- ional e se libera do jugo do “estrangeiro”, ea autodeterminagao “interna”, que trata essencialmente da escolha do sistema politico ¢ administrativo, € da natureza profunda do regime escolhido. [..] A melhor forma de ver © direito a “autodeterminacao interna” & considerd-lo como 0 direito de tum povo de escolher seu proprio regime politico, de influenciar na ordem. politica da regido na qual vive e de salvaguardar sua identidade cultural, Einica, histérica ou territorial (ROULAND, 2004, p. 481). Sobre o assunto, interessa transcrever 0 entendimento de Rouland Ip. 481): O direito a autodeterminagao, salvo em diltima instincia, no pode ser in- terpretado como um direito a secessio, Trata-se antes, para os autéctones, ide um direito de coexistir pacificamente no interior de um Estado com 0 resto da populagdo, ¢ de decidir seu destino junto com as autoridades do Estado por intermédio de seus representantes. Trata-se, segundo o entendimento de Rouland (2004, p. 481) de r dois tipos de descolonizagao: uma externa, no sentido da de territérios independentes; e, outra interna aplicdvel a terri- independentes que representa a autodeterminagao interna, sem silo, pontilhada pela autoadministragio, participagao nas decisoes ‘na vida politica. A convengiio 169 da OIT absorve este entendimento em seu artigo I, item 3 “A utilizagio do termo povos na presente convengio nao ser interpretada no sentido de acarretar qualquer implicagio no se refere a direitos que possam ser conferidos ao termo no ambito Direito Internacional”. E inais adiante estabelece as bases da autodeterminagao: ARTIGO 7° 1.0s povos interessados tero o dreito de definir suas proprias prioridades no processo de desenvolvimento na medida em que afete sua vida, erengas, instituigdes, bem-estarespiritual eas terras que ocupam ou usam para outros fins, e de controlar, na maior medida possivel, seu proprio desenvolvimento econémico, social e cultural. Além disso, eles participardo da formulacao, implementagio © avaliagio de planos ¢ programas de desenvolvimento nacional e regional que possam afeti-los diretamente. EDC, pouicas Punic &oesenvounenro O direito 4 autodeterminagao compde a base de todos os demais direitos que aqui serio mencionados, sobretudo o direito a autoidenti- ficagdo ¢ participagao/consulta. ‘Todavia sabemos que na doutrina este direito aparece atrelado, na maior parte das vezes, somente aos povos indigenas, todavia, a matriz do pensamento ora externado é a de que este feixe de direitos espraia- se por todos 0s povos tradicionais podendo servir-se de instrumento a contestagao de agdes tirfnicas do Estado ou de particulares. 4.2. Autoidentificagao Um dos direitos mais importantes dos Povos Tradicionais é 0 direito a autodefini¢ao ou autoatribuigao como preferem alguns. Trata-se de Feconhecer que apenas estes sujeitos tém o direito de dizer 0 que sio € quem reconhecem como parte do grupo. Aurélio Virgilio Rios ressalta a importincia do critério de autoiden- tificagao na perspectiva aportada por Frederick Barth ao inovar em sua metodologia de observacao e estudo dos limites de unidades étnicas: critério da autoidenficagio, considerado como essencial para a carac- terizagdo de um grupo social diferenciado, surge a partir de ligdes de Frederick Barth, que inovou os métodos para constituigao de limites de lunidades étnicas, procurando-se fugir aos fundamentos bioldgicos, lin- uisticos e raciais. Em consequéncia, hi o abandono da “Visio explicativa” das comunidades, a {qual tenta, através de um “observador extemo”, produzir um conhecimento segundo 0 qual se pretende conferir a uma comunidade certa identidade, determinando-se o lugar dos individuos e seu grupo no universo social Muitas vezes, nessa visto explicativa, atribuem-se elementos de unidade desconhecidos pelo proprio segmento social em estudo, revelando-se ai a sua insuficiéncia e imprecisio, bem como a necessidade de superi-la, Por isso, a extrema importincia das investigagdes de Frederik Barth, que coloca como questo central para a identificago das comunidades nao as diferengas culturais entre grupos percebidas por um observador externo, ‘mas sim 0s “sinais diacriticos”, isto é, aquelas diferengas que os proprios atores sociais consideram significativas e que, por sua vez, so revelados pelo proprio grupo (RIOS, 2007, p. 142) O direito autoidentificagao € previsto no art. 1°, item 2 da Con- vengao 169 da OIT: tT 005 POWOS TRADICIONAIS ARTIGO 1° 2. A autoidentificago como indigena ou tribal devers ser considerada um critério fundamental para a definigdo dos grupos aos quais se aplicam as Aisposigdes da presente Convengio. A insergao deste direito na Convengao 169 foi uma importante ino- em contraponto Convengo 107 de 1957 como indicam Ramos ‘Abramo (2011, p. 8): A autoidentidade indigena ou tribal & uma inovagio do instrumento, a0 institui-la como eritério subjetivo, mas fundamental, para a definigio dos ppovos sujeito da convengao, isto é, nenhum Estado ou grupo social tem direito de negar a identidade a um povo indigena ou tribal que como tal cele proprio se reconhera, Daniel Sarmento ao pronunciar-se sobre a autodefinigao ressalta a icia de seu reconhecimento como elemento afirmativo da iden- étnica e do principio da dignidade da pessoa humana: [Na definigdo da identidade étnica, ¢essencial levar em conta as percepgdes dos proprios sujeitos que estio sendo identificados, sob pena de se chan- Ccelarem leituras etnocéntricas ou essencialistas dos observadores exteros provenientes de outra cultura, muitas vezes repletas de preconceito. A ideia basica, que pode ser reconduzida ao proprio principio da dignidade dda pessoa humana, é de que na definigao da identidade, no ha como ignorar a visto que o proprio sujeito de direito tem de si, sob pena de se pperpetrarem sérias arbitrariedades e violéncias, coneretas ou simblicas (SARMENTO, 2008, p. 30). © direito & autoidentificagio compée, portanto o direito a autode- terminagdo dos povos tradicionais © constitui elemento indissocidvel ue repercute nfo apenas na definig&o dos limites e extensio do grupo, ‘porém, também nas mudangas que pretendam aportar em seus modos de vida. Portanto também impde que o Estado respeite o direito destes fos reinventarem suas tradiedes considerando a necessidade apontada por Hobsbawm (1984, p. 13) “conservar velhos costumes em condigdes novas ou usar velhos modelos para novos fins”. Com efeito, a identifi- ago como Povo Tradicional deve sempre levar em conta que 0 “tra- dicional’ é considerado como atrelado a fatos do presente ¢ as atuais, reivindicagdes dos movimentos sociais” (ALMEIDA, 2006, p. 17). otra rouicasromicaseoesewoummenro 4.3. Participagio, informagao e consulta Considero o direito participagio e a inform: ° agtio faces da ‘moeda, a participagdo necessita de informacdo para tornar-se mais efe- tiva, da mesma a informagio é imprescindivel para que a participag: se coneretize. Dessa feita, os Povos Tradicionais tem o diteito de tomar lugar ativo nas decisdes de seu pais, com especial relevo para aquelas que dizem respeito aos impactos por ventu de vida tradicional. Pete Means eee Dessa feita, a Convengao 169 estabelece em ¥ J seu art. 1° 0 dever dos governos garantirem a participagao dos povos em agdes voltadas & Proteedo de seus direitos e garantir respeito a sua integridade Do direito & participagaio deriva o direito a consulta dos povos tradi- cionais, por parte dos governos sempre medidas legais ou administrativas Possam vir a afeti-los, nesse sentido dispde o art. 6° ARTIGO 6° Na aplicagdo das disposigdes da presente eng20, 08 governos deverdo: 48) consultar os povos interessados, por meio de procedimentos adequados © em particular, de suas instituigdes representativas, sempre qu Siam previts medias legisatvas ou tdminsravas sos de afeta-los diretamente; eae >) criar meios pelos quais esses povos possam participarlivremente, ou pelo menos na mesma medida assegurada aos demais cidadios, em todos os niveis decisorios de instituigdes eletivas ou érgtios admi- nistrativos responsiveis por politicas ¢ programas que thes afetem; ©) estabelecer meios adequados para o pleno desenvolvimento das ins- tituigdes e iniciativas proprias desses povos e, quando necessario, Aisponibilizar os recursos necessérios para esse fim. : 2. As consultas realizadas em conformidade i formidade com o previsto na presente Convengio deverio ser conduzidas de boa-fé e de uma maneira adequada as Circunstincias, no sentido de que um acordo ou consentimento em tomo das ‘medidas propostas possa ser alcangado. Importante extrair-se deste ditame al i s Iguns pontos cruciais, isto 6, consulta, enquanto instrumento de garantia da autodeterminagio, infor. 'mago e participagao devem ser sempre guiada por pressupostos claros: utilizagao de procedimentos adequados, reconhecimento das instituigdes Ks pire vos povesmmaocionns = centativas destes povos; participacdo livre; criagio de condigdes ‘© pleno desenvolvimento das instituigdes e iniciativas proprias povos; guiadas pela boa-fé; de maneira adequada as circunstin- , buscando sempre (os governos) 0 acordo ou o consentimento, 0 significa o descarte de qualquer tentativa de imposigao. ‘Ao falar-se de “maneira adequada as circunstincias”, deve-se en- r neste contexto o respeito a linguagem, ao tempo que sto essencial- te distintos para os Povos Tradicionais. Mas para, além disto, deve-se, sob a égide do respeito & diversidade cultural, reconhecer que 0 feito de dizer nao” 0 “direito ao artependimento pés-consentimento” fa boa-fé que deve guiar os processos de consulta. Tal boa-fé impde a necessidade de que a consulta seja realizada forma prévia, livre e com informagdes suficientes para a tomada decistio, tendo-se ciéncia dos riscos que importam num eventual itimento ou acordo. Este direito nao é estabelecido apenas pela convengdo 169 da OIT, na Convengio da Diversidade Biolégica e mais recentemente Protocolo de Nagoya restou estabelecido 0 direito ao consentimento jo informado (art. 7) Vale lembrar que a consulta prévia é 0 procedimento no qual deve Tugar (se assim entenderem os povos consultados) 0 consentimento prévio, livre ¢ informado. ~ No Brasil, esti em curso um esforgo do governo brasileiro no sentido de regulamentar a consulta prevista na Convengao 169 da OIT, em razio da inclusao do Pais na lista proviséria de casos a serem analisados pela ‘Comissdo de Aplicagio de Normas da 100° Conferéncia Intemacional do Trabalho. Com efeito, 0 Brasil foi denunciado pela Central Unica dos Trabalhadores (CUT) & OIT por nao observar o direito 4 consulta prévia. Alguns paises j4 regulamentaram o direito a consulta, como, por ‘exemplo, a Bolivia que, em sua Lei de Hidrocarburos n.° 3058/2005, reconheceu os direitos de consulta ¢ participagao dos povos campe- inos, indigenas ¢ originarios, declarando que tal consulta deve ser ita de “manera previa, obligatoria y oportuna cuando se pretenda desarrollar cualquier actividad hidrocarburifera prevista en la presente Ley (art. 114) e que debe ser realizada de buena fe, con principios de veracidad, transparencia, informacién y oportunidad”, incumbindo fas autoridades governamentais sua realizagio com procedimentos apropriados e considerando as caracteristicas de cada povo “para de- terminar en qué medida serian afectados y con la finalidad de llegar FED roumens roms eoesmcumenro @ un acuerdo o lograr el consentimiento de las Comunidades y los Pueblos Indigenas y Originarios”. Segundo a lei Boliviana, a consulta € obrigatoria e as decisdes devem ser respeitadas, devendo realizar- se antes da licitagio e antes da aprovagio de Estudos de Impacto Ambiental (art. 115). Equador também possui, desde 2002, 0 Regulamento de Consulta de Actividades Hidrocarburiferas (Decreto Ejecutivo 3401, Registro Oficial 728 de 19 de Diciembre el 2002), 0 qual estabelece um deta- Ihado processo a ser adotado nestes casos com momentos diferenciados, inclusive, acompanhamento apés a emissio do consentimento ¢ é um dos paises que possui maior experiéncia neste campo. 340 Peru, somente em 2011, regulamentou o tema por intermédio da Lei n.° 29785/2011, que estabeleceu o direito a consulta prévia aos povos indigenas ou originérios, reconhecido pela Convengao 169 da OIT, O que hd de mais importante nesta lei é 0 estabelecimento de principios retores de sua aplicagio, quais sejam: oportunidade, interculturalidade, boa-fé, flexibilidade, prazo razodvel (considerando o tempo dos povos tradicio. nais), auséncia de coago ou condicionamento ¢ informagdo oportuna, O direito 4 consulta e ao consentimento prévio jé foram objeto de apreciagao pela Corte Interamericana de Direitos Humanos ao apreciar © caso do Povo Saramaka versus Suriname em 2007, que estabeleceu que 0 Estado tem 0 dever de consultar as comunidades segundo seus costumes ¢ tradigdes, devendo aceitar e prover informagao, num pro- cesso de comunicagao constante entre as partes. Entendeu, ainda, que as consultas devem ser de boa fé utilizando meios adequados e objetivando chegar a um acordo, considerando os métodos tradicionais de tomada de decisdo. Recentemente, a Corte afirmou novamente seu entendimento em decisio proferida no Caso do Povo Indigena Kichwa de Sarayaku versus Equador, em 2012 mais uma vez reiterando os direitos dos povos tradicionais de serem previamente consultados. 44. Pluralismo juridico A Convengio reconhece 0 direito dos povos tradicionais terem seus costumes ¢ leis levados em consideragdo quando da aplicagio da lei nacional (art. 8°), bem como sua forma tradicional de apreciar 8 delitos cometidos por seus membros, ressalvando a necessidade de compatibilidade com sistema juridico nacional e com direitos humanos intemnacionalmente reconhe: ‘Territorialidade A consagragiio do direito ao terrtério ou do direito de teritorialidade Convengio 169 da OIT é essencial para a afirmago do direito & dade dos povos tradicionais. Little (2002, p. 3) define territorialidade como “o esforgo coletivo ‘um grupo social para ocupar, usar, controlar ¢ se identificar com parcela especifica de seu ambiente biofisico, convertendo-a assim seu ‘territério’ ou homeland’. O referido autor utiliza © conceito jografia para referir-se a “relagdo particular que um grupo so- een cocoa respectivo territério” (LITTLE, 2002, p. 4). Esse ito engloba os saberes, ideologias ¢ identidades utilizados no lecimento € manutengao do terrtério. 'Vé, portanto, que o conceito de territério ultrapassa em muito o conceito de espago abstrato para assumir a complexidade de es culturais, sociais e politicas travadas pelos povos tradicionais conferem a marca da territorialidade. ‘Nese sentido, a Convengdo 169 da OIT aproxima-se da percepgiio de i6rio significado ao reconhecer a obrigagao dos governos respeitarem sua importancia para a cultura e os valores espirituais dos povos tradi- jionais (art. 13), Asseverando que tal conceito abrange todo o ambiente das areas que esses povos ocupam ou usam para outros fins. A conveneo nos propde uma visio para a vinculagio de territério ‘€0m 0 direito de propriedade civilista, ao revés propde um novo conceito, ‘uma nova percepedo, que podemos melhor compreender nas palavras de Little (2002, p. 11): 0s territérios dos povos tradicionais se fundamentam em décadas, em alguns casos, séculos de ocupagio efetiva. A longa duragio dessas ocupa- ‘es fornece um peso historico is suas reivindicagbes territoriais. O fato de que seus terrtérios ficaram fora do regime formal de propriedade da Coldnia, do Império e, até recentemente, da Repiblica, ndo deslegitima suas reivindicagdes, simplesmente as situa dentro de uma razio histérica € no instrumental, ao mesmo tempo em que mostra sua forga histérica € sua persisténcia cultural. A expresso dessa terrtorialidade, entio, nio reside na figura de leis ou titulos, mas se mantém viva nos bastidores da meméria coletiva que incorpora dimensdes simbolicas e identitirias na relagio do grupo com sua rea, 0 que dé profundidade e consisténcia temporal ao territéio, Femando Ant6nio de Carvalho Dantas também demonstra a mudanga de enfoque do conceito meramente civilista para 0 conceito de territério €m citagdo a Carlos Frederico Marés de Souza Filho: terra referente a propriedade individual, portanto é um conceito eminen- temente civilista, privado; ja territ6rio, diz respeito a jurisdigdo sobre um espago geogrifico, evidenciando o cardter coletivo, publico (DANTAS, 2003, p. 91). 5. CONCLUSAO Buscamos afirmar que existe um feixe de direitos aplicdveis a di- versidade de povos tradicionais, estes que, embora possuam inimeras distingdes entre si, comungam de caracteristicas comuns, o que Ihes permite acessar salvaguardas disponiveis para esta categoria juridica, © desafio proposto passa pela necessidade de compreender e com- artilhar direitos alcangados por estes sujeitos de direitos sem perder de vista 0 reconhecimento da imensa diversidade que existe dentre estes Sujeitos. Todavia acreditamos que a extensio e 0 compartilhamento das vit6rias juridicas ja alcangadas permitem o fortalecimento dos direitos humanos dos Povos Tradicionais em suas diversas dimensdes, REFERENCIAS ALMEIDA, Alfredo Berno de. Quilombos © novas etnias. In: O'DWYER, Eliane Cantarino (Org.). Quilombos: identidade étnica e tervitorialidade. Rio de Janeiro: FGV, 2002, BORDIEU, Pierre; WACQUANT, Loic. A astiicia da razio imperialista. 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Angulo pars 18 quesido sobre a wfethidade dos dots sociale ~ 7. Concusto = Reterancias, _INTRODUGAO No Brasil, nao ha dividas de que a preocupagdo com a efetividade Direitos Fundamentais ganhou capitulo relevante a partir da con- te afirmagao de Bobbio (1992, p. 24), de que o problema mai sobre tais Direitos ndo seria filoséfico, mas politico. Evidente que tal afirmagio, que jamais poderia pretender negar a da filosofia, sobretudo por partir de um dos mais importantes itados filésofos contemporineos, pretendeu, isto sim, dar & luz a \questiio que era, até entdo, com frequéncia, negligenciada: a deficiente dos direitos sociais e dos direitos de terceira e quarta geragdes. Ao correr o risco de ferir suscetibilidades filos6ficas, Bobbio certa- pretendeu alertar para 0 fato de que, se por um lado a linguagem Direitos tem uma fungio pratica de pautar reivindicagGes e tond-las

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