Вы находитесь на странице: 1из 55
Beta ee INTRODUGAO A METODOLOGIA CIENTIFICA TRECHO DO LIVRO T oda e qualquer atividade a ser desen- volvida, seja tedrica ou pratica, requer procedimentos adequados. Justamente €0 que a palavra métodotraduz. Assim sendo, também o estudo e 0 aproveitamento das ati- vidades académicas nao dispensam um cami- nho adequado, qual seja, a organizagao, a disciplina, a dedicag&o corretamente orienta- / da. Tudo isso facilita a atividade e obtém dela maior rendimento. Esta obra pretende ser uma resposta as necessidades apresentadas pelos alunos com 0s quais mantivemos contato em todos estes anos de magistério. Nossa intengdo é forne- cer subsidios que possibilitem ao estudante, a nivel elementar, identificar ¢ superar as suas dificuldades, obtendo um rendimento dese- » javel. 4 ISBN 85.326.0586-9 ( 4p EDITORA { VOZES Uma vida pelo bom livro ; Fax: (024) 231-4676 3 : E-mail; vendas@vozes.com.br Numa linguagem simples e acessivel, o presente livro desenvolve assuntos de interesse de todo estudante: mudangas diferencas que ocorrem na passagem do segundo grau ao curso superior, indicagdes para um. bom aproveitamento nos estudos e para uma leitura mais veloz e proveitosa, além da familiarizagao do jovem com métodos e teorias que o levarao a produzir seus proprios trabalhos de cunho cientifico. Para tanto, este manual indica caminhos a serem seguidos para a produgao de trabalhos académicos. Aprendendo a aprender nao & uma obra produzida em gabinete- laboratério, mas a partir da vivéncia dos Autores em sala de aula, durante mais de 15 anos, combinando teoria e pratica. Visa tornar mais agradavel e acessivel um assunto por natureza drido e de dificil penetragao, mas que, no entanto, é uma das grandes fatias da hoje denominada pesquisa cientifica, tendo ainda aplicagdes as mais diversas imagindveis, do que a principio o iniciante nem sempre se da conta. Por tratar-se de uma obra dinamica, Agil, clara e objetiva, de facil assimilagdo, nao se destina ao publico especializado, mas aos estudantes de segundo grau que se preparam para o curso superior € APRENDENDO A APRENDER Introdugdo 4 Metodologia Cientifica A901 ( © 2001 $ Cleverson Leite Bastos Vicente Keller APRENDENDO A APRENDER Introdugao & Metodologia Cientifica 12? Edicdo y EDITORA VOZES Petropolis 1999 AGRADECIMENTOS rh RODRIGUES = aise Agradecemos aos professores José Salvador Piccolo e Irineu Martim pela receptividade, incentivo, apoio e revisdo dos originais. Este livro foi composto e impresso pela Editora Vozes Ltda Rua Frei Luis, 100. Petropolis, RJ ~ Brasil ~ CEP 25689-900 — Caixa Postal 90023 Tel.: (OXX24) 237-5112 — Fax: (OXX24) 231-4676. APRESENTACAO Mais um manual de Metodologia? Parece-nos que, hoje, nas miltiplas 4reas do Brasil, ou busca- mos 0 verdadeiro caminho ou ficamos fora do caminho. Apredendo a aprender nasce com estrela. A nova Constituigao do Pais propée a “garantia de padrao de qualidade” na Educagaéo (art. 206, VII), a “melhoria da qualidade do ensino” (art. 214, Il), e oincentivo ao desenvolvimento cientifico e a pesquisa (cf. art.218). Por isso, a obra responde presente no momento presente. Nao trata de “novidades”, mas credencia-se, no campo especifico, como sintese objetiva e didatica, no processo dinamico ensino-aprendiza- gem. Apresenta capitulos b4sicos sobre a Ateng¢ao — Meméria — Testes e Exercicios — Organizacio do Tempo — Leitura trabalhada com método (a tao necessaria leitura e formagao de h4bitos de bom leitor!). Num segundo momento, discorre sobre a Pesquisa Cientifica. “A histéria humana € a hist6ria das lutas pelo conhecimento da natureza, para interpreta-la, e, em época recente, para domina-la”— ponderam os Autores. E continuam: “A estruturagao do mundo nao justifica a alguém sentir-se dispensado de repensar este mundo”. £ que o ser humano, s6 ele, possui a nobreza de pensar, acima, portanto, do poderio esmagador da. prépria natureza — segundo Pascal. A estruturagao légica do texto, mostrada a seguir, oferece a ordenagaéo de um trabalho, desde a sua introdugao, através do desenvolvimento ou corpo da exposigao, até 4 conclusao. E desem- boca nos tipos e exemplos de trabalhos cientificos, com as normas técnicas de monografias, relatérios, artigos cientificos e resenhas criticas. . O pensamento cientifico fecha a obra. Os métodos cientificos mais usuais para a ordenagao ¢ o desenvolvimento do raciocinio (dedugao, indugdo e suas etapas, dialética) sao explanados em esquema didatico, “palp4vel”; da mesma forma as correntes me- todolégicas (empirismo, estruturalismo, dialética) e seus corifeus. A bibliografia elencada merece destaque. Cobre o perfodo de 1963-88. Toda de lingua portuguesa. Sem perda de qualidade. Com ampla possibilidade de estar facil 4 mao. Os Autores mesmo, por fim, enriquecem a obra. Nao a pre- pararam em sala-gabinete. A sala de aula marcou o proprio labora- tério da composigdo e experimentagdo. O Prof. VICENTE KELLER trabalha ha 14 anos em classes de 12, 2° e 3% graus; no curso superior, ministra L6gica, Metodologia, Histéria da Filosofia, Pesquisa. Na FAE - Faculdade Catélica de Administragéo ¢ Economia — leciona hd 3 anos e é Assessor do Departamento de Administragao. O Prof. CLEVERSON LEITE BASTOS conta 8 anos de magistério - FAE, Instituto Vicentino de Filosofia, PUC- PR - nas cadeiras de Légica, Metodologia, Filosofia da Ciéncia e Filosofia da Linguagem. Vao ensinando a aprender e é por isso que seus alunos e leitores estarao aprendendo a aprender. Prof. Frei Agostinho Salvador Piccolo, OFM Diretor da FAE PREFACIO Ao ser convidado para escrever o prefacio, comecei a fazer 0 que vai fazer quem tomar conhecimento deste livro: ler e por em prtica. Safa procura da acepgao da palavra, segundo a Associagao Brasileira de Normas Técnicas. Diz a NB-217, n° 6.2.5., editadaem 1978: . Prefacio — palavras de esclarecimento, justificagao ou apresentagdo do préprio autor, editor ou pessoa de reconhecida competéncia e autoridade... Nao sou eu 0 autor, nem o editor. Era possfvel sobrar-me o resto? Faltava-me ainda procurar algum livro com prefacio encai- xado por alguém com as qualidades elencadas pela ABNT. Achei. Apés o nome, declinava: Presidente da Federago Internacional e da Sociedade Francesa de Tradutores. Nao vou citar o livro para vocé nado comegar a trabalhar antes do tempo. Diz ele: “O papel do prefaciador parece sempre ambiguo. Por defini- 40, esta ligado ao autor e admira-lhe a obra, sendo como haveria de comenta-la?” Esté vendo a sinuca em que o Cleverson me meteu? Nao vou elogiar porque 0 objetivo do livro é que vocé aprenda a aprender, embora nao fique mal elogiar quando “ele merece”. Aprender a aprender! “A educagao, em seu sentido pleno, comega depois da idade escolar, ap6s a época da universidade, quando o homem se converte no sujeito de sua prépria educagao ¢ sente motivo para continuar a se instruir e formar”. Paul Lengrand - UNESCO Continuar a se instruir. Como? Ora, exercendo o espirito critico, com relagdo ao que vé, ouve. Mas, como continuar se vocé no comegou ou ndo comegar? E de que modo comegar? E esse 0 objetivo do livro: que vocé aprenda como observar, ler e guardar; como organizar, inventar matrizes e criar. Para isso, € preciso que vocé de fato queira. Se vocé nao quer, nao ter4 0 direito de no gostar do livro. Se vocé quiser, poderd até tornd-lo melhor, trazendo a sua experiéncia de como est4 apren- dendo a aprender. Termino. Ao acabar de ler essa pAgina, vocé deve ter apren- dido trés coisas: 1) O que é um preficio. 2) Como a gente pode arrumar uma safda quando nado tem a “reconhecida competéncia ¢ autoridade” para escrever um pre- fcio. 3) Para aprender a aprender € preciso comegar querendo. Curitiba, 17 de janeiro de 1989 Irineu Martim Professor de Metodologia Cientifica da PUC-PR. 10 INTRODUCAO Toda e qualquer atividade a ser desenvolvida, seja te6rica ou pratica, requer procedimentos adequados. Justamente € 0 que a palavra método traduz. Assim sendo, também o estudo ¢ o aprovei- tamento das atividades académicas nado dispensam um caminho adequado, qual seja, a organizagao, a disciplina, a dedicagdo cor- retamente orientada. Tudo isso facilita a atividade e obtém dela maior rendimento. Esta obra pretende ser uma resposta as necessidades apresen- tadas pelos alunos com os quais mantivemos contato em todos estes anos de magistério. Nossa intengdo é fornecer subsidios que possi- bilitem ao estudante, a nivel elementar, identificar e superar suas dificuldades, obtendo um rendimento desejavel. Se tal objetivo foi atingido ou nao, cabe aos colegas professores e aos alunos, a quem se destina a obra, avaliar. Nosso ponto de partida foi a constatagao das dificuldades do atual modelo de ensino universitario brasileiro, fruto do trabalhoem sala de aula, de testemunhos de colegas ¢ de Icituras. Apés esta constatagao, apresentamos alguns elementos rela- cionados ao ensino-aprendizagem que favorecerao a formagao do habito de estudo, desenvolvido no terceiro capitulo. No quarto capitulo, tratamos da leitura e andlise de textos, fundamentais a nivel de terceiro grau, visto que o objetivo primordial da universidade é desenvolver a pesquisa. No quinto ¢ sexto capitulos, trazemos uma série de orientagdes referentes a pesquisa bibliografica e 4 apresentag4o técnica, como iniciagao a pesquisa cientifica propriamente dita. 11 Finalmente, no sétimo capitulo, tentamos introduzir, de modo elementar, repetimos, 0 universitério nas correntes do pensamento cientifico ocidental. Este trabalho nao est4 encerrado. Ele continua aberto a espera de criticas, sugest6es e complementagGes por parte de cole- gas e alunos. Os autores Janeiro, 1989. Capitulo I CONSTATACAO INICIAL Ao realizar um estudo da atual situagdo do ensino brasileiro anivel universitario, requer-se, antes de mais nada, um retorno a lei 5.540/68, que disp6e sobre o ensino superior. Em seu artigo 1°, a lei determina que: “O ensino superior tem por objetivo a pesquisa, 0 desenvolvimento das ciéncias, letras e artes e a formagao de profis- sionais de nivel universitario”. Uma anilise deste artigo destaca trés aspectos importantes: 12) Pesquisa ~ nenhuma disciplina de curso superior serd suficiente com 0 contetido desenvolvido nos programas de sala de aula. A lei acrescenta em seu artigo 2° que o ensino superior é “indisso- cidvel da pesquisa”. Dai, a importancia da pesquisa como ele- mento complementar aos conteddos programaticos das respectivas disciplinas, bem como a necessidade de continuidade do processo de pesquisa além do curso como tal, pois a especia- lizagdo crescente torna cada disciplina uma especialidade cien- tifica quase auténoma. 2°) Desenvolvimento das ciéncias, letras ¢ artes — s6 haver4 o desenvolvimento nas 4reas citadas se os cursos de nivel superior deixarem de ser uma simples transmissdo de conhecimentos j4 adquiridos. 32) Formagao de profissionais de nivel universit4rio — 0 profissional deve receber, no curso de nivel superior, o instrumental técnico- cientifico que o habilite a desempenhar sua atividade com efi- ciéncia e seguranga, principalmente quando as situagdes se apresentam diferentes daquelas do ensino. Outro aspecto que chama a atengo na mesma lei € a “auto- nomia did4tico-cientifica, disciplinar, administrativa e financeira” concedida as instituigdes que ministram curso superior. O que se pode inferir do artigo 3° é que ele transfere as instituigdes a respon. sabilidade pela qualidade do ensino, cujo indicador é a capacitagado do quadro docente ¢ os profissionais que coloca no mercado de trabalho. Além disso, esta autonomia se estende a disciplina, admi- nistragao e finangas das respectivas instituigdes. A lei dispée, ainda, normas que articulam o ensino superior de segundo grau, bem como dispGe sobre organizagao e funcio- namento dos cursos superiores. Uma vez feito 0 retorno ao ideal da lei, convém agora con- front4-la com a realidade do ensino superior ao nosso alcance e tentar levantar a viabilidade deste ideal. 1.1, A lei 5.692/71 A lei 5.692/71 dispde em seu artigo 1° que: “O ensino de Pprimeiro e segundo graus tem por objetivo geral proporcionar ao educandoa formagao necess4ria ao desenvolvimento de suas poten- cialidades como elemento de auto-realizagdo, qualificagéo para o trabalho e preparo para o exercicio consciente da cidadania”. Ten- tando interpretar a lei, o que se pode perceber é que o objetivo nela manifesto induz ao cerceamento da continuidade de estudos. Esta lei € fruto de uma politica educacional de um Estado que se defron- tava com um quadro de dificuldades. Verificava-se uma prdtica bastante comum, a de entender o ensino universitdrio como meio de ascensdo social. Em algumas ocasi6es, esta pratica era substituida pela ascensdo econémica como sinal de status social, ou seja, mesmo sem estudo era possivel a ascensdo social através da ascensdo econémica. A partir de 1964, Ocorre uma concentragao de mercado, renda e capital cada vez mais intensa como conseqiiéncia de uma politica intervencionista cres- cente do Estado na economia. Aumenta 0 nimero de faléncias de Pequenas empresas. Portanto, esta via de ascensdo social é dificul- tada, restando a possibilidade de ascenso via diploma universitério. Constata-se o fendmeno pelo ntimero de excedentes do vestibular de 1968: 125.000 em todo 0 pais, 0 que provoca a contestagaéo da politica educacional. Na verdade, tal ntimero veio crescendo a partir 14 de 1964, o que gera uma série de problemas, comoa falta de recursos materiais, humanos e didaticos. Como resolver tal situago? A andlise da fungaéo do Estado como concentrador de renda mostra que 0 aumento de vagas nos cursos superiores dificultava o atendimento ao ensino primério ¢ ginasial ¢ geraria um outro problema: um grande némero de profis- sionais sem mercado de trabalho. Aliado a este fato, torna-se invi- Avel a politica de concentrag4o de renda, capital ¢ mercado. Em vista disso, h4 necessidade de uma nova politica educacional. O cerceamento da continuidade de estudos, presente j4 no objetivo, é concretizado através do ambito profissionalizante do ensino de 22 grau. A lei determina a instalagao de cursos técnicos que, teoricamente, dariam condigées aos educandos de exercerem uma determinada profissdo. Ao lado disto, algumas escolas, através de ajustamentos, preparariam os candidatos ao curso superior. Quem prepararia ¢ qual a classe dos candidatos? Os privilégios ji vém do 2° grau. Resumindo: tal politica educacional satisfaria a fungdo (nao educacional) do Estado de realizar sua politica econémica concen- tradora. 1.2, Efeitos da reforma de 2° Grau As observagées que seguem nao tém o objetivo de polemizar, mas constatar uma situagdo crénica que toma conta do ensino brasileiro. As reformas introduzidas no ensino através da lei 5.540/68 e as da lei 5.692/71 que foram complementadas pelos pareceres 45/72 e 76/75 do C.F.E. caracterizam ainda mais esta profissionalizagao. Sob a alegagao de caréncia de técnicos de ensino médio, a politica educacional adotada esconde seu verdadeiro ob- jetivo: conter a demanda do ensino universitario, tornando-o ainda mais elitista e possibilitar ao Estado 0 desempenho de fungdes politico-econémicas e nao educacionais. Em outros termos, fazer do ensino um instrumento de dominacao e imposigao de politicas repressivas e ideolégicas de classe que interessavam para a manu- tengo do status quo. Esta politica adotada, com grande interferéncia do C.F.E., nas decisées das instituigées escolares (nada se podia fazer sem sua “béng4o”), a aplicagao de modalidades diferentes de cursos geram uma dispersdo de forgas (docente e discente). Daf advém uma inseguranga na atuagao e conseqiiente queda de nivel no ensino brasileiro. O que se pode verificar hoje € surpreendente. Em um levan- tamento genérico da realidade constatada, observa-se que a maioria dos estudantes que chegam ao terceiro grau manifestam uma série de deficiéncias, entre as quais pode-se destacar: 1.2.1. Imaturidade Cultural Os contefidos desenvolvidos a nivel de segundo grau foram reduzidos em termos de educagdo geral para permitir a inclusdo de programas profissionalizantes. Como conseqiiéncia, rebaixamento do nivel cultural. Exemplos: a — Ao se falar da corrente dos enciclopedistas (da filosofia francesa) h4 a confusdéo com o individuo que trabalha com enciclopédias. b — Quando se aborda o assunto Evolugao, os alunos lembram que ouviram falar de alguns nomes relacionados com o tema, mas nao conseguem distinguir quais os elementos principais. c—Ao se referir 4 Primeira e 4 Segunda Guerra Mundiais, sabem apenas que houve conflitos, mas desconhecem fatos ou detalhes. d—Enm se tratando de politica nacional, ¢ pedir demais o nome dos cinco ultimos presidentes. e—Emsala de aula, ao fazer um exercicio, um aluno comenta: “para fazer este exercicio é preciso conhecer histéria, geografia, mate- mitica, biologia...” No entanto, as nogdes pedidas no exercicio eram elementares, tais como: Tiradentes, Pedro Alvares Cabral, Cristévéo Colombo, capitais, estados; operagées simples e mul- tiplicagdo, adigdo e subtragao. Aliada a este universo cultural restrito, apresenta-se a gritante falta de habito de leitura, que tem bom indicador no espanto de uma turma ao constatar que um dos colegas lia um livro, em média, a cada dois meses. A conseqiiéncia imediata de tais fatos € a geragéo de uma dependéncia cultural, o pouco ou nenhum crédito dado as pesquisas em sala de aula ¢ 0 recurso a bibliografia estrangeira. 1.2.2, Imaturidade Psicolégica A mentalidade com que muitos alunos alcangam o terceiro grau é a mesma com que iniciaram o segundo. Nao hé uma definigéo clara de objetivos e aspirac6es. Muitos alunos prestam vestibular 16 por insisténcia de familiares ou amigos, mas nao possuem certeza de que 0 curso escolhido responderé as suas aspiragdes pessoais e profissionais. Donde, a inseguranga ¢ a irresponsabilidade em suas atitudes. Talvez esteja af a explicagado para tantas desisténcias e trancamentos de matriculas. Alguns exemplos: a—O desrespeito, ou melhor, a falta de consideragdo para com a pessoa do professor, traduzidos em expressGes tais como: “A matéria 6 chata”, “Este cara é um saco”, “Nao vou coma cara...” b-O mercado paraleloe antiético da “cultura” universitaria: alunos que pagam para outros fazerem ou pagam plagios de pesquisas escolares. c—A paran6ia da nota e da freqiiéncia. 1.2.3. Imaturidade Logica Uma primeira impress4o que se tem é que alguns alunos passaram diretamente do primeiro para o terceiro grau, tao gri- tantes e infantis s4o os erros cometidos. Falta seqiiéncia logica de raciocinio, quando se coloca por escrito 0 que se pensou. O que em um pardgrafo € afirmado, no seguinte é negado. Quanto a redagao, melhor nem comentar. Basta lembrar os erros gramaticais e orto- grdaficos, grosseiros eelementares. Alguns exemplos: a— Em uma prova de filosofia, uma das quest6es era: Como Aris- tételes argumenta contra Parménides e Heraclito na questao acerca do movimento? Resposta de um aluno: “Arist6teles diz que o ser esta (sic) em movimento interno de sua esséncia (sic) mas esta (sic) essenciais (sic) nao mudam podendo até criar um novo ser mas mantendo sua esséncia primeiro exemplo: 0 ovo nao a galinha, mas a galinha mantém esséncia do ovo. Parménides vai dizer que 0 ser nao muda e que tudo é ilusdo, da realidade. Herdclito diz que o mundo esta (sic) em constante movimento e que nenhum (sic) ser 6 sempre o mesmo”, b-Questées de Légica: —Explique: “Em uma conseqiiéncia boa o modo de existéncia (tempo do verbo) nao pode variar do antecedente ao conseqiiente”. Resposta: “Dentro de uma perspectiva geral, a frase colocada diz que em um acontecimento que de resultado positivo, o modo de existéncia, ndo pode variar do antecedente ao conseqitente ou seja, 17 nao hé liberdade de vocé se expressar, viver sua propria identidade. A frase tem um sentido totalmente ditador, manipulador, legiti- mando assim, o poder, que dita normas de como as pessoas devem se comportar” (sic) ~ Explique: O que é termo oral? Respostas: 1) Ter moral é nao fazer mal para os outros... 2) O Ol a inteligéncia... (O que a inteligéncia;) Conforme pode-se verificar, de modo geral, os alunos chegam ao terceiro grau despreparados. A preocupagao é refinar os vicios adquiridos anteriormente, ou seja, descobrir 0 jeito do professor, seus pontos fracos; conseguir nota para passar de periodo ou de ano; driblar a chamada e¢ conseguir néimero suficiente de presengas, conforme o exigido; decorar o assunto ou desenvolver técnicas de “cola”; descobrir os “macetes” para garantir sua promogao. Com relagaéo ao corpo docente, da mesma forma, existem conseqiiéncias advindas principalmente da instituigao dos cursos de pos-graduagao pela Lei 5.540/68. As especializagoes exigidas dos professores, de um lado, e as condigdes de quase esquecimento da classe em termos de remuneracao, de outro, acabaram criando um desnivel entre os professores. 12~ Alguns poucos que conseguiram realizar cursos de mestrado e doutorado continuaram depois suas pesquisas, cada vez mais especificas. Com isto, distanciam-se da universidade e assumem outros cargos, que remuneram melhor, ou tornam-se palestristas, outra forma de conseguir reconhecimento e re- muneracao. 2° — A grande maioria dos professores, para sustentar a si e sua familia, assume um néimero grande de aulas em uma ou varias instituigdes de ensino. Como conseqiiéncia, falta-Ihes tempo para melhor preparagao das aulas, aprofundamento pessoal, para corregao de provas. Em diversas ocasiées, a falta de tempo gera uma conivéncia professor-aluno, com o famoso “jeitinho” brasileiro funcionando: para evitar mais trabalho, o professor aprova 0 aluno que nao apresenta condigées para tal. Com esta situagao, quem sai perdendo € 0 ensino: professores, alunos, instituicdes, empresas, indistrias, a sociedade. O papel da universidade, de gerar conhecimento cientifico e preparar profis- sionais de nivel universitario, passa ser conscientizar o aluno, o que s6 ocorre no final do curso quando jase penciroue afunilou e muitos alunos passam a reconhecer a importancia de contetidos estudados nos primeiros semestres de seu curso. Capitulo II FACILITANDO O ESTUDO Apés a constatagao do capitulo anterior, cabe esclarecer que 0 objetivo deste trabalho é atingir o primeiro ano do terceiro grau em uma tentativa de, sendo resolver, ao menos amenizar as defi- ciéncias constatadas. Além disso, visa fornecer um instrumental ao alcance dos alunos que lhes possibilite uma melhor convivéncia académica e aproveitamento do curso, transmitindo nogées fun- damentais sobre métodos e técnicas para geracao de conhecimento cientifico e respectiva expressdo deste conhecimento. Antes de qualquer fundamentagao metodolégica, vale lem- brar a importancia da atengao, damemo6ria e da associacao de idéias na aprendizagem. 2.1, Atencao O cotidiano apresenta uma gama quase infinita de fendmenos que se sucedem ininterruptamente, causando nos individuos 0 que se chama dispersdo. No entanto, cada individuo é dotado da capa- cidade de, dentre este turbilhdo fenoménico, selecionar alguns e consideré-los isoladamente dos demais. A esta capacidade se dé o nome de atengdo — capacidade de concentragao da inteligéncia em um s6 objeto. O fator psicolégico que possibilita esta sclegao 6 0 que a psicologia denomina de “mecanismo de inibicado”, que permite 19 deixar de lado algumas coisas e considerar outras. Fatos cor- tiqueiros que demonstram esta capacidade podem ser vivenciados facilmente. . Por exemplo: ao andar por uma rua, um individuo pode chegar aesbarrar em um seu conhecido sem té-lo identificado previamente; ou ainda, em caso de concentrag4o extrema, como estudiosos que chegam a perder-se no tempo € no espago, como Newton, que, ao Preparar um ovo, foi encontrado por sua cozinheira cozendo o relégio, cronometrando a operagdo com 0 ovo; ou Einstein, que dificilmente calgava as meias do mesmo par. Estes exemplos, na verdade, nao sao “distragdo” mas, ao contrario, sao casos de atengao dirigida a um objeto determinado a tal ponto que torna 0 individuo cego € surdo ao mundo circundante. Convém lembrar que este mecanismo de inibigao exige dis- péndio de energia, proporcional ao tumulto do ambiente, o que significa: quanto maior é a turbuléncia ambiental, maior é 0 dispéndio de energia exigida para manter a atengdo ¢ maior € 0 desgaste do individuo. Dentre os principios fundamentais para o desenvolvimento da atengao, pode-se citar: a~Concentrag4o: Normalmente a atengao fixa-se em um determi- nado objeto, havendo casos em que ela pode se dividir entre dois objetos, embora com perda de eficiéncia, como, por exemplo, estudar, ouvindo misica. b ~ Intermiténcia: A atengdo nao pode se manter fixa por longos periodos sem perder a eficdcia, de onde se conclui que um periodo dc atengao requer outro de descanso. Este outro peri- odo deve ser preenchido com objetos diferentes: alternar o estudo com miisica ou passeio. Interesse: Quanto maior € o interesse em uma determinada area, tanto maior sera a facilidade de atengio. Como o ensino de terceiro grau visa a geragao de conhecimento cientifico a nivel concreto — “interesse imediato e objeto préximo” (diploma) ~ e abstrato — “sem interesse imediato e objeto remoto” (bem-estar da comunidade) — cabe a cada individuo criar e desenvolver seus interesses ¢ mecanismos de atengdo em sua 4rea de estudo ou atuagao. EXERCICIOS QUE VIABILIZAM O DESENVOLVIMENTO DA ATENGAO 1. Teste de Bourbon A figura abaixo apresenta dez linhas com dez desenhos cada uma. Deve-se contar mentalmente quantos desenhos de um deter- minado tipo existem. Por exemplo: Quantos quadrados com 0 apén- dice para o Angulo inferior direito. 5 OT } onpunots| nooo opdoo npoodggoabo npopdap opAoQDDooA ooopododdo0n0 Cpnovnu»Aaa addopo O74 od oopAguaAnuoo - oOnnodbpoobtps ai] 2. Teste das letras Riscar, na figura a seguir, todos os e e todos os t. Uma boa atengdo permitira terminar 0 teste, sem erros, entre quatro ¢ seis minutos. 21 biwtaoainsbrdlumfcpywkvbgkajwvbgkqxzoajmrtoawmipyxzvbwgkajcmwf ypkshrsdwluclawoinbgkkqjxzetaonihrdubgkitaoinshdrlucmfpyk vbgqixzavb gaimfpykhrdlueaocohemtwetaoinshrdiwfpykwxzcmfpetaoinsbhrdlemwxza vmrifjhoeilritielstiopiertmvmnswapietmvnbxcvwokjhhascvigmnbitypqwerm putruxcnskogpidioseimftiuynmpaqirtopmsnabxcvczewujhgplgorewmjukolp: bgfrdecewamjikopgtyhujnbvicdmkiolp¢yhgtbnvicdelzmnxvrewxcfvgbhujik olpguytrfvcdxszaqwebnmki¢poijuhnbgvicfgtyhujikolp¢mnbhgytfrdeswqzx cfygbhnimklhyutgfrdesazxtvbhunmjkiolpqwsazxdsaerftgyhnbymkijhgfdsa polkminhbgtyfredswqaxcvbnmkiuhygtircvdxsazerikjghtfvedfayuiolkcjgids qwexcvbnmelkjiuhygbvicdretyujhnbgvxerswqazmkolpgjuhtaghfuytnmkpigj fdsagedrtgyhujikmnbvcfgtrdes wqazxdcfrtgyhujikomnbvghytfredswqavbn mklopiuyhtgopvcxsewqzx{fdsretbygyuhnikmjhngbrcdesanjutyrewqxxzscdf vgbhpolikujykucxdetrgujnhybmklop¢sewqavexnmpolikujyhrewqqivopgmn biwtaoainsbrdlumfcpywkvbgkqjwvbgkqxzoajmrtoawm{pyxzvbwgkgjcmwt ypkshrsdwiuclawoinbgkkqjxzetaonihrdubgkitaoinshdriucmfpykvbgqixzavb gqimfpykhrdiueaocohemtwetaoinshrdiwfpykwxzcmf{petaoinsbhrdiemwxza vinriffhoeilritlelstiopiertmvmnswapietmvnbxcvwokjhhascvigmnbitypqwerm putruxcnskogpidioseimftiuynmpagirtopmsnabxcvezewujhgplgorewmjukolp bgfrdecewamjikopgtyhujnbvfedmkiolp¢ yhgtbnvfedelzmnxvrewxcfvgbhujik olpguytrivedxszaqwebnmkicpoijuhnbgvtcfgtyhujikolpgmnbhgytirdeswazx cfvgbhnjmkihyutgfrdesazxtvbhunmjkiolpqwsaz xdsaerfigyhnbvmkijhgtdsa polkmjnhbgtytredswqaxcvbnmkiuhygtircvdxsazerikjghtfvcdigyuiolkcigtds qwexcvbnmelkjiuhygbvicdretyujhnbgvxerswqazmkolpgjuhtaghtuytamkpl¢ gqimfpykhrdlueaocohemtwetaoinshrdlwipykwxzcmfpetaoinsbhrdlemwxza viriffhoeilritielstiopiertmvmnswapietmvnbxcv wokjhhascvigmnbitypqwerm 3. Teste de letras Sublinhar todos os n, colocar um ponto no interior das letras o e riscar todas as letras @ na figura acima. Tempo: oito minutos. 4. Variagées do mesmo teste Usando um jornal ou livro, determinar uma letra qualquer e executar os mesmos exercicios, estabelecendo um limite de tempo, por exemplo: trinta segundos para cada dez linhas. Para dificultar, aumentar 0 nimero de linhas ou diminuir 0 tempo. 5. Teste da distribuigéo da atengito — Enquanto se escreve algum texto, procurar identificar os ruidos que esto a sua volta. —Duas pessoas falam, ao mesmo tempo, assuntos elena Tentar reproduzir o que cada uma disse. 6. Teste de distribuicéo da atencao de Dwesthauvers Na figura abaixo, contar, em voz alta, os circulos ¢ as cruzes separadamente. Por exemplo: na primeira linha: 1,1,2,2,3,4,5,3,6,4,5,7, etc. 7. Influéncia maléfica do ruido sobre a atengito Apresentar a alguém trinta letras durante dez segundos, para que as leia com atengao. Deverd repeti-las de meméria. A seguir, repetir o teste com outras letras, produzindo um rufdo ao lado da pessoa. O resultado sera uma diminuigao das letras lembradas. Finalmente, se uma terceira pessoa ficar falando nimeros, ao acaso, proximo ao individuo em teste o aproveitamento serd ainda menor. 8& Na figura abaixo, procurar concentrar-se no ponto central, até que sejam eliminadas as circunferéncias, voluntariamente. Para maior complexidade do exercicio, diminuir 0 raio das mesmas. 9. Escrever um ntimero de cinco algarismos. Mentalmente, inverter a posigdo deles, retendo o niémero resultante. A partir deste niimero, repetir a operacdo indefinidamente. — Exemplo: 12345 — Inverte-se mentalmente para 23 ~ 23145 — Nova inversdo mental: 23145 ~ inverte-se para 53 ~ 53214 10. Na figura ao lado, fixar os olhos na esfera durante algum tempo. Desviar os olhos da esfera e movimentar os olhos, seguindo o contorno dos arcos. “Ver-se-a” a esfera subir e descer pelos arcos. Inicialmente, movimentar os olhos em um dos arcos, realizando movimentos de subida e descida, fazendo 0 mesmo com o outro arco. O tempo de ida ¢ volta deverd ser de um minuto, aproximada- mente. 2.2, Meméria} Um argumento utilizado, muitas vezes, por estudantes para fugirem ao estudo € 0 seguinte: Quanto mais se estuda, mais se conhece quanto mais se conhece, mais se sabe quanto mais se sabe, mais se esquece quanto mais se esquece, menos se sabe quanto menos se sabe, menos se esquece quanto menos se esquece, mais se sabe Portanto... No ensino-aprendizagem, o esquecimento tem a sua impor- tancia, embora a psicandlise nao 0 reconhega. Sua explicagao para este fato € que as impressées retidas na meméria nao sao propria- mente esquecidas, mas registradas no subconsciente ou no incons- ciente, dependendo da importancia existencial ou vivencial para o duo. Ao se falar de esquecimento, ressalta-se a impossi- bilidade da retengao consciente de todos os fatos vivenciados. Caso contr4rio, a mente estaria em um permanente estado de confusdo e desordem por sobrecarga de dados. Seria impossivel concentrar-se em um objeto ou selecionar uma tinica informagao. Por exemplo: qual seria a soma dos seguintes nimeros: 2,1,5,7,9? A soma mental seria: 2+1=3;3+5=8;8+7=15; 15+9=24. De todaa seqiiéncia, oimportante € lembrar o resultado final: 24; os demais nfimeros s40 lembrados somente 0 tempo necessdrio em que sao usados, para desonerar assim a meméria. Amem6ria pode ser definida como a capacidade de retengao, conservagio ¢ lembranga de fatos vivenciados pelo individuo. Isto quer dizer que esta capacidade est4 sempre relacionada com 0 individuo ¢ sua circunstancia, pois é por ela que o mesmo mantém sua propria identidade, como observa Bergson. Sem ela, 0 individuo deveria reaprender absolutamente tudo: falar, ler, raciocinar, comer, fazer gestos, que no individuo normal sao atividades auto- matizadas da memoria. A mem6ria, embora importante para a vida cultural e social do individuo, torna-se perigosa a quem estuda, quando tida como nico fator de aprendizagem. Com base na lei do menor esforgo, muitos passam a decorar o que estudam, ignorando que hé uma distingao a ser feita entre decorar ¢ memorizar. Decorar é reter a “forma material” e nao o contetido inteligivel de determinado co- nhecimento, 20 passo que memorizar é reter a “forma significativa” de um contetido inteligivel, ou seja, reter a sua compreensao. A memorizacao possibilita o refraseamento de algo conhecido e nao sua simples repeti¢ao. A memorizago dé condigées de reestruturar ocontetiido a partir de dados da meméria, enquanto o ter decorado somente possibilita a repetigdo, ainda limitadamente, e por breve tempo. Esta capacidade apresenta algumas fases: em primeiro lugar, experimenta-s¢ percepgées, emogées, etc. (fixagdo); num segundo momento, as ¢xperiéncias passam a ser retidas (conservagéo); a seguir, em um terceiro passo, sao lembradas (evocagao); finalmente, a maioria destas experiéncias s4o eliminadas da consciéncia invo- luntariamente (esquecimento). A memiria € varidvel de individuo a individuo, tanto por sua eficiéncia quanto por seus tipos: a) Visual: facilidade em evocar as imagens daquilo que se viu. b) Auditiva: facilidade em evocar aquilo que se ouviu. ) Motora: evocacao répida daquilo que se fez. d) Afetiva: lembranga facil de relages emotivas. e) Locativa: evocagao facil da regiao geografica do objeto ou fato. £) Nominativa: facilidade em lembrar nomes ou palavras relacio- nadas. | A eficdcia variével da meméria decorre de que alguns pos- suem, por exemplo, mais desenvolvimento na visual que na auditiva, ndo significando isto que o individuo nao possa ou nao deva desen- to da meméria € possivel a partir da obser- leis da meméria: a) Repeticao — quanto maior a repeticao de um fato ou impressio, melhor retengdo na memoria. b) Atengdo —a velocidade da reteng4o é proporcional 4 atengao com que se estuda o fato. c) Emogdo — da intensidade da emogdo depende a facilidade de retengao. d) Interesse — a velocidade e a qualidade de retengo est4 em relagao direta com o nivel de interesse de um individuo. ) Estrutura — 0 relacionamento de fatos, nfimeros, situagdes com outros contetidos previamente retidos facilita a memorizagao. Conforme se observa, a mem6ria € de suma importancia no ensino-aprendizagem, podendo ser desenvolvida em todos os seus tipos. Para que isso se concretize, faz-se necessério, inicialmente, a identificagao do tipo de meméria mais acentuada ¢ entdo, a partir dela, com alguns exercicios desenvolver as demais. EXERCICIOS QUE AUXILIAM NO DESENVOLVIMENTO DA MEMORIA 1. Teste de Ziehen, para memé6ria auditiva. Enuncia-se uma série de seis algarismos para alguém e pede- se que seja repetida: Ex: 5 -2—9~—1—7—8~— Pode-se dificultar este teste da seguinte forma: enunciando-se a série, pede-se a soma de dois outros nimeros. Ex.:3 + 4, Em seguida, pede-se que repita a série de seis algarismos mais o resul- tado da soma, da seguinte forma: 5-2—9—1—7~—8~(3+4) =7. Para maior dificuldade, aumenta-se o nimero de algarismos aserem repetidos: — 8-3-—5—8—7—6—3-— (sete algarismos) — 2—5—7—1-9—6—7—0—4— (nove algarismos) —9-5—4—3-0-8-7—4_3-6—1—8— (doze algarismos). 2. Teste de Claparéde, para meméria auditiva. Sao lidas quinze palavras, a um ritmo de uma palavra a cada dois segundos. Terminada a leitura, o individuo deve escrever todas as palavras ouvidas, nao importando a sua ordem. Livro — estante — carro — casa — vaca — rua — trem — fuzil — prédio — sofa — caneta — maquina — 4rvore — dinheiro — leopardo. O teste torna-se mais dificil quando pede-se que as palavras sejam reproduzidas na ordem em que foram enunciadas. 3. Meméria auditiva de frases. Lé-se uma frase de quinze palavras: “O estudante fica bastante preocupado no dia em que deve fazer prova de historia geral”. A seguir, pede-se que a mesma seja repetida. Observagao: comparar 0 resultado com oteste anterior: é mais facil memorizar quinze palavras em uma frase do que quinze pala- vras soltas (lei da estrutura). A seguir, deve-se repetir uma frase de linguagem nd4o comum; por exemplo: “Tal interferéncia do particular para o geral nao é, naturalmente, peculiar a ciéncia: é um trago fundamental no pensa- mento humano, sendo também a outra fungo da estatistica”. Com- parar os resultados. 4. Mem6ria auditiva e velocidade da inteligéncia. Repcetir as palavras abaixo em ordem inversa: ledo — lapis — automével — livro — saudade — Parana — armario — éculos. 5. Semelhante ao anterior. Repetir os algarismos em ordem inversa — 7—3—5—8— (quatro algarismos) ~— 1-6—3—8—4—5—0—3-—9~— (nove algarismos) 6. Teste para a meméria visual. Os mesmos acima, mas ao invés de serem lidos oralmente devem ser apresentados em cartoes ¢ lidos por 10, 20 ou 30 segun- dos, conforme a extens4o. 7, Teste de mem6ria visual ¢ locativa. Olhar, durante 20 segundos, 0 quadro abaixo. Em seguida, repeti-los por escrito, sem alterar a ordem dos algarismos. 4-9—1-3-0 2-3-0-6—5 9-8-7-6-2 &. Teste de reconhecimento de formas, de Bernstein. Observar o quadro abaixo por 20 segundos. Apés trinta segun- dos transcorridos, apontar no quadro dois as figuras presentes no quadro um. QUADROI Qo fe QUADRO IL 9. Reprodugao de linhas de Dwelshauvers. Observar as linhas que formam o desenho, durante dez segun- dos e, a seguir, “tentar”, reproduzi-las em um papel. Trata-se de um teste de extrema dificuldade. —— 10. Outros exercicios que podem auxiliar no desenvolvimento da mem6ria podem ser realizados a partir de listas de palavras que devem ser reproduzidas, depois de algum tempo, na ordem em que foram escritas. 2.3. Associacao de idéias ) Oterceiro fator relevante para o ensino-aprendizagem € 0 que se denomina associagao de idéias, uma capacidade que possibilita ao individuo relacionar e evocar fatos e idéias. Esta capacidade pode ser constatada, por exemplo, em uma conversa informal. £ facil observar quantos assuntos diferentes vém a tona por fatos e idéias relacionados com experiéncias anteriores dos interlocutores que sao suscitados pela troca de palavras que a conversio exige. A associagao consta de alguns princfpios: a) Relagao — dois fatos ou idéias apresentam uma relagao entre si, como os de causa-efeito (fogo-fumaga), meio-fim (prova- estudo), substancia-atributo (sangue-vermelho), contigitidade (ir a Sao Paulo ver um jogo), semelhanga (pessoa-apelido), contraste (pobre-miliondrio). b) Afetividade — quando um dos elementos se liga 4 afetividade (presente — pessoa que o deu). c) Espontaneidade e controle — a associacao € independente da vontade, podendo ser controlada. No exemplo acima, observa-se também que os assuntos apresentam-se de forma dispersiva. Mas, por ser controlavel, pode ser utilizada na aprendizagem, uma vez que raciocinar é associar deliberadamente conceitos e juizos. d) Infinidade — nao hd um limite para o processo de associagao. Dai avantagem, para quem estuda, de obter um controle maior sobre ela. e) Egocentrismo — € mais facil associar fatos ou idéias com ex- periéncias individuais. EXERCICIOS Ao invés de indicar alguns exercicios para desenvolver a capacidade de associagao de idéias, recomenda-se que o estudante procure desenvolver técnicas pessoalmente, uma vez que a associa- Gao € muito subjetiva e baseia-se em experiéncias individuais. Con- 31 vém lembrar que uma das maneiras ¢ a mnemotécnica: processo de guardar de cor (decorar) algum conhecimento. Consiste no se- guinte: palavras ou frases que ajudam a lembrar um conjunto de conhecimentos, como os medievais usavam para a légica: “Simpli- citer fEcIt convertitur, EvA per accidens, AstO per contrapositio: sic fit conversio tota”. Nesta frase esta contida toda a teoria da conver- sao das proposicées. Significa: as proposigdes universais negativas © as proposigées particulares afirmativas se convertem simples- mente, as universais negativas e as universais afirmativas por aci- dente, as universais afirmativas e as particulares negativas por contraposigao. 32 Capitulo I FORMANDO O HABITO DE ESTUDO A vida académica de um estudante de terceiro grau traz consigo uma série de alteragées nos seus habitos estudantis anteri- ores, que, nao raro, sao viciosos. No ensino de segundo grau, ob- serva-se geralmente: a instituigdo e o professor exercem controle psicolégico sobre os alunos; a vigilancia é rigorosa tanto para en- trada como para safda das aulas; as tarefas escolares assemelham-se a ordens; a faixa etdria e de desenvolvimento intelectual € mais homogénea; o contetido programatico é determinado e esgotado pelo professor; 0 aluno trabalha com esquemas apresentados pelo professor; 0 aluno ouve ¢ “adivinha provas”; nas provas, o aluno repete mecanicamente o que decorou. Em contrapartida, o ensino superior deve primar por: iniciativa ¢ liberdade individual; havendo hor4rios determinados, agora apela-se para a pontualidade dos individuos; as tarefas exigidas jogam com a responsabilidade do aluno; junto a um adolescente pode sentar-se um gerente de banco ou uma dona-de-casa, mae de filhos; o programa é orientado pelos professores e dever4 ser complementado com pesquisa pelo aluno; os esquemas agora deverao ser préprios e nao do professor; as provas passam a ter cardter de avaliagdo do contetido ministrado, onde contam, principalmente, assimilagao e compreensio. Paraa realizacao plena de um est4gio a outro, onde o aluno é tratado como adulto sério, respons4vel, autodisciplinado e dedi- cado, torna-se necess4ria a mudanga de hdbitos. Filosoficamente, 0 hdbito pode ser definido como “uma qualidade estavel e per- 33 manente, boa ou m4, que torna a agao facil”. Nao hé muita diferenga entre estudar e andar de bicicleta ou nadar, porque qualquer ativi- dade requer repeticdo e disciplina, até incorporar-se ao comporta- mento do sujeito. Assim como andar de bicicleta ou nadar nao se aprende teoricamente, mas andando ou nadando, da mesma forma, estudar se aprende estudando, ou seja, formando habitos de estudo. A formacio de habitos requer disposigdo, determinacdo e disciplina pessoais. As consideragées que se seguem nao tém a finalidade de esgotar o assunto, mais de apresentar alguns mecanismos que podem auxiliar na formago deste habito. 3.1. Organizagio 31. 1 Tempo Oprimeiro elemento a ser considerado na formagao do hébito €o tempo. Para quem julga que nao tem tempo para estudar, 0 que lhe serve de justificativa para o baixo rendimento escolar, respon- de-se: “tempo € questdo de preferéncia”. Para namorar, ver um filme, para passear sempre se acha tempo. Do mesmo modo, quem quer estudar encontrar4 tempo. De que maneira? Cronometrando 0 tempo gasto nas diversas ocupac6es de rotina didria. Ao fazer isto, perceber-se-4 facilmente quanto tempo é desperdigado, luxo ao qual, na sociedade contempordnea, ninguém pode-se dar. O espago para estudar poderd ser aberto, porque normalmente gasta-se mais tempo que o necess4rio para a execugdo de qualquer tarefa. E impossfvel que alguém nao consiga abrir espagos de dez ou quinze minutos entre uma atividade ¢ outra, como por exemplo: refeigdes, higiene, transportes, etc. Pode parecer pouco, mas bem aprovei- tados, estes espacos representarao, pelo menos, trinta minutos dia- riamente, trés horas e meia semanalmente, quinze horas mensalmente ¢ cento ¢ oitenta horas anualmente~ é tempo superior a qualquer disciplina ofertada em um semestre. Aberto 0 espago, trata-se de aproveité-lo com o maximo de concentragdo e atengao, conforme as indicagées do capitulo anterior e das que se seguirao. Comose trata de formagao de habito, recomenda-se que os hor4rios sejam, de preferéncia, sempre os mesmos. 3.1.2. Material ; Considerando que o ensino universitério, pelo menos em seus periodos iniciais, € principalmente tedrico, e portanto, fundamen- tando-se em uma cultura livresca, torna-se necessdério que o estudante organize seu material de estudo. Esta organizagao comega pela formagao de um acervo pessoal, que consta dos livros introdutérios, textos fornecidos pelo professor, revistas e enciclopé- dias especializadas, diciondrios de linguas ¢ técnicos, além dos apontamentos de sala de aula. Este acervo dever4 ser formado no transcorrer do curso a partir das indicages fornecidas pelos pro- fessores das respectivas disciplinas, segundo sua ordem de facili- dade ¢ importancia. Em outras palavras, € a formacdo de uma biblioteca pessoal especializada. As indicagdes que seguem podem, num primeiro momento, parecer infantis, mas, tratando-se, na maioria dos casos, de pouco tempo disponivel para o estudo, se observadas, trarao resultados eficientes. Antes de iniciar o estudo ou a pesquisa, o primeiro passo aser dado € a coleta ¢ a selegdo de todo o material a ser utilizado: livros, apontamentos, diciondrios, blocos de anotagées, lépis ou caneta, etc. ¢ ter 0 objetivo do que se vai fazer claramente delineado. Pense-se no desperdicio de tempo que causa, por exemplo, o fato de deslocar-se seguidamente a procura deste ou daquele material. 3.13. Local ou ambiente | E de suma importancia que o estudante tenha um local pr6é- prio ¢ apropriado para o estudo. O local deveré satisfazer a algumas condigées: iluminag4o, arejamento, silencio e ordem. Estes itens devem ser observados por questées fisiolégicas e psicolégicas visto que a memé6ria tem seu centro primitivo no olfato (arejamento); a memoria € mais auditiva que visual (siléncio); ambientes mal ilumi- nados tornam 0 estudo mais cansativo e, como € 6bvio, danificam a visio; ambiente desordenado € causa de disperséo da atengéo (ordem); caso o estudante nao consiga estudar sem ouvir misica, recomenda-se que a utilize a seu favor como fator de associagao, por exemplo, ouvindo o mesmo estilo de misica para 0 mesmo assunto. 3.2. A aula — preparacao e revisao O importante nao é somente abrir pequenos espagos de tempo para estudar, mas primordialmente saber como administré-los. E 35 fundamental que o estudante, no processo ensino-aprendizagem, tenha em mente que h4 um limite de tempo para a assimilacdo de contetidos e manutencdo da atencdo em virtude do stress que causa a atividade intelectual prolongada, além de uma hora e trinta minu- tos. Donde se conclui que é recomendavel estudar pouco, durante muito tempo, ou seja, formar a rotina didria de aproveitamento dos pequenos espagos de tempo abertos para o estudo. 3.2.1. Leitura /prévia O trabalho ser facilitado com uma leitura antecipada do assunto a ser desenvolvido em sala de aula, o que custaria em torno de dez minutos, 0 que nao é muito. Esta leitura antecipada possibi- litaré ao estudante levantar dividas que serao dirimidas com per- guntas inteligentes, o que resultar4 em melhor qualidade nas anotagées de sala. Outro aspecto da leitura prévia est4 relacionado com a atengéo, que se dispersa depois de certo tempo. Lendo anteriormente, a atengdo ser4 distribuida conforme a maior ou menor dificuldade. 3.2.2.A aula Tendo-se preparado previamente, a aula torna-se o momento oportuno para o aprofundamento do assunto sob orientagao, cum- prindo assim sua finalidade. As anotagdes devem ser fonte deestudo para o préprio aluno. Conclusao: devem ser pessoais, refletindo a assimilag4o ¢ compreensao do aluno e no simples transcrigéo dos esquemas utilizados pelo professor, que sé ele entende, porque foi montado segundo a compreensao dele, para o desenvolvimento da aula. O que na maioria dos casos ocorre € que o aluno tenta copiar tudo que é dito, ou nao copia nada, ou espera o professor ditar. A finalidade da aula nao ser atingida sem vinculos de um compromisso sério de cada estudante, agente principal de sua propria aprendizagem. Este compromisso envolve: freqiiéncia, pontualidade ¢ siléncio. Os assuntos desenvolvidos pelas diversas disciplinas sio em médulos didaticos e logicamente concatenados, daf a necessidade da freqiiéncia. Por sua vez, cada aula também Ppossui uma seqiiéncia didatica e légica que, quando interrompida pela impontualidade ou falta de siléncio, é quebrada. 3.2. 3! Revisao Revisar € reconstruir, de preferéncia mentalmente, os con- tefidos de aula. Esta reconstrugao cumpre o ideal estudar pouco, durante muito tempo, evitando desgastes fisicos e emocionais, economizando assim noites em claro em vésperas de provas. O modo de efetuar a reviséo pode ser imediata e integradora. A imediata deve ser efetuada logo ap6s a aula ou antes do préximo encontro da mesma disciplina. A maneira mais indicada consiste em transcrever esquematicamente, e de modo préprio, para fichas ou cadernos, as anotages feitas em sala. A revisdo integradora, por sua vez, visa dar um apanhado global do contetido desenvolvido em pequenos médulos didaticos, que dao a impressdo, para quem nao conhece 0 contetido, de assuntos estanques. Portanto, nao pode ser deixada para as vésperas de provas, mas realizada periodicamente a cada quatro ou seis encontros. 3.3 Estudos de grupo E prdtica comum, entre universitérios, a realizagao de estu- dos e/ou trabalhos em grupo. Para um melhor aproveitamento deste tempo que se dedica ao estudo em grupo, algumas indica- _SGes de carter pratico: ~ Numero de componentes: nao deve exceder a 5 (cinco) elementos, dada a facilidade de dispersao e “parasitismo”; —Coordenagao: a coordenagao do grupo de estudo deve ficar ao encargo de uma pessoa que dirija os trabalhos, marque as reuniGes e faga as devidas cobrangas; ~ Responsabilidade: um trabalho em grupo sé se efetiva quando as tarefas sio assumidas, os hordrios séo respeitados, enfim, quando se decide aproveitar o tempo e 0 esforgo de um modo comum. 37 Capitulo IV A LEITURA TRABALHADA COMO METODO 4.1 Leitura eficiente A leitura € um processo que envolve algumas habilidades, entre as quais a interpretagdo do texto ¢ sua compreenséo. O processo inicia pelo reconhecimento das palavras impressas, 0 que pode ocorrer silaba por sflaba, palavra por palavra, conjuntos de palavras ou captagao de frases inteiras. Ap6s o reconhecimento, passa-se a interpretagdo do pensamento do autor para, a seguir, compreendé-lo. O passo seguinte serd a retencdo das idéias do autor e, quando necessario, a reprodugdo das idéias de modo pessoal, 0 que confirma a compreensao. E interessante observar 0 mecanismo do processo. A leitura nao é simplesmente um deslizar dos olhos pelas letras impressas. A semelhanga de um atleta em movimento, que busca apoio no chéo para impulsionar-se para a frente, da mesma forma os olhos sé conseguem captar com clareza algo quando se fixam em algum ponto. Em outros termos, existem os movimentos de saltos e fixa- gées. Quando o olho salta, ele permanece cego, nada vé. Quando se fixa, consegue ver. ~> Algumas conclusGes podem ser tiradas: a) a boa leitura depende do nfimero de fixagoes por linha. b) captar um conjunto de palavras em cada fixacdo aumenta a velocidade da leitura. c) quando se 1é sflaba por silaba ou palavra por palavra, além de a Jeitura ser mais lenta, o significado permanece truncado. d) para alguém tornar sua leitura mais eficiente precisa aprender a ler pelo significado, 0 que s¢ consegue captando conjuntos de palavras. Isto se percebe pelo seguinte quadro: LIVRO AUTOMOVEL O BOM LEITOR CAPTA CONJUNTOS A primeira linha se compée de letras sem significado. A segunda, duas palavras sem conex4o. A terceira, possui um signifi- cado. E captada mais facilmente. €) normalmente, o tempo de fixagao para oleitor lento e para oleitor r4pido é o mesmo. No entanto, enquanto 0 lento se fixa em sflabas ou palavras, o rapido se fixa em conjuntos. O mau leitor faz até doze fixagdes por linha ao passo que 0 bom leitor executa a mesma tarefa em duas ou trés. > Diversos autores que estudam o processo ¢ o mecanismo da leitura apresentam classificagées diferentes para os diferentes tipos de leitura. Assim, fala-se de leitura critica, assimilativa, analitica, etc. que poderiam ser sintetizadas em: a) recreativa, cujo objetivo é trazer satisfagdo a inteligéncia. b) critica, onde existe um confronto de idéias entre o leitor e 0 autor. ¢) assimilativa, em que 0 leitor reconhece o autor como autoridade procura aprender com ele seu contetido. O universo cultural € constituido pela somatéria de todas as experiéncias que a espécie humana vivenciou ao longo de sua evolu- cao. Se cada individuo tivesse que recapitular todas as experiéncias acumuladas pela cultura, teria que passar por todo o processo de evolugao. De modo geral, os livros sao a condensagdo desta evolu- 39 go cultural que € apresentada nos mais variados estilos: romance, filosofia, psicologia, matemiatica, hist6ria, sociologia. Ler, portanto, constitui um dever e um direito de aprender, progredir, desen- volver-se e inteirar-se deste universo cultural. Quem 1é, torna-se mais apto para enfrentar os problemas e situagGes que a vida social, profissional, politica, cultural apresenta. Em se tratando do univer- sitario, cujo conceito exige um saber globalizante, é imprescindivel a leitura. Malba Tahan conta a estéria do “homem maravilhoso” que intrigava muitas pessoas. Este homem costumava passar seis horas diariamente na biblioteca, onde solicitava livros volumosos de temas complicados ¢ escritos em linguas estranhas. A medida que © tempo passava, esta atitude despertava a curiosidade dos respon- sdveis pela biblioteca. Até que o bibliotecdrio decidiu pedir expli- cagées a um homem tao sdbio. Grande foi sua surpresa quando soube que o homem maravilhoso nao sabia ler ¢ se utilizava dos livros para poder dormir confortavelmente na sua poltrona da biblioteca por ser muito pobre e ndo poder descansar em outro lugar. Moral da hist6ria: nao faz bom leitor o fato de ter sempre um livro 4 mao. Q_bom leitor se faz superando deficiéncias de leitura tais como; a) mecanismo ocular — ignorando o funcionamento deste mecanis- mo, hd pessoas que léem com movimentos da cabega, muito préximas ou muito afastadas do objeto de leitura. b) sentido truncado — por ler aos pedagos, nao apreende o signifi- cado nem as idéias, o que forga o retorno a linhas anteriores, para fixar o sentido. ¢) mecanismo fonador — 4 medida em que lé, tenta acompanhar os olhos com movimentos labiais, ou articulando a lingua embora com a boca fechada, ou quer fazer “leitura em voz baixa”, ou seja, est subvocalizando. “A superagio das deficiéncias de leitura € 0 meio para a formagao do bom leitor. Isto se consegue com a aplicagdo das indicagdes que seguem: a) Preparacdo — As atividades humanas, de modo geral, envolvem ‘uma expectativa especifica para cada uma delas. Assim, assistir a um jogo de futebol implica um estado emocional e psiquico diverso daquele com que alguém vai ao cinema ou teatro. Do mesmo modo a leitura exige que se dé vazio a um estado emo- cional e psiquico que lhe € proprio. Se alguém vai a um jogo, a cinema ou teatro sem se predispor a isto acabar4 por julgar a atividade magante e cansativa. O mesmo acontece com a leitura quando encarada como obrigagdo, que cria uma expectativa negativa, tornando-a ineficiente. Por nao atender aesta exigéncia de preparacdo, algumas pessoas véem no livro um meio para adormecer rapidamente. A criagao de uma expectativa adequa- da para a leitura envolve fatores como: ambiente (énibus urbano nunca foi apropriado para a leitura, nem tampouco cama é lugar para isso), nivel de conhecimento de quem se predispOe a ler (assunto adequado 4 faixa cultural), selegdo de assuntos (dados sobre 0 autor, orelha do livro, sumério ou indice, introdugdo, citagées, bibliografia so indicadores iniciais para o exercicio da leitura). b) Velocidade - Livros técnicos, revistas, jornais, novelas exigem padrées distintos de velocidade, ou seja, o bom leitor sabe ajustar a velocidade da leitura de acordo com o assunto. No entanto, convém salientar que 0 aumento de velocidade nao significa diminuicéo da compreensdo. Ao contrdrio do que se pensa, a compreenso est4 na raz4o direta do aumento de velocidade. Isto porque, no processo de entendimento, quem comanda € 0 cére- bro, que nao 1é palavras, mas unidades de pensamento. A velacidade satisfatéria € de 400 palavras por minuto, em média. Como melhorar o padrao de velocidade? —O primeiro passo é conhecer a velocidade atual. Para tanto, assinala-se, em um texto qualquer, 500 palavras. A seguir, faz-se a leitura normalmente, cronometrando o tempo total gasto. Ex: se o tempo foi de 2 minutos exatos, a leitura corresponde a velocidade de 250 palavras por minuto, ou seja, divide-se 0 nimero de palavras lidas pelo tempo gasto e obtém-se o namero de palavras lidas por minuto, - A velocidade da leitura pode ser aumentada através de exercicios como: 1) Escolher um artigo em jornal ou revista, disposto em uma coluna de mais ou menos 5 cm. Ler com saltos de olhos a primeira e a tiltima palavra de cada linha, tentando captar o sentido do artigo. 2) Em um livro nao técnico, ler em cada linha somente a palavra inicial, a do meio ea final, estabelecendo trés pontos de fixagdo e procurando captar apenas o sentido do texto. 41 3) Com um livro de assunto conhecido, ler tao rapidamente quanto possivel, captando apenas o sentido dos par4grafos. Num segundo momento, reler e verificar se de fato a idéia principal foi fixada. Para este exercicio, anotar o tempo inicial ¢ o tempo final. 4) Com o auxilio de uma régua branca ou cartolina branca, ler um texto, fazendo-a deslizar sobre as linhas lidas, empurrando, deste modo, a leitura. ¢), Subvocalizagao — O uso inconsciente do aparelho fonador na leitura silenciosa age como um freio sobre o cérebro dificul- tando-the a leitura por unidade de pensamento. 1) Exercicios para evitar a subvocalizagdéo podem ser elaborados com listas de palavras ou frases de dificil pronfincia, onde se 1é o sentido e nao a pronfincia. Presta-se atengao unicamente ao sentido, evitando-se movimentos labiais de lingua ou cordas vocais, sinais de subvocalizagao. Alguns exemplos: Toco preto, porco crespo. Pia 0 pinto, a pipa pinga. Trés tristes tigres comiam trigo no trigal. A pipa pinga e o pinto pia. Quanto mais 0 pinto pia mais a Pipa pinga. 7 O rato roeu a roupa do rei Ricardo da Rissia. O tempo perguntou ao tempo: quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que 0 tempo tem tanto tempo quanto o tempo tem. O papo do pato esté no prato de prata do padre. 2) Mesmas palavras ou frases de significados diversos. Presta-se atengao ao sentido e nao a proniincia. Exemplos: Com pena peguei na pena Com pena pra te escrever A pena caiu da mao Com pena de nao te ver. Vai a garcga voando Com penas que Deus lhe deu Contando pena por pena Mais pena padego eu. 42 3) Palavras ¢ frases escritas de modo semelhante, mas de sentido diverso. Prestar atengo ao sentido e nao a pronincia. Ex.; O velho viu apagar-se a velinha da velhinha enquanto procurava a ovelha. Eu te asseguro que a secura € com Agua que se cura. A tatica artica € contra a Antartica. Divirto-me com a tua discri¢ao na descrigdo da prépria distragao. Quem conta um conto aumenta um ponto; quem corta um ponto aumenta o desconto. Veja bem a distingdo entre a extens4o do campoe a extingao do campus, O animal mau padece de um duplo mal: no sabe que ele € mau € nao distingue o bem do mal. d)-Area de fixagdo — A medida que se aumenta a area de fixagao, aumenta-se também a velocidade da leitura e, conseqiiente- mente, a capacidade de compreensio. Com alguns exercicios, torna-se possivel aumentar a area de fixacgdo. 1) Naimeros Fixando os olhos no centro, lé-se facilmente 34 3.247 6 Fixando-se os olhos no niimero do centro, lé-se 32.476. Orato roeu O rato roeu a roupa 2 y : 1 & Fixando-se os olhos na palavra “roeu”, 1é-se facilmente as outras “o rato” e “a roupa”, com a visdo periférica. 4.2. Técnicas de leitura trabalhada Um bom aproveitamento nos estudos, além da eficiéncia na leitura, supde a aplicagdo sistematica ¢ habitual de outras técnicas que facilitam a compreensdo, a reteng4o, a memorizacao e, ainda, a documentacio posterior. A primeira destas técnicas é a sublinha ~ arte de colocar em destaque as idéias principais e palavras-chave de um texto. Um texto corretamente sublinhado permite sua releitura com brevidade, economizando tempo sem prejuizo de contetido. Embora nao haja normas fixas para a execugdo da sublinha, é importante que se crie um c6digo pessoal, que deve ser mantido. Convém salientar que o habito de sublinhar se adquire pela repeti- Gao, tornando-a mecanica, como o que acontece com a escrita. As indicagGes a seguir servem como elementos auxiliares para a aquisigao desta técnica: a) Nao sublinhar na primeira leitura, a menos que se tenha prévio conhecimento do assunto. b) Sublinhar apenas o que é realmente importante: idéias principais, dando destaque as palavras-chave. A idéia principal, na maioria das vezes, encontra-se na primeira frase de sentido completo de um par4grafo. Como em uma constelagao, a idéia principal esta circundada de outros elementos que Ihe servem de suporte explicando-a, apresentando provas, ilustrando-a ou refutando-a. EXEMPLO: “Lacan, amigo pessoal de Sartre, nunca poupou o existen- cialismo de criticas ¢ ironias. Achava que esta corrente de pensa- mento desembocava fatalmente nos becos sem safda de uma subjetividade que — centrada na autonomia ficticia da consciéncia— nao era mais que uma versio moderna do cartesianismo, uma espécie de racionalismo tragico. Por exemplo, a idéia de que a liberdade nunca se afirma tao autenticamente como entre os muros de uma prisao, era para Lacan a prova definitiva da impoténcia da pura consciéncia existencialista para superar qualquer situagdo, a nao ser de maneira ilus6ria”. 1. SOUZA, Marcio Peter de & CESAROTTO, Oscar. Jacques Lacan. S40 Paulo, Brasiliense, 1985, p. 66-8. Idéia principal: criticas ¢ ironias de Lacan ao existencialismo. Pormenores importantes: 0 existencialismo desemboca na subjetividade, como versdo moderna do cartesianismo. Tlustragdo de apoio: liberdade auténtica entre os muros de uma prisao. Palavras-chave: Lacan ~ existencialismo — criticas — subjeti- vidade — versdo cartesianismo ~ liberdade — muros — prisdo — prova impoténcia — superar situag4o. c) A sublinha bem feita possibilita a releitura do texto com a continuidade semelhante a leitura de um telegrama. Exemplo: “Lacan existencialismo criticas. Desembocava subjetividade versdo cartesianismo. Ex.: liberdade muro prisdo prova impoténcia superar situacdo”. d) Destacar passagens importantes ou duvidosas com trago ou interrogagao 4 margem, ) Nao interromper a leitura ao encontrar palavras desconhecidas. Se a leitura corrida do texto n4o esclarecer o termo em questo, anotar para posterior consulta. f) Servir-se de “palavras-ferramenta”: substantivo (e verbo); indi- cadores de relag6es entre idéias, tais como: logo, portanto, con- tudo, ora, em suma, em resumo, por conseguinte, por outro lado, de um lado, de outro... O texto a seguir, extrafdo de Délcio Vieira SALOMON, em Como fazer uma monografia, p. 45-8, sintetiza o que se falou até agora sobre leitura e possibilita um exercicio de sublinha: BOM LEITOR MAU LEITOR O bom leitor 16 rapida- O mau leitor lé vagarosa- mente e entende bem o que Ié. | mente e entende mal o que lé. Tem habilidades e habitos | Tem hdbitos como: como: 1. Lé com objetivo determi- | 1.Lésem finalidade. nado. Ex.: aprender certo Raramente sabe por que 1é. assunto — repassar detalhes — responder a questées. 45 2. Lé unidades de pensamento. Abarca, num relance, o sen- tido de um grupo de pala- vras. Relata rapidamente as idéias encontradas numa frase ou num pardgrafo. 3. Tem varios padrées de velocidade. Ajusta a velocidade da lei- tura com 0 assunto que lé. Se 1é uma novela, é rapido. Se livro cientifico para guardar detalhes — 1é mais devagar para entender bem. 4. Avalia o que lé. Pergunta-se freqieunte- mente: Que sentido tem isso para mim? Esté o autor qualificado para escrever sobre 0 as- sunto? Est4 ele apresen- tando apenas um ponto de vista do problema? Qual € a idéia principal deste trecho? Quais seus fundamentos? 5. Possui bom vocabulario. Sabe o que muitas palavras significam. E capaz de per- ceber osentido das palavras novas pelo contexto. Sabe usar diciondrios e o faz freqiientemente para es- clarecer o sentido de certos termos, no momento opor- tuno. 2. Lé palavra por palavra. Pega o sentido da palavra isoladamente Esforga-se para ajuntar os termos para poder en- tender a frase. Freqiientemente tem de reler as palavras. 3.86 tem um ritmo de leitura. Seja qual for o assunto, 1é sempre vagarosamente. 4. Acredita em tudo que lé. Para ele tudo que é im- presso é verdadeiro. Raramente confronta o que Ié com suas préprias ex- periéncias ou com outras fontes. Nunca julga criticamente 0 escritor ou seu ponto de vista. 5. Possui vocabulario limitado. Sabe 0 sentido de poucas palavras. Nunca relé uma frase para pegar o sentido de uma palavra dificil ou nova. Raramente consulta o diciondrio. Quando o faz, atrapalha-se em achar a palavra. Tem dificuldade ementender a definic&o das palavras e em escolher o sentido exato. 6. Tem habilidades para conhe- cer o valor do livro. Sabe que a primeira coisa a fazer quando se toma um livro € indagar de que trata, através do titulo, subtitulos encontrados na pgina de rosto e nao apenas na Capa. Em seguida lé os titulos do autor. Edigao do livro. fn- dice. “Orelha do livro”. Prefacio. Bibliografia ci- tada. S6 depois € que se vé em condigdes de decidir pela conveniéncia ou n4o daleitura. Sabe selecionar 0 que lé. Sabe quando consul- tar e quando ler. 7. Sabe quando deve ler um livro até o fim, quando inter- romper a leitura defini- tivamente ou periodicamen- te. Sabe quando e como reto- mar a leitura, sem perda de tempo e sem perder a con- tinuidade. 8. Discute fregilentemente o que 1é com colegas. Sabe distinguir entre im- presses subjetivas e valor objetivo durante as discus- sdes. 47 6. Nao possui nenhum critério técnico para conhecer o valor do livro. Nunca ou raramente Ié a pagina de rosto do livro, o indice, o prefacio, a biblio- grafia etc., antes de iniciar a Jeitura. Comega a ler a par- tir do primeiro capitulo. E comum até ignorar o autor, mesmo depois de termi- nada a leitura. Jamais seria capaz de decidir entre lei- turae simples consulta. Nao consegue selecionar o que vai ler. Deixa-se suges- tionar pelo aspecto mate- tial do livro. . Nao sabe decidir se é con- veniente ou nao interromper uma leitura. Ou 1é todo o livro, ou o in- terrompe sem critério ob- jetivo, apenas por questées subjetivas. 8. Raramente discute com cole- gas o que 1é. Quando o faz, deixa-se levar por impressGes subje- tivas e emocionais para defender um ponto de vista. Seus argumentos, geral- mente, derivam da auto- ridade do autor, da moda, dos lugares comuns, das tiradas eloqiientes, dos pre- conceitos. 9, Adquire livros com freqiién- cia e cuida de ter sua bibli- oteca particular. ~ Quando € estudante pro- cura os livros de textos in- dispensdveis e se esforga em possuir os chamados classicos e fundamentais. Tem interesse em fazer assinaturas de periédicos cientificos. Formado, conti- nua alimentando sua bibli- oteca e restringe a aquisi¢éo dos chamados “compéndios”. Tem o habi- to de ir direto as fontes; de ir além dos livros de texto. 10. Lé assuntos varios. Lé livros, revistas, jornais. Em Areas diversas: ficgdo, ciéncia, histéria, etc. Ha- bitualmente nas 4reas de seu interesse ou especia- lizagao. 11. Lé muito e gosta de ler. Acha que ler traz informa- gdes e causa prazer. Lé sempre que pode. 12. O BOM LEITOR é aquele que nGo é sé bom na hora de leitura. E bom leitor porque desen- volve uma atitude de vida: € constantemente bom leitor. Nao s6 lé, mas sabe ler. 9. Nao possui biblioteca parti- cular. As vezes € capaz de ad- quirir “metros de livro” para decorar a casa. E freqiientemente levado a adquirir livros secundarios em vez dos fundamentais. Quando estudante, sé lé ¢ adquire compéndios de aula. Formado, nao sabe o que representa 0 hdbito das “boas aquisigées” de livro. 10. Esté condicionado a ler sempre a mesma espécie de assunto. 11. Lé pouco e nao gosta de ler. Acha que ler é ao mesmo tempo um trabalho e um sofrimento. 12. O MAU LEITOR néo se revela apenas no ato da lei- tura, seja silenciosa ou oral. constantemente mau lei- tor, porque se trata de uma atitude de resisténcia ao hé- bito de saber ler. O significado etimolégico de esquema a segunda técnica é “esqueleto”, de onde se conclui que s6 contém os tragos essenciais do texto, o que possibilita realizar as ligagées entre os elementos € o funcionamento do conjunto, permitindo, assim, visualizar 0 todo porque hierarquiza as idéias e destaca as diretrizes que estabelecem a unidade e a coeréncia do texto. Do mesmo modo, a geometrizagao também nao possui nor- mas fixas. No entanto, algumas indicagdes podem auxiliar sua elaboragao. , a) Ser fiel ao texto ~ 0 esquema € extraido do texto e nao imposto ao texto. As palavras ou termos originais, tanto quanto possfvel, sao mantidos. b) Hierarquizar as idéias, destacando as principais com base nos titulos, subtitulos e palavras-chave. c) Criar um cédigo uniforme com gréficos, setas, desenhos, Pparéntesis, chaves, etc. Esta codificagéo, no levantamento de esquemas, é absolutamente pessoal. O texto acima, sobre o bom ¢ 0 mau leitor, pode ser esquema- tizado da seguinte maneira: ~ objetivo determinado ~ unidades de pensamento ~ varios padrées de velocidade ~avalia ~ bom vocabulério ~ habilidades para conhecer livros ~sabe quando interromper a leitura ~discute o que 1é ~ forma sua biblioteca particular — Ié varios assuntos —Sabe ¢ gosta de ler Bom leitor — habitos —1€ sem finalidade ~16 palavra por palavra — um s6 ritmo vagaroso no avalia =vocabulério limitado —no tem habilidades para conhecer olivro ~ndo sabe quando interromper a leitura ~néo discute o que lé —ndo forma biblioteca particular —86 Ié um tipo de assunto |__ —I€ pouco e nao gosta de ler Mauleitor—hébitos 49 Da geometrizagéo ou esquema, nasce o resumo, que é a complementagao da leitura trabalhada — condensagao do texto em seus elementos principais. O resumo bém claborado tem a fi- nalidade de dispensar a leitura do originale é escrito para que outras pessoas entendam. Como nas técnicas anteriores, elenca-se, abaixo, alguns passos para a elaboragado de resumos: a) ndo resumir ante de ler o texto trabalhado pela leitura, sublinha € esquema. Com isto, evitam-se repetig6es, tornando-o claro, breve e de facil entendimento. b) Servir-se das palavras sublinhadas anteriormente, dando-lhe linguagem fluente. c) Nas transcrigées literais, usar aspas e citar a fonte. d) concluir com apreciagées criticas de carater pessoal ¢ referéncia bibliogrfica. O texto acima pode ser resumido assim: Obom leitor possui e desenvolve habitos de leitura, lendo com objetivos determinados, buscando unidades de pensamento para melhor compreensao. Com isto consegue adotar varios padroes de velocidade, conforme a dificuldade do assunto. Costuma avaliar e refletir sobre o assunto lido, discutindo-o com colegas, formando sua propria maneira de pensar ¢ enriquecendo ovocabulério através de consultas ao dicion4rio, de palavras nao entendidas durante a leitura. Ao tomar um livro em suas maos, folheia-o rapidamente, verificando titulos, subtitulos, notas de rodapé, etc. para um primeiro conhecimento. Normalmente, adota critérios sobre quando interromper a leitura para retomd-la mais tarde com con- tinuidade ¢ sem perda de tempo. Aos poucos, forma sua prépria biblioteca, compondo-a com assuntos variados. Em suma, 0 bom leitor sabe e gosta de ler, fazendo disto uma atitude de vida. Em contrapartida, o mau leitor 1é por obrigagdo, sem fi- nalidade, lendo palavra por palavrae, conseqiientemente, deve reler muitas vezes o assunto para compreendé-lo. Adota sempre um ritmo vagaroso, sem avaliar 0 que lé, aceitando, sem reflexao, tudo © que 1é. Seu vocabulario € limitado, pois néo costuma dirimir dividas sobre palavras nao entendidas. Ao tomar um livro nas mdos, ndo costuma folhe4-lo para um primeiro contato. Nao possui crité- rios para interromper a leitura, perdendo tempo € a continuidade do assunto; nao discute o que lé, e, quando o faz, simplesmente repete opinides alheias. O mau leitor ndo possui biblioteca propria, 50 no gosta de Jer, por isso 1é pouco e costumciramente sobre um sé assunto. (O texto faz uma clara, breve ¢ objetiva contraposigéo sobre hAbitos de leitura do bom e do mau leitor. Texto de Délcio Vieira SALOMON, Como fazer uma monografia, p. 45-8) 4,3. Andlise de textos A aplicagao das técnicas do método de leitura trabalhada € 0 predmbulo para a interpretagdo de textos. Se h4 unanimidade, por parte dos autores, quanto a importancia e necessidade de se inter- pretar um texto, por outro lado, nao h4 consenso quanto ao modo de execut4-la. No entanto, a discord4ncia em que se encontram os autores nesta questo ndo pode servir de justificativa para a omis- sdo. As indicagées a seguir, sem a pretensdo de esgotar o assunto, pretendem trazer uma contribuigdo e auxilio ao estudante neste trabalho: a) As idéias principais, palavras-chave ¢ o proprio tema ou assunto sao levantados quando da primeira leitura de um texto, pelo trabalho de sublinha, esquema e resumo. b) Ao escrever sobre um determinado assunto ou tema, 0 autor est4 buscando a resposta a um problema, visto que sem problema nao h4 motivagdo intelectual. O pensamento, por ser discursivo, 6 expresso em forma de raciocinio. Captar o problema enunciado nesta forma discursiva é 0 que possibilita a “leitura por dentro”, ou seja, a interpretacao posterior. c) O que torna possivel captar 0 problema no decorrer da leitura é a formulagao de perguntas dirigidas ao texto. Algumas destas perguntas respondem a fungdes mentais: —O que 0 autor afirma? (Apreensao — captagao do contetido basico). — Qual o significado da afirmacao do autor? (Entendimento-— tradugao do contetido para um significado proprio), — Onde se verifica tal problema? (Aplicagdo-transposigéo da situagdo significada pelo Autor para outras similares). — Quais as partes constituintes do texto? (Andlise — diviséo do assunto, comegando do simples até atingir 0 complexo). 51 — Quais as idéias essenciais? (Sintese — reconstrugao do as- sunto, eliminando o secunda4rio ¢ mantendo o principal). — Qual o valor légico das idéias expressas? (Julgamento — emissao de jufzos de valor). — Como pensar ou agir perante o conhecimento adquirido? (Criatividade — projetar idéias e condutas novas). Como exemplo, pode-se utilizar o texto adaptado por Irineu MARTIM, da PUC-PR, de MORGAN & DEESE, em Como estudar, Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos, 1972, p. 38: AGRUPAMENTO HOMOGENEO “Plano para ajustamento das diferengas individuais quanto a aptidao mental dos alunos da mesma idade, aplicdvel em grandes colégios, é o de classificar as criangas em cada série de acordo com o OL Se os alunos forem muito numerosos, pode-se dividir cada série em trés turmas, classificando-se na turma mais alta os alunos cujos Q.I. (quociente de inteligéncia) forem de 108 para cima; na turma do meio, criangas com Q.I. de 93 até 107; e na turma mais baixa, os alunos cujos Q.I. forem de 60 a 92. Para essas trés turmas de cada série, agora mais homogéneas quanto ao Q.L,, dever4 haver curriculos diferenciados. A turma média deverd seguir 0 curso com © curriculo normal. Para a turma superior, 0 curriculo deve ser enriquecido. E para a turma inferior deve constar do minimo essen- cial e visar a objetivos académicos mais limitados”. —O que o autor afirma? — Para resolver problemas de diferen- gas individuais, dividir as séries em turmas com Q.I. diferentes, aos quais seriam aplicados programas diferenciados. — Qual o significado da afirmagao do autor? — Proposta para qualificagdo do ensino. — Onde se verifica tal problema? — Nas escolas, de modo geral, de 1° ¢ 2° graus. — Quais as partes constituintes do texto? - Agrupamentos homogéneos, aplicdveis em grandes colégios. Classificagao de tur- mas por Q.I. / Aplicagao de programas diferenciados para cada agrupamento. ~ Quais as idéias essenciais? — Diviséo de turmas por Q.1. / Aplicagdo de programas diferenciados. — Qual o valor légico das idéias expressas? — Aparentemente, seria a solugdo para o desnivel encontrado nas escolas brasileiras. 52 Mas, questionavel, considerando-se que h4 outros fatores impli- cados como causas do desnivel intelectual: fatores econdmicos, sociais, familiares. ~ Como pensar ou agir perante o conhecimento adquirido? — O agrupamento homogéneo, ao invés de solucionar, marginaliza tanto os individuos de Q.L. baixo como os de Q.I. alto. A matgina- lizagao possui carter ideolégico, nao soluciona. 53 Capitulo V PESQUISA CIENTIFICA A hist6ria humana € a historia das Iutas pelo conhecimento da natureza para interpret4-la e para dominé-la. Cada geracdo recebe um mundo interpretado por geragées anteriores, Esta histéria est4 constitufda por interpretagdes misticas, proféticas, filos6ficas, cien- tificas, enfim, por ideologias. Cada individuo que vem ao mundo ja o encontra pensado, pronto: regras morais estabelecidas, sociedade organizada, religides estruturadas, leis codificadas, classificagdes preparadas. No entanto, tal estruturagao do mundo nAo justifica a alguém se sentir dispensado de repensar este mundo, porque, caso contrério, tem-se o lugar comum, a mediocridade e, 0 que € pior, a alienagdo. “O homem no passa de um canico, o mais fraco da natureza, mas é um cani¢o pensante. Nao é preciso que o universo inteiro se arme para esmagé-lo: um vapor, uma gota d’4gua, bastam para maté-lo. Mas, mesmo que 0 universo 0 esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que quem o mata, porque sabe que morre € a vantagem que 0 universo tem sobre ele; o universo desconhece tudo isso” (Pascal - Pensamentos). O homem nao vive isolado. Vive no concreto, cercado pelas circunstancias. O ser irracional nao reage frente 4 natureza, submete-se. O ser racional coloca-se diante da natureza, assumindo uma atitude de reagao. Por sua capacidade intelectual, alia-se ao que o rodeia, cria coisas novas, lapida sua consciéncia, domina a natureza. Vivendo dentre de uma realidade que 0 condiciona, o humano se constréi. O que € aparentemente M4 negativo, traz riquezas. Por interpretar o que o rodeia, 0 que ihe Ppossibilita o crescimento, o humano manipula as circunstancias, transformando-as, adaptando-as, modificando-as em vista do seu crescimento. Assim, de produto do meio ele passa a ser 0 recriador da natureza. O ser humano no pode se dispensar do mundo em qué vive, pois precisa dele. H4 uma interdependéncia entre o homem e a natureza, assim como com os homens entre si. Mas 0 automatismo destas relagées dificulta a sua percepgdo e tomada de consciéncia. A circunstancia interpretada gera um sistema mental de idéias ou crengas dependentes de um ambiente mental (por exemplo: o am- biente rural € mais conservador; 0 urbano é mais liberal). Ao construir um esquema mental (“filosofia de vida”), e confrontado com um fato novo (qualquer acontecimento que fuja ao esquema mental), o homem € levado a rejeit4-lo ou refletir sobre ele, visando assimil4-lo. A rejeigao pura e simples gera o preconceito e o fecha- mento; a reflexdo, ao contrério, 6 o que caracteriza o espfrito cientifico — atitude pessoal de quem busca solugdes através de pesquisas com métodos apropriados, para os acontecimentos novos que tem diante de si. A pesquisa cientifica € uma investigagao metédica acerca de um assunto determinado com o objetivo de esclarecer aspectos do objeto em estudo. O que poderia diferenciar a pesquisa de um estudante e de um cientista € basicamente o seu alcance ou grau. A finalidade das pesquisas a nivel de graduagio € levar o estudante a refazer os caminhos j4 percorridos, repensando o mundo. Os métodos para este refazer os caminhos consistem basica- Mente, na: Pesquisa de campo - visa dirimir davidas, ou obter informa- g6es e conhecimentos a respeito de problemas para os quais se Pprocura resposta ou a busca de confirmag4o para hipéteses levan- tadas e, finalmente, a descoberta de relagées entre fendmenos ou os Pr6prios fatos novos e suas respectivas explicagées. Pesquisa de laboratério — é aquela em que o pesquisador procura refazer as condigdes de um fendmeno a ser estudado, para observa-lo sob controle; exige local apropriado (laborat6rio) e ins- trumentagao especial. Pesquisa bibliogréfica —- é 0 exame ou consulta de livros ou documentagao escrita que se faz sobre determinado assunto. 35 Lembrando que 0 objetivo deste trabalho é fornecer subsidios ao estudante dos primeiros perfodos do terceiro grau, e conside- rando que tanto a pesquisa de campo como a de laboratério nado podem ser efetuadas sem uma prévia fundamentagao teérica ¢ que esta é essencialmente livresca ou bibliogrdfica, dar-se-A atengao especial a ela. 5.1, Fases da pesquisa bibliogr4fica 5.11. Escotha do tema Em trabalhos académicos, € de praxe o orientador determinar o tema sobre o qual se vai trabalhar. Mesmo assim nao € empresa facil saber exatamente como comegar, visto que os campos da pesquisa sdo muito amplos, dada a alta especializagao ¢ diversifica- go do saber. a) O tema deve ser um problema sobre 0 qual se faré uma demons- tragdo ¢ de onde se extrairé uma mensagem. b) A escolha de um assunto segue alguns critérios: — Pesquisador — De nada ou de pouco adianta se propor a fazer uma pesquisa sem que esta corresponda a alguma motivagéo . de carter pessoal. Desta forma, requer-se que o tema esteja ligado a preferéncias pessoais, aptiddes e capacidade levando em conside- ragdo o tempo € os recursos materiais disponiveis. — Tema — Para o trabalho académico, a originalidade nao € pré-requisito. Mas, por outro lado, nao fica isenta a criatividade no esclarecimento do tema escolhido, trazendo uma contribuigdo, por menor que seja, pessoal ou cultural. — Fontes de assuntos — Perante as amplas diversificagOes do conhecimento humano e das miltiplas facetas que a prépria reali- dade apresenta, os assuntos poderao ser encontrados na vivéncia diaria, nas questées polémicas, na reflexio, como fruto de leituras, conversacées, debates, discussdes. 5.1.2. Delimitagdo do assunto A escolha do assunto € relativamente facil perante a etapa seguinte, sua delimitag4o. A pesquisa bibliogrdfica comega propria- mente com a dificuldade que reside na delimitagao do tema, visto que quanto maior a extensAo de um assunto, menor a sua compreen- sao. Desta forma, faz-se necessério situar o assunto, por exigéncias diddticas, em setores bem determinados do saber. Tal delimitagao inicia-se por uma prévia pesquisa explorat6ria em compéndios didaticos, enciclopédias, boletins, catdlogos bibliogréficos, fich4rios de bibliotecas, repertérios, pessoas ligadas a 4rea. A pesquisa prévia forneceré as primeiras indicagées concretas sobre a viabilidade do trabalho. O passo seguinte consiste na localizagao material da pesquisa, onde se destacam: espago — pats, estado, instituigdo sobre o qual sera feita a pesquisa; tempo — sobre que periodo histérico versard; personagens — autores que tenham especializac4o ou envolvimento com o tema; funcionamento — aspectos materias e ideolégicos que se encontram envolvidos no assunto, como, por exemplo, simbolos, contetidos, métodos, valores, sangGes, pressupostos cientificos ou filosGficos. Resta salientar a necessidade de esclarecer 0 enfoque que ser4 dado ao tema: a pesquisa ser4 sociolégica, histérica, filo- s6fica, estatistica, psicolégica, enfim, a que 4rea do conhecimento ela pertence. 5.1.3. O primeiro projeto de pesquisa Escolhido o tema e delimitado o assunto, o passo a ser dado € a elaboragao de um projeto provisério que tem por finalidade orientar toda a pesquisa e documentagao posteriores em uma tinica diregdo, evitando a dispersdo de tempo, energia e material. Elemen- tos do projeto: a) Tema b) Delimitagao ¢) Justificativa — Qual o motivo que leva o pesquisador a estudar este tema especifico e nao outro qualquer. Entra na justificativa a atualidade, importancia pessoal ou cultural, a raz4o pela qual o orientador indicou o tema. d) Objetivo geral — O que pretende o pesquisador no desenvolvi- mento do assunto, independente da justificativa. ©) Objetivos especificos — Abertura do objetivo geral em outros menores, que: constituirao possiveis capitulos no decorrer da estruturag4o do trabalho. f) Procedimentos — Além da documentacao pessoal, justificativa ¢ objetivos, consta no projeto o modo como se procederé a pesquisa: por refutagdo de hipétese, por comprovagdo de uma opinido, etc. 357 8) Cronograma — A partir do projeto provisério, o pesquisador deverd estabelecer data-limite para leitura ¢ documentagio, redagao provisoria, revisio, redacdo definitiva, aspecto datilo- grafico do trabalho e entrega. O cronograma tem por finalidade evitar acimulo de trabalho de tltima hora e desculpas. h) Bibliografia basica A titulo de exemplo, simplificadamente: Tema — Drogas Delimitagao — O indice de uso de drogas na juventude. Justificativa — Trata-se de um assunto extremamente atual, polémico e que cresce assustadoramente. Objetivo geral —- Determinar se 0 uso da droga é em virtude de vicio ou doenga. Objetivos especificos - Constatar 0 indice do aumento de consumo. — Descobrir as influéncias recebidas pelos usudrios. —Discutir as conseqiiéncias do uso de drogas no organismo. — Discutir as orientagées para combater 0 uso € os meios de coibi-lo. —Pesquisar o tratamento mais adequado. Procedimento — Discussao das hipéteses sobre a aquisigao do vicio ou doenga. Cronograma — a determinar, conforme as circunstAncias. Bibliografia bésica - a determinar, conforme as necessidades. 5.1.4. Documentagao A documentagao tem como apoio a técnica da leitura traba- Ihada. O caréter cientifico de uma pesquisa bibliogrdfica é marcado pela qualidade da documentagao que a sustenta. Constitui-se basicamente de um fichdrio, onde se fazem as anotagées e aponta- mentos que sero utilizados no decorrer da pesquisa propriamente dita. Indicagées para a montagem de um fich4rio: ‘ a) Levantamento bibliografico ~ 4 medida que se inicia uma pesquisa, todo o material que interessa passa a ser langado em fichas, porque nao se pode confiar somente na meméria. Langa- se 0 estritamente necessdrio ¢ de interesse A pesquisa. 58 b) Ordem de leitura — recomenda-se que a leitura seja iniciada por obras gerais, atuais e comentarios as fontes (Do geral e atual para 0 especifico ¢ passado). c) Tipos de fichas ~ Para cada objetivo ou assunto abre-se uma ficha especifica, que obedecer4 uma ordem numérica ou alfabética, Na ficha consta: titulo geral (tema ou 4rea de concentragao da pesquisa); titulo especifico (titulo de capitulo ou subtitulo de capitulo), c6digo de ordem de fichamento (numérica ou alfabét- ica) ¢ referéncia bibliogrfica basica, que consta de autor, titulo (sublinhado), cidade, editor, ano, paginas. Exemplo: RUIZ, Joao Alvaro, Metodologia Cientifica. Guia para eficiéncia nos estudos. Sao Paulo, Atlas, 1977, 168 p. De acordo com 0 contetido, as fichas podem ser: c.1. Obra inteira — comentario de toda obra, de modo resumido, indicando o pensamento do autor e concluindo com um comen- tario pessoal. Deve ser escrita com verbos ativos. c.2. Tipo citagao— parte da obra, capitulo ou artigo. Transcrigao fiel, deve vir entre aspas; consta o nfiimero da pdgina ao final da citagao. Nos casos de erros graficos ou ortogrAficos, a transcrigao € textual e acompanhada da expressdo sic entre parénteses (sic); asupressdo de palavras no inicio e no final deve ser indicada com reticéncias ...; a supressao de palavras no meio da citagéo deve ser indicada com reticéncias entre parénteses (...); a supressdo de par4grafo ou par4grafos indica-se com uma linha de pontos; nos casos de citagdo de citagdo, a referéncia bibliografica seré feita imediatamente apés a transcrigdo, entre parénteses. c.3. Tipo esbogo ou sumério~ apresenta as idéias principais de parte de uma obra ou de uma obra toda, de modo sintético, mas detalhado. O nimero das paginas é indicado a esquerda da ficha, c.4. Comentério ou analitica— comentarios, andlises, interpretagGes, comparagées, justificativas, criticas, ressalvas devem constar em ficha a parte. c.5 Vocabulario técnico — utilizada para separar definigies, concei- tos e termos técnicos. Geralmente, para pesquisas, utilizam-se as fichas tipo citagdo e tipo esbogo ou sumério. Quando um professor solicita ao estudante uma ficha de leitura, ele se refere as fichas tipo obra inteira e coment4rio ou analitica. Além destas observagées, convém lembrar que nao é recomendavel a utilizagao do verso da ficha, em 59 virtude do manuseio do arquivo. Outro detalhe proveitoso para a documentago em fichas é fazer constar, ao pé da ficha, a biblioteca onde se encontra a obra. EXEMPLOS DE FICHAS c. Obra inteira Metodologia cientifica Eficiéncia nos estudos RUIZ, Joao A. Metodologia Cientffica. Guia para eficiéncia nos estudos. S40 Paulo, Atlas, 1977, 168 p. Destaca a importancia do estudo e apresenta um método para a eficiéncia. Apresenta indicagdes para o bom aprovei- tamento da leitura trabalhada. Indica o modo como elaborar trabalhos de pesquisa, destacando a pesquisa bibliogr4fica em todas as suas etapas e apresenta normas técnicas para a datilo- grafia do trabalho. Na parte teérica, aborda a natureza do conhecimento, diferenciando conhecimento cientifico, filos6fico, teolégico, comum, Discute questdes relacionadas 4 verdade e certeza, espirito cientifico, método cientifico, concluindo com um estudo sobre a indugdo. Finaliza com um apéndice referente 4s normas da ABNT. Indicado para estudantes iniciantes do terceiro grau. (Biblioteca particular) c.2 Tipo citagao Metodologia cientifica Documentagio tematica SEVERINO, Anténio J. A documentac’o como método de estudo pessoal. In: Metodologia do trabalho cientifico. 3° ed. S4o Paulo, Cortez & Moraes, 1978, 237 p. “Tal documentagao € feita, portanto, seguindo-se um plano sistematico, constituido pelos temas e subtemas da 4rea ou trabalho em questao” (p. 111). “... as idéias pessoais (...) também devem ser transcritas nas fichas...”(p. 112). “A documentagao temiatica visa coletar elementos rele- vantes...” “Os elementos a serem transcritos...”(p. 111). (Biblioteca particular) 61 ¢.3. Tipo esbogo ou sumério Poder do subconsciente MURFHY, Joseph. O poder do subconsciente. 29° ed. Rio de Janeiro, Record, s.d. 262 p. 17-29 Sabendo usar corretamente o subconsciente, a pessoa viver4 melhor, com menos problemas. Quando alguém pensa em algo prejudicial antes que acontega, acaba atraindo para si situagGes ruins, 48-59 Toda frustragdo é conseqiiéncia de desejos irrealizados. Quandose fixa em obstaculos e dificuldades, o subcons- ciente reage de acordo e impede 0 préprio bem. Por isso, vigiar os pensamentos ¢ manter a mente ocupada com pensamentos positivos. 100-108 Cada pensamento aceito como verdade é enviado pelo cérebro ao seu plexo solar ¢ trazido ao mundo exterior como uma realidade. Pensamentos de cifime, medo, preocupagdo e ansiedade arrebentam e destroem nervos ¢ glandulas, trazendo doengas mentais e fisicas de toda espécie. (Biblioteca particular) 62 cA, Tipo comentério ou analitica Metodologia cientifica Eficiéncia nos estudos RUIZ, Joao A. Metodologia cientifica. Guia para eficiéncia nos estudos. Sao Paulo, Atlas, 1977, 168 p. Obra util ao estudante iniciante de terceiro grau, princi- palmente quando trata do método de estudo ¢ da leitura traba- Ihada. E de facil leitura e interpretagao. Posiciona-se favoravelmente ao empirismo ao tratar do método cientifico, nao dando a devida ateng&o As outras cor- rentes metodolégicas. (Biblioteca particular) 63 c.5. Vocabulérig técnico “Um conhecimento que inclua, em qualquer forma ou medida, uma garantia da propria validade”. (ABBAGNANO, Nicola. Diciondrio de filosofia) “£ oconhecimento certo das coisas por suas causas princi- pais”. (BRUGGER, Walter. Diciondrio de filosofia) “Conhecimento exato ¢ racional de coisa determinada”. (Melhoramentos, Diciondrio da Lingua portuguesa). 5.2. Construcao légica do texto Apés a pesquisa € a documentagio, é chegado o momento da estruturagao légica do texto, comegando pela revisdo do projeto provisério ¢ releitura da documentagao. De posse de tais elementos, ordena-se 0 projeto, agora j4 na sua fase definitiva, em capitulos, segées, itens, etc. em vista da redagdo definitiva que contém: a) Introdugao —E a primeira impressao que o leitor ter do trabalho, daf sua importdncia. A introdugdo conter4 uma visdo geral do tema desenvolvido, de tal forma que o leitor possa fazer uma prévia avaliagao do contefido. Em vista disso, apresenta os se- guintes elementos: ~Levantamento do estado geral da questo, ou seja, o que ja foi escrito a respeito. ~Relevancia ou interesse do assunto, sem apontar conclusdes. ~ Objetivos do trabalho e intengdo do autor. ~ Apresentacao das teses discutidas, dos problemas especifi- cos, dos procedimentos adotados no transcorrer da pesquisa. © ~ Evita-se: histéricos longos, apresentag&o precipitada de resultados. ~ Obviamente, pela exigéncia de seu contetido, a introdugéo € a tltima parte do trabalho a ser redigida. b) Desenvolvimento ou corpo - 0 contacto que o leitor estabelece com o autor através da sua exposic4o. E o momento em que o autor explica, ou seja, torna evidente o tema, através de classi- ficagées, definicdes e descrigées; discute o assunto, comparando ou confrontando posigées; demonstra solugGes, garantidas por uma posigao assumida por si proprio, que € o real objetivo de todo e qualquer trabalho de nivel académico. A redagao obedece, por exigéncias e necessidades légicas, ¢ nao estéticas, 4 divisio em capitulos e subdivisio em t6picos. Os titulos e subtitulos devem ser portadores de sentido, ou seja, devem expressar a idéia exata do contefido. Segredo da boa redagao do texto definitivo é a paragrafagado. Os pardgrafos expressam as partes do raciocinio, assim como 0 texto, em sua totalidade, expressa um raciocinio mais amplo. A cada idéia nova ou de reforgo abre-se pardgrafo, de onde se conclui que seu tamanho nio pode ser nem muito longo, nem muito curto. Todo e qualquer trabalho deste nivel € feito para ser enten- dido por um leitor, independentemente de seu nivel de conheci- mentos técnicos sobre o assunto. Quem escreve est4 ensinando ou introduzindo a outrem em determinado assunto ou 4rea. Com isso, a linguagem deve ser impessoal, simples, clara e objetiva. Portanto, evitam-se argumentacdes emotivas ou sentimentais, frases feitas ou “slogans”, terminologia técnica em excesso e explicagées circulares ou repetigées. c) Conclusdo - & uma decorréncia do desenvolvimento ou corpo. Como tal, deve ser breve, apresentando sinteticamente os resul- tados da pesquisa. Além disso, retoma os pontos principais levantados e desenvolvidos, incluindo o ponto de vista do autor ¢ indicando o alcance dos resultados obtidos. 65 Capitulo VI APRESENTACAO DE TRABALHOS CIENT{FICOS 6.1, Tipos de trabalhos cientificos Um trabalho ou uma pesquisa cientffica possuem normas técnicas que regulam a sua apresentagao e procedimento. A forma ~ de apresentagao € procedimento sao os fatores de discriminagao dos tipos e graus de alcance de pesquisas e trabalhos, Neste sentido, fala-se de monografia (trabalhos académicos, trabalhos de gradua- ¢40, dissertagao, tese), relatério, artigos cientificos e resenhas criti- cas. a) Monografias — Sob o titulo de monografia retine-se aqui os trabalhos que apresentam uma estrutura geral bdsica: Trabalhos académicos ~ é uma pré-monografia, 0 que quer dizer, uma pesquisa sobre um assunto determinado por uma cadeira ou disciplina, com o objetivo de complementagio, reposigao ou esclarecimento para o aluno. Trabathos de graduagdo - é a monografia propriamente dita, versando sobre um tema relacionado com 0 curso ou uma disciplina. Implica em orientagao de contetido e técnica, tendo por finalidade aconclusao de um curso. A institucionalizagac de tais monografias de final de curso visa calibrar a qualidade ¢ aproveitamento do ensino que esta ou aquela faculdade oferece. Dissertagdo — pesquisa desenvolvida a nivel de pés-graduacao, exigida como requisito para a obtengdo do grau académico de mestre. Para tal, a monografia deve revelar dominio de conheci- mentos especificos na 4rea de concentrag4o e capacidade de sintese. Tese — sua caracteristica principal € a originalidade. Também € um trabalho monografico, defendido publicamente, que dever4 trazer uma contribuigdo efetiva para o conhecimento. Requisito exigido para obtengao do grau académico de Doutor ¢ titulos universitérios de Livre-Docente e professor titular ou catedratico. b) Relatério — Ea apresentagao final de estudo, pesquisa, atividade, em que, além dos dados coletados, o autor comunica resultados, conclusées e recomendagées a respeito do assunto trabalhado. Os elementos constantes em um relatério s4o: — Apresentagao — capa e folha de rosto. — Sinopse ou abstract — pequeno resumo da natureza da pesquisa, a ser incluido entre o sumério e 0 corpo do relatério. — Sumério — relago das partes principais do relatério. —Introdug4o — inclui: objetivos, justificativas ¢ hip6teses sobre as quais se trabalhou. ~ Metodologia — inclui: abordagem (indutiva, dedutiva, dialé- tica, etc.); procedimento (corrente metodolégica — histérica, tipo- légica, funcionalista, estruturalista, etc.); técnicas utilizadas (observagao, entrevista, formulario, question4rio, etc.); universo da pesquisa (grupo, local, populacdo-alvo, etc.); amostragem (proba- bilista, aleatéria, intencional, etc.). — Embasamento teérico — teoria que sustenta 0 trabalho, levantamento de estudos j4 realizados sobre 0 assunto e definigao de conceitos. ~ Apresentagao e andlise de dados — os dados coletados sao apresentados, obedecendo-se 4 ordem das hipéteses com as quais se relaciona. — Interpretagao — a partir dos dados, evidencia-se a confirma- go ou rejeigao das hipdteses. —Conclusées - decorréncia natural da andlise ¢ interpretagdo dos dados. ~ Recomendagées e sugestes — indicagdes praticas extraidas das conclusdes. — Apéndice ~ tabelas, quadros, grdficos ilustrativos que no figuram no texto. 67 — Anexo — elementos de outra autoria que servem para es- clarecer o relatério. — Bibliografia — relago de obras e documentos consultados. c) Artigos cientificos - E um estudo de natureza cientffica de apresentagao reduzida, nao se constituindo em um livro. Consta de introdugao, desenvolvimento ¢ conclusao, conforme indica- gdes do capitulo anterior. = d) Resenha critica — Sintese critica de um livro ou artigo cientifico que expressa um juizo de valor acerca do assunto. Normalmente, € feita por pessoas ligadas a 4rea, ou com comprovada capacita- gdo, podendo ainda ser realizada por estudantes sob orientagéo do professor, como exercicio de compreensio e critica. Sua estrutura consiste em: ~ Referéncia bibliogr4fica. — Credenciais do autor. — Conhecimento — idéias principais, caracteristicas, pré-re- quisitos para o entendimento do assunto, etc. — Conclusdo do autor — onde estao e quais so as conclusdes do livro ou artigo em questao. — Quadro de referéncia do livro ou do artigo — corrente ideol6gica ou metodolégica. — Apreciagdo ~ trata-se de obra cientifica, didatica, de dival- gacdo, mérito, estilo, forma ¢ a que publico se destina. 6.2. Normas técnicas para apresentagao de trabalhos cientificos 6.2.1. Forma Geral. A apresentagao dos trabalhos cientificos é normatizada pela ABNT (Associagao Brasileira de Normas Técnicas) e consta dos seguintes elementos: a) Capa — consta de cinco (05) elementos: — Instituigao ~ Curso a que pertence a disciplina — Titulo do Trabalho — Local (cidade) — Data (més e ano) 68 b) Pagina de rosto — consta de cinco (05) elementos: — Autor ou autores - Titulo — Nota indicativa da natureza do trabalho ~ Local (cidade) ~ Data (més e ano) c) Folha de avaliagéo ~ Deve constar logo apés a folha de rosto, em folha distinta, com ou sem os termos de avaliacao. d) Distico ou dedicatéria — Distico - maxima ou pensamento relacionado com 0 con- tetido exposto, podendo também figurar no inicio das partes princi- pais do texto. — Dedicatéria ~ homenagem prestada a alguém €) Agradecimentos Como o distico e a dedicatéria, os agradecimentos sao dis- postos em folhas distintas, sem aspas, alinhadas na margem dircita. f) Sumario ou fndice —Sumério- principais divisdes do trabalho, com indicagao das respectivas paginas. — Indice — apresentagio das principais divisées, itens ¢ sub- itens de modo detalhado, das partes do trabalho, com a indicagéo das respectivas p4ginas, ligados, por linha pontilhada, ao nimero da pagina. O sumério ou indice deve figurar em folha distinta, apés a folha de rosto, de distico, dedicatéria ou agradecimentos, que nao devem constar do sumério. g) Lista de tabelas ¢ ilustragées — dever4 constar, logo apés o sumério ou indice, quando o niémero de tabelas ou ilustragdes excederem a cinco, Sua construgdo grdfica € a mesma do sumério. h) Lista de abreviaturas, siglas e simbolos. i) Introdugao ~ apresentagao geral do trabalho, conforme indica- gées do capitulo anterior. j) Corpo do trabalho 1) Concluséo m) Apéndice e anexo — Apéndice — inclusées elaboradas pelo préprio autor para esclarecer ou complementar o trabalho. —Anexo-—inclusdes de documentos ou contribuigées apresen- tados por outro autor coma finalidade de complementar 0 trabalho. n) Bibliografia — elenco final, em ordem alfabética, dos autores ou documentos consultados. o) Pagina final em branco. p) Contracapa em branco. 6.2.2. Forma Grafica. a) Formato — para trabalhos datilografados, recomenda-se o papel A-4 (210mmX297mm). Para trabalhos digitados, formato pa- drao 8 x 11 pol. (210mmX280mm). b) Margem — Superior - 3 cm ~ Inferior —3 cm —Esquerda-3 cm — Direita—2 om c) Espagamento e pardgrafo: —o texto é datilografado em espago duplo, em laudas (um s6 lado da folha) — quando possivel, utilizar tipos menores para citagdes, notas de rodapé, fonte de tabelas ¢ ilustragdes, em espago simples. — O espago entre dois paragrafos € o mesmo que entre duas linhas, ou seja, um espago duplo. — O texto deve ser distribuido de forma a evitar que 0 titulo de uma secg4o aparega no final de uma pdgina ¢ o texto da referida secgdo se encontre na pagina seguinte. —Deve-se evitar isolar palavras ou uma s6 linha de texto numa pagina. — O pardgrafo € iniciado a sete espagos, ou seja, no oitavo toque da margem esquerda. — Nao devem ser usados sinais estranhos ao texto (/, +,’), espaco em branco entre as palavras, divisao silabica errada para manter o alinhamento da margem dircita, que deve ser observada 79 tanto quanto possivel. A divisao silabica é feita com grifo endo com trago. d) Numeragao ou paginagao — A numeragio, em ardbico, é iniciada com a folha de intro- dugo, que nao leva ntimero, impressa no canto superior direito, um espaco duplo acima do texto. €) Posigao de titulos ~ Titulos nao numerados — Sumario, lista de tabelas, introdu- Gao, referéncias bibliogrficas ¢ conclusdo devem ser centrados em negrito a dois espagos duplos da margem superior. — Titulos numerados — Os capitulos do trabalho podem ser numerados ou nao. Quando nao numerados, sao centrados. Quando numerados, 0 indicativo numérico inicia 4 margem esquerda, sepa- rada do titulo por um toque. Os subtitulos sao transcritos em caixa alta, alinhados junto 4 margem esquerda. —Espagos entre titulo e texto: o mesmo que de texto, ou seja, um espago duplo. — espago entre texto ¢ titulo: dois espagos duplos. — espago entre titulo ¢ titulo sem texto: dois espagos duplos. — Subtitulos de secgdes secundérias sao transcritos em caixa alta, junto 4 margem esquerda. As demais subdivis6es até a quindria, que nao deverd ser ultrapassada, sao transcritos em caixa Alta/baixa 4 margem esquerda. f) Incisos Ou subalineas, iniciam a 14 toques da margem esquerda, em letra miniiscula, com excess4o de nomes prdprios, terminando com ponto e virgula e tendo 0 mesmo espago do texto. g) Citagao ~ Direta: transcrigao fiel da fonte de apoio que é utilizada na pesquisa. Quando é pouco extensa (até cinco linhas), é transcrita entre aspas no pardgrafo, em numeracdo crescente, por capitulos. Quando é longa, transcreve-se de modo destacado do pardgrafo a 7 (sete) toques da margem esquerda, obedecendo a margem direita. Ela é datilografada em espaco simples, a trés espagos simples dos pardgrafos anterior e posterior. Quando € citado o nome do autor, transcreve-se em ordem direta com o sobrenome em caixa alta. 11 — Indireta: refraseamento de uma idéia de outro autor, elaborada pelo redator do texto. A referéncia consta na nota de rodapé. i —Oral: proveniente de palestras, conferéncias, entrevistas, em que se cita o nome do autor. A citagao do referido autor é transcrita entre aspas, com os dados ou credenciais que o identifiquem. — Citagdo de citag4o: citagdo de um autor através de outra fonte a qual o pesquisador nao teve acesso direto. Pode ser incluida no pardgrafo, indicando a fonte no rodapé ou seguir o tipo de citagao longa. — Textos em lingua estrangeira: quando em citagao nao deverdo ser traduzidos. A tradugao, se necessdrio, serd feitaem nota de rodapé. h) Notas de rodapé Sao as referéncias que aparecem ao final das paginas. Podem ser: notas de referéncia — indicam a fonte consultada; notas explicativas — explicagdes que n4o sao inclufdas no texto, para evitar prejuizos a argumentacao. —Asnotas explicativas sic indicadas por asterisco, reiniciando em cada pagina. — As notas de referéncia sao indicadas por nimeros ardbicos, altos, em ordem crescente, continua para o mesmo capitulo. ~ As notas iniciam a dois espagos duplos do texto, datilogra- fadas em espaco simples, terminando na linha de margem inferior. Quando a citagaéo excede a margem inferior, passa-se a pagina seguinte, como nota de rodapé. Entre duas notas, observa-se um € meio espago simples. — A nota inicia na margem de par4grafo, com a respectiva chamada, sendo que as demais linhas obedecem a margem do texto. ~Evitam-se expresses latinas idem, ibidem. Para notas iguais, indica-se, na primeira citagdo, com referéncia completa. A partir da segunda, sobrenome do autor e pagina. Quando forem citadas duas ou mais obras de um mesmo autor, cita-se a obra. —As notas de referéncia, por facilidade, podem ser elencadas no final de cada capitulo com o titulo: Notas de Referéncia. i) Bibliografia: F a relagdo das fontes e documentos consultados para a elaboragéo da pesquisa, constante ao final do trabalho. — Ordem de apresentacio: € apresentada conforme a ordem alfabética dos autores. —Forma de entrada: ¢ feita pelo sobrenome do autor em caixa alta, seguido do nome, que pode ser abreviado. Nomes em espanhol ou sobrenomes compostos comegam pelo peniltimo sobrenome. Titulos honorificos ou profissionais nao fazem parte do nome. Exemplos: RUIZ, Jodo Alvaro, ou: RUIZ, J.A. GONZALES QUEVEDO, Oscar. SILVA NETO, Paulo. FRANCA, Leonel. (no livro: Pe. Leonel Franca, S.J.) — Os elementos da referéncia bibliografica sao separados entre si por ponto, seguidos de dois espacos. —A segunda linha da referéncia situa-se com pequena entrada em relagdo a primeira (embaixo da terceira letra do nome do autor). — Entre duas referéncias, usa-se dois espagos simples. Na mesma referéncia, em espago simples. —Indica-se a edigdo do documento a partir da segunda (edi- ¢40) do seguinte modo: néimero da edigo, seguido de ponto e a abreviatura ed. ~Na lista bibliogrdfica final nao se repete o nome do mesmo autor. O nome 6 substitufdo por um trago, equivalente a cinco toques. — Ordem de apresenta¢ao dos livros: Autor da publicagao. Titulo da publicagdo. Subtitulo (se hou- ver). Edigao (se for 0 caso). Local da publicagao: editor(a), ano, numero de paginas da obra. Exemplo: MENDONCA, Eduardo Prado de. O mundo precisa de filosofia. 4* ed. Rio de Janeiro: Agir, 1976. 210 p. — Obs.: Quando nao consta: data — escreve-se: s.d. (sem data) editor ~ escreve-se s.ed. (sem editor) local — escreve-se s.l. (sem local) sem indicagao do autor —escreve-se o editor no lugar do autor, com a abreviatura ed. logo apés o nome.

Вам также может понравиться