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crescimento a criança necessita entender o que esta acontecendo dentro de seu inconsciente.
Assim para superar decepções narcísicas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz
de abandonar dependências infantis; obter um sentimento de individualidade e
autovalorização a criança utiliza as narrativas dos contos infantis como um grande auxiliar.
A forma e estrutura dos contos de fadas sugerem imagens à criança com as quais elas
podem estruturar seus devaneios e com eles dar uma melhor direção à sua vida.
As figuras nos contos de fadas não são boas ou más (não são ambivalentes) ao
mesmo tempo, como somos todos na realidade, diz Bettelheim (2007). Nos contos de fadas
uma pessoa é boa ou má, sem meio-termo; um irmão é tolo, outro é esperto; uma irmã é
boa, virtuosa e trabalhadora, as outras são vis e preguiçosas, um dos pais é bondoso, outro é
todo maldade, o que leva a criança a fazer opções sobre quem quer ser, esta decisão básica
sobre a qual todo desenvolvimento ulterior da personalidade se construirá, é grandemente
facilitada pelas polarizações nos contos de fadas.
Bettelheim (2007) diz que enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece
sobre si mesma e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em
tantos níveis diferentes enriquecendo a existência das crianças. As crianças se identificam
com algum dos personagens, em outros projetam suas angustias e medos, tendo também os
contos de fadas o papel de ajudá-las a elaborar situações conflitivas.
Uma questão interessante a ser observada na relação do adulto com as crianças
pequenas quando se conta uma estória é a busca da criança pela repetição da estória. O que
remete à questão da repetição inconsciente, pois segundo a psicanálise o sujeito humano
vive continuamente dentro de um processo repetitivo de situações que ocorreram no inicio
de sua vida. Ao contar-se uma estória que a criança goste, a mesma irá pedir que se repita a
mesma estória até o momento em que a situação interna que a estória ajudava a trabalhar
esteja elaborada.
Se a psicanálise estiver certa em diferenciar as fases da sexualidade infantil, diz
Chauí (1998), pode-se observar que a repressão atua nos contos seguindo essas diferentes
fases: as crianças são punidas se muito gulosas (fase oral), se perdulárias ou avarentas (fase
anal), se muito curiosas (fase fálica ou genital). Os contos também operam com a divisão
estabelecida por Freud (APUD: Chauí, 1998) entre o principio de prazer (excesso de gula,
de avareza ou desperdício, de curiosidade) e o principio de realidade (aprender a postergar
o prazer, a discriminar condutas e afetos e a moderar os impulsos). Impulsos esses que
remetem ao sexual e agressivo.
Chauí (1998) divide os contos em duas grandes vertentes: aqueles que asseguram à
criança o retorno à casa e ao amor dos familiares, depois de aventuras em que se perdeu
tanto por necessidade quanto pos desobediência, e aqueles que lhe asseguram que é
chegada a hora de partir, que isso é desejável, bom e definitivo.
Alves e Emmel (2008) ao trabalharem com técnicas de contação de estórias com 03
(três) crianças vitimizadas observaram que pôde-se perceber que a narrativa das estórias
infantis durante as sessões operou como um eco, produzindo ações que expressam uma
realidade interna e uma realidade externa (como a punição física). Os autores dizem que “é
possível que o conto enquanto uma metáfora tenha oferecido um distanciamento seguro que
possibilitou à criança chegar até seus conflitos sem que se sentisse ameaçada, o que sugere
seu potencial terapêutico” (p. 97).
Para Vieira (2005) os contos de fadas são narrativas extremamente simples,
simbólicas e primitivas, com capacidade de transmitir experiências subjetivas complexas e
IV Seminário de Estudos Linguísticos e Literários da Fafipar
Língua, Literatura e Interfaces: outras Artes, múltiplas Linguagens
ISSN 2178-2873
Referências:
ALVES, Heliana Castro & EMMEL, Maria Luisa G. Abordagem bioecológica e narrativas
orais; Um estudo com crianças vitimizadas. Paidéia, v. 18, n. 39, 2008.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2007.
CHAUÍ, Marilena. Repressão sexual essa nossa (des)conhecida.12 ed. São Paulo:
Brasiliense, 1998.
FADIMAN, J. & FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 2002.
RADINO, Gloria. Oralidade, um estado de escritura. Psicologia em estudo, v. 6, n.2, 2001.
VIEIRA, Isabel Maria de Carvalho. O papel dos contos de fadas na construção do
imaginário infantil. In: Revista criança – do professor de educação infantil, v. 38, p. 10,
2005.
VIGOSTSKI, Liev Semionovich. Psicologia pedagógica. Porto alegre: Artmed, 2003.