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CONTEÚDO
Sócrates de Atenas
O Homem que sabia perguntar
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A IRONIA
Na linguagem cotidiana, a ironia tem um significado depreciativo, sarcástico ou de zombaria. Mas não é esse o sentido da
ironia socrática. No grego, ironia quer dizer "interrogação". De fato, Sócrates interrogava seus interlocutores sobre aquilo que
pensavam saber. O que é o bem? O que é a justiça? E a coragem? E a piedade? São exemplos de algumas perguntas feitas por ele.
No decorrer do diálogo, atacava de modo implacável as respostas de seus interlocutores. Com habilidade de raciocínio,
procurava evidenciar as contradições afirmadas, os novos problemas que surgiam a cada resposta. Seu objetivo inicial era demolir,
nos discípulos, o orgulho, a arrogância e a presunção do saber. A primeira virtude do sábio é adquirir consciência da própria
ignorância. "Sei que nada sei", dizia Sócrates.
A ironia socrática tinha um caráter purificador porque levava os discípulos a confessarem suas próprias contradições e
ignorâncias, onde antes só julgavam possuir certezas e clarividências.
Nesta fase do diálogo, a intenção fundamental de Sócrates não era propriamente destruir o conteúdo das respostas dadas
pelos interlocutores, mas fazê-los tomar consciência profunda de suas próprias respostas, das consequências que poderiam ser
tiradas de suas reflexões, muitas vezes repletas de conceitos vagos e imprecisos.
A MAIÊUTICA
Libertos do orgulho e da pretensão de que tudo sabiam, os discípulos podiam então iniciar o caminho da reconstrução de suas
próprias idéias. Novamente, Sócrates lhes propunha uma série de questões habilmente colocadas.
Nesta segunda fase do diálogo, o objetivo de Sócrates era ajudar seus discípulos a conceberem suas próprias idéias. Assim,
transportava para o campo da filosofia o exemplo de sua mãe, Fenareta, que, sendo parteira, ajudava a trazer crianças ao mundo. Por
isso, essa face do diálogo socrático, destinada à concepção de idéias, era chamada de maiêutica, termo grego que significa "arte de
trazer à luz".
UM CORRUPTOR DA JUVENTUDE?
Sócrates não dava importância à posição socioeconômica de seus discípulos. Dialogava com ricos e pobres, cidadãos e
escravos. O que importava eram as condições interiores, psicológicas de cada pessoa, pois essas condições eram indispensáveis ao
VESTIBULAR – 2009
processo de autoconhecimento.
Para a democracia ateniense, da qual não participava a maioria da população, composta de escravos, estrangeiros e
mulheres, Sócrates foi considerado subversivo. Representava uma ameaça social, na medida em que desrespeitava a ordem vigente
e dirigia suas atenções para as pessoas sem fazer distinções de classe ou posição social. Interessado tão-somente na prática da
virtude e na busca da verdade, contrariava os valores dogmáticos da sociedade ateniense. Por isso, recebeu a acusação de ser
injusto com os deuses da cidade e de corromper a juventude. No final do processo foi condenado a beber cicuta (veneno extraído de
uma planta do mesmo nome).
Diante de seus juizes Sócrates assumiu urna postura viril, altaneira, imperturbável, de quem nada teme. Permanecia
absolutamente em paz com sua própria consciência. Se alguém lhe perguntasse "Não te envergonhas, Sócrates, de ter dedicado a
vida a uma atividade pela qual te condenam à morte?", ele responderia:
“Estás enganado, se pensas que um homem de bem deve ficar pesando, ao praticar seus atos, sobre as
possibilidades de vida ou de morte. O homem de valor moral deve considerar apenas, em seus atos, se eles
são justos ou injustos, corajosos ou covardes.”
PLATÃO. Defesa de Sócrates, p. 14 (texto adaptado).
Foi assim que Sócrates procurou caracterizar sua vida: construindo uma personalidade corajosa e guiando
sua conduta pelo seu critério de justiça. Viveu conforme sua própria consciência. Morreu sem ter renunciado a seus
mais caros valores morais.
PLATÃO DE ATENAS
Das aparências ao mundo das idéias perfeitas
Nascido emAtenas, Platão (427 – 347 a.C.) pertencia a uma das mais nobres famílias atenienses.
Seu nome verdadeiro era Arístocles, mas, devido a sua constituição física, recebeu o apelido de Platão,
termo grego que significa "de ombros largos".
Platão foi discípulo de Sócrates, a quem considerava "o mais sábio e o mais justo dos
homens". Depois da morte de seu mestre, empreendeu inúmeras viagens, num período em que ampliou
seus horizontes culturais e amadureceu suas reflexões filosóficas.
Por volta de 387 a.C. retomou a Atenas, onde fundou sua própria escola filosófica, a Academia,
nos jardins construídos por seu amigo Academus. Essa escola foi uma das primeiras instituições
permanentes de ensino superior do mundo ocidental. Uma espécie de universidade pioneira dedicada à
pesquisa científica e filosófica, além de se tornar um centro de formação política.
A maior parte do pensamento platônico nos foi transmitida por intermédio da fala de Sócrates, nos
diálogos socráticos, escritos por ele mesmo, Platão. Um dos aspectos mais importantes da filosofia de
Platão é sua teoria das idéias, com a qual procura explicar como se desenvolve o conhecimento
humano. Segundo ele, o processo de conhecimento se desenvolve por meio da
passagem progressiva do mundo das so mbras e aparências para o mundo das antes que 'Os males não cessarão para os homens
a raça dos puros e "autênticos filósofos
idéias e essências. chegue ao poder.
Fora do mundo das idéias, tudo o que captamos ilusões e atingir o mundo luminoso da realidade e sabedoria.
através dos nossos sentidos possui apenas uma parte do ser Por isso, no seu livro A república, imaginou uma sociedade
ideal. O mundo sensível, portanto, é um mundo de seres ideal, governada por reis-filósofos. Seriam pessoas capazes
incompletos e imperfeitos. de atingir o mais alto conhecimento do mundo das idéias, que
A teoria das idéias de Platão representa a tentativa consiste na idéiado bem. (Leia o texto complementar A política
de conciliar as duas grandes tendências anteriores da filosofia de Platão, ao final deste capítulo