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AÇÃO AFIRMATIVA

Na Índia, na década de 40,


antes mesmo de o Presidente
americano John Kennedy utilizar a
expressão Ação afirmativa pela
primeira vez, em 1961, certas
medidas foram feitas para que as
castas denominadas inferiores
tivessem espaço no Parlamento.
ESTADOS UNIDOS

Em 1857, ao decidir o caso


Dred Scott v. Sanford (2), a Suprema
Corte Americana determinou que os
negros, como "existências inferiores
e subordinadas", não poderiam ser
considerados constitucionalmente
como cidadãos, fossem os mesmos
livres ou escravos.
O presidente Lincoln foi um dos
primeiros governantes a se
preocupar com a questão, emitindo,
em 1º de janeiro de 1863, a
Proclamação da Emancipação, na
qual libertava os escravos em todos
os Estados Confederados. Em 1866,
o Congresso estava tomado pelo
sentimento anti-escravagista dos
Republicanos Radicais, que lutavam
arduamente contra o Sul
recalcitrante às mudanças.
Após o fim da Guerra Civil:
13ª Emenda Constitucional,
ratificada em 06 de dezembro de
1865, foi definitivamente abolida a
escravidão.
Um dos mais importantes
documentos desta época foi o Civil
Rights Act de 1866, que declarava
que todas as pessoas dentro da
jurisdição dos Estados Unidos
tinham os mesmos direitos, para
contratar, expressar suas
contrariedades, ir a eventos sociais,
estar em evidência e usufruir plena
e igualmente de todas as leis e
procedimentos de segurança de
pessoas e propriedade, direitos
estes que os cidadãos brancos
desfrutavam.
14ª Emenda à Constituição, por
influência do Civil Rights Act,
aplicou-se a "Declaração de
Direitos" às ações de estado e
governo local, conferindo a todas as
pessoas nascidas nos Estados
Unidos igual proteção legal e
garantindo-lhes o devido processo
legal, antes que lhes fossem
retiradas a vida, a liberdade, ou
propriedade.
15ª Emenda garantiu a todos os
cidadãos, inclusive os outrora
escravos, o direito ao voto. Tal
emenda foi ratificada em 1870.
Todas essas mudanças na
legislação levaram ao surgimento da
"Liga Branca", na década de 1870,
que se constituía pela união dos
membros da Klu Klux Klan com os
veteranos do exército confederado,
que se organizaram numa
campanha contra negros e
Republicanos radicais.
Em 1876, o Partido
Republicano abandonou o
movimento dos direitos civis,
levando Rutherford B. Hayes à
presidência.
Lei de Jim Crow, legislação racista
que atingia principalmente os
negros, a segregação tomou conta
do cotidiano americano. Negros
foram expulsos das escolas, de
trabalhos, teatros, restaurantes,
ficando claro que as raças não
podiam "se misturar".
Em 1896, a Suprema Corte
americana, em mais um exemplo
que envergonhou a humanidade
decidiu no caso Plessy v.
Fergunson, que a segregação racial
em escola e transportes públicos
não era inconstitucional, pois estes
serviços, ainda que prestados
separadamente, não eram
desigualmente oferecidos, advindo,
daí a expressão "separados, mas
iguais".
No início do século XX, dezoito
estados do Norte e Oeste tinham
leis contra a discriminação racial.
Entretanto, a Lei Jim Crow e outras
restrições ainda tomavam conta do
Sul.

Em 1905, o Movimento Niagra,


formado por intelectuais negros,
incluindo W.E.B. Dubois, lutava por
igualdade de direitos. E, em 1909,
este movimento uniu-se aos brancos
reformadores fundando, então, uma
das mais influentes organização de
direitos civis do mundo, a National
Association for the Advancement of
Colored People (NAACP).
Em 1941, o líder do sindicato e
socialista, A. Philip Randolph,
mobilizou milhares de trabalhadores
negros para a realização da
chamada "Negro March On
Washington Movement", que tinha
com objetivo forçar o então
Presidente Franklin Roosevelt a
levar adiante as reformas de direitos
civis. O Presidente Roosevelt fez,
então, um acordo com Randolph no
sentido de que este não realizasse a
Marcha sendo, em troca, assinado o
Decreto n.º 8802, que gerou
significativas mudanças no quadro
de segregação existente.
A Suprema Corte começou a
modificar, e porque não dizer, a
humanizar suas decisões, como, por
exemplo, no caso Brown v. Board of
Education de Topeka, Kansas, em
que a Corte unanimamente votou
pela não segregação racial nas
escolas, considerando, ainda, o
"separa mas equal", expressão
usada na decisão do caso Plessy v.
Fergunson, inadmissível e contrário
a qualquer forma de direito e
igualdade, violando-se, por
conseguinte, a 14ª Emenda
Constitucional.
Marcado na história americana
como uma referência do fim da
segregação legal, apesar de os
Estados Unidos estarem vivendo
neste período um dos momentos
mais marcantes de intolerância
racial.
O Presidente John Kennedy foi
o primeiro a usar a expressão "Ação
afirmativa" ao expedir o Decreto n.º
10952, em 1961, criando a "Equal
Employment Opportunity
Commission" (EEOC) e projetos
financiados com verba federal
assegurando, assim, que os
candidatos seriam empregados, e
como tais tratados sem
discriminações raciais, de credo ou
nacionalidade.
O Presidente Kennedy tentou,
apressar o Congresso para que
votassem um Estatuto dos Direitos
Civis, para estender as
oportunidades de emprego e
educação às minorias. A fraca Ação
afirmativa proposta pelo Presidente
incluía uma aprendizagem especial
e programas de treinamento (3).
Em 1963, o povo americano e o
mundo assistiu a imagens de
racismo e violência aterrorizantes.
Em 28 de agosto deste mesmo ano,
houve a maior manifestação anti
racista: a "Marcha de Washington",
liderada por Martin Luther King Jr.,
na qual se realizou uma bonita
manifestação pela justiça racial.
Em 1964, o Congresso aprovou
a Civil Rights Act, sendo este um
conjunto de leis mais forte do que
aquele primeiro apresentado por
John Kennedy. E em 1965, o
Presidente Lyndon B. Johnson
expediu o Decreto n.º 11246, que
colocou como necessidade precípua
para a Ação afirmativa o convênio
com o Departamento do Trabalho.
Durante o governo do
Presidente republicano Richard
Nixon, foi apresentado pelo então
Secretário Assistente do Trabalho,
Arthur Fletcher (4), o Plano
Philadelphia, a mais agressiva forma
da Ação afirmativa moderna.
O Plano Philadelphia foi
incorporado pela Ordem n.º 04 do
Departamento de Trabalho, sendo
revisada em 1971, para que fossem
incluídas as mulheres assim como
os trabalhadores de qualquer
minoria.
Em 1978, a Suprema Corte
decidiu, o caso Regents of the
University of California v. Bakke, que
discutia o fato da Faculdade de
Medicina da Universidade da
Califórnia ter reservado dezesseis
das cem vagas para estudantes
pertencentes as minorias, onde suas
candidaturas eram avaliadas num
sistema em separado de admissão.
Entretanto, a Suprema Corte
decidiu, por cinco a nove, que os
direitos do vestibulando branco,
Alan Bakke ficaram violados com o
plano de Ação afirmativa desta
Universidade.
No mesmo ano, no caso United
Steelworkers v. Weber, a Corte
desfez o plano de Ação afirmativa
voluntária tratado entre uma
companhia privada e o sindicato.
Decidiu ainda a justiça americana
que o Congresso deveria excluir da
Lei (Civil Rights Act de 1964) a
possibilidade de haver tais ações
afirmativas voluntárias.
O Presidente Ronald Reagan,
eleito com a ajuda da classe média
branca, que estava preocupada com
as mudanças ocorridas no setor de
trabalho em razão das medidas de
Ação afirmativa, Reagan conseguiu
manter enorme popularidade,
apesar de fazer uma campanha
agressiva contra os direitos civis,
como, por exemplo, o corte na verba
da EEOC.
Entretanto, o Civil Rights Act foi
finalmente promulgado em 1991,
ajudando diversas vítimas da
discriminação.
Atualmente, num retrocesso
vergonhoso, a Suprema Corte
americana tem decidido
contrariamente às políticas públicas
que adotem critérios de
"favorecimento", indo de encontro
com os direitos já conquistados.
Considerações Conceituais
O ex-presidente dos Estados
Unidos, Lyndon B. Johnson (5)
descreveu muito bem o espírito da
Ação afirmativa ao sustentar:
“Este é o próximo e mais
profundo estágio da batalha dos
direitos civis. Nós procuramos não
somente por liberdade, mas por
oportunidade – não somente por
igualdade legal, mas também por
capacidade humana – não somente
por igualdade como direito e teoria,
mas por igualdade como fato e
realidade".
Há um conto que ilustra muito
bem a Ação afirmativa: Conto dos
Corredores, um amarrado e o outro
solto.
Como podemos perceber, a
ação afirmativa, chamada de
discriminação positiva pelos
europeus, não se presta apenas a
cuidar das discriminações imediatas
e sim da discriminação histórica,
introduzida e arraigada em nossa
cultura e valores.
Conforme definição do Senador
Abdias Nascimento (6), grande
defensor da causa negra em nosso
País, a ação afirmativa consiste em
"um conjunto de instrumentos
utilizado para promover a igualdade
de oportunidades no emprego, na
educação, no acesso à moradia, e
no mundo dos negócios, onde se
busca, através da prevenção,
alcançar uma sociedade inclusiva,
aberta à participação igualitária de
todos os cidadãos".
O pesquisador Sérgio Abreu
entende ação afirmativa como um
conjunto de políticas públicas que
visa compensar os negros, assim
como outras minorias em
desvantagens, pela discriminação
sofrida no passado. A ação
afirmativa objetiva, pois, diminuir as
desigualdades existentes, oriundas
dessa chamada discriminação
histórica, compensando certos
segmentos da sociedade, sem
deixar de lado o mérito de cada
indivíduo.
Visa dar efetividade às normas
constitucionais que versam sobre a
igualdade entre as pessoas, como,
por exemplo, o artigo 5º da nossa
Constituição da República de 1988,
que determina que "todos são iguais
perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à
segurança e à propriedade...".
Trata-se aqui do Princípio da
isonomia.
Manoel Gonçalves Ferreira
Filho (8) afirma magistralmente que:
"o princípio da isonomia
oferece, na sua aplicação à vida,
inúmeras e sérias dificuldades. De
fato, conduziria a inomináveis
injustiças se importasse em
tratamento igual para todos os que
se acha, em desigualdade de
situações. A justiça que reclama
tratamento igual para os iguais
pressupõe tratamento desigual dos
desiguais. Ora, a necessidade de
desigualar os homens em certos
momentos, para estabelecer, no
plano fundamental, a sua igualdade,
cria problemas delicados que nem
sempre a razão humana resolve
adequadamente".
O princípio da igualdade não
significa que todos sejam iguais,
mas sim que tenha igualdade de
oportunidades, independentemente
de suas diferenças. Como se vê a
Constituição se preocupa com a
desigualdade advinda da
discriminação e dizer que esta não
existe é uma falácia, pois ela está aí
para todos verem. Entendemos,
pois, que a natureza jurídica deste
instituto é justamente se constituir
em um instrumento de efetivação do
princípio constitucional da
igualdade.
Campo De Atuação
Conforme já esposado, a ação
afirmativa tem por escopo diminuir
as desigualdades sociais
historicamente existentes, inserindo-
se em três campos de atuação,
quais sejam:

1. No mercado de trabalho:
Neste setor, as medidas de Ação
afirmativa visam colocar as minorias
(mulheres, negros e demais setores
sociais historicamente
discriminados) dentro do mercado
de trabalho, aumentando suas
possibilidades de contratação e de
promoção.
2. Na área empresarial: aqui
esses instrumentos visam dar
oportunidade de empresas
pertencentes a estas minorias de
concorrer em igualdade de
condições com as demais empresas
para contratação com os governos
federal, estaduais e municipais.

3. Na área educacional: Neste


campo, o que se busca é dar efetiva
oportunidade para estas minorias
estudarem, visando-se,
principalmente, a chegada ao ensino
superior, predominantemente
atingido pelos setores privilegiados
da sociedade.
Na área de educação, é sabido
que somente uma pequena parcela
da população tem acesso à
educação, sendo menor ainda este
número que consegue atingir a
Universidade. A ação afirmativa visa
justamente dar oportunidade
educacional aos estudantes
qualificados.
Não se pode confundir as
medidas de ação afirmativa com
preferências ou privilégios, pois tais
instrumentos recompensam o
mérito. Isso significa que não é
qualquer um que é beneficiado
pelas medidas de compensação de
desigualdades.
Imaginemos dois estudantes
que estejam prestando vestibular.
Um oriundo de escola particular
(predominantemente freqüentada
por alunos brancos) que tira nota
sete, e outro de escola pública (em
regra, freqüentada por negros) que
obteve nota cinco. Além do ensino
notoriamente de melhor qualidade
que aquele tem acesso, há ainda as
atividades extracurriculares que
auxiliam na apreensão dos
conteúdos escolares por estes
estudantes, tais como viagens,
familiaridade com a informática,
diálogos mais profundos com a
cultura universal, e demais
facilidades que as minorias não
vivenciam. É patente a injustiça de
toda essa situação, devendo a
mesma ser remediada.
As formas de manifestação da
ação afirmativa neste campo pode
se dar por meio dos institutos que
oferecem curso pré-vestibular para
estudantes negros, como por
exemplo a experiência de Frei Davi,
na Baixada Fluminense, e o Instituto
Palmares, na Lapa; pela concessão
de bolsas de estudo preferenciais
etc.
Ação Afirmativa No Brasil
O regime escravocrata
influenciou fortemente a
estratificação social, sendo esta
situação acentuada no momento
pós-abolicionista com a chegada
dos imigrantes europeus e a
competição acirrada pelo mercado
de trabalho. Somente a partir dos
anos 30, começou a proletarização
e urbanização dos negros e dos
mulatos, havendo uma melhoria na
situação nos anos 50, em razão da
industrialização no País.
Toda essa questão histórica
perpetua até os dias de hoje a
discriminação, acarretando nas
seguintes conseqüências, conforme
Abreu (1999):
- O desenvolvimento escolar
das crianças negras e pardas é mais
lento do que entre as crianças
brancas (PNDA de 1982).
- Dois terços das crianças
negras e pardas têm um atraso de
três ou mais séries em relação às
crianças brancas, ao final do ensino
fundamental. O percentual de
crianças que chegam ao final de sua
trajetória escolar sem atraso, com
pais que têm um a três anos e
instrução, 19,5% são de brancos,
5,9% de negros e 12% de pardos.
- O baixo número de pessoas
que atinge à Universidade é o
resultado da pobre escolarização os
níveis de ensino básico. Enquanto
9,2% dos brancos concluem o curso
de nível superior, somente 1,2% de
negros e 2,1% de pardos
conseguem atingir esse grau de
escolaridade.
Importante se faz registrar que
os baixos índices de escolaridade
dos afro-brasileiros estão
associados também ao estigma
enraizado. Pesquisas de campo
realizadas pelo profº Abreu (1988),
em escolas de primeiro grau no
Município do Rio de Janeiro, revelou
que 75% dos entrevistados
responderam que os brancos detêm
qualidades aceitas socialmente,
enquanto os negros possuem
características marginalizadas pela
sociedade.
- A relação entre as
desigualdades raciais no mercado
de trabalho e na educação gera
conseqüência nos índices de
criminalidade e nos de população
carcerária.
Recente estudo feito pelo
Instituto Brasileiro de Análises
Sociais e Econômicas (Ibase),
demonstrou que no Rio de Janeiro o
perfil da maioria de crianças e
adolescentes assassinados é de
pobre, do sexo masculino, negro e
mulato, morador de bairro de baixa
renda e favelas.
A Cimeira-99, primeira reunião
entre Chefes de Estado e de
Governo da América Latina e Caribe
e da União Européia, realizada na
cidade do Rio de Janeiro nos dias
28 e 29 de junho de 1999,
estabeleceu através da Declaração
do Rio de Janeiro, os seguintes
pontos atinentes aos direitos
humanos:
1.Promover e proteger todos os
direitos humanos e liberdades
individuais, inclusive o direito ao
desenvolvimento, levando em
consideração seu caráter universal,
interdependente e indivisível,
reconhecendo que sua promoção e
proteção são responsabilidade dos
Estados e de todos os cidadãos.
(item 12, área política).
2.Fortalecer a educação para a
paz e rejeitar todas as formas de
intolerância, inclusive a xenofobia e
o racismo, em benefício da
segurança internacional e regional e
do desenvolvimento nacional, bem
como promover e proteger os
direitos dos grupos mais vulneráveis
da sociedade, em especial as
crianças, os jovens, os deficientes e
as populações deslocadas e os
trabalhadores migrantes e suas
famílias. (item 13, área política)
3.Reafirmar a total igualdade
de gênero, como parte inalienável
integral e indivisível de todos os
direitos humanos e liberdades
fundamentais, comprometendo-nos
assim a incorporar uma
perspectiva de gênero nas
políticas públicas de nossos
Governos. (item 15, área política).
4.promover e proteger os
direitos das populações indígenas,
inclusive seu direito de participar
eqüitativamente das
oportunidades e benefícios do
desenvolvimento político,
econômico e social, e deles
desfrutar, com total respeito à sua
identidade, cultura e tradições. (item
16, área política)
5.Reiterar nosso compromisso,
no tocante ao estabelecimento de
uma parceira sólida entre a América
Latina e Caribe e a União Européia,
nas esferas educacional, cultural e
humana, com base em valores
compartilhados e no
reconhecimento da importância da
educação para o alcance da
igualdade social e do progresso
científico e tecnológico.
Comprometemo-nos também a
conduzir nossas relações fundadas
nos princípios da igualdade e do
respeito à pluralidade e à
diversidade, sem distinção de
raça, religião ou gênero, preceitos
que constituem o meio ideal de
construção de uma sociedade
aberta, tolerante e abrangente, na
qual o direito do indivíduo à
liberdade e ao respeito mútuo seja
garantido pelo acesso igualitário à
capacidade produtiva, à saúde, à
educação e à proteção civil. (item
54, área cultural, educacional,
científica, tecnológica, social e
humana)
6.Promover o acesso
universal à educação e à
capacitação profissional para o
emprego como fatores
determinantes da redução das
desigualdades sociais, diminuição
da pobreza e criação de empregos
adequadamente remunerados,
garantindo uma educação básica
completa para todas as pessoas em
idade escolar, e do direito individual
de manutenção da identidade
cultural e lingüística; destacamos o
direito à própria educação,
fundamentado na responsabilidade
nacional específica de cada país de
oferecer educação adequada a
todos os seus cidadãos. (item 64).

Existem alguns casos, no


Brasil, de aplicação, mesmo que
tímida, de medidas de ação
afirmativa, como é o caso do
tratamento preferencial aos
portadores de deficiência física; a
recente reserva de 20% para
mulheres nas listas de candidatos
de todos os partidos; a famosa Lei
dos Dois Terços, que obrigava as
empresas a contratarem uma
maioria de profissionais brasileiros,
em uma época que era grande o
número de imigrantes no mercado
de trabalho e mais recentemente o
polêmico sistema de cotas adotado
para ingresso de candidatos
declarados negros em algumas
Universidades do Rio de Janeiro.
Em 26 de agosto de 2002, o
então Presidente Fernando
Henrique Cardoso edita a medida
provisória n.º 63, por meio da qual
cria o Programa Diversidade na
Universidade, tendo por fim
implementar e avaliar estratégias
para a promoção do acesso ao
ensino superior de pessoas
pertencentes a grupos socialmente
desfavorecidos, especialmente dos
afrodescendentes e dos indígenas
brasileiros. Esta medida provisória
foi prorrogada pelo ato do
presidente do Congresso Nacional,
publicado no Diário Oficial de
25/10/2002, pagina 1, coluna 2 e
transformada em Lei n.º 10558, em
13 de novembro de 2002.
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
ARTIGO 3º LEI 7853/89

Art. 3º As ações civis públicas destinadas à


proteção de interesses coletivos ou difusos das
pessoas portadoras de deficiência poderão ser
propostas pelo Ministério Público, pela União,
Estados, Municípios e Distrito Federal; por
associação constituída há mais de 1 (um) ano,
nos termos da lei civil, autarquia, empresa
pública, fundação ou sociedade de economia
mista que inclua, entre suas finalidades
institucionais, a proteção das pessoas
portadoras de deficiência.

§ 1º Para instruir a inicial, o interessado poderá


requerer às autoridades competentes as
certidões e informações que julgar necessárias.

§ 2º As certidões e informações a que se refere


o parágrafo anterior deverão ser fornecidas
dentro de 15 (quinze) dias da entrega, sob
recibo, dos respectivos requerimentos, e só
poderão se utilizadas para a instrução da ação
civil.
§ 3º Somente nos casos em que o interesse
público, devidamente justificado, impuser sigilo,
poderá ser negada certidão ou informação.
§ 4º Ocorrendo a hipótese do parágrafo
anterior, a ação poderá ser proposta
desacompanhada das certidões ou
informações negadas, cabendo ao juiz, após
apreciar os motivos do indeferimento, e, salvo
quando se tratar de razão de segurança
nacional, requisitar umas e outras; feita a
requisição, o processo correrá em segredo de
justiça, que cessará com o trânsito em julgado
da sentença.
§ 5º Fica facultado aos demais legitimados
ativos habilitarem-se como litisconsortes nas
ações propostas por qualquer deles.
6º Em caso de desistência ou abandono da
ação, qualquer dos co-legitimados pode
assumir a titularidade ativa.
PL 3627/2004

Institui Sistema Especial de Reserva de Vagas


para estudantes egressos de escolas públicas,
em especial negros e indígenas, nas
instituições públicas federais de educação
superior e dá outras providências.

PROJETO DE LEI 3627/2004

(Poder Executivo)

Institui Sistema Especial de Reserva de Vagas


para estudantes egressos de
escolas públicas, em especial negros e
indígenas, nas instituições públicas
federais de educação superior e dá outras
providências.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:


Art. 1º As instituições públicas federais de
educação superior reservarão, em cada
concurso de seleção para ingresso nos cursos
de graduação, no mínimo, cinqüenta por cento
de suas vagas para estudantes que
tenham cursado integralmente o ensino médio
em escolas públicas.

Art. 2º Em cada instituição de educação


superior, as vagas de que trata o art. 1o serão
preenchidas por uma proporção mínima de
autodeclarados negros e indígenas igual à
proporção de pretos, pardos e
indígenas na população da unidade da
Federação onde está instalada a
instituição, segundo o último censo da
Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE.

Parágrafo único. No caso de não-


preenchimento das vagas segundo os critérios
do caput, as remanescentes deverão ser
completadas por estudantes que tenham
cursado integralmente o ensino médio em
escolas públicas.

Art. 3º O Ministério da Educação e a Secretaria

Especial de Políticas de Promoção da


Igualdade Racial da Presidência da
República serão responsáveis pelo
acompanhamento e avaliação do sistema de
que trata esta Lei, ouvida a Fundação Nacional
do Índio - FUNAI.

Art. 4º As instituições de que trata o art. 1º


terão o prazo de duzentos e quarenta dias para
se adaptarem ao disposto nesta Lei.

Art. 5º O Poder Executivo promoverá, no prazo


de dez anos, a contar da publicação desta Lei,
a revisão do sistema especial para o
acesso de estudantes negros, pardos e
indígenas, bem como daqueles que tenham
cursado integralmente o ensino médio em
escolas públicas, nas instituições de
educação superior.

Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua


publicação.

Brasília,

E.M. Nº 025

Brasília, 28 DE ABRIL DE 2004.

Excelentíssimo Senhor Presidente da


República,
Desde 1967 o Brasil é signatário da Convenção

Internacional Sobre a Eliminação de todas as


Formas de Discriminação Racial da
Organização das Nações Unidas. Nesta
importante Convenção o Estado brasileiro
comprometeu-se a aplicar as ações afirmativas
como forma de promoção da
igualdade para inclusão de grupos étnicos
historicamente excluídos no processo
de desenvolvimento social.

Estudos recentes de fontes abalizadas


apontam que no Brasil a evolução da
distribuição de riquezas e de oportunidades
não é neutra, cristalizando-se diferenças entre
as etnias que compõem a diversidade
característica da população brasileira, sendo
fato que a população negra e os
povos indígenas foram e ainda são
sistematicamente desfavorecidos ao longo de
toda experiência republicana.
Somente no final do século passado, o Estado
brasileiro passou a se preocupar com os efeitos
do chamado racismo estruturante no perfil
social e buscar mecanismos que dessem
efetividade aos compromissos assumidos
perante a comunidade internacional há quase
quarenta anos. Esse atraso de
décadas por si é suficiente para justificar a
iniciativa de políticas de ações
afirmativas no âmbito da educação, como as
consignadas no presente Projeto de
Lei.
O critério de menor poder aquisitivo indicado
indiretamente pela permanência no sistema
público de ensino é também
subsidiário para hipótese das cotas para
negros e membros das comunidades
indígenas não serem preenchidas por
insuficiências circunstanciais.

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