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SACARIFICAÇÃO DA BIOMASSA
LIGNOCELULÓSICA ATRAVÉS DE PRÉ-HIDRÓLISE
ÁCIDA SEGUIDA POR HIDRÓLISE ENZIMÁTICA:
UMA ESTRATÉGIA DE “DESCONSTRUÇÃO” DA
FIBRA VEGETAL
RESUMO
Larissa Canilha,
Adriane M. F. Milagres,
A presente revisão procura abordar, de forma objetiva, os principais aspectos en- Silvio S. Silva,
volvidos na sacarificação da biomassa lignocelulósica por meio de pré-hidrólise João B. Almeida e Silva,
Maria G. A. Felipe,
ácida da hemicelulose seguida por hidrólise enzimática da celulose. Esta estratégia George J. M. Rocha,
de “desconstrução” da fibra vegetal é amplamente reportada na literatura científica André Ferraz e
e apresenta potencial para aplicação em escala industrial na produção de diversos Walter Carvalho*
produtos a partir de materiais lenhosos como o bagaço de cana-de-açúcar. Universidade de São Paulo,
Escola de Engenharia de Lorena,
Palavras-chave: materiais lignocelulósicos, pré-tratamento com ácido diluído, hi- Departamento de Biotecnologia
INTRODUÇÃO
A autossuficiência energética é tida como pré-requi- uso do etanol, produzido a partir do caldo da cana-de-
sito fundamental para a segurança de uma nação. Por açúcar, como combustível veicular. O desenvolvimento
exemplo, a crise do petróleo deflagrada na década de tecnológico gerado dentro deste programa alçou o país
70 acarretou em prejuízos marcantes à economia glo- a uma posição de destaque no cenário mundial.
bal devido à vaidade e onipotência dos dirigentes de Pode-se dizer que a queda do preço do petróleo na
nações produtoras de petróleo localizadas no Orien- década de 80 desestimulou fortemente o desenvolvi-
te Médio. Desde então, diversas nações situadas em mento de processos industriais baseados na utilização
todos os continentes do globo deram início a progra- de matérias-primas renováveis para a produção de bens
mas de pesquisa e desenvolvimento com o objetivo de de consumo. Assim, embora sejam notórios os avanços
se tornarem autossuficientes em termos energéticos. conseguidos pelo Brasil na produção de etanol a partir
No Brasil, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), do caldo de cana-de-açúcar (etanol de primeira gera-
instituído pelo Governo Federal em 1975, fomentou o ção), pouco se investiu no desenvolvimento de tecnolo-
conforme ilustrado na Figura 1, a íntima associação en- dos para solubilizar a hemicelulose e/ou a lignina e, assim,
tre as três frações principais (celulose, hemicelulose e aumentar a porosidade da matriz (13,14). Pré-tratamentos
lignina) é tal que impõe dificuldades para a recuperação puramente físicos também podem ser utilizados para au-
dos açúcares constituintes na forma de monômeros mentar a reatividade do material pré-tratado frente às enzi-
com elevado grau de pureza (8). mas hidrolíticas. Por exemplo, a redução da granulometria
do material de partida por moagem (cominuição), embo-
CONVERSÃO DA BIOMASSA LIGNOCELULÓSICA ra altamente desfavorável do ponto de vista de consumo
EM AÇÚCARES FERMENTESCÍVEIS energético, aumenta a área superficial disponível e diminui
a cristalinidade da celulose, favorecendo a sacarificação
Diversas estratégias para a conversão de materiais enzimática (15). Pré-tratamentos biológicos, com fungos e
lignocelulósicos em açúcares fermentescíveis têm sido bactérias que promovem a degradação seletiva da lignina
demonstradas em escala laboratorial e piloto. O con- e/ou da hemicelulose, representam outra opção, entretan-
ceito geral envolve pré-tratar a matéria bruta para, en- to as velocidades de biodegradação são lentas (16).
tão, submetê-la à hidrólise enzimática (9). Pré-tratamentos que combinam princípios físicos e
Embora o pré-tratamento possa ser conduzido por químicos representam as melhores opções para fracio-
princípios bastante variados, tem por finalidades alterar nar a biomassa lignocelulósica (17), sendo que o pré-
ou remover a hemicelulose e/ou a lignina, aumentar a tratamento adequado deveria idealmente: 1) maximizar
área superficial e diminuir o grau de polimerização e a a digestibilidade enzimática, 2) minimizar a perda de
cristalinidade da celulose, o que acarreta em aumento açúcares, 3) otimizar a produção de subprodutos (ligni-
na digestibilidade enzimática e, consequentemente, no na, por exemplo), 4) não requerer a adição de reagentes
rendimento em açúcares fermentescíveis (10-12). que venham a inibir as enzimas hidrolíticas e os micror-
Para que a sacarificação enzimática da celulose seja ganismos fermentativos, 5) minimizar o uso de energia,
eficiente, é necessário que as enzimas consigam “chegar” reagentes e equipamentos, e 6) permitir a transposição
até ela. Entretanto, a parede da célula vegetal é imperme- para escala industrial (18).
ável a grandes moléculas, incluindo proteínas como as ce- Dentre os diferentes métodos de pré-tratamento, a
lulases. Para superar esta barreira, reagentes que incluem hidrólise dos açúcares presentes na fração hemiceluló-
(mas não se restringem a) ácidos e bases devem ser utiliza- sica de materiais lignocelulósicos com ácidos diluídos,
Parede celular
Microfibrila
Lignina
Fibrila elementar
Celulose
Glicose
Lignina
Celulose
Pré-tratamento
Hemicelulose
Figura 2. Alterações estruturais na microfibrila celulósica determinadas pelo pré-tratamento com ácido diluído, seguidas pela hidrólise enzimática
da celulose (Adaptado da referência 55)
glucuronidases (EC 3.2.1.139), acetil xilana esterases Do ponto de vista de utilização dos hidrolisados
(EC 3.1.1.72) e feruloil esterases (EC 3.1.1.73) (28,29). enzimáticos como substratos em processos fermenta-
A maior parte das enzimas envolvidas na hidrólise tivos, pode-se afirmar que o uso de hidrolisados com
de carboidratos são proteínas modulares, constituídas elevadas concentrações de açúcares fermentescíveis
por um módulo catalítico e por um módulo de ligação permite a obtenção de caldos fermentados com altas
a carboidratos (MLC). A função do MLC é promover o concentrações de produto, o que reduz os custos de
contato íntimo entre o substrato e o módulo catalítico da separação e purificação. Entretanto, a condução da
enzima, assegurando a orientação correta entre ambos hidrólise enzimática na presença de elevadas concen-
(30-32). Entretanto, quando o substrato é um material trações de substrato (celulose) apresenta duas grandes
lignificado, a lignina pode promover intensa adsorção limitações:
inespecífica das enzimas utilizadas para a hidrólise da • Concentrações de glucose relativamente baixas
celulose e/ou da hemicelulose. A fração de celulases e (1-14 mM) acarretam em inibição das β-glucosidases,
hemicelulases tornadas improdutivas devido a esta ad- levando ao acúmulo de celobiose no meio reacional.
sorção pode chegar a 70% do total adicionado (33-34). A celobiose, por sua vez, é um potente inibidor das
Isto inclusive impede a reciclagem das enzimas, uma celobiohidrolases, resultando em limitações severas
estratégia que tem um grande impacto na viabilidade na hidrólise da celulose (43-46). Para superar esta li-
econômica do processo (35-38). Para superar esta li- mitação, a sacarificação enzimática (da celulose em
mitação, outras proteínas (albumina, por exemplo), glucose) e a fermentação (da glucose em etanol) de-
surfactantes não iônicos (Tween 20, por exemplo) ou vem ser processadas simultaneamente (SFS) de for-
polímeros (polietilenoglicol, por exemplo) têm sido adi- ma a evitar o acúmulo de glucose no meio (47,48).
cionados à mistura reacional com a finalidade de mini- A utilização de concentrações de substrato (celulose)
mizar adsorções indesejáveis (39-41). Pré-tratamentos superiores a 15 % acarreta em viscosidade excessiva, di-
direcionados à solubilização da lignina com reagentes ficultando a mistura (homogeneização) e aumentando o
apropriados (NaOH, por exemplo) também têm sido consumo de energia (49,50). Para contornar este proble-
propostos. Além de minimizar a adsorção improdutiva ma, a SFS deve ser operada em modo batelada alimenta-
das enzimas, estes pré-tratamentos geralmente acarre- da. Inicia-se a hidrólise com uma concentração de subs-
tam em aumento na acessibilidade à celulose (42). trato inferior a 10 % e, na medida em que há liquefação da
5 6
Lignina
Celulose
4 3 Hemicelulose
Celobiohidrolase
Endoglucanase
Celobiose 1
Celobiohidrolase
β-glicosidase
Glicose
Figura 3. Visão simplificada dos principais mecanismos que limitam a hidrólise enzimática da celulose: 1) Inibição da β-glicosidase e da
celobiohidrolase pelos produtos (glucose e celobiose, respectivamente); 2) Adsorção improdutiva da celobiohidrolase à celulose; 3) Obstrução
do acesso das celulases à celulose pela hemicelulose; 4) Obstrução do acesso das celulases à celulose pela lignina; 5) Adsorção inespecífica
das enzimas à lignina; 6) Perda da atividade enzimática (Adaptado da referência 9).
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análises comparativas. Através de análises estatísticas obtiveram-se valores de repe- Química (DEQUI), Escola
tibilidade e reprodutibilidade de 3,75% e 9,01% e de 3,56% e 8,55%, para DQO com de Engenharia de Lorena /
Universidade de São Paulo
baixo e alto teores, respectivamente.
*Autor para correspondência
Palavras-chave: efluente lácteo, demanda química de oxigênio (DQO), teste-t pa- Rod. Washington Luís, Km 235
Caixa Postal 676
reado, Lei de Beer-Lambert, equivalência química CEP: 13565-905
São Carlos. SP
Fone: (16) 3351-8058
SUMMARY
E-mail: r.f.s.salazar@gmail.com
The chemical oxygen demand (COD) is widely used as a surrogated measure for carbon
bioavailability. COD is defined as the equivalent amount of oxygen consumed in the
chemical oxidation of organic materials by a strong oxidant. Recent researches on COD
related some interferences and synergisms influencing the response of COD, but few
things are discussed about the expiration, calibration and “work band” of the methods
applied. In this work, optimization of colorimeter methodologies for COD determination
in two work bands with the use of a comparative analysis was related. Through expe-
rimental and statistical analysis, a linear limit of the two work bands was obtained as
follows: from 0 to 200 mg L-1 and 200 – 2000 mg L-1 for COD “low level” and “high level”,
respectively. And the efficiency of these methods (statistical analysis of repeatability and
reproducibility) was reported as 3,75% and 9,01% for COD “high level”, and 3,56% and
8,55% for COD “low level”, accordingly.
Keywords: dairy effluent, chemical oxygen demand (COD), test-t paired, Beer-
Lambert’s Law, chemical equivalence
INTRODUÇÃO
A demanda química de oxigênio (DQO) é um parâme- triais. A DQO é definida como a quantidade equivalente
tro indispensável e exigido nos estudos de caracterização de O2 consumido na oxidação química da matéria orgâ-
físico-química de esgotos sanitários e de efluentes indus- nica por fortes oxidantes. Dentre os métodos otimizados
Alguns cuidados foram necessários para este pro- Através do espectro de varredura da Figura 1, para
cedimento: o íon Cr3+ (dicromato reduzido), foi possível selecionar
1) a adição dos reagentes foi feita em ordem decres- o comprimento de onda com melhor absorbância para
cente até a adição final da amostra do efluente; esta espécie de coloração verde.
2) homogeneizaram-se bem os tubos digestores an- Observa-se que o λ de 620 nm possui uma boa sen-
tes e durante a digestão; sibilidade (ξ = 27,8 L mol-1 cm-1), sendo este compri-
3) quando necessário, manteve-se os tubos guarda- mento de onda selecionado para as medidas espectro-
dos em lugar adequados e protegidos de luz devido fotométricas de DQO de alto teor.
à fotossensibilidade do dicromato de potássio.
Para verificar a eficiência do método aplicou-se o tes- Concentração de KBH (mg Concentração de O2 a ser
L-1) contida nos frascos expressa (mg L-1)
te-t pareado. Esta análise permitiu verificar a repetibilidade
e reprodutibilidade do método, empregando-se diferentes DQO DQO DQO DQO
(Alto Teor) (Baixo Teor) (Alto Teor) (Baixo Teor)
analistas. Verificou se a ferramenta estatística adotada é
robusta à influência do ruído (variáveis aleatórias), e se ten- 0,0 0,0 0,0 0,0
de à normalidade (8). O desvio padrão adotado foi de 0,2 125,0 12,5 156,60 15,66
e a largura da especificação adotada foi de 0,5, ou seja, 250,0 25,0 313,10 31,31
com confiança de 95%. Os cálculos foram efetuados em 375,0 37,5 469,70 46,97
Planilha Excell (Pacote Office, 2003). 500,0 50,0 626,20 62,62
625,0 62,5 782,80 78,28
RESULTADOS E DISCUSSÃO
750,0 75,0 939,30 93,93
pontos, a partir de diluições da solução padrão de bif-
talato de potássio a 2000 mg L-1 e 850 mg L-1, respec-
tivamente. A Tabela 2 contém os valores empregados
para a elaboração das curvas analíticas.
Após a digestão e análise espectrofotométrica,
construíram-se os gráficos com as médias das replica-
tas dos valores de absorbância, cujos perfis são mos-
&RPSULPHQWRGHRQGDQP trados nas Figuras 3 e 4.
O comportamento descendente para DQO baixo teor
Figura 1. Espectro de absorção do íon Cr3+ empregando-se
biftalato de potássio (2000 mg L-1) como amostra
e ascendente para DQO alto teor eram previstos, pois
quando o método espectrofotométrico para DQO baixo
teor é usado, a quantidade de íon dicromato restante é
O mesmo procedimento foi realizado para plotar o
espectro de varredura do Cr6+ (DQO baixo teor). Através
do espectro de varredura da Figura 2, para o Cr6+ (íon
dicromato), foi possível selecionar o comprimento de
onda com a melhor absorbância para esta espécie de
coloração laranja.
$EVRUEkQFLDV
$EVRUEkQFLD
&RPSULPHQWRGHRQGDQP
&RQFHQWUDomRGHR[LJrQLRHVWLPDGDPJ/
Figura 2. Espectro de absorção do íon Cr6+ empregando-se Figura 4. Perfil entre os valores de DQO para alto teor com a média
biftalato de potássio (850 mg L-1) como amostra das replicatas (n=4), para determinação da faixa de linearidade
QH
. &U 2
QH 2
(2)
$EVRUEkQFLDV
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2 \ [
5
Em que:
nex: número de equivalente (eq);
N: normalidade das soluções de K2Cr2O7 utilizadas
&RQFHQWUDomRGHR[LJrQLRHVWLPDGDPJ/
(eq L-1);
V: volume de K2Cr2O7 pipetado nos frascos (L); Figura 5. Curva analítica para alto teor de DQO,
E: equivalente grama (EO2 = 8) (eq-g); compreendido entre 0 a 2000 mg L-1 de O2
Otimização e Validação das metodologias de Tabela 3. Análise de Variância dos resultados das curvas analíticas de
DQO alto teor
DQO alto e baixo teor – teste-t pareado
FV1 Gl2 SQ3 MQ4 F5 P6
Para validar os métodos de análise para DQO alto e Amostra 9 0,730812 0,081201 1786,716 0,000
baixo teores, fez-se um estudo estatístico empregan- Analista 1 2,25E-07 2,25E-07 0,004951 0,945
do-se análise de variância (ANOVA) e teste-t pareado. Interação 9 0,000409 4,54E-05 0,895953 0,546
Avaliou-se a robustez da metodologia de determinação Repet. 20 0,001015 5,07E-05
de DQO com dois analistas e duas medidas por analis- Total 39 0,732235
ta para 10 valores de concentração pré-determinados, 1
fatores variáveis; graus de liberdade; 3soma dos quadrática; 4média
2
num total de 40 medidas. O desvio padrão do processo quadrática; 5Fator F; 6grau de confiança
foi de 0,2 e a largura da especificação adotada foi de
0,5 (o mesmo que 95% de confiança).
Validação da metodologia para Tabela 4. Resultados da Análise de Medição (teste-t pareado) dos
dados das curvas analíticas de DQO alto teor
DQO alto teor (200 a 2000 mg L-1)
Var % Desvio
Aplicando-se a técnicas de análise de medição por RR total 0,000051 0,249389 0,007122
variável cruzada sobre os resultados das determina- Repetibilidade 0,000051 0,249389 0,007122
ções de DQO alto teor, obtém-se os resultados apre- Reprodutibilidade 0,000000 0,000000 0,000000
sentados nas tabelas 3 e 4. Operador 0,000000 0,000000 0,000000
A partir da análise de variância dos resultados ob- Interação 0,000000 0,000000 0,000000
tidos (Tabelas 3 e 4) pode-se observar que a maior Amostra 0,02029 99,750611 0,142439
variância foi em relação a amostra (padrões), prova-
Total 0,020340 100,00 0,142617
velmente devido as diversas etapas de preparação
intrínsecas ao procedimento experimental (± 99,75%),
provavelmente sendo às várias medidas com volumes
pequenos e diferentes o fator que veio a influenciar
Tabela 5. Análise de Variância dos resultados das curvas
mais sobre os resultados. Em contrapartida, observa- analíticas de DQO baixo teor
se a repetibilidade dos resultados, com um percentual
FV Gl SQ MQ F P
de aproximadamente 0,25%, mostrando significativa
precisão do método, pois este resultado diz respeito ao Amostra 9 0,458881 0,050987 958,37208 0,000
controle sob os erros sistemáticos e minimização sob Analista 1 0,000035 0,000035 0,65827 0,438
os erros aleatórios. Em função destas análises, obteve- Interação 9 0,000479 0,000053 0,94412 0,530
se um percentual de repetibilidade de 3,56% e repro- Repet. 10 0,000564 0,000056
dutibilidade de 8,55% para esta metodologia, valores Total 29 0,459958
considerados satisfatórios analiticamente. 1
fatores variáveis; graus de liberdade; 3soma quadrática; 4média
2
Determinação da DQO em
amostra real (efluente lácteo)
R efer ê ncias
Ao analisar algumas amostras de efluente lácteo,
amostrado do decantador da estação de tratamento de
1. APHA, AWWA, WEF. Standard Methods for the Examination
efluentes, obtiveram-se valores de DQO em torno de of Water and Wastewater. 19ch Edition. American Public Health
7207,5 ± 603,5 mg L-1 (n = 6). Segundo laudos desta Association, Washington, DC, 1998 (CD-ROM).
2. HU, Z.; GRASSO, D. WATER ANALYSIS / Chemical
mesma unidade, a demanda química de oxigênio do Oxygen Demand. In: p. P. WORSFOLD & C. POOLE (eds).
efluente que sai da linha de produção e, então, sofre di- Encyclopedia of Analytical Science second edition, 7, Elsevier
Academic Press, p. 325 – 330, 2005.
luição antes de ser lançado no decantador possui uma 3. PIVELI, R.P.; MORITA, D.M. Caracterização de Águas
DQO compreendida entre 6000 a 8000 mg L-1 (no de- Residuárias / Oxigênio Dissolvido e Medidas de Matéria
cantador), por batelada produzida de leite pasteurizado Orgânica. 1996, 52p. (apostila).
4. AQUINO, S.F.; SILVA, S.Q.; CHERNICHARO, C.A.L.
e/ou outros produtos lácteos. Considerações práticas sobre o teste de demanda química
de oxigênio (DQO) aplicado a análise de efluentes anaeróbios
(nota técnica). Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 11, p. 295 –
CONCLUSÕES 304, 2006.
5. FERREIRA, M.M.C.; ANTUNES, A.M.; MELGO, M.S.; VOLPE,
P.L. O. Quimiometria I: calibração multivariada, um tutorial.
O efluente lácteo apresenta matriz altamente interfe- Química Nova, n. 5, v. 22, 1999.
rente sobre o sinal de resposta da DQO, podendo acar- 6. HOPKE, P.K. The evolution of chemometrics (Review).
Analytical Chimica Acta, n. 500, p. 365-377. Jul. 2003.
retar em valores superestimados. Em função deste fato 7. CHRISTIAN, G.D. Analytical Chemistry fifth edition. New York,
torna-se necessário o emprego de ferramentas para a Wiley & Sons, INC. 1994
análise e correta interpretação dos dados obtidos nes- 8. BARROS NETO, B.; SCARMINIO, I.S.; BRUNS, R.E. Como
Fazer Experimentos/ Pesquisa e desenvolvimento na ciência e
te. A partir das análises estatísticas baseadas em teste-t na indústria. Campinas: Ed.: Unicamp, 2003.
pareado pode-se validar e otimizar a metodologia pro- 9. FARIA, E.A.; RODRIGUES, I.C.; BORGES, R.V. Estudo do
impacto ambiental gerado nos corpos d’água pelo efluente
posta para determinação de DQO em efluente lácteo. da indústria de laticínio em Minas Gerais. Monografia para
A partir dos mecanismos fundamentais de oxidação Especialização em Engenharia Sanitária e Meio Ambiente,
Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais,
de matéria orgânica nas condições adotadas e de cál- Belo Horizonte, Brasil: 74 p, 2004.
culos de equivalência química pode-se verificar a rela- 10. MENDES, A.A.; PEREIRA, E.B.; CASTRO, H.F. Biodegradação
de Águas Residuárias do Laticínios Provenientemente Tratadas
ção e influência da concentração e volume utilizados da por Lipases. Brazilian Journal of Food Technology, v. 9, n. 2, p.
solução de K2Cr2O7 e volume de amostra adotados sob 143-149, 2006.
o limite superior no qual a curva de calibração tende a 11. SALAZAR, R.F.S.; CARROCCI, J.S.; ANDRADE, T.K.;
MARCIEL, R.F.; BRANDÃO, J.J.; GUIMARÃES, O.L.;
ser linear conforme prediz a Lei de Beer. IZÁRIO FILHO, H.J. Validação do método fenantrolina para
Para as condições adotadas pode-se estabelecer determinação de íon ferroso em efluente lácteo por análise
comparativa. Em: VIII ENCONTRO LATINO AMERICANO DE
as faixas de detecção ideais para a determinação de PÓS GRADUAÇÃO. 2008. Anais, São José dos Campos, SP,
DQO(baixo teor) entre 0 – 200 mg L-1 de O2; e para DQO(alto 2008 (CD-ROM)
teor)
entre 200 – 2000 mg L-1 de O2. Quanto a utilização da
RESUMO
Alexandre G.S. Prado*,
Igor C. Pescara,
Foi desenvolvido um sistema de baixo custo para obter microesferas de quitosana. Rômulo D.A. Albuquerque,
As microesferas obtidas por este sistema apresentou altas m. A microesferas mor- Fernando N. Honorato e
Claudio Magalhães de Almeida¹
fologia homogênea com diâmetro médio de 183µm superfície total de quitosana foi
de 4,2 m2g-1, o que aumenta para 14,1 m2g-1 para microesferas de quitosana. QuiCSI Team, Instituto de
Química, Universidade de Brasília
Palavras-chave: quitosana, microesferas, sistema de baixo custo ¹Depto. de Biologia, UnUCET,
Universidade Estadual de Goiás
SUMMARY
*Autor para correspondência
Caixa Postal 4478
A low-cost system to obtain microspheres of chitosan was developed. The micros- CEP: 70904-970
Brasília. DF
pheres obtained by this system presented high homogeneous spheres morphology E-mail: agspradus@gmail.com
with medium diameter of 183µm. The surface area of chitosan was 4.2 m2g-1, which
increases to 14.1 m2g-1 for chitosan microspheres.
INTRODUÇÃO
Em 1811, Henri Braconnot isolou uma substância é obtida pelo processo de desacetilação do polímero
presente em fungos e logo percebeu que se tratava primário, via tratamento alcalino ou via hidrólise enzi-
de um material diferente daquele encontrado nas ma- mática. Em 1859, C. Rouget foi o primeiro cientista a
deiras (celulose). Em 1823, A. Odier observou que as relatar sobre este polímero (1-2).
carapaças dos insetos continham uma substância inso- Diferentemente da quitina, a quitosana não é tão
lúvel, a qual acreditou ser a matéria-prima básica para abundante na natureza, sendo encontrada em alguns
a formação do exoesqueleto de todos os insetos, e a microrganismos. Desta forma, a quitosana é obtida em
denominou “quitina”, que em grego significa cobertura, maior escala via desacetilação da quitina, ainda assim
túnica ou envelope. Porém, apenas em 1843, Anselme sendo considerada um biopolímero natural (1,2).
Payen detectou a presença de nitrogênio na estrutura Ao contrário da quitina, a quitosana é solúvel em
da quitina (1,2). muitos ácidos orgânicos diluídos, mas também é in-
A quitina é o segundo biopolímero mais abundante solúvel em solventes orgânicos e em soluções ácidas
na natureza, sendo sintetizada por um grande número com pH maiores que 6,5. A solubilização da quitosana
de organismos vivos, ficando atrás somente da celulo- ocorre devido à protonação do grupo amina (1,4).
se. Este material ocorre naturalmente em formas crista- A matéria-prima mais barata para a produção da
linas e é o componente majoritário do exoesqueleto dos quitina e quitosana tem sido os rejeitos de crustáce-
artrópodes, presente também nas paredes celulares de os, entre eles os caranguejos, camarões e lagosta (1,4).
alguns vegetais. Para alguns seres vivos, a quitina é Atualmente, o Brasil gera uma grande quantidade de
sintetizada em locais onde é necessário algum reforço rejeitos de frutos do mar, o que potencializa o país a
estrutural (1,3). se tornar um grande produtor de quitina e quitosana ao
Alguns derivados da quitina são obtidos por meio de reaproveitar este tipo de refugo. Algumas vantagens da
transformações simples, sendo a quitosana o derivado quitina e da quitosana é que são biopolímeros extraí-
mais estudado. Ela é o principal derivado da quitina, e dos de rejeitos industriais, possuem fontes renováveis,
b
c
Figura 2. Esquema do sistema de obtenção das microesferas contendo uma bomba de aquário (a), um compressor de ar (b), um sistema de
gotejamento (c) e a solução de coagulação (d)
$ %
Figura 4. Detalhamento dos materiais usados no sistema de
obtenção das microesferas, no qual a bomba de aquário ficou
imersa na solução de quitosana (a), e o sistema de gotejamento (b)
&
J
9ROXPHDGVRUYLGRFP
%
$
3UHVVmR5HODWLYD33R
Figura 6. Isotermas de adsorção-dessorção de nitrogênio para as amostras: quitosana (A),
microesferas de quitosana reticulada (B) e microesferas de quitosana (C)
1. ROBERTS, G.A.F.; Mc Millan Press Ltd: London, Chitin 11. FARIA, E.A.; PRADO, A.G.S. Kinetic studies of the
Chemistry, 6: 281, 1992. thermal degradation of cellulose acetate/niobium
2. CAMPANA-FILHO, S.P.; BRITTO, D.; CURTI, E.; ABREU, F.R; and chitosan/niobium composites. React. Func. Polym.,
CARDOSO, M.B.; BATTISTI, M.V.; GOY, R. C.; SIGNINI, R.; 67: 655, 2007
LAVALL, R.L.; Extração, estruturas e propriedades de a- e 12. COSTA SILVA, H.S.R.; SANTOS, K.S.C.R.; FERREIRA, E.I.;
b-quitina. Quim. Nova, 30: 644. 2007. Quitosana: derivados hidrossolúveis, aplicações farmacêuticas
3. PRADO, A.G.S.; MACEDO, J.L.; DIAS, S.C.L.; DIAS, J.A.; e avanços. Quim. Nova, 29: 776, 2006.
Calorimetric studies of the association of chitin and chitosan with 13. VIEIRA, R.S.; BEPPU, M.M. Dynamic and static adsorption
sodium dodecyl sulfate. Colloids Surf B, 35: 23. 2004. and desorption of Hg(II) ions on chitosan membranes and
4. CESTARI, A.R.; VIEIRA, E.F.S.; TAVARES, A.M.G.; BRUNS, R.E.; spheres. Water Res., 40: 1726, 2006.
The removal of the indigo carmine dye from aqueous solutions using 14. TORRES, M.A.; VIEIRA, R.S.; BEPPU, M.M.; SANTANA, C.C.
cross-linked chitosan—Evaluation of adsorption thermodynamics Adsorção e pré-concentração de cu(ii) e ni(ii) de soluções
using a full factorial design. J. Hazard. Mater., 152: 566, 2008. aquosas com esferas de quitosana moldadas com cobre.
5. DIAS, F.S.; QUEIROZ, D.C.; NASCIMENTO, R.F.; LIMA, M.B.; Um Polimeros., 15: 306, 2005.
sistema simples para preparação de microesferas de quitosana. 15. HE, P.; DAVIS, S.S.; ILLUM, L. Chitosan microspheres
Quim. Nova, 31: 160, 2008. prepared by spray drying. INT. J. Pharm., 187: 53, 1999.
6. JANEGITZ, B.C.; LOURENÇÃO, B.C.; LUPETTI, K.M.; 16. RORRER, G.L.; HSEIN, T.Y.; WAY, J.D. Synthesis of porous-
FATIBELLO-FILHO, O.; Desenvolvimento de um método magnetic chitosan beads for removal of cadmium ions from
empregando quitosana para remoção de íons metálicos de águas waste-water. Ind. Eng. Chem. Res., 32: 2170, 1993.
residuárias. Quim. Nova, 30: 879, 2007 17. STOLBERG, J.; LARANJEIRA, M.C.M.; SANCHEZ, M.N.M.;
7. PRADO, A.G.S.; TORRES, J.D.; FARIA, E.A.; DIAS, S.C.L.; KLUG, M.; FAVERE, V,T. Microspheres of chitosan/
Comparative adsorption studies of indigo carmine dye on chitin poly(vinylalcohol) incorporating tetrasulphonated copper (II)
and chitosan. J. Colloid Interface Sci., 277: 43, 2004 phthalocyanine: preparation and characterization. Polim., 16,
8. MARTINS, A.O.; SILVA, E.L.; CARASEK, E.; LARANJEIRA, 341: 1999.
M.C.M.; FAVERE, V.T.; Sulphoxine immobilized onto chitosan 18. FÁVERE, V.T.; KIMURA, I.Y.; JOSUE, A.; SPINELLI, V.A.;
microspheres by spray drying: application for metal ions Martins, A.O. Adequacy of Isotherm Adsorption of Black 5
preconcentration by flow injection analysis. Talanta, 63: 397, Reactive Dye for Crosslinked Chitosan microspheres. Acta
2004. Scient., 23: 1313, 2001.
9. VIEIRA, E.F.S., CESTARI, A.R.; AIROLDI, C.; LOH, W.; 19. PRADO, A.G.S.; AIROLDI, C. Different neutral surfactant
Polysaccharide-Based Hydrogels: Preparation, Characterization, template extraction routes for synthetic hexagonal
and Drug Interaction Behaviour. Biomacromol., 9: 1195, 2008. mesoporous silicas. J. Mater. Chem., 12: 3823, 2002.
10. TORRES, J.D.; FARIA, E.A.; SOUZADE, J.R.; PRADO, A.G.S. 20. LUZ, P.P.; PIRES, A.M.; SERRA, O.A.; A low-cost ultrasonic
Preparation of photoactive chitosan–niobium (V) oxide composites spray dryer to produce spherical microparticles from polymeric
for dye degradation. J. Photochem. Photobiol. A, 182: 202, 2006. matrices. Quim. Nova, 30: 1744, 2007
SÍNTESE DE BIODIESEL
EMPREGANDO ÓLEO DE ABACATE
RESUMO
Manoel Lima de Menezes*,
Luis Fernando da Silva Lopes e
O biodiesel substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo- Juliano Passaretti Filho
diesel automotivos (de caminhões, tratores, camionetas, automóveis etc.) ou estacioná-
Departamento de Química,
rios (geradores de eletricidade, calor etc.). Pode ser usado puro ou misturado ao diesel Faculdade de Ciências,
em diversas proporções. A mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é chamada Universidade Estadual Paulista –
de B2 e assim sucessivamente, até o biodiesel puro, denominado B100. UNESP
Biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser *Autor para correspondência
obtido por diferentes processos tais como o craqueamento, a esterificação ou pela tran- Av. Luiz Edmundo Carrijo
sesterificação. Pode ser produzido a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais, Coube, 14-01
CEP: 17033-360
existindo dezenas de espécies vegetais no Brasil que podem ser utilizadas, tais como Bauru. SP
mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso e soja, dentre ou- E-mail: menezes@fc.unesp.br
tras. Dentro deste contexto, o desenvolvimento deste projeto de pesquisa avaliou a
potencialidade de empregar o óleo extraído de polpa de abacate na síntese de biodie-
sel. De acordo com os resultados obtidos, todos os parâmetros determinados estão
em conformidade com a ANP-42. É importante ressaltar que o biodiesel obtido com o
óleo de abacate, apresentou características muito próximas ao biodiesel obtido com o
óleo de soja, destacando-se a viscosidade cinemática, resíduo de cinzas de carbono,
ponto de fluidez e congelamento. Os métodos analíticos avaliados para efetuar a carac-
terização do biodiesel de óleo de abacate apresentaram bons resultados, permitindo a
avaliação de conformidade com a norma ANP-42, do novo produto sintetizado.
SUMMARY
Biodiesel substitutes total partially or the oil diesel of oil in cars engines cychlodiesel
(of trucks, tractors, light trucks, automobiles, etc) or stationary (generating of electricity,
heat, etc). It can used pure or be mixed to diesel in diverse ratios. The mixture of 2%
of the biodiesel to diesel of oil is called B2 and thus successively, until biodiesel pure,
called B100. Biodiesel is a biodegradável fuel derivative of sources renewed, that it can
be gotten by different processes such as the craking, the esterification or for the tran-
sesterification. It can be produced from animal fats or of vegetal oils, existing sets of ten
of vegetal species in Brazil that can be used, such as castor oil plant, palm, sunflower,
peanut, tame nut and soy, amongst others. Inside of this context, the development of
this project of research evaluated the potentiality to use the extracted pulp oil of avoca-
do in the synthesis of biodiesel. In accordance with the gotten results, all the definitive
parameters are in compliance with the ANP-42. It is important to stand out that biodiesel
gotten with the avocado oil, very presented characteristics next to biodiesel gotten with
the soy oil, being distinguished it viscosity kinematics, carbon leached ashes residue,
point of fluidity and freezing. The analytical methods evaluated to effect the characteri-
zation of biodiesel of avocado oil had presented good resulted, allowing the evaluation
of conformity with norm ANP-42, and the new synthesized product.
Parâmetros cromatográficos
Este ensaio foi realizado empregando um densíme-
tro de vidro com auxílio de uma proveta de 100mL. O CG – Headspace - Clarus
Equipamento
600, Perkin Elmer
resultado obtido foi apresentado na Tabela 7.
Elite Wax (30mm x 0,25mm
Coluna capilar
x 0,25μm) polietileno glycol
Determinação de água e contaminação total
Gás de arraste Nitrogênio (1,0 mL min-1)
Este ensaio foi realizado de acordo com a norma Modo de injeção Split 1:20
ASTM D 6304, onde uma alíquota de 15mL da amostra Volume de injeção 1 μL
de biodiesel foi submetida a centrifugação a 4000 RPM
Detecção Ionização de chama
por 20 minutos. O resultado obtido está apresentado
na Tabela 7. Temperatura detector 300ºC
Temperatura injector 120ºC
Avaliação do Aspecto
Temperatura isotérmica 70ºC/3min
Uma amostra de biodiesel foi transferida para uma Programação de temperatura do Headspace
proveta de vidro e de 250 ml e está foi observada quan- Agulha 120ºC
to ao aspecto físico e quanto a presença ou não de ma- Temperatura de transferência 120ºC
terial particulado. O resultado obtido foi apresentado na
Temperatura do do forno 77ºC
Tabela 7.
Tempo de termostatização 20 min
Condições cromatográficas para determinação Pressurização 20 psi/2min
dos ésteres de ácidos graxos, presentes no
Volume de injeção 20µL
biodiesel de abacate
Condições cromatográficas para a determinação Tabela 4. Curvas analíticas obtidas para a determinação de etanol e
metanol presentes na amostras de biodiesel
dos teores de glicerina livre, monoleína, dioleína
e trioleína presentes no biodiesel de abacate Componente Curva Analítica R2
Parâmetros cromatográficos
Equipamento CG - Clarus 600, Perkin Elmer o aspecto do óleo de abacate fosse límpido, mas não
ZB-5HT (15m x 0,32mm x 0,25μm), foi possível observar mudanças na coloração no início
Coluna capilar
com guard column de 5m. e término da reação. O biodiesel obtido apresentou-se
Gás de arraste Nitrogênio (2,0 mL min-1) límpido e com uma coloração esverdeada, caracterís-
tica do óleo de abacate. De acordo com os resultados
Modo de injeção On column-PSSO
obtidos na determinação dos ésteres formados, pode-
Volume de injeção 1 μL se inferir que a reação ocorreu com um rendimento de
Detecção Ionização de chama 84%. Cabe ressaltar que a coloração observada não
Temperatura detector 380ºC
resultou em aumento nos teores de cinzas sulfatadas e/
ou teor de resíduo de carbono, como pode ser obser-
Programável de acordo com a
Temperatura injector
programação do forno
vado na Tabela 7.
50ºC/1min, 15ºC/min a 180ºC,
programação do forno 7ºC/min a 230ºC. 30ºC/min a Otimização cromatográfica para a determinação
380ºC/4,20min dos teores de etanol e metanol presentes no
Tempo final 26 min biodiesel de óleo de abacate
350
300
250
200
150
100
50
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1.0 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2.0 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9
Tempo (min)
Figura 1. Cromatograma obtido após a injeção de 20 µL de vapores de uma amostra de biodiesel, para a determinação de álcool empregando o
headspace. Os picos 1, 2 e 3 são referentes ao metanol, isopropanol e etanol respectivamente
950
900
850
800
750
700
650
600
550
500 5
450
400
350
300 3
250
200
6 7 8
150
1 2
100
50 9
4
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Tempo (min)
Figura 2. Cromatograma obtido após a injeção de 1,0 µL de uma solução- padrão contendo os seguintes componentes de acordo com os picos
cromatográficos: 1- glicerina, 2-butanotriol (padrão interno), 3-palmitato de etila, 4-oleato de etila, 5-linoleato de etila, 6- monooleína, 7- tricaprina
(padrão interno), 8- dioleína e 9- trioleína
450
400
350 6
300
250
200
8
150
100
50 2
9
1
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Tempo (min)
Figura 3. Cromatograma obtido após a injeção de 1,0 µL de uma amostra de biodiesel contendo os seguintes componentes de acordo com os
picos cromatográficos: 1- glicerina, 2-butanotriol (padrão interno), 3-palmitato de etila, 5-linoleato de etila, 6- monooleína, 7- tricaprina (padrão
interno), 8- dioleína e 9- trioleína. A Tabela 6 apresenta as equações de reta para a glicerina, monooleína, dioleína e trioléina, obtidas após a
obtenção da curva analítica
240
220
200
180
1
160
3
140
120
100
80 2
60
40
20
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Figura 4. Cromatograma obtido após a injeção de 1,0 µL de uma solução-padrão contendo os ésteres palmitato
de etila (1), oleato de etila (2) e limoleato de etila (3)
450
400
1
350
300
250
200
150
100
50 3
4 5
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
Figura 5. Cromatograma obtido após a injeção de 1,0 µL de amostra de biodiesel derivatizada com MSTFA, diluída 1/10. Os picos 1, 2, 3, 4 e 5
correspondem ao palmitato, linoleato de etila, monooléina tricaprina e dioleína, respectivamente
Limite Biodiesel
Característica Unidade
ABNT/NBR Abacate Soja5,28
Aspecto - LII (1) Límpido Límpido
863,7
Massa específica a 20°C kg/m3 850 - 900 877
dos ésteres no biodiesel de óleo de abacate somam ferentes espécies. No caso do óleo de abacate pre-
98% (m/m), sendo que 28% (m/m) referem-se ao domina-se a presença de ácidos oléico e palmítico
palmitato de etila, originado de ácidos graxos satu- e, no óleo de soja a ocorrência dos ácidos linoleíco e
rados. palmítico são mais pronunciados. Os resultados de-
Claramente pode-se observar que os resultados monstram que os produtos obtidos não diferem em
são muito semelhantes, comparando-se o biodiesel sua qualidade como poderia de se esperar, uma vez
obtido a partir de óleo de abacate e biodiesel sinte- que tratam se de óleos vegetais de espécies diferen-
tizado a partir do óleo de soja. Pequenas diferenças tes de oleaginosas.
são encontradas, possivelmente devido à diferença De acordo com os valores determinados de glicerina
na composição de ácidos graxos existentes nas di- livre, bem como os teores de ésteres e os demais parâ-
R e f er ê ncias
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por crianças de 6 a 9 anos, no período de uma semana. Este questionário foi INCQS-FIOCRUZ
aplicado em escolas particulares, considerando a norma de amostragem por
atributos ISO 2859-1 (NBR 5426). Foi escolhido o bairro de Del Castilho no *Autora para correspondência:
Av. Brasil, 4.365
Município do Rio de Janeiro. Das 12 escolas foi feita a amostragem representa- CEP: 21045-900
tiva de três escolas, contabilizando 640 questionários distribuídos, deste total Rio de Janeiro. RJ
Shirley.abrantes@incqs.fiocruz.br
somente 51 foram respondidos corretamente. Considerando os dados obtidos,
os corantes: vermelho 40, azul brilhante, indigotina e amarelo crepúsculo são
os corantes mais presentes nas balas e chicletes e que 88% das crianças con-
somem mais de 35 balas por semana e 45% consomem aproximadamente 20
chicletes por semana.
SUMARY
INTRODUÇÃO
A cor é associada a muitos aspectos da vida e in- nos alimentos e bebidas, seja na forma natural ou ar-
fluencia bastante as decisões do dia-a-dia, incluindo tificial.
aquelas que envolvem os alimentos. A aparência e as A prática de colorir alimentos vem dos povos anti-
características sensoriais de um alimento na hora da gos. Egípcios retiravam da natureza substâncias, como
compra é o que determina se o consumidor irá ou não especiarias e condimentos, para essa finalidade (PRA-
levá-lo. Portanto se pode afirmar que a aceitabilidade DO, 2003).
dos alimentos é diretamente afetada pela cor e por esse Muitos alimentos industrializados originalmente
motivo cresce cada vez mais a utilização de corantes não apresentam cor, em outros casos, a coloração é
alterada ou destruída durante o processamento e/ou intensas e muitas vezes são menos onerosos (UFRGS,
estocagem. Sem valor nutritivo, os corantes são uma 2004).
classe de aditivos, introduzidos nestes alimentos com Muitos estudos vêm tentando demonstrar as razões
o intuito de conferir, intensificar, restaurar e/ou unifor- adversas que os corantes podem causar assim o mo-
mizar sua cor, tornando estes mais atrativos (FIOCRUZ, nitoramento dos teores destes em alimentos tem con-
2005). Aditivos são substâncias químicas adicionadas tinuamente contribuído para alertar o consumo cons-
aos alimentos para proporcionar determinadas carac- ciente desses produtos (PRADO, 2003)
terísticas aos mesmos. Dentre os aditivos permitidos e No Brasil, a regulamentação do uso de aditivos
utilizados nos alimentos os corantes oferecem um fator para alimentos, inclusive corantes, é de competência
determinante para induzir o consumidor a adquiri-los. da ANVISA.
Os alimentos vistosos introduzem um conceito de que O decreto nº 50.040 de 24 de janeiro de 1961, do
alimentos coloridos, atraentes só podem ser deliciosos Ministério da Saúde, foi a primeira norma técnica de
(PRADO, 2007). Em geral, a importância da aparência regulamentação do emprego de aditivos químicos em
do produto para sua aceitabilidade é a maior justificati- alimentos. Esta determina quais os alimentos em que
va para emprego de corantes. Entretanto, a única fun- podem ser empregados cada corante e seus limites
ção dos corantes alimentares é conferir cor ao alimento máximos permitidos. O artigo nono descreve que os
não oferecendo nenhum valor nutritivo a este. corantes tolerados para serem introduzidos na fabri-
Apesar da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância cação de alimentos e bebidas são: corantes naturais,
Sanitária) permitir o uso dos corantes artificiais, estes caramelos e corantes artificiais (BRASIL, 2009 1º).
têm como matéria prima a anilina que possui um grande Na resolução nº 44/77 da CNNPA (Comissão Nacio-
potencial carcinogênico já estabelecido, portanto, faz- nal de Normas e Padrões para Alimentos), do Ministério
se necessário o controle da utilização desses corantes da Saúde (BRASIL, 2009 2º), os corantes permitidos
no alimento uma vez que a maioria dos alimentos colo- para uso em alimentos e bebidas são classificados da
ridos é destinada as crianças e não é raro o relato de re- seguinte forma:
ações alérgicas sofridas por estas substâncias. Como a) Corante Orgânico Natural – aquele obtido a partir de
exemplo pode-se citar a tartrazina que causa alergia vegetal, ou eventualmente, de animal, cujo princípio
a algumas crianças (CUNHA, 1998). De acordo com a corante tenha sido isolado com emprego de proces-
pesquisa feita pelo pesquisador Stevenson et al. (2007), so tecnológico adequado.
crianças hiperativas, submetidas à administração de b) Corante Orgânico Sintético – obtido por síntese or-
corantes artificiais durante cinco dias, mostraram pre- gânica mediante o emprego de processo tecnológi-
juízo no desempenho em testes de aprendizados. co adequado.
A manutenção da cor natural no alimento constitui- b.1) Corante artificial – é o corante orgânico sintético
se em um fator fundamental para o comércio do produ- não encontrado em produtos naturais.
to, em face da primeira avaliação do consumidor. Antes b.2) Corante sintético idêntico ao natural – é o co-
do paladar os alimentos coloridos seduzem as pessoas rante orgânico sintético cuja estrutura química
pela visão (PRADO, 2007). é semelhante à do princípio ativo isolado
A aceitação do produto pelo consumidor é sem de corante orgânico natural.
sombra de dúvida o maior motivo que faz as indústrias c) Corante Inorgânico – aquele obtido a partir de subs-
alimentícias a usarem corantes. Essa prática vem au- tâncias minerais e submetido a processos de elabo-
mentando cada vez mais, para ocultar a falta de cor em ração e purificação adequados a seu emprego em
alimentos industrializados, e também para minimizar as alimentos.
alterações ou destruição da coloração que pode ocor- d) Caramelo – o corante natural obtido pelo aqueci-
rer durante o processamento e/ou estocagem (ALVES, mento de açúcares à temperatura superior ao ponto
2004). Porém o uso indevido desses corantes pode de fusão.
mascarar ou disfarçar o consumo de alimentos mal pro- e) Caramelo (processo amônia) - é o corante sintético
cessados ou deteriorados (PRADO, 1998). idêntico ao natural obtido pelo processo amônia,
A preferência pelo uso de corantes artificiais é de- desde que o teor de 4-metil, imidazol não exceda no
finida pelas vantagens apresentadas em relação aos mesmo a 200 mg/kg (duzentos miligramas por quilo).
naturais, pois estes são sensíveis a luz, ao calor, ao oxi- Atualmente, a legislação brasileira, permite apenas
gênio ou a ação das bactérias. Consequentemente não o uso de onze corantes artificiais, sendo eles: amaranto,
são estáveis. Além disso, os sintéticos propiciam cores amarelo crepúsculo, azorrubina, azul brilhante, azul pa-
IDA
Nome Código Cor Limite máximo mg/100g
(mg/kg de peso corpóreo)
Amaranto E123 Magenta 0,50 10,0
Amarelo Crepúsculo E110 Laranja 2,50 10,0
Azorrubina E122 Vermelho 4,00 5,00
Azul Brilhante E133 Azul turquesa 10,0 30,0
Azul patente V E131 Azul 15,0 30,0
Eritrosina E127 Pink 0,10 5,00
Indigotina E132 Azul royal 5,00 30,0
Ponceau 4R E124 Cereja 4,00 10,0
Verde Rápido E143 Verde mar 10,0 30,0
Vermelho 40 E129 Vermelho alaranjado 7,00 30,0
Tartrazina E102 Amarelo limão 7,50 30,0
Nome*1 Amaranto Amarelo Crepúsculo Azorrubina Azul Brilhante Azul patente V Eritrosina
Descolore
em presença Descolore em
de agente redutor Descolore em Razoável presença de
como, ácido presença de agente É proibido estabilidade a luz, agente redutor Insolúvel em pH
Desvantagem*3 ascórbico. redutor como ácido nos EUA calor e ácidos e como ácido abaixo de 5
É proibido nos ascórbico. baixa estabilidade ascórbico.
EUA (dificulta a oxidativa. É proibido nos EUA
exportação de
produtos)
Origem (Síntese) *2 Tinta do alcatrão Tinta do alcatrão — Sintetizado quimicamente Tinta do alcatrão
de carvão de carvão de carvão
Estudos metabólicos
Poucos estudos Não há mostram que é pouco Alergia, asma e de 8 a
Efeitos Alergia e problemas relevantes sobre sua estudos absorvido pelo organismo. 20% das pessoas sensíveis
Adversos*3 respiratórios. toxidade significativos. Em relação a mutagenicidade a aspirina são também
não apresentou potencial sensíveis a tartrazina.
carcinogênico.
Dados segundo: *1 resolução nº. 44/77 da CNNPA / *2 UFRGS, 2004 / *3 PRADO, 2003.
500
Total Consumido
404
400 367
Vermelha
300 213
Rosa
202
Roxo
200
78 Verde
100 52
22 Laranja
0 Azul
Amarelo
Cor
Figura 1. Consumo de balas e chicletes por crianças de seis a nove anos de idade na região de Del Castilho (RJ)
Sabendo-se quais marcas eram mais consumidas, tituto Adolfo Lutz, onde foram analisadas 58 amostras
foi possível analisar os rótulos destas balas e/ou chicle- de produtos importados, constituídas de 35 balas e 23
tes, identificando assim o perfil de corantes presentes chicletes, que tinham o corante vermelho 40, como o
na produção destes produtos. corante mais encontrado (MARSIGLIA et al, 1999).
Foram analisados os rótulos de nove diferentes mar-
cas de bala, nos sabores cereja, morango, framboesa,
menta, maça verde, melancia e tutti-frutti e oito diferen- Tabela 4. Informações contidas nos rótulos dos chicletes analisados
tes marcas de chicletes, nos sabores framboesa, uva, CHICLETES
morango, menta e tutti-frutti.
Ao analisar os rótulos das balas constatou-se que, Sabor Cor Coorantes Intorduzidos
predominantemente, as balas de coloração vermelha Menta Azul Azul Brilhante
apresentam em sua composição o corante vermelho Tutti-frutti Rosa Vermelho 40
40, as balas de coloração rosa e roxa também apresen-
tam o vermelho 40, porém associado, invariavelmente, Morango Vermelho Vermelho 40
a outros corantes, como o azul brilhante, a indigotina Vermelho 40
e amarelo crepúsculo. Outro dado observado foi que Uva Roxo Indigotina
somente uma marca apresentou em sua formulação Vermelho 40
corante natural conforme descrito na Tabela 3. Ordem Indigotina
Tutti-frutti Rosa
de Consumo Amarelo crepúsculo
Vermelho 40
Não definido Azul brilhante
Tabela 3. Informações contidas nos rótulos das balas analisadas no rótulo Roxo Tartrazina
Indigotina
BALAS
Vermelho 40
Não definido
Sabor Cor CoorantesIntorduzidos Amarelo crepúsculo
no rótulo Laranja Tartrazina
Morango Vermelha Vermelho 40
Vermelho 40
Framboesa Azul
Vermelho 40 Azul brilhante
Framboesa Rosa Azul brilhante
Vermelho 40
Cereja Rosa Indigotina
Considerando os dados obtidos, os corantes:
Ordem Menta Azul Azul brilhante vermelho 40, azul brilhante, indigotina e amarelo
de Consumo Tartrazina crepúsculo são os corantes mais presentes e tendo
Verde
Menta Azul brilhante em vista que 88% das crianças consomem mais de
Tutti-frutti Rosa Vermelho 40 35 balas por semana e 45% consomem aproxima-
Tutti-frutti Rosa Vermelho 40 damente 20 chicletes por semana, segundo informa-
ções contidas no questionário, que também informou
Indigotina
Maça verde Verde o teor dos mesmos, uma vez que há estudos que
Tartrazina
Melancia Verde Clorofila (natural) relacionam o alto consumo de corantes artificiais a
alergia (CUNHA, 1998), hiperatividade e déficit de
atenção (LANCET, 2007).
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Brasília, DF. Anexos. Regulamento Técnico que aprova o uso de aditivos alimentares estabelecendo suas funções e seus limites máximos
para a categoria de alimentos 16. Bebidas-subcategoria 16.2.2-bebidas não alcoólicas gaseificadas e não gaseificadas. nº151, p. 47, 9 de
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Toc69567908> Acessado em 17 de nov.2008, 14h10
SUMMARY
This study objective to evaluate the FT-NIR system in the development of metho-
dologies for the quantification of components in beers and demonstrate the feasi-
bility of the technique over other conventional techniques. The spectral collection
was performed by spectral transflectance and took around 25 seconds per sam-
ple, not requiring any preparation. Calibration models were developed using partial
least squares regression (Partial Least Square, PLS), and each component used
differents spectral regions. The calibrations were developed for the components:
alcohol, original extract, apparent extract and real extract. In general, calibrations
were obtained for high quality with excellent correlation coefficients and low errors
of prediction, showing that the technique is able to predict with precision compo-
nents in unknown samples, and the speed with which results are obtained without
no samples preparation.
INTRODUÇÃO
A cerveja é uma bebida produzida da fermentação Uma cerveja é qualquer variedade da bebida al-
de cereais, especialmente cevada maltada e, acredi- coólica produzida pela fermentação de cereais ou
tava-se que tenha sido uma das primeiras bebidas derivados de cereais ou de outras fontes vegetais.
alcoólicas a ser desenvolvidas pelo homem. Pequenas mudanças no processo de fabricação,
de qualidade da cerveja, utilizando FT-NIR e regres- paro da amostra. O sistema Antaris analisa espectros
são por mínimos quadrados parciais (PLS). FT-NIR na região entre 12.000 e 4.000 cm-1. Os parâ-
metros da coleta de dados se encontram na Tabela
PARTE EXPERIMENTAL 1. Os espectros foram coletados utilizando software
de análise RESULTTM. Um espectro representativo da
Os espectros FT-NIR foram coletados em 27 amos- amostra de cerveja, acompanhado de sua primeira de-
tras de cerveja, produzidos em concentrações cres- rivada está apresentado na Figura 3.
centes para os diversos componentes. As análises As calibrações foram construídas para os com-
foram realizadas no sistema FT-NIR Antaris II MDS ponentes: álcool, extrato original, extrato aparente
Thermo Scientific (Figura 1), o qual acopla sistema e extrato real. Extrato Original é a quantidade de
de fibra óptica e possibilita realizar análises no modo extrato antes de iniciar o processo de fermentação
transflectância (Figura 2), capaz de analisar múltiplos originado no começo do processo de cozimento. O
componentes em uma simples leitura, podendo anali- extrato real é medido pelo suave aquecimento da
sar o material diretamente sem a necessidade de pre- amostra de cerveja para eliminar o álcool, adicionan-
do água destilada para retornar ao volume original,
e então obter a gravidade específica da amostra re-
Tabela 1. Parâmetros utilizados na coleta de dados
constituída. Isto contrasta com o extrato aparente,
Região espectral 10.000 to 4.000 cm-1 o qual é a gravidade específica da amostra sem a
Resolução 8 cm-1 primeira remoção do álcool.
0.7
nação quantitativa do teor de álcool, extrato original,
0.6 extrato aparente e extrato real (Figura 4).
0.5
Os quatro componentes analisados foram preditos
Abs
0.4
0.3
usando um simples espectro FT-NIR para cada amos-
0.2 tra. O tempo de coleta de dados para a previsão de
0.1 uma simples amostra foi em torno de 25 segundos.
0.0
-0.1
O desenvolvimento das calibrações foi realizado no
-0.2 software TQ AnalystTM para análises quantitativas. As
-0.3
10000 9000 8000 7000 6000 5000
quatro metodologias foram desenvolvidas utilizando
cm-1 modelo PLS.
0.005
0.004
0.003
0.002
0.001
0.000
-0.001
Tabela 2. Resumo dos parâmetros aplicados na construção das
-0.002 curvas analíticas
Abs
-0.003
-0.004
-0.005
Componentes Região espectral Tratamento espectral
-0.006
-0.007
-0.008 Álcool 5.500 – 4.000 cm-1 1º Derivada
-0.009
-0.010
-0.011 Extrato original 7.000 – 4.000 cm-1 -
10000 9000 8000 7000 6000 5000
cm-1
10.000 – 5.400 cm -1
Extrato aparente -
4.700 – 4.100 cm-1
Figura 3. Espectro representativo da amostra de cerveja padrão 10.000 – 5.400 cm-1
obtido por transflectância, e espectro da primeira derivada, Extrato real -
4.700 – 4.100 cm-1
respectivamente
14
Álcool Extrato original
Componentes Coef. Corr. RMSEC RMSEP RMSECV VL
Calculated
Extrato
0,99215 0,328 0,351 0,659 6
original
Extrato
0,99950 0,0173 0,0206 0,0639 8
1.9
6
aparente
1.9 Actual 4.7 6 Actual 14
Extrato real 0,99959 0,0270 0,0247 0,0885 8
2.8
5.0
Calculated
2.0
1.1 Actual 2.8 2 Actual 2.8 lisar múltiplos componentes simultaneamente levando
Figura 4. Calibrações utilizando modelo PLS para quantificação de em torno de 25 segundos para cada análise.
componentes em cerveja Os quatro componentes analisados foram conte-
údo de álcool, extrato original, extrato aparente e ex-
trato real. As análises quantitativas foram realizadas
Para a construção de cada metodologia foi sele- utilizando modelo PLS. Os resultados da calibração
cionada a melhor região espectral (Tabela 2). Para apresentados a partir dos coeficientes de correlação
todos os espectros foi necessário aplicar a corre- e baixos erros quadráticos médios indicam que o
ção do espalhamento do sinal multiplicativo (MSC) modelo é apropriado e robusto.
e apenas para a calibração do álcool foi aplicada a De modo geral, foi possível observar que a técni-
primeira derivada. Em todos os casos os espectros ca FT-NIR apresentou um bom potencial para esta
foram centrados na média. Não foram detectadas aplicação, podendo fornecer rapidamente resulta-
amostras anômalas em nenhum dos casos. dos confiáveis.
No conjunto de calibração foram obtidos excelentes A implementação da técnica FT-NIR pode levar
coeficientes de correlação e baixos erros, assim como ao um aumento na eficiência, melhoria de processo
ausência de amostras anômalas no conjunto de amos- e controle de qualidade nas cervejarias.
tras utilizadas no desenvolvimento dos modelos.
Para avaliar o desempenho do modelo foram cal-
culados os erros quadrático médio de calibração
(RMSEC – Root Mean Squares Error of Calibration),
de previsão (RMSEP - Root Mean Squares Error of
R e f er ê ncias
Prediction) e de validação cruzada (RMSECV – Root
Mean Squares Error of Cross-Validation). Os núme- 1. JORGE, E.P.M. Processamento de cerveja sem álcool. 2004.
ros de VL foram definidos através da validação cru- 73p. TCC - Universidade Católica de Goiás. Goiás, 2004.
zada empregando amostras do próprio conjunto de
2. MONTEIRO, A. Curso Operador Cervejeiro. Companhia
calibração. Os resultados de RMSEC, RMSEP, RM- Brasileira de Bebidas. Goiânia. 2001. 155p.
SECV e VL estão listados na Tabela 3.
Os resultados mostrados na Tabela 3 indicam um 3. SCIGELOVA, M.; KLAGKOV, K.; WOFFENDIN, G. Analysis of
Beer Using a High Speed U-HPLC Coupled to a Linear Ion
modelo quimiométrico robusto e capaz de predizer
Trap Hybrid Mass Spectrometer. Application note: 30143.
com precisão amostras desconhecidas. Thermo Fisher Scientific, Hemel Hempstead, UK.
Palavras-chave: fritura, fritura por imersão, óleo de fritura, oleína de palma, óleo
de algodão, testes rápidos, controle de qualidade, descarte, olfatometria, OSME,
análise sensorial.
This study intended to raise data about frying to contribute with supervisor
agencies of good practices of frying. The level of knowledge of food mani-
pulators from 13 commercial establishments at Campinas city/SP was stu-
died, in relation to good practices of fryings, and the quality of used oils was
evaluated by analytical methods. It was simulated the discontinous frying of
meat products with flour coating with a fryer of 28 L-capacity in triplicate,
using two types of commercially available zero-trans oils: cottonseed and
palm olein oils. The temperature of 182ºC and frying during 4.5 minutes were
adopted. Each time, 400-500 g of food samples were fried. During the day, 3
frying operations were strategically performed and the fryer remained on at
182ºC for 8h. There was neither oil replacement, nor filtering. The total time
of study varied from 6 to 17 days of frying, without oil exchanging and the
end of the experiments was determined by the oil evaluation using fast tests.
The frying oils were monitored through physico-chemical analyses: free fatty
acids content, total polar compounds and polymeric compounds, Lovibond
color, conjugated dienes, composition of fatty acids, oxidative stability and
fast tests for evaluation of the quality of used oils. Although the same expe-
rimental conditions, the same fryer and the same types of fried food and oil
were adopted, it was observed that there was no reproductivity in the frying
process. The foods were analytically evaluated and loss of humidity, oil in-
corporation on foods, small changes in fatty acids composition and minimal
amounts of trans-fatty-acid formation were verified, which enables to label
them as zero trans food. Testo 265, Viscofrit and Fri-check, fast tests for eva-
luation of frying fat quality were studied, using 59 samples of frying oil. Testo
265 and Viscofrit are feasible alternatives, if their limitations are respected.
Further studies with Fri-check are required. It was still performed olfactome-
try sensory analysis in the palm olein used in frying chicken breast with flour
coating, through the Oregon State University method (OSME), with 4 trained
judges, in quadruplicate. Judges detected and described odors of 135 volatile
compounds present in the used frying oil. Thirty-one of them were identified
by gas-chromatography equipped with mass detector. Among them, it was
found compounds not previously reported in the literature.
Keywords: frying, deep fat frying, frying oil, palm olein oil, cottonseed oil, fast tests,
quality control, discharge, olfatometry, OSME, sensory analysis
AGRADECIMENTOS