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1) O conceito de revolução burguesa denota um amplo conjunto de fatores que “se realizam
quando o desenvolvimento capitalista atinge o clímax de sua evolução...” (p.239)
2) Ponto irreversível de maturação da dominação burguesa.
3) Transição marca começo da republica sob uma forma ambivalente. Nisto, o poder
oligárquico sustenta a recomposição das estruturas de poder passando o bastão, pelo menos
formalmente, a dominação burguesa. A crise de seu poder, assim, é superficial.
4) Uma era cinzenta e opaca, onde poderes se justapõem em vez de se fundir. As
transformações são poucas. E o poder burguês impõe, através da política, sua dominação. O
Estado faz essa junção necessária à dominação burguesa. Ao contrario dessa situação,
historicamente a burguesia cria suas instituições, não sendo o caso no Brasil. Ela não assume
sua posição de destaque como instrumento da modernidade. “ Em conseqüência, a oligarquia
não perdeu a base de seu poder que lograra antes, como e enquanto aristocracia agrária; e
encontrou condições ideais para enfrentar a transição, modernizando-se, onde isso fosse
inevitável, e irradiando-se pelo desdobramento das oportunidades novas, onde isso fosse
possível” (p.240).
5) Sua situação frente a estrutura econômica, social e política do país é a de tirar vantagem de
sua constituição heterogênea; a dimensão atrasada e adiantada iam em seu proveito. A
inovação, como aspecto fundante de seu ethos burguês e de um projeto civilizatório, entra em
ajuste aos seus “múltiplos interesses [...] preferindo a mudança gradual e a composição a uma
modernização impetuosa, intransigente e avassaladora” (p.241)
6) Sua estratégia de consolidação do poder vai na direção de amortecer a mudança social
espontânea” (Ibidem)
7) Horizonte cultural semelhante ao oligárquico (p.241)
8) Conflito de fácil acomodação com a oligarquia
9) Essa burguesia foi condicionada pela ordem social competitiva. Entende-se como
equivalente de uma burguesia revolucionária; propõem a nação modelos condizentes a esse
ideal.
10) Do Império, as ressonâncias que ela impinge a Republica e as representações da
burguesia, acompanham a cisão na ordem civil entre aqueles que dela faziam parte e os outros
em condição subalterna ou nas margens. “Entretanto, somente nesse segundo período, do
adorno que eram esses ideais, “um símbolo de modernidade e de civilização”, a condição
interior da burguesia, em função das cobranças da outra classe – proletariado -, mostrou-se “
predominantemente reacionária e conservadora” ( p.242)
11) O impacto modernizador é moderado e restrito às atividades imediatamente econômicas.
Sua civilidade burguesa se impõem de cima para baixo. De fora, a influencia do capital
estrangeiro competitivo ao processo de industrialização, que se desenrola até a década de
1930 – economia neocolonial exportadora -, os limites da modernização esbarravam nos
valores, técnicas e instituições de uma economia capitalista competitiva satélite. “Ir além
representaria um risco: o de acordar o homem nativo para sonhos de independência e de
revolução nacional, que entrariam em conflito com a dominação externa” (p.243)
12) Os interesses burgueses convergiam, tanto internamente como externamente, sendo o
componente político essencial ao crescimento econômico pretendido. A herança que é
incorporada a dominação burguesa é de cunho autocrático, vinda “ do passado ou
improvisado no presente” muito aquém dos ideais republicanos e dos procedimentos
democráticos diferentemente entendidos por estas elites (p.243)
13) À dimensão autocrática da dominação burguesa, assume-se o caráter tácito de sua
dominação, mesmo ferindo as concepções liberais e republicanas, indicando sua debilidade
como arranjo social. Essa contradição evidente é atenuada em conseqüência de
racionalizações do tipo evolucionista: “empecilho ao progresso”, “mal necessário” ou
“estamos melhores do que antes”, não eliminando, porém, a existência do conflito axiológico
de classe.
14) Este germinava e concorria no próprio seio da classe dominante, minando-a no sentido de
um impedimento a uma forma “monolítica e invulnerável”. A oposição efetiva se dá dentro da
ordem e de cima para baixo (p.243)
15) Com o regime de classes os interesses se pulverizam, não mais fixando-se os limites de
seus interesses - condição presente no império; ampliando-se, desse modo, o cenário de
conflito, consequentemente acenando para oposições contra a ordem, de baixo para cima. A
essa primeira diferença a burguesia se ajusta “ a seus novos quadros reais” (p.244)
16) Entretanto, essa segunda diferenciação foi vista como insuportável, “uma demonstração
de lesa-majestade”; foram mobilizadas todas as espécies de interdições, principalmente de
cunho político, no intuito de impedi-los de qualquer manifestação de dentro da ordem (
IBIDEM)
17) O poder oligárquico e sua crise acenam para um duplo movimento de diferenciação e
reintegração. Seu padrão de hegemonia é justaposto à ascensão de uma “ordem social
emergente e em expansão”, deslocando, assim, seus interesses em consonância com os novos
tempos. Se o monopólio da velha oligarquia agrária acabou, a nova encontra-se viva e forte,
presente em seu envolvimento no mundo urbano dos negócios (p.245)
18) A evolução da natureza dessa dominação, evoluindo através de sucessivos choques e
acomodações condicionou-a e instituiu-a como vetor estruturante da nova mentalidade
burguesa, orientando e apaziguando os conflitos intra muros. Surge uma nova aristocracia.
“Ela comboiou os demais setores das classes dominantes, selecionando a luta de classes e a
repressão do proletariado como eixo da Revolução Burguesa no Brasil.”(p.246)
!9) O confronto entre as classes perde muitas vezes sua dimensão histórica. Fala-se da
extinção e sobreposição de classes ou se explica o presente em termos do que aconteceu no
passado. A mudança social, as forças em confronto e a luta pelo controle do Estado são
premissas indispensáveis.
“Aqui não tínhamos uma burguesia distinta e em conflito de vida e morte com a
aristocracia agrária. Do outro lado, o fundamento comercial do engenho, da fazenda
ou da estância pré-capitalista engolfou a aristocracia no cerne mesmo da
transformação capitalista, assim que o desenvolvimento do mercado e das novas
relações de produção levaram a descolonização aos alicerces da economia e da
sociedade. (p.246)