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Para um cristão que se manteve em vigília, esse último dia não virá como
um ladrão na noite2; não haverá espanto nem confusão, porque cada dia terá
sido um encontro com Deus através dos acontecimentos mais simples e
correntes. São Paulo compara esta vigília à guarda montada pelo soldado bem
armado que não se deixa surpreender3; fala com frequência da vida cristã
como um estar de vigília à semelhança do soldado em campanha 4, pois vive-se
sobriamente e não se é surpreendido pelo inimigo porque se está acordado
mediante a oração e a mortificação.
Pode ser muito útil, como àqueles primeiros cristãos, fixar um dia da semana
em que procuremos estar mais atentos aos nossos irmãos na fé, ajudando-os
com uma oração mais intensa, com mais sacrifícios, com demonstrações mais
sinceras de afecto. Isso é estar especialmente vigilante na caridade, como a
sentinela que guarda o acampamento, como o vigia que lança o grito de alerta
à aproximação do inimigo.
Tudo o que fazemos repercute, pois, na vida dos outros. Este pensamento
deve ajudar-nos a cumprir com fidelidade os nossos deveres, oferecendo a
Deus as nossas obras, e a orar com devoção, sabendo que o nosso trabalho,
doenças e preces – bem unidos à oração e ao Sacrifício de Cristo, que se
renova no altar – constituem um formidável apoio para todos. Pode até
acontecer que esse sentido de solidariedade sobrenatural venha a constituir
um dos motivos fundamentais para a nossa própria fidelidade a Deus em
momentos de desânimo, para recomeçarmos muitas vezes, para sermos
generosos na mortificação. Então poderemos dizer como o Senhor: Pro eis
sanctifico ego meipsum..., santifico-me por eles14, este é o motivo pelo qual vou
acabar bem este trabalho, viver aquela mortificação que me custa. Jesus
olhará então para nós com especial ternura, e não nos soltará da sua mão.
Poucas coisas são tão gratas ao Senhor como aquelas que se referem de
modo directo aos seus irmãos, nossos irmãos.
Esta caridade vigilante, esse “dia de guarda”, é fortaleza para todos. “«Frater
qui adjuvatur a fratre quasi civitas firma» – O irmão ajudado por seu irmão é tão
forte quanto uma cidade amuralhada. – Pensa um pouco e decide-te a viver a
fraternidade que sempre te recomendo”15.
Dia de guarda. Uma jornada para sermos mais vibrantes na caridade, com o
exemplo, com muitas obras singelas de serviço a todos, com pequenos
sacrifícios que tornem a todos a vida mais amável; um dia para ver se
ajudamos com a correcção fraterna os que precisam dela; uma jornada para
recorrermos mais frequentemente a Maria, “porto dos que naufragam, consolo
do mundo, resgate dos cativos, alegria dos enfermos”16, com a recitação do
Rosário, com a oração Lembrai- vos, pedindo pelos que mais precisam de
ajuda.
(1) Mt 24, 42-51; (2) 1 Tess 5, 2; (3) cfr. 1 Tess 5, 4-11; (4) cfr. J. Precedo, El cristiano en la
metáfora castrense de San Pablo, S.P.C.I.C., Roma, 1963, págs. 343-358; (5) R.
Knox, Ejercicios para seglares, 2ª ed., Rialp, Madrid, 1962, pág. 77; (6) ib., pág. 79; (7) cfr. Jo
13, 34; (8) cfr. A. G. Hamman, A vida quotidiana dos primeiros cristãos, pág. 200; (9)
cfr. Martírio de São Frutuoso, em Atas dos mártires, BAC, Madrid, 1962, pág. 784; (10)
Tertuliano, Apologético, 39; (11) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 960; (12) Is 21, 6-8; (13)
Cant 5, 2; (14) cfr. Jo 17, 19; (15) São Josemaría Escrivá, Caminho, n. 460; (16) Santo Afonso
Maria de Ligório, Visitas ao Santíssimo Sacramento, 2.