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R. Fac. Educ., $40 Paulo, 15(1); 99-100, jan.fiun. 1989 RESENHA: PESQUISA PARTICIPANTE, de Justa Ezpeleta e Elsie Rockwell, 2. ed. Séo Paulo, Cortez Editora, 1989. 93p. Joao Pedro da FONSECA* “Os textos conservam uma unidade de sentido: a necessidade de buscar, fora dos ‘modelos’ dominantes, um novo tipo de conhecimento sobre a realida- de escolar. O fato de os oferecermos aqui significa para nés o aprofundamento do didlogo com aqueles que, na América Latina, partilham da urgéncia em de- finit caminhos para conhecer a escola e da necessidade de conhecé-la para transformar a realidade” (p. 8). Neste trecho, extrafdo da Apresentacdo, est4 sintetizado o objetivo deste livro e © pifblico a quem se destina. Em quatro capftulos, intitulados “A escola: relato de um processo inaca- bado de construgao”, “Etnografia e teoria na pesquisa educacional”, “Escola e classes dependentes: uma histéria do quotidian” ¢ “Notas sobre pesquisa par- icipante e construgio teérica”, os leitores encontram rico material de reflexdo a respeito da escola como prética e como objeto de estudo. Como abordar a escola? Como construir uma teoria referente a ela? Como superar 0s conceitos dominantes e percorrer caminhos mais fecundos para com- preendé-la em sua relagfo com 0 movimento social, no contexto politico, so- cial, econémico e cultural? H& necessidade de se compreender o pedagégico e 6 politico de forma erftica, analisando-se o papel do Estado, evitando-se tanto as posturas ingénuas quanto as céticas, reconhecendo-se tanto as possibilidades quanto os limites da instituigdo escolar, O efémero modismo da antipedagogia e o reprodutivismo que levavam a uma postura negativista em relagio & escola precisa ser substituide por uma concepgiio mais conseqiiente ¢ responsfvel de busca de safdas. Este livro de noventa ¢ trés paginas € um exemplo de recusa ao nihilismo e imobilismo e de crenca nas possibilidades de um esforco tesrico-pratico no sentido de conhecer e transformar a realidade, como atesta sua ultima frase: “Finalmente, creio que precisamos continuar a construir melhores ferramentas tedricas para atuar melhor sobre a realidade” (p. 93). * Professor Doutor do Departamento de Administracdo Escolar ¢ Economia da Educacéo da Faculdade ‘de Educacio da Universidade de Sao Paulo. 100 JOAO PEDRO DA FONSECA Embora os autores nfo mencionem Fritjof Capra, tém em comum a mesma preocupago de superar as andlises fragmentadas e reducionistas da realidade pela visdo holfstica e ecolégica. A escola & uma construgio social e como tal deve ser compreendida, abandonando-se as andlises preconceituosas e de falsas dicotomias que muitas vezes freqiientaram as discussGes a respeito da escola e sua relagio com o Es- tado ¢ a sociedade. A escola como um mundo de contrastes ¢ de heterogeneida- des constitui um desafio para seus estudiosos ¢ nao basta mais defini-la como aparelho ideolégico de estado ou de agéncia de reprodugio da sociedade, Precisamos comegar reconhecendo que sabemos muito pouco sobre a es- cola, seu quotidiano, seu dia-a-dia. Como muito bem alertam as autoras, h4 ne- cossidade de se ampliar nossa capacidade de ver ¢ prever 0 que ocorre na es- cola, Os autores propdem a superaco dos paradigmas dominantes e a adogdo de novas opges metodolégicas. O capftulo sobre a etnografia educacional € muito rico a esse respeito, recomendando-se que se atente para estudos sobre a interagio entre professores ¢ alunos, sobre estratégias de sobrevivéncia e resis- téncia dos alunos, enfim que se fagam estudos integrais, holfsticos. Diz Elsie Rockwell: “A etnografia propée-se a conservar a complexidade do fenémeno social ¢ a riqueza de seu contexto peculiar: por isso, a comunidade, a escola ou, quando muito, o bairro e a microrregiao s4o o universo natural da pesquisa et- nogrifica” (p. 45). A mesma preocupagio holistica aparece no capftulo sobre “Escola e Clas- ses dependentes: uma hist6ria do quotidiano”, em que Elsie ¢ Justa ressaltam a escola como um dos lugares privilegiados do encontro entre o Estado ¢ as clas- ses subalternas, sugerindo reflexdes a respeito do curr{culo, do professor, das instalagdes, das construcées, dos custos do ensino “gratuito”, do espaco esco- lar etc, Embora as autoras se refiram a realidade mexicana, no geral suas refle- xées se aplicam ao Brasil. Todos os que se dedicam ao estudo do fendmeno educacional se benefi- ciardo da leitura deste livro, De modo especial, entretanto, acredito que hé um ptiblico que ndo pode deixar de 1é-lo. Refiro-me aos alunos dos cursos de p6s- graduagdo, Mestrado ou Doutoramento, Preocupados em realizar pesquisas sig- nificativas ¢ de interesse social ¢ as voltas com dificuldades metodolégicas, aqui encontrarfio nfo doutrinas nem respostas prontas, mas reflexées a respeito da pesquisa participante e seus muitos desafios. R. Fac. Educ, $40 Paulo, 15(1): 99-100, jan.fun, 1989

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