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‘ lo ae af | 5 sustentabilidade GG Contexto ambiental, educacional e profissional A indiistria da construgie civil consome 50 9% dos recursos mundiais, ewer tendo-se em uma das atividades menos sustentéveis do planeta, No entanto, nossa vida cotidiana desenvolve-se em ambientes edificads: viverwos em casas, vigjamos sobre estradas, trabalhamos em escritérios e nos sociabiliza- mos em bares ¢ restaurantes. \ civlizagao contemporiinea depende de edii- cages para seu resguardo e sua exist€ncia, mas nosso planeta nfo é capaz de continuar suprindo a atual demanda de recursos. Evidentemente, algo deve ser mudado nesse aspecto e os arquitetos e designers tém uma grande res- ponsabilidade neaze pracesso. © que significa ser austentavel? Camo veremos,a definisiio de sustentabilida- de ver evoluindo ao longo de diversos e importantes congressos munciais € envolve ndo somente a construcao civil, mas todos 0s recursos necessirios para o desenvolvimento das atividades humanas. Para 0 arquiteto, sustentabili- dade & um conceito complexe. Grande parte de um projeto sustentével envolve a redugdo do aquecimento global por meio da economia energética €0 uso de certas técnicas, como a andlize do cielo de vida, com 0 objetivo de manter © equilrio entre o capital inicial investido © os ativos fixos a longo prazo. No entanto, projetar de forma custentavel também envolve a eriagio de espacos saudiveis, vidveis economicamente e sensiveis as necessidades socials, Significa respeitar os sistemas naturais e aprender por meio dos pro cessos ecolégicos, Origens da sustentabilidade Natureza_ Natureza_ Sistemas Prategao do como sustento como ingpragio. ecoldgicos —meio ambiente m= comida John Ruskin m habitats ——m aquecimento lobal saree m Lethaby sm florestas sm rasiduose ‘tropicals poluicio = dgua m FrankLeyd —m biodversidade w cxgotamanto Wright dos recursos Guia Bésico para a Sustentabildade A pressao sobre o meio ambiente Em 2003, Organizacdio Mundial da Satide (OMS) divulgou que 0 aquecimen- ‘to global estaria causando a morte de 150 mil pessoas por ano. Isto vem ocorrendo devido, principalmente, as variacdes no nivel do mar, que afetam a producdo agricola e produzem a escassez de chuvas ea evaporacao das reservas de égua potével.Além disso, o uso de combustives fésseis para aque- iento, iluminacdo e condicionamento de ar das edificacdes € responsével por 50 % do aquecimento global, sendo o transporte outro fator que contri- bui em outros 25 %,Por esse motivo, é de extrema importancia que exista a interagio entre o projeto arquiteténico, o desenho urbano e o planejamento Urbano, Considerando a longa vida util de uma edificacdo, é importante pen- sarmos a longo prazo e estarmos dispostos a investir em tecnologias ecol6gi- ‘cs,cujos beneficios serdo percebidos no futuro. Tonalidades do projeto verde ou ecolégico Verde-claro Atualmente acessivel e com um prazo de retorno de investimento entre 8 @ 10 anos, Verde-médio Verde-escuro Previsdo de uso de tecnologias Edificacées independentes das redes ecoldgicas,ndo acessiveishoje,mas de abastecimento (energia e dgua), que sero necessérias durante a vida que durante sua vida util geram mais ‘itl da ecificage para manter os energis © recursos do que niveis de conforto € recursos consomem. Os materiais utiizados disponieis, como: para a construgio destas edificagSes wm energia elétrica gerada por meio também podem ser neutros em de ciotemas locais fotovoltaicose —_emissBes de COp, e6licos, w= captasio de dguas ploviais; fm reciclagem das 4guas cinzas; = processamento dos residuos ou sua transformagao em energia. Os danos ambientals decorremtes das atuais praticas construtivas se manites- tardo, primeiramente, em nossas cidades, onde sentiremos os impactos causa= dos, como a elevacao das temperaturas,os problemas de satide causados pela Poluicdo do ar ou pela contaminacao da 4gua, a escassez de alimentos e a falta ™ Ni mente, metade da populie mundi vve ‘did com mats ce Irie de habitants. Syuen Australia. CContexto ambiental educacional e profissional 5 de energja. Embora as ecificaces ainda possam funcionar de forma individual, a relagio do territério coletiva das cidades com o ecossistema global entraré em crise. Isto se deve ao fato de as cidades produziren um conjunto de impactos que gera urna cadeia longa, profunda e crescente de residuos. Além disso, a extensao das cidades vern se ampliando e suas populacdes tornam-se cada vez mais densas. Atualmente, metade dos seres humanos habita zonas, Uurbanas; destes, a quarta parte ocupa cidades de mais de | milhao de habitan- tes ¢ a metade, megacidades de mais de 8 milhées de habitartes. A pressdo mundial sobre o meio ambiente afetaré, primeiramente, essas megacidades, ou seja,as grandes conurbacées, como Téquio, Cidade do México e Sao Paulo. O pior cendrio para o ano de 2050 = Ar 1m Residuos m Planeta irrespiravel impossiveis de administrar —_inabitdvel aw Agua = Combustiveis fsseis no potavel esgotados Somente por meio do uso de tecnologias mais inteligerttes, de um maior respei- to 20s recursos naturais eda substituigao da exploragdo de recursos no reno- vvéveis por priticas renovavels e autossuficientes, poderemos reduzir a pressio sobre © meio ambiente. A cidade desempenha um papel fundamental para 0 estabelecimento de uma relacio simbiética entre as edificacSes,o territério ea natureza. Constituindo uma das unidades da cidade, 0 projeto arquitetdnico, quando norteado pela andlise do ciclo de vida, pode contribuir de forma impor- ante para @ sustentabilidade, As edificacdes podem produzir sua prépria ener- sa captar e reciclar sua prépria agua. utilizar materiis reciclados e promover 2 reutllzagdo dos residuos,além de manter 0 equiliorio entre o CO; (diéxido de carbono) produzide durante sua construgéo e uso, € © CO) transformado novamente em oxigénio, mediante 0 plantio de drvores em outras dreas, A vantagem de considerar a edificagio de forma isolada antes de abordar as grandes dreas urbanas é a sua relativa simplicidade. As caracteristicas do desem- penho de um edificio sio previsieis, pois podem ser medidas facilmente por meio do seu consumo e da sua producdo. Se a sociedade aceitar a ideia de pro- jetos de edificagdes sustentéveis, 0 desenvolvimento sustentavel das cidades serd uma consequéncia. De fato, a construgdo sustentavel constitui a base do Fig 12 Cisse do sels ulus a meitatee ‘wansporte,dminuinds pertana,o consumo decombustivis Sere Fla ldides debaba dens tomando- insite Guia Bisco paraa Sustentabildade projeto sustentével.que. por sua vez influencia o desenvohimento sustentével, © rio 0 contrério. A grande complexidade que envolve 0 desenvolvimento sus- tentdvel das cidades dificulta a ago neste sentido, No entanto, a faclidade de avalagio do impacto das ecificagdes sobre os recursos naturais pode ser explo- rada para a divulgacio de uma nova arquitetura ecolégica, que promova um processo de mudanca. Este é um partido cada vez mais adotado por alguns dos arquitetos mais respeltados da alualidade, como Norman Foster, Nicholas Grimshaw Richard Rogers e Michael Hopkins. A produgio de diéxido de carbene & um fenémens essencialmente uthano, mas seu grau de emissio depende de varios fatores, como o dima, os tipos de so Jo solu, a Uersidade Ua populaya e u estilo de vida. Para reduzirmos 2 pro- dugdo de CO>, pademos adotar diversas medidas. atteraco de microclimas pode aumentar os niveis de conforto humano, diminuindo, desta forma, © con- sumo de energia, Nas cidades mais fis, o isolamento e a captacio de energia solar nas edificagées constituem solugGes reativamente simples, ambas eficazes ede baiwa custo Nas Lidaules corm temperaturas mais elevacias, 0 plantio de érvores junto as cedificacdes proporciona zonas de sombreamento, direciona as correntes naturais de ar e reduz, dessa forma, o uso de aparelhos de ar condicionact. (Os modelos de uso do solo também exercem um grande impacto nas emis- sBes de CO;.As cidades pouco compactas, em que 0 solo é destinado a um Uinico uso, geram uma quantidade de CO; muito maior que os bairros tradi- cionais de usos mistos. © transporte privado e a construc de edificagées isoladas, muito menos eficientes em relago ao consuino de energia, aumen- tam 0 consumo de combustiveis f6sseis €, portant, a producso de CO; A densidade populacional é uma questao significativa, pois o transporte publ- co somente € vidvel do ponto de vista econémico em cidades compactas. Os ‘modelos urbanos densos, baseados na diversidade de usos do solo, produzem uma quantidade muito menor de CO; que a cidade moderna suburbana. Esta 6a razo pela qual a producto de didxido de carbono per capita varia entre diferentes paises.A resposta estd no modelo de vida, irda indstealnagio da China eda inca "aumentardo os impactos ambienta sn Contexte ambiental, educaciial ye pruliosrial Emissées de CO, per capita EUA 5851 Japio 235t China 0,651 Reino Unido 2.924 Unido Europeia 231t Inch 0,231 Revie Foret Sistainaie Bs Fente: Adapts de SMITH Peter Unversity 1996,0.38 ig Mounts C esilo de vida & um aspecto fortemente relacionado a emisso de CO,.Na medida em que © ser humano se torna mais préspere, deseja © consurne ints, © consumo aumenta a utiizacdo de recursos, a geragdo de residuos e, final mente, a produsio de CO;.As edificagBes, essenciais no suporte a vida © a0 consumo, poderiam redurir os impactos ecoldgicos negatives por meio de projetos arguiteténicos que considerem aspectos a sustentabilidade. Ironicamente, no entanto, so os pafses mais desenvolvidos do planeta 05 que mais poluem.A industrialza¢o semeia sua prépria destruicdo pela geraciio ce altos niveis de emiss0 de CO;, conduzindo, diretamente, ao aquecimento lo bal. arquitetura, por si s6, nao é capaz de resolver os problemas ambientais do planeta, mas pode contribuir de forma significativa para a criacfo de habi tals humanos sustentiveis. De acordo com The Rocky Mountain Institute. famoso grupo de especialstas em meio ambiente, a sociedade poderia quadruplicar sua produtividade man tendo o mesmo nivel de consumo de recursos. ste conceito, conhecido coma fator quatro, baseia-se na afirmacio de que a sociedade poderia crescer causar mais danos ecolégicos apenas utiizando tecnologias mais eficientes, incrementando © uso da reciclagem e adotando uma melhor administragito © projetos mais eficientes. Este conceito é apoiado pela nogao de capital nati uma especie Ue sbteinie unldbil global de todos os recursos ecoldgicos. Os recursos ecoldgicos se equipararo as acdes dos mercados financeiros mun dais, passando a ser negoclados, Conforme escasseiem, as nque7as ecolopia passardo a valer mais, o que garantir sua sobrevivéncia, Apesar de muta inte ressante, esta ideia baseia-se no conceito de economia de livre mercado. ¢ gindo, porianto, que o mercado seja incentivado a conservar’ os recut so niaturais mais do que exploré-tos. © conceito do fator qu vdtias orientacdes importantes para os profissionais da construgio ail O Rocky Mountain Institute no acredita que a solugiio para a conser vagic recursos seja o fortalecimento das legislacdes ambientars,pors ac teuiit «fue Guia Bisico paraa Sustentabilidade préprias empresas se interessariam pela promocio da sustentabilidade, tor- nando-se cada vez mais competitivas. Esse posicionamento contraria 0 da Unido Europea, que enfatiza as leis ambientais e a prevencao, evidenciando as diferengas polities entre a Europa 2 nc Fetacins | Inicins nessa questo. ‘A arquitetura & inevitavelmente influenciada pelo contexto saciopolitico. A ideologia de mercado livre, que promove o individualismo, prevalece sobre os valores voletivos. A sustentabilidade, compreendida come um conjunto de ideais, constitui um conceito baseado na ética da responsabilidade ambiental, As técnicas © Wuitulugies proiprias do projeto ceolégico encontram se atual- mente em um estégio avangado. No entanto, ainda falta uma pratica arquite- tonica que priotize as questoes ecoldgicas e uma indistria da construgéo civil que baseie suas operacées na sustentabilidade.A capacidade de ecificagao © sua relagio custo-beneficio tem pouco valor em sia nao ser que iis ia da construgao chil crie un novo tipo de edifcagées engenhosas, que sejam duradouras e promovam 0 bem-estar, O problema de iniciativas como os relat6rios Latham e Egan é que carecem quase que completamente de uma dimensio ambiental © desafio da sustentabilidade’ Os sinais do. crescente aquecimento global so cada vez mais perceptiveis. ‘A clmatologia estabeleceu uma provavel correlacao entre o uso de combust veis féssais,o aquecimento do planeta ¢ a instabilidade climatica. No entanto, outras atividades hurnanas também aceleram 0 processo de elevagio das temperaturas globais, corna a destrvigia das flarastas tropicals (quase sempre para abastecer o sotor da construcio civil muncial), a proliferagio de aterros sanitérios (com a consequente emissao de gases metano} e o uso de produ- ‘tos quimicos que destroem a camada de oz6nio. O aquecimento global é um tema incémodo para os politicos (alguns dos quai ainda nagam sua existén— Cia), 0s arcqitetos,a indUstia da construgio civil e toda a humanidade. Mas Uambént causa profundos impactos para diversas outras expécies, cujos habi- ‘ats esto sendo ameagados pela elevagdo do nivel do mar e a desertificagao. © aquecimento global no apenas coloca em risco a nossa espécie, mas tam- bbém ameaca todo 0 ecossisterna do qual dependem a agricultura e a pesca 15 fajuecimanto global estd provocando a #10 dos desertos ameagando dversos [pobras Marnene aubeaan Contexto ambiental, educacional ¢ prafisional 9 Principais acordos ambientais internacionais 1972 Conferéncia de Estocolmo para o Meio Ambiente Humano (ONU) 19/9 Convengao de Genebra sobre a Poluigao do Ar (ONU} 1980 Estratégia Mundial para a Conservacao (UICN) 1983 Protocolo de Hebsinque sobre a Qualidade doar (ONU) 1983 Comiss’io Mundial sabre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ONU) 1987 Protocolo de Montreal sobre a Camada de Oz6nio (ONU) 1987 Nosso Futuro Comum — Relatério Brundtland (ONU) 1990 _LivroVerde sobre o Meio Ambiente Urbano (Unido Europeia) 1992 Ciipula daTerra (Rio 92) — Rio de Janeiro (ONU) 1996 — Conferéncia Habitat (ONU) 1997 Conferéncia de Kyoto sobre o Aquecimento Global (ONU) 2000 Canferéncia de Hala sabre as Mucangas Climaticas (ONU) 2002 Clipula de Joanesburgo sobre o Desenvolvimento Sustentével (Nu) © deslocamento da populagdo humana para as cidades exerce grande pres- aio sobre @ solo edificado,a dgua ¢ a3 energias cisponiveis, assim como sobre a capacidade de tratamento de éguas negras e de residuos. O ano 2000 mar- {Luu G mrivinenly er que pela pr ineira vex na histéria da humanicade @ popur lacao urbana superou a rural, Dos 6.2 bilhdes de habitantes do planeta,a gran- de maioria Vive nos centros urbunos, Esse fendmeno ndo s6 intensifica os problemas urbanos, como poluigSo, falta de espaco, densificagdo populacional © pressio sobre os recursos, mas também gera expectativas sobre uma melhoria de nivel de vida. Os desejos pessoais da populaciio, como aqueci- mento e condicionadores de ar, aulornéveis € apareinos eletrénicos de todos 6 tpos,incluindo os mais de 250 milhdes de telefones celulares descartados por ano, exigem recursos cujas fontes parecem cada vez mais firitas. ‘Quanto mais a espécie humana se urbaniza, mais consome, desperdiga e poltt Como Richard Rogers indicou em 1996,em palestras para a BBC de Londres, esse fendmeno obriga a uma mudanga de abordagem: as edificagdes inclivi duais dio lugar ao desenho urbano, as escolhas simples (como a enera) a escolhas complexas (como sustentabilidade) a busca por beneficios i uma motivacao ética. Guia o para a Sustentabllidade Fale A zbanizagio promove o aumento do ‘consumo dos exeassos recursos Yokohama, Inpto, Soci Tecnolggico Ambiental Fig Wr Ostris virtces do prejeto sutentive Politicas do Reino Unido para o desenvolvimento sustentavel no mbito da construgéo civil = Reducfio de CO, e mudangas climaticas: 10% a 15 % de redusdo das emissSes de carbono entre dez e quinze anos. = Impacto ambiental das edificacGes: uso mais eficiente das matérias-pri- mas, redusdo de residuos e reciclagern. m= Competitividade: aumento da produtividade por meio de projetos mais adequados, especialmente no que diz respeito ao ambiente de trabalho. i= Eficiéncia da indstria da construco civil aumentar a eficiéncia em 30%. a0 longo dos proximos dez anos. A prosperidade econ6mica e 0 crescimento populacional impactam cada vez mais © meio ambiente. Estima-se que, por volta do ano 2050, a espécie huma- nna causaré um impacto ambiental quatro vezes maior do que em 2000, consi- derando um crescimento econémico anual de 2.% e uma populagao mundial de 10 bithoes. © impacto causado por esse crescimento afeta os recursos naturals, a cadela de residuos e a possivel resolucio do conflito entre a sustentabilidade econ6- mica,a ambiental e a social, O grande questionamento atual dos ecologistas € sobre 0 que serd capaz de estancar mais rapidamente o crescimento da raca humana: a poluigo que ela mesma produz ou a escassez de recursos? Estas tenses serdo sentidas primeiramente nas cidades provocaréo impactos sobre as infraestruturas existentes, passando a exigin no mesmo grau, novas abordagens nos projetos de ecificagdes. A arquitetura precisard equacionar recursos e residuos, explorando os residuos como potencias fontes de energia ou futuros materiais de construcii. Na década de 1990, abandonamos uma posigdo estritarnente focada nas ques- tées do aquecimento global, discutidas nos diversos acordos internacionais, como do Rio de Janeiro, de Kyoto e de Joanesburgo, e avancamos para uma visao mais ampla Sobre a condigéo das cidades, o meio ambiente global, a redu- «<0 de recursos naturais € a satide ecol6gica. Esta mudanga é fundarnental para a conscientizacio sobre o desenvolvimento sustentvel. O conceito de susten- tabilidade & mais interessante do ponto de vista intelectual, envolve maiores Fg 18 \s wrces do projta sstentivel socal, Jecroldgeo eambenta Contexto ambiental educacional e profissional "1 desafios para os profissionais e, ern rela¢o ao projeto arquitetdnico, é mais, ‘exigente que qualquer outro conceito. ‘A sustentabilidade vem ocupando um lugar de destaque na vanguarda da ciéncia como base para tecnologias inovadoras e abordagens de design, repre- sentando um nove paradigma para a equidade social, aém de uma nova pers- pectiva por meio da qual as empresas poderio projetar seus futuros. No entanto, no Ambito da arquitetura, coctumase esquecer que 0 conceita de desenvolvimento sustentdvel envolve os dois grandes vetores do Movimento Moderne: @ inovagdo tecnolégica < a igualdade social. Varios movimentos arquiteténicos recentes consideraram apenas um desses aspectos; a arquite- ‘ura high-tech, por exeinplo, utilzava ives tecnvlogias de edificagdo, mas n&o contemplava aspectos socias. A arquitetura social, por outro lado, costurnava ignorar 0 potencial do projeto € das tecnologias para a resolugio de problermas sociass, U concerto de sus- ‘tentabilidade, no entanto, envolve ambos os enfoques: ndo $6 revitaliza a arquitetura, como outorga uma nova validez moral & criago de assentamen- ‘tos humanos, proporciona uma nova base ética para o exercicio da arquitetu- rae, finalmente, dé nova forma estética e cultural & paisagem. ai se fern a | Equidede $e | /- | SS a oe | oitraops enrsin Shas | | ete oo | e Design a | 1 Coptal de conhedmento © Capt de recursos 1 Now tenalogas Faure | 2 ener evrhinnesSareee 5) eSranabas rota fecinc) Sen poe = Ste st) Seca es ages fener) Fp.19 Diferenga entre deserseiviento sustentive! esustentab ida, Gia Bésico para a Sustentabilidade Este é 0 momento de analisarmos o rumo da arquitetura ecoldgica. Os pri- meiros arquitetos ecolégicos enfatizaram a dlimensao energética da sustenta~ bilidade, que continua sendo uma de suas principais preocupacées, devide ao aumento das emiss6es de di6xido de carbono em todo 0 mundo, No entan- to, um projeto de baixo consumo energético pode gerar arquitetura de qua~ lidade? Beneficios do ambientalismo na indiistria da construgao Reducio de custos Garantia do cumprimente da legislagio Antecipacio a legislacdo futura Reduydo Ue riscus ambientais Melhores relacées com 05 legisladores Melhor imagem publica ‘Aumento das oportunidades de mercado ‘Aumento da produtividade dos tuncionarios Hé poucos exemplos arquiteténicos nos quais a estética tenha sido concebida ‘em fungio da economia de energia; normaimente, costurna ocorrer © contré- rio. Apenas quando todas as questdes ecoldgicas que envolvem o projeto so observadas € que surge uma arquitetura complexa, bela e de boa qualidade. Os trabalhos dos escritérios de Nicholas Grimshaw ¢ Feilden Clegg, no Reino Unido, de Rezo Pia a Italie de Ken Yeang,na Malis, =i0 paradigmsticos no Ambito dos projetos sustentéveis ndo somente por seu baixo consumo cenergetico. Suas edificagbes consideram as necessiduties hunranas, Lato fisicas quanto psicoldgicas,além das exigéncias referentes a eficiéncia energética, A busca por um ambiente sensivel envolve tanto a necessidade humana por uma estética elevada quanto a demanda por soluces tecnolégicas.A susten= tabilidade social, ecol6eica, cultural e tecnolégica serd 0 parametro empregado para a avaliacio das edificacBes no futuro. No entanto, hd muitas tenses que precisa ser resolvidas @ isto exige a adocio de diversas solucdes para 09 futuros problemas ambientais. czac a aruiteturaestiointegradas ro » Vistas ICLem Runcorn projetado AMEC Desgn vegnent foment CContexto ambiental, educacional e profissional a Anatureza como diretriz do projeto De uma forma geral, a natureza consttui a diretriz da sustentabilidade, sendo aplicada de diversas formas. Vérios arquitetos desenvolveram suas linhas de projeto préprias tendo a natureza como modelo, desde Nicholas Grimshaw, com suas breathing wal’ e reftigeracio por agua, até Ken Yeang, que adotou os princiios de ventlacdo natural dos cupinzeiros em seus edificios de escrit6. trios. No entanto, os projetos norteados pela natureza no sio isentos de pro- blemas, pois carecem de bases tecnoldgicas e seus resultados no costumam atender a todas as espécies. No entanto, a combinacdo entre tecnologia ¢ ecologia possibilita 0 projeto de uma nova geragdo de edificagdes capazes de diminuir. em todos os mbites. o impacto ambiental. A natuneza nla <4 recicla pois seus sistemas adquirem maior complexidade e beleza conforme a sua scala aumenta. Nesse sentido,a natureza parece ter incorporado 0 motor da diversidade: rejeita a repeticio, a clonagem e a absurda busca pela perfeita duplicagéio. Portanto, a ecologia natural constitui um modelo a ser seguido pelos arquitetos. Fall! ccicna, na Holanda emprega stemas rata para tratarasJguas resicaisdorréstcas, Guia B sco paraa Sustentabiidade Arquitetura sustentével: tensdes criativas Desenvolvimento sustentével vs. sustentabilidade Economia energética vs.satide pessoal Global vs.local Holistico vs. analitico Sictémien us linear Bles vs.nds Tempo humano vs, tempo ccoldgieo Mudanga gradativa vs. mudanga radical Projeto ecoldgico vs. projeto de baixo consumo energético Capital natural vs.capital cultural Ata tecnologia vs. baixa tecnologia Conflito entre sustentabilidacle ambiental e sustentabilidade econdmica Aprender com a natureza envolve a aplicagdo dos principios ecolégicos de civersas formas. No entanto, a natureza no é neutra e possui suas préprias leis e métodos de trabalho. Charles Darwin ajudou a descobrir a dingmica da evolugao das especies e suas interdependéncias em seus habitats. Outros estudiosos decifraram 0 eddigo genttico da vida. Os seres humanos jé domi- nam esses conhecimentos, mas raramente aplicam as leis funclamentais da natureza no projeto arquiteténico. A visto linear da pré-fabricagdo e a perfel- cao da producio em série prevalecem sobre o projeto orgénico, Nossas edi cages so cada vez mais clonadas e nossas grandes cidades estiio morrendo como os recifes de corais, ou seja, tudo que & delicado ¢ belo esté sendo des- sruido pela poluicao, o aquecimento global.a repeticao mecanica ¢ os resicuos. A natureza pode constituir uma importante diretriz para a arguitetura, de acordo com quatro perspectivas claramente diferenciadas: (@) Aprendendo com a natureza. Este € 0 tema abordado por lan McHarg ‘em sua excepcional obra Design with Nature? de 1970. natureza utiliza padrées e ondens que podem ser aplicadas na arquitetura, © projeto eco- égico constitu uma tentativa de introducio desses sistemas nas equacées .ormalmente utlzadas pelos arquitetos. A anslize do lineares ¢ funcionsia, ciclo de vida permite que a edificacio adquira as caractoristicas dos siste- ‘nis Heaters, Uiria aicloyia Poue set ayaa Cae ds eUiMLayoes (eps- cies) € as cidades (habitats). Aprender com a natureza incentiva a observa- vega inflenciou projeto de Wettands e,em Simbridge, desde o planejamento CContexto ambiental, educacional e profisional 15 do da interacdo em termos de recursos, como energia, dgua € materials, que sau vunsumidus, & de residues © poluiggo, que sie produzides. De fato, estamos diante de um ecossistema arquiteténico com seu préprio potencial de reciclagem e sua propria cadela de residuos. Esta € uma liga ‘que podemos aprender com a natureza. Usando modelos naturais para comunicar. As estruturas ecoldgicas S30 testadas de forma rigorosa, muitas vezes em ambientes hostis. Formas, composicées, configuracées e materiais utlizados na natureza sio resi tentes e sustentveis. O famoso edificio de escritérios Swiss Re, em Lon- dres, do arquiteto Norman Foster, com sua forma de pepino, é um claro exemplo de biomimetismo, Seu projeto para a Prefeitura de Londres (Greater London Authority), que se assemelha 8 seco de um pulmo. & outro exemplo, Em ambos os casos, 05 madelos foram retirados da natu- re2a, testados © adaptados para a criago de uma arquitetura sensivel ao entorno e fiuida. Richard Rogers contribui com outro exemplo deste tipo 20 utilizar 0 camaledo como referéncia para um edificio,cuja pele mudaria de acordo com a temperatura © a insolagio, Outros arquitetos, de Santiago Calatrava a Future Systems, inspirarn-se em um conjunto de for mas encontradas na natureza, obtendo resultados de extrema elegincia. 6 Guia Bisico para a Sustentabildade (©) Explicitando a natureza. Neste caso, 0 projeto arquiteténico intraduz 3 rnatureza na equacao, tanto no interior quanto no exterior, ou diretamente por riciv dos materia construtivos empregados A natureza é uma fonte: de prazer tatil visual e auditivo. No interior das edificagdes, a natureza atende a propésites tanto objetivos e priticos, como a purificacao do ar, quanto espirituais, promovenda o bem-estar e reduzindo © estresse. A crescente utiizacio de patios internos nas ecificages vem contribuindo para a pratica da introducdo de vegetacio em seu interior Assim como as estufas vitorianas, a natureza converteu-se em um bem de consumo nas instalagdes comerciais e quase que imprescindivel nas edificagdes residen- ciais. Certas teorias indicam que as edificacées esto unidas a nds como um-tipo de entidade viva, que compartiha de noseas vidas como um orga nismo dindmico,A natureza outorga sua alma aos edifcios, que, portanto, ‘em termos junguianos transcendem de seres inanimados a seres vivos. ‘Alinguagem danatureza | Arquitetos/organizacao Exemplos ‘Aprendendo comanatureza | Feilden Clegg Bradley BRE Offices, Watford Fen Centro deVisitantes de Slimbridge ‘Thomas Herzog Pavilhao alemio da Expo Hannover Lucien Kroll Ecolonia, Aalphen, Holanda Usande modelos naturaic ‘Norman Foster Edificio Swiss Re, Lanrires para comunicar Future Systems London Media Centre, Lord's Cricket Ground ‘Santiago Calatrava Aeroporto de Bilbao KenYeang Shanghai Armoury Tower, Pudong Chetwood Associates Supermercado Sainsburys, Greenwich Usanco a natureza Richard Rogers ‘Aeroporto de Barajas, Madrid como ferramenta Nicholas Gramshaw Eden Centre Michael Hopkins Jubilee Campus, Nottingham. Ted Culinan Hooke Park, Dorset Utilizando a natureza Novem (Holanda) Sistema de Ecoauditoria como quantificador ecolégico._| BRE (Reino Unido) BREEAM, SEAM DETR: Oportunidades para mudanca Protocolo de Kyoto ‘Comércio de carbono Green Buildings Council (EA) | LEED sido mnmureza para interi Acasa da Pan Edwardsna Ese Contexto ambiental educacional e profssional ” (A) Utilizando a natureza como quantificador ecoldgico, lodos 0% wslernis de anlise ambiental possuem uma base ecolégica, ainda que, devielo ao aquecimento global, a energia constitua o fator predominante. Qs mito” dos BREEAM (Reino Unido). Quantum Auditing (Holanda) © LEED (Estados Unidos) utiizam um sistema de auditoria que aborda a edifien ‘0 como um habitat, Cada aspecto, seja gua, energia ou materiais, & considerado um recurso € seu valor é estabelecido de acordo com sta escassez OU seu iinpactu riegaliva.A ideia de uma quantificagao baseada na natureza permite a identificaco de indicadores que faciltam o trabalho Us arquitetos, evitando a andlise minuciosa de todos os aspectos. bs8es, indicadores servern como guias para a boa pritica arquitet6nica, colabo: rrando para a satide da ecificagao, Estetica ecologica = Parametros ecolégicos norteiam o projeto = Dar visiilidace & natureza w= Projetar com a natureza = Aprender com as estruturas da natureza = Todos somos projetistas 18 Solucdes surzemn do lugar © que é mais importante:o petréleo ou a Agua? A capacidade de lidar com a poluigo © os residuos nas diversas partes do. mundo reflete perfeitamente as diferentes perspectives regiontis sobre a sus- ‘tentabilidade, Nas cidades que se industrializam rapidamente, a poluigao do ar est se tornando um importante obstaculo para 0 desenvolvimento, A Uniiio Europeia estima que a poluisio do ar gerada pelo tréfego de veiculos & a segunde maior eausa de mortalidade na Europa, cuit 60 mil pessoas por ano vitimadas por bronquite,asma e doengas cardiacas.* Na Africa, por outro lado, @ poluisdv da dgua € a inaior causa de morte. dgua rio potivel mata m: pessoas que a AIDS e apenas um terco da populacio africana tem acesso a gua potavel, de acordo com a ONU. Portanto, enquanto a estratégia para o desenvolvimento sustentavel no Ocidente se concentra na economia de ‘energia (que reduz a poluicao do ar ¢ os danos causados pelo aquecimento. global), na maior parte da Africa e da Asia baseia-se tanto no abastecimento Guia Bésico para a Sustentabidade de dgua quanto nos residuos domésticos. Este é um dos motivos fundamen- teis da diversidade de priticas no dmbito do desenvolvimento custentével: a energia e seu correspondente efeito sobre o aquecimento global constituem conceitus abstratuy, cizilifeus © mecanicistas, enquanto a dgua eotd ligada & ‘terra e ao mundo espiritual, nfo racional. A dgua € tti,visivel e, principalmen- te na Africa e na India, relaciona-se diretamente com a satide e a produtivida- de agricola. O universo das pessoas que habitam essas regides est intima- mente ligado a 4gua, ndo ao petréleo, e, portanto, ao Ambito espiritual estético. Por esse motivo, é cada vez mais comum que consideremos a égua como 0 petréleo do futuro. Nés, ocidentais, podemos aprender sobre a con- servacio do meio ambiente por meio da andlise das formas de uso da 4gua na Africa e na Asia: sua captacio, seu consumo e sua reciclagem. Diferentes abordagens do desenvolvimento sustentavel Ocidente Oriente wm Mecanicista m Mistica m Cientifica m Espiritual a High tech m= Low tech 1m Baseada na energia m Baseada na gua Para uma compreensio da sustentabilidade por meio da transculturagao ‘As praticas relacionadas com o petrdleo e a égua nos ajudam a compreender as diferencas entre as ideologias sobre sustentabilidade nas diversas regiSes do planeta. A forga mecanicista do Ocidente e a profundidade espiritual do Oriente podem ser associadas para alcangarmos a meta global do projato ecoldgico. Ainda que a sociedade no seja capaz de perceber a sua escassez de recursos, como ocorre nos Estados Unidos, a incapacidade de gerenciar os residuos e @ poluigao conduzir a arquitetura a um programa de necessidades mais holistico: combinando as prioridades de economia de energia e de dgua, adotando a andlise do ciclo de vida como um critério para a escolha de mato- riais construtivos duradouros e integrando a racionalidade e a espiritualidade ‘numa tniea dimensio. Esse ser © ponte de partida para uma neva arquitetu- ra.Ao liberar 0 projeto arquiteténico de sua absiraco e materialise obses- sivos,a arouitetura poderd explorar solugées baseadas nas trés grandes tradi- Ges do pensamento cultural crstianismo, budismo e istarnismo. Isto permits Urn inivt coritato entre as nogSes abstrates ¢ modernas do desenvolvimento sustentével e 0 conhecimentos engenhosos e autéctones dos diferentes povos do mundo, Dessa forma, sustenlablidade: deixard de ser considerada uma importacio ocidental, constituindo um aprimoramento de praticas cons- srutivas locas, Recursos globais utilizados nas edificacées CContexto ambiental educaciona profisional 8 | | | Recurso Uso na edificacio (%) Energia 50 Agua 50 Matarinis (orutos) 50 Perda de solo agricola 80 Destruigdo de recifes de coral 50 (indireto) | Poluigao global j Poluigaio Relacionada com a edificagio (%) Qualidade do ar (cidades) 4 Sereneica descuiioparuare Gases que provocam o aquecimento global 50 Joss aponta para uma nova estéica PoluicSo da dgua potavel 40 _—— Residuos depositados em aterros sanitdrios 20 (Soe CFCIHCFC 50 A stética da sustentabilidade: novos paradigmas visuais A estdtica da sustentabldade & um conceito pouco compreencid, carente | de emhacamenta tedrico e raramente articulado a pratica arquiteténica. Este livro pretende desenvolver um conjunto de conhecimentos relacionados & | pratica do projeto ecolégico e, portanto, & estética ecolégica, O argumenta baseia-se na premissa de que a sociedade estard mais preparada para aceitar | © prejeto ecolégico se 0 mesmo for simultaneamente belo. Essa belezanio se | refere somente Aquela que os arquitetos possam confer a seus projetos de | forma individual, may av enfogue coletivo da arquitctura, que possiil | arquitetos, engenheiros e paisagistas desenvolver © projeto sustentével em | toda sua riqueza visual e diversidade espacial 20 Projeto Construgio \ oerssSusteneivets yoy tua pr Suenabhde Felis ‘Oconceta de devensohimento sustentave sponta para dferentas permeate ‘damentais para o prejeto aruteténico. Guia Basco para a Sustentabildade O projeto arquiteténico e a ecologia nao costumam ser discutidos do pot de vista das politicas culturais, Por esse motivo, € muito dificil desenvolver didlogo cultural construtivo que beneficie a ambos Teorias sobre a arte pil ¢, introrkizindn a relagia entre a arte e a eccliogia nas cidades, nas pracas 1nos parques, oferecem a possbilidade de conexo entre a sustentabildas @ of ambitor social, oconémico @ tecnolégico. A arte @ a arquitatura inepir das na natureza possuem 0 poder de desaiar a supremacia de outras order socioculturaia, Nesse sentido, 0 projeto suatentével pode apresentar urna vi alternativa, possibilitando que a estética ecolégica surja gradualmente «: win now esti UU movinnenty arquiletdnicy. Dussa fortna, o verde pode converter em uma poderosa forca cultural, ultrapassando os aspectos tecn« l6gicos e socias. Fortanto, © maior desafio para o arquiteto sera criar mal beleza com a menor intervencio possivel, ou seja, o mesmo que a naturez acaba lazendo no nosso quintal. Por esse motivo, este livro refere-se, com fre= uéncia, 20 projeto ecoldgico e ao projeto de baixo consumo energético, situando a sustentabllidade em um contexto cultural e tecnolégico, © que é desenvolvimento sustentavel? A definigo de desenvolvimento sustentavel elaborada pela Comissio Brundtland é considerada, cada vez mais, um conceito vélido, porém impreciso ¢ aberto a diferentes interpretagées, muitas vezes contraditérias, apesar de ainda ser a principal referéncia no ambito internacional. Criada em 1987 pela ‘Comisso para 0 Meio Ambiente da ONU, sob a direggo de Gro Harlem Brundtland, aborda as necessidades de recursos ambientais das geracSes pre- sentes e futuras. A definigdo de Brundtland talvez seja o maior imperalivo para o desenvolvimento global no século xxi, Suas repercuss6es foram muito abrangentes e impactantes. ‘A Comisséo Brundtland definiu © desenvolvimento sustentével como aquele que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das futuras geragies de satisfazer suas préprias necessidades. Esta definigio gerou uma série de subdefinic&es que atendem as necessidades particulares de cada setor. Umma dessas subdefinicfies é utilizada pelo escritério Norman Foster + Partners, que define a arquitetura sustentavel como a criacio de edficacdes eficientes do ponto de vista energético, saucléveis, confortdveis, de uso flexivel € projetadios para terem uma longa vide (tl A Associngsa para a Informaio cia Mandal de Joanesburgo valimenta Sustentvel extn Contexto ambiental,educacional e profisional hand € Pesquisa sobre as InstalagSes dos Edificios (Bulking, Services Resed Jnforreation Association ~ BORIA) Uefiniu a Lonstr ayia iio e gestio de edifcios saudliveis, baseados em principios ecoldgicos @ com so eficente dos recursos. Estas defnigdes demonstram a importancla da criagilo de uma terminologia de referéncia para Ambitos especiticos, como 0s tipos de edilicagdo, as instalagdes de servigos ou os graus de desenvolvinento. A filo sofia que permeia a definigao da Comissio Brundtland beneficia-se de cerla falta de pracisio, H4 uma compreensio geral e um conjunto de principios que ibdefinicSes muito iiteis, enquadradas nesse campo permitem a criagio de s de grande abrangéncia. A antiga @nfase nos recursos ambientais, principalmente na economia de enorgia, fol substituida por uma maior abrangaria ambiental. A Comission Brundtland defendeu que os sistemas econémicas e socials no poderiam se alheios as quostéos ambientais. ideia de crescimento do bem-estar social deve ser equilprada com a conservagao dos recursos ambientais pelas gera ‘Bes presentes em beneficio das geragées futuras. sto significa que o desen volimento sustentdvel possui amplas ramificagSes para os responsdveis p esse desenvolvimento, como os arquitetos. No entanto, no contexto de cresc mento sustentével, questiona-se a verdadeira possibildade de concilagiio entre a sustentabilidade econémica e a ambiental, Estariam os arquitetos se iludindo ao pensar que 0 desenvolvimento poderd ser verdadeiramente sus: tentivel? Definicées chave m Desenvolvimento sustentdvel € o desernokimento que satsfaz as necessis des do presente, sem comprometer a capacidade das futuras genacées ck satisfazer suas préprias necessidades (Brundtland, 1987) a Projeto sustentdvel é a criagéia de edificacdes eficientes do ponto de vister energético, soudaveis, onfortdveis, de uso flexivel e prjetadas pora teren: ict {onga vida iti! Foster + Partners, 1999) 1m Construcio sustentivel & a criogdo e gestao de edfcios saudsves, em principos ecolégicos e no uso eficiente dos recursos (BERIA, 1996) @ Materiais sustentaveis sao materiais ¢ produtos construtivas sauckiveis, chitvive defers err reed ay corsurta Ue recurs &fabritudus le fries a rei 0 impacto ambiental e maximizar a recich 1004) vameaga tanto para me para a ceguranca pessoal europeu fivoreceo uro pbsco dis maze prejeta da bane consumo rgeticn Latex, Rana Unica Guia Basico para a Sustentabilidade Desenvolvimento sustentdvel: aspectos chave = Meio ambionte:todos of recursos = Futuridade:nosso futuro coletivo 1m Equidade: compartithar entre as geragdes = Desenvolvimento: que os arquitetos fazem. ‘Ctiputa Mundial de Joanesburgy sobre Desenvolvimento Sustentavel A Caipula Mundial de joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentavel, oconri- da em JUUZ introduau © conceito de consumo € produgéo sustentavels, gerando vérios acordos internacionais. O principal objetivo era estabelecer Luma relacdo entre a produtividade, o uso de recursos os niveis de poluicéo. De forma espectica,os acordos tratam dos seguintes aspectos: ‘© garantir que © crescimento econdmico niio cause poluigéo ambiental nos Ambitos regional e global; ed iagties consttuem uma forma de 0 de riqueza Este projeto ca sede do Bark de Aedas Archtects integra 105 econéimicose eceicos de forma ‘Contexto ambiental, educaciona e protissonal a © aumentara eficiéncia do uso de recursos; analisar-0 ciclo de vida completo de umn produto: © proporcionar aos consumidores maiores informag&es sobre prockitos @ ser vigos: © utilizar 05 impostos e as leis para fornentar a inovag4o no campo das tecno: logias limpas ° Apesar de a Cijpula Mundial de Joanesburgo ter um enfoque econdmico, & muito provavel que derive em ramificagées que afetem os arquitetos e a indus: ‘ria da construgio civil em geral durante @ préxima décads. Os acordos, por exemplo, estimulardo investimentos em novas tecnologias energéticas © em novas formas de reciclagem ou retso de residuos. Também proporcionan um marco internacional para o desenvolvimento e a aplicagao de leis © impostos com 0 objetivo de alcangar as metas ambieniais. governo do Reino Unido, por exemplo, pretende reduzir 60 % de suas emissées de CO) até 0 ano de 2050, manter © consumo de agua dentro dos limites de reabastecimento & reduzir 65 % de seus residuos biodegradéveis até 2020, Cada vez mais, as infor- ‘macoes terao que ser dispontbilzadas 40s consumidores e, portanto, os arquite- ‘os sero beneficiados tanto pelos certificados ambientais a serem anexados aos produtos quanto pela pressio que os clientes, mais informados, exercerao por soluctes ecolbgicas ‘Com a grande importincia dada 20 conceito de desenvolvimento sustentével nna ordem econémica mundial, ocorreu o inevitével re-equiliorio das priorida- des nacionais. No entanto, nem todas as nagBes aceitaram 0 novo imperativo, especialmente os Estados Unidos, que resistiram aos acordos internacionais, como os firmados em Kyoto. em 1997, e na Conferéncin ce Hala sobre as Mudancas Climéticas, em 2000.A intransigéncia norte-americana constitui um grave problema para a satice acalégica mundial, pois 4 a nagie que mais con- some energia no mundo. Se toda a populasdo da Terra consumisse a mesma quantidade de energia que os Estados Unidos, os combustiveisfézceie ce exgo tariam em dez anos. Possivels consequéncias da Cipula Mundial de Joanesburgo de 2002 |. Aprética da arquitetura precisard desenvover sistemas de gesto ambiental 2. Difusio de programas de melhores préticas (com o apoio de subvensées) 3, Inovagio no projeto ecolégico 2 Fig 1.20 ( ooo) Projetada por Arup Associates esta ezcola na fra eri capital socal para. fturo. Fa: Ass, Fg 121 @etreta) Prejetado por Richard Rogers Partnership, ‘iio da Reuters,em Landes, cra capita lecendmico cam peuze imparta ambient Guia Bésico para a Sustentabilidade 4, Desenvolvimento de tecnologias arquiteténicas mais fmpas e eficientes 5. Aumento das informagies sobre © impacto ambiental dus produlus 6. Aumento das informagdes sobre o desempenho energético das edifica: ses e dos servicos prestados em arquitetura © impacto das edificacées © papel desempenhadio pelas edificacdes e as cidades ¢ fundamental para 0 desenvolvimento sustentavel, A vida util das edificagdes 6 longa e a das cida- des, mais ainda: elas constituirdo 0 futuro incerto descrito pela Comisséo Brundtiand, cujos recursos, poluigao e clima instével so imprevisiveis. A vida Util mécia dos diferentes aspectos da construcio é a seguinte: @ acabamentos 10 anos © instalagdes 20 anos © edificagées +50 anos © infraestruturas (\vidrias e ferrovidrias) +100 anos © cidades +500 anos As edificagdes também sii grandes consumidoras de matérias-primas, O capi- tal ambiental investido nas edificagSes é enorme, assim como seu impacto em termos de residuos: 1@ Matoriie: 60 % de todos o¢ recursos mundi so destinados & construsiio (esiradas, edificacées etc). © Energia: cerca de 50.96 da cnergia gerada so ulilzados para aquecei ilu nar e ventilar as edificagSes,além de 3 % usados na sua construcao, © Agua: 50 9% da dgua usala nu niundU sav Uestinados ao abastecimento de instalagdes sanitérias e outros usos nas edificacées. A btegor projec por ColeThompson, fev ra nove teenoiogia surtentives, ‘Contexto ambiental educacional ¢ profissional uw © Solo:80% do melhor solo cultivével sto utiizados na construgio civil e nile ra agricuitura, e grande parte do restante é perdida como consequénict de inundagdes causadas pelo aquecimento global. @ Madeira: 60 % dos produtos maderreiros mundiais sfio utilizados na cons trugdio de ecificagdes, assim como cerca de 90% das madeiras duras Edificagées como fonte de riqueza Os arquitetos projetam edificagées, que, por sua vez, geram riqueza. Anual- mente, metade de toda a formacdo do capital fixa & ulizaca am investimen= ‘tos em edificacdes, que, somada aos ativos herdados dos iméveis, representa aproximacamente 75 % cle toda a riqueza do Reino Unido. Portanto, a partir dessa perspectiva, parece prudente que os aspectos ambientais sejam consi- derados desde o principio; do contrério, reduziremos © valor do capital criado. valor de uma edificagio depende a longo prazo de sua capacidade de satis: fazer as necessidades dos usuérios, de condigdes ambientais varidveis e da evo- lusdio das expectativas sobre a qualidade do projeto.As edificades iluminadas © ventilavas Ue forma natural, que utlizam fontes alternativas de energia e si0 atraentes para os consumidores, constituirdo, provavelmente, investimentos mals sdlidos do que 0s que dependem de combustiveis fOsseis em demasia ou ignoram a necessidade humana bésica de um estilo de vida saudével. Relacao entre os custos de uma edificacao em um perfodo de 50 anos Custos de projeto e construcio 1 Custos operacionais 5 Custos de pessoal 150 Aideia de capital © Relatério Brundtland propés outros conceitos que esto comegando a integrar a consciéncia do século xx.O primeire € a nogao de capital, adotada para todas as fontes mundiais de recursos que precisam ser gerenciadas de forma racional. Ha trés tipos principais de capital, cada um dos quais baseado nos aspectos de sustentabilidade social, sustentabilidade econdmica e sustery tabilidade ambiental: 26 Guia Basico para a Sustentabiidade © capital social: © capital econémico: © capital ambiental Como conceito, o capital social foi muito bem compreendido durante certo lempo, ras, no contexta do desenvolvimento sustentavel, permite-nos rela- cionar os conhecimentos e a educaco 20 uso de recursos ambientais. Precisamos de uma sociedade preparada © equipada para compreender esta nova pauta. Precisamos de arquitetos, engenheiros e construtores capazes de criar produtos sociais tels (eciticagSes),utilzando 0 minimo de recursos, de forma que as futuras geracdes taribém possam beneficiar-se. Para atingirmos, esses objetivos, € necessdria urna nova abordagem educacional no Ambito da indistria da construcio civil e novos valores a serem adotados pela socieda- de, inclusive pelos consumidores dessa inddstria, Também & necessério reco- nhecer que a prépria sociedade constitui um recurso e que um bom projeto de cidade ajuda a gerar coesio social. Valores culturais, valores sociais e um, bom projeto esti interconectados no ambito da sustentabilidade social Capital econémico é 0 conceito mais campreendicia na Ambita dae recuurcns financeiros e um principio poltico fundamental da ordem mundial durante, pela menns, os itimos com anos. As empresas utiliza 0 valor de suas ages, um indicador de seu capital econémico, como medida de sua prosperidade, ‘enquanto os governos regulam o funcionamento da economia mediante 0. controle dos juros.A quantidade de capital econémico depende da explora- sfo de reeursos, como os terrtoriais ¢ humanos, e, porianto, o concelte de desenvolvimento sustentavel desafia suas bases. No entanto, os sistemas eco- némicos funcionam bem; sao relativamente transparertes e féceis de ser com preendiclos, Necessitamos encontrar uma forma de combinar as medidas do. ‘Capital econdrmico com os imperativos de outros capitals, especialmente 0 ambiental ¢ 0 ecol6gico. Capital tecnolégico constitui um conjunto de conhecimentos e uma platafor= ima de design e projeto que permiter transformar matérias-primas e outros recursos em produtos tteis para os seres humanos, como automéveis e edifi- cages, Portanto, possui uma intima relagdo com 0 capital econémico, confor- mando um tipo de capital embasado fortemente na ciéncia eno design ou projeto. De fato, tanto a ciéncia quanto 0 projeto so essenciais para a realiza- io do capital tecnolégico no ambito arauiteténico. No entanto, na medida iy 123 (© conhecimento sobre o projet argutetérico de uma ediica so revestda de hera _proporeinanda mar protecio. ca enposta CContexto ambiental, educacional e profisional 3 volvidas por meio de uma metodologia educacional planejada sao transfer Veis a outras dreas do conhecimente ¢ facilitan a aprendizagem durante toda vida ‘A educagio para 0 desenvolvimento sustentavel ndo apenas envolve as esco- las, as universidades e as profissdes, mas também os clientes, os governos € as ONGs."*Ainda existe um considerdvel desconhecimento acerca dos impactos humanos sobre o meio ambiente, O envolvimento dos usudrios na fase de projeto ajuda a garantir que sejam levados em conta os aspectos ecal6gicos antes dos econémicos, Da mesma forma,a adaptacao do plano de trabalho do Royal Institute of British Architects (RIBA), para que sejam incluidos os princt- pios do desenvolvimento sustentavel nas primeiras fases de projeto, garantird que as questdes ambientais estelam integradas em todo o processo de traba- tho.A educagie influi nos valores fundamentais, entretanto a atuagio individual de organizag&es como 0 RIBA ou 0 ARB na qualidade do ensino no é sufi- ciente. Mudangas nos cécigos profissionais de conduta e na ética da pritica profissional so necessérias para garantir que se estabelegam conexdes € compromissos reas com 0 meio ambiente.” Principais fatores para alcancar o desenvolvimento sustentavel m Educago m Legislagao = Tributacio '= Eficiéncia da prética profissional e beneficios empresariais = Imagem e reputagio Ecologia, consumo e arquitetura Nos vitimos cinquenta anos,a expectativa média de vida mundial cresceu: de 46 para 64 anos e a diferenga de longevidade média entre os pa'ses desen. voWvidos e em desenvolvimento diminuiu de 26 para doze anos, Quanto m vivemos, mais consumimos @, am idades mais avancadas, maior nossa depen. déncia de ar condicionado, iluminacao e transporte. A melhora das condi ses de vida, junto com 0 aumento do consumo de energia per capita em todo o mundo (de 0,6 KW em 1900 para 2,3 kW em 2000), acaret aumento da populagdo e da expectativa de vida. A proclugiio de alimento 34 Deni oberturae arden, ‘As tipeas pedras da cidade britrica de Bath ‘ermprogadas em um exrritan9 oe projxo recente,deautera de Bennetts Associates. Guia Bésico para a Sustentabiidade cresceu mais que o dobro no titimo século, enquanto as éreas de produgao agricola diminuem progressivamente. Estamos perdendo territério devido a expansio urbana, 8 desertificagio e & poluiglo, mas, gracas as novas tecnolo- gias, principalmente de irrigacZo, e ao incremento da geracéo de energia, a produtividade agricola global aumentou. A biodiversidade vem sofrendo as consequéncias desse proceso e, em lugares como East Anglia, a primavera silenciosa, prenunciada por Rachel Carson, tornou-se uma realidade. Em seu livro Silent Spring, Carson descreve uma paisagem onde o canto dos passaros ineaiste, caracterizandy lugal es prudutivus, purdiin sein Leleza © a riqueza ecoldgica Os habitats criados pelos arquitetos devem satisfazer tanto as necessidades hhumanas quanto as de outras especies. A biodiversidade € uma responsabil: dade de todos: arquitetos, engenheiros, agricultores, politicos etc. Os arquite- tos podem contribuir de trés formas: © Integrando os habitats naturais no processo de desenvolvimento do proje- to arquitet6nico,incluindo reservatérios de agua e zonas Uimidas, plantio de arvores, coberturas-jardim, fachadas cobertas por trepadeiras, dreas de ter- reno com vegetacio natural (florida e silvestre), © Especificando os materials de construgo de acordo com uma perspectiva ecoldgica, contribuindo para a manutencdo da. biodiversidade local ou regional pela escolha de produtos ou materiais empregados. @ Favorecendo © contato dos seres humanos com a natureza. Isto envolve 0 plantio de espécies vegetais. tanto no interior quanto no exterior clas edifi- cages, ¢ 0 aproveitamento das vistas para priorizar a percepgio ou a visi bildare ca paicigem natural. Cam ista, pratande-ce atingir abjativas per- ceptivos ¢ espirituais, garantindo uma conexdo entre os seres humanos e a Aoowstes, Pree retomp rss | emplo de um novo assentarnento em terena ial jk op, Contexto ambiental, educacionale profissional 35 natureza. Assim como a televisio contribuiu enormemente para a aprecia- ‘lo da vida selvagem @ a compreensio da ecologia, as edificagdes podern ajudar abrindo uma janela para a biodiversidade. De acordo com © World Wildlife Fund (WWF), anualmente so destrudas reas floresteis com ume superficie equivalente & da Grécia pera abastecer a inddstria da construcio civil, acarretando a extingdo de milhares de espécies, rnuilas as quay ales nesing Uk: seein Usscuber las* Alginy Uissu, estinarse que cada um de nés contém, em nossos corpos, centenas de produtos quimi- os sintéticos que nunca integraram os organismos de nossos avés. Assim como aiindistria da construgio civil os arquitetos so responséveis, em parte, pela destruicdo de diversas florestas para a criacdo dos produtos madeireiros, utlizados nas edificagdes e pela introducdo de novas substincias quimicas no onganismo humano, provenientes dos materiais especificados. Apds geragoes de exploracao implacdvel dos recursos naturais, no século do mefo ambiente, assim denominado porque se prevé que este seré o principal problema do século xxi, ocorrerdo mudangas inevitéveis na pratica do projeto arquiteténico, Arquitetura, inundagées e agricultura A interacdo entre a arquitetura e a agricultura manifesta-se por meio do cres- cente ntimero de undacBes catastrdficas acorridas no Reino Unido, Itdlia. ‘Camboja,Vietna e india, entre os anos de 2000 e 2004. Os efeitos da expan- fo urbana aliados a agricultura intensiva sobrecarregaram a capacidade da solo de absorver maior volume de chuvas. Com 0 aquecimento global as chu- vas tornaram-se mais intensas, concentradas e irregulares. O projeto arquite- ‘tBnico e paisagistico tem grande papel a desempenhar no sentido de prever a absorgio dessas chuvas, reduzindo a pressio sobre os sistemas fluviais e de drenagem. As superficies duras devem ser substitu(das por outras que atuem como esponjas, absorvendo a umidade e liberando-a gradualmente. A pavi mentagao das areas adjacentes as edificacdes costuma ser impermedvel, fazendo com que as Aguas pluviais sejarn escoadas rapidamente para ay cariall= zagbes artifciais, sobrecarregando os sistemas de drenagem, Uma solugio mais adequada seria permitir que as aguas pluviais se encaminhassem para. 0 solo, retomando sua umidade natural, por meio de, por exemplo, pavimenta Bes assentadas em leitos arenosos, com aberturas para o escoamento da gua, em vez das drenagens convencionais, e de pogos para a captagiio do 36 Fi 32 Now asrentamento para 6 mi pessoas, projatado ecologicamente por Felden Clegg Prady om uma pedrers abandenada, fem Shipton O» Fore etn Cag Boe+ Guia Bisico para a Sustentabiidsde excesso de dgua. Estas so solugdes muito diferentes das atualmente adotadas pela engenharia hidrdulica. Meso quando construidos em terrenos aluvials, (0 projetos arquitetontcos raramente adotain suki,Ges ristur is para a absor= fo de indices pluviais elevados, como o plantio de arvores nas margens dos Fos € nas reas alagadigas e a criacdo de margens fluviais irregulares. Em vez disso, na maioria dos casos, recorre-se a solucées em concreto armado, conti= das, impermedvels e projetadas de forma a repelir 0 excesso de dgua em vez de absorvé-lo. Atualmente,o colo agricola perdeu grande parte de sua capacidade de absor= so de dgua. As dreas rurais no entorno das cidades sio excessivamente cxploradas, tanto para a agricutura quanto para a pecudtria fazenda com quia a dgua das chuvas escorra rapidamente sobre sua superficie sem ser absorvi= da. Reino Unido, por exemplo, possui 40 milhdes de ovelhas, ou seja, uma relago de quatro ovelhas para cada seis pessoas, e 0 solo que nao € utilizado para o pasto € arado no inverno para a produgdo de cereais. Este sistema intensivo impede que a agua penetre em subsolo aquifero, fazendo com que escorra e se acumule nos vales, onde se concentram as edificages.A velocl- dade do curso dos rios aumenta, suas margens sofrem eroséo e a dgua inunda saepiteranica.n papal opens europea, CContexto ambiental, educacionale profisional v residéncias,lojas e indUstrias que conformam nossa paisagem urbana. Sempre que a velucidade dv curso de um rio duplica, seu poder de destruigllo eae druplica”" A sociedade precisa compreender,o quanto antes, relagiio entre © aquecimento global, 0 uso do solo e a arquitetura. A antiga diferenciagllo entre ecologia urbana e ecologia rural jé nao € valida, apesar de continisar sendo a base de grande parte do pensamento oficial, como indicam, por ‘exemplo, as expresses planejamento urbano e planejamento rural. Os arquite tos podem desempenhar um importante papel nesse proceso, ponderancio sobre 0 tipo de pavimentagio no entorno de uma edificacZo, introduzindo, mais métodos de bioengenharia para 0 controle das inundagdes, como 0s sis» ‘temas urbanos de drenagem sustentavel (SUDS), questionando a validade dos cinturdes verdes e evitando edificar em terrenos aluviais. Brove histéria da formagio dos arquitetos para a sustentabilidade® O projeto ecolégico tornou-se uma cisciplina prépria da formagio dos arqui- ‘tetos somente na década de 1970. Nesse periodo, evidentemente, as escolas de arquitetura estavam mais preocupadas com a economia de energia do que com © desenvolvimento sustentavel, em um contexto mals ampio. No entan- ‘to,do ponto de vista conceitual, as abordagens ecoldgicas jd integravam textos que constituen a base da arquitetura. Fara Vitriwo, por exemplo, contorto & clima faziam parte do modelo triangular de firitas, vetustas e utlitas (solidez, beleza e utlidade). Segundo Vitrivio, a implantaco das cidades, a disposigiio das vias e a orientagdo das edificagdes deviam ser determinadas por fatores, ambientais |4 no século 1 aC. Vitrivio sugeria que a verdadeira natureza do projeto arquiteténico seria atuar como agente mediador entre 0 conforto interno e o ambiente externo, Para Vitnivio, a arquitetura desempenhava wn, papel funclamental na senticla de explorar as recursos naturals, como a ilumi- nacdo solar e a ventilago natural, em vez de exclutlos. ‘© modelo de Vitnivio continua presente na divisio curricular nas dreas de projeto, tecnologia ¢ sociologia de muitas escolas de arquitetura, assim como no didlogo entre a ciéncia € a arte, que constitui a base dos estudos de proj: WW de muilas Utsbas esLulas.A dela Ue susterilabilidade, por tanto, esti profun= damente arraigada no pensamento cléssico € renascentista, No enlanto, 0 conceito de projeto bioclimatico € mais recente e deve muito aos visiondtios, 38 Guia Basico para a Sustentabiidade Fe.134 Projtada por Nichols Grimchango Eden Centre éirepirado n0 conceta de proto Docliatico de Bucks Fler Forte Go 38 1 do projeto do edfo da Eden Contexto ambiental,educacional e profisional » da década de 1960, como Richard Buckminster Fuller e Reyner Banham Fuller levnus an extrema os preceitos de Vitrivio de projetar as cidades de acordo com critérios ambientais e sugeriu englobar todas as atividades humanas sob uma grande redoma de vidro. Nessa redoma os alimentos seriam cultivados, (0 residuuos seriam reciclados para a composigao de adubo agricola, a deman- da de cncrgia scria reduzida e as integragSes soxiai,alcangales, Seu ulupist td ‘marcou os arquitetos de hoje, como podemos observar no grande patio do British Museum de Londres, projetado por Norman Foster, no Eden Centre, em Cornwall, de Nicholas Grimshaw. A procura por um entorno bem condicionado Reyner Banham era mais um tedrico do que um projetista. Seu livro The Architecture of the Wel-Tempered Environment, publicado em 1969, apresenta uma perspectiva histérica da funco ambiental da arquitetura moderna, Para Banham, a tecnologia do controle ambiental seria a chave para uma com- preensio alternativa da historia da arquitetura moderna, Ele desafiava aberta- mente a tese langada por Nikolaus Pevsner, que defendia que a estrutura e a cconsirugdo eram os principais agentes que davam forma & arquitetura, nfo a configuraso ambiental. Até Banham lancar suas ideias publicamente, conside- rava-se que a relacio entre o consumo de energia e 0 projeto arquiteténico nfo era da alcada dos arquitetos. mas de outros especialstas cam sins pré- prias éticas,valores e organizagBes profissionais. Um tipico estudante da déca- da de 1960, como 0 autor deste livro, era encorajado a acreditar que 0 aque- cimento, a iluminagio, 0 conforto e a actstica eram questées de projeto a quanto 0 conercto armado co ago.” 40 Fg 136 Quatro projetos académico: trando 2 compreansia tecnolggca e ambiental [Ao ian ca esque pra 2 Sreta: Legh Brown ‘kath Dron Page Michael Heath e Martin Bate Guia Basico para a Sustentabitdade A dimensdo europeia Em meados da década de 1980, em pleno processo de desenvolvimento dos codigos etitos, 4 entav Cormmidade Evondmita Europeia deu um nov) impulso ao projeto sustentavel.A Diretriz 85/384/CEE exigia niveis de forma ‘do, padrdes profissionais e cédigos de conduta coerentes para garantir @ livre prestacdo de servigos de arquitetura em toda a Europa. A Ata Unica Europeia, de 1986, introduziu uma série de normas minimas para garantir a harmonizacdo dos servigos de arquitetura nos diversos campos profissionais da Europa. Seu impacto foi particularmente sentido no Ambito do ensino da arquitetura. O sistema homogéneo de formacdo de arquitetos em toda a Europa, implementado em 1987, requeria que os estudantes de arquitetura dominassem onze areas de conhecimento. Duas dessas dreas referem-se d conscientizacZo ambiental: os estudantes devem compreender 0 relagdio enti ‘as pessoas, 0 conforto € as edificagtes, assim como entre as edificagdes e 0 entomo.® Esta érea de conhecimento sugere uma sintese triangular de pes soas,edificios e entorno, que nos remete aVitnivio. Posteriormente, essa dire triz estabeleceu que os estudantes devern adquirir um conhecimento adequa do sobre os problemas fisicos e as tecnologias [..] para poder proporcionar [if condigées internas de conforto e protecdes climdticas. Estas cldusulas aumenta ram, consideravelmente, 0 nivel dos contetidos ambientais nas escolas arquitetura e fizeram que comissées conjuntas do RIBA e do ARB (organis mo responsdvel pela aplicacéo diretriz no Reino Unido) implementassen padres nas escolas de arquitetura, Os termos das duas cldusulas ambiental ampliaram a percep¢ao sobre as questées ambientais, incluindo outros aspec tos além do projeto de baixo consumo energético. Disciplinas que tratam d temas como a sensibilidade ao cima, o conforto, 0 aquecimento global ¢ amplo programa de desenvolvimento sustentavel agora integram o curricula académico das escolas de arauitetura, Contexto ambiental, educacional ¢ profissional a Ampliogio da perspectiva ambiental © ano de 1992 também foi muito importante por outras questdes.A Cupula daTerra da ONU, celebrada no Rio de Janeiro, alertou os governos do mundo sobre os iminentes problemas ecoldgicos e ambientais associados ao desen- volvimento urbano, Representando Todo © planeta, 182 governos assinaram uma série de declarages com o objetivo de reduzir os impactos ambientais €.0 mesmo tempo, adotar mecidas para empreender ages positivas, como a iniciativa da Agenda 21 A agua foi um dos recursos que ganhou mais atengao dos profissionais igados a construgio civil, Apesar de muitos jé saberem que 0 aquecimento, a ilumina- co € a ventilagio das edificagdes eram responsaveis por 50 % do consumo de combustiveis fEsseis no Reino Unido, poucos eram conscientes de que 50 9% do consumo total de égua também se relacionavam com a construcio. Devido & crescente pressio sobre as reservas de égua, a sequéncia de secas que ocorreu no final da década de 1990 e o aumento nas tarifas desse servi- G0 apés a privatizagao do setor, os arquitetos e engenheiros comegaram a projetar cam hace na economia da Agia Paralelamente,a necessidade de ana- lisar a origem da madeira dura empregada na construgio civil fez com que a indiistria percebesse a importincia de sua posigdo e patencial como colabo: radora em favor da sustentabilidade, A nocdo de que as solugées locais de projeto incidem nos problemas globais comegou a ser absorvida nos centros académicos e profissionais de formagao de arquitetos. A Ciipula da Terra constituiu uma referéncia para o desenvolvimento adotada ean hikes revisGes Cut iwulares, epetiahirente nus cursos de graduago en design e arquitetura sustentéveis. Quatro areas principais foram tvatadas na ‘Clipula da Terra: conservagao energetica, preservacao © gestilo associada cas florestas tropicais, biodiversidade e planos de aco para a recuperagiio do 2 Guia Pasir para a Sustentatildade niiv ainbieite. Estes planos, conhecidos como Agenda 21 (acao para 0 sé lo 264), derivaram em iniciativas impulsionadas por governos centrais ¢ loca selores profissionals, organizagdes de base e centros universitarios, ‘A adocgtio do Tratado de Maastricht em 1¥¥Z deu ainda mais importncia argumento ambiental. Vérios artigos desse tratado reforcaram as leis sobre meio ambiente, como 0 artigo | 40y, que introduziu politicas para a conser flo, a protesdo © a melhoria de qualidade do meio ambiente: a proteséo solide das pessoas; 0 uso prudente e racional dos recursos naturais.* Cor resultado, arquitetos e docentes adquiriram maior consciéncia de sua resp sabilidacle meio ambiental e do impacto das edificacées sobre a qualidade vVida,a slide € 0 consumo de recursos. © Tratado de Maastricht também introduziu quatro importantes princi ‘que abrangem os interesses de diversos setores, causando sérias consequés cias para © projeto arquiteténico e a formacio dos arquitetos. O primel principio € © da obrigagdo de utilizar os mais inovadores conhecimenté ambientais, ou seia, de incorporar as vantagens da inovaco nesse campo. projeto arquiteténico. © segundo € o principio da precousio, que supée aval 05 riscos e atuar com cautela quando forem utilzados novos materiais & cessos construtives. O terceiro principio & o do dever de corrigir os dat ambientais em sua origem. em vez de emitir agentes paluentes ne ar qu gua. Isto significa que quem polui arca com as operagées de limp Considerando que muitas edifiracdes poluem, ese principio questiona gaslo excessivo de gis para a tecnologia de arcondicionado em alguns p’ ‘tas, ¢, pelo menns sla panta de vista tadrica, expbe os arquitetos a possh demandas judicais. citimo principio é o da necessidade de considerar to os impactos ecoldgicos e incluir praticas ambientais consistentes nas leis € codigos de conduta profissionaislocais de toda a Europa. Principais principios ambientais da legislacéo europeia © poluidor page Em caso de dtvida, adotar medidas preventivas Considerar todos os impactos ecolbgicos Usar 05 conhecimentus cientfficus ins avai wads CContexto ambiental,educacional e profisional 3 A Unilio Internacional de Arauitetos (UIA), que coordena as associagées de arquitetos de todo © mundo, adotou uma série de principios com a intencdo de criar ages de Ambito nacional, © segundo principio declara que os arquite- tos tém uma responsobilidade pifblica [..] e deveriam refletir sobre 0 impacto social © ambiental de sun ativicades profissionais. O terceiro principio € ainda mais abrangente: os arquitetos devem se esforcar em melhoror o meio ambiente, a qualidade de vida ¢ o habitat dentro do mesmo de forma sustentével.Em 1999, ‘OARB reformou seu cédigo com a incluséo de assuntos relacionados ao meio ambiente. © nove cédigo de conduta estabelece que, mesmo atendendo prri- _meiromente seus clientes, os arquitetos devem considerar a responsabilidade mais ‘ampla de conservagdo e melhoria da qualidade do meio ambiente e de seus recursos natura. Essas revisdes do cédigo tiveram grande repercussiio no ensino da arquit *ura, pois © ARB regulamenta 36 escolas de arquitetura no Reino Unido © RIBA colabora na velidacao destas escolas e de outras setenta em todo 0 mundo. Consequentemente, o RIBA influencia 0 espirito € os curriculos ica démicos de cerca de 25 % de todos 0s centros de formacao de arquitetos no mundo, Um resultado disso 6 que a sustentabilidade deixou de ser estudada como um aspecto da tecnologia, convertendo-se em uma cisciplina com ent “4 Fg 138 A abrangéncia da infuénci da sustentablidade ‘Gua bisico para Sustentabiidade Energia = Entorno = Ecologia = Sociedade Sustentabilidade dade prépria. Além disso, o projeto ecolégico passou a ocupar uma posica de destaque nas aulas de projeto de arquitetura, Isto & muito importante, pol quase a metade dos créditos outorgados em qualquer escola de arauitetu corresponde a disciplina de projeto, e somente dessa forma a sustentabilidadt integrard.a formacio dos arquitetos de mancira ofetiva A contribuicéo de Richard Rogers A contribuigio do arquiteto Richard Rogers no Ambito da cultura do projet sustentdvel niio deve ser subestimada. Sua atuago como presidente da Us Lal Task Force no Reino Unido, em 1999, foi determinante para direcionar a aten: Go do governo as dreas urbanas e a importéncia do projeto sustentével. U principio importante que esse grupo de trabalho expés em seu relatdrio fr foi que 0 bem-estar social © @ responsdbitdade ambiental séio fundament para um projeto de exceléncia* Sua participaco no programa Reith Lectu da BEC, ein 1998, seus livros, como Cidades para um pequeno planeta (cor Philip Gumuchdjian), publicado em 1997, assim como o préprio conjunto sua obra, fizeram com que, no inicio do século XX; 0 desenvolvimento susten ‘tével causasse um impacto significativo na percepgdio dos arquitetos. De uma forma geral, as abordagens dos pioneiros do projeto ecoldgico con cretizaram-se. Toda uma geracio de autores, como lan McHarg, cujo iv Design with Nature foi considerado praticamente subversive no inicio do: anos |'9)/0, vé hoje seus princes fazerem parte da formago de novos arqul ‘tetos, © jornalista e apreseniador Jonathan Dimbleby, quando rninistrou a pr meira Palestra Anual do RIBA, em maio de 2002, chegou a sugerir que arquitetos deveriam negarse a desenvolver projetos insustentveis, Ele argu mentou que a ética da profissdo seria comprometida pelos trabalhos em © desenvolvimento sustentavel nao fosse contemplado como obietivo prior= +ério2” Dimbleby clamou por uma nova visto ampla da sustentabilidace, que CContexto ambiental, educacional e profissional 0 reunisse as questBes ecolégicas, 0 desenvolvimento econdmico @ a Kents comunitdria. A ist6ria da formago dos arquitetos no século 1% envolve o crescimento da consciéncia ecolégica e ambiental: a arquitetura deixou de se basear nit arte para se apoiar na ciéncia. Embora nos primeiros anos do século »x! tenham surgido arquitetos formalistas, como Frank Gehry e Zaha Hadid, o programa da sustentabilidade chegaré a reunir ambos 0s campos de atuacio. Quando isto ocorrer 0 projeto sustentével se converteré em um movimento cultural umindo a arte, a ciéncia e a natureza. Sintese da formagao dos profi em sustentabilidade nais da construcdo civil Além das escolas de arquitetura, a inckistria da constrigan civil, como um todo, foi obrigada a absorver as répidas mudancas que envolveram as deman das educacionaia, impoztas pela adocio do conceito de dasenvnivimanta «its tentével. No entanto, as ages ocorridas no ambito dessa industria foram dificultadas por uma série de impedimentos institucionais e culturais,que podem ser res» midos da seguinte forma: |. H4 uma interpretagio muito ampla do termo sustentabilidade nos dlferen: tes cursos superiores relacionados & construgio civil, no Reino Unido, Apesar de a definigdo de Brundtland constar em muitas bibliogratias como um conjunto unificaco de valores, na verdaule sua interpretagiio niio & uni versal, mas varia em fungo das diferentes disciplinas. Como resultado, so promovidas diferentes prioridades, fazendo com que us estudantes nila utiizem uma terminologia comum e no tenham uma percepgiio compar tithada para a busca de solugbes. 2. As organizaes protissionais exercem uma grande influencia sobre a pria: ridade conferida a sustentabilidade dentro dos curriculos académicos dos cursos universitérios.O fato de varias dessas organizagces estaromn eral das, como RIBA, ARB, ICE, RICS, CIBSE, CIOB, RTPI, provoca uma. grand diversidade de abordagens dentro dos cursos que elas vali, 5@ esas 46 Guia Bisco para a Sustentabidade organizacbes profissionais entrassem em um acordo sobre um co ccomum de valores, principios ambiantais © conherimentas, principal ‘no Embito dos cursos de graduacdo, seria muito mais fécil prom entendimento mituo e o ensino interdiscipiinar na indtstria da const civil como um todo. 3, Onde © projeto e a construcdo sustentéveis so ensinados, parece | pouca relacio entre os conhecimentos administrados por meio de te6ricas ¢ 0s transmitidos em aulas priticas ou nos ateliés de projeta, mesma forma, ha pouca relagao entre o que € ernsinady ras univer sc @ os temas que estdo sendo pesquisados no ambito da sustentablidada, 4, Com excecio de poucos € notaveis casos, 0 desenvolvimento de edi gées nos campi universitérios raramente expe 0s alunos (¢ © corpo Data Publicagées de referéncia 58.aC. Vitrivio (triangulacdo ambiental de conforto,clima e projeto) 1860 John Ruskin (natureza como guia) 13R0 William Moreis (nequenas comunidades sustentavels) 1910 Patrick Geddes (ecologia das cidades) 1930 Frank Lloyd Wright (natureza como inspiraco) 1948 Lewis Mumford (0 ambiente das cidades) 1965 Richard Buckminster Fuller (cidades bioclimsticas) 1970 lan Mel-larg (Design with Nature) 1970 ‘Clube de Roma (limites para o crescimento) 1972 Conceito de vide longa, espaco de sobra, baixa energia exposto pelo presidente do RIBA, Alex Gordon. 1987 Diretriz da Unido Europeia para o exercicio da arquitetura 1992 CCuipula da Terra, Rio 92 (integrayao de ener gia, eLuloyia © meio ambiente) 1992 ‘Tratado de Maastricht (poltca ambiental da Unio Europeia) 1997 Protocolo de Kyoto (aquecimento global) 2000 Relatério Urban Task Force (Richard Kogers) Conferéncia de Haia (mudanga climdtica) 2002 CConferéncia de joanesburgo (desenvolvimento sustentével) 1 Contexto ambiental educacional e profissional fetidalesecrterorde prow PROJETO SUSTENTAVEL : a FORMULARIO DE AUTOAVALIACAO DO PROJETO ‘Critérios de Avaliagao: Pontuagio Max. [Aluno [Aluno | Orientador| (por evitério) [Parceiro| 1 _Impiantagle 1:1250 7 1:500 (@) Mérito arquiterdnico da 5 ‘organnagto da implantaséo ‘2 ca abordagom goral (8) Miso seco da eatin 5 us 9 projet sleanes Um Bho gnu de suntenabildade, 2 Plains em 1200 (6) Inerpretgio dis oporenihdes is "parr do programa do projto. ‘Que mérito 0 projeto possul como objeto arguitetdnico? (©) Estratégin ambiental pra o 5 conjunto projtade 3” Detalhes em 1150.6 maiores [7 Rareprato es nas enologan) 20 ‘inde seonsruns serves tors deaharmets do poeta (especificagoes gerais, estrutura Skies! hatreds ne apg dees xno. | 4 Qualidade e profundidade da 20 | argumentasio de defesa do preicto To 100% Comentirioe ALE Pers ‘habe Bct Fe 140 ‘Cedi Swiss Re, em Londres,consorne rmetade da energia deur clifeio pada deescrtscos. Guia Bisico para a Sustentabilidade démico) a realidade do projeto arquiteténico sustentével e da boa ge: ‘sustentavel. Apesar do Relatério Toyne (HMSO, 1992), 0 Reino Unido aint nfo se equipara ao restante da Europa em termos de projetos ecalégict construldes nos compi universitiries, Come consequéncia, nos cemtros ut versitérios hd poucos exemplos de aplicacio da tecnologia fotovoltaica ediffcios noves ou reabiltados, de alojamentos que utilize energia sok paassiva, de reciclagem de dgua € res‘duos e de carpi livres de automével Sem a triangulacdo entre ensino, pesquisa e desenvolvimento, o estud ido pode ser culpado por nfo levara sustentabllidade a sério, 5, Parece haver pouca rela¢do entre os cursos técnicos e 0s centros de en: no superior no ambito do projeto, da tecnologia e da construgdo sust téveis. sto & surpreendente, considerando a ampla oferta de formas continua que existe para operdrios da indtstria da construcdo, « encanadores, eletricistas e pedreiros,no Reino Unido. Apesar de haver ut conexdlo entre a formagio técnica e a Universitaria no que se refere critérios de acesso, nfo parece existir uma comunicagio similar no émbit da pedagogia da sustentabilidade. Portanto, apesar das iniciativas propostas pelas organizacées profissionais, forma individual, e do incentivo do governo, o amplo programa proposto Relatério Toyne ainda no repercutiu de forma abrangente na formacio d rofissionais da construso civil, Esta situagdo 6 ainda mais lamenttavel quan consideramos a natureza interdisciplinar do desenvolvimento sustentavel. A cultura do projeto sustentével As trés principais vertentes da sustentabilidade — ambiental. social e econémi — impulsionaram a renovacao e a consolidagao da prépria arquitetura, O pr jeto ecoldgico comerteu-se no maior motor de regeneragio da arquitet a0 longo da década de 1990. Os preceitos fundamentais da arquitetura forar abalados por correntes ecoldgicas que influenciam todos os aspectos da cons ‘rugfo, desde a engenharia da edificagio até 0 projeto e os espacos intern cu a especificagao dos materiais construtivos. Embora soja posstvel consider a arquitetura sustentdvel um estilo, pois as edificagBes ecolégicas sBo facilme +€ identificéveis,o projeto ecoldgico € muito mais que um simples estilo. Trat se de uma reordenacio fundamental dos principios bdsicos de projeto e te nolégicos, consistindo, portanto, em uma nova configurasio de todos elementos essenciais da arquitetura 1 Contexto ambiental educacional e profissional ” Aproveitando as possibilidades culturais da arquitetura ecoldgica, os arqui- ‘etos conseguiram que a sociedade compreendesse e accitasse os principios da sustentabilidade, Basta observar como Richard Rogers, Nicholas Grimshaw © Norman Foster utilzaram scus préprios projetus arquitetOnicus cumiu vith nes para a divulgacio de certos principios ecoldgicos.Ao mesmo tempo, esses arquitetos criaram um eniomy Ue apuiv « juveris arquitetos e estudantes ce ~arquitetura, impulsionando-os a se lancarem no universo do projeto sustenté- vel E eviderite yue Us pr iniplos ecoldgicos revitalizaram a cultura da arquite- tura,mas 6 possivel que seja necesséria outra geracio para que a cultura urba- nfstica seja influenciada da mesma forma. © conceito da sustentablidade envolve a nogiio do meio ambiente como um sistema holistico e interdisciplinar Influéncias da sustentabilidade: = como projetamos as edificagdes m= como construfmos as edificagdes = como administramos as edificacoes A sustentabilidade desafia a viséio fragmentada de: = projeto de baixa conaima energéticn = arquitetura formalista e de alto consumo beneficios 4 custa da sociedade e 0 meio ambiente A sustentabilidade promov uma visio ética do papel do arquiteto uma abordagem multidisciplinar valores comunité ius, sucials © Culturais: uma nova linguagem estética para a arquitetura 1 penisarriento ecaldgico 50 Guia Basco para a Sustentabilidade Notas EDWARDS, Brian. 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