Вы находитесь на странице: 1из 10
Organizacao Annette Leibing coma labora de eet, Cama Tecnologias do corpo: uma antropologia das medicinas no Brasil Pl de Jaen 04 ceca de 5, (1986) Comers end are Seda en es fn PC Ao Sao ee nt ign al pan oi. Kin ge fn Reene Duar tno ps ner ari de eo Slscnaimene de ttcnas engin te sie, On enna te Satie PANO) af tm pe) Cates Hep Seige Paes ey Se Re Deena In awvenr Caen on Arte ing ee ig cba Den: Ct, on ely (Sits Cambri Uaesy Pros in de wide no Brel Progra dine de Ciéncia, Tecnologia e Satide Mental Joao Bh! [No liv A candids amana, Hannah Arendt arguments que a agio politica nas socedades moderna esti centrada no ‘controle de procesos naturis © na Fibricago de autdmatoe. (0 homo fabr dew lugar ae hu labvrans — a ser humane com temporiineoesté cada vex mais preocypado com sva fiiologia « eavolvido em prodigies de massa: “Ente desenvolvimento searteta uma perda de experiéncia humana extrordiniria” «Avena, 1958! 921). O processo que invadiu as cgneias natu ras por meio do experiment, ise & a tentative de ita sob consigdesatiicais, s dndmicas que deram origer acai do mundo natural.” angumenta Arendt, € agora também “0 principio que rge as relies humanas” (Arend, 1958: 290). No meu trabalho antwopol6gico no Brasil € nos Estados Unidos, invesign como avangos ceniieas € teenolios in formam politeas de sade e aiquinem vida social (Biel, 199%; 19098; 20014). Eston interessado nas manciras pelas quais @ teenocincia encontra seu gar em regularidadesinstnucionals «© peticas discursivaslocais em como ela éaniclada sabre 0 antoconheriimento, Mais expedticamente,exploro com eses Xesdlobramentos reesruturain os prépris process0s pelos quai a subjedvidade individual formada. Come coloca cientista € filosofo Ludwik Fleck (1979: 19}, descobertas ¢ desenvol- ‘wentoscentificosimplicam a cviagia de wna cera “prontao mental” a fim de que possimes ve 2 naw. forma da verdade como se fea sinica etema verdade, independente das pes 9 sons, Neste senido, “er significa retiar, no momento ade- auado, a imagem gerada pelo coltivo mental 30 gusts per tence" (eek, 996; 78, Nés, moderns, nfo sors sem uma relagoinsinente com formas variiveis da verdad ste enssioctnogtfio espelha e problematiza transfor- magoes no que sstifca a subjtvidade contemporinea desde a perspectiva de homens e mulheres que experiment cat ciénciae tesnologa deforma mundana e inesperada,' Abordo 4 ago governamental esubjetiva que ocorre num centto de aconsalhamento ¢ tstagem andnima para o HIV (CTA) em Sahatlor, Bahia, Desde 1993, com muangas na Coondenagio Nacional de DST/AIDS e funds do Banco Mune, dezers de Centos de Aronsliamento eTestagem para 0 HLY (CEA) foram eriads anualmente em todo o pais — hoje em da, mais de 130 esto em funcinarmento. O modelo nort-americano «que informa esta ¢ outa inicativas de prevengéo da AIDS localiza & natureza do problema mésic, bem como as posi Tidades para sua solaglo nos insinos € mentesinvidunis, e, de acorda com o que o anuropélogo Sean Pack Larvie (1997 00), enfaiza “una profiaxia psicoléiea Em 1996 e 1997, conduct pesquisa etnogréfica ext um CTA cm Salvador, susie pela prictogs Ana Lae Outia (uma das conseheiras do CTA) € pela psicanaista Denise Coutinho. Durante & pesquisa, combinamos a observagao participa com andliseepiernioldgica elevanamento cline 0, O estudy tinha por objevos: 1) dentar como as din Di Co A Tt Ovni a pa a aig Rocio ecems do CTA o soi CN, tnt de Sale Celera da Universe Fede Baio Depart de Mec Sil da Universe de Harvard Coco da ec Soca € ‘Herta ct Urveride le Priteon. Sou 0 Goi pone elt ‘tr oq prem rnieaspsiquicas ds clientes cram manipuladas durante w acone sellamento © a tstagem © que novas experiéncias subjeivac cram ali forjadas; 2) problematizar es manipulagio es, cexperifncias como formas emergentes de (auto}governamenta lidade no comtesto da neoliberslzagio fraslira, particular sente-no dominio da sade piblica ich! com Coutinho © Outeiro, 20018}, (Os clientes do CTA seguern o seguinte conju inci de procedimertos:escolhem um pscuddnimo, preenchem um ‘quesionanio epidemiolégio, escutame wna paletra sobre 08 aspoctos clinics « cientfieos do HIV e da AIDS, e entio pas san por aconselhamento individual pré-teste, Nesse momento, © cliente © © conseheio localizam o ato potencalmente mr bido que motivou a pessoa a vie 40 CT e traduzem aqucle ato em um fator de rico, A seguir formant am plano epidemio. Hegice individual (ama nova gramatica de rseo), que basicw. mente tem por objetivo formatagio de comportanieton conscientes de seguranga, particularmente com respeito& se- salad. Nas palavas de Mula, uma estudante do ening imédio: “Bu preciso me controlar... tenho que aprender a ver que as aparéncias enganam.” Ela parece ter raionalieado bem as ligdes do CTA: “Se um easal no quer usar eamisnha, am bos precisa fazer o texe do HIV, A vida esti em jogo.” Em jogo esi também a formagio de uma na antopercepgo bio ica da cliente, Esa autopercepsio funciona como tm ideal sxndadao eyo que tem que ser constantementetrazido icone iéncia © wansformado em novos valores de vida a serem int ‘conporados em praticas semua, conseleira Marlene € dirt “Ea thes pergunto: ‘Foi o seu desgjo de prazer, de satis, ‘mais forte do que 0 desejo de continuar 2 vier?" Os conse. Theiros também avaam as implicacdes pcolgcas de revelar luma potencial soropositvidade, e frnulam estategias para assegurar que os clientes retornem para busear o resultado do u teste. Amosras de sangue sia entio eoleadas no laboratério dla saa contigua im resuino, neste ensan exploro Como o siber clinico- epidemiolgicoe tecnologia de testagem pars o BUY sa ie egracln em apis biopolticas irgias a populages especiias composts por indivduos suciyese inseridos no mervado de trabalho, Também apresento materiais emograticos apontan- ddo as maneiras plas quais 0s cenevitos de ura adiminineagio tWeniea da said e de uma identidade baseada biologcamente linerentes a esse saber ¢ tecnologia) si relfcaos ¢ absorvidos pelos sueitos da testagem. Argumento que as dindmicas in- conscientes de predonio ce wedade,repetcao e fantasia sto 0 material @ meio pelos quais novus mecanistyos de antogover- nanga slo constraidos que uma uewnruas & engendrada nes Sse novo espago teenotientifien-governamental, Ciéncias do sujet Em Paris, cm 1969, antes de comegar sua conferéncia O ‘ue é wn Aati?, Michel Foucault 6/4: 80) ese & sua audiéneia ‘que era a posigio do neurétco que melhor caractrizava a “abernura” da que ele esava por apresentar. Este comentivio cstava alinhado com 0 subsitul da fil, 9 rtameaa,,., 0 era uma referéncia direta a0 trabalho de Jacques Lacan sobre o obo pequen a, Para Lacan,» obo Pequaw a objet cause de esja, aquilo que esti constantementerefazendo sua inscrigo no corpo & medida que responde no lygar da verdade impos. sivel do neurdtigo — ele eoresponde ida reudana de um “reprewtacdo representativa de pasio”, Sentincsse endere= ado por Foucault, Lacan foi exutilo, Este breve encontro entre Foucault « Lacan, que tem geralmente pasado desperce- bido pelo melo aeadémico, nos ajuda a problematzar a imteragao n mire rupturasepismieas, funcionamentos do inconscemte « experiéneia sosial no CTA, Foucault (1996: 206} caneyou e terminou sua conferéa cia perguntands: “O que importa quem esti faando” De un moxlo geral ele argumentou que a fungo do ator tem de fato estabelecido a legitimidade e o satu de alguns dicursos aan oss cultura saccdies, em em soa prod ideologica limitado a proiferagao de Sniieades. Foucault cambym mar «ou una diferenca importante entre o ata de fundacan de uma ciéncin que “pode sempre ser reintrodizie a muaguinara dos ‘ucla traenformagees que derisim dela” (Foucault 1908; 218) © cicia dos capes da discusividade Fundadce, por exem. plo, por Marx e Freud nos qua hi uma “necesidade inet vel (.:) de um retomo a origem, Este ceommo, que € parte do priprio campo dscorsvo, mana pra de modifé-o” Foucaul, 1990: 219), Segundo Foucault, ha que se inveatgar 0s modos de circu, apropriagio madificagao dos discurss oy ead cultura. Anlies dese tipo quesionam o eariter absolute ¢ 0 Papel finante do sujio apontam para sistema de depen Aéncias do sujeito ~ ou sea, o ago se encamia na mate de wanshrmaicssistnicas Pouca, 1972: 186, “Em renurn, & tuma questo de privar sucito (ou seu subtto) de Seu papel de originitio, ede snalisaro sujet coma uma fangao varied + complexa do discursa (Foucault, 1998: 221), A seguir, dotante a discussio, Lacan afinhow-se com Roweauk quando diversos ouvintes erticaram o tabalho de flésofo por sypestamente investie na "negagse do home” “Com ou sem estratutalimo”, cise Lacan, “no éuina gues, to da negacio do sujeia, wana questi da dependénes dy ‘uit, cso € algo completamente dierent” (eta por Exibon, 4896: 180) Fim diversas ocasides, Foucault comentou a impor ¥ncin do tabatho de Lacan nesta dre: “O suena ¢ ati ‘itio. O sjito cm uma génese, Bem, quem de iso? Frend, B coreamente; mas foi nocestirio que Lacan © moserasse lara. mente” (itado por Eribon, 1996: 117), Lacan mencionou este encontro com 0 trabalho de Foucault em seu propre seminrio naquce ano, De um Outro ac cute Lacan: s/c}, Nowamente, ele agumentou que Foucault propriadamente valorirava a originalidade de uma fangio interna aos discursos, o que implica “um eftito de divisio © de lacerago que & proprio a dos” e/a 90), Com Lean elabo- zou em outro memento, a pricandie contrat os ideas e pri tieas da eiéncia, mestranda que hi sempre algo no sjeto que “abdamente mente, sem a contribuiedn da conseiénca” (1091: 94). O que ext em fancionamento no nivel do inconsciente & fo vetarno 2a “Hd we slice que di que exm gus kage ‘uma verdad que desconhce a mesma” (/ 90, Paradosaiimente, posula Lacan (1980: 17), “és ao te ‘mas mais nada com o que tnirconhecimentac werdde senio 0 oujeito da eiémcia”. Lacan fala do verde come 0 erabalho do sujcita. O que caracteriza particularmente nossa forma cartesiana/capitalista de subjeividade € que amamos a verda- dee dspomos de saberes para prolifrarnossossimtomas, pro- dazindo, assim, “mais goear” (o conetita lacaniano & wma analogia & maisvalia daborada por Karl Marx (1983, vite Zizek, 1997), "Nao ha dixeutso que no seja de jwise, pelo menos quan se espera dele o trabalho da verdad” (19%: 74). recorvencia da expectncia de que tes ee nie ais seifas dade sponta para os trabalhos da verdade no suet 0 Lato € que a cigncia, diz Lacan, “no tem menéria; uma vez consttuida, la esqueee os caminhos pelos quais se consti... ela esgaoce 2 dieenstio de verde que 2 psiaad- Tse serianente pe a trabalhar” (1989: 18). Gonforme Lacan, ra psicandlise, 0 saber perde sua posiglo absoluia. “O que chamamos de sujeito? De forma precisa, aquile que no desea wolvimente de objetificagden est fara cr abjete, O-ego edu re 0 sus de iragem, coma residuo & somente um element a eee tna relagBes objeais do sueito" (1991: 198). Ou, ni reesrta Tacaniana do mota de Freud (Wes er, soll Kk wed), “onde io era, devo eu, suit, vir a ser (108%: 12). Seria ctrOneo, no contesto da OT, seferirae a0 incon dene como um mundo de fendmenos prélingdisiense pré- teéricas em contraste com efeitos téenico-politicos © socias (Keller, 1992: 3,9). Aqui, a plasicidade de process priquicos fr eiénca e tecnologia esto integradas.nafarmulapo de ovas cstratdgias de governamentalidade. Como previu Hannah Arendt (158: 299), aqui os processos da vida interior, encom tuades nas paixdes por meio da introspoeso, tomames literal mente um campo experimental, gerando pares e regras pare a criagao “da vide Automatica do ser human artificial” (1958: 289). Quais st 08 aftuscalurase efeitos politicos dese ex- periment? Autobioadministragio Durante a pesuis no GTA, document uma ata de. ‘manda de testagem por parte de clientes de Baixo 1s, em grande parte da clase trates da classe mia bala, apreseniando anedade e quixando-se de sintomas sparente. mente teliconados 4 AIDS, cou eatin, emagrecimento © hep. A maior parte doe clientes era soronegatva ¢ muitos retornavam para uma sgunda © uma terceiratetagens (an bpm negatvas), Dados do Laboratri Cental (AGEN), onde tades a xtmes steed estado so talizados, mostrar ye, realmente, ter havi un amenta expres na mie Yode tesagens para o HIV em concomitant dettscimo gerl "a soropoitvdade registtada pelo LACEN desde que 0 CTA. comeson a ofececer seus servis 1994 chi, [999a; 20010, ‘Cunha ay 1996) B importante eestalar que esses dados 80 sepresentam a sooprevalénia da popula erm feral ou © B ritco individual de infecgao pelo HIV. Befletem, isto sim, a ‘emergfneia de uma nova populagao, a papulagio de uma AIDS iain. Urso & contabilsa, tem 35 anos ¢ afirma ter nédulos por todo 0 corpo ¢ diarvtin constante: “Sé pode ser AIDS.” Durante 6 aconselhament, relatou que nos dois dtimos anos teve 56 uma parceira.e que sempre waram camisinha. "Mas foi a confianga nela que me ferrou.. Teve um dia em que bbebi domais¢ dai transamos sem carisinha,” Urso dive que recentemente depois de terem se separado, aprendew “ada a verdade” sobre o passado da exparceira: “El no era coisa ‘boa, ‘Transou com outros caras quand estava comigo, Suspei= to que um delesinjoava drogas” Urso dis ter eerteza que a ‘exnamorads 0 havia infectado, Q resultado do seu teste para (oMIV foi negativo, Manga veio receber o seu resultado, dizendo-se “mata deprimid’ Toja. Na sesso pré-est, Manga afirmou que seu parceiro ive- Hla tem 49 anos ¢ trabalha como baleonista de xasexo com wna mulher que “aparentemente morreu de AIDS" “Conte nele, Sexo sem camisinha € bem melhor... Mas no ou culpa pra ele no. Se a gente se contamina, & culpa da gente mesmo.” A tesagem ¢ a longa demora pelo resulado (ua época, cerea de dois meses) pareciam ter intensifcado a confusto ¢ 0 softimento de Manga, agora expresso em lesdes de pele: “Piquei louca esperando, Ola minha pemnas,vé esas Fevias... stow com tanto med.” Manga ficou contente com 6 revulado negativo, mas entdo admin que depois do teste havia tido sexo sem camisinha cam 0 mesmo parceiro, ‘A conselheita fer Manga promoter que nos proximos ts me- ses usaria camisinha © que entio voltaria para uma segunda testagem. Desta vez, Manga deixou 0 CTA com uma narrativa de pureza: “As mulheres sio ngénuas. Transam sem eamisi= ‘aha porque pensam que @ parceto & uo puro quanto elas.” Podemos fazer tm paralelo ene a8 medidas de sade plea ¢ 0 controle social na era do HIV/AIDS com a admi- nistragio das epidemias no inicio da modernidade a Europa, ian Vii ¢ puns, Foucault mostra que durante a quarentena, por exempl, cada inividuo ns loclidale contaminada ( es tritamente monitrada) era obrigado a aparecer na janela de sue casa, “Todos trancados em suas galas, todos a jane, dizendo seus nomes e mostrandose quando chamades — € 2 grande revista dos vivos dos mortes” (1979: 196). Tas exea- tégias e agdes disciplinares deram forma a uma nawpolia: “A relago de cada individuo com sua doenga e com sua morte passt pelos representantes do poder, o testo que eles ize flsto, as decisies que tomam sobre ele” (1979: 187). Robert Castel (1991) ¢ Gilles Deleuze (1995) angamentam que nas noses novas socedades neolbersis, caraeterizadas pela reestrutura- (io do expara familia, pela deteriracio dos locas tradicio- nas de confinamento, pela crescentc Fedugio do aparato de previdéncia social e por novas estatéyias econdmicas ¢ admi- istrative, o controle de indviduos¢ popolagées esti cada vez mais antomatizada. Ya controle posscplinar & baseado em rnovascitacas de rtco ¢ estabeexdo por diagndsticos médi- comprcolgicos, Nesta pespectiva, pacientes no so mas avae liados eonforme o perigo que representam para si ou para cs ‘outros, mas tém, com base em indleadores numéricos,aponta- dds os seus fatares de reco especiios ca severidade dos mes- mms. No campo médico, a imterapio com o paciente dé gar 4 sadministasio dos seus riscos e capacidades potendais ‘A propostae prtica de eentros como o CTA f represen: tativa dos novos mods de controle pelos quais 6 Estado con- tempordneo reescreve o contrato social na area de sade piiblica. Aqui, grupos de individuos fiicamente saudiveis ¢ “mercadologicamente vidvcis” eo tatados como "sociedade de risco © teorganizados em termos de "melhoramento Pricoseaual”. A questio de qeando aparecer a janla e ser ” contado pelo Estado ¢ agora uma negociago interna que tem 4 ver com a produgio da verde biotenica desss set ine dividuose grupos, ea reconiguracdo dos seus instintos sexuais por meio dessa verdade. Ou sea, os eliemes do CTA so ui saddos para se torarem adminisradores de seus instncos, € tém no exame do HIV o seo para verificar esa autobioadee nistragZo. Aqui, ndo esth mais en jogo a influénca direts da grupo sobre o individu, mas sim o abel de coca individu sobre si prépri, via tecnologia, e sua partcgacio em perfis «epidemiologicos populagesepisémica”), outros exerito, diteuti coma este processo de ef ‘io de subjetividadescoletvas ies de sco eoexise com ou processo tenico-politico no qual amplos segments da popull- ‘lo, os pobres des pobres ¢ os doentes dos docntes, “nite” ‘na razio do sade e da economia, ia “nvisibilizaon” (Bibl 1999a; 20012). Pessoas vivendo com AIDS nas ruas de Salva dor, por exemplo, no so alvo de programas especifeos de prevengio, tatamento e asisténcao, ana que detects como ‘casos de AIDS por algum servigo de sade do esta, 10 Si, na sua maiora, egistadas na vigiincia epidemiolbsica que, ‘or sua vex, produ estatisticas demonstrando wm controle ef ‘cu da epidemia, Denomimo a este processs “morte social” abandonacls com AIDS, so ineldas na orem socal por meio do seu morrer, muitas vezes em espagos publicos, como se sua morte tivese sido aucogerada, Neste Caso, a invsbilidade & ‘um mecanismo de controle dentro dos culos dos procesios de vida que estdo agora no centro das agdes governamentais (mediadas por risk expr biotecnologil: vida para quem? Poe quanto tempa? A que custo? Camo afirma 0 Glo" Renato Janine Ribeiro, no Brasil “ornate imagine! [e realzivel] um dseurso que pretend 9 fom ds sal fen de eancipar a socicdde,...O social diz respeito ao caren; sociedade, ao efiiemte (2000: 21) ‘A janelaimoolgica ea plasticidade dos instintos De volta 40 GTA. fendmeno da AIDS imaginiria no representa 0 ffacasso da pritca de prevengio via aconselha- mento © testager. Represent, isto sim, um novo lago estabe~ lecido entre o aparao de testagem ¢ cliente, © entre 0 dente es mesmo através deste aparac eda experiéncia teenocientiea, A questo da jn image €reveladora, Num projet pilot tle pesquisa com 37 clientes, todos soronegatives, 5 dseram «que jé haviam sido testados para o HIV antes, Os conseleros podiram 2 14 clientes que retorassem para uma segunda ou tercvira testagem porque eles “tinham uma janela aera”. A jancla imunologica corrsponde lacuna temporal que exi- te erie a infeeg0inicial pelo virus € a sroconversio, ito & ‘qiando o anticorpo especiico BIV-I pode ser detectado no sangue (Alabes @ aL, 1998). A data specifica da infecyio € raramente sibida ea lacuna entre infos e soroconversio & apraximada. Em médla, a janla imunolégica se estende por tum periodo de 2 semanas a 3 meses. Os centros de estagem Fotieramente adotam um peviodo padi de 3.6 meses como referéncia pars localizara iin stnagio de risco do oyeto € assessar sia verdade soropositiva ou negativa (hit casos regisrados em que a soroconversia dew-e depois de 6 meses) Conforme observado nas rtinas do CTA, essa temporalidade nse cna & muitas vezes usada pelos conselheiros para anu- lar os resultados de testes anteriores e indus os cients a re- tomarem para outeatestagem ("Pele que voot me disse agora, voce poderia ter uma janela aberta quando fez 0 tse”) cenquanto iso, eles io colocados numa espéce de quarenten de sexo seguro, Tarim obseevamos que a janela imunolégiea € integrada, de forma complexa, as fantasia dos lentes. Mui tos sentem-se ziadis depois de passar pela quarentena e pelo avo tete © acabam por expor-se novamente a sinagées de » baixo risco. A divida sabre # verdade do HIV permanece. Entendo que a efcicia india desa teenologa de testagern repousa no fat de que ela manga dé nova forma ao ini tenteeilema pscol6gio de que tie exten ssa ards dia Gonsdere a manciea pela qual Luneta realza suas fane tasias no GTA ¢ os efeitos dessa experigneta, Ease homem de 42 anos de idade, bisexual, rem um diploma universtiria © twaballa como funcionério publica, No aconsclhamento pré= testagem, cle qucixawese de constantes dores de estdmago © dliaeréia: “sto term a ver com a doenga. Estoy apavorado.” Lie neta também falou sobre as suas ficuldades em control dessjo de sexo" «© of problemas com 0 uso de preservativos A eabesa do homem & wm misunto muito séro, Procito me prevenir, Mas € que ascamisinhas atrapalham meu tipo prefe- Fido de Felagdo senual. A penetra no & tie importante. Ax «coisas proiminares sio muito melhores e se eu fizer tudo iso ‘com camisinha, cada ver vou consi pelo menoe 10." Se _gundo Lumet, campanhas goveramentas de prevengéo da AIDS so geralmente inefcazes: "Eas precisam sar 0 corpo & incitar a fantasia.” Feliz, apés reocher 9 resultado negatvo, La neta enfatizow que vir ao CTA o impacton sabremancira: “Du ante 6 aeonselhamento, ev comecet a canalizar toda aquela culpa. Agora meu pensamento & mais coerente.” © momento dlecsivo “de mudanga”, no entanto, ecorrev com a coleta do sev sanguc, Lunela descreveu a coleta coma se fosse a cculminagdo do prazer que busca nat sar preinares avent= as sexuais. “A testo ¢ incrivel. No fim, temos que dar © nos ro rangue, ecntio a coisas nfo eto mais no vel dla ipo. EE uma seaglo wemenda.” Ou sea, com a colt sangoines, © dominio dofatasma parca ter eegado(nomentaneaen eof, havi en jane na prog de verdad bio- técnica. “0 tee em si me ajuda a entender que eu padera ter eta coisa €poderia morer. Elif, mas o teste reve ita.” Ey i wee Bat come Lanta provvelete “eva em jan ado «sang fo colt, ce fi solcitado a rtomar ps une, segunda eager, 'NoCTA, 0 proces etic de objeicago psa, om suceno, do cients 0 eriadr de um nove sistema de cone iment, ao indvdon que pati» tema, de modo ue © subj que reduldo atm er eg homage dkterinado desi enlobando wasn inerays ce objets” (Lacan, 199: 19), Um “progres na ornare sa ja € ag esimola: a medida que campo de concn rare do cere &liicao, ra acompreens been logamere baseaa depen tf eran a vont pela verde prostetzamente no gr das alas, Nee pos oso, 0 sujet da piae€ Welt ex como se do na miragem do pasado. Exe enoament at peste omigo mesma, a corm as outa a bsmenloge eos ‘fora die poabdades humans a incisor de ea nota cla de snag” Tel 197 2) de nna crescent bclogago dos acess metas famaccagharo de afetos (Haraway, 191; Young, 185; Poeyna Bl 190% Azamben, 18). visto ce Foucaak de wn modo expeinen tl de subjtvidade, expres no fir de ba ples Opa tuo parece ear hem no proceso de retina: "Pent fc, 4 passo que noms seciedade muda, a fegao ¢ ses tees polismicos it mais una es fanctonar deo mde die fee (| um mado que ni mas ero autor mai imental” (1998: 222), : ns Tecnonewrose Goncluo com a experncia de Oxigenio, que toma 40 GTA para o seu quarto teste. Desta ver, o conselhcira dise 3 ‘sa comerrivia de $2 anos que no havia mais nada que o Fa Gentro de Testagem pucese fzer por ela. Oxigénio havin es- gotado sua cota de tenes. “Mas eu preciso de mais um.” Ela disse ter muita ansedade, apontou para as lesdes cutineas em seu rostoe repein sa hist ia: "Um ano aris, fa stp ds," O eaupradr dete que ele inha AIDS, Newhuma queixa foi registrada na policia. Todos os conselhetos que atenderam COsigénio concordant com « seguine inexpeetagto: “El teu adultéro e esta morrendo de culpa.” Agora até mesmo 6 marido apresentasintomas relacionados com AIDS, alga (Osignio, Ela j procurou dois pscoterapeutas, em vio, “Nao gostei o primeira dise que en nto tinha nada; a seguida no disse nad.” A necessidade de um novo teste para 0 HIV pare= ce estar enlagada com a impossbilidade de Oxigénio acest sua propria palavra ena realidad, a substi. Entendo que a cexperiéneia sintomatica,confiusae dolrida de Oxiginio € ar ‘quitetada tecnicamente. As dinimicas neurétieas de clientes com ela no so simplesmente expurgadas em enquadramentos “pidemioldgicns e biotesagens, mas sso instrumentalizadas € coproclzias como sendo norma, retomando & realidad social como tewnas. Psta € uma via de duas mis. Ao mesmo tempo em que eses novos sujeitos de riseo sia treinados para ultrapassar tos potenialmente mérhidos por meio de um nove saber (um duple) desi mesmos, eles também normalizam, ago- a com teenociéncia, sua capacidade neuréica/plastica de reinventar a aubjtvidade, Nese proceso, clientes como Oxi- sno tomam-se dependentes de uma sgnificago secreta que fo teste de HIV possa caregar (no lugar dele), © podem assim ter forelud 0 acess 2 singularidde de suas experiéncias dra- riticas e a formulagio do deseo. [Em muitos casos, og sntomas destescintessoronegatvos «suas demandas por ina verdade bolégieasio também vel culos paraa construgto de novas identi soca, Em meio 2 vazios abertos pelo desaparecimenta e/ou pela reciclagem de teaicionas Iago soca, muits elites usam @ GTA para r= solver confit Failiares © amorotos (casos de inceto, perda td vngindade e adultéro). Outros wsam esse aparato para for ‘ular ow camullar novas defingBes de orientago sexual (ai ‘nando ou negando sua homossexualdade, por exemple), para tiberarse da servidio sexual on lidar com mudancas oeasiona- das por uma nova consiéncia de género, Muitossimplesmente fexerctam o rara direico de ter aqui acesio a um “moderna” fparato de sade piblica. De um mod gral, abeervamos ci tes desritulizando relacionamentos fare a face e ralizand fantasia programaticas de uma suposta autonomia, ‘Em tesumo, este experimento enicorcultural € a expe riéncia de uma AIDS imagindria no CTA tke como efeitos Jmesiatos a consolidacio local de um ates biocientica de go vemnamentalidade, 0 refargo da fantasia como um regulador da tealidade social, a nova inserigfo de padres de dominago sovial ¢ sexual, ¢ 4 vciada auto-insrumentalizagio de novos ‘jeitos de rise, A hstria de Onigénio mostra que neste cone texto ¢em meio & nova plastcidade subjetva desescidados © dads, © imperativo categirico da ciéncia — conhecer af infiiton — &0 que peemanece. Ai, onde essa palsio epistera. Tigica ganha form, no hd necesidade da presenga de uma pessoa real. Reterénciasbibliogrdicas ALCABES P, A. MUROZ «af (1999) Ioubaion Period of Hamas Tmmuodeency wr. Ri, 19 (2 3318 AGAMBEN, Giorgi, (198) Ho Se Seng at Be Le Stal ‘Suafrd hiversy re ARENDT, Hah. (1958) Te Haman Gin, Chiag: The Unive of BIBL, Jo. (1994) Our Lf AIDS, ii, nd Suit in Br oe of Sel Alon. Ah attr UM Dirt Sones IEE Joo. on) (88 Atri ae md Rai. Rio ‘janine Relune Daa DIEHL, Jodo fh Denise Coxinde and Ans Las Owe). 200% "Teg ant Ace HIV S008 ening is Un, aly, Mai, ad Phy, 2587-120. IFHL, Joo. 20018) Vise Lik in & Ze of Socal Abana. Si Ta 8 90 19, 9.5 CASTEL, Roker. 001) From Duageounes to Rik, Ee GRAHAM ‘Burcel, GORDON, Cal, MILER, Per on. The Fa Ee Sarr Grama Chiag: The Ue f hiege Pres (CONIA, Slngio oa (96h Aide pcs Din MED 390 — pkdniologa Suhr Faced le Mecena, Unvesiice Ver an Babi DELEUZE, Gis. (1965) Nga, 197-1990. New Yor: Calan Unicny Pro [ERIBON, Dit, (108) Midd Fel soning Rio de oi Jone Zar Er [SCHER, Micha N.(i0)nengen Form of a Anrep ate of Posner, dial Renee f pli 28: 22°78 FLECK, Ladi (197) Te Ca a Drain SF Cag “The Unter of Chicago Prom FLEGK, Ladi (165) Seieife Obes eeson in Genes in COHEN, Robart © SCHNELLE, Them (re) gine nd Faz Mout Unde Rc, Dott D, Reis bing Compr -FOUCADLT, Mii 7) 0 gr mo? ike: Pasagen FOUCAULT, Mice (172) The day of Fale The Discos ax Ne Yok, Harper Tre, FOUCAULT, Mit (97) Psa an Pati Te Bit hon, New York: Vintage Fook FOUCAULT, Michel (961) Gaveramentalty. tin GRAHAM Barc, ‘GORDON, Calin, MILLER, Pee ope The Fel i Sie (Germ, hae: The Unie of Chiag Pre FOUCAULT, Mich. (190) What Auta? im FAUBION, Jue (org At, Mae and Eto. New Yor The New Pee ‘HARA, Dons, 12) Sin ben WaT Rm Yar New Vorke Ratlge. KELLER, Evelyn Fo. (1992) Sot of 1 ug Lang, Cd, ot ‘Se New York Rout LACAN, Jace (8) Senor aed Tih Mr ft Fron Fi + au acti Masa fe ab Se st Rew ae No saci (i O Sina Odes Pn Lv 1B st ae Sas EB ala, nr go oA Renter ; So 97 Psa pero, er Den AR Son ea Rs ek tw IN, a A Nal inp a Bets Nhe as bed tg ‘ any Resin of Sep Vy AMER, Fase a oneal ot New Yen Png ols Thr tt 997 Oru cn ena co haan diss Pat ee 3 ‘e's. sae el 9 nde Rid ne Re er TEM Re te ca» oa a LO i Ee Congas tee nny ou nay of Fa New Re rsd he UM a 9 omy fs Rn: Pi Une io ans 9 Harte yp i ag nove en

Вам также может понравиться