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Reflexões a respeito da relação entre história e ensino do cálculo:

Um estudo sobre o conceito de integral

RAQUEL SILVÉRIO GUIMARÃES1 e OSCAR JOÃO ultrapassadas e com elas muitos conceitos novos
ABDOUNUR (ORIENTADOR)2 concebidos.
1 A idéia de integração surgiu da necessidade de
Universidade de São Paulo (USP), Brasil
raquel.guimarães@usp.br calcular áreas, volumes e comprimentos de arco, já
2
Universidade de São Paulo (USP), Brasil a noção de derivada vem como resposta a
abdounur@ime.usp.br problemas de tangentes, máximos e mínimos. As
noções de integral e derivada foram fundamentadas
separadamente até que por fim pôde-se observar a
1. Apresentação relação entre tais operações como sendo uma
inversa da outra [3].
Na Grécia antiga vemos que a matemática se Utilizar-se de conceitos históricos de
desenvolve de tal forma que se chega ao cálculo de matemática tem-se feito grandemente necessário
áreas, um tanto quanto complexas, como a das em sala de aula, já que conhecer como foram
lunas de Hipócrates (c. 470 a.C.) [1], no entanto concebidos tais conceitos, possibilita ao aluno
era necessário mais, era preciso calcular áreas de enxergar que a Matemática surgiu de uma
figuras mais complexas como, por exemplo, a necessidade da humanidade em resolver
seguinte: problemas, para que a própria humanidade pudesse
evoluir de tal forma a chegar no status tecnológico
e científico em que se encontra hoje [4-7].

2. O surgimento do Cálculo Integral -


Algumas necessidades que levaram a
humanidade a tal conceito

Temos o método da exaustão de Eudoxo (c. 450


a.C.) como ponto chave para o surgimento do
Cálculo Integral. Tal método admite a
possibilidade de que uma grandeza possa ser
subdividida indefinidamente possibilitando, por
exemplo, que se chegue à área do círculo
exaurindo os lados dos polígonos inscritos e
circunscritos ao mesmo [2, 3].
Figura 1. “Uma área mais complexa” O método da exaustão chegou ao nosso
conhecimento por intermédio de Arquimedes
Contudo para calcular tal área seriam (c.287 a.C. - 212 a.C.) que se utilizou de tal método
convenientes conceitos como plano cartesiano, a e o provou por dupla reductio ad absurdum. Um
aceitação e formalização da incomensurabilidade, exemplo de tal uso pode ser visto na quadratura de
ultrapassar paradoxos que levam a crer que não se um segmento de parábola, figura 2 abaixo. Onde
pode ter, muito menos somar, grandezas Arquimedes consegue demonstrar que a área S
infinitamente pequenas (paradoxos de Zeno), entre contida entre uma parábola e uma reta transversal é
outras questões. 4
Ao longo do desenvolvimento histórico da dada por da área T do triângulo com mesma
3
humanidade tais barreiras foram sendo

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base e cujo vértice C é o ponto onde a tangente à trazendo uma nova perspectiva de cálculo de áreas
4 e volumes. Seu método era baseado na comparação
parábola é paralela à base AB . Ou seja, S = T . entre as infinitas partes atômicas de planos (ou
3
sólidos), onde se pode relacionar a área (ou o
volume) de uma superfície (ou sólido) com uma
outra já conhecida. Para ilustrar tal método basta
enxergar que tomando uma pilha de cartas de
baralho alinhadas e posteriormente desalinhando-
as, o volume da pilha final é o mesmo da pilha
inicial, onde cada carta representa uma área numa
altura h, e comparando-se com a pilha final tem-se
a mesma área numa mesma altura h [1, 3].
Um outro exemplo de aplicação do método de
Cavalieri pode ser visto no cálculo da área de uma
x2 y2
elipse [3]. Considere a elipse + = 1,
a2 b2
a > b , e a circunferência x 2 + y 2 = a 2 , figura 3
abaixo. Colocando y em evidencia temos
b
Figura 2. Segmento parabólico y= (a 2 − x 2 ) e y = (a 2 − x 2 ) e assim
a
b
Demócrito (c. 410 a.C.) teria chegado ao para toda corda y da elipse tem-se a proporção
volume da pirâmide através de um método a
fundamentado no método da exaustão, porém com relação à uma corda tomada na circunferência,
análogo ao que conhecemos hoje por princípio de logo pelo principio de Cavalieri conclui-se que a
Cavalieri. b
área da elipse (Se) é igual à vezes a área da
Durante muito tempo após Arquimedes nada foi a
agregado ao Cálculo, até que por volta de 1450 os circunferência (Sc) assim:
trabalhos de Arquimedes chegaram à Europa
Ocidental.
b b
Utilizando-se das descobertas de Arquimedes, Se= Sc = πa 2 = πab .
Simon Stevin (1548-1620), procurou evitar a dupla a a
reductio ad absurdum, utilizando-se de processo
semelhante a limite, conseguindo assim chegar a
bons resultados no seu trabalho sobre hidrostática.
Posteriormente Johann Kepler também viria a usar
os resultados de Arquimedes em seu estudo sobre a
segunda lei do movimento planetário e sobre o
volume dos barris de vinho. Em tal estudo Kepler
considerava um círculo como sendo formado por
uma infinidade de triângulos delgados de vértice
no centro do círculo e altura igual ao raio do
mesmo “como a área de cada um desses triângulos
delgados é o semiproduto de sua base por sua
altura, segue-se que a área do círculo é igual ao
semiproduto da circunferência pelo raio” [3].
Mais tarde o Princípio de Cavalieri, concebido
por Bonaventura Cavalieri (1598-1647), viria

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Ao que tudo indica, ambos chegaram ao
Cálculo na mesma época de maneira independente,
sendo que Newton descobriu primeiro, mas
Leibniz publicou primeiro [1-3].
Newton fundamentou sua teoria em um ponto
de vista voltado à mecânica, enquanto Leibniz por
um ângulo mais geométrico se dedicando mais à
notação do que a própria formulação de conceitos,
sua notação é a que mais utilizamos atualmente.
Assim podemos ter uma pequena dimensão de
como foi o surgimento do Cálculo Integral, agora
devemos pensar num porquê inserir tal conteúdo
no ensino, ou ainda, num aspecto mais geral,
porque inserir história da matemática no ensino. A
seguir uma breve reflexão a respeito de tal
inserção.

3. Por que inserir a história da matemática


Figura 3. Circunferência e elipse no ensino?

John Wallis (1616 -1703) escreveu um livro Analisando a educação matemática num aspecto
onde se pode encontrar os métodos de Descartes e mais geral temos como competência e habilidade a
Cavalieri sistematizados e estendidos. Chegou a ser desenvolvida no ensino médio a âmbito de
concepções como: contextualização sócio-cultural: “Relacionar
1 1 etapas da história da Matemática com a evolução
∫x
m
dx = da humanidade. Compreendendo a construção do
0 m +1 conhecimento matemático como um processo
Com −1 ≠ m ∈ Q . histórico, em estreita relação com as condições
Isaac Barrow (1630-1677) é outro personagem sociais, políticas e econômicas de uma
muito influente na concepção do Cálculo Integral, determinada época, de modo a permitir a
apesar de ter contribuído muito mais na concepção aquisição de uma visão crítica da ciência em
do Cálculo Diferencial, chegando a idéias muito constante construção, sem dogmatismos ou
próximos das utilizadas atualmente. Há até quem certezas definitivas. Por exemplo, o uso da
credite a Barrow a percepção do teorema geometria clássica ou da analítica para resolver
fundamental do cálculo, ou seja, que integração e um mesmo problema pode mostrar duas formas
diferenciação são processos inversos [1-3]. distintas de pensar e representar realidades
Contudo a primeira manifestação explicita do comparáveis em momentos históricos diferentes”
método diferencial se encontra em algumas idéias [6].
de Fermat (1601-1665), no estudo de máximos e Como vemos no trecho acima mostra a
mínimos e na descoberta de como determinar a necessidade de que se utilize da História da
tangente a um ponto de uma função cuja fórmula é Matemática no ensino de tal ciência já que a
conhecida [3]. mesma ilustra o desenvolvimento e a evolução dos
Temos então um terreno fértil para que o conceitos a serem aprendidos. Contribuindo ainda
cálculo diferencial e integral seja formalizado para que o próprio professor possa compreender
faltando que se entenda a relação inversa entre a que certas dificuldades apresentadas pelos alunos
integração e a diferenciação e que se formalize em aprender determinados conteúdos podem
tudo que foi descoberto. Coube a Newton e remeter a dificuldades históricas para a construção
Leibniz, tal descoberta. dos mesmos. Por exemplo, reconhecer as

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dificuldades históricas da construção dos números Cálculo.Tradução Hygino H. Domingues. São
irracionais pode contribuir bastante para o ensino Paulo: Atual. 1992. V. 6, 93P.
desse tema.
Conforme as orientações curriculares para o [3] EVES, Howard. Introdução à História da
Matemática. Tradução Hygino H. Domingues.
ensino médio, “O Princípio de Cavalieri deve ser
Campinas, SP: Editora da UNICAMP. 1995.
tomado como ponto de partida para o estudo de 842P. Tradução de: An Introduction to the
volumes de sólidos (cilindro, prisma, pirâmide, History of Mathematics.
cone e esfera), permitindo ao aluno compreender o
significado das fórmulas”. Assim indiretamente, já [4] Orientações Curriculares para o Ensino Médio.
no ensino médio, deve ser inserida uma idéia Ciências da natureza, Matemática e suas
intuitiva de integral. A qual pode ser “ponte” para Tecnologias / Secretaria de Educação Básica –
que o contexto histórico que a motiva possa ser Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de
explicitado. Aspecto também relevante em tal Educação Básica, 2006. 135 p.
etapa do ensino.
[5] Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino
Cabe aqui comentar a respeito do uso indevido
Médio. Parte III: Ciências da Natureza,
da contextualização histórica em sala de aula. Matemática e suas Tecnologias. 58 p.
Tendo em vista o quão importante é tal uso não se
deve “jogá-lo” ao acaso, citando fatos [6] Parâmetros Curriculares Nacionais +:
aleatoriamente, como simples descrição de fatos Orientações Educacionais Complementares aos
históricos, ou ainda a apresentação de biografias de Parâmetros Curriculares Nacionais - Ensino
matemáticos famosos, sem inseri-los na temática médio. Parte III: Ciências da Natureza,
abordada. Deve-se pensar nos alunos aos quais vão Matemática e suas Tecnologias. 141 p.
ser explicitados tais conceitos históricos e ainda
relacioná-los ao conteúdo que se pretende dar. [7] Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática
(5ª A 8ª SÉRIES) / Secretaria de Educação
A história da construção do conhecimento
Fundamental. Brasília : MEC / SEF, Brasília
matemático mostra-nos que esse mesmo 1998. 148 p.
conhecimento foi construído a partir de problemas
a serem resolvidos. Logo tal aspecto pode e deve
ser passado para o aluno fazendo com que ele
entenda a história da matemática como elemento
importante na atribuição de significados de
conceitos matemáticos [4].
Assim o uso de história no ensino é necessário
não só para que haja uma certa
interdisciplinaridade, mas sim para fundamentar,
dar significado e desmistificar a matemática como
um todo contribuindo para que a aula de
matemática seja prazerosa e melhor compreendida.

Referências

[1] BOYER, Carl Benjamin. História da


Matemática. 2º Edição – Tradução Elza Gomide.
São Paulo, Edgard Blücher. 1996. 488P. Título
original: A History of Mathematics.

[2] BOYER, Carl Benjamin. Tópicos de História da


Matemática para Uso em Sala de Aula,

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