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A LIBERDADE RELIGIOSA NAS CONSTITUICOES BRASILEIRAS (Estudo filoséfico-juridico comparado) Pe. José Scans, SDB Diretor da Faculdade de Dircite de Campo Granée (Mato Grosso FONTIFICIA UNIVERSITAS LATERANENSIS FACULTAS PHTLOSOPHTAE ‘Tese de Lures 58 PARTE SECAO QUINTA A Liberdade Religicsa na Quarta Repiblica (De 1964, ...) CAP, I: ANALISE FILOSOFICO-JURIDICA DA EMENDA CONSTITUCIO- NAL DE 1969 A CONSTITUICAO DE 1967 1) Antecedentes Histéricos 2) A Constituigao de 1967 e a Emenda Constitucional de 1969 3) A Liberdade Religiosa na Constituigéo vigente 1 — A Separagao do Estado da Igreja ll — A Liberdade de consciéncia e de culto lll — A escusa de consciéncia IV — A Assisténcia Religiosa V — 0 casamento VI — O Ensino religiogo ‘Ae qUGtrO primetras partes deste trabatho estto publicadas na Revisin de Informagéo Legislative n.2# 41 8 44, 92 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA CAP, Il: CONSEQUENCIAS PRATICAS: QUESTAO RELIGIOSA OU QUESTAO SOCIAL? 4) A renovayo da Igreja 2) Revolugdo de 64 @ a lgreja CAP. IN: CONSEQUENCIAS FILOSOFICAS 1) A evolugdo das relagdes Estado-Igreja 2) A evolugio do conteudo dos Direitos Fundamentals do Homem | — © fundamento dos Direitos do Homem ll — As duas categorias dos Direitos do Homem 3) A evolugdo dos Direitos Fundamentais do Homem no Brasil CONGCLUSOES: BIBLIOGRAFIA APENDICES CAPITULO PRIMEIRO ANALISE FILOSGFIGO-JURIDICA DA EMENDA CONSTITUCIONAL DE 1969 A CONSTITUICAO DE 1987 1) Antecedentes Histéricos No preAmbulo do Ato Institucional n° 2, de 27 de outubro de 1965, encontramos as finalidades da Revolugao e as metas do Governo Revolu- cionario, instituldo com o movimento de 31 de margo de 1964, “A Revolu- go 6 um movimento que veio da aspiragao do povo brasileiro para atender as suas aspiragées mais legitimas: erradicar uma situagdo 6 um governo que afundavam o Pais na corrup¢ao e na subversdo."” No mesmo preambulo, frisou-se que a Revolucdo se distingue da outros movimentos armados pelo fato de que traduz nao o interesse 6 a vontade de um grupo mas o interesse e a vontade da Nagdo. A Revolucdo investe-se Por isso no exercicio do Poder Constituinte, legitimando-se por si mesma e edita normas juridicas sem que nisto seja limitada peta normatividade anterior & sua vitdria, pois, gragas & agao das Forgas Armadas e a0 apoio inequivoco da Nagao, representa 0 povo e em seu nome exerce 0 Poder Constituinte, de que 0 povo 6 o Unico titular. (?) O Governo Revolu- ciondrio editou um novo Ato Institucional, o de numero 4, de 7 de dezem- bro de 1966, em que o Congresso Nacional foi convocado para, em reuniao extraordinétia, a realizar-sa de 12 dezembro da 1966 a 24 de janeiro de 1967, discutir, votar e promulgar o projeto de Constituigao apre- sentado pelo Presidente da Republica, transformando-o, dentro daquele prazo, na nova Carla Constitucional do Brasil. Ato inautuctonal n.° 2, do 27 de cutubro do 1865. Cit, SARASATE, o.c., pég. 41. JANEIRO A MARCO — 1975 93 Eram trés as perspectivas que se abriam ao Governo Federal para institucionalizar a Revolugao através de uma nova lei fundamenta!: a) a outorga pura e simples de uma nova Constituigaéo; b) a convocagao de uma Assembiéia Constituinte a ser eleita pelo povo com poderes amplos para elaboragéo de uma nova Carta Politica; e e) a delegagéo ao Con- gresso da competéncia de que se julgava titular condcionada aos limites tragacos em ato emanado de seu poder constituinte, Afastada a segunda hipdtese por indiscutivel prem&ncia do tempo, optou o Governo pelo terceiro caminho, no que procurou agir, sequndo expresséo de Roberto Magathdes, "com um minimo de autoritarismo exi- givel nas atuals circunstancias, renunciando ao poder de outorga em favor de amplo debate parlamentar da reforma constitucional”. (*) “A Revolugéio de 64 — afirma Carlos Medeiros Silva, em sua “Expo- sigéo de Motivos” — nao se fez somente para extirpar da Carta Magna preceitos que no curso do tempo se tornaram obsoletos; tinha de inovar 8 0 fez, através de Atos e Emendas Constitucionais, com o objetivo de consolidar a democracia e o sistema presidencial de governo.” No Brasil, a crise constitucional comegou em 1926 com a reforma da Constituigao de 1891 que nao evitou a revolugao de 1980 € o poder discri- ciondrio que se seguiu até 1934. A Conatituigéo de 34, claborada por uma Assembiéia Constituinte sofreu, em 1935, trés emendas que possibilitaram 0 advento da ditadura que durou até 1945. A nova Constituigao de 46, também resultado dos trabalhos de um Congresso com poderes constituintes, foi emendada trés vezes, em 1950, 1956 e 1961, sem afetar as suas linhas mestras. Mas a Emenda n° 4, de 1961, intitulada Alo Adicional, institulu no Brasil em momento de crise aguda o sistema parlamentar de Governo; a de n? 5, do mesmo ano, estabeleceu nova discriminagao de rendas, pedra fundamental do regime federativo; e a Emenda n? 6, de 1961, restabeleceu © sistema presidencial de tradi¢éo republicana. Essas trés emendas mos- tram que a estrutura federativa e presidencialista entraré em colapso. (*) Finalldade, pols, precipua do Movimento Revolucionario de 31 de marco de 1964 foi consolidar a democracia @ 0 sistema presidencial de governo. 2) A Constituigo de 1967 e a Emenda Constitucional de 1969 A Constituigao de 1967 foi promulgada a 24 de janeiro pelo Congresso Nacional investido do poder corstituinte delegado e teve sua vigéncia marcada para 15 de margo, data da posse do novo Presidente da Repti- blica, eleito pelo Congresso Nacional a 3 de outubro de 1966, Marechal a RIO MAGALHAES, “A Constinigae Faderat de 1857 Comontada’, Ric ce Janeiro, 1967, vol 1, Intredusho, pag. X. (3) “Exporigdo Ce Motlyos", om SARASATE, 2, naps, 72/75, 4 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA Arthur da Costa e Silva. O primeiro governo revolucionario queria entre- gar o Brasil a seu sucessor, depositando-Ihe nas maos com o Poder a fova armadura legal do Pais. De dois projetos valeu-se o governo para a elaboragao do projeto definitivo da Constituigéo remetido ao Congresso Nacional. O primeiro da autoria de uma comissao de juristas nomeada pelo Presidente da Rept- blica, nos termos do Decreto n® 58.198, de 5 de abril de 1966; 0 segundo a cargo do Ministro de Justiga e Negécios Interiores, Carlos Medeiros Silva. Mil e tantas emendas foram apresentadas ao projeto, como afirmou o se- nador Afonso Arinos de Melo Franco, dando vida a amplo debate. (*) Foram aprovadas 254 emendas, Tendo a Revolugao de 64 irrompido ex abrupto, quase que de impro- viso, como repulsa do povo aos desregramentos a aciio perturbadora e & caminhada para o desconhecide do governo deposto, ela nao foi uma revolugao de caracteristicas sociais nem constituiu um movimento de feigao politica previamente delineada. Nao possuia uma filosotia propria, outras metas além daquelas em que se consubstanclaram suas providén- cias iniclais: combate a subverséo e A corvupgdo, restabelecimento da hierarquia militar e da ordem civil, luta sem quartel ao processo inflacio- nario. Somente mais tarde é que se sucederam medidas reformistas de outro estilo nog planos politico, social, ccondmico, jurldico @ administrative que vieram refletir-se no projeto da Constituigao. (°) Liberdade com autoridade € 0 espirito da nova Constituigzo. Para conciliar a liberdade ¢ autoridade a Constituigdo abrange dois principios: a} interdependéncia e cooperagéo dos Poderes, em vez da classica divisao dos Poderes de Montesquieu; b) manutengao no seu teor tradicional dos Direitos @ Garantias Individuais. “Quanto ao primeiro principio basilar, como @ segundo — escreve o citado autor —, se des- dobra em varios outros elementos, como o fortalecimento do Poder Executivo, © controle judicial e o controle ou fiscalizagao do Congresso Nacional.” A Constituigéo de 67, que iniciou a vigorar com o Marechal Costa e Silva, sotreu a Emenda Constitucional n? 1, de 17 de outubro de 1969, promulgada pelos Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronautica Militar, que substituiram o presidente impedido de governar por motivo de saude. (*) (4) SARASATE, 0.6, py. 4 (5) Boidem, pag. 68. (8) “Conalderando — sfirmam os JANEIRO A MARCO — 1975 95 3) A liberdade religiosa na Constituicdo vigente Analisaremos a Emenda Constitucional de 1969, nos dispositives que dizem respeito a liberdade religiosa, comparando-a com ac Constituigdes anteriores. | — A Separagio do Estado @ da Igreja “A Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios 6 vedado: estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvenciond-los, embaragar-lhes © exercicto ou manter com eles ou seus representantes relacbes de depen- déncia ou alianga, ressalvada a colaboragaéo de interesse publico, na forma e nos limites da let federal, notadamente no setor educacional, no assistencial e no hospitalar.” (Cir. Const. 1967, art. 9%, If.) (*) A \uz das demais Constituigdes, fazemos notar 0 seguinte. O principio da separagao da Igreja do Estado 6 afirmado nos mesmos termos de 91, 34, 37 € 46, com a proibigao de estabelecer, subvencionar ‘ou embaragar 08 cultos religiosos e de manter com eles relacao de dependéncia ou alianca. E expresso 0 principio de colaboragao alirmado em 34 @ em 46. As diferengas sao as seguintes: © acréscimo “seus representantes” ao principio de separacio da Igreja do Estado contém, a nosso ver, proibigaio de reconhecer as auto- ridades religiosas a personalidade juridica de Direito Pubfico Interno. € uma explicitacao, pois as demais constituigdes falam apenas em nao ter relagées de dependéncia ou alianga com os cultos. £ notério que as confissées religiosas ndo possuem uma hierarquia eclesiastica como a Igreja Catdlica, cujos representantes sao eleitos pelo Romano Pontifice. A Constituig8o de 91, na emenda de 1926, alirmava que a represen- tagéo diplomatica junto & Santa Sé nao violava 0 principio da separagdo da Igreja do Estado, dos cultos: todavia nao falava em representantes do culto. Implicitamente, constitui tal acréscimo uma restrigao 4 autoridade da Igreja Catélies. Se nao for uma restrigao, 6, pelo menos, uma precaugao. A atuagéo da Igreja na questo social ou no problema do desenvolyimen- to tem sido marcante no Brasil, causando esporddicas dissens6es entre a Estado e a Igreja, tensdes que tiveram eco no Cangresso Nacional (*) Ora, dentro do plano geral da Constituigao, esse inciso pode ser considerado como uma medida de fortalecimento do poder, pérante a situagéo do Pais e dos paises da América Latina, que estao sofrendo problemas de subversto e de guerra psicolégica. om th (8) Anais da Cimara dos Depulados, Beanilla, 1967, val. 25, phys, 681/632: vol. 26, pag. 965; vol, 29, Pgs. 875/876; vol. 30, pags, 861/889 e pags. 1.115/1.128; vol, 31. pigs 964/365, pags, E4G/S60 @ Bags. j-fta/t-17t; An. Gun. Bop. ec, Bet, oS, 2ige,"208/3c7f wel 2 Seu8, ‘Brest: tol 6 Pi 3, 96 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA Doutra forma nao se explica esse acréscimo, sendo tendo em conta as circunstancias peculiares do Pais, uma vez que nenhuma Constituigao, nem a de 1891, a mais rigorosa é laicista, sentiu a necessidade de explici- lar uma [Grmula gue, na sux simplicidade, dissesse tudo o que devia dizer. O principio de colaboragao consagrado pelas Constituigdes de 4 eo 46 sofreu também uma restrigdo na cl4usula que aparece na emenda de 1969 e que ndo se encontra no texto de 67: “‘na forma e nos limites da lei federal”. Tivemos ocasigo de afirmar que o principio de laicidade consagrado na Constituigao traduzia-se praticamente numa simpalia cada vez mais franca para com a Igreja Catélica, Esse inciso parece, pois, uma clausula restritiva comparada com a formula usada em 34 e 46: “sem prejuizo da colaboragao reciproca em prol de interesse coletivo”. (°) Todavia, o principio de colaboragdo recebe uma explicitagéo quando se indica a 4rea @ 0 campo de agdo na expressdo usada pela emenda de 1969: “notadamente no setor educacional, no assistencial e no hospitalar”. Proverbiais sao a presenga da Igreja e das confissdes am geral nos trés setores fembrados pela Constituigéo. O advérbio “notadamente” nao reduz a colaboragao a estes trés setores, indica apenas uma preferéncia, uma caracteristica da lgreja brasileira. Contudo, a colaboragao sera exercida dentro dos limites estabeleci- dos, ou seja, na forma e nos limites da lei federal. Com efeito, pelo principio de subsidiariedade, ao Estado compete assegurar a todos os cidadaos 0 direito & educagdo, a satide e & previdéncia social. ll — A liberdade de conscléncia a de culto “€ plena a liberdade de consciéncia e fica assegurado aos crentes © exercicio dos cultos religiosos que n&o contrariarem a ordem publica @ os bons costumes.” (1°) & garantida a fiberdade de consciéncia. Variam os adjetivos que so empregados nas Constituigdes brasileiras quando las ce referom a liber dade de consciéncia. Esses adjetivos emprestam uma conotagao muito importante: revelam 0 espirito que anima e que da vida ao dispositive legal. As Constituigdes de 34 6 de 46 estabelecem que a liberdade da consciéneia 6 inviolavel; a de 37, como a de 91, nao faz referéncia & tiberdade de conscigncia; as de 67 ¢ de 69 afirmam que a liberdade de consciéncia & ptena. Sem duvida preferimos 0 adjetivo invioldvel, porque 60 trata de um direito que escapa a0 poder do Estado, como jé afirmava Barbatho em seu comentario de 1891. () (9) GR, Conatttuigdo de 1904, art. 17, I; Constiulgte do 1968, art 34, II (10) Ant. 188, § 5° (11) BARRALHO, ©.¢, pg, 905. JANEIRO A MARCO — 1975 7 A Emenda Constitucional de 69 nao fala em liberdade de crenca ex- pressamante, seguindo nisso o exemplo de 91 6 de 37, Contudo, ha referéncias que supéem a liberdade de crenca. (””) No art. 30, parégrafo unico, a Constituigéo atual estabelece que ‘nao sera autorizada a publicacaéo de pronunciamentos que envolvem ofensas as instituigdes nacionais, propaganda de guerra, de subversao, de ordem politica ou social, de preconceitos de raga, de religiéo ou de classe...”. So os limites do direito a liberdade de crenga. Semelhante presori- go se encontra também no § 8° do artigo 153: ".... Nao serdo toleradas a propaganda de guerra, de subversio da ordem ou de preconceitos de religido, de raga ou de classe e as publicagdes e exteriorizagdes contré- tias & moral e aos bons costumes.” Esses limites mais explicitos do que em outras Constituigées reve- lam a situagao contingente do Brasif e, portanto, a caracteristica da Constituigdo atual que inspira todos os seus artigos, ou seja, “liberdade com autoridade”. (3) Tecnicamente é preferivel a expresso usada pelas Constituigdes de 1934 e de 1945 a respeito da liberdade de consciéncia e de crenga, fruto também de uma situagdo de espirito e de reagao ao laicismo de 1891 e @ Ditadura de 1937. Quanto ao culto, manifestagao externa da liberdade de consciéncia, a emenda de 69 afirma: “Fica assegurado aos crentes o exercicio dos cultos religiosos.” A de 34 “garante o livre exercicio dos cultos religio- sos” @ a de 46 “assegura o livre exercicio dos cultos religiosos” enquanto as de 91 e de 37 coincidem na formula: “todos os individuos ¢ confiss6es religiosas podem exercer pUblica e livremente 0 seu cult”. Substancialmente, o direito a liberdade de culto consagrado em to- das as Constituigdes Republicanas é 0 mesmo; os nuances que se notam em sua formulacdo se prendem A situagao historica e, portanto, contingente de cada Constituigao. Relaclonada com a liberdade de culio esta o “repouso semanal remunerado e nos feriados civis e religiosos, de acordo com a tradigdo local’ do art. 165, Vil, da atual Constituigao ‘A Constituigado de 46, no art. 187, VI, fala de “repouso semanal re- munerado preferentemente aos domingos e no limite das exigéncias téc- nicas das empresas, nos ferlados civis e religiosos, de acordo com a tradigdo local”. A Constiluigao de 37, no art. 137, d, estabelece que “o operdrio tera direito ao repouso semanal sos domingos @ nos limites das exigéncias técnicas da empresa, aos ferlados civis ¢ religiosos, de acordo com a tradigéo local”. G7) O art 153, § 4.9, da Constiiuledn do 83 tera: “Toros séo iguaig nerante a lei, sam distingho do sexe, raga, (rabalho, credo teligloso @ canvicgies polteas C-) (19) SARASATE, O14 pays. 760 eoys. 98 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA Finalmente, a Constituigao de 34 fala, no artigo 121, § 19, em pouso hebdomadério, de pretaréncia aos domingos". Nao ha referéncias na Constituigao de 91. Houve, pois, progresso, uma evolugao, enquanto o homem precisa de tempo pata se dedicar aos valores espirituais. il — A escusa de consciéncia “Por motivo de crenga religiosa ou de convicgao filoséfica ou po- Iitica, ninguém seré privado de qualquer dos seus direitos, salvo s6 0 invocar para eximir-se de obrigagdo legal a todos imposta, caso em que a lei poderd determinar a perda dos direitos incompativeis com a escusa de consciéncia.” (4) “Q Presidente da Republica decretara a perda dos direitos politicos pela recusa baseada em convicedo religiosa, filosdfica ou politica, & prastacéo de encargo ou servigo impostos aos brasileiros em geral.” (15) Substancialmente, a Emenda Constitucional de 69 repete o manda- mento de 46, com algumas variantes de notavel importancia, na cldusula “caso em que a !ei podera determinar a perda dos direitos incompativeis com a escusa de consciéncia”. Essa cléusula tira a incerteza que reinava a respeita da escusa de consciéncia como era formulada na Carta de 46. Admite-se, pols, plena- mente, a escusa de consciéncia, determinando a perda dos direitos que sao Incompativels com a mesma. A escusa de conscléncla ¢ um fato moral ligado ao ambiente sécio-cultural e por isso sua adverténcia varia de povo para povo. Contudo, 0 direito da escusa de consciéncia 6 san- cionado claramente na Emenda Constitucional de 1969. Quanto ao diraito conferido ao Presidente da Republica pelo art. 149, § 19, b, de decretar a perda dos direitos politicos, justifica-se pelo carater geral da Constituigdo tendente a fortalecer o Poder Exe- cutivo. Gontudo, é “assegurada ao paciente ampla defesa (art, 149)”. A letra b do citado paragrafo considera incompativeis com a escusa de consciéncia a recusa de prestagéo de encargo ou servico impostos aos brasilsiros em geral. IV — A Assisténcia Religiosa “Sem carater de obrigatoriedade, ser& prestada por brasileiros, nos termos da lei, assisténcia religiosa as forgas armadas e auxiliares, 6 nos estabelecimentos de internacao coletiva, aos interessados que a solici- tarem direta ou indiretamente por intermédio de seus representantes legais.” (8) Por sua colocacao entre regras juridicas de Daclaracao de Dirsitos, © § 79 do citado artigo revela o conteddo de diraito individual & assistén- A 153, 6 82 18) art 149, $1.8. B. (16) an. 189, § 7° JANEIRO A MARCO — 1975 99 Vale dizer: ndo se pode negar ao militar, qualquer que seja a sua categoria, o direito a assisténcia religiosa, desde que nao se trate de culto contra a ordem publica e os bons costumes. Portanto, 6 perm tida e assegurada a penetragao de sacerdotes que sejam brasileiros nas Forgas Armadas, sem distincdo entre as religibes. © mesmo se diz a res- peito de hospitals, penitencidrias e outros estabelecimentos oficiais. (3) Assisténcia religiosa sera prestada “nos termos da {ei” para garantir © espirito da Constituigao: liberdade com autoridade. Essa cldusula nao figura nas ConstituigSes anteriores, no art. 141, § 9°, da Carta de 46 @ no art. 113, § 6%, da Constituigdo de 1934. 0 dispositive da Assisténcia Religiosa as Forgas Armadas nao figu- tava no projeto da Constituigao. Talvez fora retirado por se julgar de I ordinaria prover as capelanias militares. (**) Foi incluido gragas A Emenda 111, de Arruda Camara. (39) V — O Casamento “A familia 6 constituida pelo casamento e tera direita 4 protegao dos Poderes Publicos.” $1 Nelson Carnwiro apresentou emenda visando retirar do lexto consti+ tucional a palavra indissolivel. “Todos — afirma o referido Senador — sustentam que a indissolubilidade néo 6 matéria constitucional. Se ndo 6 matéria constitucional, vamos deixé-la para a legislagao ordinaria, como se fez na Constituigdo de 1891. (2) 'O casamento é indissoltvel.” (2°) Nisto nado concorda Arruda Camara, afirmando ter reunido 0 elenco de 32 Constituigdes que consagram a indissolubilidade. Esse elenco en- contra-se no fivro de sua autoria “A Batalha do Divércio". Ao longo do debate que se travou no Congresso, Nelson Carneiro apresentou tam- bém a Emenda 131-14, relacionando o problema da indissotubilidade com liberdade religiosa. Assim diz 0 § 4° da emenda acima referida: “o casamento regulado nos §§ 2° e 3° (trata-se do casamento religioso) n&o podera ser dissolvido se o celebrante for de religiéo que preconiza a indissolubilidade’. O Autor dessa emenda assim a justifica: Como so- mos 95% de catdlicos, temos 0 dever de respeitar o direito da minoria. Oswaldo Lima Filho concorda com Carneiro, acrescentando que “con- sidera tal distinggo necessdria, porque por motivo de fé néo podemos compelir um judeu que se fundamenta na iei judaica, que permite o di- vércio, a admitir a indissolubilidade que o obrigaré a uma situagdo in- justa @ imoral até”. (2) (7) PONTES DE MIRANDA, 0.2, vol. 6, 5971, pags. 145/146, (18) Anela da Constiuigso de 1947, vol. 1, troalla, 1968, pg. 426. (19) Anale 8 Constitulghe de 1967, vol. 4. tome | (Tramitepto ne Congreseo}, Brose, 7966, pags, 172/175, (20) Art 175, § 1.9 (21) Anais tltulgo de 1967, vol. IV, oc. pia. 314, (22) Anale da Conatitulcho de 1987, 0.¢,, vol. 4, pag. 315. 100 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA Pontes de Miranda, por sua vez, escreve: “Sé ha uma explicagao que satisfaga a indissolubilidade: a de que a lei do casamento por in- fluéncia da religigéo conserva o cardéter de sacramento. Assim, ao lado 0U por sobre o Contrato que nao implica a dissolubilidade nem tao pouco a indissolubilidade, esté 0 sacramento, que estabelece ser indissolivel © vinculo, Nao existe princi algum, a priori ou de direito natural — continua Pontes de Miranda —, que possa explicar a indissolubilidade. $6 mesmo razdo especialissima de ordem religiosa poderia estatul-la. Solug&o politica que oferaga maior estabilidade @ considare a religifio um dos processos sociais sem a relegar a categoria de nagécio privado, seria a de deixarem-se as regras juridicas relativas a impedimentos, cele- bragao e relagées pessoais dos cOnjuges no tocante ao vinculo, ao direito confessional, segundo a religido dos nubentes; ou as regras do direito interconfessional o ordenamento de tais matérias. Quando os nubentes ndo tivessem religiéo ou preferissem ndo se submeter a elas, permite-se- thes seguir 0 Cédigo Civil com ou sem indissolubilidade.” “Tal atitude € a que nos parece mais cordata @ até certo ponto teve a prova experimental da legislagdo austriaca, onde o problema matrimo- nial entre catolicismo e protestantismo assumiu caréter delicado.” (2) “Forma de nagagao de liberdade —- escreve Odilon C. de Andrade —, a indissolubilidade do matriménio s6 se explica nas legisiagdes onde se conserva, por influéncia da Igreja, violando entao o principio da sepa- ragéo como a prépria liberdade de consciéncia.” (4) O Deputado Britto Vetho, no debate que se travou na Camara, assim se exprimiu: “A questa esté mal posta. No 6 por ser catélico que sou antidivorcista, H4 uma série de razées de ordem social, de ordem politi- ca @ juridica que me levam a convicgdo da inconveniéncia do divércio. Logo, néo pode e nem deve ser feita a distingéo em termos de religiao. Nao declaro que deva ser indissoltivel o casamento religioso, o que afirmo e defendo é a indissolubilidade do casamento civil.” (75) “6 tdo inconciliavel a sociedade humana sem a existéncia da famitia — afirma Hahnemann Guimaraes — quanto a estabilidads social sem o casamento de onde resulta o aperfeigoamento da moralidade humana.” (25) Quanto ao casamento religioso a projete foi omisso. Arruda Camara pieiteou a incluséo do reconhecimento do casamento religioso. A Cons- tituigdo nado poderia estabelecer de forma alguma que todos os casamen- tos religiosos fossem indissoldveis. Sabemos que ha religiées ou seitas que aceitam a dissolubilidade do vinculo matrimonial. E ainda mais, a Constituigdo nao poderia determinar que um ato que nao 6 oficial, que ndo 6 realizado palo Poder Ptiblico, seja obrigatoriamenta indissoldvel. Conseqiientemente o artigo da Constituigdo se refere exclusivamente ao casamento civil. @7) (23) PONTES DE MIRANDA. oc., vol. 6, 1958, pags, 306/313. (24 ODILON ¢, ANDRADE, em Forense, vol 149, pége. 516/521 25) pig. 315 @s) Inia Ferenee, vol. 113, dps. 261/268, CIF. SARASATE, 0.6. pég. 821. 1987, vol. 2, pag. 122, (27) Andie do Conettuigsa ae 1967, JANEIRO A MARGO — 1975 101 Em outro intervento, o mesmo deputado afirmava: “Nao podemos dei- xar de repetir na nova Constituigdo essa conquista de 1934. E uma ho- menagam a consciéncia crista @ religiosa do povo brasileiro. € uma con- quista de mais de trinta anos no texto constitucional e evita sobretudo a bigamia, a duplicidade de casamento por esse mundo afora. Pleiteio, em outra emenda, que se validem os casamentos celebrados religiosamente e nao registrados em cartério, am que os nubentes estivessem desimpedi- dos quando casaram, para dar mais solidez, consisténcia e estabilidade a instituigao da familia.” (8) Gragas as Emendas 862, de Adauto Cardoso, ¢ 869, de Arruda Ca- mara, foram inseridos no texto constitucional de 67 os dois paragrafos de- dicados ao reconhecimente civil do casamento religioso, substancialmente id€nticos aos §§ 1° ¢ 2° do art. 163 da Constiluigo de 1946, explicitagao do art. 148 da Constituigdéo de 1934. Vale para eles o comentario feito naquela ocasiao. Vi — © Ensino Religioso “O ensino religioso, de matricula facultativa, constituira disciplina dos horarios normais das escolas oficiais de grau primario e médio.” (7°) Analisando 0 projeto da Constituigéo, Arruda Camara observou que a disposigao do ensino religioso foi alterado na sua redagdo. Dizia, com efeito, a Constituigdo de 46 que o ensino religioso era de matricula facul- tativa. No projeto foi alterada a redacdo, pois se afirmava que ele era facultativo. “Ora — comenta Arruda Camara —, peta Constituigao de 46 a sua matricula é que era facultativa; por isso, uma vez matriculados, os alunos eram obrigados a comparecer. Agora, se ele é facultativo. nem o poder pliblico 6 obrigado a permitito, nem os alunos a freqiienté-lo. De modo que 0 texto da Constituigdo de 46 era muito mais perfeito. (°°) Foi atendida a sugestao de Arruda Camara, Todavia, a formula de 1967 foi mais sintética respeito & de 46. Sobre a questao “liberdade religiosa ¢ ensino religioso” remetemos © Ieitor a leitura daquilo que foi afirmado e concluldo nas Constituigses anteriores. Intimamente ligado ao ensino religioso esta o ensino da Educagéo Moral e Givica, disciplina tornada obrigatéria em todos os graus de esco- larizagdo, quer como disciplina, quer como pratica educativa pelo Decre- to-lei n? 869/69, de 12 de setembro. (3) Este decreto, segundo o parecer da Comisséo Nacional de Moral e Civismo (CNMC), de 28 de janeiro de 1970, “mostra compreender que (Ge) Conatitulgho do Orealt de 1067, Ansis, 0.0. vol. 1, pap. 423. (2) Art. 178, § 39, v. (80) Ansie da ConsiltulgSo de 1967, 0. en Brasilia, 1967, vol 2, pha, 168: Idem, vol. 1, B69, 421 “re inaituite, om enrdiar obrigatrie, como dincigina e, tambi cl nas eacoles de todos of a med me 102 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA aspectos deficientes de Educagao Moral e Civica nas Ultimas décadas devem ser atribuidos & aceitagdo do neutralisma no campo moral. Conse- qiientemente, o Decreto-Lei n° 869/69 fixou bases filos6fico-teistas, acon- tessionais, 4 Educagao Moral e Civica, mantendo fidelidade & Constitul- ¢4o do Brasil (Pre&mbulo) ¢ dando alicerces 4 democracia brasileira.” (*) Dentro dos objetivos desta disciplina, o Decreto-lei assinala a preser- vagao, o fortalecimento e a projegao dos valores espirituais ¢ morals da nacionalidade; a defesa do espirito democratico, através da preservagdo do esptrito religioso, da dignidade da pessoa humana e do amor & liber- dade com responsabilidade sob a Inspiragdo de Deus. A disciplina Educagao Moral e Civica aparece pela primeira vez no direilo brasileiro em 1934, na emenda proposta por Plinio Tourinho em Substituigao ao ensino religioso. (*) Concluimos afirmando que as bases da Educacgao Moral e Civica, con- tidas no Dacreto-Lei n? 869/89, raproduzem, om sua maior parte, as fina~ tidades constantes da Lei de Diretrizes e Bases @ dos dois Decretos Exe- cutivos, de 1961 9 1964, relativos ao assunto. Isto quer dizer que os va- lores espirituais ocuparao na Educagao Moral e Civica papel preponde- rante em oposigdo a quaisquer orientagdes matarialistas. (*) CAPITULO SEGUNDO CONSEQUENCIAS PRATICAS: QUESTAO RELIGIOSA OU QUESTAO SOCIAL? Vamos considerar nesse Capitulo alguns fatos surgidos entre a Igreja e o Estado, relacionados com a liberdade religiosa ou pelo menos com as relagdes do Estado com a Igreja. Estes fatos foram analisados nos debates parlamantares, fanta e objato de nossa pesquisa. Fala-se de conflito que cada dia se aprofunda entre a Igreja eo Estado. (}) Fala-se de uma persegui¢do feligiosa. (} Fala-se de um cho- que entre o Governo e a igreja. (*) © Deputado Edgar de Mata Machado pergunta: “O que existe entre a Igreja © 0 Estado? Uma crise de relacionamento? Um contlito entre a Igreja e o Estado? Uma Questéo Religiosa?” (4) © Deputado Geraldo Freire langa na Camara um desafio para que s@ prove ou pelo menos se alegue uma s6 atitude do Governo contra a Igreja Catdlica ou contra qualquer culto religioso permitido pela nossa Constituigdo. (°) ym 2doe 09 nlvole de 482. {34} Declayopte do ve do Conarnalra Celso Kall, no Puecor n° 10090, Ge 23.70, do OFE. 11) Anais de Chimera dos Depotados, Brastlia, 1968, vol. 5, pig. 205 vol. 30, 94g, 862, vol. 31, pg. B49. JANEIRO A MARCO — 1975 103 & preciso tomar consciéncia que as relagées Estado-Igreja hoje per- deram suas caracteristicas juridico-publicas para adquirirem caracteris- ticas vitais e sociolégicas. (*) Eis os fatos colhidos nos varios debates parlamentares. Marcio Mo- reira Alves, em sua relagao, menciona que nos varios Estados do Brasil foram presos 52 sacerdotes. (*) Mata Machado lembra os seguinies acontecimentas: O fechamento, em Séo Luis do Maranhao, de uma estacéo de radio sob a responsabi dade da Curia Metropolitana; ataques ao bispo de Crates, D. AntOnlo Fragoso; acusa¢ées as autoridades eclesidsticas do Nordeste como sub- versivas e agitadoras; 0 vasculhamento policia!-militar da sede episcopal de Volta Redonda; escaramucas a certas manifestagées da juventude e da massa operdria que tinha apoio ostensivo de organizagées ¢ lideres religiosos, em Salvador, Belo Horizonte, Guanabara, So Paulo e Porto Alegre. (*) A atitude de D. Helder Camara em seus pronunciamentos. (°) Como interpretar esses fatos e outros & luz da liberdade religiosa sancionada na Gonstituigdo? 1) A renovagao da Igreja No plano vital da Igreja, 6 preciso distinguir entre os seus principios e@ sua agdo social ¢ politica. Como sociedade humana, tendo também uma mensagem de ordem social ¢ politica, a Igreja ha de condiclonar-se a um momento histérico 9, portanto, as novas condigoes historicas que surgem. “Diante da extrema capacidade de adaptag¢do as novas condigées histéricas — exclama Osmar de Aquino —, a Igreja passa neste momen- to a constituir, cobretude aqui no Brasil uma das forgas mais refcvantes do progresso e do desenvolvimento social, econémico e politico.” 0) E 0 tema da atualizagao do processo religioso em relagdo as reali- dades sociais. Em verdade, esse aprimoramento por que passam as concepgées religiosas ¢ um dos fatos sociais mais importantes deste século, “Todas as ansias de renovagao das estruturas injustas da socie- dade hodierna — afirma Doin Vieira —, todas as revolugdes socials sonhadas pefos grandes lideres populares encontravam dentro da cha- mada civilizag&o ocidental um obstaéculo gigantesco no alheamento em que as concepgées religiosas colocavam 0 prdprio povo em relagao aos problemas deste mundo. Com essa magnifica atualizagdéo, abrem-se agora espléndidos horizontes de possibilidades: sio as renovagdes so- ciais com que tanto sonhamos por um mundo mais justo, mais humano e, por issa mesmo, mais préximo de Deus.” (1) (0) CIFUENTES, 0.c., vol. 31, pga. 945/048 (1) Anais aa Camara dos Deputades, o.c., vol. 31, pgs. 946/848, (8) Anals da Clmare dow Deputades, o.c., vol. 2, pags, 805/808. (8) Anais da Camere doa Deputedes, .c., vol, 8, pag. 292: vol, 25, péy. 61. (10) Anais da Camara dos Deputade, 0.2, vol, 5, pég. 303. (11) Anata. de CAmmara dow Depuladoe, 0.0. vol. 5, PAG. 301. 104 REVISTA DE INFORMAGAQ LEGISLATIVA © processo de conscientizagaéo da lgreja Catélica encontra-sa ilustrado no livro “Brasil, uma Igreja em Renovagéo”, da autoria do Ps, Raimundo de Barros. (1%) A opgao da Igreja Catélica pelas reformas de base e a promocgao do homem brasileiro, sobretudo do trabalhador, data desde o Congresso Eucaristico realizado em Manaus, em 1942. Ali j4 entéo fora exposta e debatida a questéo da reforma agraria. Em 1952 a [greja, preocupada “com a valorizagéo econém co-social” da regiao da Amazénia, avoca a si tarefas no tocante a ‘“'saneamento e saiide, educacaa, imigragao e@ colonizagao". Nesse ano foi criada a Conteréncia Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Instalada no Rio de Janeiro de 14 a 17 de outubro. Quatro anos depois, de 21 a 26 de maio de 1956, deu-se o primeiro gran- de encontro do Nordeste em Camp'na Grande (Paraiba), em seguida, em 1857, em Belém do Para, em 1958 em Natal, no Rio Grande do Norte. O tema ¢ invariavelmente 0 mesmo: conhecer a realidade, ou seja, “ver, julgar © agit Ao fundar 0 CODENO, organismo incumbido de preparar a SUDENE, Kubitschek afirma: “Esta iniciativa do Governo Federal é devida & inspi- ragaéo caridosa da Igreja e ao desejo enérg co de salvar da miséria tantos patricios nossos manifestado pelos pastores espirituais do Nordeste, des- de o primeiro encontro de Campina Grande.” (*) Nesta trajetorla a CNBB acompanha as enciclices. (4) Na Assembiéia-Geral da CNBB, entre 27 e 29 de maio de 1964, ha uma declaragéo dos Bispos Brasileiros sobre a Revolucao de 1964. Assim a resume o Pe. Caramuru: “A declaragao promulgada nessa oportunidade reaf rma a posicao da greja face ao Estado, como atitude de colaboragdo em tudo o que diz respeito ao bem comum, na mesma linha de dignidade, elevagéo e desprendimento que tem marcado cons- tantemente a histéria do Episcopado no Brasil.” ('5) Sobretudo a enciclica “Populorum Progress'o” recebe, no decumen- to episcopal de 30 de novembro de 1967, uma resposta brasileira. “Re- pud amos — alirma o documento — a tese marxista de que a Religido realiza uma expoliagdo do homem, consolando-o com uma felicidade fu- tura, compensadora da inevitavel frustragao terrena. Aflrmar que a missfo religiosa dos Bispos no deve ultrapassar os limites da chamada vida espiritual € praticamente aceitar a concepgdo marx sta de religido. Pro- clamar a defesa da clvilizagdo cristé e ao mesmo tempo coarctar a mis- sdo docente da !greja na defesa dos valores humanos, significa defender um paganismo disfarcado. Surpreende-nos a magica transformagéo de rn Chara doe Oapuiadas, 0.2. vei 2, pho. 807 (13) Anate da Chmara doe Deputador, o.c., vol, 2. pag, 008, {16} Jo#o XXII! oublica “Mater ot Mapiatr”. A Comiusdo Central da CNBB outubro de 19610 gacumenio que A830. iimita a analiear o prot Perapactivas concretes aa cesenvalvimente. Em aril 3 1963, Jo80 XXII & ACCNED, «80 de malo de 1953, a¥anhe 0 seguinte toma’ paz fundace “Chmare ‘doe Bepuiadon, ore vol 2, pag” M2 (15) Pe. RAIMUNDO DE BARRCS uma fgreja em Renovagio", pégs. 16/17, crf. Anale da Chmara dow Deputedes, vol. 2. pos. 812. JANEIRO A MARCO — 1975 105 ianismo desen- ferrenhos liberais e agnésticos em defensores de um cri carnado, bem distante das paginas do Evangelho.” (#*) Na analise da realidade brasileira, 0 documento dos bispos sublinha duas espécies de subversdo: a dos que buscam aproveitar-se da anarquia para impor os seus interesses de grupo e o abuso do poder econémico ou politico am prove'to proprio. 2) A Revolugdo de 64 a Igroja As metas do Governo Revolucionario e as suas relagdes com a Igreja foram itustradas pela réplica que fez na Camara, em nome da Maio- ria, 0 Deputado Geraldo Freire. “A |greja — afirma o Deputado — acha-se em plena liberdade em nossa Patria e jamais esteve em condigées melhores.” Tem havido, infelizmente, um ou outro desentendimento em escalas que néo séo aquelas diretamente subordinadas ao Presidente da Repd- blica, nem relacionadas com o exerciclo da fé religiosa. O fate é que, nas nossas leis, no procedimento das autoridades go- vernamentais ou na condugao da coisa piiblica do Pals, nunca se res- peitou a liberdade de consciéncia do povo brasile'ro mais do que ago- ra. (2) © que ha, infelizmente, é um desentendimento gerado entre algumas poucas autoridades militares, civis e eclesidst.cas pela apreciagao de alguns elementos de certos fatos que nada tém com a liberdade de culto ou com a pratica religiosa de quem quer que seja. Muitos que nao sao padres € as vezes nem catdlicos tém-se valido da capa de pregac&o de Cristo, das monumentais enciclicas dos Papas para pregar idé.as sub- versivas tao condenadas pela lgreja como pelo Governo do Brasil. Falando sobre os varios incidentes havidos entre a Igraja e o Gover- no, 0 mesmo Deputado lembra uma expressao de D. Avelar Brandao Vile- fa: “Admitimos que o sacerdote, como todo ser humano, pode emitir opinido sobre os problemas de interesse social que afligem a sociedade contemporanea. A responsabilidade moral e intelectual do padre exige que ele medite nas palavras que profere e pondere as possiveis conse- qliéncias de seus atos em matéria tao delicada e flexivel. Sendo assim, Por ndo se tratar de assuntos definides no que tange a fé, 0 padre pode equivocar-se como qualquer outra pessoa quando aborda problemas de politica.” (38) Sobre a distingao entre sacerdote e politico, insiste o Deputado Clovis Stenzel: “Assim como existem sacerdotes e leigos que fazem poli- tica na Camara dos Deputados, ha também sacerdotes e leigos que opi- G1” Anais da Chmaca dos Depuindos, ox, vol, 2, pho. 817 107) Anaia da Cimara dea Deputsdor, 0.2. vol, 20, pag. 877. (18) Widom, pea, 106 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA nam sobre politica. Hd sacerdotes que votam e leigos que votam. Hé sacerdotes que séo partiddrios e leigos que so partiddrios. € preciso, pols, saber — afirma Stenzel — quando, por exemplo, D. Helder CAmara fala como Bispo @ quando fala como politico. Mas porque — insiste o reterido Deputado — toda vez que um padre ou um bispo toma uma posi- go politica nao pode ser politicamente contestado? (*) Daniel Faraco assim focaliza o problema da atitude do Estado brasi- leiro em face da Igreja ¢ da posigao politica @ econémica do Governo em face da doutrina social da mesma. Ele reciama uma distingaéo. preciso colocar, de um lado, os incidentes que todus lamentamos @ dese jamos ver resolvidos e eliminados e, de outro lado, a questao de estar ou nao a politica econdmica desenvolvida pelo Governo da acordo com a doutrina da Igreja, tal como exposta nos documentos do magistério eclesidstico. Quanto aos incidentes, ndo hé como nega-los ou sequer subestima-los, Mas, 0 simples fato de se registrarem incidentes néo basta para conctuir de que parte esté a responsabilldade por eles. Eles tem envolvido, de um lado, pessoas da Igreja, nao a Igreja como tal, €, de outro, autoridades de varios niveis, nao o Governo como tal. Da parte da Igreja e da parte do Governo, o que se nota e o que 4 Iicito esperar, 6 uma agao conjunta e harménica para esclarecer os incidentes, para reprimir as excessos @ para criar ambientes ¢ mecanismos que os previnam. Falou-se em questdo religiosa. Questia religiosa 86 poderla surgir se houvesse uma oposi¢0, uma contradi¢ao, entra os objetivos do Governo @ os principios da Igreja. Essa oposicéo no existe, (°) “A Igreja — comenta Geraldo Freire — sempre lutou contra a per- seguigao, Esta 6 uma 6poca que procura a divisdo da Igreja, atirando catdlicos contra catdlicos, pessoas contra pessoas 6, aqui no Brasil, Go- verno contra Cero.” (24) Vamos tirar de uma vez por todas a tgreja deste debate, porque catdlicos existem de la e de c&. O MB nunca foi inimigo da igreja; a ARENA muito menos. Entdo, se ha catolicos na oposigao, ha catdlicos ao lado do Govemo, porque vamos dividir-nos? A Igreja no Brasil tem pelo menos 12.000 padres. Os nomes dos padres ou bispos que se apontam como que patrocinantes do ponto de vista da Oposigao nao chegam a uma centena. Os membros do clera que ontem apoiavam o Governo de Jodo Goulart continuam ainda hoje apoiando esse Governo; a maioria esmagadora do clero que fol respon- sdvei pela pregagao contra o governo subversivo de Jodo Goulart con- tinua ainda hoje na mesma posigdo, isto 6, contra o comunismo, contra a subversao da ordem, a favor da verdadeira liberdade e dignidade da pessoa humana (“). Sao estes, pois, os fatos assinalados e interpratados pelos Anais da Camara dos Deputados. (19) Anals da Ctmara dex Deputatos, o.c., vol. 50, pg. 285. 1.176, JANEIRO A MARCO — 1975 107 CAPITULO TERCEIRO CONSEQUENGIAS FILOSOFICAS 1) A evolugao das relagdes Estado-igreja O Concilio Vaticano Il colocou-se no centro de uma corrente de opinido que tende a desenvoiver progressivamente as exigéncias dos direitos humanos e a particips¢a0 cada vez mais ativa do cidadao na vida publica da nagdo. A declaragao Dignitatls Humanae ¢ um reconhecimento da autono- mia dos valores religiosos que reclemara em alguns casos um retrocesso da lei civil no sentido de outorgar absoluta liberdade a todas as comuni- dades religiosas, evitando qua'cuer tipo de tutela sobre determinado cre- do, @ ao mesmo tempo qualquer indicio de discriminagdo fundamentada em motivos religiosos. Esta atitude, alias, esta em completo acordo com a tendéncia cada dia mais marcante @ supressdo de toda manifestacdo de paternalismo estatal e & promogdo de um sentido de liberdade e res- ponsabilidade dos cidadaos que leva & posse de plena maioridade poli- tica. (1) Podemos dizer que termirou n3o somente a época da intolerancia, mas, também, a da prépria tolerAncia religiosa, porque a tiberdade de adeso a um determinado credo em concordancia com os ditames da propria consciéneia 6 um direito natural da pessoa humana. E um direlto fhumano nao se tolera, mas se defende e se cultiva. (*) Em face das relagoes Igreja-Estado, ¢ Concllio supés uma verdadeira transmutagdo de valores. Os documentos do Vaticano II nao falam tanto das ralagdes entre uma sociedade juridica perfeita (Igreja) com outra sociedade igualmente soberana (Estado) quanto das relagdes entre o Povo de Deus e a Sociedade Civil ou Comunidade Politica. Nao se refe- rem ao contato entre os titulares do poder civil e eclesiéstico mas a in- teragao menos forma! e mais viva entre fiéis e cid~1aos, entre o aspecto religioso e politico que se integram no mesmo individuo, familia, corpo- rag4o, assembléia, partido politico etc. © Concilio mudou a focalizagao do problema, Nao colocou frente a frente duas soberanias, nem dois interlocutores, dois representantes ofi- ciais de duas sociedades, como faziam habitualmente os autores classicos do Direito Publico Eclesiasico. Mas, pelo contrario, quis vislumbrar duas comunidades que se entrelagam em um didlogo piuridimensional realiza- do em camadas diversas e a diferente nivel. © problema agora néo se reduz simplesmente a assinalar limites de competéncia entre duas socledades Juridicamente perteltas, como outro- ta Se procurava insistentemente; nem em buscar um reconhecimento civil especial 2 Religido Catslica, nem em harmonizar as relagdes através de concordatas ou acordos diplomatices. (yA FUENMAYOR, “Le Libarded roiglosa y #1 Pueblo de Dios”. ‘pags. 073/686. (2) GIFUENTES, 0, pig. 160. ‘em Atlantica, novembro-aezembro, 1968, 108 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA Sem perder da relavancia estas convengées bilaterais de carater pu- blico-oficial, hoje tém tomado notéria importancia as relagdes Internas que se déo no préprio seio da sociedade: a influéncia dos catélicos nas estruturas sociais, econémicas e politicas; sua atuagéo na vida publica como cidadaos particulares e néo como representantes da Igreja ou de uma Associagao de cardter eclesiastico, o influxc do pensamento cristéo na Constituigao da familia, da empresa e de outras instituigde: penetra- ¢do do sentido cristao da vida nos meios de difusao da opinigo publica e do ensino exercido por professores civis e ndo apenas pelas escolas oficiais catélicas etc. (} As relagdes juridicas Igreja-Estado ndo se podem reduzir hoje a mol- des preestabelecidos: Cesaropapismo, Teocracia, Regalismo, Confesslo- nalismo, Laicismo etc. Estes sistemas de cunho eminentemente histérico perderam na atualidade seu antigo contetido. Sao figuras que correspon- dem melhor a modelos ideolégicos de outras épocas. Se bem que existam na atualidade manifestagdes cde Regalismo, Laicismo, Confessionelismo, por exemplo, estas j4 néo podem ser jutgadas com as categorlas mentals dos principios do sécuto. Hoje jd néo podemos dizer, como faziam os autores classicos, que 0 reconhecimento oficial da religiao catélica feito pelo Estado deve ser considerado como “tese” ideal e que a separacao juridica entre a lgreja 0 Estado deva encarar-se apenas como “hipdtese tolerada”. Finalmen- te, ndo se pode identificar um regime de separagdo com um regime lai- cista. De fato, 6 absolutamante permissivel, @ com fregiiéncia recomen- davel, a separagdo juridica entre a Igreja e o Estado, quando ao lado do principio da liberdade religiosa se mantém uma colaboragdo de fato. A harmonia de relagées pode ser realizada tanto a nivel sociolégico quanto a nivel juridico. E nessa dupla possibilidade cabem inumeros matizes em aten¢ao as mudancgas da dinamica social, das peculiaridades de cada Povo, das suas ralzes histéricas e geogréficas, do seu regime politico, dos seus cosiumes e estilos de vida e, especialmente, do peso social que © catolicismo venha a ter em cada demarcagao politica. (*) 0 que aconteceu na histéria do Brasil. Durante o Império, as rela- ¢ées Estado-Igreja estavam baseadas no confessionalismo do Estado Brasileiro, que daclarava a Igreja Catdlica Apostélica Romana raligiéo oficial do Pals. Houve manifestagdes ferrenhas de Regalismo, especial- mente através dos institutes juridicos do padroado, do beneplacito réglo @ do recurso A coroa. Com a proclamagao da republica, foi declarada a separagao absoluta da Igreja do Estado, uma separagdo de tipo laicista. O episcopado brasileiro reagiu contra essa separacdo absoluta pe- dindo uma independéncia que nao toses separagao. Com cfoito, o oplsco- (3) ABEL PORTILLO, “Ellice an Is Ipfala y on i mundo", tino, n° 47, novembroderambr, 1986 Pig. 7 (4) 4M. SETIEN, “Folaclen cielécticn entra Ia iglesia y al Estado", am Ioltsia @ Derecho, Salamance, ‘1958, pag. 271. JANEIRO A MARGO — 1975 109 pado exigia uma consideragao especial, pelo menos ao catolicismo, como religido da maioria do povo brasileiro. Em seguida, a 2% Constituigéo Republicana, de 1934, unlu ao prin cipio da separagéo o da colaboragao no interesse comum. Esse bem co- mum foi explicitando-se cada vez mais nas Constituigdes de 1946 e de 1967. Nota-se, porém, uma evolugdo nas relagdes entre Estado e Igreja: de um plano puramente juridico de relagdes entre duas Sociedades inde- pendentes, oxistem hoje cm ate, em transformagae, relagées do tipo 30- cioldgico: @ a inser¢ao da Igreja nao como sociedade juridica, mas como povo de Deus, povo cristao no processo de desenvolvimento do Pais. Os fatos assinalados no capitulo anterior sao a prova desta evolugao nas relagdes Estado-Igreja. Contudo, esie processo esta ainda em fase de implantagao e de ro- dagem. Hoje. no Brasil, a dlalética Igreja-Estado no se equaciona apenas em termos de limites de competéncia, nem se reduz a lograr um equilibrio de forgas nas matérias “mistas”, nem em estabelecer as regras de uma relagao harmonica entre os titulares dos poderes politico e aclesidstico. A lgreja no Brasil, antes que sociedade juridica perfeita, quer apresentar- se como “povo de Deus”, coma fermento na massa da sociedade civil. E 0 ponto de insergao entre o povo de Deus e o povo cidadao en- contra-se precisamente no leigo: “cidad&o e fiel ao mesmo tempo”. (5) Como leigo, 0 cristéo deve considerar encargo préprio a restauragéo da ordem temporal e agir nela de modo direto e concreto, guiado pela luz do evangelho e pelo pensamento da Igreja, impelido pela caridade cristaé; como cidadéo deve cooperar com os outros cidadaos com sua competéncia especial e sua responsabilidade especifica. (*) A respeito das questdes politicas e sociais, a Igreja hierérquica tem como missao precipua dar orientagées morais genéricas, nao politicas; os leigos, ao invés, tém como fungao concreta nesse campo informar com sentido cristdo as tarelas especificas de cardter técnico-polltico. (7) © debate parlamentar sobre a questdo religiosa de hoje no Brasil refiote essa nova relagdo que intercorre entre Igreja e Estado. Tratase de um processo de renovagSo da Igreja em ato no plano nacional (%) e Internacional, acompanhado pela renovagao que se efetua dentro da pré- pria concepgao do Estado Modero que se tomnou Estado de Direito, fun- dato sobre a dignidade da pessoa Humana, Estado Democrdtico @ So- cial. 12) Bowls vobrw w Apastolado aoe Lerges, A 5. C8) Polgem, 9.2 7, (C2) Anata da Chmara dow Deputados, 0.6, vol, 30, page. 1.128/1.728, on fol, 5, pig. 295/807, co direlto, cemocrético social, Clr. PAVAN, Libarta Religions @ Publiel Polsri", oc no REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA 2) A evoluc#o do conteido dos Direitos Fundamentais do Homem A evolugao das relagées Estado-igreja toi uma conseqiiéncia da pré- pria evolugao dos Direites Fundamentals do Homem no seu conteddo. i — O fundamento dos Dir ites do Homem Caracteristica peculiar da época moderna 6 a maior consciéncia que 98 seres humanos, homens 6 mulheres, tém da prdpria dignidade de pessoa. Varias doutrinas, durante os séculos XVIti e XIX, contribuiram a de- senvolver esta consciéncia, juntamente com os progressos técnico-clen- tificos que se realizaram nos séculos passado e presente, Hoje os seres humanos se sentem e se proclamam senhores do uni- verso, com sua inteligéncia descobrem as isis imanentes ao universo; com sua capacidade criam instrumentos mais capazes de satistazer suas exigéncias e necessidades. Os sistemas econémicos se tornaram cada vez mais produtivos de bens e de servigos. Tornou-se assim possivet uma promogéo econémica, social, politica ¢ cultural das classes traba- thadoras. A mulher, presa por asta transformagao, saiu do lar e entrou na vida publica, aspirando a se colocar em plano de igualdade com o homem. Desapareceram ou estdo desaparecendo os regimes coloniatistas, assim como estéo desaparecendo dos seres humanos os complexos de supe- tioridade e inferioridade: ninguém se resigna a ser considerado interior aos outros por motivo de cor ou de raga. Todos pretendem dispor de si mesmos, de ser respons4veis e protagonistas do préprio destino e do préprio agir. Nesta maior consciéncia da prépria dignidade de pessoa funda-se a reivindicag2o dos direitos tundamentais do homem. Tais diraitos so pro- gressivamente especificados num processo sofrido através de duas fases. Na primeira fase, que se inicia na metade do século XVIII até aos meados do século XIX, os direitos fundamentais do homem s&o concebi- dos como zonas reservadas do individuo, como espago de ago e de tiber- dade em que cada qual se move em plena autonomia, sob sua respon- sabllidade para obter finalidade, fins que ele ache idOneos para sua aflr- ma¢do, seu desenvolvimento e enriquecimento, exciuindo qualquer inge- réncia de terceiros, especialmente qualquer influéncia dos Poderes Pu- blicos. Nesta conceituag%o dos direitos fundamentais do homam se inspiram as primeiras Declaragées de Direitos de varios Estados da América do Norte (Virginia, Pensilvania, Maryland, North Caroline), elaboradas na segunda metade do século XVil|, 0 Bill of Rights da Constitui¢ao Federal dos Estados Unidos, a Deciaragao Francesa dos Direitos do Homem @ do Cidadao. (9) A prépria Declaragéo Brasileira de 1891 se inspira nestes. (0) Cle, GIORGIO DEL VECCHIO, “Contributo lla Storia dal Penslere Giuridleo Filosatiea", Milano, 1983 JANEIRO A MARGO — 1975 WwW conceitos. Nessa declaracéo afirma-se o principio da igualdade entre os seres humanos, definem-se como direitos naturais ou inerentes A pessoa © direto da liberdade na procura da verdade, nas criagées artisticas, na manifestagao de pensamanto pela imprensa ou outro melo de comunica- 40; 0 direito de propriedade sobre os bens econémicos ¢ a livre inicia- tiva; 0 ito a liberdade de culto, o direito de tomar parte na vida poli- tica; 0 direito a tuteta juridica dos proprios direitos com a separagao e a diviséo dos Poderas. (**) Contudo. durante o século XIX, devido a transformagao dos sistemas Produtivos econdmicos pelo progresso técnico-cientitico, o famoso prin- clpio da igualdade de natureza e dignidade entre os seres humanos en- trava em Crise face ao contraste cada vez mais acentuado entre as con- digdes reais das massas proletérias e 0 pequeno grupo dos detentores das riquezas dos varios paises. A proclamagao dos direitos naturais do homem soava escdémeo e ofensa a muitas pessoas obrigadas a viver uma vida que tornava impos- sivel o exercicio dastes direitos. Foi nesta situagao histérica que teve inicio a segunda fase da con- ceituagéo dos diretos do homem: além de precisar methor os direitos explicita ou implicitamente jA afirmados, acrescentavam-se outros direi- tos de contetide econémico-social: 0 direito a um ieor de vida mais digno com relacgado a alimentagao, a roupa, a casa, aos cuidados do médica 6 aos servigos socials necessérios; 0 direito & seguranga nos casos de de- semprego, doenca, invalidade, viuvez, velhice; 0 direito da mulher gas- tante a assisténcia e cuidados especiais; o direito a instrugdo, ao manos com relagao a instrugdo fundamental; o direito ao trabalho, a condigées humanas de trabalho; o direito a uma justa retribuigéo do trabalho; o dirgito ao descanso 6 as divers6es; 0 direlto de participar dos bens da cultura. Esses direitos, chamados também direitos fundamentais, foram inse- rides em todas as Constituiges Modernas e na Declaragiio Universal dos Direitos do Homem, aprovada na Assembléia-Geral das Nagoes Unidas, em 10 de dezembro de 1948. No Brasil, a Constituigdo de 1934 incluiu o Titulo IV, da Ordem Eco- némica e Social, e seu art. 121 & dedicade a protecdo social dos traba- ihadores, ao hordrio de trabalho, saldrio, repouso remunerado, férias, as- sisténcia médica e sanitarla etc. Assim, em 1937, os artigos 135/155 for- mam 9 capitulo dedicado & Ordem Econémica. O Titulo V da Constituigda de 48, nos artigos 145/162 © o Titulo II} da Constitulgao de 1967, nos artigos 160/174, dedicados & Order Econémica Social, sfo mais expll- citos e mais ricos ainda. (5) Gir, “Daclaragdes de Cicaitox”, af, 72 de Constiwicda de 1801. n2 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA | — As duas categorias dos Direitos do Homem Os Direitos de Homem, por sua natureza juridica, tem relagdes que ecorrem somente entre pessoas, fisicas ou morais. Nestes direitos tam- bém distingue-se o sujeito ativo, ou seja, o titular do direito e o sujelto passivo, ou seja, a pessoa que deve cumprir o dever relacionado com o direito. Ora, 0s Direitos do Homem distinquem-se pelo seu conteide em duas categorias, embora n&o seja possivel fixar-Ihes exatamente os limites. H4 uma categoria de direitos cujo contatido consiste na imunidade de coago. Esta imunidade confere a pessoa a seguranga de poder agir cumprir livremente uma série de atos e agées que tém como finalidade 9 desenvolvimento e 0 aperfeigoamento da prépria personalidade. Esses diretos sao considerados perfeitos, ou direitos stricto sensu, porque neles 6 facil determinar 0 sujeito passivo. Além disso, os deveres qua correspondem a estes direitos consistem numa abstengdo, ou seja, no dever que os sujeitos passivos tém de néo impedir que os sujeitos ativos possam exercer tais direitos, O dirsito de liberdade de movimento, por exemplo, tem como dever nos sujeitos passivos de nao impedir o direito de movimento do sujeito ative. Os poderes publicos, por sua vez, além de reconhecer ¢ respeitar tais direitos, tm o dever de harmonizar o exercicio dos direitos de um com o exercicio dos outros para a convivéncia pacifica @ frutuosa da s0- ciedade. E 0 que acontece com o direito & liberdade religiosa nos palses pluricontessionais. H4, porém, uma segunda categoria de direitos do homem, cujo con- tetdo consiste numa facultas exigendi: reconhecem ao titular a faculdade de exigir do sujeito passivo a prestagao de um bem. Sdo direitos que tém conteddo positive. A pessoa, por exemplo, tam direito a instrugaéo, ao trabalho: 0 sujelto passivo deve procurar, pols, que @ pessoa possa rece- ber os meios necessdrios para a instrugdo ou um determinada emprego. Todavia, alguns autores chamam a esta segunda categoria de direl- tos imperfeitos ou direitos lato sensu por dois motivos. Na verdade, nado 6 facil distinguir, nesses direitos, o sujeito passive. Quando se distingue © sujeito passivo, que 6 sompre o poder publico, nao se consague encon- trar a ago juridica para obrigar o sujeito passivo a executar a prestag&o exigida. Esta segunda categoria de direitos inseridos nas Declaragées de Di- rgitos das Constituigées levaram os Poderes Publicos a uma agao eficaz a favor dos cidadaos menos favorecidos e mais necessitados. Por isso, 0 Estado sofreu uma evolugdo na sua estrutura, passando de um Estado de Direito fundado para garantir os direitos da 18 catego- ria para um Estado Democratico Social, preocupado em defender também os direitos da segunda categoria, ou seja, os Direites do Homem de con- tetido econémico-sociat. (**) (12) PAVAN, “Libera Roligiota © Public! Poteri”, 0.6 pég. 178. JANEIRO A MARGO — 1975 3 Ha um motivo, um nexo causal nessa transformagao do Estado, Considerando a realidade criada nas nagdes politicamente desenvol- vidas, os direltos fundamentals pertencentes 4 primeira categoria terlam sido reduzidos a afirmagdes solenes, sem conteddo, se a maior parte dos seus membros nao tivessem melhorado suas condigées de vida. Foi por esse motivo que vieram tomar consisténcia e importancia na segunda tase os direitos de conteido econémico e social pertencentes a segunda categoria. Na verdade, serla pertaltamente indtil para quem esta atormentado pela fome ou para quem é analfabeto proclamar o direito a liberdade na procura da verdade: antes tal direito soaria ofensa para quem, sentindo a consciéncia desse direito, percebesse a impossibilidade de exercé-lo. ios Fundamentais do Homem no Srasil © que acima ficou dito serviu de fundo ¢ moldura a situagdo atual do Brasil. Os direitos fundamentais do Homem, sancionados na 12 Cons- tituiggo Republicana, pertenciam aos direitos da primeira categoria: den- tre eles havia o direito & liberdade religiosa. Ora, 0 Estado brasileiro 6 o Estado de Dirsito enquanto fixa sua agao e suas diretrizes numa Constituigao e procura defender @ garantir 9 exer- cicio dos direitos tundamentais do homem de contetdo ético-moral. Uma evolugéo lenta @ profunda se processa nas Constituigdes de 34 e 46, quando, ao lado de uma tendéncia cada vez mais liberal, ou seja, menos laicista, no campo da colaboragao e simpatia com a Igreja, aparecem e 840 Inseridos os direitos de natureza econdémico-social. Hoje, na vigente Constituigao, operou-se a segunda grande revolugdo. O Estado néo sé inseriu em sua Constituigao o8 direitos fundamentais da segunda catago- tia, mas tomou a peito a realizagao deles através das grandes metas revo- fucionérias do Governo, na arrancada pelo progresso, na luta pelo desen- velvimento, na integragado da Amaz6nia, na campanha do MOBRAL, na teforma do ensino e da satide. A Igreja brasileira, sensivel as mudangas do Pais, fiet as linhas mes- tras do Concilio Vaticano I, soube inserir-se no processo de transforma- gao do Pais, As relagdes Estado-Igreja de tipo confessional, regalista durante o Império, passaram, na 1% Repiblica, de 91, a se regerem em plano exclusivamente juridico, politico, de separagao primeiro e de sepa- rac¢&o com colaboracao reciproca nas outras Constituigées Republicanas. Hoje, Igreja e Estado estdo vivendo novas relagdes de tipo social, relegando para um segundo plano as de natureza juridico-politica. Nao sao duas sociedades, mas 0 povo de Deus que procura seu desenvolvimento em todos os setores da vida humana relacionados com os direitos fundamentais do homem, completando assim a obra da criagéo de Deus, enquanto esté a caminho do Pai. na REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA CONCLUSOES Analisamos o desenvolvimento do direito da liberdade religiosa nas Constituigées brasileiras & luz das Ultimas conquistas no campo dessa doutrina que culminaram com a Declaragdo Conciliar Dignitatis Humanae do Vaticano Hi. Neste itinerario percorrido desde os albores da Independéncia até a atual Constituicao, verificamos 0 progresso @ as etapas desse direito através de evolugdes e involugdes préprias do progresso humano. Noss método de trabathe abrangia trés momentos: 19) anélise filo- sdfico-jurfdica de cada Constituigao; 2%) ilustragdo histérica das prince pais controvérsias sobre a liberdade religiosa que apareceram na andalise de cada Constituigéo; e 3%) uma reflexao filoséfica que colhesse 0 pro- grasso, a evalucdo ou invelugdo desse direito comparando as Constitui- gdes entre si com a doutrina recente relativa a liberdade religiosa. As fontes foram selecionadas. Na anitis filoséfico-juridica das Cons- tituigdes, servimo-nos dos Anais das Constituigées, dos debates parlamen- tares e dos melhores comentadores. Na ilustragao histérica das principais controvérsias escolhemos as melhores monogratias. Na reflexdo fitosdfica servimo-nos dos tratados de filosofia do diraito ratacionados com a liberdade religiosa. Foi-nos possivel colher diretamente o esplrito regalista do Império, sua doutrina filoséfico-juridica vazada abundantemente nos testemunhos histéricos das suas grandes controvérsias raligiosas: o cisma de Feijé (1827-1838) e a Questéio Religiosa (1872-1875). A antinomia entra o artigo 5° da Constiluicéo, que proclamava a Catélica Religido do Estado, e o art. 102, que reivindicava para si o direito de padroado, do beneplacito e do recurso & coroa, causa de conflitos durante o Império, foi objeto da nossa reflexdo filosofica, Em particular, denunciamos © equivoco de interpretar como Religie Catdlica a situagéo da Igreja lusa aos tempos da monarquia portuguesa; a questao da origem do padroado no Brasil, se ele fossa direito concedido pela Santa Sé pela Bula Praeclara Portugalliae ou um direito outorgado pela Constituicdo aos imperadores do Brasil. Analisamos outras restri¢Ses 4 liberdade religiosa pelas leis de "mao morta”. Demonstramos os inconvenientes de uma religido oficial para a pré- pria Igreja e para o Estado com a invasfio do poder civil na esfera acie- sidstica, originando conflitos de jurisdigao, abusos de poder e a violagéo do direito da liberdade religiosa em relagao as outras confissdes existan- tes no Brasil. Sobretudo, sublinhamos a incompsténcia do poder civil na legislago am matéria raligiosa, na organizagao religiosa do individuo, da familia @ da sociedade. Na andlise das Constituigdes da Republica, 0 método fol JANEIRO A MARCO — 1975 5 © mesmo, diferentes as fontes. Na primeira Constituigéo republicana de- tivemo-nos a considerar, em primeira lugar, 0 decreto de separagao da Igreja do Estado, marco inicial de um novo caminho no direito da liber- dade roligiosa. O estudo da origem e do contetdo do decreto refez-se a seu autor, Rui Barbosa, e ao comentério que dele fez a Carta Pastoral Coletiva dos Bispos do Brasil. Tivemos, pois, a oportunidade de fazer compreender a atitude negativa do Episcopado perante o decrelo que foi a origem da liberdade religiosa no Brasil. Relacionamos o Decreto n? 119A com a doutrina dos sistemas retacdes Estado-lgreja para verificar as diferentes formas de Jaicismo ocorridas na histéria da filosofia, situando o lugar que competia ao decreto em questao. Anatisando a primeira Constituigao republicana, indagamos sobre a origem filosdfica da Declaracao Brasileira de Direitos do Homem consig- nada na Magna Carta de 91, relacionando-a com as Declaragées anterio- res, 2 Declaragdo Norte-Americana, de 1776, e a Francesa, de 1789, pre- cursoras do inserimento do direito da liberdade religiosa nas Constitui- gdes modernas. Tivemos, como fontes, Rui Barbosa, autor do projeto da Constituigao, @ os principais comentarios contemporaneos da mesma. A questdo da neutralidade religiosa do Estado Brasileiro foi subme- tida a uma profunda pesquisa filosdfica nos XXII volumes da Assembléia Nacional Constituinte de 1934, onde se discutiram a inclusao das emendas religiosas na segunda Constituigaéo republicana. Foi um salto qualitativo no desenvolvimento da liberdade religiosa no Brasil. Verificamos, na Carta de 37, uma involugae no direito da liberdade religiosa, fruto de uma situagao histérica anémala. Na Carta de 46 valtou a florescer em toda seu esplendor a liberdade religiosa, timidamente afirmada em 1934. Nesse interim, operaram-se no mundo grandes transformagdes. Des- cobriu-se que, sem a independéncia econdémica, 6 impossive! uma verda- deira independéncia para o individuo e para as nagées. Apontamos na Constituigzo atualmente em vigor no Brasil o reflexo dessa profunda transformagao relativa a liberdade religiosa, resolvendo 98 interrogativos levantados a esse respeito. Explicamos o porque da evolugdo dos direitos fundamentais do homem. Fizemos constatar que os. Gitados direitos do homem, entre os quais figura a liberdade religiosa, s40 condicionados pelo desenvolvimento dos direitos de conteddo econdmico. Evidenciamos, na Ultima fase do nosso trabalho, a mudanga radical das relagdes entre o Estado e a igreja no Brasil de um plano puramente juri- dice para um plano social. Descobrimos um novo vuito, um novo estilo correspondente @ evolu Gao dos direitos fundamentais da pessoa humana, do conceito do Estado de direito, democratico-socia!, de acordo com as ultimas enciclicas pon- liffcias @ a declaragao Dignitatis Humanae do Vaticano I. 6 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA Andéloga transformagéo verificou-se em todas as religides, sob o exemplo da Igreja Catélica. Finalizando, podamos afirmar que o prograsso filosdtico da liberdade religiosa no Brasil abrange trs momentos fundamentais que representam trés saltos qualitativos: A) Vorificou-se 0 primeira na proclamagao da Republica, com o de- creto da separac¢do da Igreja do Estado: de uma situagao de religiéo oficial de Estado de cunho regalista, 0 Brasil passou para uma separagso absoluta de um rigor to extremo que chegou a atingir as raias do laicis- mo ateu. B) Em 1934 deu-se o segundo salto qualitativo. Eliminadas as res- trigdes, foram langadas as bases de uma liberdade religiosa que se fol soliditicando num processo de amadurecimento que vai até a Revolugaio de 1964, O Pais readquiriu a paz religiosa, G) O direito da liberdade retigiosa recabeu uma nova feigdo em con- seqdéncia da avolugao dos direitos ftundamentais da pessoa humana. © desenvolvimento econdmico tornau-se prassuposto de toda Ilber- dade. “Enquanto o desenvolvimento material esta principalmente a cargo do Estado — afirmava Castello Branco —, a Igreja cabe, sem dévida, conquistar 6 aperfeigoar os espiritos, o que em nada impede, @ até acon- selha, que ajude a ag¢aéo governamental mediante obras sociais comple- mentares, inclusive no campo educacional”. {') Paulo Vi aos seminaristas brasileiros em Roma, falando da respon- sabilidade social no caminho das necessérias reformas para poupar “ao Pals o perigo @ a triste experiéncia do comunismo que conserva intactos @ inalterados os caracteres da subversdo @ da anti-religiosidade”, assim 88 expressou: “Um esforgo generoso, bem ordenado e decidido, com o quat cidaddos de todas as tendéncias desejardo, por amor ao Bem Publico, cooperar para satisfazer as graves e urgentes nacessi- dades e as justas aspiragées da maior parte do povo, nfo pode- der fattar, sem duvida, nesta momento orientador do vosso Pais.” () TH Bese do, Marsal cavalo Bpmngs no Tegro, Muniipal de Sho Paul, tn 8 de Junho de 1868, Gtr O Estaga de 8. 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VALLADAD, HAROLDO — “Perecores do Coraultor Geral da Repdblica”, Rio, 1950, 120 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA APENDICES Apindice n° 1 CONSTITUICAO POLITICA DO IMPERIO DO BRASIL DE 25 DE MARCO DE 1824 Dom Pedro Primeiro, por gragas de Deus @ unanime aclamagao dos povos, Imperador Constituclonal e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos saber a todos os nossos siiditos que, tendo-nos requerido 08 povos deste Império, juntos em cAmaras, que nés quanto antes Jurasse- mos e fizéssemos jurar o projeto da Constituigdo, que haviamos oferacido as suas observagées para serem depois presentes a nova Assembléia Constituinte, mostrando o grande desejo que tinham de que ele se obser- vasse j4 como Constituigaéo do Império, por Ihes merecer a mais plena aprovacao, e dele esperarem a sua individual e geral felicidade polltica; nés juramos 0 sobredito projeto para o observarmos, e fazermos observar como Constituigao, que de ora em diante fica sendo, deste Império; a qual 6 do teor seguinte: EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE TITULO I Bo Império do Brasil, seu Territério, Governo, Dinastia @ Religi&o . 59 — A religido catélica apostélica romana continuaré a ser a raligifo do Império. Todas as outras religides serao permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo. TITULO It Dos Cidadaos Brasileiros Art. 6? — Sao cidadaos brasileiros: 5) os estrangeiros naturalizados, qualquer que seja a sua religido. A lei determinar as qualidades precisas para se obler carta de naturali- zagao. TITULO IV Do Poder Legislative CAPITULO IV Da Proposig#o, Discusséo, Sango © Promulgacio das Leis Art. 63 — A férmula da promulgagéo da lei seré concebida nos se- guintes termos: “DOM (N), por gragas de Deus e unanime aclamagao dos povos, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, fazemos saber a todos os nossos siiditos, que a assembiéia geral decretou, e nos queremos a lei soguinte (a Integra da lei nas suas disposigées somente| JANEIRO A MARCO — 1975 121 CAPITULO VI Das Elei¢gées Art, 92 — Sao excluidos de votar nas assembléias paroquiais: 49 — Os menores de 25 anos nos quais se néo compreendem os casados e 0s oficlais militares, que forem maiores de 21 anos, os bacharéis formados @ clérigos de ordens sacras. 4° — Os religiosos, e quaisquer que vivam em comunidade claustral. Art. 93 — Os que nao podem votar nas assembléias primérias de paréquias nao podem ser membros, nem volar na nomeagdo de alguma autoridade eletiva nacional ou local. Ari. 95 — Todos os que podem ser eleitores sdo hdbeis para serem nomeados deputados. Excetuam-se: 3° — Os que no professarem a religido do Estado. TITULO V Do Imperador CAPITULO II Do Poder Executivo Art. 102 — O Imperador 6 0 chefe do poder executive e o exercita pelos seus ministros de Estado. Suas principals atribui¢des sao: 2° — Nomear bispos e prover os beneticios eclesiésticos. 14 — Conceder ou negar o beneplacito aos decretos dos concilios @ letras apostélicas @ quaisquer outras constituigdes eclesidsticas que nao se opuserem a Constituigao; e, precedendo aprovagao da assembiéia, se contiverem disposi¢do geral. Art. 103 — © Imperador, antes de ser aclamado, prestaraé nas maos do Presidente do Senado, reunidas as duas Camaras, o seguinte jura- mento: “Juro manter a religido catélica apostélica romana, a integridade, a Indivisibitidade do Império, observar e fazer observar a Constitulgao politica da nagao brasileira e mais leis do Impétio e prover ao bem geral do Brasil quanto em mim couber CAPITULO UI Da Familia Imperial 2 sua Dotagdo Art. 106 — © herdeiro presuntivo, em completando quatorze anos de ldade, prestara nas méos do presidente do Senado, reunidas as duas Camaras, o seguinte juramento: “Juro manter a retigido catélica apostélica 122 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA romana, observar a Constituigao politica de nagdo brasileira e ser obe- diente as leis e ao Imperador.” CAPITULO V Da Regéncia na Menoridade ou Impedimento do Imperador Art. 127 — Tanto 0 Regents como a Regéncia prestardo o juramento mencionado no art. 103, acrescentando a cldusula de fidelidade ao Impe- rador, @ de Ihe entregar 0 govern logo que ele chegue a maioridade ou cessar o seu Impedimento. CAPITULO Vi! Do Consatho de Estado Art. 141 — Os Conselheiros de Estado, antes de tomarem posse, prestardo juramento, nas maos do Imperador, de “Manter a religido caté- lica apostélica romana, observar a Constituigao e as leis; ser fiéis ao \mperador; aconselhé-lo, segundo suas consciéncias, atendendo somente ao hem da nagdo". TITULO VIII Das Disposicoes Ge Garantias dos Direltcs Civis @ Politicos dos Cidadaos Brasileiros Art. 179 — A inviolabilidade dos direitos civis e politicos dos cida- daos brasileiros, que tem por base a liberdade, a seguranga individual @ a propriedade, é garantida pela Constituicaéo do Império, pela maneira seguinte: 59 — Ninguém pode ser perseguido por motivo de religido, uma vex Que respeite a do Estado e nao ofenda a moral publica. Apéndice n? 2 CONSTITUIGAO OA REPUBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 24 DE FEVEREIRO DE 1891 Nés, os representantes do povo brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para organizar um regime livre € democrético, estabelece- mas, decretamos @ promulgamos a seguinte: TITULO | Da OrganizagZo Federal Disposicdes Preliminares Art. 11 -— £ vedado aos Estados, como a Unido: 2° — Estabelacer, subvencionar ou embaragar o exercicio dos cultos religiosos. JANEIRO A MARCO — 1975 123 TITULO IV Dos Cidadaos Brasileiros SEGAO | Das Qualidades do Cidadio Brasileiro Art. 70 — S&o eleitores os cidaddos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei. § 19 — Nao podem alistar-se eleitores para as eleigées federais ou para as dos Estados: 42 — Os religiosos de ordens mondsticas companhias, congregagdes. ou comunidades de qualquer denominacdo, sujeitas a voto de obediéncia, fegra ou estatuto que importe a renuncia da liberdade individual. SECAO II Declaracao de Direltos Ant. 72 — A Gonstituigéo assegura a brasileiros e a estrangeiros residentes no Pals a inviolabilidade dos direitos concementes a liberdade, & seguranga individual c & propriadede nos termos seguintes: § 3° — Todos os individuos e confissées retigiosas podem exercer publica e livremente o seu culto, associando-se para esse fim @ adquirindo bens, observadas as disposigdes do direito comum. § 42 — A Repdblica $6 reconhece o casamento civil, cula cele- bracdo sera gratuita. § 5° — Os cemitérios teréo cardter secular ¢ serdo administrados pela autoridade municipal, ficando livre a todos os cultos religiosos a pratica dos respectivos ritos em telagdo aos seus crentes, desde que néo ofendam a moral publica e as leis. § 6° — Serd Seigo o ensino ministrado nos estabelecimentos pu- blicos. § 79 — Nenhum culto ou igreja gozaré de subvengao oficial, nem teré relagées de dependéncta ou allanga com o governo da Uniao ou dos Estados. § 28 — Por motivo de crenga ou de fungao religiosa, nenhum cida- dao brasileiro poderé ser privado de seus direitos civis e politicos, nem eximir-se do cumprimento de qualquer dever civico. § 29 — Os que alegarem motivo de crenga religiosa com o fim de se isentarem de qualquer énus que as leis da Republica imponham aos cidaddos e os que aceitarem condecoragao ou titulos nabilidrquicos estrangeiros perderdo todos os direitos politicos. 124 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA Apéndice n? 3 CONSTITUICAO DA REPUBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 16 DE JULHO DE 1934 Nos, os representantes do Povo Brasileiro, pondo @ nossa conflanga em Deus, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para organizar um regime democratico, que assegure a Nagao a unidade, a liberdade, a justiga © o bem-estar social e econdmico, decretamos e promulgamos a seguinte: CONSTITUICAO DA REPUBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL TITULO 1 Da Organizagiio Federal CAPITULO | Disposicées Preliminares Art. 17 — E vedado a Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipio: ll — estabelecer, subvencionar ou embaragar o exercicio de cultos religiosos; Ml — ter relac&o de alianga ou dependéncia com qualquer culto, ou igreja sem prejuizo da colaboragao reciproca em prol do interasse coletivo; CONSTITUIGAO DE 1891 COM EMENDAS DE 1926 ARTZ oe § 7? — Nenhum culto ou igreja gozar4 de subvengao oficial, nem teré relagées de dependéncia ou alianga com 0 governo da Unido ou dos Estados. A representacdo diplomética do Brasil junto A Santa Sé nao implica violagao deste principio. TITULO i Da Declaragao de Direitos CAPITULO | Dos Direitos Politicos Art. 11f — Perdem-se os direitos politicos: b) pela isengao de dnus ou servigo que a lei imponha aos brasileiros, quando obtida por motivo de convicgao religiosa, filosética ou polltica; JANEIRO A MARCO — 1975 125 CAPITULO II Dos Direitos e das Garantias Individuais Art. 113 — A Constituigéo assegura a brasileiros e a ostrangeiros residentes no Pais a inviolabilidade dos direitos concernentes a liberdade, & subsisténcia, & seguranca individual e propriedade, nos termos se guintes: 49 — Todos s4o iguais perante a lei, N&o haveré privilégios, nem distingdes por motivo de nascimento, sexo, raga, profissdes, proprias ou dos pais, classe social, riquezas, crengas religiosas ou idéias politicas. 4° — Por motivo de convicgées filoséficas, politicas ou religiosas, ninguém ser privado de qualquer dos seus direitos, salvo o caso do artigo 111, letra b. 5? — E invioldvel a liberdade de consciéncia e de crenga e garantide © livre exercicio dos cultos religiosos, desde que ndo contravenham a ordem publica e aos bons costumes. As assoclagaes religiosas adquirein personalidade juridica nos termos da lei civil. 6° — Sempre que solicitada, seré permitida a assisténcia religiosa nas expedicdes militares, nos hospitais, nas penitenciarias e em outros estabelecimentos oficiais, sem 6nus para os cofres publicos, nem cons- trangimento ou coagao dos assistidos. Nas expedicoes militares a assistén- cla religiosa s6 podera ser exercida por sacerdotes brasilelros natos. 7? — Os cemitérios terdo carater secular e serao administrados pela autoridade municipal, sendo fivre a todos os cultos religiogos a pratica dos respectivos ritos em relagdo aos seus crentes. As associagées reli- giosas poderéo manter cemitérios particulares, sujeitos porém A fiscali- zagao das autoridades competentes. E-Ihes proibida a recusa de sepultura onde nda houver samitérin particular. TITULO V Da Familia, da Educagao e da Cultura CAPITULO | Da Familia Art, 144 — A familia, constituida pelo casamento indissoldvel, esta sob a protegdo especial do Estado. Art. 146 — O casamento sera civil e gratuita a sua celebragdo. O casamento perante ministro de qualquer confissao retigiosa, cujo ito nado contrarle a ordem publica ou os bons costumes, produziré, todavia, os mesmos efeitos que o casamento civil, desde que, perante a autoridade civil, na habilitagéo dos nubentes, na verificag¢do dos impedimentos e No processo da oposigaa, sejam observadas as disposigées da lei civil e seja ele inscrito no Registro Civil. O registro sera gratuito @ obrigatério. A igi estabelecerd penalidades para a transgressdo dos preceitos legais atinentes & celebragao do casamento. 126 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA CAPITULO II Da Educa¢ao e da Cultura Art. 153 — © ensino religioso sera de freqiiéncia facultativa e minis- trado de acordo com os principios da contissao religiosa do aluno mani- festada pelos pais ou responséveis e constituira matéria dos horérios nas escolas publicas, primarias, secundérias, protissionais e normais. TITULO Vi Da Seguranca Nacional Art. 163 — 2 eee eee ete e eee § 3° — O servico militar dos aclesidsticos sera prestado sob forma de assisténcia espiritual e hospitalar as forgas armadas. TITULO Vilt Disposigées Gerais Art. 176 — & mantida a represantagao diplomdtica junto & Santa $6. Apandice n? 4 CONSTITUIGAO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937 Da Organizag#o Nacional An. 32 — & vedado a Unido, aos Estados e aos Municipios: b) cstabclecor, subvoncionar ou embaragar 0 exercicio de cultos religiosos; Da Nacionalidade @ da Cidadania Art. 119 — Perdem-se os direitos politicos: b) pela recusa, motivada por convicgao religiosa, filosética ou poll- tica, de encargo, servico ou obrigacdo imposta por lei aos brasileiros; Dos Direltos @ Garantias Individuais Art. 122 — A Constituigao assegura aos brasileiros @ estrangeiros residentes no Pals o direito a liberdade, & seguranga individual @ & pro- priedade, nos termos seguintes: 4 — Todos os individuos @ conflssoes religiosas podem exercer publica e livremente 0 seu culto, associando-se para esse fim e adquirinda bens, observadas as disposigdes do direito comum, as exigéncias da ordem publica e dos bons costumes; 59 — Os cemitérios teréo cardter secular @ serao administrados pela autoridade municipal. JANEIRO A MARCO — 1975 127 Da Familia Art. 124 — A familia, constituida pelo casamento indissolivel, esta sob a protegdo especial do Estado. As familias numerosas serao atribuidas. compensagaes na proporgao dos seus encargos. Da Educagao e da Cultura Art. 188 — O ensino retigioso poderd ser contemplada como matéria do curso ordindrio das escolas primarias, normais e secundarias. Nao poderd, porém, constituir objeto de obrigagao dos mestres ou professores, nem de freqiéncia compulséria por parte dos alunos. Apéndice n? 5 CONSTITUIGAO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 18 DE SETEMBRO DE 1946 Nés, os representantes do Povo Brasileiro, reunidos, sob a protegao de Deus, em Assembiéia Constituinte para organizer um regime democré- tico, decretamos e promulgamos a seguinte: CONSTITUIGAO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL TITULO 1 Da Organizagao Federal CAPITULO | Disposigses Preliminares Art. 31 — A Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios 6 vedado: il — estabelecer ou subvencionar cultos religiosos ou embaragar- thes o exercicio. IM] — ter relago de alianga ou dependéncia com qualquer culto ou igreja, sem prejuizo da colaboragao recfproca em prol do interesse cole- tivo. V — langar imposto sobre: b} templos de qualquer culto, bens e servigos de partidos politicos, instituigdes de educagado e de assisténcia social, desde que as suas rendas sejam aplicadas integralmente no Pais para os respectivos fins. TITULO IV Da Declaragaéo dos Direitos CAPITULO iI Dos Direitos © das Garantias Individuais Art. 141 — A Constituigdéo assegura aos brasileiros @ aos estrangei- ros residentes no Pais a Inviolabllidade dos direitos concernentes & vida, 4 liberdade, 4 seguranga individual e a propriedade nos termos seguintes: 128 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA § 7? — E invioldvel a liberdade de consciéncia 6 crenga e assegu- rado 0 livre exercicio dos cultos religiosos, salvo 0 dos qua contrariem a ordem publica ou os bons costumes. As associagSes religiosas adqui- ritéo personalidade juridica na forma da lei civil. § 8° — Por motivo de convicgdo religiosa, filoséfica ou politica, ninguém ser& privado de nenhum dos seus direitos, salvo se a Invocar para se eximir de obrigagdo, encargo ou servico imposto pela lei aos brasileiros em geral ou recusar os que ela estabelecer em substituigéo daqueles deveres, a fim de atender escusa de consciéncia. § 99 — Sem constrangimento dos favoracidos, seré prestada por brasileiros (art. 129, n.* | e il) a assisténcia religiosa as forgas armadas @, quando Ssolicitada pelos interessados ou seus representantes legais, também nos estabelacimentos de internagao coletiva, § 10 — Os cemitérios terfio caréter secular @ seréo administrados Pela autoridade municipal. & permitido a todas as confissées religiosas Praticar neles seus ritos. As associagées religiosas poderao, na forma da lei, manter cemitérios particulares. TITULO V Da Ordem Econémica @ Social Art. 157 — A legislagao do trabalho e da previdéncia social obede- cerdo aos sequintes preceltos, além de outros que visem & melhoria da condi¢ao dos trabathadores: VI — repouso semanal remunerado, preferentemente aos domingos €, no limite das exigéncias técnicas das empresas, nos feriados civis @ religiosos, de acordo com a tradigo local; TITULO VI Da Familia, da Educacio e da Cultura CAPITULO | Da Familia Art. 183 — A familia é constituida pelo casamento de vinculo indis- soltivel e teré direito A protagéo especial do Estado. § 19 — O casamento seré civil, e gratuita a sua celebragdo. O casa- mento religioso equivaler& ao civil se, observados os impedimentos @ as prescrigées da lei, assim o requerer o celebrante ov qualquer interessado, contanto que seja o ato inscrito no registro pubtico. JANEIRO A MARCO — 1975 129 § 2° — O casamento religioso, celebrado sem as formalidades deste artigo, tera efeitos civis se, a requerimente do casal, for inserito no registro publica, mediante prévia habilitagao perante a autoridade com- petente. CAPITULO II Da Educagao e da Cultura Art. 168 — A legislagao do ensino adotara os seguintes principios: V — Oensino religioso constitui disciptina dos norarios das escolas Oficiais, 6 de matricula facultativa e sera ministrado de acordo com a Confissdo religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsavel. TITULO VII Das Forgas Armadas Art, 181 — 11... § 29 — A obrigagdo militar dos eclesidsticos sera cumprida nos serviges das forcas armadas ou na sua assisténcia espiritual. TITULO IX Disposigées Gerais Art. 196 — E mantida a representagao diplomatica junto a Santa Sé. Apandica n? 6 CONSTITUIGAO DO BRASIL DE 24 DE JANEIRO DE 1967 O Congresso Nacional, invocando a protegdo de Deus, decreta e promulga a seguinte: CONSTITUIGAO DO BRASIL TITULO 1 Da Organizagao Nacional CAPITULO II Da Competéncia da Unido Art. 92 — A Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios € vedado: H — estabelecer cultos religiosos ou igrejas; subvenclond-los; emba- ragar-thes 0 exercicio; ou manter com eles ou seus representantes rela- 130 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA des de dependéncia ou alianga, ressalvada a colaboracdo de interesse publico, notadamente nos setores educacional, assistencial e hospitalar. TITULO I Da Declarag¢ado de Direitos CAPITULO I Dos Direitos Politicos Art, 144 — Além dos casos previstos nesta Constitulgao, os direitos Politicos: Il — perdem-se: b) pela recusa, baseada em convicgao religiosa, filosdfica ou politica, A prestagao de encargo ou servigo impostos aos brasileiros em geral; CAPITULO IV Dos Direitos © Garantis Individual Art. 150 — A Constituigdo assegura aos brasilsiros @ aos estrangei- ros residentes no Pais a inviolabitidade dos direitos concernentes a vida, 4 liberdade, 4 seguranga 6 4 propriedade, nos termos seguintes: § 1° — Todos sdo iguais perante a lei, sem distingéo de sexo, raga, trabalho, credo religioso e convicgées politicas. O preconceito de raga seré punido pela lei. § 5° — E plena a liberdada de consciéncia e fica assegurado aos crentes 0 exercicio dos cultos religiosos que nao contrariam a ordem plblica @ os bons costumes. § 6° — Por motivo de crenga religiosa, ou de convicgao filosética ou politica, ninguém seré privado de qualquer dos seus direitos, salvo se a invocar para eximir-se de obrigagéo legal imposta a todos, caso em que a lei podera determinar a perda dos direitos incompativels com a escusa de consciéncia. § 7° — Sem constrangimento dos favorecidos, serA prestada por brasileiros, nos termos da lei, assisténcia religiosa as forgas armadas @ auxiliares e, quando solicitada pelos interessados ou seus representantes legais, também nos estabelecimentos de internagao coletiva. JANEIRO A MARGO — 1975 131 TITULO III Da Ordem Econémica e Social Art. 158 — A Constituigéo assegura aos trabalhadores os seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem & melhoria de sua condi¢ao social: Vil — repouso semanal remunerado e nos feriados civis e religiosos de acordo com a tradi¢ao local. TITULO IV da Educagaéo @ da Cultura Art. 167 — A familia 6 constituida pelo casamento e tera direito a Protecéa dos Poderes Publicos. § 12 — © casamento é indissolivel. Da Fanili § 2° — O casamento ser civil e gratuita a sua celebragao. O casa- mento religioso equivalera ao civil se, observados os impedimentos ¢ as prescrigdes da lei, assim 9 requerer o celebrante ou qualquer interessado, contanto que seja o ato inscrito no registro publico, § 3? — O casamento religioso celebrado sem as formalidades deste artigo tera efeitos civis se, a requerimento do casal, for inscrito no registro publico, mediante prévia habilitagao perante autoridade competente. Art. 168 — . § 3° — A Iegislagdo do ensino adotar& os seguintes principios ¢ normas: IV — 0 ensino religioso, de matricula facultativa, constituira di plina dos hordrios normais das escolas oficiais de grau primario e médio. Apéndice n? 7 CONSTITUIGAO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Emenda Constitucional n? 1, da 17 de outubro de 1969 Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército ¢ da Aeronautica Militar... Promulgam a seguinte Emenda a Constituigéo de 24 de janeiro de 1967: Art. 12 — A Constituigéo de 24 de janeiro de 1967 passa a vigorar com a seguinte redagao: © Congresso Nacional, invocando a protecao de Deus, decreta 6 promulga a saguinta 132 REVISTA DE INFORMAGAO LEGISLATIVA GONSTITUIGAO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL TITULO | Da Organizacao Nacional CAPITULO II Da Uniao Art, $2 — A Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni- cipios 6 vedado: il — estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioné-los, embaragar-lhes 0 exercicio ou manter com eles ou seus repre- sentantes relagdes de dependéncia ou alianga, ressatvada a cola- boragéo de interesse piblico, na forma e nas limites da lei federal, notadamente no setor educacional, no assistencial e@ no hospitalar. CAPITULO VI Do Poder Legislative SECAO | Disposicées Gerais Art. 30 — A cada uma das Camaras compete elaborar seu regl- mento interno, dispor sobre sua organiza¢ao, policia e provimen- to de cargos de seus servigos. Paragrafo unico — Observat-se-do as seguintes normas regimen- tais: ¢) nao seré autorizada a publicagfo de pronunciamentos qua envolverem ofensas as Instituigdes Nacionais, propaganda de guerra, de subversdo da ordem politica ou social, de preconceito de raga, de religido ou de classe, configurarem crimes contra a honra ou contiverem incitamento a pratica de crimes de qual- quer natureza. TITULO II Da Deciaracao de Direitos CAPITULO II Dos Dirsitos Politicos Art. 149 — Assegurada a0 paciente ampla defesa, poderd ser declarada a perda ou a suspensdo dos seus direitos politicos. JANEIRO A MARCO — 1975 133 § 19 — O Presidente da Republica decretaré a perda dos direitos politicos: b) pela recusa, baseada em convicgdo religiosa, filoséfica ou politica, & prestagéo de encargo ou servigo impostos aos brasi- Ieiros em geral. CAPITULO IV Dos Direitos @ Garantias Individuals Art. 153 — A Constituigéo assegura aos brasileiros e aos estran- geiros residentes no Pais a inviolabilidade dos direitos concer- nentes & vida, @ liberdade, & seguranga e a propriedade, nos termos sequintes: § 12 — Todos sao iguais perante a lei, sem distingdéo de sexo raga, trabalho, credo religioso e convicgées politicas. Sera punido pela fei o preconceito de raga. § 5° — & plena a liberdade de consciéncia e fica assegurado aos crentes 0 axerciclo dos cultos rellgiosos, que nao contrariem a ordem publica @ os bons costumes. § 6° — Por motivo de crenga religiosa ou de convicgao filosd- fica ou politica, ninguém seré privado de qualquer dos seus direitos, salvo se o invocar para eximir-se de obriga¢ao legal a todos imposta, caso em quo a lei pader4 detorminar a porda dos direitos incompativeis com a escusa de consciéncia. § 7° — Sem cardter de obrigatoriedade, seré prestada por bra- sileiros, nos termos da lei, assisténcia religiosa 4s forgas armadas auxiliares, @, nos estabelecimentos de internagao coletiva, aos interessados que a solicitarem, diretamente ou por intermédio de seus representantes legais. § 8% — & livre a manifestagdo de pensamento de convicgao politica ou filoséfica, bem como a prestacéo de intormacao inde- pendentemente de censura, salvo quanto a diversdes e espeta- culos publicos, respondendo cada um, nos termes da lei, pelos abusos que cometer. assegurado o direito de resposta. A publi- cagao de livros, jomnais e periédicos nao depende de licenga da autoridade. N&o serao, porém, toleradas a propaganda de guerra, de subvers4o da ordem ou de preconceitos de religiao, 14 REVISTA DE INFORMACAO LEGISLATIVA de raga ou de classe, e as publicagSes e exteriorizagdes con- traérias & moral e aos bons costumes. TITULO II Da Ordem Econémica @ Social An. 165 — A Constituiggo assegura sos trabalhadores os se- guintes direitos, além de outros que, nos termos da lei visem a melhoria de sua condigao social: Vil — repouso semanal remunerado e nos feriados civis e rali- giosos, de acordo com a tradigao local. TITULO iV Da Familia, da Educagéo 6 Cultura Art. 175 — A familia 6 constituida pelo casamento e terd direito @ protegao dos Poderes Publicos. § 12 — O casamento € indissoluvel. § 2? — O casamento seré civil e gratuita a sua celebragdo. O casamento religioso equivalera ao civil se, observados os impe- dimentos e prescrigées da lei, 0 ato for inscrito no registro publi- co, a requerimento do cetebrante ou de qualquer interessado. § 3? — O casamento religioso, celebrado sem as formalidades do pardgrafo anterior, ter4 efeitos civis se, a requerimento do casal, for inscrito no registro publico, mediante prévia habili- tagdo perante a autoridade competente. Art. 176 — A educagao, inspirada no princlpio da unidade nacio- nal @ nos ideais de liberdade e solidariedade humana 6 direito de todos e dever do Estado @ sera dada no lar e na escola. § 3° — A lagislagdo do ensino adotara os seguintes principios e@ normas: V — oensino religioso, de matricula facultativa, constituird disci- plina dos hordrios normais das escolas oficiais de grau primario e@ médio,

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