() O essencial na arte de cozinhar ter uma atitude de esprito profundamente sincera e
respeitosa para com os produtos e trat-los sem julgar a sua aparncia, seja ela grosseira ou refinada. Lembrai-vos da velha mulher que obteve mritos infinitos por ter, de corao puro, oferecido a Buda a gua com que tinha lavado o seu arroz? Pensai no rei Ashoka, que no momento de morrer ofereceu metade de uma manga a um mosteiro. Ao plantar esta ltima raiz, recebeu a profecia de que dela recolheria os frutos na sua prxima existncia. O lao que criamos com Buda no em funo da grandeza da oferenda, mas da autenticidade do nosso corao. A nossa prtica quer que sejamos verdadeiros em todos os actos da vida. Um prato preparado com ricos ingredientes no necessariamente superior, e um cozido de simples legumes no necessariamente inferior. Ao colher ou ao preparar vulgares plantas selvagens, fazei-o sinceramente, com todo o vosso corao, e tratai-as com os mesmos cuidados que tereis para com os mais extraordinrios produtos. No obstante receber inmeros rios, o vasto oceano da natureza original no faz discriminao entre os sabores subtis de uma delicada iguaria e o gosto rude de um cozido de ervas selvagens. De igual modo quando fazeis crescer o germe da Via e alimentais o embrio sagrado, manjares refinados tm um s sabor. H um velho ditado que diz: A boca de um monge um forno. Lembrai-vos de que uma erva selvagem pode alimentar o santo embrio dar nascimento ao germe da Via. No a rejeiteis com desprezo e no a trateis com leviandade. Um instrutor e guia dos deuses e dos homens deve saber tirar partido de um vulgar legume. ()
In Tenzo Kykn, Instrues Para um Cozinheiro Zen, Eihei Dogen, Traduo de