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Instituição Educacional São Judas Tadeu

Trabalho de Literatura
Fernando Pessoa

Nome: Talita Vasconcelos


Professora: Marcia Roque
Turma: 431

Porto Alegre, 9 de Maio


Instituição Educacional São Judas Tadeu

Análise dos poemas do Fernando Pessoa

Autopsicografia
O poeta é um fingidor. Não as duas que ele teve,
Finge tão completamente Mas só as que eles não têm.
Que chega a fingir que é dor E assim nas calhas de roda
A dor que severas sente. Gira, a entreter a razão,
E os que lêem o que escreve, Esse comboio de corda
Na dor lida sentem bem, Que se chama coração.

No poema, o autor se refere ao poeta como um fingidor, que escreve sobre um


sentimento diferente do que sente. Na segunda estrofe, o autor diz que o poeta desperta
um sentimento diferente do que é sentido ou escrito, um sentimento que depende da
interpretação do leitor. E na terceira estrofe, o autor se refere ao coração como um
comboio de corda, dizendo que ele gira com a função de entreter a razão. Ou seja, o
poeta usa a razão para transformar o seu sentimento em poesia.

Isto
Dizem que finjo ou minto Sobre outra coisa ainda.
Tudo o que escrevo. Não. Essa coisa que é linda.
Eu simplesmente sinto Por isso escrevo em meio
Com a imaginação. Do que não está ao pé,
Não uso o coração. Livre do meu enleio,
Tudo o que sonho ou passo, Sério do que não é.
O que me falha ou finda, Sentir? Sinta quem lê!
É como que um terraço

No poema, o autor diz que não mente ao escrever, ao contrário do que dizem, ele
simplesmente não usa seu coração, e sim sua imaginação, para sentir; ele racionaliza o
sentimento. O autor compara seus sentimentos a um terraço que está sobre “outra
coisa”, sendo essa a sua imaginação. Ele diz escrever sobre o sentimento, e ser ao
mesmo tempo livre dele, remetendo o leitor a senti-lo de fato.

Porto Alegre, 9 de Maio


Instituição Educacional São Judas Tadeu

Pobre Velha Música


Pobre velha música! Nessa minha infância
Não sei por que agrado, Que me lembra de ti.
Enche-se de lágrimas Com que ânsia tão raiva
Meu olhar parado. Quero aquele outrora!
Recordo outro ouvir-te, E eu era feliz? Não sei:
Não sei se te ouvi Fui-o outrora agora.

O eu lírico fala sobre a “pobre velha música”, diz, na primeira estrofe, que não sabe
por que gosta considerando que enche seus olhos de lágrimas. Ele recorda de tê-la
ouvido na infância que por sua vez lembra a música. Na terceira estrofe, diz que quer a
infância de volta; que não sabe se era feliz, mas foi ouvindo a música que lembra ela.

Qualquer música
Qualquer música, ah, qualquer, Um canto que se desgarra...
Logo que me tire da alma Um sonho que nada vejo...
Esta incerteza que quer Qualquer coisa que não vida!
Qualquer impossível calma! Jota, fado, a confusão
Qualquer música- guitarra, Da última dança vivida...
Viola, harmônio, realejo... Que eu não sinta o coração!

No poema o eu lírico se refere à música como algo capaz de fazê-lo sentir, ele pede
“qualquer música” que lhe tire sua incerteza e sua vontade de calma. Ele cita
instrumentos diversos para enfatizar o fato de querer qualquer música que seja. Na
terceira estrofe, diz querer uma música que o faça esquecer-se da vida, uma dança que
não seja confusa como a vivida, algo que o distraia para que não sinta o coração.

Natal... Na província neva


Natal... Na província neva. Meu pensamento é profundo,
Nos lares aconchegados, Estou só e sonho saudade.
Um sentimento conserva E como é branca de graça
Os sentimentos passados. A paisagem que não sei,
O coração oposto ao mundo, Vista de trás da vidraça
Como a família é verdade! Do lar que nunca terei!

Porto Alegre, 9 de Maio


Instituição Educacional São Judas Tadeu

O poema começa falando do Natal, que nos lares se conserva um sentimento de


saudade, diz que no Natal se pode ver como a família é verdade. E o eu lírico está
sozinho olhando por uma vidraça e, por mais que a neve o impeça de enxergar por
detrás dela, ele sabe qual é a paisagem, uma família unida relembrando um passado e
comemorando o Natal, um lar que o eu lírico acredita que nunca terá.

Ela canta, pobre ceifeira.


Ela canta, pobre ceifeira, Ah, canta, canta sem razão!
Julgando-se feliz talvez; O que em mim sente ‘stá pensando.
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia Derrama no meu coração a tua incerta
De alegre e anônima viuvez, voz ondeando!
Ondula como um canto de ave Ah, poder ser tu, sendo eu!
No ar limpo como um limiar, Ter a tua alegre inconsciência,
E há curvas no enredo suave E a consciência disso! Ó céu!
Do som que ela tem a cantar. Ó campo! Ó canção! A ciência
Ouvi-la alegra e entristece, Pesa tanto e a vida é tão breve!
Na sua voz há o campo e a lida, Entrai por mim dentro!
E canta como se tivesse Tornai Minha alma a vossa sombra
Mais razões para cantar que a vida. leve!
Depois, levando-me, passai!

No poema, o eu lírico fala sobre uma ceifeira que canta só, suavemente, como um
pássaro, e, apesar de trabalhar arduamente, canta alegre, como se tivesse outras
razões para isso. Ele anseia ser ela, sendo ele, ser conscientemente inconsciente, ser
alegre. Ele ressalta que a vida é tão curta, e a ciência pesa tanto, e assim pede para
que a ceifeira faça de sua alma leve como a dela.

Não sei se é sonho, se realidade


Não sei se é sonho, se realidade, Mas já sonhada se desvirtua,
Se uma mistura de sonho e vida. Só de pensá-la cansou de pensar,
Aquela terra de suavidade Sob os palmares, ã luz da Lua,
Que na ilha extrema do sul se olvida. Sente-se o frio de haver luar.
É a que ansiamos. Ali, ali Ah, nessa terra também, também
A vida é jovem e o amor sorri. O mal não cessa, não dura o bem.
Talvez palmares inexistentes, Não é com ilhas no fim do mundo,
Áleas longínquas sem poder ser, Nem com palmares de sonho ou não,
Sombra ou sossego dêem aos crentes Que cura a alma seu mal profundo,
De que essa terra se pode ter. Que o bem nos entra no coração.
Felizes, nós? Ah, talvez, talvez, É em nós que é tudo. É ali, ali,
Naquela terra, daquela vez. Que a vida é jovem e o amor sorri.

Porto Alegre, 9 de Maio


Instituição Educacional São Judas Tadeu

O eu lírico começa o poema falando sobre certa terra idealizada, se perguntando se é


possível ter um lugar livre de maldade, onde se é feliz. Chega, porém, a conclusão de
que não é a terra que cura a alma, a maldade, isso depende dele mesmo; de que não
precisa de tanto, a felicidade está logo ali, logo ali a vida é jovem e o amor sorri.

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho. Sou minha própria paisagem,


Cada momento mudei. Assisto à minha passagem,
Continuamente me estranho. Diverso, móbil e só,
Nunca me vi nem achei. Não sei sentir-me onde estou.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê, Por isso, alheio, vou lendo
Quem sente não é quem é, Como páginas, meu ser.
O que segue prevendo,
Atento ao que eu sou e vejo. O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
Torno-me eles e não eu. O que julguei que senti.
Cada meu sonho ou desejo Releio e digo: "Fui eu"?
É do que nasce e não meu. Deus sabe, porque o escreveu.

O poema tem um caráter espiritualista. O eu lírico assiste à sua passagem (morte), e


renasce com uma alma distinta. Ele diz ter diversas almas, que vai lendo como páginas
tentando entender. Ele tenta lembrar lendo suas almas passadas, tenta se encontrar, se
vê alheio e estranho a elas, tantas que são, mas diz que Deus sabe, pois foi ele quem as
escreveu.

Viajar! Perder países!


Viajar! Perder países! A ausência de ter um fim,
Ser outro constantemente, E a ânsia de o conseguir!
Por a alma não ter raízes Viajar assim é viagem.
De viver de ver somente! Mas faço-o sem ter de meu
Não pertencer nem a mim! Mais que o sonho da passagem.
Ir em frente, ir a seguir O resto é só terra e céu.

O poema fala sobre viajar e não ter raízes; sobre perder países, ter diferentes culturas
(“ser outro constantemente”). Diz que, ao viajar, ele não se pertence, mas sim àquela
cultura do país em que está; que não quer que a viagem, porém tem a ânsia de
conseguir terminá-la. O eu lírico diz que, ao viajar, nada mais o preocupa além do
sonho da passagem, o resto é só terra e céu.

Porto Alegre, 9 de Maio


Instituição Educacional São Judas Tadeu

Liberdade
Ai que prazer Estudar é uma coisa em que está indistinta
Não cumprir um dever, A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Ter um livro para ler
E não o fazer! Quanto é melhor, quando há bruma,
Ler é maçada, Esperar por D. Sebastião,
Estudar é nada. Quer venha ou não!
O sol doira
Sem literatura. Grande é a poesia, a bondade e as
danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
O rio corre, bem ou mal,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Sem edição original.
Só quando, em vez de criar, seca.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
O mais do que isto
Como tem tempo não tem pressa...
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Livros são papéis pintados com tinta. Nem consta que tivesse biblioteca...

No poema, o eu lírico fala sobre a liberdade de se poder fazer o se quer, e não fazer o
que não se quer; de se fazer as coisas, como faz o rio e a brisa, sem pressa. Ele fala
sobre poder apreciar o melhor do mundo, que são as flores, crianças, e até o sol. Fala,
ainda, sobre Jesus, que, apesar de não ter estudado nada, foi grande.

O Maestro Sacode a Batuta


O maestro sacode a batuta,
E lânguida e triste a música rompe… Lembra-me a minha infância, aquele dia
Em que eu brincava ao pé de um muro de quintal
Atirando-lhe com uma bola que tinha dum lado
O deslizar dum cão verde, e do outro lado
Um cavalo azul a correr com um jockey amarelo…

Prossegue a música, e eis na minha infância


De repente entre mim e o maestro, muro branco,
Vai e vem a bola, ora um cão verde,
Ora um cavalo azul com um jockey amarelo…

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância


Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão tornando-se jockey amarelo…
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos…)

Atiro-a de encontro à minha infância e ela


Atravessa o teatro todo que está aos meus pés

Porto Alegre, 9 de Maio


Instituição Educacional São Judas Tadeu

A brincar com um jockey amarelo e um cão verde


E um cavalo azul que aparece por cima do muro
Do meu quintal… E a música atira com bolas
À minha infância… E o muro do quintal é feito de gestos
De batuta e rotações confusas de cães verdes
E cavalos azuis e jockeys amarelos…

Todo o teatro é um muro branco de música


Por onde um cão verde corre atrás de minha saudade
Da minha infância, cavalo azul com um jockey amarelo…

E dum lado para o outro, da direita para a esquerda,


Donde há arvores e entre os ramos ao pé da copa
Com orquestras a tocar música,
Para onde há filas de bolas na loja onde comprei
E o homem da loja sorri entre as memórias da minha infância…

E a música cessa como um muro que desaba,


A bola rola pelo despenhadeiro dos meus sonhos interrompidos,
E do alto dum cavalo azul, o maestro, jockey amarelo tornando-se preto,
Agradece, pousando a batuta em cima da fuga dum muro,
E curva-se, sorrindo, com uma bola branca em cima da cabeça,
Bola branca que lhe desaparece pelas costas abaixo…

No poema, o eu lírico começa descrevendo um teatro, onde há um maestro que sacode


a batuta e começa, assim, a música. Ele começa a se lembrar da infância, de um
momento específico, e o teatro se enche dessa sua lembrança. O eu lírico fala do muro
de seu quintal, e o relaciona com o maestro; fala da bola, que tinha um cão verde e um
cavalo, com que brincava no muro, e a relaciona com a música, indo e vindo pelo
teatro que viria a ser o quintal. Enfim a música acaba e o que resta é a saudade.

Porto Alegre, 9 de Maio

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