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ESCRITA ESPONTÂNEA: 17 DE JULHO

D O C E N T E : M E R A N V A R G E N S | D I SC E N T E : ( I S A D O R A ) D I M I TR I A H E R R E R A ( N U N E S )

Eu gostei bastante de ter feito o exercício do olhar. Tenho tentado, especialmente nessas
últimas aulas, manter uma seriedade e uma conexão maiores com a aula e com os
exercícios, e, felizmente, as principais duplas com quem fiz o exercício mantiveram a
mesma postura de seriedade e comprometimento que eu. Acho que isso foi essencial para
que o exercício se desenvolvesse, porque já muitos outros que foram passados ficaram
estagnados porque uma pessoa da dupla, ou do grupo, não o levava a sério ou fazia muitas
brincadeiras. Dessa vez, não. Minha primeira dupla foi Ayslan e senti com ele uma conxão
muito intensa e muito pesada. Não sei explicar exatamente, mas era uma energia densa, e
que eu sentia como vertical; ela me puxava para baixo. Em vários momentos nossos olhos
se encheram de lágrimas e ficamos na iminência de chorar. Não choramos. Não
exercitamos muito diferenças de altura, nos mantivemos mais focados nas distâncias e o
tempo todo nosso olhar ficou preso. Quando mudei dele para Felipe, demorei vários
segundos até conseguir me dissociar daquela energia que compartilhávamos para poder
apreender a energia completamente diferente da nova pessoa. Durante todo o exercício
acabei tendo uma percepção muito mais profunda do que de costume com relação à
diferença dos olhares, e diferenças físicas, do olho e da concavidade onde ele se situa. Os
olhos de Felipe eram maiores do que os de Ayslan, e sempre tinham, para mim, desde o
começo de nossos encontros, o título de olhar mais pesado de toda a sala. Nesse dia, não.
Minha conexão com Ayslan tinha sido tão pesada que senti em Felipe algo de mais leve; e,
o que foi um tanto quanto estranho, criou-se entre nós uma energia que puxava para o
lado do sexual. Sentia como se fosse uma energia vertical, equilibrada, que se estendia
entre nós dois. Também não quebramos, até onde me lembro, o contato visual nenhuma
vez. Diferente do que houve com Ayslan, trocamos alguns pequenos toques no rosto, um
arrumar de cabelo, um toque de mãos.

Quando passei para a próxima pessoa meus olhos já estavam doloridos do esforço de
permanecer abertos e as energias que eu sentia em meu corpo estavam completamente
misturadas. Queria ter parado o exercício ali, e ter comentado sobre ele com toda a turma,
porque as sensações estavam vividamente gravadas em mim. Senti que tentar dar
continuidade ao exercício não só fez com que eu o levasse com menor qualidade como,
também, apagou lentamente de minha memória as melhores impressões que tive dele. A
terceira pessoa com quem fiz dupla foi Isadora, e demorei ainda mais tempo para
conseguir me conectar com ela. Vi um olhar doce, muito doce, e cheio de um carinho
inesperado. O olhar dela me desarmou e fiquei um longo tempo tentando entender se era
aquilo mesmo o que eu captava, ou se tinha aquela impressão por compará-la com as
minhas duas duplas anteriores. Não sei ao certo. Também tive a percepção das diferenças
físicas: olhos pequenos, um pouco puxados, infinitamente mais serenos. Não consegui
estabelecer muito bem o contato entre nós, só consegui firmar a impressão de um olhar
carinhoso e doce, em olhos que, muitas vezes, não sei o porquê, se encheram de lágrimas.
O que me transtornou foi a quebra imediata da energia mais pesada e séria que eu
carregava comigo; Isadora me fez rir.

A penúltima dupla foi Ana Scheidegger. Se com Isadora eu não tinha conseguido direito
me estabilizar, com Ana, muito menos. Tudo dentro de mim parecia embaralhado; eu
ainda tinha lembranças espasmódicas do contato com Ayslan, ainda tinha recolhimentos
do encontro com Felipe e acabei, eu acho, vendo em Ana algo parecido com o que vi em
Isadora: um olhar doce e carinhoso. Acho que havia muito mais que não pôde ser
desvendado porque minha capacidade de sentir e compartilhar energia estava acabada. Se
eu queria ter parado em Felipe, quando chegou em Ana eu já me sentia no limite da
exaustão.

Essa exaustão também foi definitiva para que todo o meu trabalho com Flora não fosse
bom. Não consegui sustentar a energia, não consegui estabelecer uma relação, não
conseguimos, como dupla, criar as imagens espontaneamente. Acho que todo o resto da
aula foi um verdadeiro desastre. Queria muito ter participado desse processo de criação
mas eu simplesmente não conseguia; me esforçar para tal acabou incutindo em mim uma
irritação incontrolável que quase me fez abandonar o exercício diversas vezes. Fiquei,
tanto mais por Flora, quanto por mim. É verdade que ela também já dava sinais de cansaço
e não parecia tão interessada em estabelecer uma relação comigo, mas senti que eu a
limitei muito por não conseguir ter, por exemplo, a mesma seriedade e comprometimento
que tive com Ayslan.

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