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Inúmeras possibilidades se abrem para varejistas e indústrias com o aumento da importância da sustentabilidade no mercado mundial. Por Alexandre Horta, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza
Inúmeras possibilidades se abrem para varejistas e indústrias com o aumento da importância da sustentabilidade no mercado mundial. Por Alexandre Horta, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza
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Inúmeras possibilidades se abrem para varejistas e indústrias com o aumento da importância da sustentabilidade no mercado mundial. Por Alexandre Horta, sócio-sênior e diretor da GS&MD - Gouvêa de Souza
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* Alexandre Horta (horta@gsmd.com.br), sócio-sênior e diretor da GS&MD -
Gouvêa de Souza
O Plano Nacional de Resíduos Sólidos, promulgado no início de agosto deste
ano após 21 anos de tramitação no Congresso, estabeleceu a responsabilidade compartilhada entre produtores, distribuidores, comerciantes, consumidores e os “titulares dos serviços públicos” (ainda que não esteja claro o que isso realmente possa significar) em relação ao ciclo de vida dos produtos. Embora uma série de aspectos presentes no Plano ainda estejam sujeitos a detalhamento, de forma que ele possa ser efetivamente aplicado, não resta dúvida de que o Brasil deu um passo importantíssimo na constituição de um marco legal que visa restringir o despejo de produtos obsoletos e de suas embalagens em lixões e aterros do país (ou pior, diretamente no meio ambiente), seja sem a devida recuperação de parte das matérias primas utilizadas na produção desses itens, seja sem o devido tratamento para evitar danos ao meio ambiente e com consequências negativas à população. Parte substantiva da responsabilidade em coordenar os diversos papéis foi repassada aos municípios, uma vez que a eles caberá a elaboração de um Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (para terem acesso a recursos federais relacionados ao tema), além de estabelecer as diretrizes para a coleta seletiva e a logística reversa. E é justamente o estabelecimento dos mecanismos da logística reversa que tem provocado apreensão entre a indústria e o varejo. O Artigo 31 do Plano, em seu Parágrafo III, deixa a cargo unicamente de fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes a responsabilidade de recolher os produtos e os resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada. Mesmo que nos primeiros momentos do Plano a obrigação de responder pelo recolhimento esteja restrita a alguns grupos de produtos (pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio; e produtos eletrônicos e seus componentes), causa grande incerteza o fato de não ter sido estabelecida uma fronteira quanto às responsabilidades específicas para cada uma das partes nesse processo e ainda mais a possibilidade de terem de se ajustar a diretrizes que podem, eventualmente, ser diferentes nos diversos municípios do Brasil. Pode parecer contraditório, porém é possível enxergar oportunidades interessantes para o varejo em se posicionar junto à indústria como parte indispensável e mais eficiente do processo de logística reversa, considerando a “malha” já estabelecida de pontos de venda ao longo do país, que podem ser considerados pontos de concentração das mercadorias devolvidas. Mais do que ser considerado mero “hub” ou ponto de estoque provisório dos produtos em processo de retorno às indústrias ou de destinação às usinas ou cooperativas de reciclagem, o varejo é essencial para a comunicação com o consumidor e para o seu processo de mudança de hábitos, fundamental para o sucesso do programa. Alguma motivação adicional o consumidor terá de obter para se movimentar desde sua residência até o estabelecimento comercial, “transportando” um produto já tornado dispensável. O varejo poderá ser esse canal de relacionamento e de promoção da mudança de atitude, mesmo que à custa de premiar tal atitude, seja no estabelecimento de um programa de trade in nas compras de um produto substituto novo; seja na forma de uma bonificação ou desconto na compra de outros itens. A Best Buy é um exemplo muito bem sucedido de uma empresa que vem executando um trabalho nessa linha, tendo estabelecido um programa de trade in por meio da entrega de seus gift cards como prêmio aos clientes que entregam seus produtos antigos (e sendo remunerada pela indústria na prestação desse serviço). Estabeleceu também um projeto chamado de E- Cycle: a gestão da reciclagem sem custo; onde porém, aplica algumas restrições a determinados produtos, cobrando um custo de manuseio. E se porventura a Best Buy não puder aceitar o produto para reciclagem, ela irá ajudar o consumidor a descartá-lo. Existem possibilidades de ganhos concretos, alem de se obter os benefícios de associar a imagem da empresa à causa ambiental. Mas, para isso ser possível, caberá ao varejo ir à mesa de discussões com um projeto e com um bom conhecimento dos seus custos para se propor a cumprir eficientemente esse papel.