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MI N I S T É R I O D AS F I N AN Ç AS E D A A D M I N I S T R A Ç Ã O P Ú B L I C A
DIRECÇÃO-GERAL DO ORÇAMENTO
GA B IN E T E D E C O N S U L T A D OR I A O R Ç A M E N T A L
1. Por determinação superior, foi enviado a este Gabinete de Consultadoria Orçamental, para
emissão de parecer jurídico, o ofício da Câmara Municipal do Seixal colocando uma questão de
interpretação do artigo 35.º, da Lei nº 12-A/2008 1 , de 27 de Fevereiro.
1 Estabelece os regimes de vinculação, de carreiras e de remunerações dos trabalhadores que exercem funções públicas.
2. A Câmara Municipal do Seixal pretende ver aqui analisada e esclarecida qual a interpretação a
dar aos nºs 1 e 2, alínea b), e o nº 6, do artigo 35.º, da Lei nº 12-A/2008.
II
3 Considera -se trabalho não subordinado o que, sendo prestado com autonomia, não se
encontra sujeito à disciplina e à direcção do órgão ou serviço contratante nem impõe o
cumprimento de horário de trabalho.
2. De acordo com o artigo supra transcrito, pode-se concluir que a celebração de um contrato de
tarefa ou de avença pode ter lugar quando se verifiquem cumulativamente as situações descritas
nas alíneas do nº 2, do artigo em análise.
3. Da leitura da alínea b), do nº 2, deste artigo 35.º conclui-se que regra geral a celebração de
contratos de tarefa ou de avença devem ser realizada com pessoas colectivas. No entanto esta
alínea tem duas ressalvas:
a) O facto de, em regra, ser realizado por pessoa colectiva indicia que, em casos
excepcionais, se possa admitir a realização por pessoa singular;
4. Deste modo, parece-nos que o legislador tentou por esta via legal restringir a celebração de
contratos de avença e de tarefa com pessoas singulares por parte dos serviços e organismos da
Administração Pública, ao contrário do que acontecia anteriormente.
7. Contudo, e no caso das Câmaras Municipais, parece-nos que a competência deverá ser do
órgão de governo próprio dos serviços autárquicos, porquanto o artigo 3.º, nº 2, da Lei nº
12-A/2008, refere que: “A presente lei é também aplicável, com as necessárias adaptações,
designadamente no que respeita às competências em matéria administrativa dos
correspondentes órgãos de governo próprio, aos serviços das administrações regionais e
autárquicas”.
8. Por outro lado, cumpre-nos salientar que apesar do contrato de avença, de acordo com o nº 6
do artigo agora em apreciação, referir que: “O contrato de avença tem como objecto
prestações sucessivas no exercício de profissão liberal (…)” a mesma profissão liberal não
tem de ser necessariamente exercida por uma pessoa singular.
10. Destarte, parece-nos, salvo melhor opinião, não existir qualquer dificuldade de articulação entre
os nºs 2, alínea b) e 6 do artigo 35.º, da Lei nº 12-A/2008, porquanto o estabelecido no nº 6,
pode ser efectivamente realizado por pessoas colectivas.
11. Cumpre ainda salientar que a questão em apreço foi igualmente discutida com a Direcção de
Serviços de Análise e Finanças Públicas e com a 1ª Delegação da Direcção-Geral do
Orçamento, que emitiram os entendimentos em anexo.
III
1. Face ao que precede, somos de parecer que determinadas profissões liberais constantes da
Tabela de Actividade anexa ao artigo 151.º do Código do IRS, podem ser realizadas por
pessoas colectivas, podendo desta forma a Administração Pública celebrar com elas contratos
de tarefa e de avença.
À consideração superior.
Lisboa, 11 de Abril de 2008
A Jurista
Patrícia Saragaço
Despachos:
2008.04.14
2008.04.14
Por delegação do Exmo Director-Geral
O Subdirector-Geral
Eduardo Sequeira”