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PROTEÇÃO POSSESSÓRIA
Existem três diferentes espécies de ações que tutelam a posse, chamadas de interditos
possessórios: reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório.
Quando a demanda versar sobre o domínio da coisa, terá natureza petitória, não sendo
aplicadas a ela as regras previstas no procedimento especial d as ações possessórias. São
excluídas do âmbito das ações possessórias as demandas em que se alegue a existência
de relação jurídica que dê ao autor direito à posse, tais como a imissão de posse e a ação
de nunciação de obra nova. Os embargos de terceiro tutelam a posse, mas a ofensa
deriva de ato judicial, distinguindo essa ação das ações possessórias.
FUNGIBILIDADE
COMPETÊNCIA
LEGITIMAÇÃO
O possuidor é parte legítima à propositura das ações possessórias, sendo que no caso de
posse direta (locação, usufruto, comodato etc.), a defesa da posse pode ser realizada em
juízo tanto pelo possuidor direto como pelo indireto, que podem inclusive litigar em
conjunto em litisconsórcio facultativo. No caso de bens públicos de uso comum, a
melhor doutrina aponta para a legitimidade do Poder Público e dos particulares que
habitualmente se valem de ditos bens, em mais uma espécie de litisconsórcio
facultativo.
Segundo o artigo 1.197 do Código Civil de 2002, na hipótese de posse direta (locação,
comodato, usufruto etc.), a legitimidade ativa é tanto do possuidor direito como do
indireto. O simples detentor da coisa, que a ocupa por mera permissão ou tolerância do
possuidor, não tem legitimidade para propor ação possessória, o mesmo ocorrendo com
o sujeito que conserva a posse da coisa sob ordens ou instruções do possuidor.
No polo passivo, é parte legítima o sujeito responsável pelo ato de moléstia à posse. Na
posse direta, é possível que o legitimado passivo também seja possuidor. Na hipótese de
atos praticados por preposto de terceiro, e sendo a ação movida contra ele, caberá ao réu
alegar sua ilegitimidade nos termos do artigo 338 do Novo CPC.
Quando o ato de moléstia à posse é perpetrado por uma multidão de pessoas, a natural
de se individualizar todos os agressores à
posse faz com que a demanda seja proposta contra réus incertos.
No tocante aos cônjuges, o artigo 73, § 2º, do CPC, tem tratamento expresso a respeito
do litisconsórcio entre eles nas açõ es
possessórias. Segundo o dispositivo, o litisconsórcio só será necessário nas hipóteses de
composse ou de ato praticado por ambos.
Cumulação de pedidos
A cumulação de pedidos depende do preenchimento dos requisitos do artigo 327, § 1º,
do CPC. No que se refere às ações
possessórias nos interessa o requisito previsto no mesmo artigo, § 1º, inciso III, que pr
oíbe a cumulação de pedidos com
diferentes procedimentos. O artigo 327, § 2º, do CPC, permite ao autor nessa situação a
cumulação de pedidos de d iferentes
procedimentos desde que seja adotado o procedimento comum, mas tal regra é
inaplicável para os procedimentos genuinamente
especiais, que preveem técnicas processuais diferenciadas incompatíveis com o rito
comum, de aplicação obrigatória, não se
permitindo ao autor preferir o rito comum ao rito especial.
Ainda que se discuta a real especialidade do procedimento das ações possessórias de p
osse nova, a previsão dele dentre os ritos
especiais previstos pelo CPC torna relevante a pr evisão do artigo 555 do CPC, que
permite ao autor que cumule com o pedido de
proteção possessória outros pedidos.
O inciso I do dispositivo legal mantém o pedido de indenização por perdas e danos entre
os cumuláveis com o pedido possessório.
No inciso II está previsto entre o s pedidos cumuláveis co m o pedido possessório a
indenização de frutos, hipótese aplicável p ara a
situação de o bem gerar frutos que sejam apossados pelo agressor possessório.
O parágrafo único prevê a imposição de “medida necessária e adequada” para o caso de
nova turbação e esbulho (inciso I) e par a
cumprimento da tutela provisória ou final (inciso II).
Procedimento
- Reintegração e manutenção de posse
A reintegração e a manutenção d e posse têm o procedimento previsto pelos artigos 560
a 5 66 do CPC. No caso de posse velha,
quando a demanda for proposta após ano e dia da ocorrência da ofensa à posse o artigo
558, parágrafo único, do CPC prevê que o
procedimento será o comum.
O procedimento especial possessório dos artigos 560 a 566 limita-se às ações
possessórias de posse nova de bem imóveis. Esse
procedimento especial prevê medida liminar, porque após esse momento inicial o
procedimento passará a s er o comum (artigo
566).
A previsão da liminar é importante porque o legislador não incluiu entre as hipóteses de
tutela da evidência no artigo 311 do CPC a
liminar possessória. Lembra -se que essa liminar não é tutela de urgência, porque dentre
os requisitos para sua co ncessão
previstos no artigo 562 do CPC não consta o tempo (necessário para a concessão da
tutela definitiva) como inimigo (da efetivi dade
dessa tutela).
Contudo, a tutela de urgência não é estranha às ações possessórias, em especial naquelas
que seguem o procedimento comum
(posse velha) e que, portanto, não têm em seu procedimento a previsão de liminar
(tutela da evidência). Nesse caso, d esde que
preenchidos os requisitos, será cabível a tutela antecipada ou cautelar, a depender da
pretensão do autor.
Consoante o artigo 561 do CPC, incumbe ao autor provar:
I- sua posse;
II- a turbação ou esbulho praticado pelo réu;
III- a data do ato de agressão à posse;
IV- continuação da posse turbada ou perda da posse esbulhada.
Os requisitos em seu co njunto se prestam a fundamentar a pretensão possessória do
autor e q uando documentalmente
comprovados servem à concessão da liminar prevista no artigo 562, caput, do CPC.
Segundo o 562, caput, do CPC, estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz
defer irá inaudita altera partes a medida
liminar, consubstanciada na expedição de mandado de manutenção ou reintegração de
posse, conforme o caso.
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