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Aspectos neurológicos e psicológicos do

desenvolvimento da afetividade
Cada ser humano tem uma personalidade única, com seu próprio meio de
agir, pensar e refletir sobre os acontecimentos do mundo. Esse modo único de ser
é o reflexo de características inatas somadas às experiências e vivências sociais
do indivíduo. Sabe-se atualmente que nossas emoções e escolhas de vida
ocorrem, em nível celular, como sinapses entre neurônios, através de operações
cerebrais. (Gazzaniga, Ivry, Mangun, 2006).
A evolução da ciência permite que se descubra cada vez mais onde
ocorrem essas operações mentais, apesar de se ter muito ainda a desvendar. Já
se sabe que as amígdalas cerebrais são responsáveis pelas reações de medo, as
quais são muitas vezes expressadas pela raiva (o cão, com medo de perder o
prazer do brinquedo, rosna ao tentarmos tirar a bola da sua boca, assim como a
criança pequena faz birra ao mandarmos ela guardar os brinquedos porque está
na hora de dormir).
No desenvolvimento neurológico, as amígdalas cerebrais já estão em pleno
funcionamento desde o nascimento, pois fazem parte de um circuito (mais
conhecido como Sistema Límbico) que é responsável pela “proteção do sujeito”,
ou seja, pelos nossos comportamentos de fuga do que é ameaçador. Uma
experiência feita com um macaco demonstrou que ele, ao ter as amígdalas
lesionadas cirurgicamente, deixou de apresentar medo da cobra colocada em sua
jaula (o que havia demonstrado anteriormente à cirurgia), ficou dócil (antes era
agressivo) e hiper-sexualizado. (Lent, 2008)
Isso demonstra que nossas reações de raiva são oriundas de medos
(muitas vezes inconscientes no momento da raiva). O que pode controlar esses
nossos comportamentos é outra área cerebral conhecida como córtex pré-frontal
(orbitofrontal, pré-frontal ventromedial), responsáveis pelas nossas tomadas de
decisão, pelas funções executivas e pelos nossos comportamentos sociais. Ou
seja, é a área responsável pelo nosso juízo crítico. Mas, ao contrário da amígdala
que já está mielinizada ao nascimento (já funciona plenamente), o córtex pré-
frontal não está totalmente mielinizado e só estará em pleno funcionamento entre
20 a 30 anos de idade. O processo de mielinização dos neurônios (é o que
possibilita o pleno funcionamento do neurônio, levando à maturidade neurológica)
não acontece ao mesmo tempo em todo o cérebro, sendo que cada área tem sua
mielinização em diferentes etapas.
Isso não significa que o córtex pré-frontal não funcione antes disso, mas
apenas que não está totalmente maduro, necessitando ser estimulado. E é nesse
ponto que surge o conflito. Sabemos como estimular uma criança a falar, a andar,
a escrever, mas como estimular o funcionamento da área responsável pelo juízo
crítico? Como estimular o desenvolvimento da ligação do pré-frontal com as
amígdalas cerebrais, para que o primeiro controle o segundo?
Primeiro precisamos saber que as amígdalas nunca deixarão de funcionar.
Ou seja, enquanto uma criança estiver chorando e fazendo birra, não adianta falar
nada, pois qualquer coisa que seja dita nesse momento, só causará mais raiva e
estimulará mais ainda essa área cerebral. O que podemos fazer é mostrar que é
possível suportar essa dor da frustração, do medo da perda (no caso, medo da
perda do prazer). E, para isso, os pais (ou cuidadores) devem apenas ficar perto
da criança, manter o limite colocado e mostrar que eles são capazes de suportar o
choro e a dor da criança. Se fizerem isso, a birra terá começo, meio e fim, pois a
estimulação da amígdala diminuirá. Assim o circuito pré-frontal – amígdala será
estimulado e, após a crise de choro, percebe-se que a criança se torna mais
afetiva (parece até manhosa).
Somente após essas crises de choro, será possível conversar com a
criança sobre o motivo do limite imposto, lembrando sempre que é muito saudável
quando os pais colocam também os seus medos (por exemplo: “eu pedi para você
guardar os brinquedos e ir dormir porque tenho medo que você adoeça se não
tiver uma boa noite de sono ou se for dormir tarde”, ou “eu pedi para tomar banho
porque tenho medo que fique doente”). Desse modo, os pais conseguem colocar o
desejo que têm pelo filho e que por isso, suportam a frustração, o que servirá de
modelo para o filho aprender e seguir. A colocação deste MEDO deve sempre ser
feita num outro momento, distante do momento do limite em si, pois a criança
deve passar pela crise de frustração e depois ouvir sobre a razão (medo) dos pais.
Nunca no momento do limite.

Iuri Victor Capelatto


Psicólogo e Psicoterapeuta
www.capelattopsicologia.com.br
www.ciapre.org.br

REFERÊNCIAS

• CAPELATTO, I. Diálogos Sobre a Afetividade. Campinas: Papirus, 2010.


(5ª ed.)

• CAPELATTO, I.; MOISÉS, D.; MINATTI, A. Prepare as Crianças para o


Mundo. São Paulo: Ed dos Autores, 2006.

• CAPELATTO, I.; MARTINS FILHO, J. Cuidado, Afeto e Limites: uma


combinação possível. Campinas: Papirus 7 Mares, 2009.

• GAZZANIGA, M.S.; IVRY, R. B.; MANGUN, G. R. Neurociência Cognitiva:


A Biologia da Mente. Porto Alegre: Artmed, 2006. (2ª edição). Cap. 13, p.
555-594.

• LENT, R. (coord.) Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

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