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Bardo Thodöl (em tibetano: བར་དོ་ཐོས་ ོལ; transliteração Wylie: bar-do thos-
A Wikipédia possui o
grol; IPA: [pʰàrdo tʰǿɖøl], onde bardo é "liminaridade" e thodol é Portal do budismo
"libertação")[1] é denominado também de A Grande Libertação Pela
Auscultação Durante os Estados Intermediários ou Liberação
Parte de uma uma série sobre
Através da Escuta. No Ocidente é chamado de O Livro Tibetano Budismo
dos Mortos, como referência ao Livro dos Mortos do Antigo Egito.
Tradições [Expandir]
Pertencendo à literatura Nyingma do Tibete, é tido como o texto
tibetano mais célebre e difundido internacionalmente.[2] Portal do Budismo
No Ocidente foi dado a conhecer pela primeira vez, em 1927, através da tradução para o inglês realizada por
W.Y. Evans-Wentz.
Índice [esconder]
1 História
2 Conteúdo do livro
2.1 Os seis bardos
3 Fundamentos
3.1 1) A eternidade da consciência
3.2 2) Planos de existência
3.3 3) A Clara Luz Primordial
3.4 4) A experiência da verdade
3.5 5) A compreensão da realidade
3.6 6) A perda do ego
3.7 7) O renascimento
3.8 8) A união com um feto
4 Referências
5 Ligações externas
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Tibetano_dos_Mortos 1/7
26/12/2017 O Livro Tibetano dos Mortos – Wikipédia, a enciclopédia livre
lamas, afinal de contas, não poderiam ter vislumbrado mesmo outras Doutrina
dimensões, arrancando com isso o véu de um dos maiores mistérios da Bodisatva • Upāya
vida.” [3] Samādhi • Prajñā
Śunyatā • Bardo
Śunyatā • Trikāya
Conteúdo do livro [ editar | editar código-fonte ] Sūtras Mahāyāna
Prajñāpāramitā Sūtras
Sutra do Lótus
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Tibetano_dos_Mortos 2/7
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O conhecimento do texto, tido como uma das quintessências da filosofia mahaiana, Maha Nirvāṇa Sūtra
Saṃdhinirmocana Sūtra
é um poderoso guia para a consciência do moribundo atravessar os cambiantes Avataṃsaka Sūtra
fenômenos dos reinos pós-morte: os estados de consciência que continuam por, no Śūraṅgama Sūtra
mínimo, 49 dias após a morte, seguindo até a próxima encarnação. Segundo Escolas Mahāyāna
observa Evans-Wentz, o Bardo Thödol é um processo de iniciação cujo propósito é
Mādhyamaka
restaurar, no espírito do desencarnado, a divindade que ele perdeu ao nascer. O Yogācāra
Budismo esotérico
livro, em linguagem ricamente alegórica, além de alertar o espírito a guiar-se pelo
Terra Pura • Zen
grande caminho da libertação (segundo o budismoː libertação do sofrimento de Tiantai • Nichiren
permanecer no eterno retorno dos ciclos do samsara), o prepara para uma descida História
rumo à existência física – rumo ao renascimento.
Rota da Seda • Nāgārjuna
O livro declara que, após a morte, o ser desencarnado se confronta com várias Asaṅga • Vasubandhu
Bodidarma
cenas, visões, aparições, etc. Em cada um destes bardos ocorre experiências e
ver • editar
visões distintas e por vezes aterradoras. Assim, a leitura ritualística aconselha ao
moribundo a atravessar todo o processo com total tranqüilidade e consciência
desperta. Segundo o comentário de Sua Santidade, o 14º Dalai-Lama:
"O importante não é somente a preparação para um renascimento futuro mais elevado, mas
também, e num sentido ainda mais fundamental, a preparação pessoal do indivíduo para usar sua
própria morte e os estados a ela subsequentes como meios para alcançar a emancipação da
consciência."[4]
Para tanto, o livro indica que é necessário obter a seguinte compreensão: após a morte, tudo o que ver e se
experienciar lhe parecerá real, embora se trate fundamentalmente do conteúdo de sua própria mente projetado
e tornado perceptível tal como se fosse realidade - ou seja, tudo o que vivenciar não é outra coisa que suas
próprias formas-pensamento, ou melhor, a experiência de si próprio. Assim, no plano do pós-morte, a
consciência experiencia a vida a qual acabara de viver, mas sob uma nova perspectiva: em lugar de
experienciar a realidade a partir de si, a consciência vivencia a si a partir da própria realidade ao qual
experienciou. Ao longo da leitura, o texto adverte sempre que as visões são apenas a projeção e emanação de
sua própria consciência.
O livro insiste que a pessoa deve compreender que a primeira visão que lhe acometer, a percepção da
irradiante Clara Luz Primordial, é a visão do mergulho da consciência sobre teu próprio ser - um vislumbre do
esplendor que emana de sua própria essencialidade, a energia propulsora que habita o vazio do coração (ao
qual, pela última vez, acabara de bater). Assim, o livro intenta ao moribundo a não se abalar com tal vislumbre,
preparando-o para a apreensão das visões subsequentes.
Segundo a tradição tântrica, a única verdade é a Clara Luz, ou seja, a própria manifestação do vazio - de formas
e substâncias -, pura consciência irradiante. Concentrar-se nessa Luz, e somente nela, é abandonar todos os
afetos do Ego e atingir a consciência supramundana universal, a iluminação do Nirvana. Caso o espírito não
tenha atingido a plena compreensão do processo, a alma acabará por cair novamente no mundo fenomênico e
retornará ao ciclo samsárico de renascimentos.
Segundo o texto, o conteúdo da mente projetado e tornado visível dependerá das crenças e criações mentais
anteriores. Assim cada pessoa obterá experiências totalmente diferentes umas das outras.
As formas e imagens descritas no livro são adaptadas à cultura tibetana, que possui uma visão própria do que
ocorrerá após a morte. Por isso, o texto considera que o tibetano terá experiências típicas de seus costumes
religiosos, mas o que está descrito pode variar de pessoa para pessoa e, consequentemente, de cultura para
cultura, pois isso depende das experiências e concepções dos recém-desencarnados. Dessa forma, os cristãos
ortodoxos, por exemplo, poderão ter visões sobre o purgatório, o inferno ou mesmo o paraíso. Tudo isso varia
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Tibetano_dos_Mortos 3/7
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O livro tem como objetivo último anular a queda do ser que, alienado de
si pelo egoísmo, perambula no caminho da ignorância por efeito
da heresia da separatividade, estabelecendo na consciência a
reconciliação com a unicidade cósmica, o Macrobios, Deus, a Realidade
Fundamental que sustenta o todo do universo. O Bardo Thodol é um
guia para aquele que não havia tido a oportunidade de praticar em vida
o reconhecimento da natureza da mente. Ou seja, o livro é um guia para
que o recém-falecido não se perca em suas próprias criações mentais e
não caia em reinos inferiores de grande ignorância e sofrimento. Em um Yantra. Servindo como a
contexto mais amplo, o Bardo Thodol é um guia de transferência de representação matricial das
consciência, uma prática conhecida como Powa. A consciência do manifestações, acredita-se que
os yantras místicos revelam a base
falecido pode ser conduzida para uma "terra pura", onde ele teria a
interna e matricial das formas
oportunidade de praticar e reconhecer a natureza da mente, da qual ele do universo. Ele é tido também como a
teve um vislumbre como Clara Luz no início do bardo da morte. representação simbólica do aspecto de
divindades.
Essas indicações do Bardo Thodöl assemelham-se significativamente
às recentes pesquisas de Terapia de Vidas Passadas. Na TVP, acredita-
se que a alma se depara com suas criações mentais e expectativas e percebe aquilo mesmo que espera que
aconteça.
Acredita-se também que há semelhanças entre o conteúdo do Bardo Todhöl e as pesquisas sobre a ação das
moléculas de DMT na glândula pineal, bem como a relação das descrições do texto com as experiências
de êxtase divino, uso de substâncias enteógenas, transe ritualístico, projeção da consciência, etc.
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Tibetano_dos_Mortos 4/7
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O livro também menciona três outros bardos, ou estados intermediários de consciência no plano da vidaː
"Ó nobre filho, ouça atentamente sem distrair-te. Existem seis estados de Bardo, que são: o estado
natural do Bardo durante a vida; o Bardo do estado onírico (durante o sono); o Bardo do equilíbrio
extático (da profunda meditação); o Bardo do momento da morte (Chikhai Bardo); o Bardo da
experiência da Realidade (Chönyid Bardo); o Bardo do processo inverso da existência sangsárica
(ou o bardo do renascimento, Sidpa Bardo)... Ó nobre filho, é chegado o momento daquilo que
denominam "morte"... Não te apegues mais a esta vida por fraqueza ou covardia... Não sejas fraco,
não te apegues... Lembra-te que a preciosa verdade, agora, a ti se revelará..." [3] [p 71/72]
A eternidade da consciência: a consciência que perfaz a realidade para si mesma persiste após a morte. Essa
ideia é abordada em todo o livro, onde enfatiza claramente que a verdade não pode ser encontrada na rede de
ilusões do mundo, mas apenas no esplendor da percepção dos planos superiores, que se dá através da
ascensão da consciência (por via do conhecimento de si). Tanto o Hinduísmo, quanto o Budismo, afirmam que a
rede de ilusões do mundo é gerada pelos "infinitos e sedutores tentáculos" da deusa Mahamaya, o
Brahman dos Rishis, o Sonhador de Maya, o Tecelão da Teia das Aparências, pura ilusão do ciclo de
nascimentos e mortes – o Samsara.
A existência de outros planos de realidade além do plano físico. O Bardo Thodöl descreve os diversos estágios
ou níveis de percepção que se dão pela "ascensão" ou "queda" da consciência.
Uma metáfora para descrever a percepção da manifestação da essência divina, da qual o livro chama de Clara
Luz Primordial – a "luz que há no fim do túnel", como relatado em algumas experiências quase-morte. O livro
dizː “o teu ego e teu nome estão em fins de acabar. Estás pondo-te em frente à maravilhosa Clara Luz
Primordial.”[5]Para o lamas tibetanos, a compreensão da Clara Luz é o despertar do ser para a percepção de
sua verdadeira natureza; é a percepção da luz que surge da própria essencialidade de si (rigpa nu). Através da
identificação com este esplendor, o espírito obtém plena clareza sobre a realidade. O livro fala da existência da
Clara Luz, mas vai além: diz que os níveis dessa luminosidade se estabelecem pelos seis bardos da existência.
O livro afirma que a consciência adquire um estado de transcendência pura através do contato com a Clara Luz,
“quando o corpo e a mente se separam, experimentas uma rápida visão da Verdade pura, sutil, radiante,
brilhante, vibrante, gloriosa.”[3]
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Tibetano_dos_Mortos 5/7
26/12/2017 O Livro Tibetano dos Mortos – Wikipédia, a enciclopédia livre
pleno de consciência e realidade. “O intelecto brilhante é silencioso, inabalável e cheio de felicidade. Este é o
estado da perfeita iluminação, o encontro com a Clara Luz”.
O Livro Tibetano dos Mortos declara – assim como a TVP (Terapia de Vidas Passadas) – que é possível prever
a personalidade da próxima vida, segundo o fluxo kármico do espírito. O Bardo Thodöl não dá detalhes sobre
isso, mas afirma: "É chegado o tempo de retornar. Faça a seleção de tua futura personalidade de acordo com os
melhores ensinamentos. Escuta bem: os sinais e características do nível de existência a vir aparecerão ante a ti
em sinais premonitórios. Reconheça-os”.
Pouco antes do nascimento, o futuro encarnado se vê compelido e desejando unir-se a um feto. Nesse sentido,
o Livro Tibetano dos Mortos faz a seguinte afirmação: “Teu estado mental agora afetará seu posterior nível de
ser.” Isso pode demonstrar que antes do nascimento, e mesmo antes da fase intrauterina, nosso estado mental
e nossa predisposição psíquica podem influenciar a geração do feto, o nascimento e as tendências futuras.
Neste caso, é notório observar as semelhanças destas ideias com as atuais pesquisas psicológicas sobre
processos de regressão analítica à fase intrauterina.
Referências
1. ↑ Fremantle (2001: p.21): "Liberation is synonymous with the Sanskrit word bodhi, which means awakening,
understanding, or enlightenment, and with nirvana, which means blowing out or extinction: the extinction of illusion."
2. ↑ Dorje, Gyurme. "The Tibetan Book of the Dead.", A Brief Literary History of the Tibetan Book of the Dead. (Penguin
Classics Deluxe Edition, 2007). Traduzido para o inglês por Gyurme Dorje. ISBN 978-0-14-310494-0.
3. ↑ a b c WENTZ, Evans. O Livro Tibetano dos Mortos. [S.l.]: Pensamento
4. ↑ a b Coleman, Graham (2010). O Livro Tibetano dos Mortos. São Paulo: Martins Fontes
5. ↑ WENTZ, EVANS (2008). O Livro Tibetano dos Mortos. [S.l.]: Pensamento
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Tibetano_dos_Mortos 6/7
26/12/2017 O Livro Tibetano dos Mortos – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_Tibetano_dos_Mortos 7/7