Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
4. Pluralidade de normas
Um ordenamento jurídico parte do pressuposto de que exista um conjunto de normas. Como uma norma
tem uma das três funções, obrigar, proibir ou permitir, se houvesse norma única a regular as ações
humanas, teríamos:
1- Tudo é permitido (estado da natureza; negação de qualquer ordenamento);
2- Tudo é proibido (impossibilitaria vida social humana; apenas ações naturais);
3- Tudo é comandado (ações possíveis em conflito – inexequível uma delas).
Mesmo um ordenamento muito simples com apenas uma norma prescritiva de uma ação particular
implicaria em outra norma (ainda que não explícita) que exclui todas as demais ações (“x é obrigatório”
implica “não x é permitido”; ex. “não causar dano” implica em autorização a fazer tudo o que não cause
dano).
Além disso, Bobbio mostra que um ordenamento não contém apenas normas de conduta, mas também
as normas de estrutura ou de competência (prescrevem as condições e os procedimentos para produzir
normas de conduta válidas). Embora não seja possível um ordenamento com apenas uma norma de
conduta, é concebível um ordenamento com apenas uma norma de estrutura, por exemplo em uma
monarquia absoluta: é obrigatório tudo o que o soberano comanda. (o que poderia resultar em uma
grande variação de normas de conduta no tempo).
8. As fontes do Direito
Uma fonte do direito é um fato ou ato do qual o ordenamento jurídico faz depender a produção de
normas jurídicas.
O ordenamento jurídico regula o comportamento das pessoas (normas de conduta) e a maneira pela
qual são produzidas as regras (normas de estrutura). Esses dois tipos de norma existem em cada grau
normativo. Existem, portanto, não apenas as normas chamadas “imperativas” (ordem de fazer ou não
fazer) mas também as “imperativas de segunda instância” (ou seja, uma ordem a respeito de como criar
ordens). Bobbio identifica nove possíveis usos de uma imperativa de segunda instância: normas que
“mandam ordenar”, normas que “proíbem ordenar”, normas que “permitem ordenar”, normas que
“mandam proibir”, normas que “proíbem proibir”, normas que “permitem proibir”, normas que “mandam
permitir”, normas que “proíbem permitir”,e normas que “permitem permitir”.
9. Construção escalonada do ordenamento
Apesar da complexidade, o ordenamento não deixa de ter uma unidade. Isso se explica através da
construção escalonada do ordenamento, teorizada por Kelsen: as normas de um ordenamento possuem
uma hierarquia interna. Existem normas inferiores, que dependem de normas superiores, até chegar a
uma norma fundamental que garante a unidade do ordenamento. Sem essa norma fundamental, não
existiria um ordenamento, mas um amontoado de normas esparsas.
Exemplo: O cumprimento de uma regra prevista em contrato chama-se “ato executivo”. O ato executivo,
por sua vez, está subordinado às normas legislativas que disciplinam os contratos. As normas
legislativas, por sua vez, seguem uma fórmula determinada pelas leis constitucionais. Bobbio chama de
“produtoras” as normas constitucionais que geram normas inferiores. A diferenciação entre “execução” e
“produção” é relativa, pois uma norma geralmente é executora e produtora ao mesmo tempo. A única
norma que é apenas produtiva (ou seja, não é inferior a nenhuma outra) é a norma fundamental. A única
norma que é apenas executiva (ou seja, não é superior a nenhuma outra) é o ato executivo. A norma
produtora é a expressão de um poder; a execução revela o cumprimento de um dever.
1
É, de acordo com Bobbio, o mais interessante. O capítulo se deterá neste significado.
incompatibilidade das normas. (...). Dizer que as normas devam ser compatíveis não quer dizer
que se encaixem umas nas outras, isto é, que se constituam de um sistema dedutivo perfeito”
(p. 80).
15. As antinomias
15.1 Antinomia é o nome do tradicional problema que os juristas enfrentam: a dificuldade nas
situações de normas incompatíveis.
15.2 De acordo com o terceiro significado de sistema, o Direito não tolera antinomias.
15.3 Quatro figuras de qualificação normativa:
15.3.1 Obrigatório;
15.3.2 Proibido;
15.3.3 Permitido negativo;
15.3.4 Permitido positivo.
15.4 Considerando como normas incompatíveis aquelas que não podem ser ambas
verdadeiras, há incompatibilidade nos três casos a seguir:
15.4.1 Entre uma norma que ordena fazer algo e uma norma que proíbe fazê-lo;
15.4.2 Entre uma norma que ordena fazer e uma que permite não fazer;
15.4.3 Entre uma norma que proíbe fazer e uma que permite fazer.
2- As duas normas devem ter o mesmo âmbito de validade, que são distinguidas em 4 partes:
* Validade Temporal: “Proibido fumar das 5 às 7”, não é compatível com “Permitido fumar das 9
às 10”.
* Validade Espacial: “Proibido fumar na sala de cinema” não é compatível com “Permitido fumar
na sala de espera”.
* Validade Pessoal: “Proibido as crianças fumarem” não é compatível com “Permitido aos
adultos fumarem”.
* Validade Material: “Proibido fumar cigarros” não é compatível com “Permitido fumar charutos”.
29. A analogia
O método na autointegração se vale sobretudo de dois procedimentos: 1) a analogia; 2) os
princípios gerais do direito.
Analogia: aquele procedimento pelo qual se atribui a um caso não regulado a mesma disciplina
de um caso regulado de maneira semelhante. Relação de semelhança em vez de identidade.
É preciso que entre os dois casos não exista uma semelhança qualquer, mas uma semelhança
relevante, isto é, é preciso remontar aos dois casos a uma qualidade comum a ambos, que seja
ao mesmo tempo a razão suficiente pela qual foram atribuídas ao caso regulado àquela e não
outras consequências.
Analogia legis: extrai-se nova regra a partir da regra que se refere a um caso singular.
Analogia iuris: entende-se o procedimento com que se extrai um nova regra para um caso
imprevisto não a partir da regra que se refere a um caso singular.
Interpretação extensiva: é a opinião comum, embora às vezes contestada, que ela seja algo
diverso da analogia propriamente dita.
Distinção: referente aos diversos efeitos. O efeito da extensão analógica é a criação de uma
nova norma jurídica; o efeito da analogia propriamente dita é a extensão de uma norma a casos
não previstos por ela.
Primeiramente, (fora, Temer) vamos analizar dois ordenamentos que possuem espacialidade e
materialidade iguais, mas são temporalmente diferentes. Por exemplo, dois ordenamentos estatais que
se sucedem no tempo em um mesmo território. Para que se abandone um ordenamento jurídico em
função de outro nos deparamos com um caso de revolução. Entende-se jurídicamento por revolução, o
abatimento ilegítimo de um ordenamento jurídico preexistente, se pensado pelo ponto de vista do
ordenamento precendente; com respeito ao ordenamento posterior, a revolução é o próprio fundamento
da legitimidade de todo o ordenamento, é um fato constitutivo de Direito.
Existem algumas teorias para que revoluções sejam consideradas como fatos jurídicos: (1) segundo
Romano, a revolução é uma instituição, é uma organização estatal em embrião, por conseguinte, um
ordenamento jurídico em si mesma; (2) para Kelsen, a revolução é baseada no Direito Internacional: “ela
não é outra coisa senão um dos processos previstos, e portanto legítimos, mediante os quais pode ser
mudado um ordenamento jurídico estatal”. (3) Por fim, a teoria mais difundida argumenta que a
revolução é um fato jurídico do ponto de vista do próprio Direito interno ao Estado. Essa teoria considera
a necessidade como ponto fundamental para que uma revolução se encaixe com um fato legítimo e
jurídico.
Deve-se compreender que mesmo que ocorra a mudança de um ordenamento para outro, dentro de um
mesmo Estado, essa mudança não é absoluta. “No novo ordenamento tem lugar uma verdadeira e
autêntica recepção de boa parte do velho, (...) e isso não ofende em nada o seu caráter de novidade:
as normas comuns (...) pertencem apenas materialmente ao primeiro; formalmente, são todas normas
do novo, no sentido de que elas são válidas não mais com base na norma fundamental do velho, mas
com base na norma fundamental do novo ordenamento.”
Essas controvérsias surgem quando um dos sujeitos de uma relação jurídica é estrangeiro, ou se a
coisa a que se referem se encontra em um outro Estado. Em algum desses casos se apela para a
norma estrangeira, uma vez que, não tão raramente nos ordenamentos Estatais têm vigor normas de
outro ordenamento, ou seja, ocorre o reenvio de um ordenamento a outro. Analisando a natureza desse
reenvio, compreende-se que as normas de Direito Internacional Privado praticam o reenvio. Quando se
pratica o reenvio, o ordenamento não reenvia a maneira pela qual uma determinada matéria está
regulada, mas a fonte que a regula. Logo, as normas do Direito Internacional Privado, também
chamadas de normas sobre a produção jurídica, não tem a intenção de se apropriar das normas de
outros ordenamentos, mas indicam pura e simplesmente a fonte de onde a norma deverá ser tirada,
seja qual for o seu conteúdo.
Durante séculos foram propostos vários tipos de soluções, classicadas das maneiras mais variadas: (1)
reductio ad unum redução do Estado à Igreja (teocracia), redução da Igreja ao Estado
(cesaropapismo); (2) subordinação Estado subordina a Igreja, Igreja subordinada ao Estado; (3)
coordenação reconhecimento recíproco dos dois poderes, cadaum na própria ordem, independentes
e soberanos; (4) separação as Igrejas são consideradas associações privadas, às quais o Estado
reconhece a liberdade de desenvolver a sua missão dentro dos limites das leis (em voga nos Estado
Unidos).