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UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

FACULDADE DE FARMÁCIA

MARCOS MARTINS GOUVÊA

PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA ÁREA DE FARMÁCIA: PRODUTIVIDADE E


PERFIL DOS BOLSISTAS EM PESQUISA DO CONSELHO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

NITERÓI
2016
MARCOS MARTINS GOUVÊA

PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA ÁREA DE FARMÁCIA: PRODUTIVIDADE E


PERFIL DOS BOLSISTAS EM PESQUISA DO CONSELHO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

Trabalho de Conclusão de Curso submetido


ao Curso de Farmácia da Universidade
Federal Fluminense como requisito parcial
para obtenção do Título de Bacharel em
Farmácia.

Orientadora: Samanta Cardozo Mourão


Coorientadora: Flávia Ferreira de Carvalho Marques

NITERÓI
2016
MARCOS MARTINS GOUVÊA

PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA ÁREA DE FARMÁCIA: PRODUTIVIDADE E


PERFIL DOS BOLSISTAS EM PESQUISA DO CONSELHO NACIONAL DE
DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (CNPq)

Trabalho de Conclusão de Curso submetido


ao Curso de Farmácia da Universidade
Federal Fluminense como requisito parcial
para obtenção do Título de Bacharel em
Farmácia.

Aprovado em 16 de fevereiro de 2016.

Banca Examinadora:

_______________________________________________________________
Profa. Dra. Samanta Cardozo Mourão (Orientadora)
Faculdade de Farmácia – UFF

_______________________________________________________________
Profa. Dra. Flávia Ferreira de Carvalho Marques (Coorientadora)
Instituto de Química – UFF

_______________________________________________________________
Profa. Dra. Kátia Gomes de Lima Araújo
Faculdade de Farmácia – UFF

_______________________________________________________________
Profa. Dra. Gabriela Bittencourt Gonzales Mosegui
Faculdade de Farmácia – UFF

_______________________________________________________________
Ma. Catarina Amorim Oliveira
Instituto Federal do Rio de Janeiro – IFRJ
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer aos meus pais, Edineuza e Edilson, por sempre estarem ao
meu lado e por terem me apoiado em mais uma vitória.

À professora Samanta, por ter me acolhido e ter me dado às condições para eu


continuar exercendo as atividades que eu sou apaixonado a fazer.

À professora Flávia, por ter me dado a primeira oportunidade dentro do mundo da


pesquisa. Por ter reconhecido em mim um potencial que nem eu mesmo imaginava possuir e
ter investido na minha formação desde muito jovem.

Aos professores Carlos Peregrino e Elizabeth Valverde, por terem me recebido no


Laboratório Universitário Rodolpho Albino (LURA).

Aos amigos que a vida me proporcionou, obrigado pela contribuição que cada um
teve para me ajudar a chegar até aqui.

Ao meu grande amigo Lucas Oliveira, por ser um companheiro dentro e fora da
vida profissional e ter me dado uma enorme contribuição para a realização desse trabalho.

Aos meus amigos do LURA, Larissa, Carol, Paula, Heloísa, Thalita, Ian, Vitor,
Lívia, Sarah, Thais e Mitrof, pelo companheirismo diário e pelo aprendizado que adquiri junto
a cada um de vocês.

A todos os colegas do LaQAFA, em especial àqueles com quem eu trabalhei


diretamente, Annibal, Virgínia, Glayce, Carol, Gabriel, Flávio e Catarina, por terem contribuído
para ser quem eu sou hoje.
“Existem muitas hipóteses em ciência que estão
erradas. Isso é perfeitamente aceitável, elas são a
abertura para achar as que estão corretas.”
Carl Sagan
RESUMO

A crescente produção científica mundial trouxe a preocupação em se criar métodos avaliativos


para a produtividade e desempenho de periódicos científicos, pesquisadores, universidades e
países. Surgiram então os indicadores bibliométricos como uma tentativa de traduzir com
precisão a quantidade e a relevância da pesquisa desenvolvida. Esse instrumento de medição e
qualificação da ciência é o principal parâmetro utilizado para a formulação de políticas
científicas e tecnológicas, que têm como objetivo a distribuição de recursos públicos para
financiar o seu progresso. No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), uma das agências responsáveis pelo fomento à pesquisa, distribui bolsas
de produtividade em pesquisa como uma forma de incentivo e reconhecimento a pesquisadores
com elevado destaque de produtividade em suas áreas. A área de Farmácia, uma das divisões
da Grande Área de Ciências da Saúde, apresenta 156 bolsistas ativos que, dada à extensa
interdisciplinaridade de atuação, desenvolvem seus trabalhos em uma grande diversidade de
linhas de pesquisa. Esse trabalho buscou, por meio do perfil dos bolsistas em pesquisa da área
de Farmácia do CNPq, conhecer melhor os seus índices de produtividade e o caráter das
pesquisas desenvolvidas, apresentando uma visão crítica sobre os indicadores e como eles
influenciam no processo científico atualmente. Os resultados mostraram que esses
pesquisadores são, em sua maioria, do sexo feminino, com doutorado concluído na região
Sudeste (principalmente, na USP) e desenvolvem suas atividades de pesquisa nas regiões Sul e
Sudeste. A maior parte dos seus trabalhos é publicada em periódicos classificados como Qualis
B1 e B2 na área de Farmácia da CAPES, apresentando grande prevalência de revistas científicas
nacionais e/ou especializadas na linha de pesquisa em plantas medicinais. Além disso,
apresentam índices de orientação e produtividade muito dependentes da categoria e do nível de
bolsa com a qual foram contemplados. A evolução desses dados deve ser avaliada
continuamente para determinar a influência das bolsas de produtividade do CNPq sobre o
desempenho e a estratificação dos pesquisadores na área de Farmácia no Brasil.

Palavras-chaves: farmácia, produtividade em pesquisa, indicadores bibliométricos.


ABSTRACT

The growing global scientific production brought the concern to create evaluative methods for
productivity and performance of scientific journals, researchers, universities and countries.
Then, bibliometric indicators were made to accurately translate the quantity and relevance of
the developed research. This instrument for measurement and qualification of science is the
main parameter used for the formulation of science and technology policies, which are aimed
at the distribution of public funds to finance its progress. In Brazil, the National Council for
Scientific and Technological Development (CNPq), one of the agencies responsible for
fostering scientific research, distributes productivity scholarships in research as a form of
encouragement and recognition to researchers with high outstanding productivity in their areas.
The Pharmacy area, one of the divisions of the Health Sciences Great Area, has 156 active
fellows who, given the extensive interdisciplinary activities, develop a wide range of research
lines. This study sought, through the profile of the Productivity Researches of CNPq Pharmacy
area, to better know about their productivity levels and the nature of the research that is
developed, presenting a critical view of the indicators and how they influence the current
scientific process. The results showed that these researchers are mostly female, with doctorate
completed in the Southeast region (mainly in USP) and with research activities developed in
the South and Southeast regions. Most of their work is published in journals classified as Qualis
B1 and B2 in the CAPES Pharmacy area, with high prevalence of publications in national
journals and / or specialized in the line of research on medicinal plants. Besides, they feature
much dependence on advising and productivity indexes related to the category and level of
research scholarship. The evolution of such data must be continually evaluated to determine the
influence of CNPq productivity scholarships on performance and stratification of researchers
at the Pharmacy area in Brazil.

Key words: pharmacy, research productivity, bibliometric indicators


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Representação artística de uma botica na cidade do Rio de Janeiro (Debret, 1823).18

Figura 2: Capas dos dois primeiros periódicos científicos publicados: (a) Journal de Sçavans e
(b) Philosophical Transactions, publicados em Paris e Londres, respectivamente, no ano de
1665 ......................................................................................................................................... 23

Figura 3: Capa do primeiro periódico científico brasileiro destinado exclusivamente a temas


científicos: Revista do Observatório, publicada pelo Imperial Observatório do Rio de Janeiro
entre 1886 e 1891 .................................................................................................................... 24

Figura 4: Número de publicações científicas e posição mundial do Brasil entre os países com
maiores produções científicas entre 1978 e 2014, segundo Thomson ISI e o portal SJR ........ 27

Figura 5: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função da categoria das


universidades em que exercem as atividades de pesquisa (n = 156) ...................................... 36

Figura 6: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função das Unidades de Federação


(n = 156) ................................................................................................................................. 38

Figura 7: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função do PIB das regiões brasileiras
(n = 156) ................................................................................................................................. 39

Figura 8: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função das universidades brasileiras


de conclusão do doutorado (n = 156) ..................................................................................... 40

Figura 9: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de bolsa de


produtividade do CNPq em função do gênero (n = 156) ........................................................ 42

Figura 10: Distribuição dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de bolsa
de produtividade do CNPq relacionando o número de orientações de mestrado e doutorado
concluídas e o tempo como professor em anos (n = 156) ...................................................... 44

Figura 11: Número de publicações de artigos e patentes dos bolsistas PQ da área de Farmácia
em cada categoria/nível de bolsa de produtividade do CNPq ................................................ 45
Figura 12: Número de periódicos classificados nos níveis de hierarquização do Qualis-
periódicos da CAPES na área de Farmácia em 2014 (n = 1199) ............................................ 46

Figura 13: Número de publicações dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada


categoria/nível de bolsa de produtividade do CNPq em função do Qualis dos periódicos .... 47

Figura 14: Fator de impacto médio das publicações de cada bolsista PQ da área de Farmácia
em função de cada categoria/nível de bolsa de produtividade do CNPq ................................ 51

Figura 15: Índice-h médio dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de
bolsa de produtividade do CNPq (n = 156) ............................................................................ 53

Figura 16: Índice-m médio dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de
bolsa de produtividade do CNPq (n = 156) ............................................................................ 54

Figura 17: Distribuição dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de bolsa
de produtividade do CNPq relacionando os índice-h com as idades científicas (n = 156) .... 56

Figura 18: Comparação dos índices-h e índices-m em cada categoria/nível de bolsa PQ nas áreas
de Farmácia e Química, segundo o WoS ................................................................................. 58
LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1: Distribuição dos bolsistas PQ da área de Farmácia em função da categoria/nível da


bolsa, universidade e unidade federativa ................................................................................ 37

Quadro 2: Listagem dos periódicos científicos sem classificação Qualis na área de Farmácia,
com seus respectivos fatores de impacto (FI), em função do número de publicações dos bolsistas
PQ da área de Farmácia .......................................................................................................... 49

Quadro 3: Listagem dos periódicos científicos, com seus respectivos fatores de impacto (FI) e
classificação Qualis na área de Farmácia, com o maior número de publicações dos bolsistas PQ
da área de Farmácia ................................................................................................................. 50

Tabela 1: Valores de Fcal, Fcrit e valor-P da ANOVA para a comparação entre as médias dos
índices-h dos bolsistas PQ da área de Farmácia nas bases WoS e Scopus .............................. 54

Tabela 2: Valores de Fcal, Fcrit e valor-P da ANOVA para a comparação entre as médias dos
índices-m dos bolsistas PQ da área de Farmácia nas bases WoS e Scopus ............................. 55

Quadro 4: Comparação entre o perfil e a produtividade dos bolsistas PQ em áreas selecionadas


do CNPq ................................................................................................................................. 59
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA – Análise de Variância

ARC – Auxílio a Pesquisador Recém-Contratado

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CFF – Conselho Federal de Farmácia

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

FAPERJ – Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FI – Fator de Impacto

ISI – Institute for Scientific Information

PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional

PIB – Produto Interno Bruto

PNPG – Plano Nacional de Pós-Graduação

PQ – Produtividade em Pesquisa

SJR – SCImago Journal & Country Rank

SNIP – Source Normalized Impact per Paper

SUS – Sistema Único de Saúde

USP – Universidade de São Paulo

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UEM – Universidade Estadual de Maringá

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais


UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFPB – Universidade Federal da Paraíba

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFSM – Universidade Federal de Santa Maria

UFG – Universidade Federal de Goiás

UFC – Universidade Federal do Ceará

UFPR – Universidade Federal do Paraná

UFAL – Universidade Federal de Alagoas

UNIFAL – Universidade Federal de Alfenas

UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí

UFS – Universidade Federal de Sergipe

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UNIFAP – Universidade Federal do Amapá

UFVJM – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

UEL – Universidade Estadual de Londrina

UFAM – Universidade Federal do Amazonas

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados

UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto

UFPI – Universidade Federal do Piauí


UFSJ – Universidade Federal de São João Del Rei

UFV – Universidade Federal de Viçosa

UNB – Universidade de Brasília

UNISO – Universidade de Sorocaba

UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco

URCA – Universidade Regional do Cariri

UFES – Universidade Federal do Espírito Santo

WoS – Web of Science


SUMÁRIO

RESUMO .................................................................................................................................. 6
ABSTRACT .............................................................................................................................. 7
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 8
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. 11
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 15
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ....................................................................................... 17
2.1. HISTÓRICO DA PROFISSÃO E A PESQUISA EM FARMÁCIA NO BRASIL ....... 17
2.2. SOCIOLOGIA DA CIÊNCIA E CIENTOMETRIA ..................................................... 20
2.3. BREVE HISTÓRICO SOBRE OS PERIÓDICOS CIENTÍFICOS .............................. 22
2.4. PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA .................................................................. 26
2.5. INDICADORES BIBLIOMÉTRICOS ......................................................................... 28
3. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ....................................................................................... 31
3.1. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 31
3.2. OBJETIVO GERAL ...................................................................................................... 32
3.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 32
4. MÉTODOS .......................................................................................................................... 33
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 34
5.1. VISÃO GERAL DA PRESENÇA DE FARMACÊUTICOS ENTRE OS BOLSISTAS
DE PRODUTIVIDADE DO CNPq ...................................................................................... 34
5.2. DISTRIBUIÇÃO DOS BOLSISTAS ............................................................................ 35
5.3. GÊNERO DOS BOLSISTAS ........................................................................................ 41
5.4. ORIENTAÇÕES DE MESTRADO E DOUTORADO CONCLUÍDAS ...................... 43
5.5. ÍNDICES DE PRODUTIVIDADE ............................................................................... 44
5.6. A ÁREA DE FARMÁCIA EM PERSPECTIVA DAS DEMAIS ÁREAS DO CNPq .. 56
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 61
ANEXOS ................................................................................................................................. 68
15

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento científico pressupõe a divulgação de todo conhecimento gerado


para o domínio da comunidade. Não existe justificativa para uma atividade científica que não
seja compartilhada, mesmo quando se tratam de inovações tecnológicas que podem gerar
produtos de elevado interesse econômico. Nesses casos, o depósito de patentes é uma maneira
de apresentar o trabalho desenvolvido e proteger a inovação, com a garantia de exclusividade e
retorno financeiro durante o período da vigência patentária. A comunicação dos resultados
alcançados por uma pesquisa normalmente acontece na forma escrita, pois representa a forma
mais acessível da informação produzida para a comunidade científica (SCHWARTZMAN &
CASTRO, 1986).

As publicações científicas se tornaram indicadores de produção para medir e


comparar a produtividade e o desempenho de periódicos, pesquisadores, grupos de pesquisa,
programas de pós-graduação, instituições e países, sendo objetos de estudo das disciplinas de
bibliometria e cientometria (NARIN, 1978; MACIAS-CHAPULA, 1998). Segundo Silva e
colaboradores (2011), a bibliometria pretende quantificar a atividade científica através de
técnicas estatísticas para contagem de publicações e referências bibliográficas, enquanto a
cientometria faz parte da Sociologia da Ciência e se sobrepõe de certa forma à bibliometria,
uma vez que procura estudar os aspectos quantitativos da ciência, incluindo as publicações,
com o objetivo de avaliar e medir a comunicação científica, tendo impacto direto na formulação
de políticas científicas (SILVA, 2011).

O amadurecimento da pós-graduação brasileira nas últimas décadas foi um dos


principais fatores que alavancaram a produção científica nacional e fizeram o Brasil alcançar
os níveis dos países mais produtivos do mundo. Entre 1976 e 2011, o número de cursos de pós-
graduação passou de 699 para 4.663, um aumento de 567% no período. Se no final da década
de 1970 a pós-graduação se desenvolvia de maneira espontânea e desorganizada, nas décadas
seguintes, com os Planos Nacionais de Pós-Graduação (PNPG), buscou-se institucionalizar essa
formação e a alinhá-la ao desenvolvimento do sistema educacional e da ciência e tecnologia,
visando posteriormente a criação do cenário para alcançar a autonomia nacional (PHILIPPI
JÚNIOR & SOBRAL, 2012).

A criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,


antigo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), em 1951 pela Lei nº 1.310 representou um
16

marco nas políticas de ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Desde então, a agência é o
principal órgão brasileiro de fomento à ciência e tecnologia a nível nacional (BRASIL, 1951).
As divisões científicas da entidade são categorizadas em Grandes Áreas, Áreas e Subáreas de
Conhecimento. Algumas das Grandes Áreas incluem as Ciências Humanas, Ciências Sociais
Aplicadas, Ciências Agrárias, Ciências da Saúde, Ciências Biológicas, Ciências Exatas e da
Terra, Engenharias, Tecnologias e Linguística, Letras e Artes. A Farmácia é uma das 9 áreas
contempladas na Grande Área de Ciências da Saúde e se subdivide ainda em mais 9 subáreas
de especialização das linhas de pesquisa (CNPq, 2016).

Além das diversas áreas de pesquisa, segundo o Conselho Federal de Farmácia


(CFF), um profissional da área farmacêutica está apto a atuar em 72 atividades diferentes
(ANEXO 1), que perfazem não somente todas as etapas de desenvolvimento e dispensação do
medicamento como o elemento central do processo curativo da doença, como também
permitem a atuação do farmacêutico como um dos atores para a promoção da saúde e bem-estar
da sociedade, que envolvem proteção, promoção e recuperação da saúde.

Com o progresso das grandes áreas do conhecimento - incluindo as Ciências da


Saúde, na qual a Farmácia está inserida - e o surgimento e crescimento de novas subáreas, a
produção científica tem aumentado nos últimos anos, estimulando a criação e aplicação de
métodos para quantificação, controle e avaliação dos artigos científicos produzidos, assim como
para avaliação do desempenho dos pesquisadores (SANTOS, 2012; HAYASHI, 2012). Assim,
o objetivo deste trabalho é utilizar os métodos bibliométricos mais consagrados e avaliar o perfil
dos pesquisadores contemplados com bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq, de modo
a estabelecer um panorama qualitativo e quantitativo sobre a produção de conhecimento na área
de Farmácia no Brasil.
17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Histórico da profissão e a pesquisa em Farmácia no Brasil

No período pré-colonial, a doença e a restauração da saúde eram concebidas como


resultado de uma intervenção “mágico-religiosa”, onde os pajés, feiticeiros e sacerdotes eram
os principais responsáveis pelo domínio do seu conhecimento. Nessa época, a flora nativa era
a fonte dos remédios para o tratamento das enfermidades e pode ser considerada como a
farmácia primitiva brasileira. A colonização portuguesa trouxe a figura do boticário para o
Brasil, que era um indivíduo dotado de treinamento formal na metrópole, ou então, treinado
diretamente na colônia por outro boticário já examinado, e era responsável pela comercialização
de produtos destinados ao tratamento de doenças. Essa função foi inicialmente exercida pelos
jesuítas, que assumiam a atividade de cuidadores juntamente às suas atividades religiosas
(SANTOS, 1993).

Os boticários eram proprietários de estabelecimentos conhecidos como boticas,


imóveis situados em pontos centrais da cidade, com dois cômodos, sendo um com os
medicamentos expostos à venda e o outro um laboratório para a manipulação das preparações
curativas (Figura 1). As boticas também funcionavam como um local de integração social da
comunidade, onde os homens se reuniam para conversar, debater política e religião e se dedicar
a jogos de dados e cartas. No século XVIII, vários boticários faziam parte da Sociedade
Literária do Rio de Janeiro e, uma vez que não havia imprensa na época, usavam o espaço dos
seus estabelecimentos para a divulgação de ideias e o debate de temas proibidos que, mais tarde,
levariam às condições para a Independência do Brasil (EDLER, 2006).

A partir de 1774, Dom João V proibiu a distribuição de medicamentos por


estabelecimentos não autorizados, prevendo a aplicação de multas e a apreensão de estoques.
Surgia nesse momento a figura do Boticário Responsável, que tinha como atribuições a
produção, prescrição e administração de medicamentos em boticas com concessão legal de
funcionamento. Ainda sob o domínio da Coroa Portuguesa, os boticários eram obrigados a
utilizar a Pharmacopéia para o Reino e Domínios de Portugal, que vigorou até 1837, quando
foi substituída pela Farmacopeia Francesa (NAPP, 2012).
18

Figura 1: Representação artística de uma botica na cidade do Rio de Janeiro (Debret, 1823).
Fonte: CRUZ, 2016.

A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, marcou a criação da


primeira indústria farmacêutica em solo nacional, o Laboratório Químico Farmacêutico do
Exército, por ordem de Dom João VI. Nas escolas do Rio de Janeiro e da Bahia, foram incluídas
uma cadeira para o ensino de Farmácia; e o primeiro curso destinado exclusivamente para a
formação desses profissionais foi criado em 1832, também nas mesmas faculdades. A partir
desse momento, começou-se a se fazer distinção entre o profissional farmacêutico, de quem era
exigido diploma para atuação, e o boticário, a quem era concedido alvará de reconhecimento
da competência profissional, função esta que foi lentamente desaparecendo no cenário
brasileiro (NAPP, 2012).

A primeira Escola de Farmácia foi criada em 1839, em Ouro Preto, e, em 1851,


foram criadas a primeira sociedade e a primeira revista de farmácia (Revista Pharmacêutica,
jornal da Sociedade Pharmacêutica Brasileira) (CARVALHO, 1952). No ano de 1896, foi
fundada a segunda Escola de Farmácia, em Porto Alegre, e a Bayer se instalou em São Paulo.
A primeira Farmacopeia Brasileira, de autoria única do farmacêutico Rodolpho Albino, foi
criada em 1926 e adotada de forma obrigatória a partir de 1929. Em 1931, foram promulgados
os Decretos nº 19.606 e nº 20.377, que regulamentavam o exercício da profissão farmacêutica,
estabelecendo as competências e as normas que deveriam ser seguidas (NAPP, 2012).
19

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, e com ápice nos anos de 1970, houve
grande impulso da Indústria Farmacêutica e do desenvolvimento da síntese química,
consolidando-se a industrialização do medicamento como a principal forma de produção e
apresentação dos medicamentos à população. A Indústria Farmacêutica se expandiu e dominou
a cadeia produtiva e comercial do medicamento, controlando a matéria-prima, a tecnologia dos
produtos sintéticos e o mercado nacional (SANTOS, 1993).

A Farmácia Magistral teve intenso declínio durante esse período e a profissão


passou por uma profunda crise de identidade durante as décadas seguintes. Isso levou à
necessidade de diversificação da formação e atuação dos farmacêuticos, surgindo as figuras do
farmacêutico industrial e do farmacêutico bioquímico. As farmácias se transformaram em
meros estabelecimentos comerciais para a venda de medicamentos, sem a tradicional
proximidade da relação do farmacêutico com o paciente, que foi perdendo progressivamente
seu espaço dentro da equipe multidisciplinar de saúde (SATURNINO, 2012).

No final da década de 1980, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e a


emergência de uma nova concepção de saúde, o papel do farmacêutico não poderia ficar restrito
apenas a funções tecnicistas e burocráticas que haviam sido adquiridos até aquele momento.
Exigiu-se desse profissional a retomada das raízes da sua profissão. O reconhecimento da
necessidade de voltar a atuar junto à comunidade levou ao ressurgimento da Assistência
Farmacêutica no Brasil, diretamente relacionada às atividades em saúde coletiva
(SATURNINO, 2012). Em suma,

“É preciso que essa profissão volte a ter seu reconhecimento no


Brasil, pois suas bases estão ligadas à pesquisa, à manipulação, à produção, à
atenção farmacêutica, à farmacologia clínica e à “dispensação” dos
medicamentos essenciais às ações de saúde. Deve ser considerada como um
exercício profissional de forma semelhante a qualquer outra profissão da área
da saúde, onde o profissional é responsável por satisfazer as necessidades de
cuidado específico de cada paciente, indo ao encontro de uma necessidade
social única, feita por meio da aplicação de conhecimento e habilidades
especificas, proporcionando ao paciente, as necessidades relacionadas ao
bem-estar geral” (COELHO, ZANATTO & MATIAS, 2007).

A profissão farmacêutica envolve uma grande diversidade de atividades. Isso


também é refletido na atuação em pesquisa cientifica. Atualmente, o CNPq divide a área de
Farmácia em 9 subáreas: Avaliação e Análises Toxicológicas; Bromatologia; Farmácia Clínica,
Assistência e Atenção Farmacêuticas; Farmacognosia; Farmacotécnica e Tecnologia
20

Farmacêutica; Fisiopatologia e Diagnóstico Laboratorial; Garantia e Controle de Qualidade


Farmacêuticos; Química Farmacêutica Medicinal; e Tecnologia. Essas subdivisões da área
representam também as principais linhas de pesquisa e especialização do pesquisador em
Farmácia e, sendo assim, constituem o arcabouço para a criação, implementação e
funcionamento de programas de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas (CNPq, 2016).
A avaliação do triênio 2010-2012 da CAPES classificou 76 modalidades de pós-
graduação em Farmácia, sendo 27 programas de Doutorado, 46 programas de Mestrado
Acadêmico e 3 programas de Mestrado Profissional, distribuídos em 36 instituições por todas
as 5 regiões brasileiras e o Distrito Federal. Destes, seis foram classificados com conceito 7
(7,9%): os programas de Mestrado e Doutorado em Ciências Farmacêuticas da UFRGS e em
Ciências Farmacêuticas e Farmácia (Análises Clínicas) da USP; oito foram classificados com
conceito 6 (10,5%): os programas da UFPB, UNESP e USP (2 de mestrado e 2 de doutorado);
14 obtiveram conceito 5 (18,4%); 30, conceito 4 (39,5%); e 18, conceito 3 (23,7%) (CAPES,
2016).

Embora apresente diversos programas especializados em subáreas específicas da


área de Farmácia, a pós-graduação é majoritariamente formada por programas denominados de
“Ciências Farmacêuticas” ou “Farmácia” (60,5%) (CAPES, 2016). Isso indica que, além da
graduação, procura-se também proporcionar na pós-graduação em Farmácia a possibilidade de
uma formação interdisciplinar, que é característica inerente do profissional e/ou pesquisador
formado nessa área de conhecimento.

A CAPES apresenta também uma área de avaliação denominada “Interdisciplinar”,


que contempla programas caracterizados pela atuação em mais de uma área de conhecimento.
A área básica de interação “Saúde e Biológicas” apresenta 79 programas e representa a principal
categoria interdisciplinar com pesquisa em Farmácia (CNPq, 2016).

2.2. Sociologia da Ciência e Cientometria

A visão mais moderna da Sociologia da Ciência compreende a ciência como fruto


de um processo histórico influenciado diretamente por questões da sociedade, e reconhece o
seu papel nos processos sociais de dominação. Esse pensamento é divergente daquele postulado
por Robert Merton, considerado o pai desse segmento científico, o qual fazia uma distinção
rígida entre Sociologia e Epistemologia e considerava que a “boa ciência” se pautava em
21

princípios morais que a fariam neutra, acima de conflitos sociais e a serviço da comunidade.
Nessa visão atual, a sociedade é considerada o sujeito do conhecimento científico, um
fenômeno de ocorrência natural, que passa por uma perspectiva antropológica do próprio
pesquisador, e no qual o consenso científico é resultado da negociação e do debate, ou seja, do
construtivismo social da ciência (SANTOS, 1978; HAYASHI, 2012). A cientometria,
denominada de “ciência das ciências” por Derek Price (1963), é um dos conceitos pautados e
tem como fonte os arquivos gerados pelo desenvolvimento da ciência para a realização de toda
análise quantitativa possível, sem observar diretamente a atividade científica desenvolvida
(PRICE, 1963 apud SANTOS, 2003; HAYASHI, 2012).

A Sociologia da Ciência busca entender também a estratificação social existente na


carreira científica e estuda os motivos pelos quais diferentes níveis de sucesso são alcançados
pelos cientistas atualmente. Merton (1968) introduziu o conceito de sistema de recompensas
como uma prática de reconhecimento para premiar o bom desempenho de um cientista em sua
área de atuação. Entretanto, ele próprio adicionou um princípio a esse sistema para explicar um
fenômeno que ocorre no meio científico, ao qual denominou “Efeito Mateus”, em alusão ao
trecho bíblico do Evangelho de Mateus: “Porque a todo aquele que tem, muito se lhe dará e terá
em abundância; mas ao que não tem, até o pouco lhe será tirado” (MERTON, 1968 apud
SANTOS, 1978; HAYASHI, 2012).

Essa analogia significa que pesquisadores mais experientes que já alcançaram certo
reconhecimento sempre serão favorecidos nesse sistema, ou seja, uma vez que os indicadores
bibliométricos são utilizados para medir o desempenho e selecionar aqueles que serão
contemplados com recursos financeiros, que não costumam estar disponíveis em abundância,
torna-se cada vez mais difícil para jovens pesquisadores se estabelecerem no início da carreira
e, assim, as diferenças tenderiam a se acentuar com o tempo. Isso quer dizer que a oportunidade
inicial concedida na carreira será determinante para o sucesso científico alcançado pelo
pesquisador (SANTOS, 1978).

Algumas iniciativas foram adotadas para minimizar essa disparidade na profissão


científica. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a Fundação Carlos Chagas Filho de
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) fornece modalidades de auxílio
financeiro exclusivamente voltadas para jovens pesquisadores, como o Auxílio a Pesquisador
Recém-Contratado (ARC) e o Jovem Cientista do Nosso Estado (FAPERJ, 2016). O Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) de diversas universidades brasileiras também prevê o
22

financiamento a jovens pesquisadores por meio de programas de incentivo à execução de


projetos de pesquisa destinados a docentes recém concursados (UFF, 2010).

Price (1975, apud HAYASHI, 2012) analisou de maneira semelhante as publicações


científicas, transferindo o conceito de Efeito Mateus para as leis bibliométricas. Ele sugeriu que
as citações a um artigo científico deixavam de ser feitas exclusivamente com base no mérito do
trabalho com o tempo. Se o artigo alcançasse certo número de citações logo ao ser publicado,
as citações mais posteriores eram devidas a um senso comum em relação àquele assunto e autor,
ou seja, não haveria contestação se fosse usada como referência. O mesmo aconteceria com
periódicos científicos, haveria uma tendência em citar trabalhos publicados em periódicos mais
consagrados por serem considerados irrefutáveis. Desse modo, os indicadores bibliométricos
se manteriam favoráveis a esses periódicos, enquanto aqueles que poderiam ter trabalhos
citáveis de qualidade equiparável continuariam com índices baixos.

Um conceito mais moderno, que diverge parcialmente do pensamento de Merton,


foi apresentado por Bourdieu (1983, 2004) como a “luta concorrencial pelo monopólio da
autoridade científica, que é a soma da capacidade técnica e do poder social”, ou seja, a
influência que o pesquisador é capaz de exercer perante os seus semelhantes é apontada como
um dos fatores relacionados ao sucesso que pode alcançar. Ele também afirmou que existem
temas de pesquisa escolhidos por serem populares em determinado tempo histórico
(mainstreams da ciência), e assim, a pesquisa desenvolvida nessa área renderia mais
publicações e citações, fazendo do pesquisador mais bem sucedido na sua área de atuação
(BOURDIEU, 1983; BOURDIEU, 2004 apud HAYASHI, 2012).

2.3. Breve histórico sobre os periódicos científicos

Os dois primeiros periódicos científicos surgiram no ano de 1665 com apenas 2


meses de diferença: o Journal des Sçavants, publicado semanalmente em Paris e que tratava
sobre física, química, anatomia e meteorologia, tendo também seções de decisões legais,
teologia e necropsia de cientistas famosos; e o Philosophical Transactions da Royal Society of
London, publicado mensalmente em Londres, e inspirado no jornal francês, porém tratando
apenas sobre descobertas científicas (Figura 2). O jornal britânico é considerado o protótipo das
revistas científicas atuais, introduzindo os conceitos de prioridade científica e revisão por pares
dos trabalhos submetidos para publicação (STUMPF, 1996; e SPINAK & PACKER, 2015). Ao
23

longo dos últimos 350 anos, muitos cientistas que revolucionaram suas áreas de atuação
publicaram trabalhos nesse periódico, incluindo Isaac Newton, Benjamin Franklin, Charles
Darwin, James Maxwell, Alan Turing e Stephen Hawking. Ambas as revistas pioneiras
perduraram e ainda são regularmente publicadas atualmente (STUMPF, 1996).

(a) (b)
Figura 2: Capas dos dois primeiros periódicos científicos publicados: (a) Journal de Sçavans
e (b) Philosophical Transactions, publicados em Paris e Londres, respectivamente, no ano de
1665. Fonte: TUFFANI, 2015.

Em 1760, existiam cerca de apenas 10 periódicos científicos em todo o mundo e,


segundo Price (1975), esse número cresceu exponencialmente em um fator de 10 a cada meio
século entre 1750 e 1950. Bourne (1962) estimou, no ano de publicação do seu trabalho, que
havia cerca de 35 mil periódicos no mundo, enquanto Carpenter e Narin (1982) reportaram que
havia cerca de 43 mil na British Library Lending Division, que cobria uma extensa indexação
ao redor do mundo, no ano de 1981. Mabe e Amin (2001) avaliaram não somente a quantidade,
como também, a qualidade dos periódicos científicos através da classificação como revisados
ou não por pares, de acordo com a Ulrich’s International Periodicals Directory on CD-ROM.
Os resultados mostraram que havia mais de 165 mil periódicos não revisados por pares,
enquanto apenas 11 mil passavam por esse crivo científico no ano de 1996. Em 2010, Larsen e
von Ins reportaram que existiam cerca de 24 mil periódicos considerados “sérios”, ou seja,
revisados por pares.
24

É difícil precisar com exatidão o surgimento dos primeiros periódicos científicos


no Brasil. Um levantamento do catálogo da Biblioteca Nacional mostrou que dos 7.000
periódicos brasileiros existentes durante o século XIX, cerca de 300 tratavam sobre ciência.
Entretanto, a abordagem em relação à ciência proposta por essa mídia era muito discreta, com
apenas algumas poucas notícias ou curiosidades científicas. Merecem destaque a criação da
Revista Brazileira – Jornal de Sciencias, Letras e Artes em 1857, que contava com a
participação de diversos intelectuais da época e trouxe importante contribuição para a
divulgação científica no país; e a Revista do Rio de Janeiro em 1876, que foi lançada com o
intuito de popularizar o acesso à ciência no Brasil (MOREIRA & NASSARANI, 2007).

No ano de 1886, foi criada a Revista do Observatório, uma publicação mensal


destinada a público especializado que, ao contrário dos periódicos da época, era exclusivamente
voltada para temas científicos (Figura 3). Além de descrever trabalhos de pesquisa
desenvolvidos no próprio Observatório, também tratava sobre os avanços mais recentes em
astronomia, meteorologia e física no mundo. Esse periódico teve suas atividades encerradas no
ano de 1891 (MOREIRA & NASSARANI, 2007). O Observatório Nacional também é o
responsável pela publicação do periódico científico mais antigo ainda em circulação no Brasil:
o Anuário do Observatório Anual, publicado ininterruptamente desde 1885 (ANJOS, 2015).

Figura 3: Capa do primeiro periódico científico brasileiro destinado exclusivamente a temas


científicos: Revista do Observatório, publicada pelo Imperial Observatório do Rio de Janeiro
entre 1886 e 1891. Fonte: OBSERVATÓRIO NACIONAL, 2010.
25

Um problema enfrentado historicamente para a projeção da pesquisa desenvolvida


nos “países periféricos” é a questão da penetrabilidade dos periódicos locais em nível mundial.
A base de dados Thomson Institute for Scientific Information (Thomson ISI), que é a mais
reconhecida internacionalmente, tinha a política de privilegiar a indexação de periódicos em
língua inglesa e considerava que a ciência relevante estava sendo coberta com os periódicos
selecionados, uma vez que os “países centrais” eram os principais responsáveis pelas
publicações. Isso prejudicou a qualificação e o prestígio dos periódicos brasileiros durante
bastante tempo (SCHWARTZMAN & CASTRO, 1986; MENEGHINI, 1998).

Porém, o surgimento de novas bases internacionais, como o Scopus da Elsevier e o


Google Acadêmico, que apresentam indexação mais extensa, e principalmente da base Scielo,
que foi criada para promover a inclusão da produção científica brasileira em nível internacional,
e atualmente se estende também para toda a comunidade iberoamericana e a África do Sul,
promoveu o aumento da importância da ciência não só produzida aqui, como também daquela
que é publicada no país (SANTOS, 2003). É importante ressaltar o impacto local que
determinados tipos de pesquisas científicas são capazes de exercer, portanto não se pode
desprezar a relevância da existência de periódicos nacionais para a divulgação científica
(MENEGHINI, 1998).

Com a indexação, a evolução da qualidade desses meios prossegue ocorrendo de


maneira contínua, o que aumenta a visibilidade internacional e atrai a possibilidade de
publicação de trabalhos estrangeiros. Um fator muito importante associado à projeção
internacional dos periódicos nacionais foi a confirmação da necessidade de publicação em
língua inglesa, por permitir o acesso do público estrangeiro ao material produzido. Inclusive,
alguns exemplares cobertos pela base Scielo apresentam publicações bilíngues (português e
inglês). Mais recentemente, a base Thomson ISI aumentou a indexação de periódicos brasileiros
em aproximadamente 827% entre 2003 e 2015, passando de 15 para 139 títulos, o que mostra
um claro aumento do interesse mundial na ciência que é publicada no Brasil, assim como
evidencia o reconhecimento da evolução da qualidade dos periódicos brasileiros nas últimas
décadas (MENEGHINI, 1998; COURA, 2003; THOMSON REUTERS, 2016).
26

2.4. Produção científica brasileira

As políticas científicas e tecnológicas no Brasil entre o período pós-guerra e o fim


do regime militar estavam em consonância com o papel intervencionista do Estado,
característico do modelo keynesiano praticado mundialmente na época. A partir da década de
1990, com a crise desse modelo e a implementação do neoliberalismo, o Estado passou a atuar
de maneira gerencial de modo a mediar a relação entre a ciência e a economia. Sendo assim, a
produção científica passou a seguir a dinâmica do mercado e a ser fomentada pelo Estado
através da lógica empresarial baseada em metas, eficiência e resultados. A ênfase nesse modelo
tornou “a avaliação da Ciência e Tecnologia excessivamente quantitativista, cujo objetivo é a
construção de indicadores que embasem o fomento e as decisões técnico-burocráticas e
gerenciais da administração político-institucional” (MOREIRA JÚNIOR, 2009). Esse sistema
falha no sentido de traduzir o investimento em relevância, interesse e impactos econômicos e
sociais da pesquisa científica.

“Em síntese, o Brasil do início do século XXI possui um


parque científico/tecnológico caracterizado pela produção de corte
acadêmico, com níveis razoáveis de produtividade, gerando pesquisas
de boa qualidade. Ao mesmo tempo, esse parque é bastante
concentrado, pouco institucionalizado, apresenta atrofia tecnológica e
problemas de financiamento – baixo volume de recursos e seletividade”
(BAUMGARTEN, 2002).

Uma questão problemática enfrentada pela ciência no Brasil, assim como em outros
países da América do Sul, foi a sobrevivência durante os longos anos de regime autoritário. A
ciência não era uma prioridade da política desses governos e muitos cientistas proeminentes da
região emigraram para os países desenvolvidos, onde poderiam praticar suas atividades de
pesquisa. Com o ressurgimento do processo democrático no final dos anos 1980, os cientistas
refugiados já estavam estabelecidos e não tiveram incentivos suficientes para retornar, o que
representou décadas de atraso científico devido à “fuga de cérebros” do país. O amadurecimento
da pós-graduação no Brasil (PHILIPPI JÚNIOR & SOBRAL, 2012) e o incentivo do CNPq a
políticas que estimulavam o intercâmbio de pesquisadores para o exterior, porém com a
contrapartida de voltarem após determinado período, alavancaram a formação de cientistas e a
produção científica no período seguinte. Estima-se que o número de doutorados concluídos
27

tenha praticamente dobrado a cada ano entre 2001 e 2011, sendo esse período marcado pela
grande evolução da produtividade científica brasileira (ANÔNIMO, 2014).

Em 1973, o Brasil ocupava a posição 31ª entre os países que mais publicavam
artigos científicos, com 812 no total. Em 1978, esse número subiu para 1.060 artigos (25º lugar)
e, em 1980, para 1.551 (SCHWARTZMAN & CASTRO, 1986). Segundo o portal SCImago
Journal & Country Rank (SJR), em 1996, o país figurava na 21ª colocação, com 8.741
publicações, 17ª em 2001 (14.643), e em 2010 e 2014, na 13ª colocação, com 49.642 e 59.736
publicações, respectivamente. Apesar do considerável aumento do número de publicações
registrado no portal (583% entre 1996 e 2014) e da escalada de 8 posições entre os países mais
produtivos, a qualidade do material científico produzido, baseada no número de citações, não
acompanhou a mesma evolução (Figura 4).

70000 1
Número de publicações

60000 6

Posição mundial
50000 13 11

40000 17
13 16
21
30000
25 21
25
20000
26
31
10000
31
0
1973 1978 1980 1996 2001 2010 2014

Ano

Figura 4: Número de publicações científicas e posição mundial do Brasil entre os países com
maiores produções científicas entre 1973 e 2014, segundo Thomson ISI e o portal SJR.

Considerando o número de citações por artigo publicado, o desempenho do país


apresentou tendência decadente no período abordado. Entre os 30 países de maior produção
científica anual do mundo, o Brasil figurou nas posições 21 (1996), 23 (2001), 25 (2010) e 26
(2014), com 16,04, 16,84, 6,26 e 0,31 citações por documento, respectivamente. De acordo com
o banco de dados Nature index, que leva em consideração apenas os artigos publicados nos
periódicos científicos de mais alta qualidade no mundo, o Brasil apresentou 715 publicações
em 2015, sendo o 23º país com o maior número de trabalhos entre as revistas mais prestigiadas
28

e o primeiro da América Latina. Essa posição é coerente com as projeções da SJR baseadas nas
citações por artigo para medir a qualidade das publicações.

De fato, a Nature, ao publicar em 2014 uma análise sobre a ciência na América do


Sul, dá grande destaque ao papel do Brasil na região, porém desfere algumas críticas em relação
à política de incentivo da produção científica praticada no país. A principal questão levantada é
o reconhecimento da quantidade em detrimento da qualidade do que é produzido. A
classificação Qualis dos periódicos científicos pela CAPES é um dos fatores criticados, uma
vez que as categorias do sistema são muito amplas e não conseguem distinguir, por exemplo,
revistas altamente especializadas de uma área e revistas de alto impacto internacional na
ciência, como Nature e Science (ANÔNIMO, 2014).

Além disso, segundo Ferreira (2013), “a preocupação excessiva com a publicação


em determinados periódicos está, de fato, reduzindo a originalidade” e a possibilidade de
obtenção da mesma avaliação geral com várias publicações em periódicos de classificação
diferentes, que norteia as ações de investimento e a posição de pesquisadores nos programas de
pós-graduação, estaria incentivando o fatiamento dos trabalhos, e estes fatores poderiam estar
contribuindo para a redução do impacto das publicações brasileiras em nível internacional.

2.5. Indicadores bibliométricos

Em 2005, Hirsch propôs um novo índice para medir o desempenho científico: o


índice-h. Esse novo indicador foi proposto com o objetivo de solucionar problemáticas que
existiam naquele momento para a medição da produtividade científica. A simples contagem da
quantidade de publicações de um pesquisador, por exemplo, não era capaz de fazer projeções
sobre a qualidade dos trabalhos apresentados, da mesma forma que a verificação do número
total de citações também falhava no sentido de não distinguir, dentro de uma variedade de
publicações, se as citações eram referentes homogeneamente à toda obra científica ou se apenas
alguns poucos trabalhos eram responsáveis por todo o reconhecimento àquele autor (HIRSCH,
2005).

A relação entre o número total de citações e o número total de artigos apresentava


a enorme desvantagem de favorecer a baixa produtividade, enquanto a verificação do número
de artigos considerados relevantes com base em um determinado número superior de citações
era uma medida arbitrária e de difícil implementação. Segundo o indicador proposto, a
29

qualidade dos trabalhos de um determinado pesquisador poderia ser inferida a partir da relação
entre o número de citações que o mesmo número de artigos científicos publicados obtinham,
ou seja, um pesquisador com o índice-h igual a X possuiria, pelo menos, X artigos com X
citações cada um. O próprio Hirsch reconhece que o índice-h não era um indicador perfeito
devido ao fato de, por exemplo, não apresentar redução do seu valor com o tempo. A princípio,
poderia ser utilizado apenas para julgar a carreira científica como um todo ou, mais facilmente,
cortes temporais poderiam ser feitos para analisar a relevância do trabalho produzido a partir
de determinado ano, a fim de verificar a produtividade somente durante aquele período
(HIRSCH, 2005).

Outra contribuição dada por este pesquisador no mesmo trabalho foi a introdução
do conceito do índice-m, que funcionaria como uma normalização do índice-h ao avaliar o
sucesso da carreira científica do pesquisador durante o tempo transcorrido desde a publicação
de seu primeiro artigo científico (idade científica), sendo calculado através da razão entre o
índice-h e a idade científica. Ele observou que pesquisadores com índice-m aproximadamente
igual a 1 poderiam ser considerados bem sucedidos na carreira, aqueles que alcançassem valor
próximo a 2 poderiam ser considerados excelentes profissionais, enquanto os que atingissem
valor próximo a 3 seriam considerados indivíduos realmente singulares (HIRSCH, 2005).

Diversas variações do índice-h foram propostas nos anos seguintes ao trabalho


inicial de Hirsch. O índice-h contemporâneo foi uma tentativa de atribuir pesos diferentes às
citações conforme a passagem dos anos, desse modo, a citação a um artigo teria peso maior se
fosse feita logo após sua publicação e peso menor após esse período de tempo. O índice-h
individual, o índice-h individual normalizado e o índice-h multiautoral foram propostos para
normalizar a contribuição dos autores nas publicações, de modo a equiparar pesquisadores de
áreas diferentes, como entre as ciências humanas, que são caracterizadas por poucas
publicações, de volume maior e com poucos coautores, e as ciências naturais, que apresentam
publicações menores, abundantes e com grande número de coautores. Outra proposta foi o
índice-h dos artigos citantes, que levaria em consideração o índice-h dos artigos que utilizaram
o trabalho como referência, ou seja, mediria o impacto em cadeia que o artigo original estaria
causando na sua área de conhecimento (SANTOS et al., 2012).

O índice-g corresponde ao quadrado do número de artigos com valor, no mínimo,


igual ao somatório de suas citações (EGGHE, 2006). Por exemplo, considerando um
pesquisador que tenha 8 artigos com 13, 10, 7, 3, 3, 2, 1 e 1 citações, a soma dos seus 6 artigos
mais citados seria igual a 38 e, como 6² = 36, o índice-g desse pesquisador seria equivalente a
30

6. Para a verificação do índice-h, esse pesquisador apresentaria apenas 3 artigos com 3 ou mais
citações, portanto seu índice-h seria equivalente a 3. A limitação do índice proposto, entretanto,
reside na situação em que o somatório excedesse o número total de artigos, sendo assim, não
seria previsto que fosse aplicado nesse caso (WOEGINGER, 2008). Outro índice interessante
é o SNIP (Source Normalized Impact per Paper), que corresponde à normalização de uma
citação em relação ao número total em uma determinada área, e leva em consideração também
o tempo de impacto e a relevância maior em uma área em que fosse menos provável de ocorrer
(SANTOS et al., 2012).

Finalmente, os indicadores relacionados aos periódicos científicos podem ser


contemplados em 3 índices, além do próprio índice-h, que são o Fator de Impacto (FI), o SJR e
o Eigenfactor. O Fator de Impacto da Thomson Reuters Web of Science (WoS) considera o
número total de citações que um periódico recebeu nos últimos 2 anos em relação ao número
total de publicações durante o mesmo período. Então, um periódico com FI igual a 3 recebeu
um número de citações 3 vezes superior ao número de artigos que publicou nos últimos 2 anos.
É um indicador simples e que ainda norteia o julgamento sobre a qualidade de periódicos, tanto
por parte dos pesquisadores quanto dos órgãos de fomento, o que impacta diretamente na
formulação de políticas científicas. O SJR, por outro lado, leva em consideração a relevância e
o impacto do periódico científico nos últimos 3 anos com base no número e no prestígio das
citações usando um algoritmo próprio, o que o torna matematicamente muito complexo. E o
Eigenfactor utiliza um algoritmo semelhante ao do Google para estimar o tempo gasto pelo
leitor em um determinado periódico científico e sua rede de citações, gerando pesos numéricos
para cada documento disponível (SANTOS et al., 2012).

No Brasil, a CAPES criou um sistema de qualificação dos periódicos que leva em


consideração a relevância que as publicações apresentam em cada área de conhecimento. Esse
sistema, conhecido como Qualis-periódicos, é uma classificação semiqualitativa que determina
hierarquicamente a importância do periódico, desde altamente relevante até irrelevante para a
área, sendo englobado nas categorias A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 ou C. Os Qualis dos
periódicos são revisados periodicamente e se baseiam em parâmetros como o FI e as bases em
que estão indexados. Ao contrário das recomendações internacionais atuais, que sugerem que
não seja utilizado o FI como critério de avaliação, o Brasil adotou um sistema que se pauta
fortemente nesse indicador para a avaliação de programas de pós-graduação, os quais são
pressionados a aderir a essa política e se tornam reféns da imposição bibliométrica praticada
pelo órgão avaliador (FERREIRA, ANTONELI & BRIONES, 2013).
31

3. JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

3.1. Justificativa

O aumento da produção científica mundial nas últimas décadas levou à necessidade


de implementação de métodos para avaliar a quantidade e a qualidade dos trabalhos
apresentados à comunidade científica. Tanto o mérito científico do que é produzido, como
também os níveis de produtividade representados pelos mais variados indicadores
bibliométricos, norteiam no Estado Capitalista as decisões sobre políticas públicas no âmbito
da Política Científica e Tecnológica (DIAS, 2011). Segundo Laswell (1958), essas políticas
“implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz”,
ou seja, o aporte de recursos destinados pelo Estado para o investimento em Ciência e
Tecnologia está intimamente inter-relacionado à produtividade dos atores responsáveis pelo seu
desenvolvimento.

O CNPq, além de distribuir recursos financeiros para o investimento nessas


atividades, também recompensa os pesquisadores que apresentam excelência nos níveis de
produtividade em suas áreas. As bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq são, portanto,
um reconhecimento da entidade ao bom desempenho desses profissionais e servem também
como prerrogativa para o atendimento de futuras solicitações de financiamentos em pesquisa.
Estudos anteriores reportaram o perfil e a produtividade dos bolsistas PQ em diferentes áreas
de conhecimento do CNPq, como Saúde Coletiva (BARATA & GOLDBAUM, 2003; SANTOS
et al., 2009), Odontologia (CAVALCANTI & PEREIRA, 2008; CAVALCANTE et al., 2008),
Ensino de Ciências e Matemática (SILVA & ALMEIDA, 2009), Medicina (MENDES et al.,
2010; MARTELLI-JUNIOR et al., 2010), Educação Física (LEITE et al., 2012), Química
(SANTOS, CÂNDIDO & KUPPENS, 2010; ALVES, YANASSE & SOMA, 2014),
Engenharia de Produção (ALVES & YANASSE, 2011), Medicina Veterinária (SPILK, 2013),
Psicologia (WENDT et al., 2013) e Fonoaudiologia (PELLIZZON, CHIARI & GOULART,
2014), bem como a comparação entre todas as grandes áreas (WAINER & VIEIRA, 2013).

A área de Farmácia, entretanto, ainda não foi avaliada com essa perspectiva. Dada
a importância que a área representa entre as ciências da saúde e a grande diversidade em
pesquisa que os farmacêuticos são capazes de atuar, é indispensável que se conheça mais
32

profundamente sobre os produtores de ciência com o maior reconhecimento da área e que tipo
de trabalho eles estão desenvolvendo. Além disso, do ponto de vista pessoal, vale destacar aqui
que, dos 6 anos decorridos para a conclusão da minha graduação em Farmácia, pelo menos 5
anos foram dedicados à pesquisa científica. Esse investimento gerou a publicação de 6 artigos
científicos (ANEXO 2) e despertou-me o interesse e a curiosidade de entender melhor como
ocorre o processo de desenvolvimento da ciência nessa área.

3.2. Objetivo geral

 Avaliar a produção científica da área de Farmácia do CNPq utilizando indicadores


bibliométricos e o perfil dos bolsistas de produtividade em pesquisa (PQ).

3.3. Objetivos específicos

 Comparar o perfil e a produtividade dos bolsistas PQ da área de Farmácia considerando


a categoria e o nível de bolsa fornecida pelo CNPq;

 Discutir os principais indicadores de produtividade destes bolsistas para a análise do


desempenho dos pesquisadores no país.
33

4. MÉTODOS

O método de avaliação da produtividade científica na área de Farmácia consistiu


em um estudo transversal retrospectivo. Os dados levantados tiveram como filtro a seleção de
todos os bolsistas PQ ativos da área de Farmácia nas diferentes categorias e níveis de bolsa do
CNPq, no momento da geração da planilha, segundo a Plataforma Carlos Chagas. Foram
geradas planilhas com os dados dos pesquisadores e os dados de produção científica, que estão
disponíveis para acesso público nos Currículos Lattes do CNPq, durante o mês de setembro de
2015.

As variáveis analisadas compreenderam a categoria e o nível da bolsa PQ, a


universidade atual de associação, a categoria administrativa da instituição de pesquisa, a
Unidade de Federação e a região brasileira, o país e a universidade de conclusão do doutorado,
o gênero, o número de orientações de mestrado e doutorado concluídas, o número de artigos
completos publicados, o número de publicações por periódico científico, o índice-h e o índice-
m nas bases Web of Science e Scopus, o fator de impacto e a classificação Qualis dos periódicos
das publicações e o número de patentes depositadas.

O índice-m foi calculado pela razão entre o índice-h do pesquisador nas bases Web
of Science e Scopus e a sua idade científica, ou seja, o tempo decorrido desde a publicação do
primeiro artigo científico. O fator de impacto médio foi calculado considerando-se a razão entre
o somatório do fator de impacto dos periódicos de cada publicação e o número de artigos
publicados. As classificações Qualis na área de Farmácia foram consultadas na Plataforma
Sucupira da CAPES (PLATAFORMA SUCUPIRA, 2015).

Avaliou-se a presença de pesquisadores com graduação em Farmácia contemplados


com bolsas de produtividade em outras áreas do CNPq. As divisões de Saúde Coletiva,
Farmacologia e Química foram as áreas selecionadas para esse estudo. O PIB de cada região
brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foi relacionado ao
respectivo número de bolsistas PQ na área de Farmácia.

Os valores de índice-h e índice-m foram expressos como a média e o desvio padrão


associado em cada categoria e nível de bolsa PQ. Diferenças entre os grupos foram verificadas
por Análise de Variância de um fator com teste de post-hoc Tukey. Valores de p ≤ 0,05 foram
considerados estatisticamente significativos.
34

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Visão geral da presença de farmacêuticos entre os bolsistas de produtividade do CNPq

Como forma de incentivo e reconhecimento, o Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) provê bolsas de produtividade em pesquisa
(PQ) aos pesquisadores detentores de título de doutorado, ou de perfil científico equivalente, e
de destacada produção científica. As bolsas PQ são divididas e hierarquizadas em 3 categorias:
Sênior (PQ-SR), PQ-1 (subdividida nos níveis 1A, 1B, 1C e 1D) e PQ-2, sendo prevista a
ascensão dos bolsistas de acordo com o preenchimento dos critérios pré-definidos pela entidade
para cada categoria. A distinção Sênior é concedida pelo Conselho Deliberativo do CNPq, em
caráter vitalício, a pedido do pesquisador que se manteve nos níveis 1A ou 1B por no mínimo
15 anos ininterruptos (CNPq, 2015).

De acordo com a Plataforma Carlos Chagas – CNPq, a área de Farmácia possui


1,03% das bolsas PQ do Brasil (156 ativas e 2 inativas), representando cerca de 10% das bolsas
da grande área de Ciências da Saúde. O número relativamente baixo de bolsas PQ na área de
Farmácia (apenas a 5ª área com o maior número de bolsistas entre as 9 da Grande Área de
Ciências da Saúde) pode estar associado à aptidão de pesquisadores com formação base em
ciências farmacêuticas a atuarem em áreas relacionadas, o que possibilitaria a requisição de
bolsas de produtividade em outras áreas do CNPq. Na Grande Área de Ciências da Saúde, por
exemplo, a divisão de Saúde Coletiva, com 205 bolsistas, apresenta grande
interdisciplinaridade. O conjunto de pesquisadores contemplados com as bolsas PQ nessa área
possui 20 titulações diferentes de graduação, e a atuação em pesquisa do farmacêutico é
contemplada entre esses profissionais. Apesar disso, há um amplo domínio de profissionais
formados em medicina (122 ou 59,5%), sendo apenas 7 bolsistas farmacêuticos, o que equivale
a 3,4% do total.

As áreas de Ciências Biológicas abraçam a maior diversidade de pesquisadores com


formação em Ciências da Saúde. A área de Farmacologia, por exemplo, apresenta 197 bolsistas
e representa uma das principais áreas que permite o desenvolvimento da carreira científica de
farmacêuticos. Com 74 bolsistas ativos e 1 inativo, a proporção de farmacêuticos entre os
bolsistas PQ da divisão corresponde a 38,1% dos pesquisadores. Nas Ciências Exatas e da
Terra, a área de Química também apresenta notável presença de pesquisadores com graduação
35

em farmácia. Dos 714 bolsistas PQ, 9,8% (67 ativos e 3 inativos) são farmacêuticos – destes,
74,3% são PQ-2; 7,1% são PQ-1D; 2,9% são PQ-1C; 10,0% são PQ-1B; e 4,3% são PQ-1A.

Os critérios para concessão de bolsas de produtividade seguem regimentos internos


estabelecidos de maneira independente por colegiados de cada área de conhecimento (CNPq,
2015). Sendo assim, na área de Farmácia, os requisitos incluem o tempo de conclusão do
doutorado, o número de artigos publicados, o somatório do fator de impacto dos periódicos de
cada publicação, o número de orientações e a manutenção atual de atividades de orientação. Os
valores mínimos de cada item são mais exigentes conforme se aumenta o nível e a categoria da
bolsa de produtividade (CA-FR, 2015).

Comparativamente, a área de Farmacologia apresenta requisitos semelhantes aos da


Farmácia. Em relação à produtividade, por exemplo, o número de publicações deve ser na
ordem de 2 a 3 vezes menor e os periódicos apenas devem apresentar FI igual ou superior a 1
(CA-BF, 2015). Na área de Saúde Coletiva, as exigências mínimas são mais rígidas, além disso,
a avaliação comparativa em cada categoria de bolsa leva em consideração também a
qualificação dos periódicos segundo o Qualis da área (CA-SN, 2015). Na área de Química, a
principal diferença em relação às outras áreas apresentadas é a inclusão da avaliação de índices
bibliométricos dos pesquisadores. Tanto para a categoria 2 quanto para a categoria 1, exige-se
que o somatório do impacto das publicações seja no mínimo igual a 10, segundo a JCR. Para a
categoria 1, é necessário ainda que o pesquisador apresente índice-h de, no mínimo, 12 durante
os dez anos anteriores à solicitação, que é o período avaliado (CA-QU, 2015).

5.2. Distribuição dos bolsistas

O levantamento das regiões e unidades da federação em que se encontram os


bolsistas PQ da área de Farmácia mostrou que a maior concentração está no Sudeste, com
42,41%, seguido pelas regiões Sul (33,54%), Nordeste (18,99%), Centro-Oeste (3,80%) e Norte
(1,27%). Por sua vez, a instituição com a maior concentração de bolsistas, no Sudeste, é a USP,
com um total de 37 dos 156 bolsistas ativos de todo o Brasil, os quais se distribuem por apenas
32 universidades, sendo 25 federais, 5 estaduais e 2 privadas, com 94 (60%), 59 (38%) e 3 (2%)
bolsistas, respectivamente (Figura 5; Quadro 1).
36

2%

38% Federal
Estadual
Privada
60%

Figura 5: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função da categoria das


universidades em que exercem as atividades de pesquisa (n = 156).
37

Quadro 1: Distribuição dos bolsistas PQ da área de Farmácia em função da categoria/nível da


bolsa, universidade e unidade federativa.

Universidade PQ-SR PQ-1A PQ-1B PQ-1C PQ-1D PQ-2 Total Categoria UF


USP 7 5 4 5 16 37 Estadual SP
UFRGS 4 4 4 9 21 Federal RS
UEM 1 2 2 6 11 Estadual PR
UFMG 1 1 1 6 1 10 Federal MG
UFSC 1 1 1 1 6 10 Federal SC
UFPE 1 1 7 9 Federal PE
UNESP 1 3 5 9 Estadual SP
UFPB 1 1 2 3 7 Federal PB
UFRJ 1 1 3 5 Federal RJ
UFSM 1 4 5 Federal RS
UFG 3 3 Federal GO
UFC 2 1 3 Federal CE
UFPR 1 2 3 Federal PR
UFAL 2 2 Federal AL
UNIFAL 2 2 Federal MG
UNIVALI 2 2 Privada SC
UFS 1 1 2 Federal SE
UFRN 1 1 Federal RN
UNIFAP 1 1 Federal AP
UFVJM 1 1 Federal MG
UEL 1 1 Estadual PR
UFAM 1 1 Federal AM
UFBA 1 1 Federal BA
UFGD 1 1 Federal MS
UFOP 1 1 Federal MG
UFPI 1 1 Federal PI
UFSJ 1 1 Federal MG
UFV 1 1 Federal MG
UNB 1 1 Federal DF
UNISO 1 1 Privada SP
UNIVASF 1 1 Federal PE
URCA 1 1 Estadual CE
Total 1 18 10 11 31 85 156

PQ-SR: bolsista de produtividade em pesquisa Sênior; PQ-1A: bolsista de produtividade em


pesquisa 1A; PQ-1B: bolsista de produtividade em pesquisa 1B; PQ-1C: bolsista de
produtividade em pesquisa 1A; PQ-1D: bolsista de produtividade em pesquisa 1D; UF: Unidade
de Federação.
38

O Sudeste apresenta ainda o único bolsista PQ-SR na área de Farmácia, atuante na


UFMG. O nível PQ-1A é composto por 18 bolsistas; PQ-1B, 10; PQ-1C, 11; PQ-1D, 31 e PQ-
2, 85. Vale ressaltar que a região Norte possui apenas dois bolsistas, o Professor Emerson Silva
Lima (PQ-2), no Amazonas, e o Professor José Carlos Tavares Carvalho (PQ-1D), no Amapá.
Além disso, o Espírito Santo, embora se encontre na região Sudeste, não possui bolsistas PQ
(Figura 6).

50
45
40
Número de bolsistas

35
30
25
20
15
10
5
0
SP RS MG PR SC PE PB RJ CE GO AL SE RN AP AM BA PI MS DF
Unidades de Federação

Figura 6: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função das Unidades de Federação


(n = 156).

Possíveis justificativas para a falta de bolsistas na região Norte são a menor


população e, principalmente, a taxa de desenvolvimento econômico inferior às demais regiões,
o que gera menores oportunidades em parcerias com empresas públicas e menor quantidade
crônica de investimento por parte dos governos federal e estaduais. Devido à maior demanda,
os grandes centros exercem maior atração de capital e têm melhores oportunidades de
desenvolvimento (infraestrutura e massa crítica).

Justificava semelhante pode ser aplicada ao Espírito Santo, que apresenta o menor
Produto Interno Bruto (PIB) da região Sudeste (IBGE, 2013). Além disso, a Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES), principal instituição de nível superior do estado, apresenta
um programa de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas muito novo. A primeira defesa de
Mestrado ocorreu em fevereiro de 2016, portanto se evidencia a incipiência no estado da
pesquisa científica na área (UFES, 2016).
39

Observou-se relação direta (porém, não linear) entre o PIB das regiões brasileiras e
a quantidade de bolsistas de produtividade em Farmácia. Segundo o IBGE, o Brasil apresentou
PIB de R$ 5.316,4 bilhões em 2013. A região Sudeste foi responsável por R$ 2.938,5 bilhões,
a região Sul por R$ 878,2 bilhões, a região Nordeste por R$ 722,8 bilhões, a região Centro-
Oeste por R$ 484,6 bilhões e a região Norte por R$ 292,3 bilhões (IBGE, 2013). Essas regiões
apresentam, respectivamente, 67 (42,4%), 53 (33,5%), 29 (19,0%), 5 (3,8%) e 2 (1,3%)
bolsistas de produtividade (Figura 7).

6000 180
160
5000
140

Número de bolsistas
PIB (R$ bilhões)

4000 Número de bolsistas 120


PIB 100
3000
80
2000 60
40
1000
20
0 0
Norte Centro-Oeste Nordeste Sul Sudeste Brasil

Regiões brasileiras

Figura 7: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função do PIB das regiões


brasileiras (n = 156).

No final da década de 1960, Price iniciou estudos que mostravam a existência de


correlação entre a produtividade científica de um país com o seu PIB (PRICE, 1967). Para Narin
(1978), essa associação havia sido primeiramente observada por Hulme cerca de 40 anos mais
cedo, entretanto Price levou a análise a um nível mais profundo, apesar da dificuldade em
levantar a produtividade científica mundialmente na época, e estabeleceu a estimativa de que
um investimento em ciência básica equivalente a 0,7% do PIB nacional seria considerado o
valor necessário para manter a ciência de maneira sustentável no país.

Em 2011, o Brasil investiu o equivalente a cerca de 1,2% do seu PIB em Pesquisa


e Desenvolvimento, sendo o único país da América do Sul a destinar valor acima de 1% para
esse propósito. Para efeitos de comparação, os Estados Unidos destinaram o equivalente a 2,8%
do seu PIB no mesmo período. Um marco das políticas científicas no Brasil foi a criação da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em 1960 e a garantia na
40

Constituição do estado à destinação de 1% das receitas fiscais para a fundação, sendo 37% para
pesquisa básica, 10% para infraestrutura e o restante para pesquisa aplicada. Isso representou
em 2013 um investimento equivalente a U$ 512 milhões para a região, enquanto o CNPq
dispunha no mesmo período de um orçamento de apenas U$ 650 milhões para todo o país. O
modelo da FAPESP representa um dos poucos no mundo que relaciona o PIB diretamente ao
investimento em ciência e serviu como exemplo para a criação de Fundações de Amparo em
quase todos os outros estados brasileiros (ANÔNIMO, 2014).

A figura 8 apresenta a quantidade de bolsistas que realizaram seus doutorados em


universidades brasileiras. A Universidade de São Paulo é a mais procurada pelos pesquisadores,
tendo emitido título de doutorado para 60 dos 156 bolsistas PQ ativos da área de Farmácia. Isto
pode ser explicado pelo fato da universidade ser a maior formadora de mestres e doutores do
mundo, além de apresentar grande relevância nacional e internacional, tendo sido considerada
a melhor universidade latinoamericana em 2015 pela Times Higher Education. A Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da USP conta ainda com 9 programas de pós-graduação (São Paulo e
Ribeirão Preto), divididos em Ciências dos Alimentos, Análises Clínicas, Tecnologia
Bioquímico-Farmacêutica, Fármacos e Medicamentos, Toxicologia e Análises Toxicológicas,
Biociências Aplicadas à Farmácia, Ciências Farmacêuticas, Nanotecnologia Farmacêutica e
Toxicologia (USP, 2015).

70 100,0

60
80,0
Número de bolsistas

50
Porcentagem

40 60,0

30 40,0
20
20,0
10

0 0,0

Universidade de conclusão do doutorado

Figura 8: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em função das universidades


brasileiras de conclusão do doutorado (n = 156).
41

Outra universidade de destaque na área de Farmácia é a UFRGS, que apresenta o


Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas com conceito 7 junto à CAPES.
Criado em 1970, é considerado o pioneiro na área de medicamentos no Brasil (UFRGS, 2015).
Apesar de ter formado apenas 13 bolsistas de produtividade do CNPq, é responsável pela
atuação profissional de 21 pesquisadores com bolsa de produtividade na área de Farmácia,
contra os 37 atuantes na USP. Dos 156 bolsistas ativos, 124 (78,8%) concluíram o doutorado
no Brasil; 24 (15,4%) na França; 5 (3,2%) na Alemanha; 2 (1,3%) na Inglaterra; 1 (0,6%) nos
Estados Unidos; e 1 (0,6%) na Escócia.

5.3. Gênero dos bolsistas

O número de pesquisadores, por gênero, em cada nível e categoria das bolsas PQ


da área de Farmácia do CNPq está representado na figura 9. Com base nos dados, nota-se que
a área de Farmácia, embora com pouca diferença, apresenta mais bolsistas de produtividade
mulheres do que homens, sendo a maior diferença, em números, na categoria PQ-2, com 37
homens e 47 mulheres. A categoria PQ-1C, entretanto, é a menos balanceada, com 2 homens e
9 mulheres. Os níveis PQ-1A, PQ-1B e PQ-1D apresentam números iguais entre os gêneros.
Vale projetar que, devido ao maior número de mulheres na menor categoria, é provável que as
categorias mais altas, que apresentam números equivalentes entre os gêneros atualmente,
também se desigualem com o tempo.
42

88

74
Homens
60 Mulheres

46
Número de bolsistas
32
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
PQ-SR PQ-1A PQ-1B PQ-1C PQ-1D PQ-2 Total

Bolsas de Produtividade do CNPq

Figura 9: Número de bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de bolsa de


produtividade do CNPq em função do gênero (n = 156).

Melo e Lastres (2006) avaliaram a questão do gênero em relação à evolução da


concessão de bolsas em todas as modalidades do CNPq durante a década de 1990 e observaram
um considerável aumento da proporção de mulheres contempladas com bolsas de formação em
pesquisa, como Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado. Nesse caso, no ano de 1999, foi
observado que a proporção feminina atingiu valor superior na modalidade de Iniciação
Científica, equiparou-se no Mestrado e alcançou valor ligeiramente inferior, porém próximo,
na modalidade Doutorado. Em contrapartida, a avaliação da participação feminina na
distribuição de bolsas de produtividade em pesquisa mostrou que, no mesmo período, não
houve alteração significativa nessa modalidade. Apenas um modesto aumento de 0,5%
(aproximadamente, 31% da participação total), bem inferiores aos 6-9% de aumento observados
nas modalidades anteriores, que aproximaram a distribuição das outras bolsas a valores
próximos à igualdade entre os gêneros.

A avaliação retrospectiva realizada por Melo e Oliveira (2006) sobre a participação


de mulheres em cada área de conhecimento entre 2002 e 2005 mostrou um aumento total de
aproximadamente 0,7% no período avaliado. Este valor se mostra considerável quando se
destaca que o período avaliado corresponde a um curto intervalo de apenas 3 anos. Além disso,
43

houve aumento significativo da participação feminina (aproximadamente, 1%) em áreas de


conhecimento marcadamente dominadas pelos homens, como Ciências Exatas e da Terra e
Engenharias. Entre as Ciências da Saúde, havia predomínio da participação feminina, com mais
de 58% de pesquisadoras, e um aumento de aproximadamente 0,2% no período. De fato,
considerando os censos sobre os grupos de pesquisa no Brasil realizados periodicamente pelo
CNPq, a proporção de mulheres passou de 39% em 1995 (primeiro ano do levantamento) para
50% em 2014 e, na condição de liderança dos grupos, o número saltou de 34 para 46%,
corroborando a tendência recente que existe na equiparação da participação feminina na ciência
brasileira.

O estudo aqui realizado não tem a capacidade de mostrar o processo evolutivo da


distribuição de bolsas entre os gêneros ou uma provável conquista de espaço alcançada pelas
mulheres na área, uma vez que não há estudos anteriores que sirvam como base comparativa.
Entretanto, a partir da exposição do cenário identificado por outros pesquisadores quanto ao
gênero na ciência brasileira, como a paulatina galgagem de espaço nas categorias mais básicas
da formação científica que levaram a um impacto a médio e longo prazos na participação
feminina global nas áreas de conhecimento e nos grupos de pesquisa, este trabalho pode servir
como uma fotografia para registrar o momento atual da questão de gênero na área de Farmácia
e arriscar a suposição de um provável domínio feminino no futuro, dado o sucesso acadêmico
das mulheres na área e a ampla superioridade numérica que já apresentam sobre os homens.

5.4. Orientações de mestrado e doutorado concluídas

A formação de recursos humanos também contribui para a disseminação da


pesquisa científica, uma vez que capacita novos indivíduos ao seguimento de trabalhos e
estimula a renovação de competências e intercâmbio de ideias.

A figura 10 relaciona o número de anos de magistério superior com a quantidade


de orientações de mestrado e doutorado concluídas por cada pesquisador. Segundo o gráfico de
dispersão, pode-se notar que após 10 anos de magistério, o número de orientações tende a
aumentar, o que pode ser devido ao estabelecimento do bolsista como professor/pesquisador.
Existe também uma quantidade grande de pesquisadores que, entre 17 e 35 anos de magistério,
orientaram, em sua maioria, acima de 20 alunos de pós-graduação.
44

120

100 PQ-SR
PQ-1A
Orientações concluídas
PQ-1B
80 PQ-1C
PQ-1D
60 PQ-2

40

20

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Idade científica (anos)

Figura 10: Distribuição dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de


bolsa de produtividade do CNPq relacionando o número de orientações de mestrado e
doutorado concluídas e o tempo como professor em anos (n = 156).

Nota-se ainda que não existe uma relação muito forte entre o nível da bolsa e a
quantidade de orientações. Embora a categoria PQ-1A seja a maior na hierarquia (com exceção
da PQ-SR), alguns bolsistas desta categoria se encontram com a mesma média de orientações
que bolsistas PQ-2 – embora a maioria desta categoria tenha poucas orientações devido a sua
recente introdução no meio acadêmico como professor/pesquisador.

Atualmente, o professor com o maior número de orientações é o Professor Eliezer


Jesus de Lacerda Barreiro, da categoria PQ-1A e atuante na UFRJ, com 32 anos como professor
e 96 orientações concluídas. Na categoria PQ-2, o destaque fica com o Professor Obdulio
Gomes Miguel da UFPR, que há 18 anos como professor já possui 61 orientações. Na categoria
PQ-1D, destaca-se a Professora Nereide Stela Santos Magalhães da UFPE, que já concluiu 69
orientações em 22 anos de magistério.

5.5. Índices de produtividade dos bolsistas

A figura 11 relaciona o número de artigos publicados e patentes registradas em


função das categorias e níveis de bolsa de produtividade. A Professora Alaide Braga de
Oliveira, única bolsista PQ-SR, publicou 170 artigos e possui 7 patentes. A categoria PQ-2, que
concentra a maioria dos bolsistas (84 de 156), possui no total, 5.657 artigos e 220 patentes. A
45

categoria PQ-1D (32 de 156) possui 3.282 artigos e 107 patentes, enquanto as categorias PQ-
1C (11 de 156) e PQ-1B (10 de 156) possuem, respectivamente, 1.166 e 1279 artigos e 48 e 49
patentes. A categoria PQ-1A (18 de 156) possui 3.219 artigos e 130 patentes, sendo a categoria
com a maior produção em termos de artigos por pesquisador.

15000

14500 Artigos Patentes

14000
Número de publicações

13500

13000
6000

5000

4000

3000

2000

1000

0
PQ-SR PQ-1A PQ-1B PQ-1C PQ-1D PQ-2 Total

Bolsas de Produtividade do CNPq

Figura 11: Número de publicações de artigos e patentes dos bolsistas PQ da área de Farmácia
em cada categoria/nível de bolsa de produtividade do CNPq.

Atualmente, a pesquisa desenvolvida nas universidades brasileiras tem um caráter


mais acadêmico e menos voltada para a inovação tecnológica. Apesar do grande volume de
produção científica, apenas uma pequena parcela se traduz em desenvolvimento tecnológico no
país, mesmo incluindo áreas caracterizadas pela relação mais direta entre ciência e tecnologia.
Sendo assim, o registro de patentes, que é um dos resultados desse tipo de inovação, ainda é
consideravelmente baixo no Brasil. Isso é decorrente de uma política governamental que não
incentiva a produção de patentes e também do próprio processo de industrialização brasileiro
que, historicamente, privilegiou a importação de equipamentos e tecnologias estrangeiras em
detrimento do investimento no desenvolvimento em solo nacional (EM DISCUSSÃO, 2012;
PHILIPPI JÚNIOR & SOBRAL, 2012).
46

Como a categoria PQ-2 apresenta número de pesquisadores muito superior às


demais categorias, possui também a maior quantidade de artigos e patentes publicados. A
categoria PQ-1A, por sua vez, apresenta pesquisadores mais experientes, com idade científica
maior, e exige um índice de produtividade muito alto para a manutenção da bolsa, o que justifica
um acervo maior de artigos científicos por bolsista. Como mencionado, a excessiva imposição
por parte das agências de fomento para a publicação de artigos científicos, apesar de ter
promovido um ganho quantitativo muito considerável da produção científica brasileira nos
últimos anos, pode estar afetando negativamente o impacto da pesquisa desenvolvida
internacionalmente.

Uma das tentativas adotadas pela CAPES para avaliar a qualidade da produção
científica da pós-graduação no Brasil foi a classificação dos periódicos de acordo com a
relevância que apresentasse dentro de determinada área de conhecimento, o Qualis-periódicos.
Sendo assim, os periódicos são classificados, e revisados periodicamente, nas categorias A1,
A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, que corresponderiam desde a maior relevância possível dentro da
área até ser considerado irrelevante.

De acordo com o Qualis-periódicos da CAPES de 2014, a área de Farmácia


apresenta 1199 títulos classificados nos níveis hierarquizados pela entidade: 129 apresentam
classificação A1; A2: 138; B1: 267; B2: 242; B3: 204; B4: 39; B5: 49; e C: 131 (Figura 12).
Dentro dessa perspectiva, foi realizado o levantamento da distribuição das publicações dos
bolsistas PQ da área de Farmácia em função de cada categoria do Qualis-periódicos (Figura
13).

300

250
Número de periódicos

200

150

100

50

0
A1 A2 B1 B2 B3 B4 B5 C
Classificação Qualis-periódicos da CAPES na área de Farmácia

Figura 12: Número de periódicos classificados nos níveis de hierarquização do Qualis-


periódicos da CAPES na área de Farmácia em 2014 (n = 1199).
47

3900

3650 Qualis A1
Qualis A2
3400
Qualis B1
3150
Qualis B2
2900 Qualis B3

2650 Qualis B4
Qualis B5
2400
Número de publicações

Qualis C
2150 Sem Qualis em Farmácia
1900
1500

1250

1000

750

500

250

0
PQ-SR PQ-1A PQ-1B PQ-1C PQ-1D PQ-2 Total
Bolsas de produtividade do CNPq

Figura 13: Número de publicações dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada


categoria/nível de bolsa de produtividade do CNPq em função do Qualis dos periódicos.

Excetuando-se a categoria PQ-SR, que apresenta volume de publicações


relativamente mais baixo devido à presença de apenas uma pesquisadora e, portanto, mais
difícil de ser avaliada, pode-se observar pela figura 13 que o maior número de publicações em
todas as categorias e níveis de bolsa de produtividade se concentra em periódicos com Qualis
B1 e B2. Os periódicos classificados como B3 representam o terceiro maior destino para a
publicação dos trabalhos desses pesquisadores, seguidos pelos periódicos de Qualis A2 e A1.
É interessante observar que nenhuma categoria ou nível de bolsa apresentou número de
publicações em periódicos classificados como B4, B5 ou C superior ao número de publicações
em periódicos A1. Entretanto, o número de publicações em periódicos não classificados na área
de Farmácia foi superior a qualquer divisão da CAPES em todas as categorias de bolsa PQ.
48

Considerando apenas o número de publicações em periódicos com Qualis A1 de


cada categoria como uma medida arbitrária para a avaliação da qualidade das publicações, e
dividindo-se esse valor pelo total de pesquisadores também em cada categoria, obtêm-se um
número teórico de publicações nas melhores revistas por cada pesquisador. Estes números, para
fins de comparação, são, PQ-1A: 11 publicações A1 por pesquisador; PQ-1B: 9,8; PQ-1C: 6,0;
PQ-1D: 4,6; e PQ-2: 1,5. Desta forma, é possível inferir que bolsas de níveis superiores
implicam em publicações em periódicos mais bem qualificados. No total, os bolsistas de
produtividade do CNPq da área de Farmácia possuem, A1: 738 publicações; A2: 1293; B1:
3309; B2: 3023; B3: 2080; B4: 170; B5: 272; C: 315; sem Qualis em Farmácia: 3557.

Apesar da classificação dos periódicos pela CAPES representar uma tendência de


destino das publicações dos bolsistas PQ, o grande número de periódicos não classificados na
área mostra que talvez essa não seja a principal medida levada em consideração por esses
pesquisadores. O quadro 2 apresenta os principais periódicos científicos com publicações e que
não apresentam classificação na área de Farmácia.

O periódico Clinical Chemistry apresentou o maior número de publicações (34) e o


maior FI (7,91) entre os não classificados na área de Farmácia. A CAPES também não classifica
este título em nenhuma outra área de conhecimento. O Journal of Controlled Release
apresentou um grande número de publicações (27) e, com FI de 7,71, é classificado como A1
nas áreas de Medicina e Ciências Biológicas e como B2 na área de Ensino. O Pharmacological
Research (FI = 4,41), um periódico focado em uma área bastante específica que contempla a
pesquisa em Farmácia, apresentou 18 publicações. Curiosamente, a CAPES apenas classifica
essa revista científica na área de Engenharias IV (B1).

Outros destaques estão relacionados ao alto FI de alguns periódicos. Com 2


publicações cada, o Journal of Clinical Investigation (FI = 13,22) é classificado como A1 nas
áreas de Biotecnologia, Medicina, Ciências Biológicas e Saúde Coletiva; o Journal of The
American Chemical Society (FI = 12,11) é classificado como A1 nas áreas de
Física/Astronomia, Materiais e Ciências Biológicas; e o Nature Communications (FI = 11,47)
é classificado como A1 em 11 áreas, como A2 em 2 áreas, e como B1 em Biodiversidade e B5
em Educação Física.

A Chemical Reviews (FI = 46,57), periódico com o maior FI entre as publicações


de todos os bolsistas, apenas é classificada como A1 nas áreas de Química e Ciências
Biológicas. A Nature Medicine (FI = 27,36) é classificada como A1 nas áreas de Medicina,
49

Enfermagem e Ciências Biológicas, enquanto o Journal of Clinical Oncology (18,43) é


classificado como A1 apenas em Medicina.

Quadro 2: Listagem dos periódicos científicos sem classificação Qualis na área de Farmácia,
com seus respectivos fatores de impacto (FI), em função do número de publicações dos
bolsistas PQ da área de Farmácia.

Periódico Científico Total FI Periódico Científico Total FI


Clinical Chemistry 34 7,91 Environmental Microbiology 2 6,20
Magnetic Resonance in Chemistry 28 1,18 Ophthalmology 2 6,14
Journal of Controlled Release 27 7,71 Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology 2 6,00
Mini - Reviews in Medicinal Chemistry 23 2,90 Cancer Letters 2 5,62
Neurochemistry International 21 3,09 Expert Opinion on Therapeutic Targets 2 5,14
Chemistry & Biodiversity 19 1,52 Molecular Neurobiology 2 5,14
Pharmacological Research 18 4,41 American Journal of Obstetrics and Gynecology 2 4,70
Microbes and Infection 18 2,86 Experimental Neurology 2 4,70
Parasitology International 17 1,86 Epilepsia 2 4,57
Journal of Immunology 9 4,92 Bioconjugate Chemistry 2 4,51
Journal of Chromatography 8 4,17 Journal of Infection 2 4,44
Molecular and Cellular Endocrinology 7 4,41 Chemical Reviews 1 46,57
Biochimica et Biophysica Acta. Molecular Cell
6 5,02 Nature Medicine 1 27,36
Research
Inorganic Chemistry 6 4,76 Journal of Clinical Oncology 1 18,43
Bioresource Technology 6 4,49 Angewandte Chemie 1 11,26
Scientific Reports 5 5,58 Hepatology 1 11,06
The FEBS Journal 5 4,00 Pharmacology & Therapeutics 1 9,72
Neurobiology of Aging 4 5,01 Journal of the American Society of Nephrology 1 9,43
Annals of the New York Academy of Sciences 4 4,38 Cancer Research 1 9,33
Ultrasonics Sonochemistry 4 4,32 eLife 1 9,32
British Journal of Dermatology 4 4,28 Chemical Science 1 9,21
Molecular Aspects of Medicine 3 10,24 Journal of Autoimmunity 1 8,41
Annals of Oncology 3 7,04 Chemistry of Materials 1 8,35
Biochimica et Biophysica Acta. Bioenergetics 3 5,35 Autoimmunity Reviews 1 7,93
Sports Medicine 3 5,04 European Respiratory Journal 1 7,64
Translational Research 3 5,03 Physical Review Letters 1 7,51
Journal of Clinical Investigation 2 13,22 Neuropsychopharmacology 1 7,05
Journal of the American Chemical Society 2 12,11 American Journal of Clinical Nutrition 1 6,77
Nature Communications 2 11,47 Mutation Research. Reviews in Mutation Research 1 6,21
Clinical Infectious Diseases 2 8,89 Nutrition Reviews 1 6,08
Biomaterials 2 8,56 Allergy 1 6,03
Journal of Investigative Dermatology 2 7,22 Journal of Infectious Diseases 1 6,00
Emerging Infectious Diseases 2 6,75 Plant Journal 1 5,97

No quadro 3, são listados os 30 periódicos científicos com os maiores números de


publicações dos bolsistas da área de Farmácia. Embora com bastante diversidade, pode-se notar
uma grande prevalência pela linha de pesquisa em plantas medicinais, uma vez que 7 periódicos
são especializados nesse tipo de publicação, sendo a Revista Brasileira de Farmacognosia a
primeira entre todas as revistas científicas listadas. Outra observação possível é o grande
número de artigos científicos em periódicos locais, que é o caso de oito representantes dessa
relação, sendo os quatro primeiros da lista.
50

Quadro 3: Listagem dos periódicos científicos, com seus respectivos fatores de impacto (FI)
e classificação Qualis na área de Farmácia, com o maior número de publicações dos bolsistas
PQ da área de Farmácia.

Posição Periódico Científico FI Qualis Total


1 Revista Brasileira de Farmacognosia 0,834 B2 570
2 Latin American Journal of Pharmacy 0,372 B3 407
3 Química Nova 0,661 B3 340
4 Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences 0,264 B2 317
5 Journal of Ethnopharmacology 2,998 B1 258
6 Journal of Pharmacy and Pharmacology 2,264 B1 191
7 Molecules 2,416 B1 179
8 Die Pharmazie 1,052 B2 165
9 Journal of the Brazilian Chemical Society 1,129 B2 164
10 International Journal of Pharmaceutics 3,650 A2 161
11 Revista Brasileira de Farmácia - B5 146
12 Journal of Pharmaceutical and Biomedical Analysis 2,979 B1 138
13 Revista de Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada - B3 130
14 Phytotherapy Research 2,660 B1 123
15 Planta Medica 2,152 B1 120
16 Phytomedicine 3,126 B1 111
17 Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine 1,880 B2 110
18 Tetrahedrom Letters 2,379 B1 110
19 Toxicon 2,492 B1 108
20 European Journal of Medicinal Chemistry 3,447 A2 100
21 Plos One 3,234 A2 99
22 Pharmaceutical Biology 1,241 B2 97
23 Bioorganic & Medicinal Chemistry 2,793 B1 96
24 Clinica Chimica Acta 2,824 B1 96
25 Phytochemistry 2,547 A2 94
26 Caderno de Farmácia - - 91
27 European Journal of Pharmaceutics and Biopharmaceutics 3,850 A1 85
28 Journal of Biomedical Nanotechnology 5,338 A1 83
29 Drug Development and Industrial Pharmacy 2,101 B1 80
30 The Journal of Essential Oil Research 0,787 B3 79

Outro destaque está relacionado ao fator de impacto de alguns dos periódicos. O


maior FI pertence ao Journal of Biomedical Nanotechnology (5,34), 28º periódico com mais
publicações. Os periódicos representados com FI acima de 3,0 foram: European Journal of
Pharmaceutics and Biopharmaceutics (3,85; 27º); International Journal of Pharmaceutics
(3,65; 10º); European Journal of Medicinal Chemistry (3,45; 20º); Plos One (3,23; 21º); e
Phytomedicine (3,13; 16º).
51

A concessão de bolsas de produtividade na área de Farmácia pelo CNPq não leva


em consideração o Qualis dos periódicos em que os artigos dos pesquisadores requerentes
foram publicados. Esse critério é relevante para a classificação de programas de pós-graduação
e também é considerado por alguns colegiados de outras divisões do CNPq para a contemplação
das bolsas.

Além de valorizar a produção de recursos humanos através da orientação a alunos


de graduação e pós-graduação, a avaliação da produtividade científica na área de Farmácia, que
é um dos outros critérios a serem preenchidos, leva em consideração apenas a quantidade de
publicações e o somatório do fator de impacto dos periódicos. Segundo apenas este critério, a
obtenção da bolsa PQ-2 requer a publicação de, no mínimo, 20 artigos com somatório de FI
igual ou superior a 40. Para as bolsas PQ-1D, PQ-1C e PQ-1B são necessárias pelo menos 40
publicações com somatório de FI igual a 80, 120 e 160, respectivamente. E para a bolsa PQ-
1A, exigem-se 70 publicações com somatório de FI igual a 200.

Sendo assim, outra avaliação realizada neste trabalho foi o levantamento do FI dos
periódicos de cada publicação dos bolsistas de produtividade da área de Farmácia. Esse valor
foi dividido pelo número de publicações de cada pesquisador, obtendo-se um valor médio de
FI para todas as publicações de cada bolsista (Figura 14).

5,00

4,40 PQ-SR
PQ-1A
Fator de Impacto médio

3,80 PQ-1B
PQ-1C
3,20 PQ-1D
PQ-2
2,60

2,00

1,40

0,80

0,20
0 50 100 150 200 250 300

Número de publicações

Figura 14: Fator de impacto médio das publicações de cada bolsista PQ da área de Farmácia
em função de cada categoria/nível de bolsa de produtividade do CNPq.
52

A dispersão da figura 14 mostra uma grande concentração de pesquisadores com


cerca de 50-100 publicações e FI médio de, aproximadamente, 1,40-2,00, sendo a maior parte
constituída por bolsistas PQ-2 e PQ-1D. Pode-se notar também o afastamento dos
pesquisadores PQ-1A em relação ao número de publicações – nenhum dos bolsistas apresenta
menos de 100 artigos publicados – e a maioria conseguiu manter seus trabalhos sendo
publicados em revistas com valor intermediário de FI (acima de 1,40).

Vale o destaque para o Professor Mario Hiroyuki Hirata da USP, que publicou 194
artigos e obteve FI médio de 2,81, apresentando o melhor índice médio da categoria PQ-1A.
Destaca-se novamente o Professor Eliezer Jesus de Lacerda Barreiro da UFRJ (PQ-1A), por ter
publicado 319 artigos e ter conseguido manter as publicações com FI médio de 2,27. Ele foi
responsável também pela publicação no periódico com o maior FI entre todos os bolsistas PQ
da área de Farmácia ao publicar, em 2011, um trabalho sobre o efeito da metila na Química
Medicinal, na Chemical Reviews (FI = 46,57). A Professora Teresa Cristina Tavares Dalla
Costa da UFRGS (PQ-1C) publicou em 1995, no periódico Lancet (FI = 45,22), um trabalho
sobre o efeito do suco de grapefruit na concentração sanguínea de ciclosporina. Seus 105 artigos
publicados mantiveram a média de FI de 2,34. O pesquisador com o maior valor de FI médio
pertence à categoria PQ-1B, a Professora Ana Campa da USP, com 84 publicações e FI médio
de 4,53. Na categoria PQ-2, o Professor Marcelo Dias Baruffi da USP, com 46 publicações,
apresenta o maior FI médio da categoria (3,99) e o segundo maior entre todos os bolsistas.

Como mencionado, o índice-h indica um número mínimo de artigos com uma


determinada quantidade de citações. Trata-se de um valor qualitativo empregado no julgamento
da relevância do trabalho desenvolvido ao longo da carreira científica do pesquisador. Esse
valor tem sido o mais utilizado para avaliar a qualidade de um acervo científico em um dado
período de tempo, por ser uma medida de representação do reconhecimento dos trabalhos
perante à comunidade científica e pela simplicidade da sua verificação. A figura 15 apresenta a
média do índice-h por categoria e nível de bolsa de produtividade na área de Farmácia,
conforme dados coletados a partir das bases de indexação WoS e Scopus. É importante ressaltar
que a categoria PQ-SR não foi avaliada para a construção do gráfico de índice-h por se tratar
de uma única pesquisadora, não existindo uma média.
53

35

30 Índice-h (WoS)
Índice-h (Scopus)
Índice-h médio 25

20

15

10

0
PQ-1A PQ-1B PQ-1C PQ-1D PQ-2

Bolsa de Produtividade do CNPq

Figura 15: Índice-h médio dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de
bolsa de produtividade do CNPq (n = 156).

É interessante notar que a média dos índices, em todas as categorias, é maior com
os dados coletados através do Scopus, da Elsevier. Como as médias tratam dos mesmos
pesquisadores, é provavel que o Scopus possua um maior acervo de indexação de artigos.
Resultados semelhantes foram encontrados por Wainer e Vieira (2013), quando avaliaram a
contagem de citações de pesquisadores brasileiros usando as bases WoS, Scopus e Google
Acadêmico, sendo que a ordem do número de recuperação de citações aumentou da primeira
até a terceira base. Segundo os autores, isso pode ser resultado da política de indexação desses
órgãos, que seleciona os veículos de publicação segundo critérios para consideração das suas
qualidades. O Google Acadêmico, ao contrário das outras bases, indexa qualquer documento
on-line segundo solicitação das editoras acadêmicas, incluindo teses e dissertações, o que
aumenta consideravelmente a cobertura das citações.

A figura 15 complementa o que foi observado nas figuras 11, 13 e 14. Além da
maior produção científica, a categoria PQ-1A também apresenta o maior número de citações,
que são traduzidas em um índice-h médio superior. A comparação entre as médias de cada
grupo foi realizada através da Análise de Variâncias de um fator (one-way ANOVA) e, em um
intervalo de confiança de 95%, constatou-se que há diferenças significativas entre os índices-h
dos pesquisadores de cada categoria e nível de bolsa de produtividade do CNPq, considerando
o índice-h da base WoS e o índice-h da base Scopus (Fcal > Fcrit) (Tabela 1). A diferença entre
54

as médias de cada grupo foi verificada por meio do teste post-hoc Tukey e mostrou que não há
diferenças significativas entre as categorias PQ-1A, PQ-1B e PQ-1C. A categoria PQ-1C, por
sua vez, também foi semelhante à categoria PQ-1D, enquanto a categoria 2 foi estatisticamente
diferente de todas as outras modalidades de bolsa.

Tabela 1: Valores de Fcal, Fcrit e valor-P da ANOVA para a comparação entre as médias dos
índices-h dos bolsistas PQ da área de Farmácia nas bases WoS e Scopus.

Índices-h F valor-P F crítico


WoS 39,738 1,15 x 10-22
2,431
Scopus 39,841 1,05 x 10-22

Para verificar se o índice-h maior das categorias e níveis de bolsa PQ mais altas era
devido apenas ao maior tempo de atuação dos pesquisadores, levando-se em consideração
também que um dos critérios para a ascensão na área de Farmácia é o tempo de conclusão do
doutorado, calculou-se o índice-m para normalizar os resultados observados. Como também
mencionado, o índice-m é uma variação do índice-h que leva em consideração a idade científica
do pesquisador e é um dos métodos de avaliação do sucesso de uma carreira científica. A figura
16 apresenta a média do índice-m por categoria de bolsa, conforme dados coletados a partir das
bases WoS e Scopus.

1,2
Índice m (WoS) Índice m (Scopus)
1,0
Índice-m médio

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0
PQ-1A PQ-1B PQ-1C PQ-1D PQ-2
Bolsa de Produtividade do CNPq

Figura 16: Índice-m médio dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de
bolsa de produtividade do CNPq (n = 156).
55

Nesse caso, a comparação das médias dos grupos por ANOVA (α = 0,05) mostrou
que não há diferença significativa nas médias dos índices-m entre os bolsistas de diferentes
categorias e níveis de bolsa de produtividade (Tabela 2). Portanto, pode-se concluir que o
desempenho dos pesquisadores contemplados com bolsas PQ na área de Farmácia, no que tange
ao reconhecimento do trabalho pela comunidade científica, mantém-se constante com o tempo
de atuação. A elevação do índice-h estaria relacionada ao aumento do volume de trabalhos e do
tempo disponível para o acesso e citação por parte de outros pesquisadores, mas a relevância
da obra não estaria sendo afetada pela ascensão nas categorias do CNPq.

Tabela 2: Valores de Fcal, Fcrit e valor-P da ANOVA para a comparação entre as médias dos
índices-m dos bolsistas PQ da área de Farmácia nas bases WoS e Scopus.

Índices-m F valor-P F crítico


WoS 1,799 0,132
2,431
Scopus 0,620 0,620

Mais uma vez, pôde-se observar que a base Scopus manifestou um índice superior
ao índice da base WoS. Isso corrobora o fato desta base ser capaz de recuperar um número
superior de citações devido à maior abrangência de indexação de periódicos que apresenta.
Como ressaltado por Hirsch (2005) no trabalho em que ele propôs a adoção do índice-h e do
índice-m, uma carreira científica poderia ser considerada bem sucedida se o pesquisador
apresentasse índice-m igual a 1, seria considerada excepcional com índice-m igual a 2 e o
pesquisador representaria um indivíduo único se alcançasse índice-m igual a 3.

Nesse sentido, o destaque deve ser dado à Professora Adriana Raffin Pohlmann
(PQ-1A) da UFRGS que, em 18 anos desde a publicação do seu primeiro artigo científico, já
alcançou os índices-h de 28 e 29 nas bases WoS e Scopus, respectivamente, o que representa
índices-m equivalentes a 1,56 e 1,61, sendo os maiores entre todos os bolsistas PQ da área de
Farmácia. Cerca de apenas 11% dos bolsistas (17) apresentam índice-m igual ou superior a 1,
a partir dos índices-h extraídos da base WoS, enquanto aproximadamente 15% (23) atingem
esse valor considerando os índices-h da base Scopus.

Nas figuras 15 e 16, um grande desvio padrão foi observado em relação à média de
cada grupo. A representação da distribuição dos índices-h em função das idades científicas de
cada bolsista PQ da área de Farmácia pode ser visualizada na figura 17.
56

35
32
PQ-SR
29 PQ-1A
26 PQ-1B
PQ-1C
23
PQ-1D
Índice-h

20 PQ-2
17
14
11
8
5
2
2 6 10 14 18 22 26 30 34 38 42 46 50

Idade científica (anos)

Figura 17: Distribuição dos bolsistas PQ da área de Farmácia em cada categoria/nível de


bolsa de produtividade do CNPq relacionando os índice-h com as idades científicas (n = 156).

Nota-se que existem bolsistas PQ-2 com até 40 anos de idade científica, embora a
maioria se encontre entre 10 e 30 anos. Existem poucos bolsistas PQ-1A com idade científica
baixa (entre 18 e 30 anos), mostrando a maioria – como havia sido mencionado – com maior
tempo de experiência em seus respectivos campos. Isto pode acontecer porque, de acordo com
os critérios de seleção do CNPq, as categorias são hierarquizadas, o que gera um processo de
ascensão da categoria PQ-2 até a categoria PQ-1A e, posteriormente, à PQ-SR. Na figura 17,
pode-se observar que os maiores valores de índice-h são relativos aos bolsistas PQ-1A e os
menores aos bolsistas PQ-2, embora exista grande variação dentro de cada grupo.

5.6. A área de Farmácia em perspectiva das demais áreas do CNPq

As áreas de conhecimento apresentam peculiaridades que dificultam comparações


diretas. Porém, as características dos pesquisadores e da pesquisa desenvolvida nas diferentes
áreas podem ser avaliadas de modo a contribuir para o conhecimento sobre a influência que
exercem na construção da ciência a partir dos mais variados nichos científicos. Levando-se em
consideração os trabalhos já citados que avaliaram o desempenho e o perfil dos bolsistas PQ de
outras áreas do CNPq, pode-se traçar o posicionamento da área de Farmácia dentro dessa
perspectiva.
57

Algumas características em comum foram observadas na comparação com as áreas


de Saúde Coletiva, Odontologia, Medicina, Educação Física, Química, Veterinária e Psicologia,
assim como algumas divergências também foram encontradas. A região Sudeste apresentou a
maior concentração de bolsistas PQ em todas essas áreas, sendo São Paulo o estado com o maior
número de pesquisadores e a USP a universidade com o maior número de bolsistas que exercem
suas atividades de pesquisa. A USP foi também a universidade que emitiu o maior número de
títulos de doutorado para os pesquisadores contemplados com bolsas PQ nas áreas de Farmácia,
Medicina e Medicina Veterinária.
As instituições federais representaram a principal categoria a qual os pesquisadores
estão vinculados, sendo as universidades estaduais predominantes apenas entre os bolsistas das
áreas de Odontologia e Educação Física. As instituições particulares representaram, em todos
os casos, o menor número de bolsistas PQ, porém, curiosamente, a área de Psicologia
apresentou valores muito próximos entre esse tipo de instituição (20,9%) e as estaduais (23,9%).
Em relação ao gênero, ainda há grande disparidade entre homens e mulheres
contemplados com bolsas de produtividade do CNPq. Das 8 áreas apontadas, cinco apresentam
superioridade numérica de homens em relação às mulheres: Odontologia, Medicina, Educação
Física, Química e Medicina Veterinária. A participação masculina apresenta valores iguais ou
superiores a 65% em todos os casos – amplitude de 65% (Odontologia) a 75% (Educação
Física). Esses valores são bastante significativos dado que as áreas de Medicina e Química estão
entre as mais contempladas com bolsas PQ do CNPq, com mais de 400 e 700 pesquisadores,
respectivamente. Nas áreas em que há predomínio da participação feminina (Farmácia, Saúde
Coletiva e Psicologia), o valor máximo encontrado foi 63% (Psicologia) e o mínimo
correspondeu a 51% (Saúde Coletiva).
O nível de orientações de pós-graduação concluídas foi um dos fatores que
apresentou a maior divergência entre as áreas. A divisão de Farmácia apresentou o maior índice
médio, com 28,6 orientações por pesquisador, enquanto Educação Física teve o menor, com
10,2 orientações. Os trabalhos apresentados sobre Medicina e Química levaram em
consideração apenas as orientações concluídas nos últimos 5 anos anteriores à publicação,
portanto não puderam ser utilizados aqui para fins comparativos.
A produtividade em cada área também foi avaliada de maneira diferente por cada
autor. Para as divisões de Educação Física, Química, Medicina Veterinária e Psicologia, o
levantamento da produção bibliográfica foi realizado nos últimos 3 ou 5 anos anteriores à
publicação dos trabalhos e, portanto, também não foram considerados para essa perspectiva
comparativa entre as áreas. A divisão de Medicina apresentou o maior número de publicações
58

por pesquisador, com média de 101,8, enquanto Saúde Coletiva apresentou o menor, com 40
publicações por pesquisador. O montante de publicações da área de Medicina é bastante
considerável, uma vez que essa média é relativa a mais de 400 pesquisadores, totalizando
números superiores a 40 mil artigos científicos. A área de Farmácia aparece logo em seguida,
com 94,8 publicações por pesquisador, e a área de Odontologia, com 83,7 publicações.
O levantamento do FI dos periódicos foi realizado somente para a área de Química,
que abrangeu apenas o quinquênio anterior, e o Qualis dos periódicos foi avaliado em trabalhos
quando ainda não havia sido implementado a nova classificação pela CAPES, portanto esses
parâmetros não podem ser comparados com os bolsistas PQ da área de Farmácia nesse trabalho.
Os outros dados apresentados encontram-se resumidos no quadro 4.
Em relação ao índice-h e ao índice-m, Santos e colaboradores (2010) também
avaliaram esses índices para os bolsistas da área de Química (WoS). Os resultados encontrados
são compatíveis com o observado para a área de Farmácia, onde houve diminuição progressiva
do índice-h conforme o nível da bolsa decaía, apresentando valores médios iguais a 24,0 ± 7,1
para a categoria 1A; 17,4 ± 4,1 para a 1B; 13,5 ± 2,5 para a 1C e 12,3 ± 2,5 para a 1D. Em
relação ao índice-m, também houve tendência de aproximação entre as categorias PQ-1A (0,80
± 0,31); PQ-1B (0,70 ± 0,31); PQ-1C (0,55 ± 0,18) e PQ-1D (0,65 ± 0,30). Esses valores são
muito próximos àqueles encontrados neste trabalho para avaliação da área de Farmácia, com
índice-h igual a 21,4 ± 5,6 para a categoria 1A; 19,3 ± 6,2 para a 1B; 17,4 ± 2,4 para a 1C e
14,5 ± 3,1 para a 1D. E também para os índices-m das categorias PQ-1A (0,71 ± 0,35); PQ-1B
(0,67 ± 0,20); PQ-1C (0,71 ± 0,19) e PQ-1D (0,67 ± 0,24) (Figura 18).

40 1,0
Índice-h (Farmácia) Índice-h (Química)
35
Índice-m (Farmácia) Índice-m (Química)
0,8
30
Índicce-h médio

Índice-m médio

25 0,6
20

15 0,4

10
0,2
5

0 0,0
1A 1B 1C 1D
Categoria/nível de bolsa PQ

Figura 18: Comparação dos índices-h e índices-m em cada categoria/nível de bolsa PQ nas
áreas de Farmácia e Química, segundo o WoS.
59

Quadro 4: Comparação entre o perfil e a produtividade dos bolsistas PQ em áreas selecionadas do CNPq.

Características Farmácia Saúde Coletiva Odontologia Medicina Educação Física Química Veterinária Psicologia

Gênero Feminino Feminino Masculino Maculino Masculino Masculino Masculino Feminino

Universidade de
USP - - USP - - USP -
Doutoramento

Instituição de
USP - USP USP USP USP - USP
associação

Categoria da
Federal Federal Estadual Federal Estadual Federal Federal Federal
Instituição

Região brasileira Sudeste - Sudeste Sudeste Sudeste Sudeste Sudeste Sudeste

Unidade de
São Paulo - São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo São Paulo -
Federação

Orientações
28,6 11,8 17,6 - 10,2 - 18,4 24,4
concluídas (média)

Número de artigos
94,8 40,0 83,7 101,8 - - - -
publicados (média)

Este Barata Cavalvanti (2008); Martelli- Leite Santos Spilk Wendt


Referência
trabalho (2003) Cavalcante (2008) Junior (2010) (2010) (2010) (2013) (2013)
60

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O julgamento a respeito do desempenho do trabalho de um cientista não é uma


atividade simples. Várias nuances são capazes de afetar os indicadores bibliométricos, que são
as principais ferramentas utilizadas para a avaliação das obras científicas. Entretanto, a
necessidade da formulação de políticas científicas e tecnológicas para a destinação de escassos
recursos públicos exige que os melhores instrumentos sejam empregados da maneira mais
eficiente possível para essa finalidade.
Na área de Farmácia, apenas 156 pesquisadores possuem bolsa de produtividade
em pesquisa ativa atualmente. Esses pesquisadores são, em sua maioria, do sexo feminino, com
doutorado concluído na região Sudeste (principalmente, na USP), desenvolvem suas atividades
de pesquisa nas regiões Sul e Sudeste e publicam a maior parte dos seus trabalhos em periódicos
classificados como B1 e B2. Apresentam índices de orientação e produtividade muito
dependentes da categoria e do nível de bolsa PQ com a qual foi contemplado, entretanto o
índice-m de aproximadamente 0,7 é característico da área, independentemente da bolsa.
As bolsas de produtividade em pesquisa do CNPq são um elemento muito pequeno
no cenário da produção científica, porém representam um interessante status para o
reconhecimento de pesquisadores produtivos em suas áreas. A dúvida que se levanta é em
relação às consequências que o privilégio a uma parcela tão restrita dos pesquisadores de uma
área pode causar no desenvolvimento da ciência como um todo. Estariam os pesquisadores mais
jovens sendo preteridos nesse sistema, impactando futuramente a manutenção dos níveis de
produtividade e na qualidade da ciência produzida no Brasil?
Enfim, espera-se que esse trabalho inicial continue sendo realizado periodicamente
para que seja avaliada a evolução da identidade dos pesquisadores e da pesquisa sob
responsabilidade dessa elite científica da área de Farmácia brasileira.
61

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68

ANEXO 1

ATIVIDADES FARMACÊUTICAS SEGUNDO O CFF (2016)

Acupuntura Farmácia antroposófica


Administração de laboratório clínico Farmácia clínica
Administração farmacêutica Farmácia comunitária
Administração hospitalar Farmácia de dispensação
Análises clínicas Fracionamento de medicamentos
Assistência domiciliar em equipes Farmácia dermatológica
multidisciplinares Farmácia homeopática
Atendimento pré-hospitalar de urgência e Farmácia hospitalar
emergência Farmácia industrial
Auditoria farmacêutica Farmácia magistral
Bacteriologia clínica Farmácia nuclear (radiofarmácia)
Banco de cordão umbilical Farmácia oncológica
Banco de leite humano Farmácia pública
Banco de sangue Farmácia veterinária
Banco de Sêmen Farmácia-escola
Banco de órgãos Farmacocinética clínica
Biofarmácia Farmacoepidemiologia
Biologia molecular Fitoterapia
Bioquímica clínica Gases e misturas de uso terapêutico
Bromatologia Genética humana
Citologia clínica Gerenciamento de resíduos dos serviços de
Citopatologia saúde
Citoquímica Hematologia clínica
Controle de qualidade e tratamento de Hemoterapia
água, potabilidade e controle ambiental Histopatologia
Controle de vetores e pragas urbanas Histoquímica
Cosmetologia Imunocitoquímica
Exames de DNA Imunogenética e histocompatibilidade
Farmacêutico na análise físico-química do Imunohistoquímica
solo Imunologia clínica
69

Imunopatologia Toxicologia ambiental


Meio ambiente, segurança no trabalho, Toxicologia de alimentos
saúde ocupacional e responsabilidade Toxicologia desportiva
social Toxicologia farmacêutica
Micologia clínica Toxicologia forense
Microbiologia clínica Toxicologia ocupacional
Nutrição parenteral Toxicologia veterinária
Parasitologia clínica Vigilância sanitária
Saúde pública Virologia clínica
Toxicologia clínica
70

ANEXO 2
71
72
73
74
75
76

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