deríamos chamá-la de “neo-social” 2, que defende uma presença expressiva do Esta- do na vida nacional, especialmente para 2 - A liberal clássica, que defende o sur- tornar as relações humanas menos injustas, gimento do Estado como sendo uma longa restabelecendo o princípio da igualdade e história de integrações e conquistas, orga- atuando para o desenvolvimento econômi- nizando-se para a independência do terri- co e a preservação da espécie humana. tório, tendo Miguel REALE (1973, p. 37, 39), Em cronologia histórica, acompanhamos ao discorrer sobre ela, sustentado que: o pensamento de Paulo BONAVIDES (2001, “Analisando a formação histórica p. 20), que considera esse novo modelo de do Estado, e especialmente do Estado Estado em gestação como sendo o Estado Moderno, verificamos que ela é o re- da democracia participativa, que, implan- sultado de um longo e complexo pro- tado, contribuirá para a libertação dos po- cesso de integração e discriminação, vos oprimidos pela ideologia neoliberal glo- no qual interfere uma série de fatores. balizante, assinalando que: Compreende-se, pois, o erro das teori- “Compreendem em linha de suces- as simplistas que tentam reduzir a são histórica e de coexistência, não multiplicidade dos fatores a um só, raro controversa e hostil, o Estado li- quer geográfico, quer étnico, quer mi- beral, o Estado socialista, o Estado litar, quer econômico, quer pessoal social, e, de último, na contempora- pela ação criadora dos ‘heróis’ ou neidade da globalização, dois outros ‘super-homens’... modelos desse Estado, a saber, o Esta- A história do Estado Moderno é, do neoliberal e o Estado neo-social – de maneira particular, uma história um reacionário, outro progressista; de integrações crescentes, de progres- um já bastantemente formulado, ou- sivas reduções à unidade. Verifica-se tro apenas esboçado; um positivado, essa integração em múltiplos sentidos outro teorizado; um no Primeiro Mun- que a análise minuciosa a muito cus- do, outro na periferia”. to consegue individualizar. Surge, A concepção de Estado e das suas fun- historicamente, pelo alargamento dos ções que cada governante tenha é determi- domínios das monarquias absolutas, nante da sua conduta político-administra- através das guerras intermináveis, de tiva, especialmente quanto ao efetivo incre- atos felizes de diplomacia, de casa- mento da participação popular, tendo o ci- mentos e laços de parentesco, de com- dadão como co-gestor da coisa pública e não pras, cessões e trocas de territórios, de como um mero cliente. É também determi- golpes de audácia de políticos e de fri- nante da orientação que imprime aos inves- os cálculos de mercadores...”. timentos públicos e a destinação que dá ao Independentemente de como se conside- patrimônio público. ra ter o Estado surgido na vida das pessoas, o fato é que hoje há um debate global no 1.3. Estado democrático de direito sentido de se redefinir o seu papel, com im- A consolidação do que conhecemos hoje portantes transformações naquilo que se por Estado democrático de direito não foi poderia denominar ‘função precípua’, em obra do acaso e nem da vontade de nenhum que se opõem também, não por acaso, duas governante; foi na verdade o produto de teorias: a neoliberal, defendendo o Estado uma história de lutas da humanidade para Mínimo1, em que o “mercado” regularia a si pôr fim aos Estados absolutos, garantindo