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Prefeitura Municipal de Pombos do Estado de Pernambuco

POMBOS-PE
Professor - PA
Portaria nº266/2017, de 16 de Agosto de 2017

AG082-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Prefeitura Municipal de pombos do Estado de Pernambuco

Cargo: Professor - PA

(Baseado na Portaria nº266/2017, de 16 de Agosto de 2017)

• Língua Portuguesa
• Raciocínio Lógico
• Noções de Informática
• Conhecimentos Específicos

Autora
Silvana Guimarães

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Suelen Domenica Pereira
Camila Lopes

Capa
Nátalia Maio

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa
LÍNGUA E LINGUAGEM Norma culta e variedades linguísticas. Semântica e interação. Significação das palavras. Deno-
tação e conotação. Funções da Linguagem. Textualidade (coesão, coerência e contexto discursivo). ................................. 01
MORFOSSINTAXE - Estudo dos verbos e sua relação com as formas pronominais. Sintaxe do período e da oração e seus
dois eixos: coordenação e subordinação. Sintaxe de Concordância. Sintaxe de Colocação. Sintaxe de Regência. Análise
Sintática Estudo das classes gramaticais (incluindo classificação e flexão): Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo,
Advérbio, Conjunção, Preposição, Interjeição, Conectivos, Formas variantes. Emprego das palavras. ................................. 16
ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO. .......................................................................................................................................................................... 77
ESTUDO DE TEXTOS Interpretação de textos. Tópico frasal e sua relação com ideias secundárias. Elementos relaciona-
dores. Pontuação. Conteúdo, ideias e tipos de texto. O texto literário: tema, foco narrativo, personagens, tempo. Coe-
xistência das regras ortográficas atuais com o Novo Acordo Ortográfico........................................................................................ 84

Raciocínio Lógico
Noções básicas de lógica: conectivos, tautologia e contradições, implicações e equivalências, afirmações e negações,
silogismos. Estrutura lógica de relações entre pessoas, lugares, objetos e eventos. Dedução de novas informações a
partir de outras apresentadas. ........................................................................................................................................................................... 01
Lógica da argumentação. ..................................................................................................................................................................................... 10
Diagramas lógicos. Análise, interpretação e utilização de dados apresentados em tabelas e gráficos................................. 15

Noções de Informática
Conceitos básicos de operação de microcomputadores. Noções básicas de operação de microcomputadores em rede
local. .............................................................................................................................................................................................................................. 01
Operação do sistema operacional Windows 2003, XP, 7, 8 e 10. Uso de arquivos, pastas e operações mais frequentes,
uso de aplicativos e ferramentas. ...................................................................................................................................................................... 23
Operação do editor de textos Word 2003/2010/2013/365: conceitos básicos; principais comandos aplicáveis ao texto;
uso de tabelas, mala direta e ferramentas; impressão de documentos; compartilhamento de documentos; modelos,
temas e estilos; editoração eletrônica; edição de múltiplos documentos. ....................................................................................... 56
Operação da planilha Excel 2003/2010/2013/365: conceitos básicos; digitação e edição de dados; construção de fórmu-
las para cálculos de valores; criação de gráficos; formatação de dados e planilhas. ................................................................... 83
Noções gerais de utilização da Internet e suas ferramentas.................................................................................................................111

Conhecimentos Específicos
A arte na escola: desenho, teatro, música, pintura...................................................................................................................................... 01
Construção das noções de espaço, tempo e grupo................................................................................................................................... 32
Língua portuguesa: o processo de aquisição da leitura e da escrita. O texto: apreensão de ideias básicas e acessórias.
Interpretação de ideias sugeridas por imagens. Metodologia da linguagem: objetivos do trabalho com a linguagem
verbal na escola. Usos, funções e valores sociais da linguagem oral e da escrita. Linguagem: variação linguística; inter-
locução. O professor, o aluno e o processo de elaboração de textos escritos................................................................................. 37
Matemática: a construção dos conceitos matemáticos. Sistema de numeração em diferentes bases. Resolução de pro-
blemas. Metodologia do ensino de matemática.......................................................................................................................................... 69
Ciências: água, ar e solo – características físicas, químicas e biológicas e suas relações nos ecossistemas......................... 99
Sol – fontes de energia e processos energéticos vitais na natureza..................................................................................................137
Transformações dos materiais na natureza..................................................................................................................................................145
Seres vivos – suas relações e interações ambientais, cadeia e teia alimentar.................................................................................147
Corpo humano: higiene, alimentação, estrutura, funções, reprodução e sexualidade...............................................................157
Meio ambiente. Impactos ambientais – manejo e conservação. Lixo. Poluição............................................................................195
Estudos sociais: Economia e política no Brasil............................................................................................................................................203
Principais problemas socioeconômicos, desigualdades regionais no Brasil de hoje...................................................................210
Brasil e estado de Pernambuco: principais aspectos geográficos e econômicos..........................................................................213
Espaço e tempo: localização, organização, representação. Tempo físico. Linha de tempo.......................................................215
Mapas e globo terrestre.......................................................................................................................................................................................218
LÍNGUA PORTUGUESA

LÍNGUA E LINGUAGEM Norma culta e variedades linguísticas. Semântica e interação. Significação das palavras. Denota-
ção e conotação. Funções da Linguagem. Textualidade (coesão, coerência e contexto discursivo). ..................................... 01
MORFOSSINTAXE - Estudo dos verbos e sua relação com as formas pronominais. Sintaxe do período e da oração e seus
dois eixos: coordenação e subordinação. Sintaxe de Concordância. Sintaxe de Colocação. Sintaxe de Regência. Análise
Sintática Estudo das classes gramaticais (incluindo classificação e flexão): Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo,
Advérbio, Conjunção, Preposição, Interjeição, Conectivos, Formas variantes. Emprego das palavras. ................................. 16
ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO. .......................................................................................................................................................................... 77
ESTUDO DE TEXTOS Interpretação de textos. Tópico frasal e sua relação com ideias secundárias. Elementos relaciona-
dores. Pontuação. Conteúdo, ideias e tipos de texto. O texto literário: tema, foco narrativo, personagens, tempo. Coe-
xistência das regras ortográficas atuais com o Novo Acordo Ortográfico........................................................................................ 84
LÍNGUA PORTUGUESA

Variações regionais: São os chamados dialetos,


LÍNGUA E LINGUAGEM Norma culta e que são as marcas determinantes referentes a diferentes
variedades linguísticas. Semântica e interação. regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
Significação das palavras. Denotação macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade
e conotação. Funções da Linguagem. estão os sotaques, ligados às características orais da
Textualidade (coesão, coerência e contexto linguagem.
discursivo).
Variações sociais ou culturais: Estão diretamente
ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
A linguagem é a característica que nos difere dos exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre
outros. Os jargões estão relacionados ao profissionalismo,
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e,
caracterizando um linguajar técnico. Representando a
sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social.
classe, podemos citar os médicos, advogados, profissionais
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se da área de informática, dentre outros.
os níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de Vejamos um poema sobre o assunto:
formalidade e o de informalidade.
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem Vício na fala
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um Para dizerem milho dizem mio
modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma Para melhor dizem mió
maneira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para pior pió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para telha dizem teia
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o Para telhado dizem teiado
estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado E vão fazendo telhados.
controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para Oswald de Andrade
a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/
errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
variacoes-linguisticas.htm
um estigma.
Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, Níveis de linguagem
estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
representam as variações de acordo com as condições A língua é um código de que se serve o homem
sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. para elaborar mensagens, para se comunicar. Existem
Dentre elas destacam-se: basicamente duas modalidades de língua, ou seja, duas
línguas funcionais:
Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua 1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta
apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do ou língua-padrão, que compreende a língua literária,
tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão tem por base a norma culta, forma linguística utilizada
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra pelo segmento mais culto e influente de uma sociedade.
farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, Constitui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de
contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se comunicação de massa (emissoras de rádio e televisão,
jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de
fundamenta pela supressão do vocábulos. Analisemos,
serem aliados da escola, prestando serviço à sociedade,
pois, o fragmento exposto: colaborando na educação;
2) a língua funcional de modalidade popular; língua
Antigamente popular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam
anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os Norma culta:
janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes,
arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do A norma culta, forma linguística que todo povo civilizado
balaio.” possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
Carlos Drummond de Andrade E justamente em nome dessa unidade, tão importante
Comparando-o à modernidade, percebemos um do ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas
vocabulário antiquado. escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea
e criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e
dinâmica. Temos, assim, à guisa de exemplificação:

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Estou preocupado. (norma culta) Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Tô preocupado. (língua popular) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o
comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
Não basta conhecer apenas uma modalidade de registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
normas da língua culta. dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
O conceito de erro em língua: sair daqui bem depressa.)
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto seu posto.)
nos casos de ortografia. O que normalmente se comete
são transgressões da norma culta. De fato, aquele que, As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
num momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou
exemplos também de transgressões ou “erros” que se
ele falar”, não comete propriamente erro; na verdade,
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque
transgride a norma culta.
a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que tem
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala,
início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou para se
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um arcaizarem as formas então legítimas impido, despido e
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada
praia, vestido de fraque e cartola. tem coragem de usar.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo escolar palavras como corrigir e correto, quando nos
é o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala referimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão
entre amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são que deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas
consideradas perfeitamente normais construções do tipo: frases da língua popular para a língua culta”.
Eu não vi ela hoje. Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a uma
Ninguém deixou ele falar. frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada conforme
Deixe eu ver isso! as normas gramaticais; em suma, conforme a norma culta.
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem:
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. falada.
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade
alteram: mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural,
Eu não a vi hoje. estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e
Ninguém o deixou falar. a evoluções.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importância.
Deixe-me ver isso!
Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a língua
Eu te amo, sim, mas não abuses!
falada com base na língua escrita, considerada superior.
Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, a
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
que os professores sempre estão atentos.
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades,
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos mostrando as características e as vantagens de uma e outra,
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade
revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou ou inferioridade, que em verdade inexiste.
transgressões da norma culta na pena ou na boca de Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
jornalistas, quando no exercício do trabalho, que deve língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação
refletir serviço à causa do ensino. de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
O momento solene, acessível a poucos, é o da arte dialetos, consequência natural do enorme distanciamento
poética, caracterizado por construções de rara beleza. entre uma modalidade e outra.

2
LÍNGUA PORTUGUESA

A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-elaborada A divisão proposta pelo francês Pierre Giraud abarca
que a língua falada, porque é a modalidade que mantém duas condições de origem: aquelas figuras usadas pelo
a unidade linguística de um povo, além de ser a que faz próprio idioma (estilística da língua) e aquelas criadas pelo
o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma autor (estilística genética). Para aqueles que a entendem
reflexão, nenhuma análise mais detida será possível sem como uma divisão da gramática, a Estilística divide-se em:
a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, • Figuras de sintaxe ou de construção - das quais as
processam-se lentamente e em número consideravelmente mais importantes são a elipse (com a subespécie zeugma),
menor, quando cotejada com a modalidade falada. pleonasmo, polissíndeto, inversão (hipérbato, anástrofe), ana-
Importante é fazer o educando perceber que o nível da coluto, silepse, onomatopeia e repetição.
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com • Figuras de palavras - onde se tem a metáfora, a meto-
a situação em que se desenvolve o discurso. nímia (e seu caso especial: a sinédoque), catacrese e antono-
O ambiente sociocultural determina o nível da linguagem másia.
a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia e • Figuras de pensamento - antítese, apóstrofe, eufemis-
até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não mo, disfemismo, hipérbole, ironia (antífrase), personificação e
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, retificação.
assim como uma criança não fala como um adulto. Um
engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo Segundo essa divisão, a ela cabe, também, o estudo dos
nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim como chamados Vícios de linguagem, tais como a ambiguidade,
nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso barbarismo, cacofonia, estrangeirismo, colisão, eco, solecismo
do lar e na sala de aula. e obscuridade.
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o A linguagem é a característica que nos difere dos demais
cotidiano, a que já fizemos referência. seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar senti-
mentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente
aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, sobretudo,
Semântica e Estilística promovendo nossa inserção ao convívio social. E dentre os
fatores que a ela se relacionam, destacam-se os níveis da fala,
Semântica é o estudo do significado. Incide sobre a que são basicamente dois: o nível de formalidade e o de in-
relação entre significantes, tais como palavras, frases, sinais formalidade.
e símbolos, e o que eles representam, a sua denotação. A O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
semântica linguística estuda o significado usado por seres escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo
humanos para se expressarem através da linguagem. Ou- geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma maneira
tras formas de semântica incluem a semântica nas lingua- que falamos. Este fator foi determinante para a que a mesma
gens de programação, lógica formal, e semiótica. pudesse exercer total soberania sobre as demais.
Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o estilo
Pode-se entender semântica como um ramo dos es-
considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado contro-
tudos linguísticos que se ocupa dos significados produ-
vérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para a socie-
zidos pelas diversas formas de uma língua. Dentro dessa
dade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira errônea
definição ampla, pertence ao domínio da semântica tanto a
é considerada “inculta”, tornando-se desta forma um estigma.
preocupação com determinar o significado dos elementos
Compondo o quadro do padrão informal da linguagem,
constituintes das palavras (prefixo, radical, sufixo) como o
estão as chamadas variedades linguísticas, as quais represen-
das palavras no seu todo e ainda o de frases inteiras. tam as variações de acordo com as condições sociais, cul-
Já Estilística é o ramo da linguística que estuda as va- turais, regionais e históricas em que é utilizada. Dentre elas
riações da língua e sua utilização, incluindo o uso estético destacam-se:
da linguagem e as suas diferentes aplicações dependendo
do contexto ou situação. Por exemplo, a língua de publici- Variações históricas: Dado o dinamismo que a língua
dade, política, religião, autores individuais, ou a língua de apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo.
um período, todos pertencem a uma situação particular. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortogra-
Em outras palavras, todos possuem um “lugar”. fia, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez
Na estilística, analisa-se a capacidade de provocar su- que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à lingua-
gestões e emoções usando certas fórmulas e efeitos de es- gem dos internautas, a qual se fundamenta pela supressão do
tilo, por exemplo, as características da estilística incluem o vocábulos. Analisemos, pois, o fragmento exposto:
uso do diálogo, acentos regionais e os dialetos desse de-
terminado povo, língua descritiva, o uso da gramática, tal Antigamente
como a voz passiva ou voz ativa, o uso da língua particular,
etc. Além disso, a estilística é um termo distintivo que pode “Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
ser usado para determinar conexões entre forma e efeitos eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
dentro de uma variedade particular da língua. Consequen- completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mes-
temente, a estilística visa ao que “acontece” dentro da lín- mo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a
gua; o que as associações linguísticas revelam do estilo da asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
língua. Carlos Drummond de Andrade

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Comparando-o à modernidade, percebemos um voca- Prosopopeia


bulário antiquado.
É uma figura de linguagem que atribui características
Variações regionais: São os chamados dialetos, que humanas a seres inanimados. Também podemos chamá-la
são as marcas determinantes referentes a diferentes re- de PERSONIFICAÇÃO.
giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, O céu está mostrando sua face mais bela.
em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: O cão mostrou grande sisudez.
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade
estão os sotaques, ligados às características orais da lin- Sinestesia
guagem.
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes
Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li- (mistura dos cinco sentidos).
gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também Raquel tem um olhar frio, desesperador.
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como Aquela criança tem um olhar tão doce.
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer- Catacrese
tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona- É o emprego de uma palavra no sentido figurado por
lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando falta de um termo próprio.
a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio- O menino quebrou o braço da cadeira.
nais da área de informática, dentre outros. A manga da camisa rasgou.
Vejamos um poema sobre o assunto:
Metonímia
Vício na fala
É a substituição de uma palavra por outra, quando
Para dizerem milho dizem mio existe uma relação lógica, uma proximidade de sentidos
Para melhor dizem mió que permite essa troca. Ocorre metonímia quando empre-
Para pior pió gamos:
Para telha dizem teia - O autor pela obra.
Para telhado dizem teiado Li Jô Soares dezenas de vezes. (a obra de Jô Soares)
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade - o continente pelo conteúdo.
O ginásio aplaudiu a seleção. (ginásio está substituindo
os torcedores)
Figuras
- a parte pelo todo.
Segundo Mauro Ferreira, a importância em reconhecer Vários brasileiros vivem sem teto, ao relento. (teto subs-
figuras de linguagem está no fato de que tal conhecimen- titui casa)
to, além de auxiliar a compreender melhor os textos literá-
rios, deixa-nos mais sensíveis à beleza da linguagem e ao - o efeito pela causa.
significado simbólico das palavras e dos textos. Suou muito para conseguir a casa própria. (suor substi-
Definição: Figuras de linguagem são certos recursos tui o trabalho)
não--convencionais que o falante ou escritor cria para dar
maior expressividade à sua mensagem. Perífrase

Metáfora É a designação de um ser através de alguma de suas


características ou atributos, ou de um fato que o celebri-
É o emprego de uma palavra com o significado de ou- zou.
tra em vista de uma relação de semelhanças entre ambas. É A Veneza Brasileira também é palco de grandes espetá-
uma comparação subentendida. culos. (Veneza Brasileira = Recife)
Minha boca é um túmulo. A Cidade Maravilhosa está tomada pela violência. (Ci-
Essa rua é um verdadeiro deserto. dade Maravilhosa = Rio de Janeiro)

Comparação Antítese

Consiste em atribuir características de um ser a outro, Consiste no uso de palavras de sentidos opostos.
em virtude de uma determinada semelhança. Nada com Deus é tudo.
O meu coração está igual a um céu cinzento. Tudo sem Deus é nada.
O carro dele é rápido como um avião.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

Eufemismo Assíndeto

Consiste em suavizar palavras ou expressões que são de- Ocorre quando há a ausência da conjunção entre duas
sagradáveis. orações.
Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos
Ele foi repousar no céu, junto ao Pai. (repousar no céu = para dançar.
morrer)
Os homens públicos envergonham o povo. (homens públi- Anacoluto
cos = políticos)
Consiste numa mudança repentina da construção sin-
Hipérbole tática da frase.
Ele, nada podia assustá-lo.
É um exagero intencional com a finalidade de tornar mais - Nota: o anacoluto ocorre com frequência na lingua-
expressiva a ideia. gem falada, quando o falante interrompe a frase, abando-
Ela chorou rios de lágrimas. nando o que havia dito para reconstruí-la novamente.
Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.
Anáfora
Ironia
Consiste na repetição de uma palavra ou expressão
Consiste na inversão dos sentidos, ou seja, afirmamos o para reforçar o sentido, contribuindo para uma maior ex-
contrário do que pensamos. pressividade.
Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.
Cada alma é uma escada para Deus,
Se você gritar mais alto, eu agradeço.
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Onomatopeia
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fer-
nando Pessoa)
Consiste na reprodução ou imitação do som ou voz na-
tural dos seres.
Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram. Silepse
Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite
toda. Ocorre quando a concordância é realizada com a ideia
e não sua forma gramatical. Existem três tipos de silepse:
Aliteração gênero, número e pessoa.
- De gênero: Vossa excelência está preocupado com as
Consiste na repetição de um determinado som conso- notícias. (a palavra vossa excelência é feminina quanto à
nantal no início ou interior das palavras. forma, mas nesse exemplo a concordância se deu com a
O rato roeu a roupa do rei de Roma. pessoa a que se refere o pronome de tratamento e não
com o sujeito).
Elipse - De número: A boiada ficou furiosa com o peão e der-
rubaram a cerca. (nesse caso a concordância se deu com a
Consiste na omissão de um termo que fica subentendido ideia de plural da palavra boiada).
no contexto, identificado facilmente. - De pessoa: As mulheres decidimos não votar em de-
Após a queda, nenhuma fratura. terminado partido até prestarem conta ao povo. (nesse tipo
de silepse, o falante se inclui mentalmente entre os partici-
Zeugma pantes de um sujeito em 3ª pessoa).

Consiste na omissão de um termo já empregado ante- Fonte:


riormente. http://juliobattisti.com.br/tutoriais/josebferraz/figuras-
Ele come carne, eu verduras. linguagem001.asp

Pleonasmo São conhecidas pelo nome de figuras de pensamento


os recursos estilísticos utilizados para incrementar o signi-
Consiste na intensificação de um termo através da sua ficado das palavras no seu aspecto semântico.
repetição, reforçando seu significado. São oito as figuras de pensamento:
Nós cantamos um canto glorioso.
1) Antítese
Polissíndeto
É a repetição da conjunção entre as orações de um perío- É a aproximação de palavras ou expressões de sentidos
do ou entre os termos da oração. opostos. O contraste que se estabelece serve para dar uma
Chegamos de viagem e tomamos banho e saímos para ênfase aos conceitos envolvidos, o que não ocorreria com
dançar. a exposição isolada dos mesmos. Exemplos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Viverei para sempre ou morrerei tentando. 8) Prosopopeia ou Personificação


Do riso se fez o pranto.
Hoje fez sol, ontem, porém, choveu muito. Consiste na atribuição de ações, qualidades ou carac-
terísticas humanas a seres não humanos. Exemplos:
2) Apóstrofe Chora, viola.
A morte mostrou sua face mais sinistra.
É assim denominado o chamamento do receptor da O morro dos ventos uivantes.
mensagem, seja ele de natureza imaginária ou não. É utili-
zada para dar ênfase à expressão e realiza-se por meio do Figuras de construção ou sintaxe integram as cha-
vocativo. Exemplos: madas figuras de linguagem, representando um subgrupo
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes? destas. Dessa forma, tendo em vista o padrão não conven-
Pai Nosso, que estais no céu; cional que prevalece nas figuras de linguagem (ou seja, a
Ó meu querido Santo António; subjetividade, a sensibilidade por parte do emissor, deixan-
do às claras seus aspectos estilísticos), devemos compreen-
der sua denominação. Em outras palavras, por que “figuras
3) Paradoxo
de construção ou sintaxe”?
Podemos afirmar que assim se denominam em virtude
É uma proposição aparentemente absurda, resultan-
de apresentarem algum tipo de modificação na estrutura
te da união de ideias que se contradizem referindo-se ao da oração, tendo em vista os reais e já ressaltados objetivos
mesmo termo. Os paradoxos viciosos são denominados da enunciação (do discurso) – sendo o principal conferir
Oxímoros (ou oximoron). Exemplos: ênfase a ela.
“Menino do Rio / Calor que provoca arrepio...” Assim sendo, comecemos entendendo que, em termos
“Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e convencionais, a estrutura sintática da nossa língua se per-
não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que faz de uma sequência, demarcada pelos seguintes elemen-
desatina sem doer;” (Camões) tos:

4) Eufemismo SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO

Consiste em empregar uma expressão mais suave, (Nós) CHEGAMOS ATRASADOS À REUNIÃO.
mais nobre ou menos agressiva, para atenuar uma verdade
tida como penosa, desagradável ou chocante. Exemplos: Temos, assim, um sujeito oculto – nós; um predicado
“E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir Deus verbal – chegamos atrasados; e um complemento, repre-
lhe pague”. (Chico Buarque). sentado por um adjunto adverbial de lugar – à reunião.
paz derradeira = morte Quando há uma ruptura dessa sequência lógica, mate-
rializada pela inversão de termos, repetição ou até mesmo
5) Gradação omissão destes, é justamente aí que as figuras em questão
se manifestam. Desse modo, elas se encontram muito pre-
Na gradação temos uma sequência de palavras que in- sentes na linguagem literária, na publicitária e na lingua-
tensificam a mesma ideia. Exemplo: gem cotidiana de forma geral. Vejamos cada uma delas de
“Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo.” modo particular:
(Castro Alves).
Elipse
6) Hipérbole
Tal figura se caracteriza pela omissão de um termo na
oração não expresso anteriormente, contudo, facilmente
É a expressão intencionalmente exagerada com o in-
identificado pelo contexto. Vejamos um exemplo:
tuito de realçar uma ideia, proporcionando uma imagem
emocionante e de impacto. Exemplos: Rondó dos cavalinhos
“Faz umas dez horas que essa menina penteia esse ca- [...]
belo”.
Ele morreu de tanto rir. Os cavalinhos correndo,
7) Ironia E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, Nossa! A poesia morrendo...
pela contradição de termos, pretende-se questionar certo O sol tão claro lá fora,
tipo de pensamento. A intenção é depreciativa ou sarcás- O sol tão claro, Esmeralda,
tica. Exemplos: E em minhalma — anoitecendo!
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que Manuel Bandeira
estão por perto.
“Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / Notamos que em todos os versos há a omissão do ver-
burra como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade). bo estar, sendo este facilmente identificado pelo contexto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Zeugma Inversão (ou Hipérbato)

Ao contrário da elipse, na zeugma ocorre a omissão Trata-se da inversão da ordem direta dos termos da
de um termo já expresso no discurso. Constatemos: Maria oração. Constatemos: Eufórico chegou o menino.
gosta de Matemática, eu de Português. Deduzimos que o predicativo do sujeito (pois se tra-
Observamos que houve a omissão do verbo gostar. ta de um predicado verbo-nominal) encontra-se no início
da oração, quando este deveria estar expresso no final, ou
Anáfora seja: O menino chegou eufórico.

Essa figura de linguagem se caracteriza pela repetição Pleonasmo


intencional de um termo no início de um período, frase ou
Figura que consiste na repetição enfática de uma ideia
verso. Observemos um caso representativo:
antes expressa, tanto do ponto de vista sintático quanto
A Estrela semântico, no intuito de reforçar a mensagem. Exemplo:
Vi uma estrela tão alta, Vivemos uma vida tranquila.
Vi uma estrela tão fria! O termo em destaque reforça uma ideia antes ressal-
Vi uma estrela luzindo tada, uma vez que viver já diz respeito à vida. Temos uma
Na minha vida vazia. repetição de ordem semântica.
A ele nada lhe devo.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria! Percebemos que o pronome oblíquo (lhe) faz refe-
Era uma estrela sozinha rência à terceira pessoa do singular, já expressa. Trata-se,
Luzindo no fim do dia. portanto, de uma repetição de ordem sintática demarcada
[...] pelo que chamamos de objeto direto pleonástico.
Manuel Bandeira
Observação importante: O pleonasmo utilizado sem
Notamos a utilização de termos que se repetem suces- a intenção de conferir ênfase ao discurso, torna-se o que
sivamente em cada verso da criação de Manuel Bandeira. denominamos de vício de linguagem – ocorrência que deve
ser evitada. Como, por exemplo: subir para cima, descer
para baixo, entrar para dentro, entre outras circunstâncias
Polissíndeto
linguísticas.
Figura cuja principal característica se define pela repe-
tição enfática do conectivo, geralmente representado pela
conjunção coordenada “e”. Observemos um verso extraí- Sinônimos
do de uma criação de Olavo Bilac, intitulada “A um poeta”:
“Trabalha e teima, e lima, e sofre, e sua!” São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir.
Assíndeto Observação: A contribuição greco-latina é responsável
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adver-
Diferentemente do que ocorre no polissíndeto, mani- sário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he-
festado pela repetição da conjunção, no assíndeto ocorre a miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
omissão deste. Vejamos: Vim, vi, venci (Júlio César) diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
Depreendemos que se trata de orações assindéticas,
justamente pela omissão do conectivo “e”. Antônimos

Anacoluto São palavras de significação oposta: ordem - anarquia;


soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
Observação: A antonímia pode originar-se de um pre-
Trata-se de uma figura que se caracteriza pela inter-
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer;
rupção da sequência lógica do pensamento, ou seja, em
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis-
termos sintáticos, afirma-se que há uma mudança na cons- córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an-
trução do período, deixando algum termo desligado do ticomunista; simétrico e assimétrico.
restante dos elementos. Vejamos:
Essas crianças de hoje, elas estão muito evoluídas. O que são Homônimos e Parônimos
Notamos que o termo em destaque, que era para re-
presentar o sujeito da oração, encontra-se desligado dos Homônimos
demais termos, não cumprindo, portanto, nenhuma função
sintática. a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen-
tes na pronúncia:

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LÍNGUA PORTUGUESA

rego (subst.) e rego (verbo); Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
colher (verbo) e colher (subst.); constroem carros com sensores de movimento que respon-
jogo (subst.) e jogo (verbo); dem à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de
denúncia (subst.) e denuncia (verbo); baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que precisa-
providência (subst.) e providencia (verbo). mos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de
robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alunos também
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di- aprendem a consertar computadores antigos. “O nosso pro-
ferentes na escrita: jeto só funciona por causa do lixo eletrônico. Se tivéssemos
acender (atear) e ascender (subir); que comprar tudo, não seria viável”, completou.
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); Em uma época em que celebridades do mundo digital
cela (compartimento) e sela (arreio); fazem campanha a favor do ensino de programação nas es-
censo (recenseamento) e senso ( juízo); colas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da
paço (palácio) e passo (andar). turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já
sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me
palavras iguais na escrita e na pronúncia: interessando”, disse.
caminho (subst.) e caminho (verbo); (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013.
cedo (verbo) e cedo (adv.); Adaptado)
livre (adj.) e livre (verbo).
02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns
Parônimos sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... –
pode ser substituída, sem alteração do sentido da mensa-
São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro e gem, pela seguinte expressão:
couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede A) Pelo menos
e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; au- B) A contar de
tuar e atuar; degradar e degredar; infligir e infringir; deferir C) Em substituição a
e diferir; suar e soar. D) Com exceção de
E) No que se refere a
Fonte:
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an- 03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo
tonimos,-homonimos-e-paronimos para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, disse.
Questões sobre Significação das Palavras A) Estimulante.
B) Cansativo.
01. Assinale a alternativa que preenche corretamente C) Irritante.
as lacunas da frase abaixo: D) Confuso.
Da mesma forma que os italianos e japoneses _________ E) Improdutivo.
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor; 04. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁ-
internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo. RIA – VUNESP – 2013). Analise as afirmações a seguir.
a) imigraram - emigram - migram I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
b) migraram - imigram - emigram por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí-
c) emigraram - migram - imigram. do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
d) emigraram - imigram - migram. II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
e) imigraram - migram – emigram reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
AGENTE DE APOIO – MICROINFORMÁTICA – VUNESP – ção.
2013 - Leia o texto para responder às questões de números III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
02 e 03. rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica do”, sem alterar o sentido do texto.
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
Você comprou um smartphone e acha que aquele seu está correto o que se afirma em
celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo A) I, II e III.
para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID B) III, apenas.
– Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto C) I e III, apenas.
ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, D) I, apenas.
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo E) I e II, apenas.
eletrônico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

05. Leia as frases abaixo: RESOLUÇÃO


1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi;
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em 1-)
Marte. Da mesma forma que os italianos e japoneses imi-
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas graram para o Brasil no século passado, hoje os brasi-
de humor. leiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. de uma vida melhor; internamente, migram para o
Sul, pelo mesmo motivo.
Escolha a alternativa que oferece a sequência correta
2-)
de vocábulos para as lacunas existentes:
“Com exceção de alguns sensores, que precisamos
a) concerto – há – a – cessões – há; comprar, é tudo reciclagem”...
b) conserto – a – há – sessões – há;
c) concerto – a – há – seções – a; 3-)
d) concerto – a – há – sessões – há; antônimo para o termo destacado : “No início das au-
e) conserto – há – a – sessões – a . las, eu achava meio chato, mas depois fui me interessando”
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas
06. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁ- depois fui me interessando”
RIA – VUNESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho
para responder à questão. 4-)
Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans- I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso
mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí-
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
lhes impuseram limites de disciplina.
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
trecho, é: ção. = correta
A) de desprendimento. III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
B) de responsabilidade. rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
C) de abnegação. pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão
D) de amor. do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
E) de egoísmo.
5-)
07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser 1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi;
preenchida com a primeira alternativa da série dada nos 2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe)
parênteses: vida em Marte.
A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en- 3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro-
chentes. (afim- a fim). gramas de humor.
4- Há dias que não falo com Alfredo. (=
B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
tempo passado)
C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (in-
flingirem - infringirem). 6-)
D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos. Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans-
(concelhos - conselhos). mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cer- lhes impuseram limites de disciplina.
ca de - acerca de). O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
trecho, é de egoísmo
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado
direita de cada palavra há um sinônimo. nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações
a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan-
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
coletivas).
GABARITO 7-)
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das
01. A 02. D 03. A 04. A enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in-
05. D 06. E 07. E 08. A dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas
que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos)

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LÍNGUA PORTUGUESA

B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar Polissemia e homonímia


arreio no cavalo)
C) Serão punidos os que infringirem o regulamen- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
to. (inflingirem = aplicarem a pena) comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve- cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa quando duas ou mais palavras com origens e significados
de um distrito). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. monímia.
(acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.). A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
8-) polissemia porque os diferentes significados para a palavra
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) = manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos
significados invertidos mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que
uma entrada no dicionário.
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
“Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar
cados invertidos
o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi- a caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os
cados invertidos diferentes significados estão interligados porque remetem
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação = para o mesmo conceito, o da escrita.
significados invertidos
Polissemia e ambiguidade
Polissemia
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Consideremos as seguintes frases: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja! ser ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpreta-
Vamos! Coloque logo a mão na massa! ção. Essa ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
As crianças estão com as mãos sujas. específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi. uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma
alimentação equilibrada frequentemente são felizes. Neste
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras caso podem existir duas interpretações diferentes. As pes-
idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem soas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são
o mesmo significado? felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
Existe uma parte da gramática normativa denominada
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre-
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significa-
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan-
dos que uma mesma palavra apresenta de acordo com o te saber qual o contexto em que a frase é proferida.
contexto em que se insere.
Tomando como exemplo as frases já mencionadas, Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo-
analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de-
com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma
dicionário. língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto.
Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, efi-
ciência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o Sentido Próprio e Figurado das Palavras
significado é de: participação, interação mediante a uma
tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por Pela própria definição acima destacada podemos per-
último simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa. ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per- relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex-
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado).
consideração as situações de aplicabilidade. Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
Há uma infinidade de outros exemplos em que pode- dem-se assim:
- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o senti-
mos verificar a ocorrência da polissemia, como por exem-
do comum que costumamos dar a uma palavra.
plo:
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura-
O rapaz é um tremendo gato. do”, que podemos dar a uma palavra.
O gato do vizinho é peralta. Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes
Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. contextos:
Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua 1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
sobrevivência 2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagra-
O passarinho foi atingido no bico. dável, que adota condutas pouco apreciáveis)

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LÍNGUA PORTUGUESA

3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que co- (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
nhece muito sobre alguma coisa, “expert”) (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- dela.
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado (C) adotar como referência de qualidade.
em sentido figurado. (D) julgar de acordo com normas legais.
Podemos então concluir que um mesmo significante (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos).
3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
Denotação e Conotação LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
com o seu significado primitivo e original, com o sentido Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem ... informações ligadas especialmente à pesquisa aca-
comum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para dêmica,
que não voasse mais. ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido analogia e associação...
próprio, comum, usual, literal. Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia
de hipertexto...
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Di- ... 20 anos depois de seu artigo fundador...
cionário: trata-se de definição literal, quando o termo é uti-
lizado em seu sentido dicionarístico. As palavras destacadas que expressam ideia de tempo
são:
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra (A) algo, especialmente e Quando.
com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou (B) Desde, especialmente e algo.
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua- (C) especialmente, Quando e depois.
gem rica e expressiva. Veja este exemplo: (D) Desde, Quando e depois.
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes
(E) Desde, algo e depois.
que seja tarde demais.
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma
4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
figurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle
A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o mo-
de ações; disciplina, limitação de conduta e comportamen-
vimento cordelista pode ser comparada à de outros dois
to.
grandes nomes...
Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem
Fonte:
prejuízo da correção, o elemento grifado pode ser subs-
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de-
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu- tituído por:
rado-das-palavras.html (A) contrastada.
(B) confrontada.
Questões sobre Denotação e Conotação (C) ombreada.
(D) rivalizada.
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (E) equiparada.
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão 5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala- abras com teu amigo – o verbo em destaque foi emprega-
vras ígneo e pétreo. do em sentido figurado.
(A) De corda; de plástico. Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
(B) De fogo; de madeira. continua sendo empregado em sentido figurado.
(C) De madeira; de pedra. (A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
(D) De fogo; de pedra. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abri-
(E) De plástico; de cinza. dor.
(C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 casa.
- ADAPTADO) Para responder à questão, considere a se- (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.
guinte passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereoti-
pando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 –
99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques-
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de tão, considere o texto abaixo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A marca da solidão 8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BN-


DES/2012) Considere o emprego do verbo levar no trecho:
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de “Uma competição não dura apenas alguns minutos. Leva
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a anos”. A frase em que esse verbo está usado com o mesmo
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de sentido é:
penumbra na tarde quente. (A) O menino leva o material adequado para a escola.
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- (B) João levou uma surra da mãe.
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com (C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- (D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é (E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a a prova.
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja-
Resolução
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
1-)
No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido
figurado é Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
(A) menino. sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
(B) chão. fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a respos-
(C) testa. ta?
(D) penumbra. RESPOSTA: “D”.
(E) tenda.
2-)
7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- Classificar conforme regras conhecidas, mas não con-
NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à firmadas se verdadeiras.
questão. RESPOSTA: “E”.

RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando a 3-)


Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar a ci- As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
dade. Em primeira instância, a campanha é educativa. Equi- desde, quando e depois.
pes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão per- RESPOSTA: “D”.
correndo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando coisas
onde não devem e alertá-los para o que os espera. Em breve, 4-)
com guardas municipais, policiais militares e 600 fiscais em Ao participar de um concurso, não temos acesso a di-
ação, as multas começarão a chegar para quem tratar a via cionários para que verifiquemos o significado das palavras,
pública como a casa da sogra. por isso, caso não saibamos o que significam, devemos
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os analisá-las dentro do contexto em que se encontram. No
recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas exercício acima, a que se “encaixa” é “equiparada”.
que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas, RESPOSTA: “E”.
pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar
orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar ban-
5-)
cos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir
Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empre-
lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo
com ele. gado em seu sentido denotativo. No item C, conotativo
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão (“abrir a mente” = aberto a mudanças, novas ideias).
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum RESPOSTA: “C”.
motivo, parecem querer levar ao colapso.
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalis- 6-)
mo, saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade, Novamente, responderemos com frase do texto: seu
resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos rosto formando uma tenda.
públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua. RESPOSTA: “E”.
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, 21.08.2013.
Adaptado) 7-)
Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção
Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º do autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se
parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de à queda, ao fim, à ruína da cidade.
(A) progresso. RESPOSTA: “E”.
(B) descaso.
(C) vitória. 8-)
(D) tédio. No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o
(E) ruína. sentido de “duração/tempo”

12
LÍNGUA PORTUGUESA

(A) O menino leva o material adequado para a escola. Coerência


= carrega
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta texto;
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. = - situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão
direciona conceitual;
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o
prova = duração/tempo todo, com o aspecto global do texto;
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e fra-
RESPOSTA: “E”. ses.

Coesão
Coesão e Coerência
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
- situa-se na superfície do texto, estabelece conexão
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra- sequencial;
balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as
saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em partes componentes do texto;
cada parte constituinte do texto, é preciso saber escrever - Estabelece relações entre os vocábulos no interior
obedecendo às normas de coerência e coesão. Antes de das frases.
mais nada, é necessário definir os termos: coerência diz res-
peito à articulação do texto, à compatibilidade das ideias, Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibili-
à lógica do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à dade ou compreensão do texto. Um texto bem redigido
expressão linguística, ao nível gramatical, às estruturas fra- tem parágrafos bem estruturados e articulados pelo enca-
sais e ao emprego do vocabulário. deamento das ideias neles contidas. As estruturas frasais
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de devem ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para diz respeito à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta e essa adequação só se consegue pelo conhecimento dos
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente significados possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em comuns de redação sejam devidos à impropriedade do vo-
cabulário e ao mau emprego dos conectivos (conjunções,
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem
que têm por função ligar uma frase ou período a outro). Eis
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
alguns exemplos de impropriedade do vocabulário, colhi-
reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência dos em redações sobre censura e os meios de comunica-
lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um ção e outras.
texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas,
sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam “Nosso direito é frisado na Constituição.”
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão. Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela
hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem ori- “Estabelecer os limites as quais a programação deveria
gem nas estruturas profundas, no conhecimento do mundo estar exposta.”
de cada pessoa, aliada à competência linguística. Deduz-se Estabelecer os limites aos quais a programação deveria
que é difícil ensinar coerência textual, intimamente ligada estar sujeita. = correta
à visão de mundo, à origem das ideias no pensamento. A
coesão, porém, refere-se à expressão linguística, aos pro- “A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
cessos sintáticos e gramaticais do texto. A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensa-
O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão: cionalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam
tais notícias. = correta
Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de
“Retomada das rédeas da programação.”
um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade-
Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no
quada relação semântica, que se manifesta na compatibi-
que diz respeito à programação. = correta
lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa
com coisa” ou “uma coisa bate com outra”). O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui-
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi-
do texto, numa linha de sequência e com os quais se es- gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo
tabelece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conheci-
coesivo faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical. mentos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o
Se se faz por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical. significado de determinada palavra, mas não sabe empre-

13
LÍNGUA PORTUGUESA

gá-la adequadamente, isso ocorre frequentemente com o Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade
emprego dos conectivos (preposições e conjunções). Não delas (palavras cheias de sensibilidade).
basta saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas
nominais no interior das frases e que as conjunções ligam Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação
frases dentro do período; é necessário empregar adequa- das frases, aconselha-se levar em conta as seguintes suges-
damente tanto umas como outras. É bem verdade que, na tões para o emprego correto dos articuladores sintáticos
maioria das vezes, o emprego inadequado dos conectivos (conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções
remete aos problemas de regência verbal e nominal. conjuntivas).
Exemplos: - Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu-
lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas:
“Estar inteirada com os fatos” significa participação, in- mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Podem
teração. também ser empregadas as conjunções concessivas e locu-
“Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento ções prepositivas para introduzir a ideia de oposição aliada à
dos fatos, estar informada. concessão: embora, ou muito embora, apesar de, ainda que,
conquanto, posto que, a despeito de, não obstante.
“Ir de encontro” significa divergir, não concordar. - A articulação sintática de causa pode ser feita por meio
“Ir ao encontro” quer dizer concordar. de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque, como,
por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também podem
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de ser empregadas as preposições e locuções prepositivas: por,
ideias” significa a liberdade não é ameaça; por causa de, em vista de, em virtude de, devido a, em conse-
“Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de quência de, por motivo de, por razões de.
ideias”, isto é, a liberdade fica ameaçada. - O principal articulador sintático de condição é o “se”:
Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se também
Quanto à regência verbal, convém sempre consultar expressar condição pelo emprego dos conectivos: caso, con-
um dicionário de verbos, pois muitos deles admitem duas tanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
ou três regências diferentes; cada uma, porém, tem um sig- - O emprego da preposição “para” é a maneira mais co-
nificado específico. Lembre-se, a propósito, de que as dúvi- mum de expressar finalidade. “É necessário baixar as taxas
de juros para que a economia se estabilize” ou para a econo-
das sobre o emprego da crase decorrem do fato de consi-
mia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para fazer boa
derar-se crase como sinal de acentuação apenas, quando o
prova.” Há outros articuladores que expressam finalidade: a
problema refere-se à regência nominal e verbal.
fim de, com o propósito de, na finalidade de, com a intenção
Exemplos:
de, com o objetivo de, com o fito de, com o intuito de.
- A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio
O verbo assistir admite duas regências:
dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portanto,
assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista disso.
assistência (O médico assiste o doente): Para introduzir mais um argumento a favor de determinada
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti conclusão emprega- -se ainda. Os articuladores aliás,
ao jogo da seleção). além do mais, além disso, além de tudo, introduzem um ar-
gumento decisivo, cabal, apresentado como um acréscimo,
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear para justificar de forma incontestável o argumento contrário.
(Pedi o jornal do dia). - Para introduzir esclarecimentos, retificações ou desen-
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu volvimento do que foi dito empregam-se os articuladores:
que fizessem silêncio). isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras. A conjunção
Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da clas- aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o desenvolvimento
se); significa também pedir em favor de alguém (A Diretora do discurso, pois acrescenta uma informação nova, um dado
pediu ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, novo, e se não acrescentar nada, é pura repetição e deve ser
pedir algo a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá evitada.
-lo); pode significar ainda exigir, reclamar (Os professores - Alguns articuladores servem para estabelecer uma
pedem aumento de salário). gradação entre os correspondentes de determinada escala.
No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo; no
O mau emprego dos pronomes relativos também pode plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo.
levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, empre-
ga-se no qual ou ao qual em lugar do que, com prejuízo da
clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessário Correlação Verbal
ou inadequado.
“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para Damos o nome de correlação verbal à coerência que,
mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um en- em uma frase ou sequência de frases, deve haver entre as
velope que (o qual) estava sem remetente). formas verbais utilizadas. Ou seja, é preciso que haja articu-
lação temporal entre os verbos, que eles se correspondam,
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da de maneira a expressar as ideias com lógica. Tempos e mo-
sensibilidade...” dos verbais devem, portanto, combinar entre si.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Vejamos este exemplo: Atividades


Seu eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderia a
lição. 1-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO
- FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, vê deze-
No caso, o verbo dormir está no pretérito imperfeito nas de caminhões parados”, revelou o analista ambiental
do subjuntivo. Sabemos que o subjuntivo expressa dúvi- Geraldo Motta.
da, incerteza, possibilidade, eventualidade. Assim, em que Substituindo-se Quando por Se, os verbos sublinha-
tempo o verbo aprender deve estar, de maneira a garantir dos devem sofrer as seguintes alterações:
que o período tenha lógica? (A) entrar − vira
Na frase, aprender é usado no futuro do pretérito (B) entrava − tinha visto
(aprenderia), um tempo que expressa, dentre outras ideias, (C) entrasse − veria
uma afirmação condicionada (que depende de algo), quan- (D) entraria − veria
do esta se refere a fatos que não se realizaram e que, pro- (E) entrava − teria visto
vavelmente, não se realizarão. O período, portanto, está
correto, já que a ideia transmitida por dormisse é exata- 2-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
mente a de uma dúvida, a de uma possibilidade que não TIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas verbais
temos certeza se ocorrerá. está correta em:
Para tornar mais clara a questão, vejamos o mesmo (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
exemplo, mas sem correlação verbal: ta não resistiu.
Se eu dormisse durante as aulas, jamais aprenderei a (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
lição. poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
Temos dormir no subjuntivo, novamente. Mas aprender o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
está conjugado no futuro do presente, um tempo verbal
torções patológicas, não haverá vícios.
que expressa, dentre outras ideias, fatos certos ou prová-
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
veis.
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão baratas.
Ora, nesse caso não podemos dizer que jamais apren-
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
deremos a lição, pois o ato de aprender está condiciona-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia.
do não a uma certeza, mas apenas à hipótese (transmitida
pelo pretérito imperfeito do subjuntivo) de dormir.
3-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁRIA –
Correlações verbais corretas VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preenche ade-
quadamente e de acordo com a norma culta a lacuna da
A seguir, veja alguns casos em que os tempos verbais frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu lhe faria a
são concordantes: pergunta mais deliciosa de todas.
presente do indicativo + presente do subjuntivo: Exijo (A) entrasse
que você faça o dever. (B) entraria
(C) entrava
pretérito perfeito do indicativo + pretérito imperfeito (D) entrar
do subjuntivo: Exigi que ele fizesse o dever. (E) entrou

presente do indicativo + pretérito perfeito composto 4-) (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
do subjuntivo: Espero que ele tenha feito o dever. FCC/2010) Se a tendência se mantiver, teremos cada vez
pretérito imperfeito do indicativo + mais-que-perfei- mais...
to composto do subjuntivo: Queria que ele tivesse feito o Ao substituir o segmento grifado acima por “Caso a
dever. tendência”, a continuação que mantém a correção e o sen-
tido da frase original é:
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati- a) se mantenha, teremos cada vez mais...
vo: Se você fizer o dever, eu ficarei feliz. b) fosse mantida, teríamos cada vez mais...
c) se manter, teremos cada vez mais...
pretérito imperfeito do subjuntivo + futuro do pretérito d) for mantida, teremos cada vez mais...
do indicativo: Se você fizesse o dever, eu leria suas respostas. e) seja mantida, teríamos cada vez mais...
pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo +
futuro do pretérito composto do indicativo: Se você tivesse 5-) (PREFEITURA DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP -
feito o dever, eu teria lido suas respostas. AGENTE OPERACIONAL – VUNESP/2012 - ADAPTADA)
Assinale a alternativa que apresenta o trecho – ... o dou-
futuro do subjuntivo + futuro do presente do indicati- torando enviou seu estudo para a Sociedade Britânica de
vo: Quando você fizer o dever, dormirei. Psicologia para apreciação e não esperava que houvesse
tanta publicidade. – reescrito de acordo com a norma-pa-
futuro do subjuntivo + futuro do presente composto drão, com indicação de ação a se realizar e correta corre-
do indicativo: Quando você fizer o dever, já terei dormido. lação verbal.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(A) ... o doutorando enviaria seu estudo para a Socieda- 4-)


de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperava Ao empregarmos o termo “caso a”, conjugaremos o ver-
que haveria tanta publicidade. bo utilizando o modo hipotético (Subjuntivo). A transforma-
(B) ... o doutorando envia seu estudo para a Sociedade ção será: Caso a tendência se mantenha, teremos cada vez
Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará que mais...
houvesse tanta publicidade. RESPOSTA: “A”.
(C) ... o doutorando enviara seu estudo para a Socieda-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperara 5-)
que haverá tanta publicidade. O exercício quer que conjuguemos o verbo no futuro do
(D) ... o doutorando enviará seu estudo para a Socieda- presente (ação a se realizar). Como o enunciado é especí-
de Britânica de Psicologia para apreciação e não esperará fico (quer determinado tempo verbal), não fiz as correções
que haja tanta publicidade. nas demais alternativas, pois, em um concurso, perderíamos
tempo consertando os itens que não nos interessam. Vamos
6-) (METRÔ/SP – ENGENHEIRO JÚNIOR CIVIL – à construção: o doutorando enviou (enviará) seu estudo para
FCC/2012) Está plenamente adequada a correlação entre a Sociedade Britânica de Psicologia para apreciação e não
tempos e modos verbais na frase: esperava (esperará) que houvesse (haja) tanta publicidade. =
(A) Nem bem saí pela porta automática e subi as esca- enviará / esperará / haja.
das rolantes, logo me encontraria diante da luz do sol e do RESPOSTA: “D”.
ar fresco da manhã.
(B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô 6-)
satisfizesse plenamente as expectativas que venho alimen- (A) Nem bem saí pela porta automática e subi as escadas
tando. rolantes, logo me encontraria (encontrei) diante da luz do sol
(C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavel- e do ar fresco da manhã.
(B) Eu havia presumido que aquela viagem de metrô sa-
mente não terão reclamado por as expormos à luz do dia.
tisfizesse (satisfaria) plenamente as expectativas que venho
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida mo-
alimentando.
derna, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de
(C) Se as minhocas dispusessem de olhos, provavelmen-
nossas viagens urbanas.
te não terão (teriam) reclamado por as expormos à luz do dia.
(E) Como haveremos de comparar as antigas viagens
(D) Não fossem as urgências impostas pela vida moder-
de trem com estas que realizássemos por meio de túneis
na, não teria sido necessário acelerar tanto o ritmo de nossas
entre estações subterrâneas? viagens urbanas.
(E) Como haveremos de comparar as antigas viagens de
RESOLUÇÃO trem com estas que realizássemos (realizamos) por meio de
túneis entre estações subterrâneas?
1-) RESPOSTA: “D”.
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
ria = entrasse / veria.
RESPOSTA: “C”. MORFOSSINTAXE - Estudo dos verbos e sua
relação com as formas pronominais. Sintaxe
2-)
Fiz as correções necessárias: do período e da oração e seus dois eixos:
(A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane- coordenação e subordinação. Sintaxe de
ta não resistiu = resistirá Concordância. Sintaxe de Colocação. Sintaxe de
(B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto Regência. Análise Sintática Estudo das classes
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso. gramaticais (incluindo classificação e flexão):
(C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida, Artigo, Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo,
o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis- Advérbio, Conjunção, Preposição, Interjeição,
torções patológicas, não haverá = haveria Conectivos, Formas variantes. Emprego das
(D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
palavras.
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
teriam ficado)
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia = CLASSES DE PALAVRAS
crescerá
RESPOSTA: “B”. Adjetivo
3-) Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou ca-
O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- racterística do ser e se relaciona com o substantivo.
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per-
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso,
RESPOSTA: “A”. moça bondosa, pessoa bondosa.

16
LÍNGUA PORTUGUESA

Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua- Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho- como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher
mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade, feliz.
portanto, não é adjetivo, mas substantivo. Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença
Morfossintaxe do Adjetivo político-social.

O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função den- Número dos Adjetivos
tro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando como
adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do Plural dos adjetivos simples
objeto).
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acor-
Adjetivo Pátrio (ou gentílico) do com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Ob- zes, ruim e ruins boa e boas
serve alguns deles:
Estados e cidades brasileiros: Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
Alagoas alagoano função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
Amapá amapaense que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
Aracaju aracajuano ou aracajuense um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo:
Amazonas amazonense ou baré a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se
Belo Horizonte belo-horizontino estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
Brasília brasiliense tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos
Cabo Frio cabo-friense cinza.
Campinas campineiro ou campinense Veja outros exemplos:
Motos vinho (mas: motos verdes)
Adjetivo Pátrio Composto
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Adjetivo Composto
Observe alguns exemplos:
África afro- / Cultura afro-americana
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor-
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto
-inglesas malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas
América américo- / Companhia américo-africana o último elemento concorda com o substantivo a que se
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso
China sino- / Acordos sino-japoneses um dos elementos que formam o adjetivo composto seja
Espanha hispano- / Mercado hispano-português um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará
Europa euro- / Negociações euro-americanas invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente um
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento,
Grécia greco- / Filmes greco-romanos funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas hífen, formará um adjetivo composto; como é um substan-
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa tivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará invariá-
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras vel. Por exemplo:
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros Camisas rosa-claro.
Flexão dos adjetivos Ternos rosa-claro.
Olhos verde-claros.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Gênero dos Adjetivos
Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se refe- quer adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre
rem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs- invariáveis.
tantivos, classificam-se em: - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculi- têm os dois elementos flexionados.
no e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, mau e
má, judeu e judia. Grau do Adjetivo
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe-
minino somente o último elemento. Por exemplo: o moço Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten-
norte-americano, a moça norte-americana. sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. comparativo e o superlativo.

17
LÍNGUA PORTUGUESA

Comparativo Observe alguns superlativos sintéticos:


benéfico beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri- bom boníssimo ou ótimo
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi- comum comuníssimo
cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de cruel crudelíssimo
igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe difícil dificílimo
os exemplos abaixo: doce dulcíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade fácil facílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da fiel fidelíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe- Essa relação pode ser:
rioridade Analítico De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
No comparativo de superioridade analítico, entre os De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe-
Note bem:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
que” ou “mais...que”.
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
etc., antepostos ao adjetivo.
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe- 2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob
rioridade Sintético duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular,
de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su- radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo
perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles: ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, forma popular é constituída do radical do adjetivo portu-
grande/maior, baixo/inferior. guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
Observe que: 3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, preca-
a) As formas menor e pior são comparativos de supe- riíssimo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual,
rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res- as formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o de-
pectivamente. sagradável hiato i-í.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
(melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei- Advérbio
tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-
se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais gran- O advérbio, assim como muitas outras palavras exis-
de e mais pequeno. Por exemplo: tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas.
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele- ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz
mentos. referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo,
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo
duas qualidades de um mesmo elemento. se desenvolve.
O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no sen-
Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In- tido de caracterizar os processos expressos por ele. Contu-
do, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos),
ferioridade
pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Se-
Sou menos passivo (do) que tolerante.
guem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
Superlativo você está até bem informado.
Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad-
O superlativo expressa qualidades num grau muito jetivo alheio, representando uma qualidade, característica.
elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser
absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: O artista canta muito mal.
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifi-
um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre- ca outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
senta-se nas formas: pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra
Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala- funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar
vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim
O secretário é muito inteligente. não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chama-
Sintética: a intensificação se faz por meio do acrésci- mos de locução adverbial, representada por algumas ex-
mo de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo. pressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de
modo algum, entre outras.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér- Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez - longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
expressas por: inconstitucionalissimamente, etc.;
de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pres- Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
sas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral,
frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior
parte dos que terminam em -”mente”: calmamente, triste- Artigo
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente,
docemente, escandalosamente, bondosamente, generosa- Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo,
mente indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o
excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto, gênero e o número dos substantivos.
quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase,
de todo, de muito, por completo. Classificação dos Artigos
de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, Artigos Definidos: determinam os substantivos de
doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en- maneira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal.
fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata- Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de
mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em um animal.
quando, de quando em quando, a qualquer momento, de
tempos em tempos, em breve, hoje em dia Combinação dos Artigos
de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, É muito presente a combinação dos artigos definidos
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por
adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter- essas combinações:
namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em
Preposições Artigos
cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
o, os
de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
a ao, aos
de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
de do, dos
de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
em no, nos
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe
por (per) pelo, pelos
de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe-
a, as um, uns uma, umas
tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi- à, às - -
tavelmente (=sem dúvida). da, das dum, duns duma, dumas
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- na, nas num, nuns numa, numas
mente, simplesmente, só, unicamente pela, pelas - -
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
bém - As formas à e às indicam a fusão da preposição a
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente com o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é
de designação: Eis conhecida por crase.
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan- Constatemos as circunstâncias
do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), em que os artigos se manifestam
para quê? (finalidade)
Locução adverbial - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
É reunião de duas ou mais palavras com valor de ad- das olimpíadas.
vérbio. Exemplo:
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) - Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
Maria saiu à tarde. (indicando tempo) do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
A Bahia...
Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres-
pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu - Quando indicado no singular, o artigo definido pode
apressadamente. indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de
modo são flexionados, sendo que os demais são todos in- - No caso de nomes próprios personativos, denotando
variáveis. A única flexão propriamente dita que existe na a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
categoria dos advérbios é a de grau: do artigo: O Pedro é o xodó da família.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- No caso de os nomes próprios personativos estarem Deste exemplo podem ser retiradas três informações:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, 1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu
os Incas, Os Astecas... as amiguinhas

- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to- Cada informação está estruturada em torno de um ver-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três ora-
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer. ções:
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) 1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas.
dos. (qualquer classe) A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e
a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
facultativo: Observe: Gosto de natação e de futebol.
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo. Nessa frase as expressões de natação, de futebol são
partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra
- A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
“e” está ligando termos de uma mesma oração.
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter
é uns vinte anos.
Morfossintaxe da Conjunção
- O artigo também é usado para substantivar palavras
oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
tudo isso. cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
Classificação
- Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re- - Conjunções Coordenativas
lativo cujo (e flexões). - Conjunções Subordinativas
Este é o homem cujo amigo desapareceu.
Este é o autor cuja obra conheço. Conjunções coordenativas

- Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no Dividem-se em:
sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex.
a menos que venham especificadas. Gosto de cantar e de dançar.
Eles estavam em casa. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas
Eles estavam na casa dos amigos. também, não só...como também.
Os marinheiros permaneceram em terra.
Os marinheiros permanecem na terra dos anões. - ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo-
sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata- Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu-
mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa do, todavia, no entanto, entretanto.
excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria.
- ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
- Não se une com preposição o artigo que faz parte do Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
Estado de S. Paulo.
quer...quer, já...já.
Morfossintaxe
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora-
ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
do substantivo a que se refere. Tal função independe da
função exercida pelo substantivo: - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão. Ex.
A existência é uma poesia. É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá
Uma existência é a poesia. fora.
Principais conjunções explicativas: que, porque, pois
(antes do verbo), porquanto.
Conjunção
Conjunções subordinativas
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por - CAUSAIS
exemplo: Principais conjunções causais: porque, visto que, já que,
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as uma vez que, como (= porque).
amiguinhas. Ele não fez o trabalho porque não tem livro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- COMPARATIVAS 2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra


Principais conjunções comparativas: que, do que, tão... cidade porque não havia cemitério no local.”
como, mais...do que, menos...do que. a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordina-
Ela fala mais que um papagaio. da (parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é
- CONCESSIVAS colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção
Principais conjunções concessivas: embora, ainda que, como - o que não ocorre com a CS Explicativa.
mesmo que, apesar de, se bem que. Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar
Indicam uma concessão, admitem uma contradição, os mortos em outra cidade.
um fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”. b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de dependentes uma da outra.
estar cansada)
Apesar de ter chovido fui ao cinema.
Interjeição
- CONFORMATIVAS
Principais conjunções conformativas: como, segundo, Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
conforme, consoante ções, sensações, estados de espírito, ou que procura agir
Cada um colhe conforme semeia. sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comporta-
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor- mento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de es-
midade. truturas linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo:
Droga! Preste atenção quando eu estou falando!
- CONSECUTIVAS
Expressam uma ideia de consequência. No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo.
Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”,
Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia
“tanto”, “tão”, “tamanho”).
ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim-
Falou tanto que ficou rouco.
plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga!
As sentenças da língua costumam se organizar de for-
- FINAIS
ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e
Expressam ideia de finalidade, objetivo.
os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in-
Todos trabalham para que possam sobreviver.
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
porque (=para que), se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um
conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
- PROPORCIONAIS colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos:
Principais conjunções proporcionais: à medida que, Bravo! Bis!
quanto mais, ao passo que, à proporção que. bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. muito bom! Repitam!”
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = senten-
- TEMPORAIS ça (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”
Principais conjunções temporais: quando, enquanto, A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em
logo que. que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como
Quando eu sair, vou passar na locadora. são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um
Diferença entre orações causais e explicativas suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação
particular, um momento ou um contexto específico. Exem-
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais plos:
(OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de- Ah, como eu queria voltar a ser criança!
paramos com a dúvida de como distinguir uma oração cau- ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
sal de uma explicativa. Veja os exemplos: Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
atropelado”: ção
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati-
va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior. O significado das interjeições está vinculado à maneira
b) As orações são coordenadas e, por isso, indepen- como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que
dentes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex-
orações que vêm marcadas por vírgula. to de enunciação. Exemplos:
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres-
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC são na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te
(Oração Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, chamando! Ei, espere!”
ela será explicativa. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expres-
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im- são em um hospital; significado da interjeição (sugestão):
perativo) “Por favor, faça silêncio!”

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LÍNGUA PORTUGUESA

Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto
puxa: interjeição; tom da fala: euforia é, não sofrem variação em gênero, número e grau como
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
puxa: interjeição; tom da fala: decepção e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções: claro, neste caso, que não se trata de um processo natural
1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria, dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a
tristeza, dor, etc. linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo,
Você faz o que no Brasil? até loguinho.
Eu? Eu negocio com madeiras.
Ah, deve ser muito interessante. Locução Interjetiva
2) Sintetizar uma frase apelativa Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
Cuidado! Saia da minha frente. expressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora
bolas! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus!
As interjeições podem ser formadas por:
Ó de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus!
- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
Alto lá! Muito bem!
- palavras: Oba!, Olá!, Claro!
- grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!,
Ora bolas! Observações:
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve- Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! =
zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode Peço-lhe que me desculpe.
ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por
exemplo: - Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o
Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contra- seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes
riedade) gramaticais podem aparecer como interjeições.
Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria) Viva! Basta! (Verbos)
Fora! Francamente! (Advérbios)
Classificação das Interjeições
- A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra-
Comumente, as interjeições expressam sentido de: se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.:
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!, Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto!
Atenção!, Olha!, Alerta!
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô! - Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imita-
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva! tivas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bum-
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah! ba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!,
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, etc.
Eia!, Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! - Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Boa! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! e não a fazemos depois do “ó” vocativo.
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!,
“Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!
Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá!
- Desculpa: Perdão!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, - Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
Oh!, Eh! de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho!
Epa!, Ora! Obrigadinho!
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!,
Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, Interjeições, leitura e produção de textos
Cruz!, Putz!
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!, Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora! quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos-
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade! tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali-
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!, dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha- pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o
me, Deus! temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio! geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh! diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com

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LÍNGUA PORTUGUESA

o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à Flexão dos numerais


sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e
conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter- Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
jeições presença constante nos textos publicitários. uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro-
Fonte: centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89. em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais
php são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
Numeral
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas
Numeral é a palavra que indica os seres em termos
numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
situa em determinada sequência. atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco. e conseguiram o triplo de produção.
[quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”] Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri-
Eu quero café duplo, e você? plas do medicamento.
...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”] Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor! duas terças partes
...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequên- Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
cia de “fila”] dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
É artigo de primeiríssima qualidade!
trata de numerais, mas sim de algarismos.
O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a segunda divisão de futebol)
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
vras consideradas numerais porque denotam quantidade, Emprego dos Numerais
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
dúzia, par, ambos(as), novena. *Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
Classificação dos Numerais décimo e a partir daí os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo:
Cardinais: indicam contagem, medida. É o número bá-
sico: um, dois, cem mil, etc. Ordinais Cardinais
Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
dada: primeiro, segundo, centésimo, etc. D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumenta-
*Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o or-
da: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
dinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Leitura dos Numerais Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Separando os números em centenas, de trás para fren- *Ambos/ambas são considerados numerais. Significam
te, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são
e, no início, também de dezenas ou unidades. Entre esses largamente empregados para retomar pares de seres aos
conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela con- quais já se fez referência.
junção “e”. Pedro e João parecem ter finalmente percebido a impor-
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos tância da solidariedade. Ambos agora participam das ativi-
e vinte e seis. dades comunitárias de seu bairro.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte. Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática.
Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor
de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto Dicas sobre preposição


pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concor-
dância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome
+ a = pela. pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
Vale ressaltar que essa concordância não é caracterís- seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá
tica da preposição, mas das palavras às quais ela se une. para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
Esse processo de junção de uma preposição com outra nino.
palavra pode se dar a partir de dois processos: A dona da casa não quis nos atender.
Como posso fazer a Joana concordar comigo?
1. Combinação: A preposição não sofre alteração.
preposição a + artigos definidos o, os
- Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
a + o = ao
termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
preposição a + advérbio onde
a + onde = aonde Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro-
curar um tratamento adequado.
Preposição + Artigos
De + o(s) = do(s) - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
De + a(s) = da(s) lugar e/ou a função de um substantivo.
De + um = dum Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + uns = duns parte da família
De + uma = duma Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém.
De + umas = dumas / Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + o(s) = no(s)
Em + a(s) = na(s) 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + um = num das preposições:
Em + uma = numa Destino = Irei para casa.
Em + uns = nuns Modo = Chegou em casa aos gritos.
Em + umas = numas
Lugar = Vou ficar em casa;
A + à(s) = à(s)
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Por + o = pelo(s)
Por + a = pela(s) Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
Preposição + Pronomes Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
De + ele(s) = dele(s) tamento.
De + ela(s) = dela(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + este(s) = deste(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + esta(s) = desta(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + esse(s) = desse(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + essa(s) = dessa(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + aquele(s) = daquele(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + aquela(s) = daquela(s) Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + isto = disto Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + isso = disso Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aquilo = daquilo Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aqui = daqui
De + aí = daí Fonte:
De + ali = dali
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + outro = doutro(s)
De + outra = doutra(s)
Em + este(s) = neste(s)
Em + esta(s) = nesta(s) Pronome
Em + esse(s) = nesse(s)
Em + aquele(s) = naquele(s) Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou
Em + aquela(s) = naquela(s) a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o
Em + isto = nisto de alguma forma.
Em + isso = nisso
Em + aquilo = naquilo A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus so-
A + aquele(s) = àquele(s) nhos!
A + aquela(s) = àquela(s) [substituição do nome]
A + aquilo = àquilo

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LÍNGUA PORTUGUESA

A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bo- Pronome Reto
nita!
[referência ao nome] Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
Essa moça morava nos meus sonhos! Nós lhe ofertamos flores.
[qualificação do nome]
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes
- 1ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis-
- 2ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação
- 3ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica,
- 1ª pessoa do plural: nós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
pessoa do discurso. - 2ª pessoa do plural: vós
- 3ª pessoa do plural: eles, elas
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
[minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala] Atenção: esses pronomes não costumam ser usados
como complementos verbais na língua-padrão. Frases
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
[tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
fala] evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
Obs.: frequentemente observamos a omissão do pro-
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras nome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró-
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- prias formas verbais marcam, através de suas desinências,
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
através do pronome seja coerente em termos de gênero boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
sa escola neste ano. sentença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto) ou complemento nominal.
adequada] Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
[neste: pronome que determina “ano” = concordância
adequada]
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
variante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação
dância inadequada]
indica a função diversa que eles desempenham na oração:
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Pronomes Pessoais Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
São aqueles que substituem os substantivos, indicando tônicos.
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”, Pronome Oblíquo Átono
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e
“ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
ou às pessoas de quem fala. são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- fraca: Ele me deu um presente.
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con-
ou do caso oblíquo. figurado:

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 1ª pessoa do singular (eu): me Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
- 2ª pessoa do singular (tu): te nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 1ª pessoa do plural (nós): nos - As preposições essenciais introduzem sempre prono-
- 2ª pessoa do plural (vós): vos mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
Observações: língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se forma:
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- Não há mais nada entre mim e ti.
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome Não há nenhuma acusação contra mim.
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não vá sem mim.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
diretos como objetos indiretos. Atenção: Há construções em que a preposição, apesar
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir
objetos diretos. uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o
Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- nome, deverá ser do caso reto.
mas como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha,
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las.
Não vá sem eu mandar.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem:
- Trouxeste o pacote?
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
- Sim, entreguei-to ainda há pouco.
mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
- Não contaram a novidade a vocês?
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Não, no-la contaram.
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
No português do Brasil, essas combinações não são companhia.
usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego Ele carregava o documento consigo.
é muito raro.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
especiais depois de certas terminações verbais. Quando o são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma todos, ambos ou algum numeral.
lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal Você terá de viajar com nós todos.
é suprimida. Por exemplo: Estávamos com vós outros quando chegaram as más
fiz + o = fi-lo notícias.
fazeis + o = fazei-lo Ele disse que iria com nós três.
dizer + a = dizê-la
Pronome Reflexivo
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome as-
sume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
viram + o: viram-no nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
repõe + os = repõe-nos da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
retém + a: retém-na expressa pelo verbo.
tem + as = tem-nas O quadro dos pronomes reflexivos é assim configura-
do:
Pronome Oblíquo Tônico - 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me vanglorio disso.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função - 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica Assim tu te prejudicas.
forte. Conhece a ti mesmo.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
figurado: - 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Guilherme já se preparou.
- 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Ela deu a si um presente.
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela Antônio conversou consigo mesmo.
- 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco - 1ª pessoa do plural (nós): nos.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas Lavamo-nos no rio.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.

- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.


Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.

A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso inter-
locutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados no
tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento familiar. Você e vocês são largamente empregados no português
do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem uso restrito
à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.

Observações:
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em relação
à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade.

- Os pronomes de tratamento representam uma forma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao tratar-
mos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, estamos nos endereçando à excelência que esse deputado suposta-
mente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.

- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessivos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles devem ficar
na 3ª pessoa.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promessas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.

- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo do
texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de “você”, não
poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (errado)
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos seus cabelos. (correto)
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos teus cabelos. (correto)

Pronomes Possessivos

São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo (coisa
possuída).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo
singular) quanto por meio de correspondência, que é uma moda-
lidade escrita de fala), são particularmente importantes o
NÚMERO PESSOA PRONOME este e o esse - o primeiro localiza os seres em relação ao
singular primeira meu(s), minha(s) emissor; o segundo, em relação ao destinatário. Trocá-los
singular segunda teu(s), tua(s) pode causar ambiguidade.
singular terceira seu(s), sua(s) Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
plural primeira nosso(s), nossa(s) informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da univer-
plural segunda vosso(s), vossa(s) sidade destinatária).
plural terceira seu(s), sua(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em parti-
cipar no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universi-
Note que: A forma do possessivo depende da pessoa
dade que envia a mensagem).
gramatical a que se refere; o gênero e o número concor-
No tempo:
dam com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua con- Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
tribuição naquele momento difícil. refere ao ano presente.
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se
Observações: refere a um passado próximo.
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, está se referindo a um passado distante.
seu José.
- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam invariáveis, observe:
posse. Podem ter outros empregos, como: Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. la(s).
Invariáveis: isto, isso, aquilo.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
anos. - Também aparecem como pronomes demonstrativos:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela
que te indiquei.)
3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência - mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas
trouxe sua mensagem? que o procuraram ontem.

4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- - próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram


vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e o problema.
anotações.
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir- - tal, tais: Tal era a solução para o problema.
lhe os passos. (= Vou seguir seus passos.)
Note que:
Pronomes Demonstrativos - Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em
construções redundantes, com finalidade expressiva, para
Os pronomes demonstrativos são utilizados para ex- salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa
é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar
plicitar a posição de uma certa palavra em relação a outras
das belezas brasileiras, isso é que é sorte!
ou ao contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de
espaço, no tempo ou discurso. - O pronome demonstrativo neutro ou pode represen-
No espaço: tar um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso
Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o em que aparece, geralmente, como objeto direto, predi-
carro está perto da pessoa que fala. cativo ou aposto: O casamento seria um desastre. Todos o
Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o pressentiam.
carro está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da
pessoa que fala. - Para evitar a repetição de um verbo anteriormente
Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que expresso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo
o carro está afastado da pessoa que fala e daquela com fazer, chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que
quem falo. faz as vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que
ela o fizesse.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
primeiro lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
solteiro, aquele casado] Cada um escolheu o vinho desejado.

- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação Indefinidos Sistemáticos


irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
= naquilo) sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Pronomes Indefinidos afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
São palavras que se referem à terceira pessoa do dis-
e qualquer, que generaliza.
curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
Essas oposições de sentido são muito importantes na
quantidade indeterminada. construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
-plantadas. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa de que fazem parte:
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- prático.
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em: pessoas quaisquer.
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase. Pronomes Relativos
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin-
guém, outrem, quem, tudo. São aqueles que representam nomes já mencionados
Algo o incomoda? anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
Quem avisa amigo é. as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser um grupo racial sobre outros.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade (afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou-
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). tros = oração subordinada adjetiva).
Cada povo tem seus costumes. O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
Certas pessoas exercem várias profissões. e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos, O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
ora pronomes indefinidos adjetivos: me demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
expresso.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
Quem casa, quer casa.
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. Observe:
Menos palavras e mais ações. Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
Alguns se contentam pouco. quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
riáveis e invariáveis. Observe:
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, Note que:
tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, - O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, ne- sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs-
nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu
algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, antecedente for um substantivo.
outras, quantas. O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada, A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a
algo, cada. qual)

30
LÍNGUA PORTUGUESA

Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os - Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
quais) ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as gente que conversava, (que) ria, (que) fumava.
quais)
Pronomes Interrogativos
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos: por isso, são utilizados didaticamente São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e
por motivo de clareza ou depois de determinadas preposi- variações), quanto (e variações).
ções: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço.
o qual me deixou encantado. (O uso de “que”, neste caso, Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas
geraria ambiguidade.) preferes.
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
dúvidas? (Não se poderia usar “que” depois de sobre.) tos passageiros desembarcaram.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e Sobre os pronomes
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
de ser poeta, que era a sua vocação natural. O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
- O pronome “cujo” não concorda com o seu antece- quando desempenha função de complemento. Vamos en-
dente, mas com o consequente. Equivale a do qual, da qual, tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
dos quais, das quais. frase e que função exerce. Observe as orações:
Este é o caderno cujas folhas estão rasgadas. 1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
(antecedente) (consequente) 2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar.
- “Quanto” é pronome relativo quando tem por antece-
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
Emprestei tantos quantos foram necessários.
reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
(antecedente)
exercendo função de complemento, e, consequentemente,
Ele fez tudo quanto havia falado.
é do caso oblíquo.
(antecedente)
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
- O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
precedido de preposição. devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
É um professor a quem muito devemos.
(preposição) Importante: Em observação à segunda oração, o em-
prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver-
- “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an- bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode
tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo
casa onde morava foi assaltada. principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
Eu desejo lhe perguntar algo.
- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando Eu estou perguntando-lhe algo.
ou em que.
Sinto saudades da época em que (quando) morávamos Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
no exterior. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos que são sempre precedidos
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- de preposição.
lavras: - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo eu estava fazendo.
como você agiu semana passada. - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando po- o que eu estava fazendo.
díamos jogar videogame.
Colocação Pronominal
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. A colocação pronominal é a posição que os prono-
O futebol é um esporte. mes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação
O povo gosta muito deste esporte. ao verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos:
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito. me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O pronome oblíquo átono pode assumir três posições - Houver vírgula ou pausa antes do verbo:
na oração em relação ao verbo: Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no
1. próclise: pronome antes do verbo mesmo instante.
2. ênclise: pronome depois do verbo Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
Mesóclise
Próclise
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado
A próclise é aplicada antes do verbo quando temos: no futuro do presente ou no futuro do pretérito:
- Palavras com sentido negativo: A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela
Nada me faz querer sair dessa cama. se realizará)
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma
Não se trata de nenhuma novidade.
proposta a você)
- Advérbios: Questões sobre Pronome
Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio. 01. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP/2012).
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não
- Pronomes relativos: está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje. seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram. o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
- Pronomes indefinidos: É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
Quem me disse isso? e da água faça em si diferença, as companhias não podem
Todos se comoveram durante o discurso de despedida. suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por
tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto,
- Pronomes demonstrativos: elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém
Isso me deixa muito feliz! encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada-
Aquilo me incentivou a mudar de atitude! mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas
de crescimento verde sempre será a segunda opção.
- Preposição seguida de gerúndio: (Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado)
Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, re-
indicado à pesquisa escolar.
ferem- -se, respectivamente, a
(A) dúvidas e preços.
- Conjunção subordinativa: (B) dúvidas e insumos básicos.
Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram. (C) companhias e insumos básicos.
(D) companhias e preços do carbono e da água.
Ênclise (E) políticas de crescimento e preços adequados.

A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta 02. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC –
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- 2013- adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho
nos. A ênclise vai acontecer quando: grifado está corretamente substituído por um pronome em:
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
Amem-se uns aos outros. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
Sigam-me e não terão derrotas. lhes desalentado
C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
- O verbo iniciar a oração: conhecê-lo?
Diga-lhe que está tudo bem. D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
Chamaram-me para ser sócio. parecia ser-lhe
E) incomodaram o general... − incomodaram-no
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre- 03.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013-
posição “a”: adap.). A substituição do elemento grifado pelo pronome
Naquele instante os dois passaram a odiar-se. correspondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
Passaram a cumprimentar-se mutuamente. modo INCORRETO em:
A) mostrando o rio= mostrando-o.
- O verbo estiver no gerúndio: B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
cupada. D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam =
Despediu-se, beijando-me a face. nada lhes acrescentariam.
E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESP – 2013). As- 09. (TRF 3ª REGIÃO- TÉCNICO JUDICIÁRIO - /2014)
sinale a alternativa em que o pronome destacado está po- As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
sicionado de acordo com a norma-padrão da língua. lantes.
(A) Ela não lembrava-se do caminho de volta. ... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a ca-
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família. beça...
(C) A garota disse que perdeu-se dos pais. ... e fez de tudo para convencer os tripulantes...
(D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
(E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança. Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
grifados acima foram corretamente substituídos por um
05. (ESCREVENTE TJ SP – VUNESP 2011). Assinale a al- pronome, na ordem dada, em:
ternativa cujo emprego do pronome está em conformidade (A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los
com a norma padrão da língua. (B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes
(A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos. (C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba- (D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los
lada. (E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los
(C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
(D) Conformado, se rendeu às punições. 10. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃo – VUNESP
(E) Todos querem que combata-se a corrupção. – 2013- adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras
06. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL - VUNESP - 2013). As- dos estabelecimentos felizmente comprovam os aconteci-
sinale a alternativa correta quanto à colocação pronominal, mentos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investiga-
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. ção. – de acordo com a norma-padrão, os pronomes que
(A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que substituem, corretamente, os termos em destaque são:
eles sejam sempre trazidos junto ao corpo. A) os comprovam … ajudá-la.
(B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa- B) os comprovam …ajudar-la.
C) os comprovam … ajudar-lhe.
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
(C) Nos sentimos impotentes quando não consegui-
E) lhes comprovam … ajudá-la.
mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
(D) O homem se indignou quando propuseram-lhe
GABARITO
que abrisse a bolsa que encontrara.
(E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma
01. C 02. E 03. C 04. D 05. C
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A
nos.
RESOLUÇÃO
07. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP –
2013). 1-)
Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ- Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ não está claro até onde pode realmente chegar uma po-
prazo. lítica baseada em melhorar a eficiência sem preços ade-
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
e respectivamente, considerando a norma culta da língua. pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos
A) a que … acaba … à preços do carbono e da água faça em si diferença, as com-
B) com que … acabam … à panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
C) de que … acabam … a gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer
D) em que … acaba … a preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som-
E) dos quais … acaba … à bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
08. (AGENTE DE APOIO SOCIOEDUCATIVO – VUNESP – E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
2013-adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e sempre será a segunda opção.
respectivamente, as lacunas do trecho.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo- 2-)
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
sujeito de forma cômica. B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
A) Fazem... a ... de que desalentado
B) Faz ...a ... que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
C) Fazem ...à ... com que conhecê-las ?
D) Faz ...à ... que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
E) Faz ...à ... a que parecia sê-lo

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) Substantivo
transpor [...] as matas espessas= transpô-las
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs-
4-) tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais
(A) Ela não se lembrava do caminho de volta. denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme-
(B) A menina tinha se distanciado muito da família. nos, os substantivos também nomeiam:
(C) A garota disse que se perdeu dos pais. -lugares: Alemanha, Porto Alegre...
(E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança -sentimentos: raiva, amor...
-estados: alegria, tristeza...
5-) -qualidades: honestidade, sinceridade...
(A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos. -ações: corrida, pescaria...
(B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
lada. Morfossintaxe do substantivo
(D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) Todos querem que se combata a corrupção. Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em
geral exerce funções diretamente relacionadas com o ver-
6-) bo: atua como núcleo do sujeito, dos complementos ver-
(B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situa- bais (objeto direto ou indireto) e do agente da passiva.
ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. Pode ainda funcionar como núcleo do complemento no-
(C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos minal ou do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito,
restituir um objeto à pessoa que o perdeu. do objeto ou como núcleo do vocativo. Também encontra-
(D) O homem indignou-se quando lhe propuseram mos substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e
que abrisse a bolsa que encontrara. de adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
(E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma penhadas por grupos de palavras.
tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
nos. Classificação dos Substantivos

7-) 1- Substantivos Comuns e Próprios


Há pessoas que, mesmo sem condições, compram pro-
dutos de que não necessitam e acabam tendo de Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila,
pagar tudo a prazo. com muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas
(no Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de
8-) uma cidade (em oposição aos bairros).
Faz alguns anos, num programa de televisão, uma
jovem fazia referência à violência a que o brasileiro Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
estava sujeito de forma cômica. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no sin- cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
gular comum.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
9-) uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
devoravam - verbo terminado em “m” = pronome homem, mulher, país, cachorro.
oblíquo no/na (fizeram-na, colocaram-no) Estamos voando para Barcelona.
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto;
“lhe” é para objeto indireto O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire- pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró-
to; “lhe” é para objeto indireto prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.

10-) 2 - Substantivos Concretos e Abstratos


– Em ambos os casos, as câmeras dos estabelecimen-
tos felizmente comprovam os acontecimentos, e testemu- LÂMPADA MALA
nhas vão ajudar a polícia na investigação.
felizmente os comprovam ... ajudá-la Os substantivos lâmpada e mala designam seres com
(advérbio) existência própria, que são independentes de outros seres.
São substantivos concretos.

Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que


existe, independentemente de outros seres.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: os substantivos concretos designam seres do cancioneiro canções, poesias líricas


mundo real e do mundo imaginário. colmeia abelhas
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, chusma gente, pessoas
Brasília, etc. concílio bispos
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- congresso parlamentares, cientistas.
ma, etc. elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra
Observe agora: enxoval roupas
Beleza exposta falange soldados, anjos
Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual. fauna animais de uma região
feixe lenha, capim
O substantivo beleza designa uma qualidade. flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que girândola fogos de artifício
dependem de outros para se manifestar ou existir. horda bandidos, invasores
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser junta médicos, bois, credores, examina-
observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa dores
ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para júri jurados
se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo legião soldados, anjos, demônios
abstrato. leva presos, recrutas
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- malta malfeitores ou desordeiros
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser manada búfalos, bois, elefantes,
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado), matilha cães de raça
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). molho chaves, verduras
multidão pessoas em geral
3 - Substantivos Coletivos ninhada pintos
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos,
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- etc.)
tra abelha, mais outra abelha. penca bananas, chaves
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. pinacoteca pinturas, quadros
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- rebanho ovelhas
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, récua bestas de carga, cavalgadura
mais outra abelha... repertório peças teatrais, obras musicais
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plu- réstia alhos ou cebolas
ral. romanceiro poesias narrativas
No terceiro caso, empregou-se um substantivo no revoada pássaros
singular (enxame) para designar um conjunto de seres da sínodo párocos
mesma espécie (abelhas). talha lenha
O substantivo enxame é um substantivo coletivo. tropa muares, soldados
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, turma estudantes, trabalhadores
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres vara porcos
da mesma espécie.
Formação dos Substantivos
Substantivo coletivo Conjunto de:
assembleia pessoas reunidas Substantivos Simples e Compostos
alcateia lobos
acervo livros Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
antologia trechos literários selecionados terra.
arquipélago ilhas O substantivo chuva é formado por um único elemento
banda músicos ou radical. É um substantivo simples.
bando desordeiros ou malfeitores
banca examinadores Substantivo Simples: é aquele formado por um único
batalhão soldados elemento.
cardume peixes Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
caravana viajantes peregrinos agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele-
cacho frutas mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
cáfila camelos

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou - Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
doente, o artista e a artista.
Substantivos Primitivos e Derivados
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
Meu limão meu limoeiro, em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o
meu pé de jacarandá... sistema, o sintoma, o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gêne-
O substantivo limão é primitivo, pois não se originou ro, variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor)
de nenhum outro dentro de língua portuguesa. e a rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de (cidade)
nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O
substantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
da palavra limão.
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
tra palavra. - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão dos substantivos masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- de três formas:
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por - troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
exemplo, pode sofrer variações para indicar: - troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
Plural: meninos Feminino: menina -troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão
Flexão de Gênero - sultana
Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar - Substantivos terminados em -or:
sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
dois gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
masculino os substantivos que podem vir precedidos dos
artigos o, os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
O velho e o mar
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Um Natal inesquecível
- duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
Os reis da praia

Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: final por -a: elefante - elefanta
A história sem fim
Uma cidade sem passado - Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
As tartarugas ninjas no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar no- czar – czarina réu - ré
mes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está re-
lacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes
uma para o masculino e outra para o feminino. Observe:
gato – gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - Epicenos:
prefeita Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.

Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso
uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma
para o feminino. Classificam-se em: para indicar o masculino e o feminino.
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
- Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
fêmea. a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
- Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pes- macho e fêmea.
soas: a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, A cobra macho picou o marinheiro.
o ídolo, o indivíduo. A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.

36
LÍNGUA PORTUGUESA

Sobrecomuns: Gênero dos Nomes de Cidades


Entregue as crianças à natureza.
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos.
A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas- A histórica Ouro Preto.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem A dinâmica São Paulo.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o A acolhedora Porto Alegre.
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Uma Londres imensa e triste.
A criança chorona chamava-se João. Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
A criança chorona chamava-se Maria.
Gênero e Significação
Outros substantivos sobrecomuns:
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
criatura. no e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de à frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar
Marcela faleceu em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco,
manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que
Comuns de Dois Gêneros: marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe),
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi-
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor
cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na
A distinção de gênero pode ser feita através da análise administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-
cês - repórter francesa mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de
- A palavra personagem é usada indistintamente nos peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa
dois gêneros. (recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
os personagens dos contos de carochinha. nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo voga (remador), a voga (moda, popularidade).
fotográfico Ana Belmonte.
Observe o gênero dos substantivos seguintes: Flexão de Número do Substantivo

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó Em português, há dois números gramaticais: o singular,


(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
soprano, o proclama, o pernoite, o púbis. do plural é o “s” final.

Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a Plural dos Substantivos Simples


cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
- cânones.
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo- - Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o em “ns”: homem - homens.
telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco- - Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu-
ma, o hematoma. ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes.

Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. Atenção: O plural de caráter é caracteres.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam- - Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara- formados de:
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul substantivo + preposição clara + substantivo = água-
e cônsules. de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de lo-vapor e cavalos-vapor
duas maneiras: substantivo + substantivo que funciona como deter-
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba,
Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada.
maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
- Permanecem invariáveis, quando formados de:
- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
duas maneiras:
ca-rolhas
- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
- Casos Especiais
- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva- o louva-a-deus e os louva-a-deus
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres
- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o joão-ninguém e os joões-ninguém.
de três maneiras.
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações Plural das Palavras Substantivadas
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: no plural, as flexões próprias dos substantivos.
o látex - os látex. Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves.
Plural dos Substantivos Compostos Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou
-A formação do plural dos substantivos compostos de- “z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
pende da forma como são grafados, do tipo de palavras tos seis e alguns dez.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Plural dos Diminutivos
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final
girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme- e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
queres. pãe(s) + zinhos = pãezinhos
O plural dos substantivos compostos cujos elementos animai(s) + zinhos = animaizinhos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e botõe(s) + zinhos = botõezinhos
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir: chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
- Flexionam-se os dois elementos, quando formados
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
de:
flore(s) + zinhas = florezinhas
substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores mão(s) + zinhas = mãozinhas
substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per- papéi(s) + zinhos = papeizinhos
feitos nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho- funi(s) + zinhos = funizinhos
mens túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando pé(s) + zitos = pezitos
formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas Plural dos Nomes Próprios Personativos
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
alto- -falantes Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re- sempre que a terminação preste-se à flexão.
cos Os Napoleões também são derrotados.
As Raquéis e Esteres.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Estrangeiros - Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho


do ser. Classifica-se em:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão.
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- - Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os do ser. Pode ser:
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
os réquiens. que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Observe o exemplo: Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
Este jogador faz gols toda vez que joga. cador de diminuição. Por exemplo: casinha.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
Verbo
Plural com Mudança de Timbre
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes-
Certos substantivos formam o plural com mudança de soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre outros
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno (chover);
fonético chamado metafonia (plural metafônico). ocorrência (nascer); desejo (querer).
Singular Plural O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não
corpo (ô) corpos (ó) os seus possíveis significados. Observe que palavras como
esforço esforços corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
fogo fogos ao de alguns verbos mencionados acima; não apresentam,
forno fornos porém, todas as possibilidades de flexão que esses verbos
fosso fossos possuem.
imposto impostos
olho olhos Estrutura das Formas Verbais
osso (ô) ossos (ó)
ovo ovos Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode
poço poços apresentar os seguintes elementos:
porto portos
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa-
posto postos
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am.
tijolo tijolos
(radical fal-)
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo:
fala-r
Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (fa-
de molho (ó) = feixe (molho de lenha). lar), 2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática
- I - (partir).
Particularidades sobre o Número dos Substantivos - Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.)
- Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, - Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. signa a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (sin-
- Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do gular ou plural):
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
bom nome) e honras (homenagem, títulos). falavam (indica a 3ª pessoa do plural.)
- Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural: Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados
Aqui morreu muito negro. (compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação,
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”,
improvisadas. apesar de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em
algumas formas do verbo: põe, pões, põem, etc.
Flexão de Grau do Substantivo
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera- dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
do normal. Por exemplo: casa bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento

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LÍNGUA PORTUGUESA

tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conju-
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai gam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do
no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende- plural.
rão, nutriríamos. A fruta amadureceu.
As frutas amadureceram.
Classificação dos Verbos
Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como
Classificam-se em: verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências
receu bastante.
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca alte-
rações no radical: canto cantei cantarei cantava
Entre os unipessoais estão os verbos que significam
cantasse.
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera- vozes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodi-
ções no radical ou nas desinências: faço fiz farei fi- lo, cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
zesse.
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju- Os principais verbos unipessoais são:
gação completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais 1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
e pessoais: (preciso, necessário, etc.):
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor- Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os bastante.)
principais verbos impessoais são: Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali- É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
zar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam) 2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, segui-
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram) dos da conjunção que.
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão) Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de
Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz) fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo
** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)
Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.
Era primavera quando a conheci.
Estava frio naquele dia.
** Todos os verbos que indicam fenômenos da nature-
za são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama- * Pessoais: não apresentam algumas flexões por moti-
nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Ama- vos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:
nheci mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” - verbo falir. Este verbo teria como formas do presente
em sentido figurado. Qualquer verbo impessoal, emprega- do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar -
do em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser o que provavelmente causaria problemas de interpretação
pessoal. em certos contextos.
Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu) - verbo computar. Este verbo teria como formas do pre-
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos) sente do indicativo computo, computas, computa - formas
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu) de sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos
gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso
** São impessoais, ainda: efetivo de formas verbais repudiadas por alguns gramáti-
1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando cos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com
tempo: Já passa das seis. o desenvolvimento e a popularização da informática, tem
2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.
de, indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blas-
fêmias.
- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma
3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está
forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno
bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem re-
ferência a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, costuma ocorrer no particípio, em que, além das formas re-
nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando- gulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas
se, tais verbos, então, pessoais. formas curtas (particípio irregular). Observe:
4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
“ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uns trocados?

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LÍNGUA PORTUGUESA

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar as moscas.
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem
SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

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LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:
- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo:
Maria penteou-me.

Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Há verbos que também são acompanhados de pro- - Particípio: quando não é empregado na formação
nomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente dos tempos compostos, o particípio indica geralmente o
pronominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, resultado de uma ação terminada, flexionando-se em gê-
os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica nero, número e grau. Por exemplo:
à do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos saíram.
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me
(objeto direto) - 1ª pessoa do singular Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-
nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
Modos Verbais de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna
escolhida para representar a escola.
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
pelo verbo na expressão de um fato. Em Português, existem Tempos Verbais
três modos:
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sem- Tomando-se como referência o momento em que se
pre estudo. fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Tal- tempos. Veja:
vez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda 1. Tempos do Indicativo
agora, menino.
- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste co-
Formas Nominais légio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda for- momento anterior ao atual, mas que não foi completamen-
mas que podem exercer funções de nomes (substantivo, te terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas - Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num
nominais. Observe: momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado:
- Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo Ele estudou as lições ontem à noite.
de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
substantivo. Por exemplo: - Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato
Viver é lutar. (= vida é luta) ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha es-
É indispensável combater a corrupção. (= combate à) tudado as lições quando os amigos chegaram. (forma com-
posta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram.
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presen- (forma simples).
te (forma simples) ou no passado (forma composta). Por
exemplo: - Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve
É preciso ler este livro. ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento
Era preciso ter lido este livro. atual: Ele estudará as lições amanhã.

- Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três - Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode
pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im- eu tivesse dinheiro, viajaria nas férias.
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu) 2. Tempos do Subjuntivo
1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós) - Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no mo-
2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós) mento atual: É conveniente que estudes para o exame.
3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles) - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado,
Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele ven-
boa colocação. cesse o jogo.

- Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas cons-
ou advérbio. Por exemplo: truções em que se expressa a ideia de condição ou desejo.
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad- Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeo-
vérbio) nato.
Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad-
jetivo) - Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode
ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando
Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em ele vier à loja, levará as encomendas.
curso; na forma composta, uma ação concluída. Por exem-
plo: Obs.: o futuro do presente é também usado em frases
Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro. que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele
Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro. vier à loja, levará as encomendas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM
Futuro do Presente do Indicativo
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo


1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação
CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

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LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).
1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal
1ª conj. 2ª/3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.
1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

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LÍNGUA PORTUGUESA

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

Observações:

- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (AGENTE POLÍCIA - VUNESP 2013) Considere o trecho a seguir.


É comum que objetos ___________ esquecidos em locais públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as pes-
soas _____________ a atenção voltada para seus pertences, conservando-os junto ao corpo.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto.
(A) sejam … mantesse
(B) sejam … mantivessem
(C) sejam … mantém
(D) seja … mantivessem
(E) seja … mantêm

02. (MGS - TÉCNICO CONTÁBIL – IBFC/2017-adaptada)


Em “Assim, muitos casais têm quatro, seis, dez filhos”, nota--se que o acento do verbo em destaque deve-se a uma
exigência de concordância. Assinale a alternativa correta em relação ao emprego desse mesmo verbo.
a) No Brasil, a sociedade têm várias questões.
b) O jovem têm um grande desafio pela frente.
c) As pessoas tem muitos planos.
d) A mentira tem perna curta.

03. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013-adap.) Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas
interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
(A) considerar ao acaso, sem premeditação.
(B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
(C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
(E) classificar segundo ideias preconcebidas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

04. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a alter- A) Os consumidores são assediados pelo marketing …
nativa contendo a frase do texto na qual a expressão verbal B) … somente eles podem decidir se irão ou não com-
destacada exprime possibilidade. prar.
(A) ... o cientista Theodor Nelson sonhava com um sis- C) É como se abrissem em nós uma “caixa de neces-
tema capaz de disponibilizar um grande número de obras sidades”…
literárias... D) … de onde vem o produto…?
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas…
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. 09. (AGERBA - TÉCNICO EM REGULAÇÃO – IBFC/
(C) Isso acarreta uma textualidade que funciona por 2017-adaptada)
associação, e não mais por sequências fixas previamente A flexão de alguns verbos, sobretudo os irregulares,
estabelecidas. pode causar confusão. O verbo “quis”, presente em “Minha
(D) Desde o surgimento da ideia de hipertexto, esse mãe sempre quis viajar” é um exemplo típico. Nesse sen-
conceito está ligado a uma nova concepção de textuali- tido, assinale a alternativa em que se indica INCORRETA-
dade... MENTE a sua flexão.
(E) Criou, então, o “Xanadu”, um projeto para disponi- a) queres – Presente do Indicativo.
bilizar toda a literatura do mundo... b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo.
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo.
05.(POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO d) queira – Presente do Subjuntivo.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) No trecho: “O e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo.
crescimento econômico, se associado à ampliação do empre- 10. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITEN-
go, PODE melhorar o quadro aqui sumariamente descrito.”, CIÁRIA – VUNESP – 2013-adap.). Leia as frases a seguir.
se passarmos o verbo destacado para o futuro do pretérito I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de ma-
do indicativo, teremos a forma: deira no animal.
II. Existiam muitos ferimentos no boi.
A) puder.
III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida
B) poderia.
movimentada.
C) pôde.
Substituindo-se o verbo Haver pelo verbo Existir e este
D) poderá.
pelo verbo Haver, nas frases, têm-se, respectivamente:
E) pudesse.
A) Existia – Haviam – Existiam
B) Existiam – Havia – Existiam
06. (ESCREVENTE TJ SP VUNESP 2013) Assinale a al-
C) Existiam – Haviam – Existiam
ternativa em que todos os verbos estão empregados de
D) Existiam – Havia – Existia
acordo com a norma- -padrão. E) Existia – Havia – Existia
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da
impressão definitiva. GABARITO
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter em
silêncio. 01. B 02. D 03. E 04. B 05. B
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a tra- 06. A 07. C 08. B 09. B 10. D
balhar no feriado.
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga... RESOLUÇÃO
(E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque-
ra a seu superior. 1-)
É comum que objetos sejam esquecidos em locais
07. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL VUNESP 2013-adap.) públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
Assinale a alternativa que substitui, corretamente e sem al- as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
terar o sentido da frase, a expressão destacada em – Se a pertences, conservando-os junto ao corpo.
criança se perder, quem encontrá-la verá na pulseira ins-
truções para que envie uma mensagem eletrônica ao gru- 2-)
po ou acione o código na internet. Analisemos:
(A) Caso a criança se havia perdido… a) No Brasil, a sociedade têm várias questões. = a so-
(B) Caso a criança perdeu… ciedade tem (verbo no singular)
(C) Caso a criança se perca… b) O jovem têm um grande desafio pela frente. = o
(D) Caso a criança estivera perdida… jovem tem (verbo no singular)
(E) Caso a criança se perda… c) As pessoas tem muitos planos. = as pessoas têm
(verbo no plural)
08. (AGENTE DE APOIO OPERACIONAL – VUNESP – d) A mentira tem perna curta. = correta
2013-adap.). Assinale a alternativa em que o verbo desta- RESPOSTA: D
cado está no tempo futuro.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) III. Havia muita gente assustando o boi numa avenida


Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata- movimentada.
se de um ser cujas interações sociais terminam, 99% das Haver – sentido de existir= invariável, impessoal;
vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”. existir = variável. Portanto, temos:
Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de I – Existiam onze pessoas...
classificar segundo ideias preconcebidas. II – Havia muitos ferimentos...
III – Existia muita gente...
4-)
(B) Funcionando como um imenso sistema de informa- Vozes do Verbo
ção e arquivamento, o hipertexto deveria ser um enorme
arquivo virtual. = verbo no futuro do pretérito Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo
para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente
5-) da ação. São três as vozes verbais:
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode- - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes- Ele fez o trabalho.
soa do singular (ele) = poderia. sujeito agente ação objeto
(paciente)
6-)
(B) Não haverá prova do crime se o réu se mantiver em - Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a
silêncio. ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
(C) Vão pagar horas-extras aos que se dispuserem a O trabalho foi feito por ele.
trabalhar no feriado. sujeito paciente ação agente da pas-
(D) Ficarão surpresos quando o virem com a toga... siva
(E) Se você quiser a promoção, é necessário que a re-
queira a seu superior. - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen-
te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
7-) O menino feriu-se.
Caso a criança se perca…(perda = substantivo: Houve
uma grande perda salarial...) Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com
a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao
8-) outro)
A) Os consumidores são assediados pelo marketing =
presente Formação da Voz Passiva
C) É como se abrissem em nós uma “caixa de necessi-
dades”… = pretérito do Subjuntivo A voz passiva pode ser formada por dois processos:
D) … de onde vem o produto…? = presente analítico e sintético.
E) Uma pesquisa mostrou que 55,4% das pessoas… = 1- Voz Passiva Analítica
pretérito perfeito Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particí-
pio do verbo principal. Por exemplo:
9-) A escola será pintada.
Vamos aos itens: O trabalho é feito por ele.
a) queres – Presente do Indicativo = eu quero, tu que-
res - correta. Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado
b) queria – Futuro do Pretérito do Indicativo = eu que- da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a
reria, tu quererias, ele quereria - incorreta. preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de solda-
c) quisera – Pretérito mais-que-perfeito do Indicativo = dos.
eu quisera, ele quisera – correta. - Pode acontecer ainda que o agente da passiva não
d) queira – Presente do Subjuntivo = que eu queira, esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
que tu queiras, que ele queira - correta - A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
e) quisesse – Pretérito Imperfeito do Subjuntivo = se eu (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
quisesse, se tu quisesses, se ele quisesse – correta. ção das frases seguintes:
RESPOSTA: B a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi-
10-) cativo)
I. Havia onze pessoas jogando pedras e pedaços de
madeira no animal. b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
II. Existiam muitos ferimentos no boi. O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Saiba que:


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) - Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
xivos, são chamados neutros.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume O vinho é bom.
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Aqui chove muito.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio) - Há formas passivas com sentido ativo:
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nas-
Obs.: é menos frequente a construção da voz passi- cido.)
va analítica com outros verbos que podem eventualmente És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar-
cada pela doença. - Inversamente, usamos formas ativas com sentido
passivo:
2- Voz Passiva Sintética Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)
A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE. - Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido
Por exemplo: cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o
Abriram-se as inscrições para o concurso. sujeito é paciente.
Destruiu-se o velho prédio da escola. Chamo-me Luís.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva Batizei-me na Igreja do Carmo.
sintética. Operou-se de hérnia.
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la- Vacinaram-se contra a gripe.
tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio-
nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem o Fonte:
significado de voz passiva como sendo a voz que expressa http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
php
a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois ele-
Questões sobre Vozes dos Verbos
mentos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE e
AGENTE DA PASSIVA.
01. (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMI-
NISTRAÇÃO – AOCP/2010) Em “Os dados foram divulgados
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
ontem pelo Instituto Sou da Paz.”, a expressão destacada é
(A) adjunto adnominal.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
(B) sujeito paciente.
tancialmente o sentido da frase.
(C) objeto indireto.
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa) (D) complemento nominal.
Sujeito da Ativa objeto Direto (E) agente da passiva.
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas- 02. (FCC-COPERGÁS – AUXILIAR TÉCNICO ADMINIS-
siva) TRATIVO - 2011) Um dia um tufão furibundo abateu-o pela
Sujeito da Passiva Agente da Passiva raiz. Transpondo- -se a frase acima para a voz passiva,
a forma verbal resultante será:
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o (A) era abatido.
sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo (B) fora abatido.
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. (C) abatera-se.
Observe mais exemplos: (D) foi abatido.
- Os mestres têm constantemente aconselhado os alu- (E) tinha abatido
nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos 03. (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
mestres. ... valores e princípios que sejam percebidos pela socie-
dade como tais.
- Eu o acompanharei. Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo pas-
Ele será acompanhado por mim. sará a ser, corretamente,
(A) perceba.
Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, (B) foi percebido.
não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: (C) tenham percebido.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado. (D) devam perceber.
(E) estava percebendo.

50
LÍNGUA PORTUGUESA

04. (TJ/RJ – TÉCNICO DE ATIVIDADE JUDICIÁRIA SEM (A) veio a ser entendida.
ESPECIALIDADE – FCC/2012) As ruas estavam ocupadas (B) teria entendido.
pela multidão... (C) fora entendida.
A forma verbal resultante da transposição da frase aci- (D) terá sido entendida.
ma para a voz ativa é: (E) tê-la-ia entendido.
(A) ocupava-se.
(B) ocupavam. 10. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL
(C) ocupou. PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011 - ADAP-
(D) ocupa. TADA)
(E) ocupava. ... ele empreende, de maneira quase clandestina, a série
Mulheres.
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
05. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
verbal resultante será:
A frase que NÃO admite transposição para a voz passiva (A) foi empreendida.
está em: (B) são empreendidos.
(A) Quando Rodolfo surgiu... (C) foi empreendido.
(B) ... adquiriu as impressoras... (D) é empreendida.
(C) ... e sustentar, às vezes, família numerosa. (E) são empreendidas.
(D) ... acolheu-o como patrono.
(E) ... que montou [...] a primeira grande folhetaria do GABARITO
Recife ...
01. E 02. D 03. A 04. E 05. A
06. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 06. B 07. C 08. D 09. A 10. D
FCC/2010) O engajamento moral e político não chegou a
constituir um deslocamento da atenção intelectual de Said ... RESOLUÇÃO
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for-
ma verbal resultante é: 1-)
a) se constituiu. No enunciado temos uma oração com a voz passiva do
verbo. Transformando-a em ativa, teremos: “O Instituto Sou
b) chegou a ser constituído.
da Paz divulgou dados”. Nessa, “Instituto Sou da Paz” fun-
c) teria chegado a constituir.
ciona como sujeito da oração, ou seja, na passiva sua função
d) chega a se constituir. é a de agente da passiva. O sujeito paciente é “os dados”.
e) chegaria a ser constituído. 2-)
07. (METRÔ/SP – TÉCNICO SISTEMAS METROVIÁRIOS Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. = Ele foi
CIVIL – FCC/2014 - ADAPTADA) ...’sertanejo’ indicava indis- abatido...
tintamente as músicas produzidas no interior do país...
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a for- 3-)
ma verbal resultante será: ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
(A) vinham indicadas. ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
(B) era indicado. remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
(C) eram indicadas. princípios...
(D) tinha indicado.
(E) foi indicada. 4-)
As ruas estavam ocupadas pela multidão = dois verbos
08. (GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – na passiva, um verbo na ativa:
PROCON – AGENTE ADMINISTRATIVO – CEPERJ/2012 - A multidão ocupava as ruas.
adaptada) Um exemplo de construção na voz passiva está
5-)
em:
B = as impressoras foram adquiridas...
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos”
C = família numerosa é sustentada...
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di- D – foi acolhido como patrono...
nheiro” E – a primeira grande folhetaria do Recife foi montada...
(C) “enviar o brinquedo por sedex”
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de De- 6-)
fesa do Consumidor” O engajamento moral e político não chegou a consti-
(E) “A empresa fez campanha para recolher” tuir um deslocamento da atenção intelectual de Said = dois
verbos na voz ativa, mas com presença de preposição e, um
09. (METRÔ/SP –SECRETÁRIA PLENO – FCC/2010) deles, no infinitivo, então o verbo auxiliar “ser” ficará no in-
Transpondo-se para a voz passiva a construção Mais tarde finitivo (na voz passiva) e o verbo principal (constituir) ficará
vim a entender a tradução completa, a forma verbal resul- no particípio: Um deslocamento da atenção intelectual de
tante será: Said não chegou a ser constituído pelo engajamento...

51
LÍNGUA PORTUGUESA

7-) Pretérito Perfeito do Indicativo


’sertanejo’ indicava indistintamente as músicas produ- eu vali
zidas no interior do país. tu valeste
As músicas produzidas no país eram indicadas pelo ele valeu
sertanejo, indistintamente. nós valemos
vós valestes
8-) eles valeram
(A) “A Gulliver recolherá 6 mil brinquedos” = voz ativa
(B) “o consumidor pode solicitar a devolução do di- Pretérito Imperfeito do Indicativo
nheiro” = voz ativa eu valia
(C) “enviar o brinquedo por sedex” = voz ativa tu valias
(D) “A empresa também é obrigada pelo Código de ele valia
Defesa do Consumidor” = voz passiva nós valíamos
(E) “A empresa fez campanha para recolher” = voz ativa vós valíeis
eles valiam
9-)
Mais tarde vim a entender a tradução completa... Pretérito Mais-que-perfeito do Indicativo
A tradução completa veio a ser entendida por mim. eu valera
tu valeras
10-) ele valera
ele empreende, de maneira quase clandestina, a série nós valêramos
Mulheres. vós valêreis
A série de mulheres é empreendida por ele, de maneira eles valeram
quase clandestina.
Futuro do Presente do Indicativo
Verbos irregulares são verbos que sofrem alterações eu valerei
em seu radical ou em suas desinências, afastando-se do tu valerás
modelo a que pertencem. ele valerá
No português, para verificar se um verbo sofre altera- nós valeremos
ções, basta conjugá-lo no presente e no pretérito perfeito vós valereis
do indicativo. Ex: faço – fiz, trago – trouxe, posso - pude. eles valerão
Não é considerada irregularidade a alteração gráfica
do radical de certos verbos para conservação da regulari- Futuro do Pretérito do Indicativo
dade fônica. Ex: embarcar – embarco, fingir – finjo. eu valeria
tu valerias
Exemplo de conjugação do verbo “dar” no presente do ele valeria
indicativo: nós valeríamos
Eu dou vós valeríeis
Tu dás eles valeriam
Ele dá
Nós damos Mais-que-perfeito Composto do Indicativo
Vós dais eu tinha valido
Eles dão tu tinhas valido
ele tinha valido
Percebe-se que há alteração do radical, afastando-se nós tínhamos valido
do original “dar” durante a conjugação, sendo considerado vós tínheis valido
verbo irregular. eles tinham valido

Exemplo: Conjugação do verbo valer: Gerúndio do verbo valer = valendo

Modo Indicativo Modo Subjuntivo


Presente
Presente que eu valha
eu valho que tu valhas
tu vales que ele valha
ele vale que nós valhamos
nós valemos que vós valhais
vós valeis que eles valham
eles valem

52
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo Fazer


se eu valesse Presente do indicativo: Faço, fazes, faz, fazemos, fa-
se tu valesses zeis, fazem.
se ele valesse
se nós valêssemos Pretérito perfeito do indicativo: Fiz, fizeste, fez, fize-
se vós valêsseis mos, fizestes, fizeram.
se eles valessem
Futuro do presente do indicativo: Farei, farás, fará,
Futuro do Subjuntivo faremos, fareis, farão.
quando eu valer
quando tu valeres Ir
quando ele valer Presente do indicativo: Vou, vais, vai, vamos, ides, vão.
quando nós valermos
quando vós valerdes Pretérito perfeito do indicativo: Fui, foste, foi, fomos,
quando eles valerem fostes, foram.

Imperativo Futuro do presente do indicativo: Irei, irás, irá, ire-


mos, ireis, irão.
Imperativo Afirmativo
-- Futuro do subjuntivo: For, fores, for, formos, fordes,
vale tu forem.
valha ele
valhamos nós Querer
valei vós Presente do indicativo: Quero, queres, quer, queremos,
valham eles quereis, querem.
Imperativo Negativo
Pretérito perfeito do indicativo: Quis, quiseste, quis,
--
quisemos, quisestes, quiseram.
não valhas tu
não valha ele
Presente do subjuntivo: Queira, queiras, queira, quei-
não valhamos nós
ramos, queirais, queiram.
não valhais vós
não valham eles
Ver
Presente do indicativo: Vejo, vês, vê, vemos, vedes,
Infinitivo veem.
Infinitivo Pessoal Pretérito perfeito do indicativo: Vi, viste, viu, vimos,
por valer eu vistes, viram.
por valeres tu
por valer ele Futuro do presente do indicativo:Verei, verás, verá,
por valermos nós veremos, vereis, verão.
por valerdes vós
por valerem eles Futuro do subjuntivo: Vir, vires, vir, virmos, virdes, vi-
rem.
Infinitivo Impessoal = valer
Particípio = Valido Vir
Presente do indicativo: Venho, vens, vem, vimos, vin-
Acompanhe abaixo uma lista com os principais verbos des, vêm.
irregulares:
Pretérito perfeito do indicativo: Vim, vieste, veio, vie-
Dizer mos, viestes, vieram.
Presente do indicativo: Digo, dizes, diz, dizemos, di-
zeis, dizem. Futuro do presente do indicativo: Virei, virás, virá, vi-
remos, vireis, virão.
Pretérito perfeito do indicativo: Disse, disseste, disse,
dissemos, dissestes, disseram. Futuro do subjuntivo: Vier, vieres, vier, viermos, vier-
des, vierem.
Futuro do presente do indicativo: Direi, dirás, dirá,
diremos, direis, dirão.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

SINTAXE - Resposta: Os funcionários.


- O sujeito da oração, então, é o seguinte: os funcio-
O princípio é o verbo. nários.
Encontrado o sujeito, parte-se para a análise do verbo:
Essa é a premissa fundamental da Sintaxe, que é a par- Se ele indicar que o sujeito possui uma qualidade, um
te da gramática que estuda as palavras enquanto elementos estado ou um modo de ser, sem praticar ação alguma, será
de uma frase, as suas relações de concordância, de subor- denominado de VERBO DE LIGAÇÃO. Os verbos de ligação
dinação e de ordem. Significa que, ao se realizar a análise mais comuns são os seguintes: ser, estar, parecer, ficar, per-
sintática de uma oração, sempre se inicia pelo verbo. É a manecer e continuar. Não se esqueça, porém, de que só
partir dele que se descobre qual o sujeito da oração, se há a será verbo de ligação o que indicar qualidade, estado ou
indicação de qualidade, estado ou modo de ser do sujeito, modo de ser do sujeito, sem praticar ação alguma. Observe
se ele pratica uma ação ou se a sofre, se há complemento as seguintes frases:
verbal, se há circunstância (adjunto adverbial), etc. O político continuou seu discurso mesmo com todas as
Nem sempre o verbo se apresenta sozinho em uma vaias recebidas.
oração. Em muitos casos, surgem dois ou mais verbos jun- Continuar, nesta frase, não é de ligação já que não in-
tos, para indicar que se pratica ou se sofre uma ação, ou dica qualidade do sujeito, e sim ação.
que o sujeito possui uma qualidade. A essa junção, dá-se A professora estava na sala de aula.
o nome de locução verbal. Toda locução verbal é formada Estar, nesta frase, não é de ligação já que não indica
por um verbo auxiliar (ou mais de um) e um verbo principal qualidade do sujeito, e sim fato.
(somente um).
O verbo auxiliar é o que se relaciona com o sujeito, A garota estava muito alegre.
por isso concorda com este, ou seja, se o sujeito estiver no Estar é verbo de ligação porque indica qualidade do
singular, o verbo auxiliar também ficará no singular; se o sujeito.
sujeito estiver no plural, o verbo auxiliar também ficará no
plural. Na Língua Portuguesa os verbos auxiliares são os
Se o verbo indicar que o sujeito pratica uma ação, ou
seguintes: ser, estar, ter, haver, dever, poder, ir, dentre outros.
que participa ativamente de um fato, será denominado de
O verbo principal é o que indica se o sujeito possui uma
VERBO INTRANSITIVO ou VERBO TRANSITIVO, de acordo
qualidade, se ele pratica uma ação ou se a sofre. É o mais
com o seguinte:
importante da locução. Na Língua Portuguesa, o verbo
principal surge sempre no infinitivo (terminado em –ar, -er,
- Quem ............ , ................. : Todo verbo que se encaixar
ou –ir), no gerúndio (terminado em –ndo) ou no particípio
(terminado em –ado ou –ido, dentre outras terminações). nessa frase será INTRANSITIVO. Por exemplo, o verbo cor-
Veja alguns exemplos de locuções verbais: rer: Quem corre, corre.

Os funcionários FORAM CONVOCADOS pelo diretor. - Quem ............ , ................. algo/alguém: Todo verbo
(aux.: SER; princ.: CONVOCAR) que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO DIRETO. Por
exemplo, o verbo comer: Quem come, come algo; ou o ver-
Os estudantes ESTÃO RESPONDENDO às questões. bo amar: Quem ama, ama alguém.
(aux.: ESTAR; princ.: RESPONDER)
- Quem ............ , ................. + prep. + algo/alguém: Todo
Os trabalhadores TÊM ENFRENTADO muitos proble- verbo que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO INDI-
mas.(aux.: TER; princ.: ENFRENTAR) RETO. Por exemplo, o verbo gostar: Quem gosta, gosta de
algo ou de alguém. As preposições mais comuns são as
O vereador HAVIA DENUNCIADO seus companheiros. seguintes: a, de, em, por, para, sem e com.
(aux.: HAVER; princ.: DENUNCIAR)
- Quem ............ , ................. algo/alguém + prep. + algo/
Os alunos DEVEM ESTUDAR todos os dias. (aux.: DE- alguém: Todo verbo que se encaixar nessa frase será TRAN-
VER; princ.: ESTUDAR) SITIVO DIRETO E INDIRETO - também denominado de BI-
TRANSITIVO. Por exemplo, o verbo mostrar: Quem mostra,
Sujeito mostra algo a alguém; ou o verbo informar: Quem informa,
informa alguém de algo ou Quem informa, informa algo a
Para se descobrir qual o sujeito do verbo (ou da locu- alguém.
ção verbal), deve-se perguntar a ele (ou a ela) o seguinte:
Que(m) é que ..........? A resposta será o sujeito. Por exemplo, É importante salientar que um verbo só será TRAN-
analisemos a primeira frase dentre as apresentadas acima: SITIVO se houver complemento (objeto direto ou objeto
Os funcionários foram convocados pelo diretor. indireto). A análise de um verbo depende, portanto, do
ambiente sintático em que ele se encontra. Um verbo que
O princípio é o verbo. Procura-se, portanto, o verbo: é aparentemente seja transitivo direto pode ser, na realida-
a locução verbal foram convocados. - - Pergunta-se a ela: de, intransitivo, caso não haja complemento. Por exemplo,
Que(m) é que foi convocado? observe a seguinte frase:

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LÍNGUA PORTUGUESA

O pior cego é aquele que não quer ver. 04. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o ter-
O verbo “ver” é, aparentemente, transitivo direto, uma mo destacado é:
vez que se encaixa na frase Quem vê, vê algo. Ocorre, po- A) pronome possessivo
rém, que não há o “algo”. O pior cego é aquele que não B) complemento nominal
quer ver o quê? Não aparece na oração; não há, portanto, C) objeto indireto
o objeto direto. Como não o há, o verbo não pode ser tran- D) adjunto adnominal
sitivo direto, e sim intransitivo. E) objeto direto
Observe, agora, esta frase: Quem dá aos pobres, em-
presta a Deus. 05. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito
Os verbos “dar” e “emprestar” são, aparentemente, das seguintes orações em relação aos verbos destacados:
transitivos diretos e indiretos, uma vez que se encaixam nas - Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de
frases Quem dá, dá algo a alguém e Quem empresta, em- vida.
presta algo a alguém. Ocorre, porém, que não há o “algo”. - Neste ano, quero prestar serviço voluntário.
Quem dá o que aos pobres empresta o que a Deus? Não
aparece na oração; não há, portanto, o objeto direto. Como A)Tu – vós
não o há, os verbos não podem ser transitivos diretos e B)Nós – eu
indiretos, e sim somente transitivos indiretos. C)Vós – nós
D) Ele - tu
FONTE: 06. Classifique o sujeito das orações destacadas no tex-
http://www.gramaticaonline.com.br/texto/1231 to seguinte e, a seguir, assinale a sequência correta.
Questões sobre Análise Sintática É notável, nos textos épicos, a participação do sobrena-
tural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacio-
01. (AGENTE DE APOIO ADMINISTRATIVO – FCC – nalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deu-
2013). Os trabalhadores passaram mais tempo na escola... ses tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis,
O segmento grifado acima possui a mesma função sin- ajudando-os ou atrapalhando- -os.
tática que o destacado em: A)simples, composto
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria.
B)indeterminado, composto
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa clas-
C)simples, simples
se.
D) oculto, indeterminado
C) O crescimento da escolaridade também foi impul-
sionado...
07. (ESPM-SP) “Surgiram fotógrafos e repórteres”.
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé-
Identifique a alternativa que classifica corretamente a fun-
dio...
ção sintática e a classe morfológica dos termos destacados:
E) ...impulsionado pelo aumento do número de uni-
versidades... A) objeto indireto – substantivo
B) objeto direto - substantivo
02.(AGENTE DE DEFENSORIA PÚBLICA – FCC – 2013). C) sujeito – adjetivo
Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas selva- D) objeto direto – adjetivo
gens [...], sabiam os paulistas como... E) sujeito - substantivo
O segmento em destaque na frase acima exerce a mes-
ma função sintática que o elemento grifado em: GABARITO
A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mos-
tradores para a volta. 01. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E
B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescenta-
riam aqueles de considerável... RESOLUÇÃO
C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o
sinal. 1-)
D) Uma sequência de tais galhos, em qualquer flores- Os trabalhadores passaram mais tempo na escola
ta, podia significar uma pista. = SUJEITO
E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam- A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = ob-
nos a vila de São Paulo como centro... jeto direto
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe.
03. Há complemento nominal em: = objeto direto
A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada. C) O crescimento da escolaridade também foi impul-
B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de sionado... = sujeito paciente
ganhar a vida. D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé-
C)Ela estava na janela do edifício. dio... = objeto direto
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. E) ...impulsionado pelo aumento do número de univer-
E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e sidades... = agente da passiva
mocinho de cinema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) Observação: a frase que não possui verbo denomina-


Donos de uma capacidade de orientação nas brenhas se Frase Nominal.
selvagens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO Na língua falada, a frase é caracterizada pela entoa-
A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL ção, que indica nitidamente seu início e seu fim. A entoação
B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= ad- pode vir acompanhada por gestos, expressões do rosto, do
junto adverbial olhar, além de ser complementada pela situação em que o
C) seria perceptível o sinal. = predicativo falante se encontra. Esses fatos contribuem para que fre-
D) Uma sequência de tais galhos = sujeito quentemente surjam frases muito simples, formadas por
E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto apenas uma palavra. Observe:
direto Rua!
Ai!
3-)
A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal Essas palavras, dotadas de entoação própria, e acom-
B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento panhadas de gestos peculiares, são suficientes para satisfa-
nominal (possibilidade de quê?) zer suas necessidades expressivas.
C)na janela do edifício. = adjunto adnominal Na língua escrita, a entoação é representada pelos si-
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto nais de pontuação, os quais procuram sugerir a melodia
indireto frasal. Desaparecendo a situação viva, o contexto é forne-
E) a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto cido pelo próprio texto, o que acaba tornando necessário
indireto que as frases escritas sejam linguisticamente mais comple-
4-) tas. Essa maior complexidade linguística leva a frase a obe-
esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitransiti- decer às regras gerais da língua. Portanto, a organização
vo, ou seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa de e a ordenação dos elementos formadores da frase devem
dois complementos – dois objetos: direto e indireto. seguir os padrões da língua. Por isso é que: As meninas
Deu o quê? = cem mil contos (direto) estavam alegres. = constitui uma frase, enquanto: Alegres
Deu a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto meninas estavam as. = não é considerada uma frase da lín-
gua portuguesa.
5-)
- Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qualida- Tipos de Frases
de de vida.
- Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário. Muitas vezes, as frases assumem sentidos que só po-
dem ser integralmente captados se atentarmos para o con-
6-) texto em que são empregadas. É o caso, por exemplo, das
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrena- situações em que se explora a ironia. Pense, por exemplo,
tural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao nacio- na frase “Que educação!”, usada quando se vê alguém in-
nalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deu- vadindo, com seu carro, a faixa de pedestres. Nesse caso,
ses tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis, ela expressa exatamente o contrário do que aparentemen-
ajudando-os ou atrapalhando-os. te diz.
Ambos os termos apresentam sujeito simples A entoação é um elemento muito importante da frase
falada, pois nos dá uma ampla possibilidade de expressão.
7-) Dependendo de como é dita, uma frase simples como “É
Surgiram fotógrafos e repórteres. ela.” pode indicar constatação, dúvida, surpresa, indigna-
O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta ção, decepção, etc. Na língua escrita, os sinais de pontua-
(final da oração). Portanto: função sintática: sujeito (com- ção podem agir como definidores do sentido das frases.
posto); classe morfológica (classe de palavras): substanti- Existem alguns tipos de frases cuja entoação é mais ou
vos. menos previsível, de acordo com o sentido que transmi-
tem. São elas:
Frase é todo enunciado de sentido completo, podendo - Frases Interrogativas: ocorrem quando uma per-
ser formada por uma só palavra ou por várias, ter verbos ou gunta é feita pelo emissor da mensagem. São empregadas
não. A frase exprime, através da fala ou da escrita: ideias, quando se deseja obter alguma informação. A interrogação
emoções, ordens, apelos. Define-se pelo seu propósito co- pode ser direta ou indireta.
municativo, ou seja, pela sua capacidade de, num intercâm- Você aceita um copo de suco? (Interrogação direta)
bio linguístico, transmitir um conteúdo satisfatório para a Desejo saber se você aceita um copo de suco. (Interro-
situação em que é utilizada. Exemplos: gação indireta)
O Brasil possui um grande potencial turístico.
Espantoso! - Frases Imperativas: ocorrem quando o emissor da
Não vá embora. mensagem dá uma ordem, um conselho ou faz um pedido,
Silêncio! utilizando o verbo no modo imperativo. Podem ser afirma-
O telefone está tocando. tivas ou negativas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Faça-o entrar no carro! (Afirmativa) O tema, o ser de quem se declara algo, o sujeito, é “O
Não faça isso. (Negativa) amor”. A declaração referente a “o amor”, ou seja, o predi-
Dê-me uma ajudinha com isso! (Afirmativa) cado, é «é eterno». É um predicado nominal, pois seu nú-
cleo significativo é o nome «eterno». Já na frase: Os rapazes
- Frases Exclamativas: nesse tipo de frase o emissor jogam futebol. O sujeito é “Os rapazes”, que identificamos
exterioriza um estado afetivo. Apresentam entoação ligei- por ser o termo que concorda em número e pessoa com o
ramente prolongada. Por Exemplo: verbo “jogam”. O predicado é “jogam futebol”, cujo núcleo
Que prova difícil! significativo é o verbo “jogam”. Temos, assim, um predica-
É uma delícia esse bolo! do verbal.

- Frases Declarativas: ocorrem quando o emissor Oração


constata um fato. Esse tipo de frase informa ou declara al-
guma coisa. Podem ser afirmativas ou negativas. Uma frase verbal pode ser também uma oração. Para
isso é necessário:
Obrigaram o rapaz a sair. (Afirmativa)
- que o enunciado tenha sentido completo;
Ela não está em casa. (Negativa)
- que o enunciado tenha verbo (ou locução verbal).
Por Exemplo: Camila terminou a leitura do livro.
- Frases Optativas: são usadas para exprimir um dese-
jo. Por Exemplo: Obs.: Na oração as palavras estão relacionadas entre si,
Deus te acompanhe! como partes de um conjunto harmônico: elas são os ter-
Bons ventos o levem! mos ou as unidades sintáticas da oração. Assim, cada ter-
mo da oração desempenha uma função sintática.
De acordo com a construção, as frases classificam-se
em: Atenção: Nem toda frase é oração. Por Exemplo: Que
Frase Nominal: é a frase construída sem verbos. Exem- dia lindo!
plos: Esse enunciado é frase, pois tem sentido. Esse enun-
Fogo! ciado não é oração, pois não possui verbo. Assim, não pos-
Cuidado! suem estrutura sintática, portanto não são orações, frases
Belo serviço o seu! como:
Trabalho digno desse feirante. Socorro! - Com Licença! - Que rapaz ignorante!
A frase pode conter uma ou mais orações. Veja:
Frase Verbal: é a frase construída com verbo. Por Brinquei no parque. (uma oração)
Exemplo: Entrei na casa e sentei-me. (duas orações)
O sol ilumina a cidade e aquece os dias. Cheguei, vi, venci. (três orações)
Os casais saíram para jantar.
A bola rolou escada abaixo. Período

Estrutura da Frase Período é a frase constituída de uma ou mais orações,


formando um todo, com sentido completo. O período
As frases que possuem verbo são geralmente estrutu- pode ser simples ou composto.
radas a partir de dois elementos essenciais: sujeito e pre- Período Simples: é aquele constituído por apenas uma
dicado. Isso não significa, no entanto, que tais frases de- oração, que recebe o nome de oração absoluta. Exemplos:
O amor é eterno.
vam ser formadas, no mínimo, por dois vocábulos. Na frase
As plantas necessitam de cuidados especiais.
“Saímos”, por exemplo, há um sujeito implícito na termina-
Quero aquelas rosas.
ção do verbo: nós.
O tempo é o melhor remédio.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
em número e pessoa. É normalmente o “ser de quem se Período Composto: é aquele constituído por duas ou
declara algo”, “o tema do que se vai comunicar”. mais orações. Exemplos:
O predicado é a parte da frase que contém “a infor- Quando você partiu minha vida ficou sem alegrias.
mação nova para o ouvinte”. Normalmente, ele se refere Quero aquelas flores para presentear minha mãe.
ao sujeito, constituindo a declaração do que se atribui ao Vou gritar para todos ouvirem que estou sabendo o que
sujeito. É sempre muito importante analisar qual é o nú- acontece ao anoitecer.
cleo significativo da declaração: se o núcleo da declaração Cheguei, jantei e fui dormir.
estiver no verbo, teremos um predicado verbal (ocorre nas
frases verbais); se o núcleo da declaração estiver em algum Saiba que: Como toda oração está centrada num verbo
nome, teremos um predicado nominal (ocorre nas frases ou numa locução verbal, a maneira prática de saber quan-
nominais que possuem verbo de ligação). Observe: O amor tas orações existem num período é contar os verbos ou
é eterno. locuções verbais.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Período Composto Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas


principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
O período composto caracteriza-se por possuir mais to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
de uma oração em sua composição. Sendo Assim: - Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dan-
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma çando.
oração) - Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. praia.
(Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora- principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
ções). seja...seja.
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima cor- - Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carrei-
responde a uma oração. Isso implica que o primeiro exem- ras diferentes.
plo é um período simples, pois tem apenas uma oração, os - Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no
quarto.
dois outros exemplos são períodos compostos, pois têm
mais de uma oração.
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
entre as orações de um período composto: uma relação de seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo)
coordenação ou uma relação de subordinação. - Passei no vestibular, portanto irei comemorar.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas - Conclui o meu projeto, logo posso descansar.
em um mesmo período (ou seja, em um mesmo bloco de - Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada.
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- - A situação é delicada; devemos, pois, agir
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
(Período Composto) de, pois (anteposto ao verbo).
Podemos dizer: - Só passei na prova porque me esforcei por muito tem-
1. Estou comprando um protetor solar. po.
2. Irei à praia. - Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
Separando as duas, vemos que elas são independentes. - Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
É esse tipo de período que veremos: o Período Com- mingo.
posto por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Fonte:
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas http://www.infoescola.com/portugues/oracoes-coor-
Sindéticas. denadas-assindeticas-e-sindeticas/

Coordenadas Assindéticas Questões sobre Orações Coordenadas

São orações coordenadas entre si e que não são liga- 01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplan-
das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos- tação integral de gosto e de estilo” tem valor:
tas. A) conclusivo
B) adversativo
C) concessivo
Coordenadas Sindéticas
D) explicativo
E) alternativo
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor- 02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”.
denativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração A oração em destaque é:
uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são a) coordenada explicativa
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alterna- b) coordenada adversativa
tivas, conclusivas e explicativas. c) coordenada aditiva
d) coordenada conclusiva
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin- e) coordenada assindética
cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
só... como, assim... como. 03. (AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP – 2013-adap.)
- Não só cantei como também dancei. Releia o seguinte trecho:
- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia. Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a
- Comprei o protetor solar e fui à praia. cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
prática.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como
norma- -padrão da língua portuguesa, ao se substituir o quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
termo em destaque, o trecho estará corretamente reescrito para nossa vida prática. = conclusiva
em: B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida prática. = conformativa
para nossa vida prática. C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância sa vida prática. = conclusiva
para nossa vida prática. E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos- sa vida prática. = explicativa
sa vida prática. Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu
D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como qua- substituir por porque; como conclusiva: substituo por por-
se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para tanto.
nossa vida prática.
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase 4-)
toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos- fruto não só do novo acesso da população ao auto-
sa vida prática. móvel mas também da necessidade de maior número de
viagens... estabelecem relação de adição de ideias, de fatos
04. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013-
adap.) Em – ...fruto não só do novo acesso da população 5-)
ao automóvel mas também da necessidade de maior nú- Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.
mero de viagens... –, os termos em destaque estabelecem = conjunção explicativa (= porque) - coordenada sin-
relação de dética explicativa
A) explicação.
B) oposição. Subordinação
C) alternância.
D) conclusão. Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes:
E) adição.
“Eu sinto que em meu gesto existe o teu
05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que gesto.”
estaremos a seu lado sempre. Oração Principal Oração Subordinada
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
A) Coordenada sindética aditiva. Observe que na oração subordinada temos o verbo
B) Coordenada sindética alternativa. “existe”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
C) Coordenada sindética conclusiva. lar do presente do indicativo. As orações subordinadas que
D) Coordenada sindética explicativa. apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos
do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo), são cha-
GABARITO madas de orações desenvolvidas ou explícitas. Podemos
modificar o período acima. Veja:
01. B 02. E 03. D 04. E 05. D
Eu sinto existir em meu gesto o teu gesto.
RESOLUÇÃO Oração Principal Oração Subordinada

1-) A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu


“Não se verificou, todavia, uma transplantação integral sinto” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portanto: subordinada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que
oração coordenada sindética adversativa a oração subordinada apresenta agora verbo no infinitivo.
Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas
2-) orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a surge numa das formas nominais (infinitivo - flexionado ou
oração em destaque não é introduzida por conjunção, en- não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações reduzi-
tão: coordenada assindética das ou implícitas.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por
3-) conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção (e mente, introduzidas por preposição.
ideia) adversativa

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LÍNGUA PORTUGUESA

1) ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS 3- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -


importar - ocorrer - acontecer
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- Convém que não se atrase na entrevista.
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- Obs.: quando a oração subordinada substantiva é sub-
grante (que, se). jetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pes-
soa do singular.
Suponho que você foi à biblioteca hoje. b) Objetiva Direta
Oração Subordinada Substantiva
A oração subordinada substantiva objetiva direta exer-
Você sabe se o presidente já chegou? ce função de objeto direto do verbo da oração principal.
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem sua aprovação no concurso.
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também Objeto Direto
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem
Todos querem que você seja aprovado. (= Todos
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde,
querem isso)
como). Veja os exemplos:
Oração Principal oração Subordinada Substantiva
Objetiva Direta
O garoto perguntou qual era o telefone da moça.
Oração Subordinada Substantiva As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
desenvolvidas são iniciadas por:
Não sabemos por que a vizinha se mudou.
Oração Subordinada Substantiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”:
A professora verificou se todos alunos estavam presen-
Classificação das Orações Subordinadas tes.
Substantivas - Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
De acordo com a função que exerce no período, a ora- O pessoal queria saber quem era o dono do carro im-
ção subordinada substantiva pode ser: portado.

a) Subjetiva - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às


vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito Eu não sei por que ela fez isso.
do verbo da oração principal. Observe:
É fundamental o seu comparecimento à reunião. c) Objetiva Indireta
Sujeito
A oração subordinada substantiva objetiva indireta
É fundamental que você compareça à reunião. atua como objeto indireto do verbo da oração principal.
Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Vem precedida de preposição.
Subjetiva
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto
Atenção: Observe que a oração subordinada substan-
tiva pode ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, te-
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai in-
mos um período simples: siste nisso)
É fundamental isso. ou Isso é fundamental. Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Indireta
Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exerce-
rá a função de sujeito Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração na oração.
principal:
1- Verbos de ligação + predicativo, em construções Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo Oração Subordinada Substantiva
- É claro - Está evidente - Está comprovado Objetiva Indireta
É bom que você compareça à minha festa.
d) Completiva Nominal
2- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-
se - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anun- A oração subordinada substantiva completiva nominal
ciado - Ficou provado completa um nome que pertence à oração principal e tam-
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. bém vem marcada por preposição.

60
LÍNGUA PORTUGUESA

Sentimos orgulho de seu comportamento. Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo
Complemento Nominal adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo pa-
Sentimos orgulho de que você se comportou. (= pel. Veja:
Sentimos orgulho disso.)
Oração Subordinada Substantiva Esta foi uma redação que fez sucesso.
Completiva Nominal Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio-
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen- função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o seria exercido pelo termo que o antecede.
complemento nominal: o primeiro complementa um verbo, Obs.: para que dois períodos se unam num período
composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.
o segundo, um nome.
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
e) Predicativa
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
A oração subordinada substantiva predicativa exerce Refiro-me ao aluno que é estudioso.
papel de predicativo do sujeito do verbo da oração princi- Essa oração é equivalente a:
pal e vem sempre depois do verbo ser. Refiro-me ao aluno o qual estuda.
Nosso desejo era sua desistência. Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
Predicativo do Sujeito
Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso dese- apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
jo era isso) orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Oração Subordinada Substantiva das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
Predicativa reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
(podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
“de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não particípio).
fui bem na prova. Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
f) Apositiva
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
A oração subordinada substantiva apositiva exerce jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
função de aposto de algum termo da oração principal. lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
seu casamento. e seu verbo está no infinitivo.
Aposto
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
(Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
Na relação que estabelecem com o termo que caracte-
Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu ca-
rizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
samento chegasse. duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou
Oração Subordinada especificam o sentido do termo a que se referem, indivi-
Substantiva Apositiva dualizando-o. Nessas orações não há marcação de pausa,
sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS também orações que realçam um detalhe ou amplificam
dados sobre o antecedente, que já se encontra suficiente-
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui mente definido, as quais denominam-se subordinadas ad-
valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As jetivas explicativas.
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe Exemplo 1:
o exemplo: Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um
homem que passava naquele momento.
Esta foi uma redação bem-sucedida. Oração Subordinada Adjetiva
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal) Restritiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nesse período, observe que a oração em destaque res- Obs.: a classificação das orações subordinadas adver-
tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata- biais é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos
se de um homem específico, único. A oração limita o uni- adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens,
mas sim àquele que estava passando naquele momento. Circunstâncias Expressas
Exemplo 2: pelas Orações Subordinadas Adverbiais
O homem, que se considera racional, muitas vezes
age animalescamente. a) Causa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que pro-
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido voca um determinado fato, ao motivo do que se declara na
restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa oração principal. “É aquilo ou aquele que determina um acon-
oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar tecimento”.
contida no conceito de “homem”. Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
Saiba que: Outras conjunções e locuções causais: como (sempre in-
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada da troduzido na oração anteposta à oração principal), pois, pois
oração principal por uma pausa, que, na escrita, é represen- que, já que, uma vez que, visto que.
tada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontuação seja As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
indicada como forma de diferenciar as orações explicativas Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve alter-
das restritivas; de fato, as explicativas vêm sempre isola- nativa a não ser cancelá-lo.
das por vírgulas; as restritivas, não. Já que você não vai, eu também não vou.
3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS b) Consequência

Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce As orações subordinadas adverbiais consecutivas expri-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. mem um fato que é consequência, que é efeito do que se de-
Dessa forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo, clara na oração principal. São introduzidas pelas conjunções
fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e
vem introduzida por uma das conjunções subordinativas pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
(com exclusão das integrantes). Classifica-se de acordo com Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE (pre-
a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz. cedido de tal, tanto, tão, tamanho)
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa
Oração Subordinada Adverbial dor.)
Observe que a oração em destaque agrega uma cir- Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con-
cunstância de tempo. É, portanto, chamada de oração su- cretizando-os.
bordinada adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida
termos acessórios que indicam uma circunstância referente, de Infinitivo)
via de regra, a um verbo. A classificação do adjunto adver-
bial depende da exata compreensão da circunstância que c) Condição
exprime. Observe os exemplos abaixo:
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de Condição é aquilo que se impõe como necessário para a
minha vida. realização ou não de um fato. As orações subordinadas ad-
Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de verbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocorrer
minha vida. para que se realize ou deixe de se realizar o fato expresso na
oração principal.
No primeiro período, “naquele momento” é um adjunto Principal conjunção subordinativa condicional: SE
adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “senti”. No Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde
segundo período, esse papel é exercido pela oração “Quan- que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que,
do vi a estátua”, que é, portanto, uma oração subordina- uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
da adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, pois é Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, cer-
introduzida por uma conjunção subordinativa (quando) e tamente o melhor time será campeão.
apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o
pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, ob- contrato.
tendo-se: Caso você se case, convide-me para a festa.

Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de d) Concessão


minha vida.
As orações subordinadas adverbiais concessivas indicam
A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma concessão às ações do verbo da oração principal, isto é, ad-
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é mitem uma contradição ou um fato inesperado. A ideia de
introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma concessão está diretamente ligada ao contraste, à quebra
preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). de expectativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu- Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada
ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos- entrasse.
to que, apesar de que.
Só irei se ele for. h) Proporção

A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” As orações subordinadas adverbiais proporcionais ex-
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Com- primem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao
pare agora com: expresso na oração principal.
Irei mesmo que ele não vá. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcio-
nal: À PROPORÇÃO QUE
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
cessiva. Observe outros exemplos: quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...
Embora fizesse calor, levei agasalho. (menos), quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me- À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
tade da população continua à margem do mercado de con- tões.
sumo. Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
e) Comparação i) Tempo

As orações subordinadas adverbiais comparativas es- As orações subordinadas adverbiais temporais acres-
tabelecem uma comparação com a ação indicada pelo ver- centam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração
bo da oração principal. principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, an-
Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO terioridade ou posterioridade.
Ele dorme como um urso. Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO
Outras conjunções subordinativas temporais: enquan-
Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações to, mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas as
subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo: vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
Agem como crianças. (agem) Quando você foi embora, chegaram outros convidados.
Oração Subordinada Adverbial Comparativa Sempre que ele vem, ocorrem problemas.
No entanto, quando se comparam ações diferentes, Mal você saiu, ela chegou.
isso não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
(comparação do verbo falar e do verbo fazer). nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)

f) Conformidade Fonte:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint29.
As orações subordinadas adverbiais conformativas in- php
dicam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma re-
gra, um modelo adotado para a execução do que se decla- Questões sobre Orações Subordinadas
ra na oração principal.
Principal conjunção subordinativa conformativa: CON- 01. (PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VUNESp/2013).
FORME Mais denso, menos trânsito
Outras conjunções conformativas: como, consoante e
segundo (todas com o mesmo valor de conforme). As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e
Fiz o bolo conforme ensina a receita. em processo de deterioração agudizado pelo crescimento
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm econômico da última década. Existem deficiências evidentes
direitos iguais. em infraestrutura, mas é importante também considerar o
planejamento urbano.
g) Finalidade Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros
As orações subordinadas adverbiais finais indicam a urbanos, na visão de que isso levaria a uma maior facilidade
intenção, a finalidade daquilo que se declara na oração de deslocamento.
principal. Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos
Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE centros e o aumento das distâncias multiplicam o número de
Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a viagens, dificultando o investimento em transporte coletivo e
locução conjuntiva para que. aumentando a necessidade do transporte individual.

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Se olharmos Los Angeles como a região que levou a


desconcentração ao extremo, ficam claras as consequências.
Numa região rica como a Califórnia, com enorme investi-
mento viário, temos engarrafamentos gigantescos que vira-
ram característica da cidade.
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com
elevado adensamento e predominância do transporte coleti-
vo, como mostram Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade
mais bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura
de telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras
grandes cidades, essa deveria ser a região mais adensada da
metrópole. Mas não é o caso. Temos, hoje, um esvaziamento
gradual do centro, com deslocamento das atividades para
diversas regiões da cidade.
A visão de adensamento com uso abundante de trans-
porte coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será pos-
sível reverter esse processo de uso cada vez mais intenso do
transporte individual, fruto não só do novo acesso da popu-
lação ao automóvel, mas também da necessidade de maior
número de viagens em função da distância cada vez maior
entre os destinos da população. (Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013)
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013.
Adaptado) É correto afirmar que a expressão contanto que esta-
As expressões mais denso e menos trânsito, no título, belece entre as orações relação de
estabelecem entre si uma relação de A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja traba-
(A) comparação e adição. lhar depois de casada.
(B) causa e consequência. B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso
(C) conformidade e negação. como cantor romântico.
(D) hipótese e concessão. C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já
(E) alternância e explicação pensam em casamento.
D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão
de músico provavelmente ganhará pouco.
02. (AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA PENITENCIÁ- E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido
RIA – VUNESP – 2013). No trecho – Tem surtido um efeito torne-se um artista famoso.
positivo por eles se tornarem uma referência positiva den-
tro da unidade, já que cumprem melhor as regras, respei- 05. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013).
tam o próximo e pensam melhor nas suas ações, refletem Em – Apesar da desconcentração e do aumento da ex-
antes de tomar uma atitude. – o termo em destaque esta- tensão urbana verificados no Brasil, é importante desen-
belece entre as orações uma relação de volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen-
A) condição. B) causa. C) comparação. D) tempo. tes... –, sem que tenha seu sentido alterado, o trecho em
E) concessão. destaque está corretamente reescrito em:
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Ex-
tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol-
03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
que aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas, B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au-
exceto: mento da extensão urbana no Brasil, é importante desenvol-
A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço. ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita C) Assim como são verificados a desconcentração e o
sobre sua vida. aumento da extensão urbana no Brasil, é importante de-
C) Ignoras quanto custou meu relógio? senvolver e adensar ainda mais os diversos centros já exis-
D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebi- tentes...
dos. D) Visto que com a desconcentração e o aumento da ex-
E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol-
ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen-
04. (AGENTE DE VIGILÂNCIA E RECEPÇÃO – VUNESP – to da extensão urbana verificados no Brasil, é importante
2013). Considere a tirinha em que se vê Honi conversando desenvolver e adensar ainda mais os diversos centros já
com seu Namorado Lute. existentes...

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – VUNESP – 2013). 4-)


Em – É fundamental que essa visão de adensamento com a expressão contanto que estabelece uma relação de
uso abundante de transporte coletivo seja recuperada para condição (condicional)
que possamos reverter esse processo de uso… –, a expres-
são em destaque estabelece entre as orações relação de 5-)
A) consequência. Apesar da desconcentração e do aumento da extensão
B) condição. urbana verificados no Brasil = conjunção concessiva
C) finalidade. B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au-
D) causa. mento da extensão urbana no Brasil, = causal
E) concessão. C) Assim como são verificados a desconcentração e o
aumento da extensão urbana no Brasil = comparativa
07. (ANALISTA DE SISTEMAS – VUNESP – 2013 – D) Visto que com a desconcentração e o aumento da
adap.). Considere o trecho: “Como as músicas eram de extensão urbana verificados no Brasil = causal
protesto, naquele mesmo ano foi enquadrado na lei de se- E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen-
gurança nacional pela ditadura militar e exilado.” O termo to da extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas
Como, em destaque na primeira parte do enunciado, ex-
pressa ideia de 6-)
A) contraste e tem sentido equivalente a porém. para que possamos = conjunção final (finalidade)
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que.
C) conformidade e tem sentido equivalente a confor- 7-)
me. “Como as músicas eram de protesto = expressa ideia
D) causa e tem sentido equivalente a visto que. de causa da consequência “foi enquadrado” = causa e
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que. tem sentido equivalente a visto que.

08. (ANALISTA EM PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E 8-)


FINANÇAS PÚBLICAS – VUNESP – 2013-adap.) No tre- com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a
construção estabelece uma relação de causa e consequên-
cho – “Fio, disjuntor, tomada, tudo!”, insiste o motorista, com
cia. (a causa da “contaminação” – consequência)
tanto orgulho que chega a contaminar-me. –, a construção
tanto ... que estabelece entre as construções [com tanto or-
gulho] e [que chega a contaminar-me] uma relação de
CONCORDÂNCIA
A) condição e finalidade.
B) conformidade e proporção.
Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos
C) finalidade e concessão.
nos referindo à relação de dependência estabelecida entre
D) proporção e comparação. um termo e outro mediante um contexto oracional. Desta
E) causa e consequência. feita, os agentes principais desse processo são representa-
dos pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante;
GABARITO e o verbo, o qual desempenha a função de subordinado.
Dessa forma, temos que a concordância verbal carac-
01. B 02. B 03. C 04. D teriza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os que-
05. A 06. C 07. D 08. E sitos “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplifi-
cando, temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo
RESOLUÇÃO apresenta-se na terceira pessoa do singular, pois faz refe-
rência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como
1-) poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados.
mais denso e menos trânsito = mais denso, conse-
quentemente, menos trânsito, então: causa e consequência Casos referentes a sujeito simples

2-) 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com


já que cumprem melhor as regras = estabelece entre o núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
as orações uma relação de causa com a consequência de
“tem um efeito positivo”. 2) Nos casos referentes a sujeito representado por
substantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pes-
3-) soa do singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
Ignoras quanto custou meu relógio? = oração subor- Observação:
dinada substantiva objetiva direta - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
seja, não se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos poderá ir para o plural:
verbos “convir”, “parecer”, “importar”, “constar” etc., e tam- Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
bém não inicia com as conjunções integrantes “que” e “se”. Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3) Quando o sujeito é representado por expressões Observações:


partitivas, representadas por “a maioria de, a maior parte - Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por-
de, a metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
pode concordar com o núcleo dessas expressões quanto ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários.
com o substantivo que a segue: A maioria dos alunos resol- - Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin-
veu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar. gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da diretoria.
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de
4) No caso de o sujeito ser representado por expres- determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural: Os
50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria.
sões aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”,
o verbo concorda com o substantivo determinado por elas:
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado por
Cerca de mil candidatos se inscreveram no concurso. pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empregado na
terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Majesta-
5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex- des gostaram das homenagens. Vossa Majestade agradeceu
pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais o convite.
de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
Observação: 12) Casos relativos a sujeito representado por substan-
- No caso da referida expressão aparecer repetida ou tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns
associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo, aspectos que os determinam:
necessariamente, deverá permanecer no plural: - Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver-
Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram bo ser, este permanece no singular, contanto que o predica-
na campanha de doação de alimentos. tivo também esteja no singular: Memórias póstumas de Brás
Mais de um formando se abraçaram durante as soleni- Cubas é uma criação de Machado de Assis.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam-
dades de formatura.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po-
tência mundial.
6) Quando o sujeito for composto da expressão “um - Casos em que o artigo figura no singular ou em que
dos que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados
um dos que atuaram na Copa América. Unidos é uma potência mundial.

7) Em casos relativos à concordância com locuções Casos referentes a sujeito composto


pronominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
nos atermos a duas questões básicas: gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, estan-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no do relacionado a dois pressupostos básicos:
plural, o verbo poderá com ele concordar, como poderá - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
também concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
- Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar
o receberemos. / Alguns de nós o receberão.
na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são pri-
- Quando o primeiro pronome da locução estiver ex- mos.
presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin-
gular: Algum de nós o receberá. 2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer ante-
posto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus dois
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo filhos compareceram ao evento.
pronome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa
do singular ou poderá concordar com o antecedente desse 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
ela. / Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singular:
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma-
Meu esposo e grande companheiro merece toda a felicidade
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo.
do mundo.
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha vi-
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão tória, minha conquista, minha premiação são frutos de meu
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha premiação
é fruto de meu esforço.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
demais termos da oração para que concordem em gênero - Após essas expressões o substantivo fica sempre no
e número com o substantivo. Teremos que alterar, portan- singular e o adjetivo no plural.
to, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso, Renato advogou um e outro caso fáceis.
temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira. Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.
Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono-
me concordam em gênero e número com o substantivo. g) É bom, é necessário, é proibido
- A pequena criança é uma gracinha. - Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre-
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático. cedido de artigo ou outro determinante.
Canja é bom. / A canja é boa.
Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
regra geral mostrada acima. É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A en-
trada é proibida.
a) Um adjetivo após vários substantivos
h) Muito, pouco, caro
- Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
- Como adjetivos: seguem a regra geral.
plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
Comi muitas frutas durante a viagem.
- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
Pouco arroz é suficiente para mim.
- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui. Os sapatos estavam caros.
- Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural - Como advérbios: são invariáveis.
masculino ou concorda com o substantivo mais próximo. Comi muito durante a viagem.
- Ela tem pai e mãe louros. Pouco lutei, por isso perdi a batalha.
- Ela tem pai e mãe loura. Comprei caro os sapatos.

- Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria- i) Mesmo, bastante


mente para o plural. - Como advérbios: invariáveis
- O homem e o menino estavam perdidos. Preciso mesmo da sua ajuda.
- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui. Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos - Como pronomes: seguem a regra geral.


- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
mais próximo. Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
Comi delicioso almoço e sobremesa. j) Menos, alerta
Provei deliciosa fruta e suco. - Em todas as ocasiões são invariáveis.
Preciso de menos comida para perder peso.
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: Estamos alerta para com suas chamadas.
concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
Estavam feridos o pai e os filhos. k) Tal Qual
Estava ferido o pai e os filhos. - “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda
com o consequente.
c) Um substantivo e mais de um adjetivo As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.
- antecede todos os adjetivos com um artigo.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
l) Possível
- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me-
- coloca o substantivo no plural.
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as ex-
Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. pressões.
A mais possível das alternativas é a que você expôs.
d) Pronomes de tratamento Os melhores cargos possíveis estão neste setor da em-
- sempre concordam com a 3ª pessoa. presa.
Vossa Santidade esteve no Brasil. As piores situações possíveis são encontradas nas fave-
las da cidade.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado
- Concordam com o substantivo a que se referem. m) Meio
As cartas estão anexas. - Como advérbio: invariável.
A bebida está inclusa. Estou meio (um pouco) insegura.
Precisamos de nomes próprios.
Obrigado, disse o rapaz. - Como numeral: segue a regra geral.
Comi meia (metade) laranja pela manhã.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

n) Só _________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro,


- apenas, somente (advérbio): invariável. não está claro até onde pode realmente chegar uma políti-
Só consegui comprar uma passagem. ca baseada em melhorar a eficiência sem preços adequados
para o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a
- sozinho (adjetivo): variável. terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do
Estiveram sós durante horas. carbono e da água em si ___________diferença, as compa-
nhias não podem suportar ter de pagar, de repente, digamos,
Fonte: 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer prepara-
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia- ção. Portanto, elas começam a usar preços- -sombra.
verbal.htm Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma maneira
de quantificar adequadamente os insumos básicos. E sem
Questões sobre Concordância Nominal e Verbal eles a maioria das políticas de crescimento verde sempre
___________ a segunda opção.
01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con- (Carta Capital,
cordância verbal e nominal está inteiramente correta na 27.06.2012. Adaptado)
frase: De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va- as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
lores que determinam as escolhas dos governantes, para pectivamente, com:
conferir legitimidade a suas decisões. (A) Restam… faça… será
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- (B) Resta… faz… será
vem ser embasados na percepção dos valores e princípios (C) Restam… faz... serão
que regem a prática política. (D) Restam… façam… serão
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadei- (E) Resta… fazem… será
ro regime democrático, em que se respeita tanto as liber-
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna-
dades individuais quanto as coletivas.
tiva em que o trecho
(D) As instituições fundamentais de um regime demo-
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimina-
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.–
das de um único poder central.
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa-
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
drão da língua portuguesa.
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encon-
niões existentes na sociedade.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os
insumos básicos.
02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de con- (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
cordância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási-
em: cos ser quantificados.
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo- até agora uma maneira adequada para que os insumos bá-
ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au- sicos sejam quantificado.
tor, mediante palavras, sua matéria-prima. (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
B) Obras que se considera clássicas na literatura sem- trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
pre delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o mos básicos seja quantificado.
leitor ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-pri- trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
ma. os insumos básicos.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
lhe permitem criar todo um mundo de ficção, em que per- - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega-
leitores, numa verdadeira interação com a realidade. tiva...
D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei- II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classi-
tor somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ficação do continente americano (2,0)...
ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura. II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que exemplos, em:
constitui leitura obrigatória e se tornam referências por seu (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o
conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da
maioria?
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
responder à questão. Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.

68
LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase 09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia. O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos-
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural,
também existem umas que não merecem nossa atenção. está em:
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla-
06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) neta)
Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O
peregrinação. consumo mundial de barris de petróleo)
O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plu- (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se
ral caso o segmento grifado seja substituído por: no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos)
(A) Há folheteiros que (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es-
(B) A maior parte dos folheteiros forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças
(C) O folheteiro e sua família climáticas)
(D) O grosso dos folheteiros
(E) Cada um dos folheteiros 10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi-
07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) nale a alternativa em que a concordância das formas ver-
Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas bais destacadas está de acordo com a norma-padrão da
em: língua.
(A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel (A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higie-
sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir nização subterrânea.
dessas criações poéticas tão originais. (B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status trabalhadores da área de limpeza.
atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje (C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos
nas melhores universidades do país. riscos de se contrair alguma doença.
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que (D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço.
a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção
(D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
de seus funcionários.
a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
resultado do puro e simples desconhecimento.
GABARITO
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A
representatividade. 06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C
08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – RESOLUÇÃO
FCC/2010) Observam-se corretamente as regras de con-
cordância verbal e nominal em: 1-) Fiz os acertos entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica- que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias rir legitimidade a suas decisões.
de hoje. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
b) A importância de intelectuais como Edward Said e vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões valores e princípios que regem a prática política.
polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
escreveram. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so- (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
menos de terem alguma trégua. das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
que admiradores.
e) No final do século XX já não se via muitos intelec- 2-)
tuais e escritores como Edward Said, que não apenas era A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa
notícia pelos livros que publicavam como pelas posições leitura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimo-
que corajosamente assumiam. ramento intelectual, estão na capacidade de criação do au-
tor, mediante palavras, sua matéria-prima. = correta

69
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Obras que se consideram clássicas na literatura sem- 6-)


pre delineiam novos caminhos, pois são capazes de encan- A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto
tar o leitor ao ultrapassarem os limites da época em que “folheterios”)
vivem seus autores, gênios no domínio das palavras, sua B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional)
matéria-prima. C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional)
lhes permite criar todo um mundo de ficção, em que per- E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
sonagens se transformam em seres vivos a acompanhar os
leitores, numa verdadeira interação com a realidade. 7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei- (A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside-
tor somente se realizam plenamente caso haja afinidade rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa-
de ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o zes de fruir dessas criações poéticas tão originais.
crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura. (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
constituem leitura obrigatória e se tornam referências por nas melhores universidades do país.
seu conteúdo que ultrapassa os limites de tempo e de épo- (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
ca.
mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam
3-) _Restam___dúvidas
por merecer.
mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva-
água em si __faça __diferença
lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica
a maioria das políticas de crescimento verde sempre só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco-
____será_____ a segunda opção. nhecimento.
Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tan- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que
to no plural quanto no singular. Nas alternativas não há os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados
“restam/faça/serão”, portanto a A é que apresenta as op- à falta de representatividade.
ções adequadas.
8-) Fiz as correções entre parênteses:
4-) a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como
(A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica-
trou até agora uma maneira adequada de se quantificar os das às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns (co-
insumos básicos. mum) nos dias de hoje.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- b) A importância de intelectuais como Edward Said e
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási- Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões
cos serem quantificados. polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros
(C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- que escreveram.
trou até agora uma maneira adequada para que os insu- c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio en-
mos básicos sejam quantificados. tre árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto
(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem
trou até agora uma maneira adequada para que os insu- (ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter)
mos básicos sejam quantificados. alguma trégua.
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem verdade, ainda que conscientes de que esta é até certo
os insumos básicos. = correta ponto relativa, costumam encontrar muito mais detratores
que admiradores.
e) No final do século XX já não se via (viam) muitos
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos
intelectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
aos itens:
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém
posições que corajosamente assumiam.
tem (singular)
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) 9-)
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) =
ram (plural) “há” permaneceria no singular
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla-
umas (plural) neta) = “sabe” permaneceria no singular
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O
as formas estão no plural) consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane-
ceria no singular

70
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
no custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “re- de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém,
flete” passaria para “refletem-se” não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esfor- diferentes formas em frases distintas.
ços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças cli-
máticas) = “pressiona” permaneceria no singular Verbos Intransitivos

10-) Fiz as correções: Os verbos intransitivos não possuem complemento. É


(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos riscos
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era sete - Chegar, Ir
da manhã = eram Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, co- biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
meçou = começaram
indicar destino ou direção são: a, para.
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Ricardo foi para a Espanha.


que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple- Adjunto Adverbial de Lugar
mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras,
criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o - Comparecer
sentido desejado, que sejam corretas e claras. O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Regência Verbal Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
último jogo.
Termo Regente: VERBO
Verbos Transitivos Diretos
A regência verbal estuda a relação que se estabelece en-
tre os verbos e os termos que os complementam (objetos Os verbos transitivos diretos são complementados por
diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adver- objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
biais). para o estabelecimento da relação de regência. Ao em-
O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa pregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes
capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhe- oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pro-
cermos as diversas significações que um verbo pode assumir nomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas
com a simples mudança ou retirada de uma preposição. Ob- verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
serve: formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando-
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar agra- nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, ad-
do ou prazer”, satisfazer. mirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender,
“agradar a alguém”.
eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que:
O conhecimento do uso adequado das preposições é um Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e como o verbo amar:
também nominal). As preposições são capazes de modificar Amo aquele rapaz. / Amo-o.
completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os Amo aquela moça. / Amo-a.
exemplos: Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Cheguei ao metrô. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei no metrô.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segun- bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
do caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração adnominais).
“Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de indicar o Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua, senti- Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
do diferente. Aliás, é muito comum existirem divergências reira)
entre a regência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
regência culta. mor)

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos Transitivos Indiretos Agradeci o presente. / Agradeci-o.


Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Os verbos transitivos indiretos são complementados Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
gem uma preposição para o estabelecimento da relação de Paguei minhas contas. / Paguei-as.
regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter- Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam Informar
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os novos preços aos clientes.
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
lhe, lhes. preços)
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: - Na utilização de pronomes como complementos, veja
- Consistir - Tem complemento introduzido pela pre- as construções:
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direi- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
tos iguais para todos. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”: Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, pre-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. venir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
indireto.
Respondi ao meu patrão.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma
Respondemos às perguntas.
criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
siva analítica. Veja: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te. Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen- Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”. Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva
Antipatizo com aquela apresentadora. Objetiva Direta
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
nam para uma minoria privilegiada. Saiba que:
- A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Verbos Transitivos Diretos e Indiretos gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- licença estiver subentendida.
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São verbos Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e obje- uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
to indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos: tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objeto Indireto Objeto Direto - A construção “dizer para”, também muito usada po-
pularmente, é igualmente considerada incorreta.
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto Preferir
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito direto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
com particular cuidado. Observe: Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus.

72
LÍNGUA PORTUGUESA

Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado CHAMAR


sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo solicitar a atenção ou a presença de.
prefixo existente no próprio verbo (pre). Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha-
má-la.
Mudança de Transitividade X Mudança de Signifi- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
cado
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- cativo preposicionado ou não.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta A torcida chamou o jogador mercenário.
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades A torcida chamou ao jogador mercenário.
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, A torcida chamou o jogador de mercenário.
estão: A torcida chamou ao jogador de mercenário.
AGRADAR CUSTAR
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
nhos, acariciar. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada Frutas e verduras não deveriam custar muito.
quando o revê.
Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / - No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo. ou transitivo indireto.
Muito custa viver tão longe da família.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar Verbo Oração Subordinada Substantiva
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento Subjetiva
introduzido pela preposição “a”. Intransitivo Reduzida de Infinitivo
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela
atitude.
ASPIRAR Objeto Oração Subordinada Substantiva
- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Subjetiva
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Indireto Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Obs.: a Gramática Normativa condena as construções
como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida. que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado
(Aspirávamos a elas) por pessoa. Observe:
Custei para entender o problema.
Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é Forma correta: Custou-me entender o problema.
pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela IMPLICAR
(s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= - Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
Aspiravam a ela) a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
implicavam um firme propósito.
ASSISTIR b) Ter como consequência, trazer como consequência,
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure-
tar assistência a, auxiliar. Por exemplo: cimento político de um povo.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. - Como transitivo direto e indireto, significa compro-
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- econômicas.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é tran-
Não assisti às últimas sessões. sitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
Essa lei assiste ao inquilino. quem não trabalhasse arduamente.

Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é PROCEDER


intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
conturbada cidade. agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado
de adjunto adverbial de modo.

73
LÍNGUA PORTUGUESA

As afirmações da testemunha procediam, não havia - Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)


como refutá-las. - Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Você procede muito mal. O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e
indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de al-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- guma coisa).
sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
do pela preposição “a”) é transitivo indireto. SIMPATIZAR
O avião procede de Maceió. Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não
Procedeu-se aos exames. simpatizei com os jurados.
O delegado procederá ao inquérito.

NAMORAR
QUERER É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Ma-
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter ria namora João.
vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento. Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.
Queremos um país melhor.
OBEDECER
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com
estimar, amar. a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Quero muito aos meus amigos.
Ele quer bem à linda menina. Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode
Despede-se o filho que muito lhe quer. ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VISAR VER
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar. viu o filme.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque. Regência Nominal

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como É o nome da relação existente entre um nome (subs-
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
O ensino deve sempre visar ao progresso social. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
público. conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
ESQUECER – LEMBRAR um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
- Lembrar algo – esquecer algo nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi- os nomes correspondentes: todos regem complementos
nal) introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, Obediente a algo/ a alguém.
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan- da preposição ou preposições que os regem. Observe-os
to, transitivos indiretos: atentamente e procure, sempre que possível, associar es-
- Ele se esqueceu do caderno. ses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você
- Eu me esqueci da chave. conhece.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.

74
LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a;
paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php

Questões sobre Regência Nominal e Verbal

01. (Administrador – FCC – 2013-adap.).


... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ciências ...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) ...astros que ficam tão distantes ...
B) ...que a astronomia é uma das ciências ...
C) ...que nos proporcionou um espírito ...
D) ...cuja importância ninguém ignora ...
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ...

02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-adap.).


... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos do sueco.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de complementos que o grifado acima está empregado em:
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.

03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).


... constava simplesmente de uma vareta quebrada em partes desiguais...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o grifado acima está empregado em:
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a extremos de sutileza.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado nos troncos mais robustos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
rientam, não raro, quem... a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
na serra de Tunuí... Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
gentio, mestre e colaborador... corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). a mídia pode exercer sobre os jovens.
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... A) dos … na
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que B) nos … entre a
o da frase acima se encontra em: C) aos … para a
A) A palavra direito, em português, vem de directum, D) sobre os … pela
do verbo latino dirigere... E) pelos … sob a
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
sociedades... 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado Públicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão
pela justiça. da língua, assinale a alternativa em que os trechos desta-
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspi- cados estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal.
rações da justiça... A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o de dez mil tomadas.
sentimento de justiça. B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alter- C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de
nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa criar logotipos e negociar.
Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência D) O taxista levou o autor a indagar no número de
nominal e à pontuação. tomadas do edifício.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida- E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço parasse a um prédio na marginal.
seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
do que em outros.
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As-
(B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra-
sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na
pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
língua e sem alteração de sentido.
exemplo!, do que em outros.
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de
(C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra-
direitos dos trabalhadores domésticos.
pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um A) da
exemplo, do que em outros. B) na
(D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida- C) pela
mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço D) sob a
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo E) sobre a
– do que em outros.
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida- GABARITO
mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem- 01. D 02. D 03. A 04. A 05. D
plo) do que em outros. 06. A 07. C 08. A 09. C
RESOLUÇÃO
06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina-
le a alternativa correta quanto à regência dos termos em 1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das
destaque. outras ciências ...
(A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a Facilitar – verbo transitivo direto
responsabilidade pelo problema. A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de li-
(B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter gação
se perdido. B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo
(C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho de ligação
de um índio na porta do prédio. C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo tran-
(D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se sitivo direto e indireto
perdido de sua família. E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro =
(E) A família toda se organizou para realizar a procura verbo transitivo indireto
à garotinha.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re-
nos filhos do sueco. portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da
Pedir = verbo transitivo direto e indireto imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = tran- mídia.
sitivo direto A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de que a mídia pode exercer sobre os jovens.
ligação
C) ...compareceu em companhia da mulher à delega- 8-)
cia... =verbo intransitivo B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha-
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
mento. =transitivo direto C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
criar logotipos e negociar.
D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada
tomadas do edifício.
em partes desiguais...
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
Constar = verbo intransitivo parasse em um prédio na marginal.
B) ...eram comumente assinalados a golpes de macha-
do nos troncos mais robustos. =ligação 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- direitos dos trabalhadores domésticos.
rientam, não raro, quem... =transitivo direto
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
na serra de Tunuí... = transitivo direto ORTOGRAFIA E ACENTUAÇÃO.
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto

4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... ORTOGRAFIA


Lidar = transitivo indireto
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das A ortografia é a parte da língua responsável pela gra-
sociedades... =transitivo direto fia correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão
C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado culto da língua.
As palavras podem apresentar igualdade total ou par-
pela justiça. =ligação
cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten-
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira-
do significados diferentes. Essas palavras são chamadas
ções da justiça... =transitivo direto e indireto
de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto,
E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o do latim, significa música vocal). As palavras homônimas
sentimento de justiça. =transitivo direto dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo
5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon- gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, pa-
tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re- lácio ou passo, movimento durante o andar).
gência (pontuação encontra-se em tópico específico) Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-
(A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam, se observar as seguintes regras:
(B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
tuação) O fonema s:
(C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto
à pontuação) Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substan-
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi- tivadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel,
damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o corr e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão /
avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um ascender - ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão
exemplo) do que em outros. / submergir - submersão / divertir - diversão / impelir - im-
pulsivo / compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer
6-)
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / consentir
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por
- consensual
ter se perdido.
(C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes deri-
um índio na porta do prédio. vados dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced,
(D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per- prim ou com verbos terminados por tir ou meter: agredir
dido de sua família. - agressivo / imprimir - impressão / admitir - admissão /
(E) A família toda se organizou para realizar a procura ceder - cessão / exceder - excesso / percutir - percussão /
pela garotinha. regredir - regressão / oprimir - opressão / comprometer -
compromisso / submeter - submissão

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LÍNGUA PORTUGUESA

*quando o prefixo termina com vogal que se junta com *os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir.
a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé- *depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
trico / re + surgir - ressurgir gir.
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem- *depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
plos: ficasse, falasse nado com j: ágil, agente.

Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos Escreve-se com J e não com G:


de origem árabe: cetim, açucena, açúcar *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
Juçara, caçula, cachaça, cacique boia, manjerona.
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, *as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
esperança, carapuça, dentuço O fonema ch:
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção /
deter - detenção / ater - atenção / reter - retenção Escreve-se com X e não com CH:
*após ditongos: foice, coice, traição *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): caxi, muxoxo, xucro.
marte - marciano / infrator - infração / absorto - absorção *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J):
xampu, lagartixa.
O fonema z: *depois de ditongo: frouxo, feixe.
*depois de “en”: enxurrada, enxoval.
Escreve-se com S e não com Z:
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs- Observação: Exceção: quando a palavra de origem
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, não derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc.
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
Escreve-se com CH e não com X:
tamorfose.
*as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
quiseste.
*nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
As letras e e i:
empresa / difundir - difusão
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho *os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
*após ditongos: coisa, pausa, pouso Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os
verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
Escreve-se com Z e não com S: - atenção para as palavras que mudam de sentido
*os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje- quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su-
tivo: macio - maciez / rico - riqueza perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan-
*os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de
origem não termine com s): final - finalizar / concreto - con- estância, que anda a pé), pião (brinquedo).
cretizar
*como consoante de ligação se o radical não terminar Fonte:
com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis + http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
inho - lapisinho tografia

O fonema j: Questões sobre Ortografia

Escreve-se com G e não com J: 01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013) Assinale a alter-


*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, nativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas
gesso. do trecho a seguir, de acordo com a norma-padrão.
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. Além disso, ___certamente ____entre nós ____do fenôme-
*as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com no da corrupção e das fraudes.
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. (A) a … concenso … acerca
(B) há … consenso … acerca
Observação: Exceção: pajem (C) a … concenso … a cerca
*as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, (D) a … consenso … há cerca
litígio, relógio, refúgio. (E) há … consenço … a cerca

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LÍNGUA PORTUGUESA

02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alternati- Em norma-padrão da língua portuguesa, a frase da


va cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo com a propaganda, adaptada, assume a seguinte redação:
norma- -padrão. (A) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não ma-
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. tem-na porisso.
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. (B) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não ma-
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. tem-na por isso.
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. (C) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! matem por isso.
(D) 5INCO MINUTOS: as vezes, dura mais, mas não lhe
03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). matem por isso.
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para informar (E) 5INCO MINUTOS: às vezes, dura mais, mas não a
os usuários sobre o festival Sounderground. matem porisso.
Prezado Usuário
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me- GABARITO
trô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, co-
meça o Sounderground, festival internacional que prestigia os 01. B 02. D 03. C 04. C 05. B 06. C
músicos que tocam em estações do metrô.
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen- RESOLUÇÃO
tarão e divirta-se!
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se 1-) O exercício quer a alternativa que apresenta cor-
preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as ex- reção ortográfica. Na primeira lacuna utilizaremos “há”, já
pressões que está empregado no sentido de “existir”; na segunda,
A) A fim ...a partir ... as “consenso” com “s”; na terceira, “acerca” significa “a respei-
B) A fim ...à partir ... às
to de”, o que se encaixa perfeitamente no contexto. “Há
C) A fim ...a partir ... às
cerca” = tem cerca (de arame, cerca viva, enfim...); “a cerca”
D) Afim ...a partir ... às
= a cerca está destruída (arame, madeira...)
E) Afim ...à partir ... as
2-)
04. Assinale a alternativa que não apresenta erro de or-
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = ta-
tografia:
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. beliães
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. (B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis.
C) Os espectadores aplaudiram o ministro. = cidadãos
D) Saiu com descrição da sala. (C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório lo-
cal. = certidões
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente es- (E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = de-
crita? graus
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa.
B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança. 3-) Prezado Usuário
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa. A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do
D) O mendingo não depozitou na carderneta de poupan- metrô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, co-
sa. meça o Sounderground, festival internacional que prestigia
os músicos que tocam em estações do metrô.
06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen-
LO – ADVOGADO - VUNESP/2013) Analise a propaganda do tarão e divirta-se!
programa 5inco Minutos. A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado;
antes de horas: há crase

4-)
A) Ela interrompeu a reunião derrepente. =de repente
B) O governador poderá ter seu mandato caçado. =
cassado
D) Saiu com descrição da sala. = discrição

5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de pou-
pansa. = mendigo/caderneta/poupança
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
sa. = mendigo/caderneta/poupança
D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
pansa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança

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LÍNGUA PORTUGUESA

6-) A questão envolve colocação pronominal e orto- 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
grafia. Comecemos pela mais fácil: ortografia! A palavra pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc.
“por isso” é escrita separadamente. Assim, já descartamos
duas alternativas (“A” e “E”). Quanto à colocação pronomi- 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abraça
nal, temos a presença do advérbio “não”, que sabemos ser -o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
um “ímã” para o pronome oblíquo, fazendo-nos aplicar a
regra da próclise (pronome antes do verbo). Então, a forma 10. Nas formações em que o prefixo tem como segundo
correta é “mas não A matem” (por que A e não LHE? Porque termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, eletro-higró-
quem mata, mata algo ou alguém, objeto direto. O “lhe” é metro, geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospi-
usado para objeto indireto. Se não tivéssemos a conjunção talar, super- -homem.
“mas” nem o advérbio “não”, a forma “matem-na” estaria
correta, já que, após vírgula, o ideal é que utilizemos ênclise 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudo prefixo
– pronome oblíquo após o verbo). termina na mesma vogal do segundo elemento: micro-ondas,
eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

Obs: O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


HÍFEN
mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
- Lembre-se: ao separar palavras na translineação (mu-
para ligar os elementos de palavras compostas (couve-flor, dança de linha), caso a última palavra a ser escrita seja forma-
ex-presidente) e para unir pronomes átonos a verbos (ofe- da por hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei
receram-me; vê-lo-ei). anti-inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na linha
Serve igualmente para fazer a translineação de pala- debaixo escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
vras, isto é, no fim de uma linha, separar uma palavra em
duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). Não se emprega o hífen:

Uso do hífen que continua depois da Reforma Or- 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termi-
tográfica: na em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou “s”. Nesse
caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antirreligioso, con-
1. Em palavras compostas por justaposição que formam trarregra, infrassom, microssistema, minissaia, microrradiogra-
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem fia, etc.
para formam um novo significado: tio-avô, porto-alegrense,
luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda-feira, conta-gotas, 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo
guarda-chuva, arco- -íris, primeiro-ministro, azul-escuro. termina em vogal e o segundo termo inicia-se com vogal di-
ferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoestrada, au-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e toaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoescola, infraes-
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- trutura, etc.
menina, erva-doce, feijão-verde.
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos “dês”
3. Nos compostos com elementos além, aquém, recém e “in” e o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano,
e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém-casa- inábil, desabilitar, etc.
do, aquém- -fiar, etc.
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo
uso: cor- -de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
de-meia, água-de- -colônia, queima-roupa, deus-dará. de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedista,
etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfeito,
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações benquerer, benquerido, etc.
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, Al-
sácia-Lorena, etc. Questões sobre Hífen

6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- 01.Assinale a alternativa em que o hífen, conforme o novo
per- quando associados com outro termo que é iniciado Acordo, está sendo usado corretamente:
por r: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. A) Ele fez sua auto-crítica ontem.
B) Ela é muito mal-educada.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, C) Ele tomou um belo ponta-pé.
ex- -presidente, vice-governador, vice-prefeito. D) Fui ao super-mercado, mas não entrei.
E) Os raios infra-vermelhos ajudam em lesões.

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02.Assinale a alternativa errada quanto ao emprego do 5-) Fez um esforço sobre-humano para vencer o cam-
hífen: peonato inter-regional.
A) Pelo interfone ele comunicou bem-humorado que - Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
faria uma superalimentação. - Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma
B) Nas circunvizinhanças há uma casa malassombrada. letra com que se inicia a outra palavra
C) Depois de comer a sobrecoxa, tomou um antiácido.
D) Nossos antepassados realizaram vários anteprojetos. ACENTUAÇÃO
E) O autodidata fez uma autoanálise.
A acentuação é um dos requisitos que perfazem as re-
03.Assinale a alternativa incorreta quanto ao emprego do gras estabelecidas pela Gramática Normativa. Esta se com-
hífen, respeitando-se o novo Acordo. põe de algumas particularidades, às quais devemos estar
A) O semi-analfabeto desenhou um semicírculo. atentos, procurando estabelecer uma relação de familia-
B) O meia-direita fez um gol de sem-pulo na semifinal do ridade e, consequentemente, colocando-as em prática na
campeonato. linguagem escrita.
C) Era um sem-vergonha, pois andava seminu. À medida que desenvolvemos o hábito da leitura e a
D) O recém-chegado veio de além-mar. prática de redigir, automaticamente aprimoramos essas
E) O vice-reitor está em estado pós-operatório. competências, e logo nos adequamos à forma padrão.

04.Segundo o novo Acordo, entre as palavras pão duro Regras básicas – Acentuação tônica
(avarento), copo de leite (planta) e pé de moleque (doce) o
hífen é obrigatório: A acentuação tônica implica na intensidade com que
A) em nenhuma delas. são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela que se dá
B) na segunda palavra. de forma mais acentuada, conceitua-se como sílaba tônica.
C) na terceira palavra. As demais, como são pronunciadas com menos intensida-
D) em todas as palavras. de, são denominadas de átonas.
E) na primeira e na segunda palavra. De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
05.Fez um esforço __ para vencer o campeonato __. Qual Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
alternativa completa corretamente as lacunas? última sílaba. Ex.: café – coração – cajá – atum – caju – papel
A) sobreumano/interregional
B) sobrehumano-interregional Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai
C) sobre-humano / inter-regional na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – retrato
D) sobrehumano/ inter-regional – passível
E) sobre-humano /interegional
Proparoxítonas - São aquelas em que a sílaba tônica
GABARITO está na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tím-
pano – médico – ônibus
01. B 02. B 03. A 04. E 05. C
Como podemos observar, os vocábulos possuem mais
RESOLUÇÃO de uma sílaba, mas em nossa língua existem aqueles com
uma sílaba somente: são os chamados monossílabos que,
1-) quando pronunciados, apresentam certa diferenciação
A) autocrítica quanto à intensidade.
C) pontapé Tal diferenciação só é percebida quando os pronun-
D) supermercado ciamos em uma dada sequência de palavras. Assim como
E) infravermelhos podemos observar no exemplo a seguir:
“Sei que não vai dar em nada,
2-)B) Nas circunvizinhanças há uma casa mal-assombrada. Seus segredos sei de cor”.
3-) A) O semianalfabeto desenhou um semicírculo.
Os monossílabos classificam-se como tônicos; os de-
4-) mais, como átonos (que, em, de).
a) pão-duro / b) copo-de-leite (planta) / c) pé de moleque
(doce) Os acentos
a) Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apre-
sentam elementos de ligação. acento agudo (´) – Colocado sobre as letras «a», «i»,
b) Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies «u» e sobre o «e» do grupo “em” - indica que estas letras
animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, representam as vogais tônicas de palavras como Amapá,
sementes), tenham ou não elementos de ligação. caí, público, parabéns. Sobre as letras “e” e “o” indica, além
c) Não se usa o hífen em compostos que apresentam da tonicidade, timbre aberto.Ex.: herói – médico – céu (di-
elementos de ligação. tongos abertos)

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LÍNGUA PORTUGUESA

acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”, Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, acom-
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: Ex.: panhados ou não de “s”, haverá acento. Ex.: saída – faísca
tâmara – Atlântico – pêssego – supôs – baú – país – Luís

acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a” com Observação importante:
artigos e pronomes. Ex.: à – às – àquelas – àqueles Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
hiato quando vierem depois de ditongo: Ex.:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmente Antes Agora
abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em pala- bocaiúva bocaiuva
vras derivadas de nomes próprios estrangeiros. Ex.: mülle- feiúra feiura
riano (de Müller) Sauípe Sauipe
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vogais abolido. Ex.:
nasais. Ex.: coração – melão – órgão – ímã Antes Agora
Regras fundamentais: crêem creem
lêem leem
Palavras oxítonas: vôo voo
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”, enjôo enjoo
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
pó(s) – armazém(s) - Agora memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos
Essa regra também é aplicada aos seguintes casos: que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se- acento como antes: CRER, DAR, LER e VER.
guidos ou não de “s”. Ex.: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se- Repare:
guidas de lo, la, los, las. Ex. respeitá-lo – percebê-lo – com-
1-) O menino crê em você
pô-lo
Os meninos creem em você.
2-) Elza lê bem!
Paroxítonas:
Todas leem bem!
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
3-) Espero que ele dê o recado à sala.
- i, is : táxi – lápis – júri
Esperamos que os garotos deem o recado!
- us, um, uns : vírus – álbuns – fórum
- l, n, r, x, ps : automóvel – elétron - cadáver – tórax – 4-) Rubens vê tudo!
fórceps Eles veem tudo!
- ã, ãs, ão, ãos : ímã – ímãs – órfão – órgãos
* Cuidado! Há o verbo vir:
-- Dica da Zê!: Memorize a palavra LINURXÃO. Para Ele vem à tarde!
quê? Repare que essa palavra apresenta as terminações das Eles vêm à tarde!
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização! Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, ru
-ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não -im, con-tri-bu-in-te, sa-ir, ju-iz
de “s”: água – pônei – mágoa – jóquei
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
Regras especiais: verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.

Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento de precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
acordo com a nova regra, mas desde que estejam em pala- As formas verbais que possuíam o acento tônico na
vras paroxítonas. raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas. Ex.:
* Cuidado: Se os ditongos abertos estiverem em uma Antes Depois
palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu) ainda são apazigúe (apaziguar) apazigue
acentuados. Ex.: herói, céu, dói, escarcéu. averigúe (averiguar) averigue
argúi (arguir) argui
Antes Agora
assembléia assembleia Acentuam-se os verbos pertencentes à terceira pessoa
idéia ideia do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo
geléia geleia vir)
jibóia jiboia
apóia (verbo apoiar) apoia A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
paranóico paranoico reter, deter, abster.

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LÍNGUA PORTUGUESA

ele contém – eles contêm 05. Todas as palavras abaixo são hiatos, EXCETO:
ele obtém – eles obtêm A) saúde
ele retém – eles retêm B) cooperar
ele convém – eles convêm C) ruim
D) creem
Não se acentuam mais as palavras homógrafas que E) pouco
antes eram acentuadas para diferenciá-las de outras seme-
lhantes (regra do acento diferencial). Apenas em algumas 06. “O episódio aconteceu em plena via pública de
exceções, como: Assis. Dez mulheres começaram a cantar músicas pela paz
A forma verbal pôde (terceira pessoa do singular do mundial. A partir daquele momento outras pessoas que
pretérito perfeito do modo indicativo) ainda continua sen- passavam por ali decidiram integrar ao grupo. Rapidamen-
do acentuada para diferenciar-se de pode (terceira pessoa te, uma multidão aderiu à ideia. Assim começou a forma-
do singular do presente do indicativo). Ex: ção do maior coral popular de Assis”. O vocábulo subli-
nhado tem sua acentuação gráfica justificada pelo mesmo
Ela pode fazer isso agora.
motivo das palavras:
Elvis não pôde participar porque sua mão não deixou...
A) eminência, ímpio, vácuo, espécie, sério
B) aluá, cárie, pátio, aéreo, ínvio
O mesmo ocorreu com o verbo pôr para diferenciar da C) chinês, varíola, rubéola, período, prêmio
preposição por. D) sábio, sábia, sabiá, curió, sério
- Quando, na frase, der para substituir o “por” por “co-
locar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto: 07. Assinale a opção CORRETA em que todas as pala-
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: vras estão acentuadas na mesma posição silábica.
Faço isso por você. A) Nazaré - além - até - está - também.
Posso pôr (colocar) meus livros aqui? B) Água - início - além - oásis - religião.
C) Município - início - água - século - oásis
Questões sobre Acentuação Gráfica D) Século - símbolo - água - histórias - missionário
E) Missionário - símbolo - histórias - século – município
01. “Cadáver” é paroxítona, pois:
A) Tem a última sílaba como tônica. GABARITO
B) Tem a penúltima sílaba como tônica.
C) Tem a antepenúltima sílaba como tônica. 01. B 02. C 03. B 04. A 05. E 06. A 07. A
D) Não tem sílaba tônica.
RESOLUÇÃO
02. Assinale a alternativa correta.
A palavra faliu contém um: 1-) Separando as sílabas: Ca – dá – ver: a penúltima
A) hiato sílaba é a tônica (mais forte; nesse caso, acentuada). Penúl-
B) dígrafo tima sílaba tônica = paroxítona
C) ditongo decrescente
D) ditongo crescente 2-) fa - liu - temos aqui duas vogais na mesma sí-
laba, portanto: ditongo. É decrescente porque apresenta
03. Em “O resultado da experiência foi, literalmen- uma vogal e uma semivogal. Na classificação, ambas são
te, aterrador.” a palavra destacada encontra-se acentuada semivogais, mas quando juntas, a que “aparecer” mais na
pelo mesmo motivo que: pronúncia será considerada “vogal”.
A) túnel 3-) ex – pe - ri – ên - cia : paroxítona terminada em
B) voluntário ditongo crescente (semivogal + vogal)
C) até a-) Tú –nel: paroxítona terminada em L
D) insólito b-) vo – lun - tá – rio : paroxítona terminada em ditongo
E) rótulos c-) A - té – oxítona
d-) in – só – li – to : proparoxítona
04. Assinale a alternativa correta. e-) ró – tu los – proparoxítona
A) “Contrário” e “prévias” são acentuadas por serem
paroxítonas terminadas em ditongo. 4-)
B) Em “interruptor” e “testaria” temos, respectivamen- a-) correta
te, encontro consonantal e hiato. b-) inteRRuptor: não é encontro consonantal, mas sim
C) Em “erros derivam do mesmo recurso mental” as DÍGRAFO
palavras grifadas são paroxítonas. c-) todas são, exceto MENTAL, que é oxítona
D) Nas palavras “seguida”, “aquele” e “quando” as par- d-) são dígrafos, exceto QUANDO, que “ouço” o som
tes destacadas são dígrafos. do U, portanto não é caso de dígrafo
E) A divisão silábica está correta em “co-gni-ti-va”, “p- e-) cog – ni - ti – va / psi – có- lo- ga
si-có-lo-ga” e “a-ci-o-na”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5-) sa - ú - de / co - o - pe – rar / ru – im / cre Linguagem literária:


- em / pou - co (ditongo) - A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvarenga
Peixoto)
6-) e - pi - só - dio - paroxítona terminada em ditongo - Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz!
a-) ok (Mário Quintana)
b-) a – lu –á :oxítona, então descarte esse item - Um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nascença.
c-) chi – nês : oxítona, idem (José Cândido de Carvalho)
d-) sa – bi – á : idem
Como distinguir, na prática, a linguagem literária da não
7-) literária?
a-) oxítona – TODAS - A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras
b-) paroxítona – paroxítona – oxítona – paroxítona – não (palavras de sentido figurado) em que as palavras adquirem
acentuada sentidos mais amplos do que geralmente possuem.
c-) paroxítona – idem – idem – proparoxítona – paroxítona - Na linguagem literária há uma preocupação com a
d-) proparoxítona – idem – paroxítona – idem – idem escolha e a disposição das palavras, que acabam dando
e-) paroxítona – proparoxítona – paroxítona – proparoxí- vida e beleza a um texto.
tona – paroxítona - Na linguagem literária é muito importante a maneira
original de apresentar o tema escolhido.
- A linguagem não literária é objetiva, denotativa,
ESTUDO DE TEXTOS Interpretação de preocupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra
textos. Tópico frasal e sua relação com ideias em seu sentido próprio, utilitário, sem preocupação
secundárias. Elementos relacionadores. artística. Geralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo,
Pontuação. Conteúdo, ideias e tipos de complementos).
texto. O texto literário: tema, foco narrativo,
personagens, tempo. Coexistência das regras Leia com atenção os textos a seguir e compare as
ortográficas atuais com o Novo Acordo linguagens utilizadas neles.
Texto A
Ortográfico.
Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que
predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma
coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua
Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro
palavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor à Pátria;
a linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços de família:
aquela que não caracteriza a literatura. amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por pessoa de
Embora um médico faça suas prescrições em determinado outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas que apresenta
idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser grande variedade e comportamentos e reações.
consideradas literárias porque se tratam de um vocabulário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário
especializado e de um contexto de uso específico. Agora, da Língua Portuguesa, Nova Fronteira.
quando analisamos a literatura, vemos que o escritor dispensa
um cuidado diferente com a linguagem escrita, e que os Texto B
leitores dispensam uma atenção diferenciada ao que foi Amor é fogo que arde sem se ver;
produzido. É ferida que dói e não se sente;
Outra diferença importante é com relação ao tratamento É um contentamento descontente;
do conteúdo: ao passo que, nos textos não literários é dor que desatina sem doer.
(jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras servem Luís de Camões. Lírica, Cultrix.
para veicular uma série de informações, o texto literário
funciona de maneira a chamar a atenção para a própria língua Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo
(FARACO & MOURA, 1999) no sentido de explorar vários assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes.
aspectos como a sonoridade, a estrutura sintática e o sentido No texto A, o autor preocupou-se em definir
das palavras. “amor”, usando uma linguagem objetiva, científica, sem
Veja abaixo alguns exemplos de expressões na linguagem preocupação artística.
não literária ou “corriqueira” e um exemplo de uso da mesma No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com
expressão, porém, de acordo com alguns escritores, na preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no
linguagem literária: campo subjetivo, com sua maneira própria de se expressar,
utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida,
Linguagem não literária: contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes
- Anoitece. que acabam dando graça e força expressiva ao poema
- Teus cabelos loiros brilham. (contentamento descontente, dor sem doer, ferida que não
- Uma nuvem cobriu parte do céu. ... se sente, fogo que não se vê).

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LÍNGUA PORTUGUESA

A todo o momento nos deparamos com vários textos, Em se tratando de gêneros textuais, a situação não
sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença é diferente, pois se conceituam como gêneros textuais as
do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo diversas situações sociocomunicativas que participam da
que está sendo transmitido entre os interlocutores. Esses nossa vida em sociedade. Como exemplo, temos: uma receita
interlocutores são as peças principais em um diálogo ou culinária, um e-mail, uma reportagem, uma monografia, um
em um texto escrito, pois nunca escrevemos para nós poema, um editorial, e assim por diante.
mesmos, nem mesmo falamos sozinhos.
É de fundamental importância sabermos classificar os Intertextualidade acontece quando há uma referência
textos com os quais travamos convivência no nosso dia a explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode
dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura,
e gêneros textuais. filme, novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um ocorre a intertextualidade.
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa Apresenta-se explicitamente quando o autor informa
opinião sobre determinado assunto, ou descrevemos algum o objeto de sua citação. Num texto científico, por exemplo,
lugar que visitamos, ou fazemos um retrato verbal sobre o autor do texto citado é indicado; já na forma implícita, a
alguém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente indicação é oculta. Por isso é importante para o leitor o
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos conhecimento de mundo, um saber prévio, para reconhecer
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e identificar quando há um diálogo entre os textos. A
e Dissertação intertextualidade pode ocorrer afirmando as mesmas ideias
da obra citada ou contestando-as. Há duas formas: a Paráfrase
As tipologias textuais caracterizam-se pelos e a Paródia.
aspectos de ordem linguística
Paráfrase
- Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia
demarcados no tempo do universo narrado, como também do texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para
de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto
outros: citado. É dizer com outras palavras o que já foi dito. Temos um
Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. Depois de exemplo citado por Affonso Romano Sant’Anna em seu livro
muita conversa, resolveram... “Paródia, paráfrase & Cia” (p. 23):

- Textos descritivos – como o próprio nome indica, Texto Original


descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos Minha terra tem palmeiras
verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito Onde canta o sabiá,
imperfeito: As aves que aqui gorjeiam
“Tinha os cabelos mais negros como a asa da graúna...” Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
- Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
assunto ou uma determinada situação que se almeje Paráfrase
desenvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela
acontecer, como em: Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02 de Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
perder o benefício. Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de Onde canta o sabiá!
uma modalidade na qual as ações são prescritas de (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).
forma sequencial, utilizando-se de verbos expressos no
imperativo, infinitivo ou futuro do presente. Este texto de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador até utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia. Aqui o
criar uma massa homogênea. poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo
conservando suas ideias, não há mudança do sentido principal
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- do texto, que é a saudade da terra natal.
se pelo predomínio de operadores argumentativos,
revelados por uma carga ideológica constituída de Paródia
argumentos e contra-argumentos que justificam a posição A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar
assumida acerca de um determinado assunto. outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e
A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais por isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua
para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação,
significa que os gêneros estão em complementação, não em a voz do texto original é retomada para transformar seu
disputa. sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades

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LÍNGUA PORTUGUESA

incontestadas anteriormente. Com esse processo há uma Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a:
indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela
verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. - Identificar – é reconhecer os elementos fundamentais
Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa arte. de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste
Frequentemente os discursos de políticos são abordados de caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem
maneira cômica e contestadora, provocando risos e também o tempo).
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe - Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou
dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, de diferenças entre as situações do texto.
teremos, agora, uma paródia. - Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com
uma realidade, opinando a respeito.
Texto Original - Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou
Minha terra tem palmeiras secundárias em um só parágrafo.
Onde canta o sabiá, - Parafrasear – é reescrever o texto com outras palavras.
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá. Condições básicas para interpretar
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).
Fazem-se necessários:
Paródia - Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros
Minha terra tem palmares literários, estrutura do texto), leitura e prática;
onde gorjeia o mar - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
os passarinhos daqui texto) e semântico;
não cantam como os de lá.
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”). Observação – na semântica (significado das palavras)
incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui conotação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de
a palavra palmeiras, há um contexto histórico, social e racial linguagem, entre outros.
neste texto, Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi - Capacidade de observação e de síntese e
dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto - Capacidade de raciocínio.
primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente
no Brasil. Interpretar X compreender

Interpretação Textual Interpretar significa


É muito comum, entre os candidatos a um cargo público, - Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, vão - Através do texto, infere-se que...
aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de - É possível deduzir que...
responder às questões relacionadas a textos. - O autor permite concluir que...
- Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e
relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz Compreender significa
de produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está
e decodificar ). escrito.
- o texto diz que...
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em - é sugerido pelo autor que...
cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a - o narrador afirma...
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação
dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento Erros de interpretação
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de
seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de
um significado diferente daquele inicial. erros de interpretação. Os mais frequentes são:
- Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer
diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
tipo de recurso denomina-se intertexto.
- Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou entendimento do tema desenvolvido.
fundamentações, as argumentações, ou explicações, que - Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias
levem ao esclarecimento das questões apresentadas na contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões
prova. equivocadas e, consequentemente, errando a questão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor QUESTÕES


e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de
concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o 1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014
autor diz e nada mais. - ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, considere
o texto abaixo.
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que A marca da solidão
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pronome testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de
oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer penumbra na tarde quente.
e o que já foi dito. Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, dentro
de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia- pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando pequenas
a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz
pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a marca da
aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer também solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
de que os pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, (SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de
por isso a necessidade de adequação ao antecedente. Janeiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)
Os pronomes relativos são muito importantes na
interpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que reduzido no qual o menino detém sua atenção é
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, (A) fresta.
a saber: (B) marca.
(C) alma.
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, (D) solidão.
mas depende das condições da frase. (E) penumbra.
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) 2-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2012)
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a totalidade do
objeto possuído. universo, toda a sociedade, a história, a concepção de mundo. É uma
- como (modo) verdade que se diz sobre o mundo, que se estende a todas as coisas e à qual
- onde (lugar) nada escapa. É, de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro,
quando (tempo) em todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do mundo.
quanto (montante) Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo:
Exemplo: Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações).
Falou tudo QUANTO queria (correto)
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente textual
aparecer o demonstrativo O ). “O riso”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Dicas para melhorar a interpretação de textos
3-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do Só agora, quase cinco meses depois do apagão que
assunto; atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e
a leitura; generalizado de energia no final de 2009.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica
menos duas vezes; (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa estatal
- Inferir; Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de 900 km
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; que separam Itaipu de São Paulo.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de
autor; investimentos e também erros operacionais conspiraram para
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor produzir a mais séria falha do sistema de geração e distribuição
compreensão; de energia do país desde o traumático racionamento de 2001.
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
questão;
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas do
texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
Fonte: A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/ estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
portugues/como-interpretar-textos ( ) CERTO ( ) ERRADO

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LÍNGUA PORTUGUESA

4-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) Meus amigos partem para as suas férias, cansados de tanto
Um carteiro chega ao portão do hospício e grita: trabalho; de tanta luta com os motoristas da contramão; enfim,
— Carta para o 9.326!!! cansados, cansados de serem obrigados a viver numa grande
Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está em cidade, isto que já está sendo a negação da própria vida.
branco, e um outro pergunta: E eu vou para a Ilha do Nanja.
— Quem te mandou essa carta? Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as
— Minha irmã. férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio
— Mas por que não está escrito nada? cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já estou
— Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando! vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a moça à
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com janela a namorar um moço na outra janela de outra ilha.
adaptações). (Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende.
Adaptado)
O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto acima
decorre *fissuras: fendas, rachaduras
A) da identificação numérica atribuída ao louco.
B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a carta 6-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
no hospício. VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descrever a maneira
C) do fato de outro louco querer saber quem enviou a como se preparam para suas férias, a autora mostra que seus
carta. amigos estão
D) da explicação dada pelo louco para a carta em branco. (A) serenos.
E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele. (B) descuidados.
(C) apreensivos.
5-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – FGV (D) indiferentes.
PROJETOS/2010) (E) relaxados.
Painel do leitor (Carta do leitor)
Resgate no Chile
7-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de
VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar que,
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo
assim como seus amigos, a autora viaja para
de uma mina de cobre e ouro no Chile.
(A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com sucesso,
mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cumprimentando (B) escapar do lugar em que está.
seus companheiros de trabalho. Não se pode esquecer a (C) reencontrar familiares queridos.
ajuda técnica e material que os Estados Unidos, Canadá e (D) praticar esportes radicais.
China ofereceram à equipe chilena de salvamento, num gesto (E) dedicar-se ao trabalho.
humanitário que só enobrece esses países. E, também, dos dois
médicos e dois “socorristas” que, demonstrando coragem e 8-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
desprendimento, desceram na mina para ajudar no salvamento. VUNESP/2013) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – painel onde, “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce
do leitor – 17/10/2010) como um bosque” (último parágrafo), a autora sugere que
viajará para um lugar
Considerando o tipo textual apresentado, algumas (A) repulsivo e populoso.
expressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor (B) sombrio e desabitado.
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem ser (C) comercial e movimentado.
encontradas nos trechos a seguir, EXCETO: (D) bucólico e sossegado.
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...” (E) opressivo e agitado.
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma mina
de cobre e ouro no Chile.” 9-) (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...” Grandes metrópoles em diversos países já aderiram. E o
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.” Brasil já está falando sobre isso. O pedágio urbano divide
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, opiniões e gera debates acalorados. Mas, afinal, o que é mais
desceram na mina...” justo? O que fazer para desafogar a cidade de tantos carros?
Prepare-se para o debate que está apenas começando.
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO – (Adaptado de Superinteressante, dezembro2012, p.34)
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
questões de números 6 a 8. Marque N(não) para os argumentos contra o pedágio
Férias na Ilha do Nanja urbano; marque S(sim) para os argumentos a favor do
Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as pedágio urbano.
malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo ( ) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas, transporte público e estender as ciclovias.
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre ( ) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras... cidades, que não resolveu os problemas do trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

( ) Se pegar no bolso do consumidor, então todo 6-)


mundo vai ter que pensar bem antes de comprar um carro. “pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
( ) A gente já paga garagem, gasolina, seguro, fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre
estacionamento, revisão....e agora mais o pedágio? as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = pensar nessas
( ) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é coisas, certamente, deixa-os apreensivos.
investido no transporte público. RESPOSTA: “C”.
( ) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então
pague pelo privilégio! 7-)
( ) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta da
urbano melhorou. própria autora!
A ordem obtida é:
a) (S) (N) (N) (S) (S) (S) (N) RESPOSTA: “B”.
b) (S) (N) (S) (N) (N) (S) (S)
c) (N) (S) (S) (N) (S) (N) (S) 8-)
Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de ruim.
d) (S) (S) (N) (S) (N) (S) (N)
e) (N) (N) (S) (S) (N) (S) (N)
RESPOSTA: “D”.
Resolução 9-)
1-) (S) A receita gerada pelo pedágio vai melhorar o
Com palavras do próprio texto responderemos: o transporte público e estender as ciclovias.
mundo cabe numa fresta. (N) Vai ser igual ao rodízio de veículos em algumas
cidades, que não resolveu os problemas do trânsito.
RESPOSTA: “A”. (S) Se pegar no bolso do consumidor, então todo mundo
vai ter que pensar bem antes de comprar um carro.
2-) (N) A gente já paga garagem, gasolina, seguro,
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a estacionamento, revisão....e agora mais o pedágio?
seriedade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os (N) Nós já pagamos impostos altos e o dinheiro não é
termos relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito investido no transporte público.
“riso”. (S) Quer andar sozinho dentro do seu carro? Então pague
RESPOSTA: “CERTO”. pelo privilégio!
3-) (S) O trânsito nas cidades que instituíram o pedágio
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo urbano melhorou.
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por “o S - N - S - N - N - S - S
qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (oração
RESPOSTA: “B”.
subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula,
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação O cartum tem a característica de uma anedota gráfica
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que em que podemos visualizar a presença da linguagem ver-
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”); bal associada à não verbal. Suas abordagens dizem respeito
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, a situações relacionadas ao comportamento humano, mas
delimita a informação – como no caso do exercício). não estão situadas no tempo, por isso são denominadas
de atemporais e universais, ou seja, não fazem referência
RESPOSTA: “CERTO’. a uma personalidade em específico. Vejamos um exemplo:

4-)
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah,
porque nós brigamos e não estamos nos falando”.

RESPOSTA: “D”.

5-)
Em todas as alternativas há expressões que representam
a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da Terra / Não
se pode esquecer / gesto humanitário que só enobrece /
demonstrando coragem e desprendimento.
Cartum de Glasbergen - americano cartunista e ilus-
RESPOSTA: “B”. trador humorístico

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LÍNGUA PORTUGUESA

Constatamos que o cartum em referência aponta para o fato de as pessoas estarem tão acostumadas às redes sociais
que até um bebê que ainda não nasceu já possui mais amigos no Facebook que os próprios pais, revelando uma crítica a
esse comportamento tão recorrente.

A charge, um tanto quanto diferente do cartum, satiriza situações específicas, situadas no tempo e no espaço, razão
pela qual se encontra sempre apontando para um personagem da vida pública em geral, às vezes um artista, outras vezes
um político, enfim. Em se tratando da linguagem, também costuma associar linguagem verbal e não verbal. Outro aspecto
para o qual devemos atentar diz respeito ao fato de a charge, expressa na língua francesa, possuir significado de “carga”,
aderindo por completo à intenção do chargista, ou seja, a de que ele realmente atua de forma crítica numa situação de
ordem social e política. Veja um exemplo:

Charge de Júlio Costa Neto – jornalista e desenhista

Ao nos atermos à charge em questão, ficamos convencidos de que o autor aponta para a tendência que as pessoas
trazem consigo de que um dos meios de ganhar dinheiro é entrando na política, sobretudo pela desonestidade, pela cor-
rupção que se manifesta nesse meio, razão pela qual o personagem respondeu à professora dessa forma.

Infografia ou infográficos são gráficos com algumas informações. Em revistas os infográficos são caracterizados pela
junção de textos breves com ilustrações explicativas para o leitor entender o conteúdo. Esses gráficos são usados quando
a informação precisa ser explicada de forma mais dinâmica, como em mapas, jornalismo e manuais técnicos, educativos ou
científicos. É um recurso muitas vezes complexo, podendo se utilizar da combinação de fotografia, desenho e texto. Eles
facilitam a compreensão de matérias em que apenas texto dificultaria o entendimento.
No design de jornais, por exemplo, o infográfico costuma ser usado para descrever como aconteceu determinado fato,
quais suas consequências. Além de explicar, por meio de ilustrações, diagramas e textos, fatos que o texto ou a foto não
conseguem detalhar com a mesma eficiência.
Também são úteis para cientistas como ferramentas de comunicação visual, sendo aplicados em todos os aspectos da
visualização científica.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Infografia

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LÍNGUA PORTUGUESA

A Propaganda Institucional é uma forma de publicidade que não se refere ao produto em si, e sim à empresa ou ins-
tituição, visando à disseminação de ideias no intuito de moldar e influenciar a opinião pública, motivando comportamentos
desejados por uma instituição ou provocando mudanças na imagem pública desta instituição. Fala-se da sua importância
para a sociedade, dos empregos que ela gera, da sua contribuição para o progresso do país, enfim, das coisas boas que a
empresa faz. Assim, cria-se uma imagem positiva da marca. É utilizada para criar no público um estado de confiança nas
instituições, o qual se refletirá no futuro em suporte e apoio da população a estas instituições.

A reportagem é um gênero de texto jornalístico que transmite uma informação por meio da televisão, rádio, revista.
O objetivo da reportagem é levar os fatos ao leitor ou telespectador de maneira abrangente. Isso implica em um fator
essencial a um jornalista: falar bem e escrever bem.
Se televisionada, a reportagem deve ser transmitida por um repórter que possui dicção pausada, clara e linguagem
direta, precisa e sem incoerências. Além de saber utilizar a entonação que dá vida às palavras, uma vez que representa na
fala os sinais de pontuação!
Se impressa, a reportagem deve demonstrar capacidade intelectual, criatividade, sensibilidade quanto aos fatos e uma
escrita coerente, que dinamiza a leitura e a torna fluente. Por essas questões, a subjetividade está mais presente nesse tipo
de reportagem do que no outro, apontado acima.
Atualmente, com o desenvolvimento dos softwares, os repórteres têm mais recursos visuais e gráficos disponíveis, o
que chama a atenção para a notícia.
Em meio aos fatos presenciados e que deverão ser transmitidos, cada repórter tem seu estilo próprio de conduzir ou
de narrar os acontecimentos. Por isso, a reportagem pode ser a mesma, mas a maneira como é comunicada é diferente de
um profissional para outro.
Qual a diferença entre notícia e reportagem? A primeira informa fatos de maneira mais objetiva e aponta as razões
e efeitos. A segunda vai mais a fundo, faz investigações, tece comentários, levanta questões, discute, argumenta.
A reportagem escrita é dividida em três partes: manchete, lead e corpo.
Manchete: compreende o título da reportagem que tem como objetivo resumir o que será dito. Além disso, deve des-
pertar o interesse do leitor.
Lead: pequeno resumo que aparece depois do título, a fim de chamar mais ainda a atenção do leitor.
Corpo: desenvolvimento do assunto abordado com linguagem direcionada ao público-alvo.
A tira de jornal ou tirinha, como é mais conhecida, é um gênero textual que surgiu nos Estados Unidos devido à falta
de espaço nos jornais para a publicação passatempos. O nome “tirinha” remete ao formato do texto, que parece um “recor-
te” de jornal. Um dos pioneiros na criação da tira foi o americano Bud Fisher, autor da tira Mutt e Jeff.
No Brasil, um dos pioneiros na criação e publicação de tiras foi Maurício de Sousa, que começou publicando a tira do
cãozinho Bidu, no fim da década de 1950, no jornal Folha de São Paulo. Maurício de Sousa criou uma série de outros perso-
nagens que ficaram famosíssimos, como a Mônica, o Cascão, o Cebolinha, dentre outros, e que ganharam, posteriormente,
suas próprias revistas de histórias em quadrinhos.

Este gênero textual apresenta geralmente uma temática humorística, contudo não raro encontramos tirinhas satíricas,
de cunho social ou político, metafísicas, ou até mesmo eróticas.
É comum as tiras centrarem-se em um personagem principal, que estabelece relação com outros personagens “meno-
res”, e que representa uma época remota, um país, um estereótipo de alguma cultura etc.

RESPOSTA: “D”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

PONTUAÇÃO Reticências
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 1- Indica que palavras foram suprimidas.
servem para compor a coesão e a coerência textual, além - Comprei lápis, canetas, cadernos...
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve-
jamos as principais funções dos sinais de pontuação co- 2- Indica interrupção violenta da frase.
nhecidos pelo uso da língua portuguesa. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”

Ponto 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida


1- Indica o término do discurso ou de parte dele. - Este mal... pega doutor?
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
que se encontra. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. - Deixa, depois, o coração falar...
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. Vírgula
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. Não se usa vírgula
Ponto e Vírgula ( ; ) *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma gam-se diretamente entre si:
importância. - entre sujeito e predicado.
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo Todos os alunos da sala foram advertidos.
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; Sujeito predicado
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
- entre o verbo e seus objetos.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por O trabalho custou sacrifício aos realiza-
vírgulas. dores.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- V.T.D.I. O.D. O.I.
nhas, frio e cobertor. Usa-se a vírgula:
- Para marcar intercalação:
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo- a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
tivos, decreto de lei, etc. dância, vem caindo de preço.
- Ir ao supermercado; b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
- Pegar as crianças na escola; produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
- Caminhada na praia; c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
- Reunião com amigos. trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.
Dois pontos
1- Antes de uma citação - Para marcar inversão:
- Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto: a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
2- Antes de um aposto chadas.
- Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
tarde e calor à noite.
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
3- Antes de uma explicação ou esclarecimento c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
- Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven- maio de 1982.
do a rotina de sempre.
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos-
4- Em frases de estilo direto tos em enumeração):
Maria perguntou: Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
- Por que você não toma uma decisão? A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

Ponto de Exclamação - Para marcar elipse (omissão) do verbo:


1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.
susto, súplica, etc. - Para isolar:
- Sim! Claro que eu quero me casar com você! - o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei-
2- Depois de interjeições ou vocativos ra, possui um trânsito caótico.
- Ai! Que susto! - o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
- João! Há quanto tempo!
Fontes:
Ponto de Interrogação http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze- la.htm
vedo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Pontuação 04.(Escrevente TJ SP – Vunesp 2012). Assinale a alter-


nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alter- Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência
nativa em que a pontuação está corretamente empregada, nominal e à pontuação.
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. (A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
embora, experimentasse, a sensação de violar uma intimi- seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encon- do que em outros.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam ra-
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, pidamente seu espaço na carreira científica; ainda que o
embora experimentasse a sensação, de violar uma intimi- avanço seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um
dade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encon- exemplo!, do que em outros.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra-
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar exemplo, do que em outros.
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e, mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encon- – do que em outros.
trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapida-
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, mente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avan-
embora, experimentasse a sensação de violar uma intimida- ço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exem-
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar plo) do que em outros.
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. 05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.).
02. Assinale a opção em que está corretamente indica- Assinale a alternativa em que a frase mantém-se correta
da a ordem dos sinais de pontuação que devem preencher após o acréscimo das vírgulas.
as lacunas da frase abaixo: (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
“Quando se trata de trabalho científico ___ duas coisas pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
devem ser consideradas ____ uma é a contribuição teórica nica ao grupo ou acione o código na internet.
que o trabalho oferece ___ a outra é o valor prático que possa (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de
ter. onde o código foi acionado.
A) dois pontos, ponto e vírgula, ponto e vírgula (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
B) dois pontos, vírgula, ponto e vírgula; dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
C) vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
que a criança foi encontrada.
D) pontos vírgula, dois pontos, ponto e vírgula;
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega
E) ponto e vírgula, vírgula, vírgula.
primeiro às, areias do Guarujá.
(E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
03. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os
lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re-
sinais de pontuação estão empregados corretamente em:
ferência
A) Duas explicações, do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque, o conceito de PPD e a cons-
trução de tabelas Price; mas por outro lado, faltou falar das 06. Assinale a série de sinais cujo emprego correspon-
metas de vendas associadas aos dois temas. de, na mesma ordem, aos parênteses indicados no texto:
B) Duas explicações do treinamento para consultores “Pergunta-se ( ) qual é a ideia principal desse pará-
iniciantes receberam destaque: o conceito de PPD e a cons- grafo ( ) A chegada de reforços ( ) a condecoração ( ) o
trução de tabelas Price; mas, por outro lado, faltou falar das escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente (
metas de vendas associadas aos dois temas. ) Se é a chegada de reforços ( ) que relação há ( ) ou mos-
C) Duas explicações do treinamento para consultores trou seu autor haver ( ) entre esse fato e os restantes ( )”.
iniciantes receberam destaque; o conceito de PPD e a cons- A) vírgula, vírgula, interrogação, interrogação, interro-
trução de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar das gação, vírgula, vírgula, vírgula, ponto final
metas de vendas associadas aos dois temas. B) dois pontos, interrogação, vírgula, vírgula, interroga-
D) Duas explicações do treinamento para consulto- ção, vírgula, travessão, travessão, interrogação
res iniciantes, receberam destaque: o conceito de PPD e C) travessão, interrogação, vírgula, vírgula, ponto final,
a construção de tabelas Price, mas, por outro lado, faltou travessão, travessão, ponto final, ponto final
falar das metas de vendas associadas aos dois temas. D) dois pontos, interrogação, vírgula, ponto final, tra-
E) Duas explicações, do treinamento para consulto- vessão, vírgula, vírgula, vírgula, interrogação
res iniciantes, receberam destaque; o conceito de PPD e a E) dois pontos, ponto final, vírgula, vírgula, interroga-
construção de tabelas Price, mas por outro lado, faltou falar ção, vírgula, vírgula, travessão, interrogação
das metas, de vendas associadas aos dois temas.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

07. (SRF) Das redações abaixo, assinale a que não está D) Duas explicações do treinamento para consultores
pontuada corretamente: iniciantes , (X) receberam destaque: o conceito de PPD e a
A) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o re- construção de tabelas Price , (X) mas, por outro lado, faltou
sultado do concurso. falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
B) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o re- E) Duas explicações , (X) do treinamento para consul-
sultado do concurso. tores iniciantes , (X) receberam destaque ; (X) o conceito
C) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o re- de PPD e a construção de tabelas Price , (X) mas por outro
sultado do concurso. lado, faltou falar das metas , (X) de vendas associadas aos
dois temas.
D) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do
concurso, em fila.
4-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
E) Os candidatos aguardavam ansiosos, em fila, o resul- quadas
tado do concurso. (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam , (X)
GABARITO rapidamente , (X) seu espaço na carreira científica (, ) ainda
que o avanço seja mais notável em alguns países, o Brasil é
01. C 02. C 03. B 04. D 05. E 06. B 07. B um exemplo, do que em outros.
RESOLUÇÃO (B) Não há dúvida de que , (X) as mulheres , (X) am-
pliam rapidamente seu espaço na carreira científica ; (X)
1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas ainda que o avanço seja mais notável , (X) em alguns paí-
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, ses, o Brasil é um exemplo ! (X) , do que em outros.
embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma (C) Não há dúvida de que as mulheres , (X) ampliam
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando rapidamente seu espaço , (X) na carreira científica , (X) ain-
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a da que o avanço seja mais notável, em alguns países : (X) o
sua dona. Brasil é um exemplo, do que em outros.
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
(B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa
mente , (X) seu espaço na carreira científica, ainda que , (X)
e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma
o avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando exemplo) do que em outros.
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
sua dona. 5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-
(D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa quadas
e, embora experimentasse a sensação de violar uma inti- (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
midade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
sua dona. (B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, pais de onde o código foi acionado.
embora , (X) experimentasse a sensação de violar uma in- (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
timidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , dos , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem
(X) encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era dizendo que a criança foi encontrada.
a sua dona. (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) che-
ga primeiro às , (X) areias do Guarujá.
2-) Quando se trata de trabalho científico , duas coisas
devem ser consideradas : uma é a contribuição teórica que 6-) Pergunta-se ( : ) qual é a ideia principal desse pa-
rágrafo
o trabalho oferece ; a outra é o valor prático que possa ter.
( ? ) A chegada de reforços ( , ) a condecoração ( , ) o
escândalo da opinião pública ou a renúncia do presidente
vírgula, dois pontos, ponto e vírgula
(? ) Se é a chegada de reforços ( , ) que relação há ( - )
ou mostrou seu autor haver ( - ) entre esse fato e os res-
3-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade- tantes ( ? )
quadas
A) Duas explicações , (X) do treinamento para consul- 7-) Em fila, os candidatos , (X) aguardavam, ansiosos, o
tores iniciantes receberam destaque , (X) o conceito de resultado do concurso.
PPD e a construção de tabelas Price; mas por outro lado,
faltou falar das metas de vendas associadas aos dois temas.
C) Duas explicações do treinamento para consultores
iniciantes receberam destaque ; (X) o conceito de PPD e a
construção de tabelas Price , (X) mas por outro lado, faltou
falar das metas de vendas associadas aos dois temas.

94
RACIOCÍNIO LÓGICO

Noções básicas de lógica: conectivos, tautologia e contradições, implicações e equivalências, afirmações e negações,
silogismos. Estrutura lógica de relações entre pessoas, lugares, objetos e eventos. Dedução de novas informações a
partir de outras apresentadas. ........................................................................................................................................................................... 01
Lógica da argumentação. ..................................................................................................................................................................................... 10
Diagramas lógicos. Análise, interpretação e utilização de dados apresentados em tabelas e gráficos................................. 15
RACIOCÍNIO LÓGICO

As proposições compostas são assim caracterizadas


NOÇÕES BÁSICAS DE LÓGICA: CONECTIVOS, por apresentarem mais de uma proposição conectadas pe-
TAUTOLOGIA E CONTRADIÇÕES, los conectivos lógicos. São indicadas pelas letras maiúscu-
IMPLICAÇÕES E EQUIVALÊNCIAS, las: P, Q, R, S, T...
AFIRMAÇÕES E NEGAÇÕES, SILOGISMOS. Obs: A notação Q(r, s, t), por exemplo, está indicando
ESTRUTURA LÓGICA DE RELAÇÕES ENTRE que a proposição composta Q é formada pelas proposi-
PESSOAS, LUGARES, OBJETOS E EVENTOS. ções simples r, s e t.
DEDUÇÃO DE NOVAS INFORMAÇÕES A
Exemplo:
PARTIR DE OUTRAS APRESENTADAS.
Proposições simples:
p: Meu nome é Raissa 
q: São Paulo é a maior cidade brasileira 
Estruturas lógicas r: 2+2=5 
s: O número 9 é ímpar 
1. Proposição t: O número 13 é primo
Proposição ou sentença é um termo utilizado para ex-
primir ideias, através de um conjunto de palavras ou sím- Proposições compostas 
bolos. Este conjunto descreve o conteúdo dessa ideia. P: O número 12 é divisível por 3 e 6 é o dobro de 12. 
São exemplos de proposições: Q: A raiz quadrada de 9 é 3 e 24 é múltiplo de 3. 
p: Pedro é médico. R(s, t): O número 9 é ímpar e o número 13 é primo.
q: 5 > 8
r: Luíza foi ao cinema ontem à noite. 6. Tabela-Verdade
2. Princípios fundamentais da lógica A tabela-verdade é usada para determinar o valor lógi-
Princípio da Identidade: A é A. Uma coisa é o que é. co de uma proposição composta, sendo que os valores das
O que é, é; e o que não é, não é. Esta formulação remonta proposições simples já são conhecidos. Pois o valor lógico
a Parménides de Eleia. da proposição composta depende do valor lógico da pro-
Principio da não contradição: Uma proposição não posição simples. 
pode ser verdadeira e falsa, ao mesmo tempo.
Principio do terceiro excluído: Uma alternativa só A seguir vamos compreender como se constrói essas
pode ser verdadeira ou falsa. tabelas-verdade partindo da árvore das possibilidades dos
3. Valor lógico  valores lógicos das preposições simples, e mais adiante ve-
Considerando os princípios citados acima, uma propo- remos como determinar o valor lógico de uma proposição
sição é classificada como verdadeira ou falsa. composta.
Sendo assim o valor lógico será:
- a verdade (V), quando se trata de uma proposição Proposição composta do tipo P(p, q)
verdadeira.
- a falsidade (F), quando se trata de uma proposição
falsa.
4. Conectivos lógicos 
Conectivos lógicos são palavras usadas para conectar
as proposições formando novas sentenças.
Os principais conectivos lógicos são: 

~ não
∧ e Proposição composta do tipo P(p, q, r)
V Ou
→  se…então
↔ se e somente se

5. Proposições simples e compostas


As proposições simples são assim caracterizadas por
apresentarem apenas uma ideia. São indicadas pelas letras
minúsculas: p, q, r, s, t...

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Proposição composta do tipo P(p, q, r, s)  p = 9 < 6 


A tabela-verdade possui 24  = 16 linhas e é formada q = 3 é par
igualmente as anteriores. p Λ q: 9 < 6 e 3 é par 

Proposição composta do tipo P(p1, p2, p3,..., pn)


A tabela-verdade possui 2n  linhas e é formada igual- P q pΛq
mente as anteriores. F F F

7. O conectivo não e a negação
O conectivo não e a negação de uma proposição p é
9. O conectivo ou e a disjunção
outra proposição que tem como valor lógico V se p for fal-
sa e F se p é verdadeira. O símbolo ~p (não p) representa a O conectivo ou  e a disjunção de duas proposi-
negação de p com a seguinte tabela-verdade:  ções p e q  é outra proposição que tem como valor lógi-
co  V se alguma das proposições for verdadeira e F se as
duas forem falsas. O símbolo p ∨ q (p ou q) representa a
P ~P
disjunção, com a seguinte tabela-verdade: 
V F
F V P q pVq
Exemplo: V V V
V F V
p = 7 é ímpar 
~p = 7 não é ímpar  F V V
F F F
P ~P
Exemplo:
V F

q = 24 é múltiplo de 5  p = 2 é par 
~q = 24 não é múltiplo de 5  q = o céu é rosa 
p ν q = 2 é par ou o céu é rosa 
q ~q
P q pVq
F V
V F V
10. O conectivo se… então… e a condicional
8. O conectivo e e a conjunção A condicional se p então q é outra proposição que tem
como valor lógico F se p é verdadeira e q é falsa. O símbo-
O conectivo e e a conjunção de duas proposi- lo p → q representa a condicional, com a seguinte tabela-
ções  p  e q é outra proposição que tem como valor lógi-
verdade: 
co V se p e q forem verdadeiras, e F em outros casos. O
símbolo p Λ q (p e q) representa a conjunção, com a se- P q p→q
guinte tabela-verdade:  V V V
V F F
P q pΛq
F V V
V V V
F F V
V F F
F V F Exemplo:
F F F P: 7 + 2 = 9 
Q: 9 – 7 = 2 
Exemplo p → q: Se 7 + 2 = 9 então 9 – 7 = 2 

p = 2 é par 
q = o céu é rosa P q p→q
p Λ q = 2 é par e o céu é rosa  V V V

P q pΛq p = 7 + 5 < 4 
q = 2 é um número primo 
V F F
p → q: Se 7 + 5 < 4 então 2 é um número primo. 

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

P q p→q
F V V
p = 24 é múltiplo de 3 q = 3 é par 
p → q: Se 24 é múltiplo de 3 então 3 é par. 

P q p→q
V F F
p = 25 é múltiplo de 2 
q = 12 < 3 
p → q: Se 25 é múltiplo de 2 então 2 < 3. 

P q p→q
F F V

11. O conectivo se e somente se e a bicondicional


A bicondicional p se e somente se q é outra proposição que tem como valor lógico V se p e q forem ambas verdadeiras
ou ambas falsas, e F nos outros casos. 
O símbolo     representa a bicondicional, com a seguinte tabela-verdade: 

P q p↔q

V V V

V F F

F V F

F F V
Exemplo
p = 24 é múltiplo de 3 
q = 6 é ímpar  
= 24 é múltiplo de 3 se, e somente se, 6 é ímpar. 

P q p↔q
V F F

12. Tabela-Verdade de uma proposição composta

Exemplo
Veja como se procede a construção de uma tabela-verdade da proposição composta P(p, q) = ((p ⋁ q) → (~p)) → (p ⋀
q), onde p e q são duas proposições simples.

Resolução
Uma tabela-verdade de uma proposição do tipo P(p, q) possui 24 = 4 linhas, logo: 

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V          
V F          
F V          
F F          

Agora veja passo a passo a determinação dos valores lógicos de P.


a) Valores lógicos de p ν q

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V        
V F V        
F V V        
F F F        

b) Valores lógicos de ~P

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F      
V F V F      
F V V V      
F F F V      

c) Valores lógicos de (p V p)→(~p)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F    
V F V F F    
F V V V V    
F F F V V    

d) Valores lógicos de p Λ q

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V  
V F V F F F  
F V V V V F  
F F F V V F  

e) Valores lógicos de ((p V p)→(~p))→(p Λ q)

p q pVq ~p (p V p)→(~p) pΛq ((p V p)→(~p))→(p Λ q)


V V V F F V V
V F V F F F V
F V V V V F F
F F F V V F F

13. Tautologia
Uma proposição composta formada por duas ou mais proposições p, q, r, ... será dita uma Tautologia se ela for sempre
verdadeira, independentemente dos valores lógicos das proposições p, q, r, ... que a compõem.

Exemplos:
• Gabriela passou no concurso do INSS ou Gabriela não passou no concurso do INSS

• Não é verdade que o professor Zambeli parece com o Zé gotinha ou o professor Zambeli parece com o Zé gotinha.
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos entender isso
melhor.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo: p ~P q Λ (~q)
Grêmio cai para segunda divisão ou o Grêmio não cai
para segunda divisão V F F
F V F
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda
de “~p” e o conetivo de “V” 15. Contingência
Assim podemos representar a “frase” acima da seguin- Quando uma proposição não é tautológica nem contra
te forma: p V ~p válida, a chamamos de contingência ou proposição contin-
gente ou proposição indeterminada.
Exemplo A contingência ocorre quando há tanto valores V como
A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu F na última coluna da tabela-verdade de uma proposição.
valor lógico é sempre V, conforme a tabela-verdade.  Exemplos: P∧Q , P∨Q , P→Q ...

16. Implicação lógica


p ~P pVq Definição
V F V A proposição P implica a proposição Q, quando a con-
F V V dicional P → Q for uma tautologia.
O símbolo P ⇒ Q (P implica Q) representa a implica-
ção lógica. 
Exemplo
Diferenciação dos símbolos → e ⇒
A proposição (p Λ q) → (p  q) é uma tautologia, pois a
O símbolo  →  representa uma operação matemática
última coluna da tabela-verdade só possui V.  entre as proposições P e Q que tem como resultado a pro-
posição P → Q, com valor lógico V ou F.
p q pΛq p↔q (p Λ q)→(p↔q) O símbolo ⇒ representa a não ocorrência de VF na
tabela-verdade de P → Q, ou ainda que o valor lógico da
V V V V V condicional P → Q será sempre V, ou então que P → Q é
V F F F V uma tautologia. 
F V F F V
Exemplo
F F F V V A tabela-verdade da condicional (p Λ q) → (p ↔ q) será: 

14. Contradição
Uma proposição composta formada por duas ou mais p q pΛq P↔Q (p Λ q)→(P↔Q)
proposições p, q, r, ... será dita uma contradição se ela for
sempre falsa, independentemente dos valores lógicos das V V V V V
proposições p, q, r, ... que a compõem V F F F V
Exemplos:
• O Zorra total é uma porcaria e Zorra total não é uma F V F F V
porcaria F F F V V
• Suelen mora em Petrópolis e Suelen não mora em
Petrópolis
Portanto,  (p Λ q)  → (p  ↔ q) é uma tautologia, por
Ao invés de duas proposições, nos exemplos temos
isso (p Λ q) ⇒ (p ↔q)
uma única proposição, afirmativa e negativa. Vamos en-
tender isso melhor. 17. Equivalência lógica
Exemplo:
Lula é o presidente do Brasil e Lula não é o presidente Definição
do Brasil Há equivalência entre as proposições P e Q somen-
Vamos chamar a primeira proposição de “p” a segunda te quando a bicondicional P  ↔  Q for uma tautologia ou
de “~p” e o conetivo de “^” quando P e Q tiverem a mesma tabela-verdade. P ⇔ Q (P
Assim podemos representar a “frase” acima da seguin- é equivalente a Q) é o símbolo que representa a equiva-
te forma: p ^ ~p lência lógica. 
Diferenciação dos símbolos ↔ e ⇔
Exemplo O símbolo ↔ representa uma operação entre as propo-
A proposição  (p Λ q) Λ (p Λ q) é uma contradição, sições P e Q, que tem como resultado uma nova proposi-
pois o seu valor lógico é sempre F conforme a tabela-ver- ção P ↔ Q com valor lógico V ou F.
dade. Que significa que uma proposição não pode ser falsa O símbolo ⇔ representa a não ocorrência de VF e
e verdadeira ao mesmo tempo, isto é, o princípio da não de FV na tabela-verdade P ↔ Q, ou ainda que o valor lógi-
contradição. co de P ↔ Q é sempre V, ou então P ↔ Q é uma tautologia.

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo
A tabela da bicondicional (p → q) ↔ (~q → ~p) será: 

p q ~q ~p p→q ~q→~p (p→q)↔(~q→~p)

V V F F V V V

V F V F F F V

F V F V V V V

F F V V V V V
Equivalências da Condicional
Portanto,  p  →  q  é equivalente a  ~q  →  ~p, pois estas
proposições possuem a mesma tabela-verdade ou a bicon- As duas equivalências que se seguem são de funda-
dicional (p → q) ↔ (~q → ~p) é uma tautologia. mental importância. Estas equivalências podem ser veri-
ficadas, ou seja, demonstradas, por meio da comparação
Veja a representação: entre as tabelas-verdade. Fica como exercício para casa
(p → q) ⇔ (~q → ~p) estas demonstrações. As equivalências da condicional são
as seguintes:
EQUIVALÊNCIAS LOGICAS NOTÁVEIS 1) Se p então q = Se não q então não p.
Ex: Se chove então me molho = Se não me molho en-
Dizemos que duas proposições são logicamente equi- tão não chove
valentes (ou simplesmente equivalentes) quando os resul- 2) Se p então q = Não p ou q.
tados de suas tabelas-verdade são idênticos. Ex: Se estudo então passo no concurso = Não estudo
Uma consequência prática da equivalência lógica é que ou passo no concurso
ao trocar uma dada proposição por qualquer outra que lhe Colocando estes resultados em uma tabela, para aju-
seja equivalente, estamos apenas mudando a maneira de dar a memorização, teremos:
dizê-la.
A equivalência lógica entre duas proposições, p e q,
pode ser representada simbolicamente como: p q, ou sim-
plesmente por p = q.
Começaremos com a descrição de algumas equivalên-
cias lógicas básicas.
Equivalências com o Símbolo da Negação
Equivalências Básicas Este tipo de equivalência já foi estudado. Trata-se, tão
somente, das negações das proposições compostas! Lem-
1. p e p = p bremos:
Ex: André é inocente e inocente = André é inocente

2. p ou p = p
Ex: Ana foi ao cinema ou ao cinema = Ana foi ao cine-
ma

3. p e q = q e p
Ex: O cavalo é forte e veloz = O cavalo é veloz e forte

4. p ou q = q ou p
Ex: O carro é branco ou azul = O carro é azul ou bran- É possível que surja alguma dúvida em relação a úl-
co tima linha da tabela acima. Porém, basta lembrarmos do
que foi aprendido:
5. p ↔ q = q ↔ p p↔q = (pq) e (qp)
Ex: Amo se e somente se vivo = Vivo se e somente se (Obs: a BICONDICIONAL tem esse nome: porque equi-
amo. vale a duas condicionais!)
6. p ↔ q = (pq) e (qp) Para negar a bicondicional, teremos na verdade que
Ex: Amo se e somente se vivo = Se amo então vivo, e negar a sua conjunção equivalente.
se vivo então amo E para negar uma conjunção, já sabemos, nega-se as
duas partes e troca-se o E por OU. Fica para casa a de-
Para facilitar a memorização, veja a tabela abaixo: monstração da negação da bicondicional. Ok?

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

Outras equivalências 2. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - FCC /2012)


Algumas outras equivalências que podem ser relevan- A negação lógica da proposição: “Pedro é o mais velho
tes são as seguintes: da classe ou Jorge é o mais novo da classe” é
A) Pedro não è o mais novo da classe ou Jorge não é o
1) p e (p ou q) = p mais velho da classe.
Ex: Paulo é dentista, e Paulo é dentista ou Pedro é mé- B) Pedro é o mais velho da classe e Jorge não é o mais
dico = Paulo é dentista
novo da classe.
C) Pedro não é o mais velho da classe e Jorge não é o
2) p ou (p e q) = p
Ex: Paulo é dentista, ou Paulo é dentista e Pedro é mé- mais novo da classe.
dico = Paulo é dentista D) Pedro não é o mais novo da classe e Jorge não é o
Por meio das tabelas-verdade estas equivalências po- mais velho da classe.
dem ser facilmente demonstradas. E) Pedro é o mais novo da classe ou Jorge é o mais
Para auxiliar nossa memorização, criaremos a tabela novo da classe.
seguinte:
p v q= Pedro é o mais velho da classe ou Jorge é o mais
novo da classe.
~p=Pedro não é o mais velho da classe.
~q=Jorge não é o mais novo da classe.
NEGAÇAO DE PROPOSIÇÕES COMPOSTAS ~(p v q)=~p v ~q= Pedro não é o mais velho da classe
ou Jorge não é o mais novo da classe.

3. (PC-MA - Farmacêutico Legista - FGV/2012)


Em frente à casa onde moram João e Maria, a prefeitu-
ra está fazendo uma obra na rua. Se o operário liga a brita-
deira, João sai de casa e Maria não ouve a televisão. Certo
dia, depois do almoço, Maria ouve a televisão.
Pode-se concluir, logicamente, que
Questoes comentadas: A) João saiu de casa.
B) João não saiu de casa.
1. (PROCERGS - Técnico de Nível Médio - Técnico em C) O operário ligou a britadeira.
Segurança do Trabalho - FUNDATEC/2012) A proposição D) O operário não ligou a britadeira.
“João comprou um carro novo ou não é verdade que João
E) O operário ligou a britadeira e João saiu de casa.
comprou um carro novo e não fez a viagem de férias.” é:
“Se o operário liga a britadeira, João sai de casa e Ma-
A) um paradoxo.
B) um silogismo. ria não ouve a televisão”, logo se Maria ouve a televisão, a
C) uma tautologia. britadeira não pode estar ligada.
D) uma contradição.
E) uma contingência. (TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CESPE/2012)
Em decisão proferida acerca da prisão de um réu, de-
Tautologia é uma proposição composta cujo resultado pois de constatado pagamento de pensão alimentícia, o
é sempre verdadeiro para todas as atribuições que se têm, magistrado determinou: “O réu deve ser imediatamente
independentemente dessas atribuições. solto, se por outro motivo não estiver preso”.
Rodrigo, posso estar errada, mas ao construir a tabela- Considerando que a determinação judicial correspon-
verdade com a proposição que você propôs não vamos ter de a uma proposição e que a decisão judicial será conside-
uma tautologia, mas uma contingência. rada descumprida se, e somente se, a proposição corres-
A proposição a ser utilizada aqui seria a seguinte: P v pondente for falsa, julgue os itens seguintes.
~(P ^ ~Q), que, ao construirmos a tabela-verdade ficaria
da seguinte forma:
4. Se o réu permanecer preso, mesmo não havendo
outro motivo para estar preso, então, a decisão judicial terá
PV sido descumprida.
P Q ~Q (P/\~Q) ~(P/\~Q)
~(P/\~Q) A) Certo
V V F F V V B) Errado
V F V V F V A decisão judicial é “O réu deve ser imediatamente sol-
to, se por outro motivo não estiver preso”, logo se o réu
F V F F V V
continuar preso sem outro motivo para estar preso, será
F F V F V V descumprida a decisão judicial.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

5. Se o réu for imediatamente solto, mesmo havendo 9. (Receita Federal do Brasil – Analista Tributário -
outro motivo para permanecer preso, então, a decisão ju- ESAF/2012) A negação da proposição “se Paulo estuda, en-
dicial terá sido descumprida. tão Marta é atleta” é logicamente equivalente à proposição:
A) Certo A) Paulo não estuda e Marta não é atleta.
B) Errado B) Paulo estuda e Marta não é atleta.
C) Paulo estuda ou Marta não é atleta.
P = se houver outro motivo D) se Paulo não estuda, então Marta não é atleta.
Q = será solto
E) Paulo não estuda ou Marta não é atleta.
A decisão foi: Se não P então Q, logo VV = V
A questão afirma: Se P então Q, logo FV = V A negação de uma condicional do tipo: “Se A, então B”
Não contrariou, iria contrariar se a questão resultasse (AB) será da forma:
V+F=F ~(A B) A^ ~B
Ou seja, para negarmos uma proposição composta re-
6. As proposições “Se o réu não estiver preso por outro presentada por uma condicional, devemos confirmar sua
motivo, deve ser imediatamente solto” e “Se o réu não for primeira parte (“A”), trocar o conectivo condicional (“”) pelo
imediatamente solto, então, ele está preso por outro moti- conectivo conjunção (“^”) e negarmos sua segunda parte
vo” são logicamente equivalentes. (“~ B”). Assim, teremos:
RESPOSTA: “B”.
A) Certo
B) Errado 10. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - CE-
TRO/2012) Se Viviane não dança, Márcia não canta. Logo,
O réu não estiver preso por outro motivo = ~P
A) Viviane dançar é condição suficiente para Márcia
Deve ser imediatamente solto = S
Se o réu não estiver preso por outro motivo, deve ser cantar.
imediatamente solto=P S B) Viviane não dançar é condição necessária para Már-
Se o réu não for imediatamente solto, então, ele está cia não cantar.
preso por outro motivo = ~SP C) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
De acordo com a regra de equivalência (A B) = (~B ~A) cantar.
a questão está correta. D) Viviane não dançar é condição suficiente para Már-
cia cantar.
7. A negação da proposição relativa à decisão judicial E) Viviane dançar é condição necessária para Márcia
estará corretamente representada por “O réu não deve ser não cantar.
imediatamente solto, mesmo não estando preso por outro
motivo”. Inicialmente, reescreveremos a condicional dada na
A) Certo forma de condição suficiente e condição necessária:
B) Errado

“O réu deve ser imediatamente solto, se por outro “Se Viviane não dança, Márcia não canta”
motivo não estiver preso” está no texto, assim:
P = “Por outro motivo não estiver preso” 1ª possibilidade: Viviane não dançar é condição su-
Q = “O réu deve ser imediatamente solto” ficiente para Márcia não cantar. Não há RESPOSTA: para
PQ, a negação ~(P Q) = P e ~Q essa possibilidade.
P e ~Q = Por outro motivo estiver preso o réu não deve
ser imediatamente solto” 2ª possibilidade: Márcia não cantar é condição neces-
sária para Viviane não dançar.. Não há RESPOSTA: para
8. (Polícia Civil/SP - Investigador – VUNESP/2014) Um essa possibilidade.
antropólogo estadunidense chega ao Brasil para aperfei- Não havendo RESPOSTA: , modificaremos a condicio-
çoar seu conhecimento da língua portuguesa. Durante sua nal inicial, transformando-a em outra condicional equiva-
estadia em nosso país, ele fica muito intrigado com a frase lente, nesse caso utilizaremos o conceito da contrapositiva
“não vou fazer coisa nenhuma”, bastante utilizada em nos- ou contra posição: pq ~q ~p
sa linguagem coloquial. A dúvida dele surge porque “Se Viviane não dança, Márcia não canta” “Se Márcia
A) a conjunção presente na frase evidencia seu signi-
canta, Viviane dança”
ficado.
Transformando, a condicional “Se Márcia canta, Viviane
B) o significado da frase não leva em conta a dupla
negação. dança” na forma de condição suficiente e condição neces-
C) a implicação presente na frase altera seu significado. sária, obteremos as seguintes possibilidades:
D) o significado da frase não leva em conta a disjunção. 1ª possibilidade: Márcia cantar é condição suficiente
E) a negação presente na frase evidencia seu signifi- para Viviane dançar. Não há RESPOSTA: para essa possi-
cado. bilidade.
~(~p) é equivalente a p 2ª possibilidade: Viviane dançar é condição necessária
Logo, uma dupla negação é equivalente a afirmar. para Márcia cantar.
RESPOSTA: “B”. RESPOSTA: “C”.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

11. (BRDE - ANALISTA DE SISTEMAS - AOCP/2012) Construindo a tabela-verdade da proposição compos-


Considere a sentença: “Se Ana é professora, então Camila é ta: [P Ú Q] ® Q, teremos como solução:
médica.” A proposição equivalente a esta sentença é
A) Ana não é professora ou Camila é médica.
Pv (p^~q)↔(~p
B) Se Ana é médica, então Camila é professora. P Q (Pv Q)→Q
Q v q)
C) Se Camila é médica, então Ana é professora.
D) Se Ana é professora, então Camila não é médica.
V V V V→V V
E) Se Ana não é professora, então Camila não é médica.
Existem duas equivalências particulares em relação a
V F V V→F F
uma condicional do tipo “Se A, então B”.
F V V V→V V
1ª) Pela contrapositiva ou contraposição: “Se A, então
B” é equivalente a “Se ~B, então ~A” F F F F→F V
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será
equivalente a:
“Se Camila não é médica, então Ana não é professora.” P(P;Q) = VFVV
Portanto, essa proposição composta é uma contingência
ou indeterminação lógica.
2ª) Pela Teoria da Involução ou Dupla Negação: “Se A,
Resposta: ERRADO.
então B” é equivalente a “~A ou B”
“Se Ana é professora, então Camila é médica.” Será
equivalente a: 14. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Se P
“Ana não é professora ou Camila é médica.” for F e P v Q for V, então Q é V.
Ficaremos, então, com a segunda equivalência, já que ( )Certo ( ) Errado
esta configura no gabarito.
RESPOSTA: “A”. Lembramos que uma disjunção simples, na forma: “P
vQ”, será verdadeira (V) se, pelo menos, uma de suas partes
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) Consi- for verdadeira (V). Nesse caso, se “P” for falsa e “PvQ” for
derando que P e Q representem proposições conhecidas e verdadeira, então “Q” será, necessariamente, verdadeira.
Resposta: CERTO.
que V e F representem, respectivamente, os valores verda-
deiro e falso, julgue os próximos itens. (374 a 376)
(PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013)
P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
12. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) (PC/ P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz.
DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) As proposições P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
Q e P (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente se, P P4: Há criminosos livres.
for F. C: Portanto a criminalidade é alta.
( )Certo ( ) Errado Considerando o argumento apresentado acima, em
Observando a tabela-verdade da proposição compos- que P1, P2, P3 e P4 são as premissas e C, a conclusão, jul-
ta “P (¬ Q)”, em função dos valores lógicos de “P” e “Q”, gue os itens subsequentes. (377 e 378)
temos:
15. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) O
argumento apresentado é um argumento válido.
P Q ¬Q P→(¬Q) ( )Certo ( ) Errado
V V F F
Verificaremos se as verdades das premissas P1, P2, P3
V F V V e P4 sustentam a verdade da conclusão. Nesse caso, de-
vemos considerar que todas as premissas são, necessaria-
F V F V mente, verdadeiras.
F F V V P1: Se a impunidade é alta, então a criminalidade é alta.
(V)
P2: A impunidade é alta ou a justiça é eficaz. (V)
Observando-se a 3 linha da tabela-verdade acima,
P3: Se a justiça é eficaz, então não há criminosos livres.
―Q‖ e ―P ® (¬ Q) são, simultaneamente, V se, e somente (V)
se, ―P‖ for F. P4: Há criminosos livres. (V)
Resposta: CERTO.
13. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A Portanto, se a premissa P4 – proposição simples – é ver-
proposição [PvQ]Q é uma tautologia. dadeira (V), então a 2ª parte da condicional representada
( )Certo ( ) Errado pela premissa P3 será considerada falsa (F). Então, veja:

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Considerando a proposição simples ―a criminalidade


é alta‖ como verdadeira (V), logo a conclusão desse argu-
mento é, de fato, verdadeira (V), o que torna esse argumen-
to válido.
Resposta: CERTO.

16. (PC/DF – Agente de Polícia - CESPE/UnB/2013) A


negação da proposição P1 pode ser escrita como “Se a im-
punidade não é alta, então a criminalidade não é alta”.
Sabendo-se que a condicional P3 é verdadeira e co-
( )Certo ( ) Errado
nhecendo-se o valor lógico de sua 2ª parte como falsa (F),
então o valor lógico de sua 1ª parte nunca poderá ser ver-
dadeiro (V). Assim, a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ Seja P1 representada simbolicamente, por:
será considerada falsa (F). A impunidade não é alta(p) então a criminalidade não
Se a proposição simples ―a justiça é eficaz‖ é conside- é alta(q)
rada falsa (F), então a 2ª parte da disjunção simples repre- A negação de uma condicional é dada por:
sentada pela premissa P2, também, será falsa (F). ~(pq)
Logo, sua negação será dada por: ~P1 a impunidade é
alta e a criminalidade não é alta.
Resposta:ERRADO.

LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO.

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO

ARGUMENTO
Sendo verdadeira (V) a premissa P2 (disjunção simples)
e conhecendo-se o valor lógico de uma das partes como Argumento é uma relação que associa um conjunto de
falsa (F), então o valor lógico da outra parte deverá ser, ne- proposições (p1, p2, p3,... pn), chamadas premissas ou hipó-
cessariamente, verdadeira (V). Lembramos que, uma disjun- teses, e uma proposição C chamada conclusão. Esta relação
ção simples será considerada verdadeira (V), quando, pelo é tal que a estrutura lógica das premissas acarretam ou tem
menos, uma de suas partes for verdadeira (V). como consequência a proposição C (conclusão).
O argumento pode ser representado da seguinte for-
Sendo verdadeira (V) a proposição simples ―a impu- ma:
nidade é alta‖, então, confirmaremos também como ver-
dadeira (V), a 1ª parte da condicional representada pela
premissa P1.

EXEMPLOS:
1. Todos os cariocas são alegres.
    Todas as pessoas alegres vão à praia
Considerando-se como verdadeira (V) a 1ª parte da     Todos os cariocas vão à praia.
condicional em P1, então, deveremos considerar também 2. Todos os cientistas são loucos.
como verdadeira (V), sua 2ª parte, pois uma verdade sem-     Einstein é cientista.
pre implica em outra verdade.     Einstein é louco!

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

Nestes exemplos temos o famoso silogismo categórico Exemplo: (FCC)  Considere que as seguintes afirma-
de forma típica ou simplesmente silogismo. Os silogismos ções são verdadeiras:
são os argumentos que têm somente duas premissas e mais “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
a conclusão, e utilizam os termos: todo, nenhum e algum, “Existem crianças que são inteligentes.”
em sua estrutura. Assim sendo, certamente é verdade que:
(A) Alguma criança inteligente não gosta de passear
ANALOGIAS no Metrô de São Paulo.
(B) Alguma criança que gosta de passear no Metrô de
A analogia é uma das melhores formas para utilizar o São Paulo é inteligente.
raciocínio. Nesse tipo de raciocínio usa-se a comparação (C) Alguma criança não inteligente não gosta de pas-
de uma situação conhecida com uma desconhecida. Uma sear no Metrô de São Paulo.
analogia depende de três situações: (D) Toda criança que gosta de passear no Metrô de
• os fundamentos precisam ser verdadeiros e im- São Paulo é inteligente.
portantes; (E) Toda criança inteligente não gosta de passear no
• a quantidade de elementos parecidos entre as
Metrô de São Paulo.
situações deve ser significativo;
• não pode existir conflitos marcantes.
SOLUÇÃO:
INFERÊNCIAS Representando as proposições na forma de conjuntos
(diagramas lógicos – ver artigo sobre diagramas lógicos)
A indução está relacionada a diversos casos pequenos teremos:
que chegam a uma conclusão geral. Nesse sentido pode- “Toda criança gosta de passear no Metrô de São Paulo.”
mos definir também a indução fraca e a indução forte. Essa “Existem crianças que são inteligentes.”
indução forte ocorre quando não existe grandes chances
de que um caso discorde da premissa geral. Já a fraca re-
fere-se a falta de sustentabilidade de um conceito ou con-
clusão.
DEDUÇÕES

ARGUMENTOS DEDUTIVOS E INDUTIVOS


Os argumentos podem ser classificados em dois ti-
pos: Dedutivos e Indutivos.

1) O argumento será DEDUTIVO quando suas premis-


sas fornecerem informações suficientes para comprovar a
veracidade da conclusão, isto é, o argumento é dedutivo
quando a conclusão é completamente derivada das pre-
missas. Pelo gráfico, observamos claramente que se todas as
crianças gostam de passear no metrô e existem crianças
inteligentes, então alguma criança que gosta de passear
EXEMPLO: no Metrô de São Paulo é inteligente. Logo, a alternativa
Todo ser humano têm mãe. correta é a opção B.
Todos os homens são humanos.
Todos os homens têm mãe.
CONCLUSÕES
2) O argumento será INDUTIVO quando suas premis-
sas não fornecerem o “apoio completo” para ratificar as VALIDADE DE UM ARGUMENTO
conclusões. Portanto, nos argumentos indutivos, a conclu-
são possui informações que ultrapassam as fornecidas nas Uma proposição é verdadeira ou falsa. No caso de
premissas. Sendo assim, não se aplica, então, a definição um argumento dedutivo diremos que ele é válido ou in-
de argumentos válidos ou não válidos para argumentos válido. Atente-se para o fato que todos os argumentos
indutivos. indutivos são inválidos, portanto não há de se falar em
validade de argumentos indutivos.
EXEMPLO: A validade é uma propriedade dos argumentos que
O Flamengo é um bom time de futebol. depende apenas da forma (estrutura lógica) das suas pro-
O Palmeiras é um bom time de futebol. posições (premissas e conclusões) e não do seu conteúdo.
O Vasco é um bom time de futebol.
O Cruzeiro é um bom time de futebol. Argumento Válido
Todos os times brasileiros de futebol são bons. Um argumento será válido quando a sua conclusão é
Note que não podemos afirmar que todos os times uma consequência obrigatória de suas premissas. Em ou-
brasileiros são bons sabendo apenas que 4 deles são bons. tras palavras, podemos dizer que quando um argumento

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

é válido, a verdade de suas premissas deve garantir a ver- Premissas:


dade da conclusão do argumento. Isso significa que, se o “Se Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é
argumento é válido, jamais poderemos chegar a uma con- suspeita” = “Toda pessoa que comete um crime perfeito
clusão falsa quando as premissas forem verdadeiras. não é suspeita”. 
Exemplo: (CESPE) Suponha um argumento no qual as “Ana não cometeu um crime perfeito”.
premissas sejam as proposições I e II abaixo.  Conclusão:
I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é in- “Ana é suspeita”. (Não se “desenha” a conclusão, ape-
feliz. nas as premissas!)
II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco.
Nesse caso, se a conclusão for a proposição “Mulhe-
res desempregadas vivem pouco”, tem-se um argumento
correto.

SOLUÇÃO:
Se representarmos na forma de diagramas lógicos (ver
artigo sobre diagramas lógicos), para facilitar a resolução,
teremos:
   I - Se uma mulher está desempregada, então, ela é
infeliz. = Toda mulher desempregada é infeliz.
   II - Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. =
Toda mulher infeliz vive pouco.

O fato do enunciado ter falado apenas que “Ana não


cometeu um crime perfeito”, não nos diz se ela é suspeita
ou não. Por isso temos duas possibilidades (ver bonecos).
Logo, a questão está errada, pois não podemos afirmar,
com certeza, que Ana é suspeita. Logo, o argumento é in-
válido.

EXERCICIOS:

(TJ-AC - Analista Judiciário - Conhecimentos Bási-


cos - Cargos 1 e 2 - CESPE/2012) (10 a 13)

Considerando que as proposições lógicas sejam re-


presentadas por letras maiúsculas, julgue os próximos
Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das itens, relativos a lógica proposicional e de argumenta-
desempregadas (ver boneco), automaticamente estará no ção.
conjunto das mulheres que vivem pouco. Portanto, se a
conclusão for a proposição “Mulheres desempregadas vi- 1. A expressão é uma tautologia.
vem pouco”, tem-se um argumento correto (correto = vá- A) Certo
lido!). B) Errado

Argumento Inválido Resposta: B.


Dizemos que um argumento é inválido, quando a ver- Fazendo a tabela verdade:
dade das premissas não é suficiente para garantir a verda-
de da conclusão, ou seja, quando a conclusão não é uma P Q P→Q (P→Q) V P [(P→Q) V P]→Q
consequência obrigatória das premissas.
V V V V V
V F F V V
Exemplo: (CESPE) É válido o seguinte argumento: Se
F V V V V
Ana cometeu um crime perfeito, então Ana não é suspeita,
mas (e) Ana não cometeu um crime perfeito, então Ana é F F F F F
suspeita.
Portanto não é uma tautologia.
SOLUÇÃO:
Representando as premissas do enunciado na forma 2. As proposições “Luiz joga basquete porque Luiz é
de diagramas lógicos (ver artigo sobre diagramas lógicos), alto” e “Luiz não é alto porque Luiz não joga basquete”
obteremos: são logicamente equivalentes.

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) Certo Fazendo a tabela verdade:


B) Errado
Resposta: A. P Q R (P→Q)^(~R)
São equivalentes por que “Luiz não é alto porque Luiz
não joga basquete” nega as duas partes da proposição, a V V V F
deixando equivalente a primeira. V V F V
V F V F
3. A sentença “A justiça e a lei nem sempre andam V F F F
pelos mesmos caminhos” pode ser representada sim-
bolicamente por PΛQ, em que as proposições P e Q são F V V F
convenientemente escolhidas. F V F V
A) Certo F F V F
B) Errado F F F V
Resposta: B. TJ-AC - Técnico Judiciário - Informática - CES-
Não, pois ^ representa o conectivo “e”, e o “e” é usado PE/2012)
para unir A justiça E a lei, e “A justiça” não pode ser con-
siderada uma proposição, pois não pode ser considerada
verdadeira ou falsa.

4. Considere que a tabela abaixo representa as


primeiras colunas da tabela-verdade da proposição

Logo, a coluna abaixo representa a última coluna


dessa tabela-verdade.

Com base na situação descrita acima, julgue o item


a seguir.

5. O argumento cujas premissas correspondem às


quatro afirmações do jornalista e cuja conclusão é “Pe-
dro não disputará a eleição presidencial da República”
é um argumento válido.
A) Certo A) Certo
B) Errado B) Errado

Resposta: A. Resposta: A.

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Argumento válido é aquele que pode ser concluído a partir das premissas, considerando que as premissas são verda-
deiras então tenho que:
Se João for eleito prefeito ele disputará a presidência;
Se João disputar a presidência então Pedro não vai disputar;
Se João não for eleito prefeito se tornará presidente do partido e não apoiará a candidatura de Pedro à presidência;
Se o presidente do partido não apoiar Pedro ele não disputará a presidência.
(PRF - Nível Superior - Conhecimentos Básicos - Todos os Cargos - CESPE/2012)
Um jovem, visando ganhar um novo smartphone no dia das crianças, apresentou à sua mãe a seguinte argumen-
tação: “Mãe, se tenho 25 anos, moro com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não
ajo como um homem da minha idade. Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas
responsabilidades, então não tenho um mínimo de maturidade. Se não ajo como um homem da minha idade, sou
tratado como criança. Se não tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança. Logo, se sou tratado como
criança, mereço ganhar um novo smartphone no dia das crianças”.
Com base nessa argumentação, julgue os itens a seguir..

6. A proposição “Se estou há 7 anos na faculdade e não tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades,
então não tenho um mínimo de maturidade” é equivalente a “Se eu tenho um mínimo de maturidade, então não estou
há 7 anos na faculdade e tenho capacidade para assumir minhas responsabilidades”.
A) Certo
B) Errado

Resposta: B.

Equivalência de Condicional: P -> Q = ~ Q -> ~ P 


Negação de Proposição: ~ (P ^ Q)  =  ~ P v ~ Q 

P Q R ¬P ¬Q ¬R P^¬Q (P^¬Q) → ¬R ¬P^Q R→ (¬P^Q)


V V V F F F F V F F
V V F F F V F V F V
V F V F V F V F F F
V F F F V V V V F V
F V V V F F F V V V
F V F V F V F V V V
F F V V V F F V F F
F F F V V V F V F V

Portanto não são equivalentes.

7. Considere as seguintes proposições: “Tenho 25 anos”, “Moro com você e papai”, “Dou despesas a vocês” e “De-
pendo de mesada”. Se alguma dessas proposições for falsa, também será falsa a proposição “Se tenho 25 anos, moro
com você e papai, dou despesas a vocês e dependo de mesada, então eu não ajo como um homem da minha idade”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
(A^B^C^D) E
Ora, se A ou B ou C ou D estiver falsa como afirma o enunciado, logo torna a primeira parte da condicional falsa, (visto que
trata-se da conjunção) tornando- a primeira parte da condicional falsa, logo toda a proposição se torna verdadeira.

8. A proposição “Se não ajo como um homem da minha idade, sou tratado como criança, e se não tenho um mí-
nimo de maturidade, sou tratado como criança” é equivalente a “Se não ajo como um homem da minha idade ou não
tenho um mínimo de maturidade, sou tratado como criança”.
A) Certo
B) Errado
Resposta: A.
A = Se não ajo como um homem da minha idade,
B = sou tratado como criança,
C= se não tenho um mínimo de maturidade

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

A B C ~A  ~C (~A → B) (~C → B) (~A v ~ C) (~A→ B) ^ (~ C→ B) (~A v ~ C)→ B


V V V F F V V F V V
V V F F V V V V V V
V F V F F V V F V V
V F F F V V F V F F
F V V V F V V V V V
F V F V V V V V V V
F F V V F F V V F F
F F F V V F F V F F

De acordo com a tabela verdade são equivalentes.

DIAGRAMAS LÓGICOS. ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE DADOS


APRESENTADOS EM TABELAS E GRÁFICOS.

Diagramas Lógicos

Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação que esses diagramas poderão ser usa-
dos, é na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.

Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Basean-
do-se nesses dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente
carro ou ainda quantas dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que representam os
motoristas de motos e motoristas de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção e depois com-
pletaremos os outros espaços.

Marcando o valor da intersecção, então iremos subtraindo esse valor da quantidade de elementos dos conjuntos A e B. A
partir dos valores reais, é que poderemos responder as perguntas feitas.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

a) Temos no grupo: 8 + 10 + 33 = 51 motoristas. Com essa distribuição, poderemos notar que 205 pes-
b) Dirigem somente carros 33 motoristas. soas leem apenas o jornal A. Verificamos que 500 pessoas
c) Dirigem somente motos 8 motoristas. não leem o jornal C, pois é a soma 205 + 30 + 115 + 150.
No caso de uma pesquisa de opinião sobre a preferên- Notamos ainda que 700 pessoas foram entrevistadas, que é
cia quanto à leitura de três jornais. A, B e C, foi apresentada a soma 205 + 30 + 25 + 40 + 115 + 65 + 70 + 150.
a seguinte tabela:
Diagrama de Euler

Jornais Leitores Um diagrama de Euler é similar a um diagrama de Venn,


A 300 mas não precisa conter todas as zonas (onde uma zona é de-
finida como a área de intersecção entre dois ou mais contor-
B 250
nos). Assim, um diagrama de Euler pode definir um universo
C 200 de discurso, isto é, ele pode definir um sistema no qual cer-
AeB 70 tas intersecções não são possíveis ou consideradas. Assim,
um diagrama de Venn contendo os atributos para Animal,
AeC 65
Mineral e quatro patas teria que conter intersecções onde
BeC 105 alguns estão em ambos animal, mineral e de quatro patas.
A, B e C 40 Um diagrama de Venn, consequentemente, mostra todas as
possíveis combinações ou conjunções.
Nenhum 150

Para termos os valores reais da pesquisa, vamos inicial-


mente montar os diagramas que representam cada conjun-
to. A colocação dos valores começará pela intersecção dos
três conjuntos e depois para as intersecções duas a duas e
por último às regiões que representam cada conjunto in-
dividualmente. Representaremos esses conjuntos dentro de
um retângulo que indicará o conjunto universo da pesquisa. Diagramas de Euler consistem em curvas simples fecha-
das (geralmente círculos) no plano que mostra os conjuntos.
Os tamanhos e formas das curvas não são importantes: a
significância do diagrama está na forma como eles se so-
brepõem. As relações espaciais entre as regiões delimitadas
por cada curva (sobreposição, contenção ou nenhuma) cor-
respondem relações teóricas (subconjunto interseção e dis-
junção). Cada curva de Euler divide o plano em duas regiões
ou zonas estão: o interior, que representa simbolicamente os
elementos do conjunto, e o exterior, o que representa todos
os elementos que não são membros do conjunto. Curvas
cujos interiores não se cruzam representam conjuntos dis-
Fora dos diagramas teremos 150 elementos que não juntos. Duas curvas cujos interiores se interceptam represen-
são leitores de nenhum dos três jornais. tam conjuntos que têm elementos comuns, a zona dentro
Na região I, teremos: 70 - 40 = 30 elementos. de ambas as curvas representa o conjunto de elementos
Na região II, teremos: 65 - 40 = 25 elementos. comuns a ambos os conjuntos (intersecção dos conjuntos).
Na região III, teremos: 105 - 40 = 65 elementos. Uma curva que está contido completamente dentro da zona
Na região IV, teremos: 300 - 40 - 30 - 25 = 205 elementos. interior de outro representa um subconjunto do mesmo.
Na região V, teremos: 250 - 40 -30 - 65 = 115 elementos. Os Diagramas de Venn são uma forma mais restritiva de
Na região VI, teremos: 200 - 40 - 25 - 65 = 70 elementos. diagramas de Euler. Um diagrama de Venn deve conter to-
Dessa forma, o diagrama figura preenchido com os se- das as possíveis zonas de sobreposição entre as suas curvas,
guintes elementos: representando todas as combinações de inclusão / exclusão
de seus conjuntos constituintes, mas em um diagrama de
Euler algumas zonas podem estar faltando. Essa falta foi o
que motivou Venn a desenvolver seus diagramas. Existia a
necessidade de criar diagramas em que pudessem ser ob-
servadas, por meio de suposição, quaisquer relações entre
as zonas não apenas as que são “verdadeiras”.
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn)
são largamente utilizados para ensinar a teoria dos con-
juntos no campo da matemática ou lógica matemática no
campo da lógica. Eles também podem ser utilizados para

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

representar relacionamentos complexos com mais clareza, já construir diagramas de Venn para dois ou três conjuntos,
que representa apenas as relações válidas. Em estudos mais surgem dificuldades quando se tenta usá-los para um nú-
aplicados esses diagramas podem ser utilizados para provar mero maior. Algumas construções possíveis são devidas ao
/ analisar silogismos que são argumentos lógicos para que próprio John Venn e a outros matemáticos como Anthony
se possa deduzir uma conclusão. W. F. Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith. Além dis-
so, encontram-se em uso outros diagramas similares aos
Diagramas de Venn de Venn, entre os quais os de Euler, Johnston, Pierce e Kar-
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usa- naugh.
dos em matemática para simbolizar graficamente proprie-
dades, axiomas e problemas relativos aos conjuntos e sua Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: su-
teoria. Os respectivos diagramas consistem de curvas fecha- ponha-se que o conjunto A representa os animais bípedes e
das simples desenhadas sobre um plano, de forma a simbo- o conjunto B representa os animais capazes de voar. A área
lizar os conjuntos e permitir a representação das relações de onde os dois círculos se sobrepõem, designada por intersec-
pertença entre conjuntos e seus elementos (por exemplo, 4 ção A e B ou intersecção A-B, conteria todas as criaturas que
∉ {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações de continência ao mesmo tempo podem voar e têm apenas duas pernas
(inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3} ⊂ {1, 2, motoras.
3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão uma no
espaço interno da outra simbolizam conjuntos que possuem
continência; ao passo que o ponto interno a uma curva re-
presenta um elemento pertencente ao conjunto.
Os diagramas de Venn são construídos com coleções
de curvas fechadas contidas em um plano. O interior dessas
Considere-se agora que cada espécie viva está repre-
curvas representa, simbolicamente, a coleção de elementos
sentada por um ponto situado em alguma parte do diagra-
do conjunto. De acordo com Clarence Irving Lewis, o “princí-
ma. Os humanos e os pinguins seriam marcados dentro do
pio desses diagramas é que classes (ou conjuntos) sejam re-
círculo A, na parte dele que não se sobrepõe com o círculo
presentadas por regiões, com tal relação entre si que todas
B, já que ambos são bípedes mas não podem voar. Os mos-
as relações lógicas possíveis entre as classes possam ser in-
quitos, que voam mas têm seis pernas, seriam representados
dicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagrama deixa espa-
dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os canários, por
ço para qualquer relação possível entre as classes, e a rela-
sua vez, seriam representados na intersecção A-B, já que são
ção dada ou existente pode então ser definida indicando se bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse bí-
alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se pede nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria
escrever uma definição mais formal do seguinte modo: Seja marcado por pontos fora dos dois círculos.
C = (C1, C2, ... Cn) uma coleção de curvas fechadas simples Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro
desenhadas em um plano. C é uma família independente se áreas distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte
a região formada por cada uma das interseções X1 X2 ... Xn, de cada círculo que pertence a ambos os círculos (onde há
onde cada Xi é o interior ou o exterior de Ci, é não-vazia, em sobreposição), e as duas áreas que não se sobrepõem, mas
outras palavras, se todas as curvas se intersectam de todas estão em um círculo ou no outro):
as maneiras possíveis. Se, além disso, cada uma dessas re- - Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem
giões é conexa e há apenas um número finito de pontos de sobreposição).
interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn - Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem
para n conjuntos. sobreposição).
Nos casos mais simples, os diagramas são representa- - Animais que possuem duas pernas e voam (sobrepo-
dos por círculos que se encobrem parcialmente. As partes sição).
referidas em um enunciado específico são marcadas com - Animais que não possuem duas pernas e não voam
uma cor diferente. Eventualmente, os círculos são represen- (branco - fora).
tados como completamente inseridos dentro de um retân- Essas configurações são representadas, respectivamen-
gulo, que representa o conjunto universo daquele particular te, pelas operações de conjuntos: diferença de A para B, di-
contexto (já se buscou a existência de um conjunto universo ferença de B para A, intersecção entre A e B, e conjunto com-
que pudesse abranger todos os conjuntos possíveis, mas plementar de A e B. Cada uma delas pode ser representada
Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível). A como as seguintes áreas (mais escuras) no diagrama:
ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis
Carroll. Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois
ou mais conjuntos representam a sua intersecção, ao passo
que a totalidade dos espaços pertencentes a um ou outro
conjunto indistintamente representa sua união.
John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX,
ampliando e formalizando desenvolvimentos anteriores de
Leibniz e Euler. E, na década de 1960, eles foram incorpora-
dos ao currículo escolar de matemática. Embora seja simples Diferença de A para B: A\B

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

Diferença de B para A: B\A


Complementar de B em U: BC = U \ B

Três Conjuntos: Na sua apresentação inicial, Venn fo-


cou-se sobretudo nos diagramas de três conjuntos. Alargan-
do o exemplo anterior, poderia-se introduzir o conjunto C
dos animais que possuem bico. Neste caso, o diagrama de-
Intersecção de dois conjuntos: AB fine sete áreas distintas, que podem combinar-se de 256 (28)
maneiras diferentes, algumas delas ilustradas nas imagens
seguintes.

Complementar de dois conjuntos: U \ (AB)

Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas


de 16 formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar
sobre os animais que voam ou tem duas patas (pelo me-
nos uma das características); tal conjunto seria representado Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções
pela união de A e B. Já os animais que voam e não possuem possíveis entre A, B e C.
duas patas mais os que não voam e possuem duas patas,
seriam representados pela diferença simétrica entre A e B.
Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir, que
incluem também outros dois casos.

União de três conjuntos: A B C

União de dois conjuntos: A B

Intersecção de três conjuntos: A B C


Diferença Simétrica de dois conjuntos: A B

Complementar de A em U: AC = U \ A

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

A \ (B C) 1. Se a proposição Todo A é B é verdadeira, então temos


as duas representações possíveis:
1 2
B
A = B
A

(B C) \ A Nenhum A é B. É falsa.
Algum A é B. É verdadeira.
Proposições Categóricas Algum A não é B. É falsa.
- Todo A é B
- Nenhum A é B 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então
- Algum A é B e temos somente a representação:
- Algum A não é B
Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o conjunto
A é um subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está contido
em B. Atenção: dizer que Todo A é B não significa o mesmo A B
que Todo B é A. Enunciados da forma Nenhum A é B afir-
mam que os conjuntos A e B são disjuntos, isto é, não tem
elementos em comum. Atenção: dizer que Nenhum A é B é
logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A.
Todo A é B. É falsa.
Por convenção universal em Lógica, proposições da for-
Algum A é B. É falsa.
ma Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo
Algum A não é B. É verdadeira.
menos um elemento em comum com o conjunto B. Contudo,
quando dizemos que Algum A é B, pressupomos que nem
3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as
todo A é B. Entretanto, no sentido lógico de algum, está per- quatro representações possíveis:
feitamente correto afirmar que “alguns de meus colegas es-
tão me elogiando”, mesmo que todos eles estejam. Dizer que
Algum A é B é logicamente equivalente a dizer que Algum B
é A. Também, as seguintes expressões são equivalentes: Al-
gum A é B = Pelo menos um A é B = Existe um A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem
que o conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B. Temos as seguintes equivalências:
Algum A não é B = Algum A é não B = Algum não B é A.
Mas não é equivalente a Algum B não é A. Nas proposições
categóricas, usam-se também as variações gramaticais dos
verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ..., como
elo de ligação entre A e B. Nenhum A é B. É falsa.
- Todo A é B = Todo A não é não B. Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em
- Algum A é B = Algum A não é não B. 1 e 2).
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B. Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou falsa
- Todo A é não B = Todo A não é B. (em 3 e 4) – é indeterminada.
- Algum A é não B = Algum A não é B. 4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B. as três representações possíveis:
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-
versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e
vice-versa).
Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas 3
Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das pro-
A B
posições categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum A é B,
Algum A é B e Algum A não é B, pode-se inferir de imediato
a verdade ou a falsidade de algumas ou de todas as outras.

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

Todo A é B. É falsa. - 20 alunos praticam vôlei e basquete.


Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em - 60 alunos praticam futebol e 55 praticam basquete.
1 e 2 – é indeterminada). - 21 alunos não praticam nem futebol nem vôlei.
Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em - o número de alunos que praticam só futebol é idêntico
1 e 2 – é indeterminada). ao número de alunos que praticam só vôlei.
- 17 alunos praticam futebol e vôlei.
QUESTÕES
- 45 alunos praticam futebol e basquete; 30, entre os 45,
01. Represente por diagrama de Venn-Euler não praticam vôlei.
(A) Algum A é B O número total de alunos do colégio, no atual semestre,
(B) Algum A não é B é igual a:
(C) Todo A é B (A) 93
(D) Nenhum A é B (B) 110
(C) 103
02. (Especialista em Políticas Públicas Bahia - FCC) Con- (D) 99
siderando “todo livro é instrutivo” como uma proposição (E) 114
verdadeira, é correto inferir que:
(A) “Nenhum livro é instrutivo” é uma proposição neces- 07. Numa pesquisa, verificou-se que, das pessoas entre-
sariamente verdadeira. vistadas, 100 liam o jornal X, 150 liam o jornal Y, 20 liam os
(B) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição necessa- dois jornais e 110 não liam nenhum dos dois jornais. Quan-
riamente verdadeira. tas pessoas foram entrevistadas?
(C) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição ver- (A) 220
dadeira ou falsa. (B) 240
(D) “Algum livro é instrutivo” é uma proposição verda- (C) 280
deira ou falsa. (D) 300
(E) “Algum livro não é instrutivo” é uma proposição ne- (E) 340
cessariamente verdadeira.
03. Dos 500 músicos de uma Filarmônica, 240 tocam ins- 08. Em uma entrevista de mercado, verificou-se que
2.000 pessoas usam os produtos C ou D. O produto D é usa-
trumentos de sopro, 160 tocam instrumentos de corda e 60
do por 800 pessoas e 320 pessoas usam os dois produtos ao
tocam esses dois tipos de instrumentos. Quantos músicos
mesmo tempo. Quantas pessoas usam o produto C?
desta Filarmônica tocam:
(A) 1.430
(A) instrumentos de sopro ou de corda? (B) 1.450
(B) somente um dos dois tipos de instrumento? (C) 1.500
(C) instrumentos diferentes dos dois citados? (D) 1.520
(E) 1.600
04. (TTN - ESAF) Se é verdade que “Alguns A são R” e
que “Nenhum G é R”, então é necessariamente verdadeiro
que: 09. Sabe-se que o sangue das pessoas pode ser classifi-
(A) algum A não é G; cado em quatro tipos quanto a antígenos. Em uma pesquisa
(B) algum A é G. efetuada num grupo de 120 pessoas de um hospital, cons-
(C) nenhum A é G; tatou-se que 40 delas têm o antígeno A, 35 têm o antígeno
(D) algum G é A; B e 14 têm o antígeno AB. Com base nesses dados, quantas
pessoas possuem o antígeno O?
(E) nenhum G é A;
(A) 50
(B) 52
05. Em uma classe, há 20 alunos que praticam futebol
(C) 59
mas não praticam vôlei e há 8 alunos que praticam vôlei mas (D) 63
não praticam futebol. O total dos que praticam vôlei é 15. Ao (E) 65
todo, existem 17 alunos que não praticam futebol. O núme-
ro de alunos da classe é: 10. Em uma universidade são lidos dois jornais, A e B.
(A) 30. Exatamente 80% dos alunos leem o jornal A e 60% leem o
(B) 35. jornal B. Sabendo que todo aluno é leitor de pelo menos
(C) 37. um dos jornais, encontre o percentual que leem ambos os
(D) 42. jornais.
(E) 44. (A) 40%
(B) 45%
06. Um colégio oferece a seus alunos a prática de um (C) 50%
ou mais dos seguintes esportes: futebol, basquete e vôlei. (D) 60%
Sabe-se que, no atual semestre: (E) 65%

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

Respostas Com o diagrama completamente preenchido, fica fácil


01. achara as respostas: Quantos músicos desta Filarmônica to-
cam:
(A) a) instrumentos de sopro ou de corda? Pelos dados do
problema: 100 + 60 + 180 = 340
b) somente um dos dois tipos de instrumento? 100 +
180 = 280
c) instrumentos diferentes dos dois citados? 500 - 340
(B) = 160

04. Esta questão traz, no enunciado, duas proposições


categóricas:
- Alguns A são R
(C) - Nenhum G é R
Devemos fazer a representação gráfica de cada uma de-
las por círculos para ajudar-nos a obter a resposta correta.
Vamos iniciar pela representação do Nenhum G é R, que é
(D) dada por dois círculos separados, sem nenhum ponto em
comum.

02. Resposta “B”.

Como já foi visto, não há uma representação gráfica


única para a proposição categórica do Alguns A são R, mas
geralmente a representação em que os dois círculos se inter-
ceptam (mostrada abaixo) tem sido suficiente para resolver
qualquer questão.
A opção A é descartada de pronto: “nenhum livro é ins-
trutivo” implica a total dissociação entre os diagramas. E es-
tamos com a situação inversa. A opção “B” é perfeitamente
correta. Percebam como todos os elementos do diagrama
“livro” estão inseridos no diagrama “instrutivo”. Resta neces-
sariamente perfeito que algum livro é instrutivo.
Agora devemos juntar os desenhos das duas proposi-
03. Seja C o conjunto dos músicos que tocam instru- ções categóricas para analisarmos qual é a alternativa cor-
mentos de corda e S dos que tocam instrumentos de sopro. reta. Como a questão não informa sobre a relação entre os
Chamemos de F o conjunto dos músicos da Filarmônica. Ao conjuntos A e G, então teremos diversas maneiras de repre-
resolver este tipo de problema faça o diagrama, assim você sentar graficamente os três conjuntos (A, G e R). A alterna-
poderá visualizar o problema e sempre comece a preencher tiva correta vai ser aquela que é verdadeira para quaisquer
os dados de dentro para fora. dessas representações. Para facilitar a solução da questão
não faremos todas as representações gráficas possíveis en-
Passo 1: 60 tocam os dois instrumentos, portanto, após tre os três conjuntos, mas sim, uma (ou algumas) represen-
fazermos o diagrama, este número vai no meio. tação(ões) de cada vez e passamos a analisar qual é a al-
Passo 2: ternativa que satisfaz esta(s) representação(ões), se tivermos
a)160 tocam instrumentos de corda. Já temos 60. Os que somente uma alternativa que satisfaça, então já achamos a
só tocam corda são, portanto 160 - 60 = 100 resposta correta, senão, desenhamos mais outra representa-
b) 240 tocam instrumento de sopro. 240 - 60 = 180 ção gráfica possível e passamos a testar somente as alterna-
tivas que foram verdadeiras. Tomemos agora o seguinte de-
Vamos ao diagrama, preenchemos os dados obtidos senho, em que fazemos duas representações, uma em que
acima: o conjunto A intercepta parcialmente o conjunto G, e outra
em que não há intersecção entre eles.

100 60 180

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

Teste das alternativas: Começamos resolvendo pelo que é comum: 20 alunos


Teste da alternativa “A” (algum A não é G). Observando gostam de ler os dois.
os desenhos dos círculos, verificamos que esta alternativa é Leem somente A: 100 – 20 = 80
verdadeira para os dois desenhos de A, isto é, nas duas re- Leem somente B: 150 – 20 = 130
presentações há elementos em A que não estão em G. Pas- Totaliza: 80 + 20 + 130 + 110 = 340 pessoas.
semos para o teste da próxima alternativa. 08. Resposta “D”.
Teste da alternativa “B” (algum A é G). Observando os
A B
desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de
A que está mais a direita, esta alternativa não é verdadeira,
isto é, tem elementos em A que não estão em G. Pelo mes-
1200 320 480
mo motivo a alternativa “D” não é correta. Passemos para a
próxima.
Teste da alternativa “C” (Nenhum A é G). Observando os
Somente B: 800 – 320 = 480
desenhos dos círculos, verificamos que, para o desenho de A
Usam A = total – somente B = 2000 – 480 = 1520.
que está mais a esquerda, esta alternativa não é verdadeira,
isto é, tem elementos em A que estão em G. Pelo mesmo
09. Resposta “C”.
motivo a alternativa “E” não é correta. Portanto, a resposta é
a alternativa “A”. A B
05. Resposta “E”.
+ 59
26 14 21

Começa-se resolvendo pelo AB, então somente A = 40


– 14 = 26 e somente B = 35 – 14 = 21.
Somando-se A, B e AB têm-se 61, então o O são 120 –
n = 20 + 7 + 8 + 9 61 = 59 pessoas.
n = 44
10. Resposta “A”.
06. Resposta “D”. - Jornal A → 0,8 – x
n(FeB) = 45 e n(FeB -V) = 30 → n(FeBeV) = 15 - Jornal B → 0,6 – x
n(FeV) = 17 com n(FeBeV) = 15 → n(FeV - B) = 2 - Intersecção → x
n(F) = n(só F) + n(FeB-V) + n(FeV -B) + n(FeBeV)
60 = n(só F) + 30 + 2 + 15 → n(só F) = 13 Então fica:
n(sóF) = n(sóV) = 13
n(B) = n(só B) + n(BeV) + n(BeF-V) → n(só B) = 65 - 20 (0,8 - x) + (0,6 - x) + x = 1
– 30 = 15 - x + 1,4 = 1
n(nem F nem B nem V) = n(nem F nem V) - n(solo B) = - x = - 0,4
21- 15 = 6 x = 0,4.
Total = n(B) + n(só F) + n(só V) + n(Fe V - B) + n(nemF
Resposta “40% dos alunos leem ambos os jornais”.
nemB nemV) = 65 + 13 + 13 + 2 + 6 = 99.

07. Resposta “E”.

A B

80 20 130 + 110

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conceitos básicos de operação de microcomputadores. Noções básicas de operação de microcomputadores em rede


local. .............................................................................................................................................................................................................................. 01
Operação do sistema operacional Windows 2003, XP, 7, 8 e 10. Uso de arquivos, pastas e operações mais frequentes,
uso de aplicativos e ferramentas. ...................................................................................................................................................................... 23
Operação do editor de textos Word 2003/2010/2013/365: conceitos básicos; principais comandos aplicáveis ao texto;
uso de tabelas, mala direta e ferramentas; impressão de documentos; compartilhamento de documentos; modelos,
temas e estilos; editoração eletrônica; edição de múltiplos documentos. ....................................................................................... 56
Operação da planilha Excel 2003/2010/2013/365: conceitos básicos; digitação e edição de dados; construção de fórmu-
las para cálculos de valores; criação de gráficos; formatação de dados e planilhas. ................................................................... 83
Noções gerais de utilização da Internet e suas ferramentas.................................................................................................................111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

MAINFRAMES
CONCEITOS BÁSICOS DE OPERAÇÃO DE
MICROCOMPUTADORES. NOÇÕES BÁSICAS
DE OPERAÇÃO DE MICROCOMPUTADORES
EM REDE LOCAL.

HISTÓRICO

Os primeiros computadores construídos pelo homem


foram idealizados como máquinas para processar números
(o que conhecemos hoje como calculadoras), porém, tudo
era feito fisicamente.

Existia ainda um problema, porque as máquinas pro-


cessavam os números, faziam operações aritméticas, mas
depois não sabiam o que fazer com o resultado, ou seja,
eram simplesmente máquinas de calcular, não recebiam
instruções diferentes e nem possuíam uma memória. Até
então, os computadores eram utilizados para pouquíssi-
mas funções, como calcular impostos e outras operações.
Os computadores de uso mais abrangente apareceram Os computadores podem ser classificados pelo porte.
logo depois da Segunda Guerra Mundial. Os EUA desen- Basicamente, existem os de grande porte ― mainframes
volveram ― secretamente, durante o período ― o primei- ― e os de pequeno porte ― microcomputadores ― sen-
ro grande computador que calculava trajetórias balísticas. do estes últimos divididos em duas categorias: desktops ou
A partir daí, o computador começou a evoluir num ritmo torres e portáteis (notebooks, laptops, handhelds e smar-
cada vez mais acelerado, até chegar aos dias de hoje. tphones).
Conceitualmente, todos eles realizam funções internas
idênticas, mas em escalas diferentes.
Código Binário, Bit e Byte
Os mainframes se destacam por ter alto poder de pro-
cessamento, muita capacidade de memória e por controlar
O sistema binário (ou código binário) é uma repre-
atividades com grande volume de dados. Seu custo é bas-
sentação numérica na qual qualquer unidade pode ser
tante elevado. São encontrados, geralmente, em bancos,
demonstrada usando-se apenas dois dígitos: 0 e 1. Esta é
grandes empresas e centros de pesquisa.
a única linguagem que os computadores entendem. Cada
um dos dígitos utilizados no sistema binário é chamado de
CLASSIFICAÇÃO DOS COMPUTADORES
Binary Digit (Bit), em português, dígito binário e representa
a menor unidade de informação do computador. A classificação de um computador pode ser feita de
diversas maneiras. Podem ser avaliados:
Os computadores geralmente operam com grupos de • Capacidade de processamento;
bits. Um grupo de oito bits é denominado Byte. Este pode • Velocidade de processamento;
ser usado na representação de caracteres, como uma letra • Capacidade de armazenamento das informações;
(A-Z), um número (0-9) ou outro símbolo qualquer (#, %, • Sofisticação do software disponível e compatibi-
*,?, @), entre outros. lidade;
• Tamanho da memória e tipo de CPU (Central Pro-
Assim como podemos medir distâncias, quilos, tama- cessing Uni), Unidade Central de Processamento.
nhos etc., também podemos medir o tamanho das infor-
mações e a velocidade de processamento dos computa- TIPOS DE MICROCOMPUTADORES
dores. A medida padrão utilizada é o byte e seus múltiplos,
conforme demonstramos na tabela abaixo: Os microcomputadores atendem a uma infinidade de
aplicações. São divididos em duas plataformas: PC (compu-
tadores pessoais) e Macintosh (Apple).
Os dois padrões têm diversos modelos, configurações
e opcionais. Além disso, podemos dividir os microcompu-
tadores em desktops, que são os computadores de mesa,
com uma torre, teclado, mouse e monitor e portáteis, que
podem ser levados a qualquer lugar.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

DESKTOPS Para tentarmos definir o que seja processamento de


dados temos de ver o que existe em comum em todas es-
São os computadores mais comuns. Geralmente dis- tas atividades. Ao analisarmos, podemos perceber que em
põem de teclado, mouse, monitor e gabinete separados todas elas são dadas certas informações iniciais, as quais
fisicamente e não são movidos de lugar frequentemente, chamamos de dados.
uma vez que têm todos os componentes ligados por cabos. E que estes dados foram sujeitos a certas transforma-
São compostos por: ções, com as quais foram obtidas as informações.
• Monitor (vídeo) O processamento de dados sempre envolve três fases
• Teclado essenciais: Entrada de Dados, Processamento e Saída da
• Mouse Informação.
• Gabinete: Placa-mãe, CPU (processador), memó- Para que um sistema de processamento de dados fun-
rias, drives, disco rígido (HD), modem, portas USB etc. cione ao contento, faz-se necessário que três elementos
funcionem em perfeita harmonia, são eles:
PORTÁTEIS
Hardware
Os computadores portáteis possuem todas as partes Hardware é toda a parte física que compõe o sistema
integradas num só conjunto. Mouse, teclado, monitor e de processamento de dados: equipamentos e suprimentos
gabinete em uma única peça. Os computadores portáteis tais como: CPU, disquetes, formulários, impressoras.
começaram a aparecer no início dos anos 80, nos Estados
Unidos e hoje podem ser encontrados nos mais diferen- Software
tes formatos e tamanhos, destinados a diferentes tipos de É toda a parte lógica do sistema de processamento de
operações. dados. Desde os dados que armazenamos no hardware,
até os programas que os processam.
LAPTOPS
Peopleware
Também chamados de notebooks, são computadores Esta é a parte humana do sistema: usuários (aqueles
portáteis, leves e produzidos para serem transportados fa- que usam a informática como um meio para a sua ativi-
cilmente. Os laptops possuem tela, geralmente de Liquid dade fim), programadores e analistas de sistemas (aqueles
Crystal Display (LCD), teclado, mouse (touchpad), disco rí-
que usam a informática como uma atividade fim).
gido, drive de CD/DVD e portas de conexão. Seu nome vem
Embora não pareça, a parte mais complexa de um sis-
da junção das palavras em inglês lap (colo) e top (em cima),
tema de processamento de dados é, sem dúvida o People-
significando “computador que cabe no colo de qualquer
ware, pois por mais moderna que sejam os equipamentos,
pessoa”.
por mais fartos que sejam os suprimentos, e por mais inte-
NETBOOKS ligente que se apresente o software, de nada adiantará se
as pessoas (peopleware) não estiverem devidamente trei-
São computadores portáteis muito parecidos com o nadas a fazer e usar a informática.
notebook, porém, em tamanho reduzido, mais leves, mais O alto e acelerado crescimento tecnológico vem apri-
baratos e não possuem drives de CD/ DVD. morando o hardware, seguido de perto pelo software.
Equipamentos que cabem na palma da mão, softwares que
PDA transformam fantasia em realidade virtual não são mais
novidades. Entretanto ainda temos em nossas empresas
É a abreviação do inglês Personal Digital Assistant e pessoas que sequer tocaram algum dia em um teclado de
também são conhecidos como palmtops. São computado- computador.
res pequenos e, geralmente, não possuem teclado. Para a Mesmo nas mais arrojadas organizações, o relaciona-
entrada de dados, sua tela é sensível ao toque. É um assis- mento entre as pessoas dificulta o trâmite e consequente
tente pessoal com boa quantidade de memória e diversos processamento da informação, sucateando e subutilizando
programas para uso específico. equipamentos e softwares. Isto pode ser vislumbrado, so-
bretudo nas instituições públicas.
SMARTPHONES
POR DENTRO DO GABINETE
São telefones celulares de última geração. Possuem
alta capacidade de processamento, grande potencial de
armazenamento, acesso à Internet, reproduzem músicas,
vídeos e têm outras funcionalidades.

Sistema de Processamento de Dados

Quando falamos em “Processamento de Dados” trata-


mos de uma grande variedade de atividades que ocorre
tanto nas organizações industriais e comerciais, quanto na
vida diária de cada um de nós.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Identificaremos as partes internas do computador, lo- o microcomputador. Durante o processo de inicialização, o


calizadas no gabinete ou torre: BIOS é o responsável pelo reconhecimento dos componen-
tes de hardware instalados, dar o boot, e prover informa-
• Motherboard (placa-mãe) ções básicas para o funcionamento do sistema.
• Processador O BIOS é a camada (vide diagrama 1.1) que viabiliza a
• Memórias utilização de Sistemas Operacionais diferentes (Linux, Unix,
• Fonte de Energia Hurd, BSD, Windows, etc.) no microcomputador. É no BIOS
• Cabos que estão descritos os elementos necessários para ope-
• Drivers racionalizar o Hardware, possibilitando aos diversos S.O.
• Portas de Entrada/Saída acesso aos recursos independe de suas características es-
pecíficas.
MOTHERBOARD (PLACA-MÃE)

É uma das partes mais importantes do computador. A


motherboard é uma placa de circuitos integrados que ser-
ve de suporte para todas as partes do computador. O BIOS é gravado em um chip de memória do tipo
Praticamente, tudo fica conectado à placa-mãe de al- EPROM (Erased Programmable Read Only Memory). É um
guma maneira, seja por cabos ou por meio de barramentos. tipo de memória “não volátil”, isto é, desligando o com-
A placa mãe é desenvolvida para atender às caracte- putador não há a perda das informações (programas) nela
rísticas especificas de famílias de processadores, incluindo contida. O BIOS é contem 2 programas: POST (Power On
até a possibilidade de uso de processadores ainda não Self Test) e SETUP para teste do sistema e configuração dos
lançados, mas que apresentem as mesmas características parâmetros de inicialização, respectivamente, e de funções
previstas na placa. básicas para manipulação do hardware utilizadas pelo Sis-
A placa mãe é determinante quanto aos componentes tema Operacional.
que podem ser utilizados no micro e sobre as possibilida- Quando inicializamos o sistema, um programa chama-
des de upgrade, influenciando diretamente na performan- do POST conta a memória disponível, identifica dispositi-
ce do micro. vos plug-and-play e realiza uma checagem geral dos com-
ponentes instalados, verificando se existe algo de errado
Diversos componentes integram a placa-mãe, como: com algum componente. Após o término desses testes, é
• Chipset emitido um relatório com várias informações sobre o hard-
Denomina-se chipset os circuitos de apoio ao micro- ware instalado no micro. Este relatório é uma maneira fácil
computador que gerenciam praticamente todo o funciona- e rápida de verificar a configuração de um computador.
Para paralisar a imagem tempo suficiente para conseguir
mento da placa-mãe (controle de memória cache, DRAM,
ler as informações, basta pressionar a tecla “pause/break”
controle do buffer de dados, interface com a CPU, etc.).
do teclado.
O chipset é composto internamente de vários outros
Caso seja constatado algum problema durante o POST,
pequenos chips, um para cada função que ele executa. Há serão emitidos sinais sonoros indicando o tipo de erro en-
um chip controlador das interfaces IDE, outro controlador contrado. Por isso, é fundamental a existência de um alto-
das memórias, etc. Existem diversos modelos de chipsets, falante conectado à placa mãe.
cada um com recursos bem diferentes. Atualmente algumas motherboards já utilizam chips de
Devido à complexidade das motherboards, da sofisti- memória com tecnologia flash. Memórias que podem ser
cação dos sistemas operacionais e do crescente aumento atualizadas por software e também não perdem seus da-
do clock, o chipset é o conjunto de CIs (circuitos integra- dos quando o computador é desligado, sem necessidade
dos) mais importante do microcomputador. Fazendo uma de alimentação permanente.
analogia com uma orquestra, enquanto o processador é o As BIOS mais conhecidas são: AMI, Award e Phoenix.
maestro, o chipset seria o resto! 50% dos micros utilizam BIOS AMI.

• BIOS • Memória CMOS

O BIOS (Basic Input Output System), ou sistema básico CMOS (Complementary Metal-Oxide Semicondutor)
de entrada e saída, é a primeira camada de software do é uma memória formada por circuitos integrados de bai-
micro, um pequeno programa que tem a função de “iniciar” xíssimo consumo de energia, onde ficam armazenadas as

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

informações do sistema (setup), acessados no momento por si só: para interagir com o usuário é necessário memó-
do BOOT. Estes dados são atribuídos na montagem do mi- ria, dispositivos de entrada e saída, conversores de sinais,
crocomputador refletindo sua configuração (tipo de win- entre outros.
chester, números e tipo de drives, data e hora, configura- É o processador quem determina a velocidade de pro-
ções gerais, velocidade de memória, etc.) permanecendo cessamento dos dados na máquina. Os primeiros modelos
armazenados na CMOS enquanto houver alimentação da comerciais começaram a surgir no início dos anos 80.
bateria interna. Algumas alterações no hardware (troca e/
ou inclusão de novos componentes) podem implicar na al- • Clock Speed ou Clock Rate
teração de alguns desses parâmetros. É a velocidade pela qual um microprocessador execu-
Muitos desses itens estão diretamente relacionados ta instruções. Quanto mais rápido o clock, mais instruções
com o processador e seu chipset e portanto é recomen- uma CPU pode executar por segundo.
dável usar os valores default sugerido pelo fabricante da Usualmente, a taxa de clock é uma característica fixa do
BIOS. Mudanças nesses parâmetros pode ocasionar o tra- processador. Porém, alguns computadores têm uma “cha-
vamento da máquina, intermitência na operação, mau fun- ve” que permite 2 ou mais diferentes velocidades de clock.
cionamento dos drives e até perda de dados do HD. Isto é útil porque programas desenvolvidos para trabalhar
em uma máquina com alta velocidade de clock podem não
• Slots para módulos de memória trabalhar corretamente em uma máquina com velocidade
Na época dos micros XT e 286, os chips de memória de clock mais lenta, e vice versa. Além disso, alguns com-
eram encaixados (ou até soldados) diretamente na placa ponentes de expansão podem não ser capazes de trabalhar
mãe, um a um. O agrupamento dos chips de memória em a alta velocidade de clock.
módulos (pentes), inicialmente de 30 vias, e depois com 72 Assim como a velocidade de clock, a arquitetura inter-
e 168 vias, permitiu maior versatilidade na composição dos na de um microprocessador tem influência na sua perfor-
bancos de memória de acordo com as necessidades das mance. Dessa forma, 2 CPUs com a mesma velocidade de
aplicações e dos recursos financeiros disponíveis. clock não necessariamente trabalham igualmente. Enquan-
Durante o período de transição para uma nova tecno- to um processador Intel 80286 requer 20 ciclos para multi-
logia é comum encontrar placas mãe com slots para mais plicar 2 números, um Intel 80486 (ou superior) pode fazer
de um modelo. Atualmente as placas estão sendo pro-
o mesmo cálculo em um simples ciclo. Por essa razão, estes
duzidas apenas com módulos de 168 vias, mas algumas
novos processadores poderiam ser 20 vezes mais rápido
comportam memórias de mais de um tipo (não simulta-
que os antigos mesmo se a velocidade de clock fosse a
neamente): SDRAM, Rambus ou DDR-SDRAM.
mesma. Além disso, alguns microprocessadores são supe-
rescalar, o que significa que eles podem executar mais de
• Clock
uma instrução por ciclo.
Relógio interno baseado num cristal de Quartzo que
gera um pulso elétrico. A função do clock é sincronizar to- Como as CPUs, os barramentos de expansão também
dos os circuitos da placa mãe e também os circuitos inter- têm a sua velocidade de clock. Seria ideal que as velocida-
nos do processador para que o sistema trabalhe harmoni- des de clock da CPU e dos barramentos fossem a mesma
camente. para que um componente não deixe o outro mais lento. Na
Estes pulsos elétricos em intervalos regulares são me- prática, a velocidade de clock dos barramentos é mais lenta
didos pela sua frequência cuja unidade é dada em hertz que a velocidade da CPU.
(Hz). 1 MHz é igual a 1 milhão de ciclos por segundo. Nor-
malmente os processadores são referenciados pelo clock • Overclock
ou frequência de operação: Pentium IV 2.8 MHz. Overclock é o aumento da frequência do processador
para que ele trabalhe mais rapidamente.
PROCESSADOR A frequência de operação dos computadores domésti-
cos é determinada por dois fatores:

• A velocidade de operação da placa-mãe, conhecida


também como velocidade de barramento, que nos compu-
tadores Pentium pode ser de 50, 60 e 66 MHz.

• Um multiplicador de clock, criado a partir dos 486


que permite ao processador trabalhar internamente a uma
velocidade maior que a da placa-mãe. Vale lembrar que
os outros periféricos do computador (memória RAM, cache
L2, placa de vídeo, etc.) continuam trabalhando na veloci-
dade de barramento.
Como exemplo, um computador Pentium 166 trabalha
O microprocessador, também conhecido como pro- com velocidade de barramento de 66 MHz e multiplica-
cessador, consiste num circuito integrado construído para dor de 2,5x. Fazendo o cálculo, 66 x 2,5 = 166, ou seja, o
realizar cálculos e operações. Ele é a parte principal do processador trabalha a 166 MHz, mas se comunica com os
computador, mas está longe de ser uma máquina completa demais componentes do micro a 66 MHz.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Tendo um processador Pentium 166 (como o do exem- MEMÓRIAS


plo acima), pode-se fazê-lo trabalhar a 200 MHz, simples-
mente aumentando o multiplicador de clock de 2,5x para
3x. Caso a placa-mãe permita, pode-se usar um barramen-
to de 75 ou até mesmo 83 MHz (algumas placas mais mo-
dernas suportam essa velocidade de barramento). Neste
caso, mantendo o multiplicador de clock de 2,5x, o Pentium
166 poderia trabalhar a 187 MHz (2,5 x 75) ou a 208 MHz
(2,5 x 83). As frequências de barramento e do multiplicador
podem ser alteradas simplesmente através de jumpers de
configuração da placa-mãe, o que torna indispensável o
manual da mesma. O aumento da velocidade de barramen-
to da placa-mãe pode criar problemas caso algum perifé-
rico (como memória RAM, cache L2, etc.) não suporte essa
velocidade. Vamos chamar de memória o que muitos autores de-
nominam memória primária, que é a memória interna do
Quando se faz um overclock, o processador passa a computador, sem a qual ele não funciona.
trabalhar a uma velocidade maior do que ele foi projetado, A memória é formada, geralmente, por chips e é uti-
fazendo com que haja um maior aquecimento do mesmo. lizada para guardar a informação para o processador num
Com isto, reduz-se a vida útil do processador de cerca de determinado momento, por exemplo, quando um progra-
20 para 10 anos (o que não chega a ser um problema já ma está sendo executado.
que os processadores rapidamente se tornam obsoletos). As memórias ROM (Read Only Memory - Memória So-
Esse aquecimento excessivo pode causar também frequen- mente de Leitura) e RAM (Random Access Memory - Me-
tes “crashes” (travamento) do sistema operacional durante mória de Acesso Randômico) ficam localizadas junto à pla-
o seu uso, obrigando o usuário a reiniciar a máquina. ca-mãe. A ROM são chips soldados à placa-mãe, enquanto
Ao fazer o overclock, é indispensável a utilização de um a RAM são “pentes” de memória.
cooler (ventilador que fica sobre o processador para redu-
FONTE DE ENERGIA
zir seu aquecimento) de qualidade e, em alguns casos, uma
pasta térmica especial que é passada diretamente sobre a
superfície do processador.

Atualmente fala-se muito em CORE, seja dual, duo ou


quad, essa denominação refere-se na verdade ao núcleo
do processador, onde fica a ULA (Unidade Aritmética e Ló-
gica). Nos modelos DUAL ou DUO, esse núcleo é duplica-
do, o que proporciona uma execução de duas instruções
efetivamente ao mesmo tempo, embora isto não aconteça
o tempo todo. Basta uma instrução precisar de um dado
gerado por sua “concorrente” que a execução paralela tor- É um aparelho que transforma a corrente de eletricida-
na-se inviável, tendo uma instrução que esperar pelo tér- de alternada (que vem da rua), em corrente contínua, para
mino da outra. Os modelos QUAD CORE possuem o núcleo ser usada nos computadores. Sua função é alimentar todas
quadruplicado. as partes do computador com energia elétrica apropriada
para seu funcionamento.
Esses são os processadores fabricados pela INTEL, em- Fica ligada à placa-mãe e aos outros dispositivos por
presa que foi pioneira nesse tipo de produto. Temos tam- meio de cabos coloridos com conectores nas pontas.
bém alguns concorrentes famosos dessa marca, tais como
CABOS
NEC, Cyrix e AMD; sendo que atualmente apenas essa últi-
ma marca mantém-se fazendo frente aos lançamentos da
INTEL no mercado. Por exemplo, um modelo muito popular
de 386 foi o de 40 MHz, que nunca foi feito pela INTEL, cujo
386 mais veloz era de 33 MHz, esse processador foi obra
da AMD. Desde o lançamento da linha Pentium, a AMD foi
obrigada a criar também novas denominações para seus
processadores, sendo lançados modelos como K5, K6-2,
K7, Duron (fazendo concorrência direta à ideia do Celeron)
e os mais atuais como: Athlon, Turion, Opteron e Phenom.

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos encontrar diferentes tipos de cabos dentro MEMÓRIAS E DISPOSITIVOS


do gabinete: podem ser de energia ou de dados e co- DE ARMAZENAMENTO
nectam dispositivos, como discos rígidos, drives de CDs e
DVDs, LEDs (luzes), botão liga/desliga, entre outros, à pla- Memórias
ca-mãe.
Os tipos de cabos encontrados dentro do PC são: IDE, Memória ROM
SATA, SATA2, energia e som.

DRIVERS

No microcomputador também se encontram as me-


mórias definidas como dispositivos eletrônicos respon-
São dispositivos de suporte para mídias - fixas ou re- sáveis pelo armazenamento de informações e instruções
movíveis - de armazenamento de dados, nos quais a in- utilizadas pelo computador.
formação é gravada por meio digital, ótico, magnético ou Read Only Memory (ROM) é um tipo de memória em
mecânico.
que os dados não se perdem quando o computador é des-
Hoje, os tipos mais comuns são o disco rígido ou HD,
ligado. Este tipo de memória é ideal para guardar dados
os drives de CD/DVD e o pen drive. Os computadores mais
da BIOS (Basic Input/Output System - Sistema Básico de
antigos ainda apresentam drives de disquetes, que são
Entrada/Saída) da placa-mãe e outros dispositivos.
bem pouco usados devido à baixa capacidade de armaze-
namento. Todos os drives são ligados ao computador por
Os tipos de ROM usados atualmente são:
meio de cabos.

PORTAS DE ENTRADA/SAÍDA • Electrically-Erasable Programmable Read-Only


Memory (Eeprom)
É um tipo de PROM que pode ser apagada simples-
mente com uma carga elétrica, podendo ser, posterior-
mente, gravada com novos dados. Depois da NVRAM é o
tipo de memória ROM mais utilizado atualmente.

• Non-Volatile Random Access Memory (Nvram)

Também conhecida como flash RAM ou memória flash,


a NVRAM é um tipo de memória RAM que não perde os
dados quando desligada. Este tipo de memória é o mais
usado atualmente para armazenar os dados da BIOS, não
só da placa-mãe, mas de vários outros dispositivos, como
modems, gravadores de CD-ROM etc.
É justamente o fato do BIOS da placa-mãe ser gravado
São as portas do computador nas quais se conectam em memória flash que permite realizarmos upgrades de
todos os periféricos. São utilizadas para entrada e saída de BIOS. Na verdade essa não é exatamente uma memória
dados. Os computadores de hoje apresentam normalmen- ROM, já que pode ser reescrita, mas a substitui com van-
te as portas USB, VGA, FireWire, HDMI, Ethernet e Modem. tagens.
Veja alguns exemplos de dispositivos ligados ao com-
putador por meio dessas Portas: modem, monitor, pen dri- • Programmable Read-Only Memory (Prom)
ve, HD externo, scanner, impressora, microfone, Caixas de É um tipo de memória ROM, fabricada em branco, sen-
som, mouse, teclado etc. do programada posteriormente. Uma vez gravados os da-
Obs.: são dignas de citação portas ainda bastante dos, eles não podem ser alterados. Este tipo de memória é
usadas, como as portas paralelas (impressoras e scan- usado em vários dispositivos, assim como em placas-mãe
ners) e as portas PS/2(mouses e teclados). antigas.

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Memoria RAM DISPOSITIVOS DE ARMAZENAMENTO

Disco Rígido (HD)

Random Access Memory (RAM) - Memória de acesso


aleatório onde são armazenados dados em tempo de pro-
cessamento, isto é, enquanto o computador está ligado e,
também, todas as informações que estiverem sendo exe-
cutadas, pois essa memória é mantida por pulsos elétricos.
Todo conteúdo dela é apagado ao desligar-se a máquina, O disco rígido é popularmente conhecido como HD
por isso é chamada também de volátil. (Hard Disk Drive - HDD) e é comum ser chamado, também,
O módulo de memória é um componente adicionado à de memória, mas ao contrário da memória RAM, quando o
placa-mãe. É composto de uma série de pequenos circui- computador é desligado, não perde as informações.
tos integrados, chamados chip de RAM. A memória pode O disco rígido é, na verdade, o único dispositivo para
ser aumentada, de acordo com o tipo de equipamento ou armazenamento de informações indispensável ao funcio-
das necessidades do usuário. O local onde os chips de me- namento do computador. É nele que ficam guardados to-
mória são instalados chama-se SLOT de memória. dos os dados e arquivos, incluindo o sistema operacional.
A memória ganhou melhor desempenho com versões Geralmente é ligado à placa-mãe por meio de um cabo,
mais poderosas, como DRAM (Dynamic RAM - RAM dinâ- que pode ser padrão IDE, SATA ou SATA2.
mica), EDO (Extended Data Out - Saída Estendida Dados),
entre outras, que proporcionam um aumento no desempe- HD Externo
nho de 10% a 30% em comparação à RAM tradicional. Hoje,
as memórias mais utilizadas são do tipo DDR2 e DDR3.

Memória Cache

Os HDs externos são discos rígidos portáteis com alta


capacidade de armazenamento, chegando facilmente à
casa dos Terabytes. Eles, normalmente, funcionam a partir
de qualquer entrada USB do computador.

As grandes vantagens destes dispositivos são:


A memória cache é um tipo de memória de acesso • Alta capacidade de armazenamento;
rápido utilizada, exclusivamente, para armazenamento de • Facilidade de instalação;
dados que provavelmente serão usados novamente. • Mobilidade, ou seja, pode-se levá-lo para qual-
Quando executamos algum programa, por exemplo, quer lugar sem necessidade de abrir o computador.
parte das instruções fica guardada nesta memória para CD, CD-R e CD-RW
que, caso posteriormente seja necessário abrir o programa
novamente, sua execução seja mais rápida. O Compact Disc (CD) foi criado no começo da década
Atualmente, a memória cache já é estendida a outros de 80 e é hoje um dos meios mais populares de armazenar
dispositivos, a fim de acelerar o processo de acesso aos dados digitalmente.
dados. Os processadores e os HDs, por exemplo, já utilizam Sua composição é geralmente formada por quatro ca-
este tipo de armazenamento. madas:

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Uma camada de policarbonato (espécie de plásti- Pen Drive


co), onde ficam armazenados os dados
• Uma camada refletiva metálica, com a finalidade
de refletir o laser
• Uma camada de acrílico, para proteger os dados
• Uma camada superficial, onde são impressos os
rótulos
Na camada de gravação existe uma grande espiral que
tem um relevo de partes planas e partes baixas que repre-
É um dispositivo de armazenamento de dados em me-
sentam os bits. Um feixe de laser “lê” o relevo e converte a
mória flash e conecta-se ao computador por uma porta
informação. Temos hoje, no mercado, três tipos principais
USB. Ele combina diversas tecnologias antigas com baixo
de CDs: custo, baixo consumo de energia e tamanho reduzido, gra-
ças aos avanços nos microprocessadores. Funciona, ba-
1. CD comercial sicamente, como um HD externo e quando conectado ao
(que já vem gravado com música ou dados) computador pode ser visualizado como um drive. O pen
drive também é conhecido como thumbdrive (por ter o ta-
2. CD-R manho aproximado de um dedo polegar - thumb), flashdri-
(que vem vazio e pode ser gravado uma única vez) ve (por usar uma memória flash) ou, ainda, disco removível.
Ele tem a mesma função dos antigos disquetes e dos
3. CD-RW CDs, ou seja, armazenar dados para serem transportados,
(que pode ter seus dados apagados e regravados) porém, com uma capacidade maior, chegando a 256 GB.
Atualmente, a capacidade dos CDs é armazenar cerca
de 700 MB ou 80 minutos de música. Cartão de Memória

DVD, DVD-R e DVD-RW

O Digital Vídeo Disc ou Digital Versatille Disc (DVD) é


hoje o formato mais comum para armazenamento de vídeo
digital. Foi inventado no final dos anos 90, mas só se popu-
larizou depois do ano 2000. Assim como o CD, é composto
por quatro camadas, com a diferença de que o feixe de
laser que lê e grava as informações é menor, possibilitando Assim como o pen drive, o cartão de memória é um
uma espiral maior no disco, o que proporciona maior capa- tipo de dispositivo de armazenamento de dados com me-
cidade de armazenamento. mória flash, muito encontrado em máquinas fotográficas
Também possui as versões DVD-R e DVD-RW, sendo digitais e aparelhos celulares smartphones.
R de gravação única e RW que possibilita a regravação de Nas máquinas digitais registra as imagens capturadas
dados. A capacidade dos DVDs é de 120 minutos de vídeo e nos telefones é utilizado para armazenar vídeos, fotos,
ou 4,7 GB de dados, existindo ainda um tipo de DVD cha- ringtones, endereços, números de telefone etc.
mado Dual Layer, que contém duas camadas de gravação, O cartão de memória funciona, basicamente, como o
cuja capacidade de armazenamento chega a 8,5 GB. pen drive, mas, ao contrário dele, nem sempre fica aparen-
te no dispositivo e é bem mais compacto.
Blu-Ray Os formatos mais conhecidos são:
• Memory Stick Duo
O Blu-Ray é o sucessor do DVD. Sua capacidade varia • SD (Secure Digital Card)
• Mini SD
entre 25 e 50 GB. O de maior capacidade contém duas
• Micro SD
camadas de gravação.
Seu processo de fabricação segue os padrões do CD
OS PERIFÉRICOS
e DVD comuns, com a diferença de que o feixe de laser Os periféricos são partes extremamente importantes
usado para leitura é ainda menor que o do DVD, o que dos computadores. São eles que, muitas vezes, definem
possibilita armazenagem maior de dados no disco. sua aplicação.
O nome do disco refere-se à cor do feixe de luz do lei-
tor ótico que, na verdade, para o olho humano, apresenta Entrada
uma cor violeta azulada. O “e” da palavra blue (azul) foi São dispositivos que possuem a função de inserir da-
retirado do nome por fins jurídicos, já que muitos países dos ao computador, por exemplo: teclado, scanner, cane-
não permitem que se registre comercialmente uma palavra ta óptica, leitor de código de barras, mesa digitalizadora,
comum. O Blu-Ray foi introduzido no mercado no ano de mouse, microfone, joystick, CD-ROM, DVD-ROM, câmera
2006. fotográfica digital, câmera de vídeo, webcam etc.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mouse Câmera Digital

É utilizado para selecionar operações dentro de uma


tela apresentada. Seu movimento controla a posição do
cursor na tela e apenas clicando (pressionando) um dos
botões sobre o que você precisa, rapidamente a operação
estará definida. Câmera fotográfica moderna que não usa mais filmes
O mouse surgiu com o ambiente gráfico das famílias fotográficos. As imagens são capturadas e gravadas numa
Macintosh e Windows, tornando-se indispensável para a memória interna ou, ainda, mais comumente, em cartões
utilização do microcomputador. de memória.
O formato de arquivo padrão para armazenar as fotos
Touchpad é o JPEG (.jpg) e elas podem ser transferidas ao compu-
tador por meio de um cabo ou, nos computadores mais
modernos, colocando-se o cartão de memória diretamente
no leitor.

Câmeras de Vídeo

Existem alguns modelos diferentes de mouse para no-


tebooks, como o touchpad, que é um item de fábrica na As câmeras de vídeo, além de utilizadas no lazer, são
maioria deles. também aplicadas no trabalho de multimídia. As câmeras
É uma pequena superfície sensível ao toque e tem a de vídeo digitais ligam-se ao microcomputador por meio
mesma funcionalidade do mouse. Para movimentar o cur- de cabos de conexão e permitem levar a ele as imagens em
sor na tela, passa-se o dedo levemente sobre a área do movimento e alterá-las utilizando um programa de edição
touchpad. de imagens. Existe, ainda, a possibilidade de transmitir as
imagens por meio de placas de captura de vídeo, que po-
Teclado dem funcionar interna ou externamente no computador.

É o periférico mais conhecido e utilizado para entrada


de dados no computador.
Acompanha o PC desde suas primeiras versões e foi
pouco alterado. Possui teclas representando letras, núme-
ros e símbolos, bem como teclas com funções específicas
(F1... F12, ESC etc.).

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Scanner de serem transmitidas a outro computador via Internet, ou


seja, não podem gerar um arquivo muito grande, para que
possam ser transmitidas mais rapidamente.
Hoje, muitos sites e programas possuem chats (bate
-papo) com suporte para webcam. Os participantes podem
conversar e visualizar a imagem um do outro enquanto
conversam. Nos laptops e notebooks mais modernos, a câ-
mera já vem integrada ao computador.

Saída

São dispositivos utilizados para saída de dados do


computador, por exemplo: monitor, impressora, projetor,
caixa de som etc.
É um dispositivo utilizado para interpretar e enviar à Monitor
memória do computador uma imagem desenhada, pintada
ou fotografada. Ele é formado por minúsculos sensores fo- É um dispositivo físico (semelhante a uma televisão)
toelétricos, geralmente distribuídos de forma linear. Cada que tem a função de exibir a saída de dados.
linha da imagem é percorrida por um feixe de luz. Ao mes- A qualidade do que é mostrado na tela depende da re-
mo tempo, os sensores varrem (percorrem) esse espaço e solução do monitor, designada pelos pontos (pixels - Picture
armazenam a quantidade de luz refletida por cada um dos Elements), que podem ser representados na sua superfície.
pontos da linha. Todas as imagens que você vê na tela são compostas
A princípio, essas informações são convertidas em car- de centenas (ou milhares) de pontos gráficos (ou pixels).
gas elétricas que, depois, ainda no scanner, são transforma- Quanto mais pixels, maior a resolução e mais detalhada
das em valores numéricos. O computador decodifica esses será a imagem na tela. Uma resolução de 640 x 480 signi-
números, armazena-os e pode transformá-los novamente fica 640 pixels por linha e 480 linhas na tela, resultando em
em imagem. Após a imagem ser convertida para a tela, 307.200 pixels.
pode ser gravada e impressa como qualquer outro arquivo. A placa gráfica permite que as informações saiam do
computador e sejam apresentadas no monitor. A placa
Existem scanners que funcionam apenas em preto e
determina quantas cores você verá e qual a qualidade dos
branco e outros, que reproduzem cores. No primeiro caso, gráficos e imagens apresentadas.
os sensores passam apenas uma vez por cada ponto da Os primeiros monitores eram monocromáticos, ou
imagem. Os aparelhos de fax possuem um scanner desse seja, apresentavam apenas uma cor e suas tonalidades,
tipo para captar o documento. Para capturar as cores é pre- mostrando os textos em branco ou verde sobre um fun-
ciso varrer a imagem três vezes: uma registra o verde, outra do preto. Depois, surgiram os policromáticos, trabalhando
o vermelho e outra o azul. com várias cores e suas tonalidades.
Há aparelhos que produzem imagens com maior ou A tecnologia utilizada nos monitores também tem
menor definição. Isso é determinado pelo número de pon- acompanhado o mercado de informática. Procurou-se re-
tos por polegada (ppp) que os sensores fotoelétricos po- duzir o consumo de energia e a emissão de radiação eletro-
dem ler. As capacidades variam de 300 a 4800 ppp. Alguns magnética. Outras inovações, como controles digitais, tela
modelos contam, ainda, com softwares de reconhecimento plana e recursos multimídia contribuíram nas mudanças.
de escrita, denominados OCR. Nos desktops mais antigos, utilizava-se a Catodic Rays
Hoje em dia, existem diversos tipos de utilização para Tube (CRT), que usava o tubo de cinescópio (o mesmo
os scanners, que podem ser encontrados até nos caixas de princípio da TV), em que um canhão dispara por trás o fei-
supermercados, para ler os códigos de barras dos produtos xe de luz e a imagem é mostrada no vídeo. Uma grande
vendidos. evolução foi o surgimento de uma tela especial, a Liquid
Crystal Display (LCD) - Tela de Cristal Líquido.
A tecnologia LCD troca o tubo de cinescópio por mi-
Webcam
núsculos cristais líquidos na formação dos feixes de luz até
a montagem dos pixels. Com este recurso, pode-se aumen-
tar a área útil da tela.
Os monitores LCD permitem qualidade na visibilidade
da imagem - dependendo do tipo de tela ― que pode ser:
• Matriz ativa: maior contraste, nitidez e amplo cam-
po de visão
• Matriz passiva: menor tempo de resposta nos mo-
vimentos de vídeo
Além do CRT e do LCD, uma nova tecnologia esta ga-
É uma câmera de vídeo que capta imagens e as trans- nhando força no mercado, o LED. A principal diferença en-
fere instantaneamente para o computador. A maioria delas tre LED x LCD está diretamente ligado à tela. Em vez de
não tem alta resolução, já que as imagens têm a finalidade células de cristal líquido, os LED possuem diodos emissores

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

de luz (Light Emitting Diode) que fornecem o conjunto de As impressoras a laser apresentam elevada qualidade
luzes básicas (verde, vermelho e azul). Eles não aquecem de impressão, aliada a uma velocidade muito superior. Uti-
para emitir luz e não precisam de uma luz branca por trás, lizam folhas avulsas e são bastante silenciosas.
o que permite iluminar apenas os pontos necessários na Possuem fontes internas e também aceitam fontes via
tela. Como resultado, ele consume até 40% menos energia. software (dependendo da quantidade de memória). Algu-
A definição de cores também é superior, principalmen- mas possuem um recurso que ajusta automaticamente as
te do preto, que possui fidelidade não encontrada em ne- configurações de cor, eliminando a falta de precisão na im-
nhuma das demais tecnologias disponíveis no mercado. pressão colorida, podendo atingir uma resolução de 1.200
Sem todo o aparato que o LCD precisa por trás, o LED dpi (dots per inch - pontos por polegada).
também pode ser mais fina, podendo chegar a apenas uma
polegada de espessura. Isso resultado num monitor de de- Impressora a Cera
sign mais agradável e bem mais leve. Categoria de impressora criada para ter cor no impres-
Ainda é possível encontrar monitores CRT (que usavam so com qualidade de laser, porém o custo elevado de ma-
o tubo de cinescópio), mas os fabricantes, no entanto, não nutenção aliado ao surgimento da laser colorida fizeram
deram continuidade à produção dos equipamentos com essa tecnologia ser esquecida. A ideia aqui é usar uma su-
tubo de imagem. blimação de cera (aquela do lápis de cera) para fazer im-
Os primeiros monitores tinham um tamanho de, geral- pressão.
mente, 13 ou 14 polegadas. Com profissionais trabalhando
com imagens, cores, movimentos e animações multimídia, Plotters
sentiu-se a necessidade de produzir telas maiores.
Hoje, os monitores são vendidos nos mais diferentes
formatos e tamanhos. As televisões mais modernas apre-
sentam uma entrada VGA ou HDMI, para que computado-
res sejam conectados a elas.

Impressora Jato de Tinta

Outro dispositivo utilizado para impressão é a plotter,


Atualmente, as impressoras a jato de tinta ou inkjet que é uma impressora destinada a imprimir desenhos em
(como também são chamadas), são as mais populares do grandes dimensões, com elevada qualidade e rigor, como
mercado. Silenciosas, elas oferecem qualidade de impres- plantas arquitetônicas, mapas cartográficos, projetos de
são e eficiência. engenharia e grafismo, ou seja, a impressora plotter é des-
A impressora jato de tinta forma imagens lançando a tinada às artes gráficas, editoração eletrônica e áreas de
tinta diretamente sobre o papel, produzindo os caracteres CAD/CAM.
como se fossem contínuos. Imprime sobre papéis espe- Vários modelos de impressora plotter têm resolução
ciais e transparências e são bastante versáteis. Possuem de 300 dpi, mas alguns podem chegar a 1.200 pontos por
fontes (tipos de letras) internas e aceitam fontes via soft- polegada, permitindo imprimir, aproximadamente, 20 pá-
ware. Também preparam documentos em preto e branco ginas por minuto (no padrão de papel utilizado em impres-
e possuem cartuchos de tinta independentes, um preto e soras a laser).
outro colorido. Existe a plotter que imprime materiais coloridos com
largura de até três metros (são usadas em empresas que
Impressora Laser imprimem grandes volumes e utilizam vários formatos de
papel).
Projetor

É um equipamento muito utilizado em apresentações


multimídia.
Antigamente, as informações de uma apresentação
eram impressas em transparências e ampliadas num retro-
projetor, mas, com o avanço tecnológico, os projetores têm
auxiliado muito nesta área.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando conectados ao computador, esses equipa- • Reset - Inicializa todos os módulos


mentos reproduzem o que está na tela do computador em Todo barramento é implementado seguindo um con-
dimensões ampliadas, para que várias pessoas vejam ao junto de regras de comunicação entre dispositivos conhe-
mesmo tempo. cido como BUS STANDARD, ou simplesmente PROTOCOLO
DE BARRAMENTO, que vem a ser um padrão que qualquer
Entrada/Saída dispositivo que queira ser compatível com este barramento
São dispositivos que possuem tanto a função de inse- deva compreender e respeitar. Mas um ponto sempre é
rir dados, quanto servir de saída de dados. Exemplos: pen certeza: todo dispositivo deve ser único no acesso ao bar-
drive, modem, CD-RW, DVD-RW, tela sensível ao toque, ramento, porque os dados trafegam por toda a extensão
impressora multifuncional, etc. da placa-mãe ou de qualquer outra placa e uma mistura de
dados seria o caos para o funcionamento do computador.
IMPORTANTE: A impressora multifuncional pode ser
classificada como periférico de Entrada/Saída, pois sua Os barramentos têm como principais vantagens o fato
principal característica é a de realizar os papeis de impres- de ser o mesmo conjunto de fios que é usado para todos os
sora (Saída) e scanner (Entrada) no mesmo dispositivo. periféricos, o que barateia o projeto do computador. Outro
ponto positivo é a versatilidade, tendo em vista que toda
BARRAMENTOS – CONCEITOS GERAIS placa sempre tem alguns slots livres para a conexão de no-
vas placas que expandem as possibilidades do sistema.
Os barramentos, conhecidos como BUS em inglês, são A grande desvantagem dessa idéia é o surgimento de
conjuntos de fios que normalmente estão presentes em to- engarrafamentos pelo uso da mesma via por muitos perifé-
das as placas do computador. ricos, o que vem a prejudicar a vazão de dados (troughput).
Na verdade existe barramento em todas as placas de
produtos eletrônicos, porém em outros aparelhos os téc- Dispositivos conectados ao barramento
nicos referem-se aos barramentos simplesmente como o
“impresso da placa”. • Ativos ou Mestres - dispositivos que comandam o
Barramento é um conjunto de 50 a 100 fios que fazem acesso ao barramento para leitura ou escrita de dados
a comunicação entre todos os dispositivos do computador:
UCP, memória, dispositivos de entrada e saída e outros. Os • Passivos ou Escravos - dispositivos que simplesmente
sinais típicos encontrados no barramento são: dados, clock, obedecem à requisição do mestre.
endereços e controle. Exemplo:
Os dados trafegam por motivos claros de necessidade - CPU ordena que o controlador de disco leia ou escre-
de serem levados às mais diversas porções do computador. va um bloco de dados.
Os endereços estão presentes para indicar a localiza- A CPU é o mestre e o controlador de disco é o escravo.
ção para onde os dados vão ou vêm.
O clock trafega nos barramentos conhecidos como sín- Barramentos Comerciais
cronos, pois os dispositivos são obrigados a seguir uma
sincronia de tempo para se comunicarem. Serão listados aqui alguns barramentos que foram e
O controle existe para informar aos dispositivos en- alguns que ainda são bastante usados comercialmente.
volvidos na transmissão do barramento se a operação em
curso é de escrita, leitura, reset ou outra qualquer. Alguns ISA – Industry Standard Architeture
sinais de controle são bastante comuns:

• Memory Write - Causa a escrita de dados do barra-


mento de dados no endereço especificado no barramento
de endereços.

• Memory Read - Causa dados de um dado endereço


especificado pelo barramento de endereço a ser posto no
barramento de dados.

• I/O Write - Causa dados no barramento de dados se-


rem enviados para uma porta de saída (dispositivo de I/O).

• I/O Read - Causa a leitura de dados de um dispositivo Foi lançado em 1984 pela IBM para suportar o novo
de I/O, os quais serão colocados no barramento de dados. PC-AT. Tornou-se, de imediato, o padrão de todos os PC-
compatíveis. Era um barramento único para todos os com-
• Bus request - Indica que um módulo pede controle ponentes do computador, operando com largura de 16 bits
do barramento do sistema. e com clock de 8 MHz.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

PCI – Peripheral Components Interconnect Esse barramento permite que uma placa controladora
gráfica AGP substitua a placa gráfica no barramento PCI.
O Chip controlador AGP substitui o controlador de E/S do
barramento PCI. O novo conjunto AGP continua com fun-
ções herdadas do PCI. O conjunto faz a transferência de
dados entre memória, o processador e o controlador ISA,
tudo, simultaneamente.
Permite acesso direto mais rápido à memória. Pela por-
ta gráfica aceleradora, a placa tem acesso direto à RAM,
eliminando a necessidade de uma VRAM (vídeo RAM) na
própria placa para armazenar grandes arquivos de bits
como mapas e textura.
O uso desse barramento iniciou-se através de placas-
mãe que usavam o chipset i440LX, da Intel, já que esse
chipset foi o primeiro a ter suporte ao AGP. A principal van-
tagem desse barramento é o uso de uma maior quantidade
de memória para armazenamento de texturas para objetos
tridimensionais, além da alta velocidade no acesso a essas
PCI é um barramento síncrono de alta performance, texturas para aplicação na tela.
indicado como mecanismo entre controladores altamen- O primeiro AGP (1X) trabalhava a 133 MHz, o que pro-
te integrados, plug-in placas, sistemas de processadores/ porciona uma velocidade 4 vezes maior que o PCI. Além
memória. disso, sua taxa de transferência chegava a 266 MB por se-
Foi o primeiro barramento a incorporar o conceito plu- gundo quando operando no esquema de velocidade X1, e
g-and-play. a 532 MB quando no esquema de velocidade 2X. Existem
Seu lançamento foi em 1993, em conjunto com o pro- também as versões 4X, 8X e 16X. Geralmente, só se en-
cessador PENTIUM da Intel. Assim o novo processador contra um único slot nas placas-mãe, visto que o AGP só
realmente foi revolucionário, pois chegou com uma série interessa às placas de vídeo.
de inovações e um novo barramento. O PCI foi definido
com o objetivo primário de estabelecer um padrão da in- PCI Express
dústria e uma arquitetura de barramento que ofereça baixo
custo e permita diferenciações na implementação.

Componente PCI ou PCI master


Funciona como uma ponte entre processador e barra-
mento PCI, no qual dispositivos add-in com interface PCI
estão conectados.

- Add-in cards interface


Possuem dispositivos que usam o protocolo PCI. São
gerenciados pelo PCI master e são totalmente programá-
veis.

AGP – Advanced Graphics Port


Na busca de uma solução para algumas limitações dos
barramentos AGP e PCI, a indústria de tecnologia trabalha
no barramento PCI Express, cujo nome inicial era 3GIO. Tra-
ta-se de um padrão que proporciona altas taxas de transfe-
rência de dados entre o computador em si e um dispositivo,
por exemplo, entre a placa-mãe e uma placa de vídeo 3D.
A tecnologia PCI Express conta com um recurso que
permite o uso de uma ou mais conexões seriais, também
chamados de lanes para transferência de dados. Se um
determinado dispositivo usa um caminho, então diz-se que
esse utiliza o barramento PCI Express 1X; se utiliza 4 lanes ,
sua denominação é PCI Express 4X e assim por diante. Cada
lane pode ser bidirecional, ou seja, recebe e envia dados.
Cada conexão usada no PCI Express trabalha com 8 bits
por vez, sendo 4 em cada direção. A freqüência usada é
de 2,5 GHz, mas esse valor pode variar. Assim sendo, o PCI

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Express 1X consegue trabalhar com taxas de 250 MB por Interface Serial


segundo, um valor bem maior que os 132 MB do padrão
PCI. Esse barramento trabalha com até 16X, o equivalente Conhecida por seu uso em mouse e modems, esta in-
a 4000 MB por segundo. A tabela abaixo mostra os valores terface no passado já conectou até impressoras. Sua carac-
das taxas do PCI Express comparadas às taxas do padrão terística fundamental é que os bits trafegam em fila, um
AGP: por vez, isso torna a comunicação mais lenta, porém o cabo
do dispositivo pode ser mais longo, alguns chegam até a
10 metros de comprimento. Isso é útil para usar uma baru-
AGP PCI Express
lhenta impressora matricial em uma sala separada daquela
onde o trabalho acontece.
AGP 1X: 266 MB por PCI Express 1X: 250 MB As velocidades de comunicação dessa interface variam
segundo por segundo de 25 bps até 57.700 bps (modems mais recentes). Na par-
te externa do gabinete, essas interfaces são representadas
AGP 4X: 1064 MB por PCI Express 2X: 500 MB por conectores DB-9 ou DB-25 machos.
segundo por segundo

AGP 8X: 2128 MB por PCI Express 8X: 2000 MB


segundo por segundo

PCI Express 16X: 4000 MB


 
por segundo

É importante frisar que o padrão 1X foi pouco utilizado


e, devido a isso, há empresas que chamam o PC I Express
2X de PCI Express 1X.
Assim sendo, o padrão PCI Express 1X pode represen-
tar também taxas de transferência de dados de 500 MB por
segundo.
A Intel é uma das grandes precursoras de inovações
tecnológicas. Interface Paralela
No início de 2001, em um evento próprio, a empresa
mostrou a necessidade de criação de uma tecnologia capaz Criada para ser uma opção ágil em relação à serial, essa
de substituir o padrão PCI: tratava-se do 3GIO (Third Ge- interface transmite um byte de cada vez. Devido aos 8 bits
neration I/O – 3ª geração de Entrada e Saída). Em agosto em paralelo existe um RISCo de interferência na corrente
desse mesmo ano, um grupo de empresas chamado de elétrica dos condutores que formam o cabo. Por esse moti-
PCI-SIG (composto por companhias como IBM, AMD vo os cabos de comunicação desta interface são mais cur-
e Microsoft) aprovou as primeiras especificações do 3GIO. tos, normalmente funcionam muito bem até a distância de
Entre os quesitos levantados nessas especificações, 1,5 metro, embora exista no mercado cabos paralelos de
estão os que se seguem: suporte ao barramento PCI, pos- até 3 metros de comprimento. A velocidade de transmissão
sibilidade de uso de mais de uma lane, suporte a outros
desta porta chega até a 1,2 MB por segundo.
tipos de conexão de plataformas, melhor gerenciamento
Nos gabinetes dos computadores essa porta é encon-
de energia, melhor proteção contra erros, entre outros.
trada na forma de conectores DB-25 fêmeas. Nas impres-
soras, normalmente, os conectores paralelos são conheci-
Esse barramento é fortemente voltado para uso em
subsistemas de vídeo. dos como interface centronics.

Interfaces – Barramentos Externos

Os barramentos circulam dentro do computador, co-


brem toda a extensão da placa-mãe e servem para co-
nectar as placas menores especializadas em determinadas
tarefas do computador. Mas os dispositivos periféricos
precisam comunicarem-se com a UCP, para isso, historica-
mente foram desenvolvidas algumas soluções de conexão
tais como: serial, paralela, USB e Firewire. Passando ainda
por algumas soluções proprietárias, ou seja, que somente
funcionavam com determinado periférico e de determina-
do fabricante.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

USB – Universal Serial Bus É claro que o USB 3.0 também possui as caracterís-
ticas que fizeram as versões anteriores tão bem aceitas,
A tecnologia USB surgiu no ano de 1994 e, desde en- como Plug and Play (plugar e usar), possibilidade de co-
tão, foi passando por várias revisões. As mais populares são nexão de mais de um dispositivo na mesma porta, hot-s-
as versões 1.1 e 2.0, sendo esta última ainda bastante utili- wappable (capacidade de conectar e desconectar disposi-
zada. A primeira é capaz de alcançar, no máximo, taxas de tivos sem a necessidade de desligá-los) e compatibilidade
transmissão de 12 Mb/s (megabits por segundo), enquanto com dispositivos nos padrões anteriores.
que a segunda pode oferecer até 480 Mb/s.
Como se percebe, o USB 2.0 consegue ser bem rápido, Conectores USB 3.0
afinal, 480 Mb/s correspondem a cerca de 60 megabytes Outro aspecto no qual o padrão USB 3.0 difere do 2.0
por segundo. No entanto, acredite, a evolução da tecno- diz respeito ao conector. Os conectores de ambos são bas-
logia acaba fazendo com que velocidades muito maiores tante parecidos, mas não são iguais.
sejam necessárias.
Conector USB 3.0 A
Não é difícil entender o porquê: o número de conexões
Como você verá mais adiante, os cabos da tecnologia
à internet de alta velocidade cresce rapidamente, o que faz
USB 3.0 são compostos por nove fios, enquanto que os
com que as pessoas queiram consumir, por exemplo, ví-
cabos USB 2.0 utilizam apenas 4. Isso acontece para que
deos, músicas, fotos e jogos em alta definição. Some a isso
o padrão novo possa suportar maiores taxas de transmis-
ao fato de ser cada vez mais comum o surgimento de dis- são de dados. Assim, os conectores do USB 3.0 possuem
positivos como smartphones e câmeras digitais que aten- contatos para estes fios adicionais na parte do fundo. Caso
dem a essas necessidades. A consequência não poderia ser um dispositivo USB 2.0 seja utilizado, este usará apenas os
outra: grandes volumes de dados nas mãos de um número contatos da parte frontal do conector. As imagens a seguir
cada vez maior de pessoas. mostram um conector USB 3.0 do tipo A:
Com suas especificações finais anunciadas em novem-
bro de 2008, o USB 3.0 surgiu para dar conta desta e da
demanda que está por vir. É isso ou é perder espaço para
tecnologias como o FireWire ou Thunderbolt, por exem-
plo. Para isso, o USB 3.0 tem como principal característica
a capacidade de oferecer taxas de transferência de dados
de até 4,8 Gb/s (gigabits por segundo). Mas não é só isso...

O que é USB 3.0?

Como você viu no tópico acima, o USB 3.0 surgiu por-


que o padrão precisou evoluir para atender novas neces-
sidades. Mas, no que consiste exatamente esta evolução?
O que o USB 3.0 tem de diferente do USB 2.0? A principal
característica você já sabe: a velocidade de até 4,8 Gb/s (5 Estrutura interna de um conector USB 3.0 A
Gb/s, arredondando), que corresponde a cerca de 600 me-
gabytes por segundo, dez vezes mais que a velocidade do
USB 2.0. Nada mal, não?

Conector USB 3.0 A


Símbolo para dispositivos USB 3.0
Você deve ter percebido que é possível conectar dis-
Mas o USB 3.0 também se destaca pelo fator “alimen- positivos USB 2.0 ou 1.1 em portas USB 3.0. Este último é
tação elétrica”: o USB 2.0 fornece até 500 miliampéres, en- compatível com as versões anteriores. Fabricantes também
quanto que o novo padrão pode suportar 900 miliampéres. podem fazer dispositivos USB 3.0 compatíveis com o pa-
Isso significa que as portas USB 3.0 podem alimentar dis- drão 2.0, mas neste caso a velocidade será a deste último.
positivos que consomem mais energia (como determina- E é claro: se você quer interconectar dois dispositivos por
dos HDs externos, por exemplo, cenário quase impossível USB 3.0 e aproveitar a sua alta velocidade, o cabo precisa
com o USB 2.0). ser deste padrão.

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conector USB 3.0 B No padrão USB 3.0, a necessidade de transmissão de


dados em alta velocidade fez com que, no início, fosse
Tal como acontece na versão anterior, o USB 3.0 tam- considerado o uso de fibra óptica para este fim, mas tal
bém conta com conectores diferenciados para se adequar característica tornaria a tecnologia cara e de fabricação
a determinados dispositivos. Um deles é o conector do tipo mais complexa. A solução encontrada para dar viabilidade
B, utilizado em aparelhos de porte maior, como impresso- ao padrão foi a adoção de mais fios. Além daqueles uti-
ras ou scanners, por exemplo.
lizados no USB 2.0, há também os seguintes: StdA_SSRX-
Em relação ao tipo B do padrão USB 2.0, a porta USB
e StdA_SSRX+ para recebimento de dados, StdA_SSTX- e
3.0 possui uma área de contatos adicional na parte supe-
rior. Isso significa que nela podem ser conectados tantos StdA_SSTX+ para envio, e GND_DRAIN como “fio terra”
dispositivos USB 2.0 (que aproveitam só a parte inferior) para o sinal.
quanto USB 3.0. No entanto, dispositivos 3.0 não poderão O conector USB 3.0 B pode contar ainda com uma va-
ser conectados em portas B 2.0: riação (USB 3.0 B Powered) que utiliza um contato a mais
para alimentação elétrica e outro associado a este que ser-
ve como “fio terra”, permitindo o fornecimento de até 1000
miliampéres a um dispositivo.

Quanto ao tamanho dos cabos, não há um limite defi-


nido, no entanto, testes efetuados por algumas entidades
especialistas (como a empresa Cable Wholesale) recomen-
dam, no máximo, até 3 metros para total aproveitamento
da tecnologia, mas esta medida pode variar de acordo com
Conector USB 3.0 B - imagem por USB.org as técnicas empregadas na fabricação.
No que se refere à transmissão de dados em si, o USB
Micro-USB 3.0 3.0 faz esse trabalho de maneira bidirecional, ou seja, entre
dispositivos conectados, é possível o envio e o recebimen-
O conector micro-USB, utilizado em smartphones, por to simultâneo de dados. No USB 2.0, é possível apenas um
exemplo, também sofreu modificações: no padrão USB 3.0 tipo de atividade por vez.
- com nome de micro-USB B -, passou a contar com uma
área de contatos adicional na lateral, o que de certa forma O USB 3.0 também consegue ser mais eficiente no con-
diminui a sua praticidade, mas foi a solução encontrada trole do consumo de energia. Para isso, o host, isto é, a
para dar conta dos contatos adicionais: máquina na qual os dispositivos são conectados, se comu-
nica com os aparelhos de maneira assíncrona, aguardando
estes indicarem a necessidade de transmissão de dados.
No USB 2.0, há uma espécie de “pesquisa contínua”, onde
o host necessita enviar sinais constantemente para saber
qual deles necessita trafegar informações.
Ainda no que se refere ao consumo de energia, tan-
to o host quanto os dispositivos conectados podem entrar
em um estado de economia em momentos de ociosidade.
Além disso, no USB 2.0, os dados transmitidos acabam indo
do host para todos os dispositivos conectados. No USB 3.0,
essa comunicação ocorre somente com o dispositivo de
Conector micro-USB 3.0 B - imagem por USB.org destino.

Para facilitar a diferenciação, fabricantes estão adotan- Como saber rapidamente se uma porta é USB 3.0
do a cor azul na parte interna dos conectores USB 3.0 e,
algumas vezes, nos cabos destes. Note, no entanto, que é
Em determinados equipamentos, especialmente lap-
essa não é uma regra obrigatória, portanto, é sempre con-
tops, é comum encontrar, por exemplo, duas portas USB
veniente prestar atenção nas especificações do produto
antes de adquiri-lo. 2.0 e uma USB 3.0. Quando não houver nenhuma descrição
identificando-as, como saber qual é qual? Pela cor existen-
Sobre o funcionamento do USB 3.0 te no conector.
Pode haver exceções, é claro, mas pelo menos boa par-
Como você já sabe, cabos USB 3.0 trabalham com 9 te dos fabricantes segue a recomendação de identificar os
fios, enquanto que o padrão anterior utiliza 4: VBus (VCC), conectores USB 3.0 com a sua parte plástica em azul, tal
D+, D- e GND. O primeiro é o responsável pela alimentação como informado anteriormente. Nas portas USB 2.0, por
elétrica, o segundo e o terceiro são utilizados na transmis- sua vez, os conectores são pretos ou, menos frequente-
são de dados, enquanto que o quarto atua como “fio terra”. mente, brancos.

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

USB 3.1: até 10 Gb/s féricos e alguns produtos eletrônicos de consumo. Foi de-
senvolvido inicialmente pela Apple como um barramento
Em agosto de 2013, a USB.org anunciou as especifica- serial de alta velocidade, mas eles estavam muito à frente
ções finais do  USB 3.1  (também chamado deSuperSpeed da realidade, ainda mais com, na época, a alternativa do
USB 10 Gbps), uma variação do USB 3.0 que se propõe a barramento USB que já possuía boa velocidade, era barato
oferecer taxas de transferência de dados de até 10 Gb/s (ou e rapidamente integrado no mercado. Com isso, a Apple,
seja, o dobro). mesmo incluindo esse tipo de conexão/portas no Mac por
Na teoria, isso significa que conexões 3.1 podem alcan- algum tempo, a realidade “de fato”, era a não existência de
çar taxas de até 1,2 gigabyte por segundo! E não é exagero, utilidade para elas devido à falta de periféricos para seu
afinal, há aplicações que podem usufruir desta velocidade. uso. Porém o desenvolvimento continuou, sendo focado
É o caso de monitores de vídeo que são conectados ao principalmente pela área de vídeo, que poderia tirar gran-
computador via porta USB, por exemplo. des proveitos da maior velocidade que ele oferecia.
Para conseguir taxas tão elevadas, o USB 3.1 não faz Suas principais vantagens:
uso de nenhum artefato físico mais elaborado. O “segre- • São similares ao padrão USB;
do”, essencialmente, está no uso de um método de codi- • Conexões sem necessidade de desligamento/boot do
ficação de dados mais eficiente e que, ao mesmo tempo, micro (hot-plugable);
não torna a tecnologia significantemente mais cara. • Capacidade de conectar muitos dispositivos (até 63
Vale ressaltar que o USB 3.1 é compatível com conecto- por porta);
res e cabos das especificações anteriores, assim como com • Permite até 1023 barramentos conectados entre si;
dispositivos baseados nestas versões. • Transmite diferentes tipos de sinais digitais:
Merece destaque ainda o aspecto da alimentação vídeo, áudio, MIDI, comandos de controle de disposi-
elétrica: o USB 3.1 poderá suportar até de 100 watts na tivo, etc;
transferência de energia, indicando que dispositivos mais
• Totalmente Digital (sem a necessidade de converso-
exigentes poderão ser alimentados por portas do tipo. Mo-
res analógico-digital, e portanto mais seguro e rápido);
nitores de vídeo e HDs externos são exemplos: não seria
• Devido a ser digital, fisicamente é um cabo fino, flexí-
ótimo ter um único cabo saindo destes dispositivos?
vel, barato e simples;
A indústria trabalha com a possiblidade de os primei-
• Como é um barramento serial, permite conexão bem
ros equipamentos baseados em USB 3.1 começarem a
facilitada, ligando um dispositivo ao outro, sem a necessi-
chegar ao mercado no final de 2014. Até lá, mais detalhes
dade de conexão ao micro (somente uma ponta é conec-
serão revelados.
tada no micro).
Novo conector “tipo C”: uso dos dois lados
A distância do cabo é limitada a 4.5 metros antes de
Em dezembro de 2013, a USB.org anunciou outra no-
haver distorções no sinal, porém, restringindo a velocida-
vidade para a versão 3.1 da tecnologia: um conector cha-
mado (até agora, pelos menos) de tipo C que permitirá que de do barramento podem-se alcançar maiores distâncias
você conecte um cabo à entrada a partir de qualquer lado. de cabo (até 14 metros). Lembrando que esses valores são
Sabe aquelas situações onde você encaixa um cabo ou para distâncias “ENTRE PERIFÉRICOS”, e SEM A UTILIZAÇÃO
pendrive de um jeito, nota que o dispositivo não funcionou DE TRANSCEIVERS (com transceivers a previsão é chegar a
e somente então percebe que o conectou incorretamente? até 70 metros usando fibra ótica).
Com o novo conector, este problema será coisa do passa- O barramento firewire permite a utilização de dispo-
do: qualquer lado fará o dispositivo funcionar. sitivos de diferentes velocidades (100, 200, 400, 800, 1200
Trata-se de um plugue reversível, portanto, semelhan- Mb/s) no mesmo barramento.
te aos conectores Lightning existentes nos produtos da O suporte a esse barramento está nativamente em
Apple. Tal como estes, o conector tipo C deverá ter tam- Macs, e em PCs através de placas de expansão específicas
bém dimensões reduzidas, o que facilitará a sua adoção em ou integradas com placas de captura de vídeo ou de som.
smartphones, tablets e outros dispositivos móveis. Os principais usos que estão sendo direcionados a essa
Tamanha evolução tem um preço: o conector tipo C interface, devido às características listadas, são na área de
não será compatível com as portas dos padrões anteriores, multimídia, especialmente na conexão de dispositivos de
exceto pelo uso de adaptadores. É importante relembrar, vídeo (placas de captura, câmeras, TVs digitais, setup bo-
no entanto, que será possível utilizar os conectores já exis- xes, home theather, etc).
tentes com o USB 3.1.
A USB.org promete liberar mais informações sobre esta
novidade em meados de 2014.

Firewire
O barramento firewire, também conhecido como IEEE
1394 ou como i.Link, é um barramento de grande volu-
me de transferência de dados entre computadores, peri-

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

INTERFACE DE VIDEO

Conector VGA (Video Graphics Array)

Os conectores VGA são bastante conhecidos, pois estão


presentes na maioria absoluta dos “grandalhões” monito-
res CRT (Cathode Ray Tube) e também em alguns modelos
que usam a tecnologia LCD, além de não ser raro encontrá
-los em placas de vídeos (como não poderia deixar de ser).
O conector desse padrão, cujo nome é D-Sub, é composto
por três “fileiras” de cinco pinos. Esses pinos são conecta-
dos a um cabo cujos fios transmitem, de maneira indepen-
dente, informações sobre as cores vermelha (red), verde
(green) e azul (blue) - isto é, o conhecido esquema RGB - e
Conector DVI-D
sobre as frequências verticais e horizontais. Em relação a
estes últimos aspectos: frequência horizontal consiste no Quando, por exemplo, um monitor LCD trabalha com
número de linhas da tela que o monitor consegue “preen- conectores VGA, precisa converter o sinal que recebe para
cher” por segundo. Assim, se um monitor consegue varrer digital. Esse processo faz com que a qualidade da imagem
60 mil linhas, dizemos que sua frequência horizontal é de diminua. Como o DVI trabalha diretamente com sinais di-
60 KHz. Frequência vertical, por sua vez, consiste no tempo gitais, não é necessário fazer a conversão, portanto, a qua-
em que o monitor leva para ir do canto superior esquerdo lidade da imagem é mantida. Por essa razão, a saída DVI
da tela para o canto inferior direito. Assim, se a frequên- é ótima para ser usada em monitores LCD, DVDs, TVs de
cia horizontal indica a quantidade de vezes que o canhão plasma, entre outros.
consegue varrer linhas por segundo, a frequência vertical
indica a quantidade de vezes que a tela toda é percorrida É necessário frisar que existe mais de um tipo de co-
por segundo. Se é percorrida, por exemplo, 56 vezes por nector DVI:
segundo, dizemos que a frequência vertical do monitor é DVI-A: é um tipo que utiliza sinal analógico, porém ofe-
de 56 Hz. rece qualidade de imagem superior ao padrão VGA;
DVI-D: é um tipo similar ao DVI-A, mas utiliza sinal digi-
É comum encontrar monitores cujo cabo VGA possui tal. É também mais comum que seu similar, justamente por
ser usado em placas de vídeo;
pinos faltantes. Não se trata de um defeito: embora os co-
DVI-I: esse padrão consegue trabalhar tanto com DVI
nectores VGA utilizem um encaixe com 15 pinos, nem to-
-A como com DVI-D. É o tipo mais encontrado atualmente.
dos são usados. Há ainda conectores DVI que trabalham com as espe-
cificações Single Link e Dual Link. O primeiro suporta reso-
luções de até 1920x1080 e, o segundo, resoluções de até
2048x1536, em ambos os casos usando uma frequência de
60 Hz.

O cabo dos dispositivos que utilizam a tecnologia DVI


é composto, basicamente, por quatro pares de fios trança-
dos, sendo um par para cada cor primária (vermelho, verde
e azul) e um para o sincronismo. Os conectores, por sua
vez, variam conforme o tipo do DVI, mas são parecidos en-
tre si, como mostra a imagem a seguir:

Conector e placa de vídeo com conexão VGA

Conector DVI (Digital Video Interface)


Os conectores DVI  são bem mais recentes e propor-
cionam qualidade de imagem superior, portanto, são con-
siderados substitutos do padrão VGA. Isso ocorre porque,
conforme indica seu nome, as informações das imagens Atualmente, praticamente todas as placas de vídeo e
podem ser tratadas de maneira totalmente digital, o que monitores são compatíveis com DVI. A tendência é a de
não ocorre com o padrão VGA. que o padrão VGA caia, cada vez mais, em desuso.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conector S-Video (Separated Video) Component Video (Vídeo Componente)


O padrão Component Video é, na maioria das vezes,
usado em computadores para trabalhos profissionais - por
exemplo, para atividades de edição de vídeo. Seu uso mais
comum é em aparelhos de DVD e em televisores de alta
definição (HDTV - High-Definition Television), sendo um
dos preferidos para sistemas de home theater. Isso ocorre
justamente pelo fato de o Vídeo Componente oferecer ex-
celente qualidade de imagem.

Padrão S-Video
Component Video
Para entender o S-Video, é melhor compreender, pri-
meiramente, outro padrão: o Compost Video, mais conhe- A conexão do Component Video é feita através de um
cido como Vídeo Composto. Esse tipo utiliza conectores do cabo com três fios, sendo que, geralmente, um é indicado
tipo RCA e é comumente encontrado em TVs, aparelhos de pela cor verde, outro é indicado pela cor azul e o terceiro
DVD, filmadoras, entre outros. é indicado pela cor vermelha, em um esquema conhecido
Geralmente, equipamentos com Vídeo Composto fa- como Y-Pb-Pr (ou Y-Cb-Cr). O primeiro (de cor verde), é
zem uso de três cabos, sendo dois para áudio (canal es- responsável pela transmissão do vídeo em preto e branco,
querdo e canal direito) e o terceiro para o vídeo, sendo este isto é, pela “estrutura” da imagem. Os demais conectores
o que realmente faz parte do padrão. Esse cabo é constituí- trabalham com os dados das cores e com o sincronismo.
do de dois fios, um para a transmissão da imagem e outro Como dito anteriormente, o padrão S-Video é cada vez
que atua como “terra”. mais comum em placas de vídeo. No entanto, alguns mo-
delos são também compatíveis com Vídeo Componente.
O S-Video, por sua vez, tem seu cabo formado com Nestes casos, o encaixe que fica na placa pode ser do tipo
três fios: um transmite imagem em preto e branco; outro que aceita sete pinos (pode haver mais). Mas, para ter cer-
transmite imagens em cores; o terceiro atua como terra. É teza dessa compatibilidade, é necessário consultar o ma-
essa distinção que faz com que o S-Video receba essa de- nual do dispositivo.
nominação, assim como é essa uma das características que Para fazer a conexão de um dispositivo ao computador
faz esse padrão ser melhor que o Vídeo Composto. usando o Component Video, é necessário utilizar um cabo
O conector do padrão S-Video usado atualmente é co- especial (geralmente disponível em lojas especializadas):
nhecido como Mini-Din de quatro pinos (é semelhante ao uma de suas extremidades contém os conectores Y-Pb-Pr,
usado em mouses do tipo PS/2). Também é possível en- enquanto a outra possui um encaixe único, que deve ser
contrar conexões S-Video de sete pinos, o que indica que o inserido na placa de vídeo.
dispositivo também pode contar com Vídeo Componente
(visto adiante). MONITOR DE VÍDEO
O monitor é um dispositivo de saída do computador, cuja
Muitas placas de vídeo oferecem conexão VGA ou DVI função é transmitir informação ao utilizador através da imagem.
com S-Video. Dependendo do caso, é possível encontrar os Os monitores são classificados de acordo com a
três tipos na mesma placa. Assim, se você quiser assistir na tecnologia de amostragem de vídeo utilizada na for-
TV um vídeo armazenado em seu computador, basta usar mação da imagem. Atualmente, essas tecnologias são
a conexão S-Video, desde que a televisão seja compatível três: CRT , LCD e plasma. À superfície do monitor sobre a
com esse conector, é claro. qual se projecta a imagem chamamos tela, ecrã ou écran.

Tecnologias
CRT

Placa de vídeo com conectores S-Video, DVI e VGA Monitor CRT da marca LG.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

CRT (Cathodic Ray Tube), em inglês, sigla de (Tubo de • o fato de que, ao trabalhar em uma resolução di-
raios catódicos) é o monitor “tradicional”, em que a tela ferente daquela para a qual foi projetado, o monitor LCD
é repetidamente atingida por um feixe de elétrons, que utiliza vários artifícios de composição de imagem que aca-
atuam no material fosforescente que a reveste, assim for- bam degradando a qualidade final da mesma; e
mando as imagens. • o “preto” que ele cria emite um pouco de luz, o
Este tipo de monitor tem como principais vantagens: que confere ao preto um aspecto acinzentado ou azulado,
• longa vida útil; não apresentando desta forma um preto real similar aos
• baixo custo de fabricação; oferecidos nos monitores CRTs;
• grande banda dinâmica de cores e contrastes; e • o contraste não é muito bom como nos monitores
• grande versatilidade (uma vez que pode funcionar CRT ou de Plasma, assim a imagem fica com menos de-
em diversas resoluções, sem que ocorram grandes distor- finição, este aspecto vem sendo atenuado com os novos
ções na imagem). paineis com iluminação por  leds  e a fidelidade de cores
nos monitores que usam paineis do tipo TN (monitores co-
As maiores desvantagens deste tipo de monitor são: muns) são bem ruins, os monitores com paineis IPS, mais
• suas dimensões (um monitor CRT de 20 polega- raros e bem mais caros, tem melhor fidelidade de cores,
das pode ter até 50 cm de profundidade e pesar mais de chegando mais proximo da qualidade de imagem dos CRTs;
20 kg); • um fato não-divulgado pelos fabricantes: se o cris-
• o consumo elevado de energia; tal líquido da tela do monitor for danificado e ficar exposto
• seu efeito de cintilação (flicker); e ao ar, pode emitir alguns compostos tóxicos, tais como o
• a possibilidade de emitir radiação que está fora óxido de zinco e o sulfeto de zinco; este será um problema
do espectro luminoso (raios x), danosa à saúde no caso de quando alguns dos monitores fabricados hoje em dia che-
longos períodos de exposição. Este último problema é mais garem ao fim de sua vida útil (estimada em 20 anos).
frequentemente constatado em monitores e televisores • ângulo de visão inferiores: Um monitor LCD, dife-
antigos e desregulados, já que atualmente a composição rente de um monitor CRT, apresenta limitação com relação
do vidro que reveste a tela dos monitores detém a emissão ao ângulo em que a imagem pode ser vista sem distorção.
dessas radiações.
Isto era mais sensível tempos atrás quando os monitores
• Distorção geométrica.
LCDs eram de tecnologia passiva, mas atualmente apresen-
LCD
tam valores melhores em torno de 160º.
Apesar das desvantagens supra mencionadas, a venda
de monitores e televisores LCD vem crescendo bastante.

Principais características técnicas


Para a especificação de um monitor de vídeo, as carac-
terísticas técnicas mais relevantes são:
• Luminância;
• Tamanho da tela;
• Tamanho do ponto;
• Temperatura da cor;
• Relação de contraste;
• Interface (DVI ou VGA, usualmente);
• Frequência de sincronismo horizontal;
Um monitor de cristal líquido. • Frequência de sincronismo vertical;
• Tempo de resposta; e
LCD (Liquid Cristal Display, em inglês, sigla de tela de • Frequência de atualização da imagem
cristal líquido) é um tipo mais moderno de monitor. Nele, a
tela é composta por cristais que são polarizados para gerar LED
as cores. Painéis LCD com retro iluminação LED, ou LED TVs, o
Tem como vantagens: mesmo mecanismo básico de um LCD, mas com ilumina-
• O baixo consumo de energia; ção LED. Ao invés de uma única luz branca que incide sobre
• As dimensões e peso reduzidas; toda a superfície da tela, encontra-se um painel com milha-
• A não-emissão de radiações nocivas; res de pequenas luzes coloridas que acendem de forma in-
• A capacidade de formar uma imagem praticamen- dependente. Em outras palavras, aplica-se uma tecnologia
te perfeita, estável, sem cintilação, que cansa menos a vi- similar ao plasma a uma tela de LCD.
são - desde que esteja operando na resolução nativa;
As maiores desvantagens são: KIT MULTIMÍDIA
• o maior custo de fabricação (o que, porém, tende- Multimídia nada mais é do que a combinação de textos,
rá a impactar cada vez menos no custo final do produto, à sons e vídeos utilizados para apresentar informações de
medida que o mesmo se for popularizando); maneira que, antes somente imaginávamos, praticamente

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dando vida às suas apresentação comerciais e pessoais. A Surgiram com os IBM PS/2 e nos respectivos teclados.
multimídia mudou completamente a maneira como as pes- Também são designadas por mini-DIM de 6 pinos. Os te-
soas utilizam seus computadores. clados e ratos dos computadores actuais são, na maior par-
Kit multimídia nada mais é do que o conjunto que te dos casos, ligados através destes conectores. Nas mo-
compõem a parte física (hardwares) do computador rela- therboards actuais existem duas portas deste tipo.
cionados a áudio e som do sistema operacional. Porta Série
Podemos citar como exemplo de Kit Multimídia, uma A saída série de um computador geralmente está lo-
placa de som, um drive de CD-ROM, microfone e um par calizada na placa MULTI-IDE e é utilizada para diversos fins
de caixas acústicas. como, por exemplo, ligar um fax modem externo, ligar um
rato série, uma plotter, uma impressora e outros periféri-
cos. As portas cujas fichas têm 9 ou 25 pinos são também
designadas de COM1 e COM2. As motherboards possuem
uma ou duas portas deste tipo.

Porta Paralela
A porta paralela obedece à norma Centronics. Nas por-
As portas são, por definição, locais onde se entra e sai. tas paralelas o sinal eléctrico é enviado em simultâneo e,
Em termos de tecnologia informática não é excepção. As como tal, tem um desempenho superior em relação às por-
portas são tomadas existentes na face posterior da caixa tas série. No caso desta norma, são enviados 8 bits de cada
do computador, às quais se ligam dispositivos de entrada e vez, o que faz com que a sua capacidade de transmisssão
de saída, e que são directamente ligados à motherboard . atinja os 100 Kbps. Esta porta é utilizada para ligar impres-
Estas portas ou canais de comunicação podem ser: soras e scanners e possui 25 pinos em duas filas.
* Porta Dim
* Porta PS/2 Porta USB (Universal Serial Bus)
* Porta série Desenvolvida por 7 empresas (Compaq, DEC, IBM, In-
* Porta Paralela tel, Microsoft, NEC e Northern Telecom), vai permitir co-
* Porta USB nectar periféricos por fora da caixa do computador, sem
* Porta FireWire a necessidade de instalar placas e reconfigurar o sistema.
Computadores equipados com USB vão permitir que os
Porta DIM periféricos sejam automaticamente configurados assim
É uma porta em desuso, com 5 pinos, e a ela eram li- que estejam conectados fisicamente, sem a necessidade de
gados os teclados dos computadores da geração da Intel reboot ou programas de setup. O número de acessórios
80486, por exemplo. Como se tratava apenas de ligação ligados à porta USB pode chegar a 127, usando para isso
para teclados, existia só uma porta destas nas mother- um periférico de expansão.
boards. Nos equipamentos mais recentes, os teclados são A conexão é Plug & Play e pode ser feita com o com-
ligados às portas PS/2. putador ligado. O barramento USB promete acabar com os
problemas de IRQs e DMAs.
O padrão suportará acessórios como controles de mo-
nitor, acessórios de áudio, telefones, modems, teclados,
mouses, drives de CD ROM, joysticks, drives de fitas e dis-
quetes, acessórios de imagem como scanners e impresso-
ras. A taxa de dados de 12 megabits/s da USB vai acomo-
dar uma série de periféricos avançados, incluindo produtos
baseados em Vídeo MPEG-2, digitalizadores e interfaces
de baixo custo para ISDN (Integrated Services Digital Net-
Porta PS/2 work) e PBXs digital.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sistemas operacionais executar várias tarefas ao mesmo


tempo. Quando um computador necessita permitir usuá-
rios simultâneos e trabalhos múltiplos, os profissionais da
tecnologia de informação (TI) procuram utilizar computa-
dores mais rápidos e que tenham sistemas operacionais
robustos, um pouco diferente daqueles que os usuários
comuns usam.

Os Arquivos

Porta FireWire O gerenciador do sistema de arquivos é utilizado pelo


sistema operacional para organizar e controlar os arquivos.
A porta FireWire assenta no barramento com o mesmo Um arquivo é uma coleção de dados gravados com um
nome, que representa um padrão de comunicações recen- nome lógico chamado “nomedoarquivo” (filename). Toda
te e que tem várias características em comum como o USB, informação que o computador armazena está na forma de
mas traz a vantagem de ser muito mais rápido, permitindo arquivos.
transferências a 400 Mbps e, pela norma IEEE 1394b, irá Há muitos tipos de arquivos, incluindo arquivos de
permitir a transferência de dados a velocidades a partir de programas, dados, texto, imagens e assim por diante. A
800 Mbps. maneira que um sistema operacional organiza as informa-
As ligações FireWire são utilizadas para ligar discos ções em arquivos é chamada sistema de arquivos.
amovíveis, Flash drives (Pen-Disks), Câmaras digitais, tele- A maioria dos sistemas operacionais usa um sistema de
visões, impressoras, scanners, dispositivos de som, etc. . arquivo hierárquico em que os arquivos são organizados
Assim como na ligação USB, os dispositivos FireWire em diretórios sob a estrutura de uma árvore. O início do
podem ser conectados e desconectados com o computa- sistema de diretório é chamado diretório raiz.
dor ligado.
Funções do Sistema Operacional
FAX/MODEM
Não importa o tamanho ou a complexidade do com-
putador: todos os sistemas operacionais executam as mes-
mas funções básicas.
- Gerenciador de arquivos e diretórios (pastas): um sis-
tema operacional cria uma estrutura de arquivos no disco
rígido (hard disk), de forma que os dados dos usuários pos-
sam ser armazenados e recuperados. Quando um arquivo
é armazenado, o sistema operacional o salva, atribuindo a
ele um nome e local, para usá-lo no futuro.
Placa utilizada para conecção internet pela linha disca- - Gerenciador de aplicações: quando um usuário re-
da (DIAL UP) geralmente opera com 56 Kbps(velocidade de quisita um programa (aplicação), o sistema operacional lo-
transmissão dos dados 56.000 bits por segundo( 1 byte = 8 caliza-o e o carrega na memória RAM.
bits).Usa interface PCI. Quando muitos programas são carregados, é trabalho
do sistema operacional alocar recursos do computador e
O SISTEMA OPERACIONAL E OS OUTROS SOFT- gerenciar a memória.
WARES
Programas Utilitários do Sistema Operacional
Um sistema operacional (SO) é um programa (softwa-
re) que controla milhares de operações, faz a interface en- Suporte para programas internos (vulto-in): os progra-
tre o usuário e o computador e executa aplicações. mas utilitários são os programas que o sistema operacional
Basicamente, o sistema operacional é executado quan- usa para se manter e se reparar. Estes programas ajudam
do ligamos o computador. Atualmente, os computadores a identificar problemas, encontram arquivos perdidos, re-
já são vendidos com o SO pré-instalado. param arquivos danificados e criam cópias de segurança
Os computadores destinados aos usuários individuais, (backup).
chamados de PCs (Personal Computer), vêm com o sistema Controle do hardware: o sistema operacional está
operacional projetado para pequenos trabalhos. Um SO situado entre os programas e o BIOS (Basic Input/Output
é projetado para controlar as operações dos programas, System - Sistema Básico de Entrada/Saída).
como navegadores, processadores de texto e programas O BIOS faz o controle real do hardware. Todos os pro-
de e-mail. gramas que necessitam de recursos do hardware devem,
Com o desenvolvimento dos processadores, os com- primeiramente, passar pelo sistema operacional que, por
putadores tornaram-se capazes de executar mais e mais sua vez, pode alcançar o hardware por meio do BIOS ou
instruções por segundo. Estes avanços possibilitaram aos dos drivers de dispositivos.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Todos os programas são escritos para um sistema


operacional específico, o que os torna únicos para cada OPERAÇÃO DO SISTEMA OPERACIONAL
um. Explicando: um programa feito para funcionar no WINDOWS 2003, XP, 7, 8 E 10. USO DE
Windows não funcionará no Linux e vice-versa. ARQUIVOS, PASTAS E OPERAÇÕES MAIS
FREQUENTES, USO DE APLICATIVOS E
Termos Básicos FERRAMENTAS.
Para compreender do que um sistema operacional é
capaz, é importante conhecer alguns termos básicos. Os
termos abaixo são usados frequentemente ao comparar ou Windows 2003
descrever sistemas operacionais:
• Multiusuário: dois ou mais usuários executando Windows Server 2003 é um Sistema operacional da
programas e compartilhando, ao mesmo tempo, dispositi- Microsoft de rede desenvolvido como sucessor do Windows
vos, como a impressora. 2000 Server. É também conhecido como Windows NT 5.2, e
• Multitarefa: capacidade do sistema operacional para um observador casual aparenta como um Windows XP
em executar mais de um programa ao mesmo tempo. reformulado. [1] No seu núcleo está uma versão do Windows
• Multiprocessamento: permite que um computa- XP com algumas funções desligadas para permitir um
dor tenha duas ou mais unidades centrais de processa- funcionamento mais estável do sistema. Tal como o Windows
mento (CPU) que compartilhem programas. 2000, este apresenta o Active Directory como principal
• Multithreading: capacidade de um programa ferramenta para a administração de domínios.[2] É um
ser quebrado em pequenas partes podendo ser car- sistema utilizado estritamente em redes de computadores.
regadas conforme necessidade do sistema operacional. O Windows Server 2003 da Microsoft trouxe novas
Multithreading permite que os programas individuais melhorias aos serviços de rede e ao Active Directory, que
sejam multitarefa. agora implementa mais funcionalidades em relação ao
Windows 2000 Server.
Tipos de Sistemas Operacionais Fomte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Windows_
Server_2003
Atualmente, quase todos os sistemas operacionais
são multiusuário, multitarefa e suportam multithreading. SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS XP
Os mais utilizados são o Microsoft Windows, Mac OSX e O Windows XP (o XP utilizado no nome vêm da palavra
o Linux. eXPerience), que inicialmente foi chamado de Windows
O Windows é hoje o sistema operacional mais popu- Whistler, e que sucede o Windows Me e também o
lar que existe e é projetado para funcionar em PCs e para Windows 2000.
ser usado em CPUs compatíveis com processadores Intel e O WinXP possui duas versões: o Windows XP Home
AMD. Quase todos os sistemas operacionais voltados Edition (que substitui o Windows Me) e o Windows XP
ao consumidor doméstico utilizam interfaces gráficas para Professional Edition (que substitui o Windows 2000
realizar a ponte máquina-homem. Professional).
As primeiras versões dos sistemas operacionais
foram construídas para serem utilizadas por somente Iniciando o Windows
uma pessoa em um único computador. Com o decor- Ao iniciar o Windows XP a primeira tela que temos é
rer do tempo, os fabricantes atenderam às necessidades tela de logon, nela, selecionamos o usuário que irá utilizar
dos usuários e permitiram que seus softwares operassem o computador.
múltiplas funções com (e para) múltiplos usuários. Ao entrarmos com o nome do usuário, o Windows
efetuará o Logon (entrada no sistema) e nos apresentará
Sistemas Proprietários e Sistemas Livres a área de trabalho:

O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas


operacionais proprietários. Isto significa que é necessá-
rio comprá-los ou pagar uma taxa por seu uso às com-
panhias que registraram o produto em seu nome e cobram
pelo seu uso.
O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremen-
te e tem grande aceitação por parte dos profissionais
da área, uma vez que, por possuir o código aberto,
qualquer pessoa que entenda de programação pode
contribuir com o processo de melhoria dele.
Sistemas operacionais estão em constante evolução
e hoje não são mais restritos aos computadores. Eles são
usados em PDAs, celulares, laptops etc

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na Área de trabalho encontramos os seguintes itens:


• Ícones;
• Barra de tarefas;
• O Botão iniciar.

Ícones

Figuras que representam recursos do computador, um


ícone pode representar um texto, música, programa, fotos
e etc. você pode adicionar ícones na área de trabalho, assim
como pode excluir. Alguns ícones são padrão do Windows:
• Meu Computador;
• Meus Documentos;
• Meus locais de Rede;
• Internet Explorer.

Barra de tarefas

A barra de tarefas mostra quais as janelas estão abertas


neste momento, mesmo que algumas estejam minimizadas
ou ocultas sob outra janela, permitindo assim, alternar entre
estas janelas ou entre programas com rapidez e facilidade.
A barra de tarefas é muito útil no dia a dia. Imagine Menu Iniciar
que você esteja criando um texto em um editor de texto
e um de seus colegas lhe pede para você imprimir uma O botão iniciar pode ser configurado. No Windows XP,
determinada planilha que está em seu micro. você pode optar por trabalhar com o novo menu Iniciar
ou, se preferir, configurar o menu Iniciar para que tenha a
Você não precisa fechar o editor de textos. Apenas salve aparência das versões anteriores do Windows (95/98/Me).
o arquivo que está trabalhando, abra a planilha e mande Clique na barra de tarefas com o botão direito do mouse e
imprimir, enquanto imprime você não precisa esperar que selecione propriedades e então clique na guia menu Iniciar.
a planilha seja totalmente impressa, deixe a impressora
trabalhando e volte para o editor de textos, dando um Esta guia tem duas opções:
clique no botão correspondente na Barra de tarefas e volte
- Menu iniciar: Oferece a você acesso mais rápido a
a trabalhar.
e-mail e Internet, seus documentos, imagens e música e
A barra de Tarefas, na visão da Microsoft, é uma das
aos programas usados recentemente, pois estas opções
maiores ferramentas de produtividade do Windows. Vamos são exibidas ao se clicar no botão Iniciar. Esta configuração
abrir alguns aplicativos e ver como ela se comporta. é uma novidade do Windows XP.

- Menu Iniciar Clássico: Deixa o menu Iniciar com


a aparência das versões antigas do Windows, como o
Windows ME, 98 e 95.
O Botão Iniciar
Propriedades do menu Iniciar
O botão Iniciar é o principal elemento da Barra de
Tarefas. Ele dá acesso ao Menu Iniciar, de onde se pode Todos os programas
acessar outros menus que, por sua vez, acionam programas O menu Todos os Programas, ativa automaticamente
outro submenu, no qual aparecem todas as opções de
do Windows. Ao ser acionado, o botão Iniciar mostra um
programas. Para entrar neste submenu, arraste o mouse
menu vertical com várias opções. Alguns comandos do
em linha reta para a direção em que o submenu foi aberto.
menu Iniciar têm uma seta para a direita, significando que Assim, você poderá selecionar o aplicativo desejado. Para
há opções adicionais disponíveis em um menu secundário. executar, por exemplo, o Paint, basta posicionar o ponteiro
Se você posicionar o ponteiro sobre um item com uma do mouse sobre a opção Acessórios. O submenu Acessórios
seta, será exibido outro menu. será aberto. Então aponte para Paint e dê um clique com o
botão esquerdo do mouse.
O botão Iniciar é a maneira mais fácil de iniciar um
programa que estiver instalado no computador, ou fazer Logon e Logoff
alterações nas configurações do computador, localizar um Abre uma janela onde você poderá optar por fazer
arquivo, abrir um documento. logoff ou mudar de usuário. Veja a função de cada um:

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Trocar usuário: Clicando nesta opção, os progra- Se fôssemos analisar cada acessório que temos,
mas que o usuário atual está usando não serão fechados, encontraríamos várias aplicações, mas vamos citar as mais
e uma janela com os nomes dos usuários do computador usadas e importantes. Imagine que você está montando
será exibida para que a troca de usuário seja feita. Use esta um manual para ajudar as pessoas a trabalharem com um
opção na seguinte situação: Outro usuário vai usar o com- determinado programa do computador. Neste manual,
putador, mas depois você irá continuar a usá-lo. Então o com certeza você acrescentaria a imagem das janelas
Windows não fechará seus arquivos e programas, e quan- do programa. Para copiar as janelas e retirar só a parte
do você voltar ao seu usuário, a área de trabalho estará desejada, utilizaremos o Paint, que é um programa para
exatamente como você deixou. trabalharmos com imagens. As pessoas que trabalham com
• Fazer logoff: este caso é também para a troca de criação de páginas para a Internet utilizam o acessório Bloco
usuário. A grande diferença é que, ao efetuar o logoff, to- de Notas, que é um editor de texto muito simples. Assim,
dos os programas do usuário atual serão fechados, e só vimos duas aplicações para dois acessórios diferentes.
depois aparece a janela para escolha do usuário.
• A pasta acessória é acessível dando-se um clique no
botão Iniciar na Barra de tarefas, escolhendo a opção
Todos os Programas e, no submenu que aparece, escolha
Acessórios.

Desligando o Windows XP

Clicando-se em Iniciar, desligar, teremos uma janela


onde é possível escolher entre três opções:
• Hibernar: Clicando neste botão, o Windows salvará
o estado da área de trabalho no disco rígido e depois des-
ligará o computador. Desta forma, quando ele for ligado
novamente, a área de trabalho se apresentará exatamente
como você deixou, com os programas e arquivos que você
estava usando, abertos. Meu Computador
• Desativar: Desliga o Windows, fechando todos os
programas abertos para que você possa desligar o compu- No Windows XP, tudo o que você tem dentro do
tador com segurança. computador - programas, documentos, arquivos de dados
• Reiniciar: Encerra o Windows e o reinicia. e unidades de disco, por exemplo - torna-se acessível em
um só local chamado Meu Computador.
Quando você inicia o Windows XP, o Meu computador
aparece como um ícone na parte esquerda da tela, ou Área
de Trabalho (opcional).
O Meu computador é a porta de entrada para o
usuário navegar pelas unidades de disco (rígido, flexíveis
e CD-ROM). Normalmente, nas empresas existem vários
departamentos como administração, compras, estoque e
outros. Para que os arquivos de cada departamento não se
misturem, utilizamos o Meu computador para dividirmos
o Disco em pastas que organizam os arquivos de cada um
dos departamentos. Em casa, se mais de uma pessoa utiliza
o computador, também criaremos pastas para organizar os
Acessórios do Windows arquivos que cada um cria.
O Windows XP inclui muitos programas e acessórios
úteis. São ferramentas para edição de texto, criação de Exibir o conteúdo de uma pasta
imagens, jogos, ferramentas para melhorar a performance Para você ter uma ideia prática de como exibir o
do computador, calculadora e etc. conteúdo de uma pasta (estas são utilizadas para organizar

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o disco rígido, como se fossem gavetas de um armário), Windows Explorer


vamos, por exemplo, visualizar o conteúdo de pasta
Windows. Siga os seguintes passos: O Windows Explorer tem a mesma função do Meu
Computador: Organizar o disco e possibilitar trabalhar
1. Dê um clique sobre a pasta correspondente ao disco com os arquivos fazendo, por exemplo, cópia, exclusão
rígido (C:) e mudança no local dos arquivos. Enquanto o Meu
Computador traz como padrão a janela sem divisão, você
2. será aberta uma janela com título correspondente ao observará que o Windows Explorer traz a janela dividida
rótulo da unidade de disco rígido C:. Nesta janela aparecem em duas partes. Mas tanto no primeiro como no segundo,
as pastas correspondentes às “gavetas” existentes no disco esta configuração pode ser mudada.
rígido C:, bem como os ícones referentes aos arquivos
gravados no “raiz” (pasta principal) da unidade C. Podemos criar pastas para organizar o disco de uma
empresa ou casa, copiar arquivos para disquete, apagar
arquivos indesejáveis e muito mais.

Janela do Windows Explorer


No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas
localizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente
útil para copiar e mover arquivos.

Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis:


O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada
que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de
trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O
painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
3. Dê um clique sobre a pasta Windows. Ela será aberta no ícone Pastas na Barra de Ferramentas) Para abrir o
como uma janela cujo título é Windows, mostrando todas Windows Explorer, clique no botão Iniciar, vá a opção
as pastas (“gavetas”) e ícones de arquivos existentes na Todos os Programas / acessórios e clique sobre Windows
pasta Windows. Explorer ou clique sob o botão iniciar com o botão direito
do mouse e selecione a opção Explorar.
Criando pastas
Como já mencionado anteriormente, as pastas servem Preste atenção na Figura da página anterior que o
para organizar o disco rígido. Para conseguirmos esta painel da esquerda na figura acima, todas as pastas com
organização, é necessário criarmos mais pastas e até um sinal de + (mais) indicam que contêm outras pastas.
mesmo subpastas destas. As pastas que contêm um sinal de - (menos) indicam
que já foram expandidas (ou já estamos visualizando as
Para criar uma pasta siga estes passos:
subpastas).
1. Abra a pasta ou unidade de disco que deverá conter
a nova pasta que será criada.
2. clique no menu Arquivo / Novo / Pasta.
3. Aparecerá na tela uma Nova Pasta selecionada para
que você digite um nome.
4. Digite o nome e tecle ENTER
5. Pronto! A Pasta está criada. Quando você aprendeu a usar o Meu Computador,
você viu que, apesar da janela não aparecer dividida,
você pode dividi-la clicando no ícone que fica na barra de
ferramentas.
Outra formatação que serve tanto para o Meu
Computador, quanto para o Windows Explorer é que você
pode escolher se deseja ou não exibir, do lado esquerdo da
janela, um painel que mostra as tarefas mais comuns para as
pastas e links que mostram outras partes do computador.
Clicando no menu Ferramentas e depois clicando em
Opções de pasta, a janela seguinte é apresentada:

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em SIM e então o arquivo será enviado para


Lixeira.

Esvaziando a Lixeira
Ao Esvaziar a Lixeira, você está excluindo definitivamente
os arquivos do seu Disco Rígido. Estes não poderão mais
ser mais recuperados pelo Windows. Então, esvazie a Lixeira
somente quando tiver certeza de que não precisa mais dos
arquivos ali encontrados.

Lixeira do Windows 1. Abra a Lixeira

A Lixeira é uma pasta especial do Windows e ela se 2. No menu ARQUIVO, clique em Esvaziar Lixeira.
encontra na Área de trabalho, como já mencionado, Você pode também esvaziar a Lixeira sem precisar abri-
mas pode ser acessada através do Windows Explorer. Se la, para tanto, basta clicar com o botão DIREITO do mouse
você estiver trabalhando com janelas maximizadas, não sobre o ícone da Lixeira e selecionar no menu de contexto
conseguirá ver a lixeira. Use o botão direito do mouse para Esvaziar Lixeira.
clicar em uma área vazia da Barra de Tarefas. Em seguida,
clique em Minimizar todas as Janelas. Para verificar o
conteúdo da lixeira, dê um clique sobre o ícone e surgirá a
seguinte figura:

WordPad

O Windows traz junto dele um programa para edição


de textos. O WordPad. Com o WordPad é possível digitar
textos, deixando-os com uma boa aparência.
Como mencionado no parágrafo anterior, o WordPad
é um editor de textos que nos auxiliará na criação de
vários tipos de documentos. Mas poderíamos dizer que o
Wordpad é uma versão muito simplificada do Word.
Os usuários do Word vão se sentir familiarizados,
pois ele possui menus e barras de ferramentas similares.
Porém o Word tem um número muito maior de recursos. A
Vamos apagar um arquivo para poder comprovar que vantagem do WordPad é que ele já vem com o Windows.
o mesmo será colocado na lixeira. Para isso, vamos criar Então, se você não tem em seu computador o Microsoft
um arquivo de texto vazio com o bloco de notas e salvá-lo Word, poderá usar o WordPad na criação de seus textos.
em Meus documentos, após isto, abra a pasta, e selecione Para Abrir o WordPad, localize o item Acessórios no
o arquivo recém-criado, e então pressione a tecla DELETE. Menu Iniciar. Ao abrir o programa a seguinte janela será
Surgirá uma caixa de dialogo como a figura a seguir: exibida:

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatando o texto

Para que possamos formatar (alterar a forma) de um


texto todo, palavras ou apenas letras, devemos antes de
tudo selecionar o item em que iremos aplicar a formatação.
Para selecionar, mantenha pressionado o botão esquerdo
do mouse e arraste sobre a(s) palavra(s) ou letra(s) que
deseja alterar:
Feito isto, basta apenas alterar as propriedades na
barra de formatação.
Você pode ainda formatar o texto ainda pela caixa
de diálogo para formatação, para isso clique em: Menu
Formatar / Fonte, a seguinte tela será apresentada:
Aqui, você também poderá fazer formatações do texto,
bom como colocar efeitos como Riscado e sublinhado.
Com o Neste menu (Formatar), temos também a opção
Barra Padrão de formatar o parágrafo, definindo os recuos das margens
e alinhamento do texto.
Na barra Padrão, é aonde encontramos os botões para
as tarefas que executamos com mais frequência, tais como: Paint
Abrir, salvar, Novo documento, imprimir e etc.
O Paint é um acessório do Windows que permite
o tratamento de imagens e a criação de vários tipos de
desenhos para nossos trabalhos.
Através deste acessório, podemos criar logomarcas,
papel de parede, copiar imagens, capturar telas do
Funções dos botões: Windows e usa-las em documentos de textos.
1. Novo documento Uma grande vantagem do Paint, é que para as pessoas
2. Abrir documento que estão iniciando no Windows, podem aperfeiçoar-se
3. Salvar nas funções básicas de outros programas, tais como: Abrir,
4. Visualizar salvar, novo, desfazer. Além de desenvolver a coordenação
5. Localizar (esmaecido) motora no uso do mouse.
6. Recortar (esmaecido)
7. Copiar (esmaecido) Calculadora
8. Colar
9. Desfazer A calculadora do Windows contém muito mais recursos
10. Inserir Data/Hora do que uma calculadora comum, pois além de efetuar
as operações básicas, pode ainda trabalhar como uma
Barra de formatação
calculadora científica. Para abri-la, vá até acessórios.
Logo abaixo da barra padrão, temos a barra de
A Calculadora padrão contém as funções básicas,
Formatação, ela é usada para alterar o tipo de letra (fonte),
enquanto a calculadora cientifica é indicada para cálculos
tamanho, cor, estilo, disposição de texto e etc.
mais avançados. Para alternar entre elas clique no menu
Exibir

Ferramentas do sistema
Funções dos botões:
1. Alterar fonte
O Windows XP trás consigo uma serie de programas que
2. Alterar tamanho da fonte
nos ajudam a manter o sistema em bom funcionamento.
3. Lista de conjunto de caracteres do idioma
Esses programas são chamados de Ferramentas do
4. Negrito
5. Itálico Sistema. Podemos acessa-los através do Menu Acessórios,
6. Sublinhado ou abrindo Meu Computador e clicando com o botão
7. Cor da fonte direito do mouse sobre a unidade de disco a ser verificada,
8. Texto alinhado á esquerda no menu de contexto, selecione a opção propriedades:
9. Texto Centralizado
10. Texto alinhado a direita
11. Marcadores

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sem que você perca trabalhos recentes, como documentos


salvos, e-mail ou listas de histórico e de favoritos da
internet.
As alterações feitas pela restauração do sistema são
totalmente reversíveis. O Computador cria automaticamente
pontos de restauração, mas você também pode usar a
restauração do sistema para criar seus próprios pontos de
restauração. Isso é útil se você estiver prestes a fazer uma
alteração importante no sistema, como a instalação de um
novo programa ou alterações no registro.

OS SEGUINTES ATALHOS PODEM SER USADOS


COM O WINDOWS

Teclas Gerais do Windows

Na janela de Propriedades do Disco, clique na guia Para


Ferramentas: •Consultar a Ajuda sobre o item selecionado na caixa
Nesta janela, temos as seguintes opções: de diálogo
Pressione......F1
•Fechar um programa.
Pressione......ALT+F4
•Exibir o menu de atalhos para o item selecionado
Pressione......ESHIFT+F10
•Exibir o menu Iniciar
Pressione......CTRL+ESC
•Alternar para a janela anterior. Ou alternar para a
próxima janela mantendo pressionada a
tecla ALT enquanto pressiona TAB repetidamente
Pressione......ALT+TAB
•Recortar.
Pressione......CTRL+X
•Copiar
Pressione......CTRL+C
•Colar
Pressione......CTRL+V
•Excluir
Pressione......DEL
•Desfazer
Verificação de erros: Ferramenta que procura no disco Pressione......CTRL+Z
erros, defeitos ou arquivos danificados. •Ignorar a auto - execução ao inserir um CD
Desfragmentação: Quando o Windows grava um Pressione......SHIFT enquanto insere o CD-ROM
arquivo no Disco, ele o grava em partes separadas, quando
precisar abrir esse mesmo arquivo, o próprio Windows Para a área de trabalho, Meu Computador e
levará mais tempo, pois precisa procurar por todo o disco. Windows Explorer
Usando esta ferramenta, ele ajusta o disco e torna o Quando um item está selecionado, você pode usar as
computador até 20% mais rápido. seguintes teclas de atalho.
Backup: Ferramenta que cria uma cópia dos seus
arquivos ou de todo o sistema, para o case de algum Para
problema, nada seja perdido. •Renomear um item.
Restauração do sistema: Além da ferramenta Backup, Pressione......F2
o Windows XP apresenta uma ferramenta mais avançada e •Localizar uma pasta ou arquivo
simples de protegem o sistema contra erros e falhas, esta Pressione......F3
ferramenta encontra-se em Acessórios / ferramentas do •Excluir imediatamente sem colocar o item na Lixeira
sistema. Pressione......SHIFT+DEL
Você pode usar a restauração do sistema para desfazer •Exibir as propriedades do item
alterações feitas no computador e restaurar configurações Pressione......ALT+ENTER OU ALT+clique duplo
e o desempenho. A restauração do sistema retorna o •Copiar um arquivo
computador a uma etapa anterior (ponto de restauração) Pressione......CTRL enquanto arrasta o arquivo

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

•Criar atalho Para


Pressione......CTRL+SHIFT enquanto arrasta um arquivo •Ativar e desativar as Teclas de Aderência
Meu Computador Pressione......SHIFT 5 vezes
Para •Ativar e desativar as Teclas de Filtragem
•Selecionar tudo Pressione......SHIFT DIREITA Durante 8 segundos
Pressione......CTRL+A •Ativar e desativar as Teclas de Alternação
•Atualizar uma janela. Pressione......NUMLOCK Durante 5 segundos
Pressione......F5 •Ativar e desativar as Teclas do Mouse
•Exibir a pasta um nível Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA
Pressione......BACKSPACE +NUMLOCK
•Fechar a pasta selecionada e todas as pastas pai •Ativar e desativar o Alto Contraste
Pressione......SHIFT enquanto clica no botão “Fechar” Pressione......ALT ESQUERDA+ SHIFT ESQUERDA +
Somente para o Windows Explorer PRINTSCREEN
•Ir Para
Pressione......CTRL+G Propriedades
•Alternar entre os painéis esquerdo e direito Se clicarmos o botão direito do mouse sobre qualquer
Pressione......F6 parte da Área de Trabalho (ou pelo Painel de Controle/
•Expandir todas as subpastas sob a pasta selecionada Aparência e temas/Vídeo), aparecerá uma janela e, com ela,
Pressione......NUMLOCK+ ASTERISCO (* no teclado poderemos personalizar a área de trabalho.
numérico)
•Expandir a pasta selecionada
Pressione......NUMLOCK+SINAL DE ADIÇÃO (+ no
teclado numérico)
•Ocultar a pasta selecionada.
Pressione......NUMLOCK+SINAL DE SUBTRAÇÃO no
teclado numérico)
•Expandir a seleção atual se estiver oculta; caso
contrário, selecionar a primeira subpasta
Pressione......SETA À DIREITA
•Expandir a seleção atual se estiver expandida; caso
contrário, selecionar a pasta pai
Pressione......SETA À ESQUERDA

Para caixas de diálogo de propriedades


Opção Propriedade:
Quando você escolhe a opção PROPRIEDADES, você
Para
pode alterar o visual da área de trabalho mudando as cores,
•Mover-se entre as opções, para frente
Pressione......TAB os tipos de letras e outras coisas. A tela abaixo irá aparecer:
•Mover-se entre as opções, para traz
Pressione......SHIFT+TAB
•Mover-se entre as guias, para frente
Pressione......CTRL+TAB
•Mover-se entre as guias, para traz
Pressione......CTRL+SHIFT+TAB
Para caixas de diálogo Abrir e Salvar Como
Para
•Abrir a lista “Salvar em” ou “Procurar em”
Pressione......F4
•Atualizar
Pressione......F5
•Abrir a pasta um nível acima, se houver uma pasta
selecionada
Pressione......BACKSPACE

Teclas de Atalho para Opções de Acessibilidade

Para usar teclas de atalho para Opções Acessibilidade,


as teclas de atalho devem estar ativadas. Para maiores Plano de Fundo:
informações consulte “Acessibilidade, teclas de atalho” no É onde você pode mudar o Papel de Parede, aquela
Índice da Ajuda. imagem que enfeita a nossa área de trabalho.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

AS PASTAS

O Windows usa pastas para agrupar aplicações,


documentos (arquivos) e, também, para unir recursos. Os
ícones de pastas são usados para representar esses grupos
e, portanto, serão comentados em diferentes áreas desse
texto.
Criar, apagar, mover e copiar pastas serão tarefas que
você fará constantemente em Windows.
Assim, para que você realmente saiba quem são essas
pastas relacionaram-se vários exemplos delas.
O primeiro exemplo é a pasta “Acessórios”, que
contém todos os ícones de aplicativos de acessórios que
são instalados com Windows, a saber:
• WordPad,
• Paint,
• Calculadora,
• Bloco de Notas, entre outros.
Proteção de tela:
Nesse caso, a pasta agrupa aplicações.
Também pode ser chamada pelo termo em inglês
Ao clicar no botão “Iniciar”, o menu “Iniciar” será
“Screen Saver”. A proteção de tela é um tipo de animação
apresentado. Nesse menu, você encontrará alguns
que aparece na tela do computador, quando você o deixa submenus que, na realidade, representam pastas. Se você
ligado, sem mexer nele por alguns minutos. Existem vários apontar com o mouse para o submenu “Programas”, será
tipos de protetores de telas, alguns já vêm com o Windows apresentada uma lista de pastas que podem conter outras
e outros são programas adicionais que você instala no seu pastas ou conter ícones de aplicações. Apontar para o
computador. submenu “Acessórios” exibirá todos os ícones de aplicação
Quando o Protetor de tela estiver funcionando, e você que estão nessa pasta, e outras pastas, a saber:
quiser voltar a usar o computador, asta mexer no mouse ou • Fax,
apertar uma tecla, para que ele desapareça da tela. • Ferramentas do Sistema,
• Jogos,
• Entretenimento.
Apontar para o submenu “Entretenimento” exibirá os
ícones de aplicações desse grupo.
E as pastas em Windows continuam. Se você der um
duplo-clique no ícone “Meu Computador”, você abrirá
uma janela com pelo menos mais duas pastas que são
respectivamente “Painel de Controle” e “Impressoras”.
A pasta “Painel de Controle” possui os ícones referentes
a todos os programas necessários para configuração do
ambiente, do hardware e da rede, caso você esteja usando
uma. A pasta “Impressoras” possui a lista de drivers de
impressoras instalados em seu computador. Mas, ainda na
janela “Meu Computador”, você encontrará outras pastas.
Se você der um duplo-clique no ícone que representa o
Aparência: drive C (disco rígido) você verá uma lista muito maior de
pastas que dependerá inteiramente da forma como os
Modifica a aparência da tela, mudando as cores, fontes,
documentos foram organizados no disco.
tamanhos das janelas, dos ícones, área de trabalho, etc...
Como você pode perceber, a sua área de trabalho
será organizada através das pastas que você criar, e essas
pastas poderão ter tanto os seus documentos como as
suas ferramentas de trabalho (aplicativos).

O CONCEITO DE CAMINHO
A estrutura de pastas dentro de um computador é
como uma árvore, com pastas principais ramificando-se
em pastas menores.
As pastas podem estar dentro de outras pastas para
criar um nível mais profundo na organização de seu disco,
como um armário que pode ter gavetas e, dentro destas,
divisórias para separar as peças de roupa. Portanto, as

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pastas ficam organizadas em uma forma hierárquica, como OPERAÇÕES SOBRE ARQUIVOS
já foi mencionado. Em termos lógicos, cada item em um
nível hierárquico inferior pertence ao item que o contém. Através de “Windows Explorer” e de “Meu Computador”
Essa forma hierárquica mostra que para se chegar a é possível a realização de diversas operações sobre arquivos,
um determinado item, deve-se percorrer um determinado tais como cópia, exclusão, renomeação, movimentação, etc.
caminho, que corresponde à posição desse item dentro da As tarefas descritas a seguir poderão ser efetuadas tanto
estrutura de pastas. em “Windows Explorer” como em “Meu Computador”.
Por exemplo, a figura exibe a barra de título da janela
“Explorando” quando você consulta a pasta “Acessórios” Seleção de Arquivos
que foi criada na instalação de Windows. A maior parte das operações sobre arquivos podem
ser realizadas com apenas um arquivo ou com grupos
de arquivos e/ou pastas. Para trabalhar com grupos de
arquivos ou pastas é preciso efetuar antes a seleção
deles com o mouse. Existem duas formas de seleção, uma
Se a barra de título de “Windows Explorer” estiver contínua e outra alternada.
mostrando apenas a pasta atualmente selecionada, clique Uma vez efetuada a seleção, operações podem ser
no menu “Exibir”, escolha o comando “Opções de pasta”, feitas sobre esses arquivos ou pastas, tais como cópia,
clique na guia “Modos de exibição” e, ative a opção “Exibir movimentação ou exclusão.
caminho completo na barra de títulos”.
A \ (barra invertida) é usada para separar as subpastas - Fazendo uma seleção contínua:
e compor o caminho. • Selecione o primeiro arquivo, clicando nele.
Veja a seguir um exemplo de caminho: • Mantenha pressionada a tecla SHIFT.
C:\EXCEL\EXCEL1\JANEIRO\LANÇAMENTO DE • Clique no último arquivo da seleção.
ENTRADAS
Esse caminho mostra que o arquivo “LANÇAMENTO
DE ENTRADAS”, se encontra na pasta “JANEIRO” que
hierarquicamente está subordinada à pasta “EXCEL1” e este
à pasta “EXCEL” na unidade de disco C.
Se você clicar duas vezes na unidade de disco C da
janela “Windows Explorer”, você verá as pastas de seu
computador exibidas através de ramificações, onde uma
pasta principal ramifica-se em outras pastas menores.

- Fazendo uma seleção descontínua:


• Selecione um arquivo.
• Mantenha pressionada a tecla CTRL.
• Dê cliques em arquivos alternados dentro da jane-
la de conteúdo da pasta.

Muitas vezes, você precisará dizer para o Windows


onde um arquivo está localizado, e para fazer isso
necessitará saber o caminho do arquivo. Por exemplo, veja
a pasta “Microsoft Shared”. Para que Windows encontre um
arquivo armazenado lá, ele começa pela unidade de disco OPERAÇÕES SOBRE ARQUIVOS COM USO DO
(C:), percorre a pasta “Arquivos de Programas”, percorre a MOUSE
pasta “Arquivos Comuns”, e só depois, pesquisa a pasta Cópia ou movimentação de pastas ou arquivos podem
“Microsoft Shared”. O (C:) significa a unidade de disco, e ser feitas de um local de origem para outro de destino no
todas as outras pastas estão dentro da grande pasta C:, “Windows Explorer” ou em “Meu Computador” usando o
portanto, elas são listadas após a pasta C:. mouse com operações de arraste.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sequência de Passos para Cópia e Movimentação 5. Perceba, que se a pasta não desaparecer da antiga
estrutura hierárquica, isto indicará que essa operação será
Para efetuar as tarefas de cópia ou movimentação, uma cópia. Se a tecla SHIFT for pressionada, a pasta irá
procure observar a sequência de passos a seguir: desaparecer, e nesse caso a operação será uma movimen-
• Selecione a(s) pasta(s) ou arquivo(s) a ser (em) co- tação.
piado(s) ou movimentado(s). •Copiando ou movimentando para uma unidade de
• Decida se deseja realizar uma cópia ou movimen- disco diretamente:
tação. 1. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada.
• Efetue o arraste da(s) pasta(s) ou arquivo(s) sele- 2. Efetue o arraste da pasta da janela de origem para
cionado(s) com o mouse da origem para o destino, e man- sobre o ícone da unidade de disco para a qual deseja que a
tenha pressionado o botão do mouse. Observe atentamen- operação seja efetuada.
te se o desenho que acompanha a pasta ou o ícone da pas- 3. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movi-
ta tem um sinal + (mais). Se ele tiver esse sinal, a operação mentação, utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do
será de cópia, caso contrário será de movimentação. mouse.
• Solte o mouse caso a operação é a que deseja. O ponto mais importante a observar aqui se resume
Caso contrário, verifique entre as teclas CTRL ou SHIFT no seguinte: “A pasta será copiada ou movimentada para
aquela que define a operação desejada. a unidade de disco de destino como uma pasta nessa
• Observe atentamente se o desenho da pasta ou unidade de disco”.
ícones dos arquivos que estão sendo arrastados permane-
ceram ou não na origem. Se permanecerem, a operação •Cópia ou Movimentação de Arquivos
efetuada terá sido de cópia, caso contrário terá sido de A cópia ou movimentação de arquivos é, em linhas
movimentação. gerais, semelhante ao que descrevemos em relação às
pastas. Só que no caso da cópia ou movimentação de uma
pasta, todo o seu conteúdo irá com ela.
•Estruturando hierarquicamente no mesmo disco:
Abra a janela de “Windows Explorer” ou de “Meu
Computador”.
Selecione a pasta de diretório que deseja copiar ou
movimentar.
Efetue um arraste dessa pasta sobre a pasta de destino.
Solte o botão do mouse caso seja uma movimentação,
ou segure CTRL antes de soltar o botão do mouse caso seja
uma cópia.

•Copiando ou movimentando para uma pasta em outra


unidade de disco:
1. Abra em tela as duas janelas de “Meu Computa-
COPIA OU MOVIMENTAÇÃO DE PASTAS dor” ou “Windows Explorer”, a de origem e a de destino.
2. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada.
•Estruturando hierarquicamente no mesmo disco: 3. Efetue o arraste da pasta da janela da pasta de
1. Abra a janela de “Windows Explorer” ou de “Meu origem sobre a pasta da janela de destino.
Computador”. 4. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movi-
2. Selecione a pasta de diretório que deseja copiar mentação, utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do
ou movimentar. mouse.
3. Efetue um arraste dessa pasta sobre a pasta de O procedimento para efetuar a cópia de pastas de uma
destino. janela de pastas para outra janela em forma de ícone, é o
4. Solte o botão do mouse caso seja uma movimen- mesmo que acabamos de utilizar.
tação, ou segure CTRL antes de soltar o botão do mouse
caso seja uma cópia. •Copiando ou movimentando para uma unidade de
disco diretamente:
•Copiando ou movimentando uma pasta em outra 1. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada.
unidade de disco: 2. Efetue o arraste da pasta da janela de origem para
1. Abra em tela as duas janelas de “Meu Computa- sobre o ícone da unidade de disco para a qual deseja que a
dor” ou “Windows Explorer”, a de origem e a de destino. operação seja efetuada.
2. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimentação,
3. Efetue o arraste da pasta da janela da pasta de utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse.
origem sobre a pasta da janela de destino. Novamente, o ponto mais importante a observar
4. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movi- aqui se resume no seguinte: “A pasta será copiada ou
mentação, utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do movimentada para a unidade de disco de destino como
mouse. uma pasta nessa unidade de disco”.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Obs.: para copiar uma pasta de um local a outro, tanto Apresentações dadas pela companhia no começo de
na mesma unidade de disco quanto em outra, podemos 2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas va-
utilizar o seguinte procedimento: riações como uma barra de tarefas diferente, um sistema
Clique com o botão direito sobre a pasta, no menu que de “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na
surge escolher a opção “copiar” e no local desejado, repetir performance.
o processo, selecionando desta vez a opção “colar”. · Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tare-
fas e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-
RENOMEAÇÃO DE ARQUIVOS touch)
• O comando “Renomear” permite modificar o · Internet Explorer 8;
nome de um arquivo, sem alterar o seu conteúdo. · Novo menu Iniciar;
• Renomeando um arquivo: · Nova barra de ferramentas totalmente reformulada;
• Clique com o botão direito do mouse sobre o · Comando de voz (inglês);
nome do arquivo que deseja renomear. · Gadgets sobre o desktop;
• No menu de atalho, selecione “Renomear”. O · Novos papéis de parede, ícones, temas etc.;
nome do arquivo é selecionado permitindo que você al- · Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows
tere-o. Media Player, integrado ao Windows Explorer;
• Digite o novo nome e, em seguida, clique em um · Arquitetura modular, como no Windows Server 2008;
lugar qualquer. · Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Win-
dows (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office
EXCLUSÃO DE ARQUIVOS 2007;
· Aceleradores no Internet Explorer 8;
Excluindo um arquivo: · Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória
• Selecione o nome do arquivo que deseja excluir. RAM;
• Pressione a tecla DEL. · Home Groups;
· Melhor desempenho;
· Windows Media Player 12;
· Nova versão do Windows Media Center;
· Gerenciador de Credenciais;
· Instalação do sistema em VHDs;
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com
mais funções;
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet,
Gamão Internet e Internet Damas;
Se a configuração da “Lixeira” estiver selecionada para
· Windows XP Mode;
armazenar temporariamente os arquivos apagados, uma
· Aero Shake;
caixa de mensagem é exibida solicitando a confirmação
da exclusão do arquivo enviando-o para a “Lixeira”, caso
contrário, o arquivo é automaticamente eliminado do disco. Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos
Se a configuração da “Lixeira” estiver selecionada para o número de capacidades e certos programas que faziam
armazenar temporariamente os arquivos apagados, uma parte do Windows Vista não estão mais presentes ou mu-
caixa de mensagem é exibida solicitando a confirmação daram, resultando na remoção de certas funcionalidades.
da exclusão do arquivo enviando-o para a “Lixeira”, caso Mesmo assim, devido ao fato de ainda ser um sistema
contrário, o arquivo é automaticamente eliminado do disco. operacional em desenvolvimento, nem todos os recursos
podem ser definitivamente considerados excluídos. Fixar
navegador de internet e cliente de e-mail padrão no menu
Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser fixados
manualmente).

WINDOWS 7 Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Win-


dows Mail e Windows
O Windows 7 foi lançado para empresas no dia 22 de Calendar foram substituídos pelas suas respectivas
julho de 2009, e começou a ser vendido livremente para contrapartes do Windows Live, com a perda de algumas
usuários comuns dia 22 de outubro de 2009. funcionalidades. O Windows 7, assim como o Windows Vis-
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas no- ta, estará disponível em cinco diferentes edições, porém
vidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e apenas o Home Premium, Professional e Ultimate serão
direcionada para a linha Windows, tem a intenção de tor- vendidos na maioria dos países, restando outras duas edi-
ná-lo totalmente compatível com aplicações e hardwares ções que se concentram em outros mercados, como mer-
com os quais o Windows Vista já era compatível. cados de empresas ou só para países em desenvolvimento.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cada edição inclui recursos e limitações, sendo que só o


Ultimate não tem limitações de uso. Segundo a Microsoft,
os recursos para todas as edições do Windows 7 são arma-
zenadas no computador.
Um dos principais objetivos da Microsoft com este
novo Windows é proporcionar uma melhor interação e in-
tegração do sistema com o usuário, tendo uma maior oti-
mização dos recursos do Windows 7, como maior autono-
mia e menor consumo de energia, voltado a profissionais
ou usuários de internet que precisam interagir com clientes
e familiares com facilidade, sincronizando e compartilhan-
do facilmente arquivos e diretórios.

Recursos
Segundo o site da própria Microsoft, os recursos en-
contrados no Windows 7 são fruto das novas necessidades Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela
encontradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor, sensível ao toque.
Windows Vista, mas existem novas funcionalidades exclusi-
vas, feitas para facilitar a utilização e melhorar o desempe- Lista de Atalhos
nho do SO (Sistema Operacional) no computador.
Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras Novidade desta nova versão, agora você pode abrir di-
versões do Windows, não terá que jogar todo o conheci- retamente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir
mento fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e o programa que você utilizou. Digamos que você estava
aprender “novos truques” enquanto isso. editando um relatório em seu editor de texto e precisou fe-
chá-lo por algum motivo. Quando quiser voltar a trabalhar
nele, basta clicar com o botão direito sob o ícone do editor
Tarefas Cotidianas
e o arquivo estará entre os recentes.
Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia
Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se
se tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma
preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e
empresa enorme para precisar sempre de um computador
vai diretamente para a informação, ganhando tempo.
perto de nós. O Windows 7 vem com ferramentas e fun-
ções para te ajudar em tarefas comuns do cotidiano.

Grupo Doméstico
Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais
computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre
várias estações vai te poupar de ter que ir fisicamente aon-
de a outra máquina está para recuperar uma foto digital
armazenada apenas nele.
Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica sim-
plificada e segura. Você decide o que compartilhar e qual
os privilégios que os outros terão ao acessar a informação,
se é apenas de visualização, de edição e etc.

Tela sensível ao toque


O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensí-
vel ao toque com opção a multitoque, recurso difundido
pelo iPhone.
O recurso multitoque percebe o toque em diversos
pontos da tela ao mesmo tempo, assim tornando possí-
vel dimensionar uma imagem arrastando simultaneamente
duas pontas da imagem na tela.
O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de apli- Exemplo de arquivos recentes no Paint.
cativos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface Col-
lage é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos. Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere im-
Nele é possível montar slide show de fotos e criar papeis de portante. Se a edição de um determinado documento é
parede personalizados. Essas funções não são novidades, constante, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto
mas por serem feitas para usar uma tela sensível a múlti- que a lista de recentes se modifica conforme você abre e
plos toques as tornam novidades. fecha novos documentos.

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Snap
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum ver várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recurso de
Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e divertido. Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da tela para
obter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a comparação de janelas. Por exemplo, jogue uma para a esquerda e
a outra na direita. Ambas ficaram abertas e dividindo igualmente o espaço pela tela, permitindo que você as veja ao mesmo
tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e estendido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas direta-
mente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada a busca enquanto você navega pelas pastas.

Menu iniciar
As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do menu iniciar. É útil quando você necessita procurar, por exemplo,
pelo atalho de inicialização de algum programa ou arquivo de modo rápido.
“Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do Windows Search, a pesquisa do menu início não olha apenas
aos nomes de pastas e arquivos.
Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e propriedades também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
Os resultados são mostrados enquanto você digita e são divididos em categorias, para facilitar sua visualização.
Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua busca pode ser dividido.
· Programas
· Painel de Controle
· Documentos
· Música
· Arquivos

Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras em seu nome.

Windows Explorer
O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena parte do total disponível.
Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acionado automaticamente quando você navega pelas pastas do seu
computador – você encontrará uma busca mais abrangente.
Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de busca. No
7, precisamos apenas digitar os termos na caixa de busca, que fica no canto superior direito.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 774).

A busca não se limita a digitação de palavras. Você pode aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas, todas as
canções do gênero Rock. Existem outros, como data, tamanho e tipo. Dependendo do arquivo que você procura, podem
existir outras classificações disponíveis.
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computador possui um autor. Se você está buscando por arquivos de texto,
pode ter a opção de filtrar por autores.
Você observará que o Windows Explorer traz a janela dividida em duas partes.

Fonte: http://ead.go.gov.br/ficead/mod/book/tool/print/index.php?id=53&chapterid=56

Controle dos pais


Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda a limitar
o que pode ser visualizado ou não. Para que essa funcionalidade fique disponível, é importante que o computador tenha
uma conta de administrador, protegida por senha, registrada. Além disso, o usuário que se deseja restringir deve ter sua
própria conta.
As restrições básicas que o 7 disponibiliza:
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia que o PC pode ser utilizado.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo horário e também pela classificação do jogo. Vale notar que a
classificação já vem com o próprio game.
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplicativos estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a quantidade de restrições, como controlar as páginas que são
acessadas, e até mesmo manter um histórico das atividades online do usuário.
Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de segurança e manutenção do Windows. Elas são classificadas em
vermelho (importante – deve ser resolvido rapidamente) e amarelas (tarefas recomendadas).
O painel também é útil caso você sinta algo de estranho no computador. Basta checar o painel e ver se o Windows
detectou algo de errado.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Servem para deixar sua área de trabalho com ele-


mentos sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena
agenda – até as de gosto mais duvidosas – como uma que
mostra o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário
o que e como utilizar.
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir
necessidade, pode baixar ainda mais opções da internet.

A central de ações e suas opções.


- Do seu jeito

O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para


nossa qualidade de vida quanto para o desempenho no
trabalho. O computador é uma extensão desse ambiente.
O Windows 7 permite uma alta personalização de ícones,
cores e muitas outras opções, deixando um ambiente mais
confortável, não importa se utilizado no ambiente profis-
Gadgets de calendário e relógio.
sional ou no doméstico.
Temas
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão Como nem sempre há tempo de modificar e deixar to-
na página de Personalização1, que pode ser acessada por das as configurações exatamente do seu gosto, o Windows
um clique com o botão direito na área de trabalho e em 7 disponibiliza temas, que mudam consideravelmente os
seguida um clique em Personalizar. aspectos gráficos, como em papéis de parede e cores.

É importante notar que algumas configurações podem ClearType


deixar seu computador mais lento, especialmente efeitos “Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes pare-
de transparência. Abaixo estão algumas das opções de per- cerem mais claras e suaves no monitor. É particularmente
sonalização mais interessantes. efetivo para monitores LCD, mas também tem algum efeito
nos antigos modelos CRT(monitores de tubo). O Windows
Papéis de Parede 7 dá suporte a esta tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bib-
Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou le, pg 163, tradução nossa).
praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos
Novas possibilidades
de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agra-
Os novos recursos do Windows 7 abrem, por si só, no-
de. Uma das novidades fica por conta das fotos que você
vas possibilidades de configuração, maior facilidade na na-
encontra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma
vega, dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades
única folha numa floresta até uma montanha.
foram diretamente aplicadas no computador em uso, mas
A outra é a possibilidade de criar um slide show com no 7 podemos também interagir com outros dispositivos.
várias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a
impressão que sua área de trabalho está mais viva. Reproduzir em
Permitindo acessando de outros equipamentos a um
Gadgets computador com o Windows 7, é possível que eles se co-
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, muniquem e seja possível tocar, por exemplo, num apare-
mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar lho de som as músicas que você tem no HD de seu com-
em qualquer local do desktop. putador.

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É apenas necessário que o aparelho seja compatível adicionar “gadgets” de área de trabalho, que são minipro-
com o Windows 7 – geralmente indicado com um logotipo gramas personalizáveis que podem exibir continuamente
“Compatível com o Windows 7”. informações atualizadas como a apresentação de slides de
imagens ou contatos, sem a necessidade de abrir uma nova
Streaming de mídia remoto janela.
Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do
computador para outros lugares da casa. Se quiser levar Aplicativos novos
para fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto.
Uma das principais características do mundo Linux é
Com este novo recurso, dois computadores rodando
suas versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário
Windows 7 podem compartilhar músicas através do Win-
não precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema,
dows Media Player 12. É necessário que ambos estejam as-
sociados com um ID online, como a do Windows Live. o que não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora
Personalização existe uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7,
Você pode adicionar recursos ao seu computador alte- para que o usuário não precisa baixar programas para ati-
rando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de vidades básicas.
trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a ima- Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desk-
gem da conta de usuário. Você pode também selecionar top e também suportar entrada por caneta e toque.
“gadgets” específicos para sua área de trabalho. No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
Ao alterar o tema você inclui um plano de fundo na equações matemáticas escritas na tela são convertidas em
área de trabalho, uma proteção de tela, a cor da borda da texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
janela sons e, às vezes, ícones e ponteiros de mouse. O print screen agora tem um aplicativo que permite
capturar de formas diferentes a tela, como por exemplo,
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é a tela inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o
um visual premium dessa versão do Windows, apresentan- mouse.
do um design como o vidro transparente com animações
de janela, um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas
e novas cores de borda de janela. Use o tema inteiro ou
crie seu próprio tema personalizado alterando as imagens,
cores e sons individualmente. Você também pode locali-
zar mais temas online no site do Windows. Você também
pode alterar os sons emitidos pelo computador quando,
por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o Windows ou
desliga o computador.

O plano de fundo da área de trabalho, chamado de


papel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de
trabalho que cria um fundo para as janelas abertas. Você
pode escolher uma imagem para ser seu plano de fundo
de área de trabalho ou pode exibir uma apresentação de
slides de imagens. Também pode ser usada uma proteção
de tela onde uma imagem ou animação aparece em sua
tela quando você não utiliza o mouse ou o teclado por Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
determinado período de tempo. Você pode escolher uma
variedade de proteções de tela do Windows. Aumentando O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra-
o tamanho da fonte você pode tornar o texto, os ícones e mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
outros itens da tela mais fáceis de ver. Também é possível que parecem do Office 2007.
reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada, para
diminuir o tamanho do texto e outros itens na tela para que Paint com novos recursos.
caibam mais informações na tela. O WordPad também foi reformulado, recebeu novo vi-
sual mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas
Outro recurso de personalização é colocar imagem de ferramentas, assim se tornando um bom editor para quem
conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um não tem o Word 2007.
computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e A calculadora também sofreu mudanças, agora conta
no menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo
de usuário para uma das imagens incluídas no Windows programador ela faz cálculos binários e tem opção de álge-
ou usar sua própria imagem. E para finalizar você pode bra booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos.

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Também foi adicionado recurso de conversão de uni- · Espaço requerido de disco rígido: 16 GB
dades como de pés para metros. · Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos Di-
rectX 9 com 256 MB de memória (para habilitar o tema do
Windows Aero)
· Unidade de DVD-R/W
· Conexão com a Internet (para obter atualizações)

Atualizar de um SO antigo

O melhor cenário possível para a instalação do Win-


dows 7 é com uma máquina nova, com os requisitos apro-
priados. Entretanto, é possível utilizá-lo num computador
antigo, desde que atenda as especificações mínimas.
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista
instalado, você terá a opção de atualizar o sistema opera-
cional. Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá
fazer a re-instalação do sistema operacional.
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito prova-
velmente seu computador não atende aos requisitos míni-
mos. Entretanto, nada impede que você tente fazer a re-
Calculadora: 2 novos modos. instalação.
Atualização
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Win-
dows 7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as
configurações e os programas do Windows Vista no lugar”
(Site da Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-
BR/windows7/help/upgrading-from-windows-vista-
to-windows-7).
É o método mais adequado, se o usuário não possui
conhecimento ou tempo para fazer uma instalação do mé-
todo tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse
tomar cuidado com a compatibilidade dos programas, o
que funciona no Vista nem sempre funcionará no 7.

Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser
WordPad remodelado efetuada, a instalação completa se torna a opção mais viá-
vel.
Requisitos Neste caso, é necessário fazer backup de dados que
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve se deseja utilizar, como drivers e documentos de texto,
em relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de pois todas as informações no computador serão perdidas.
hardware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado Quando iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os progra-
sem problemas de desempenho. mas que você havia instalado e com as configurações pa-
Esta é a configuração mínima: drão.
· Processador de 1 GHz (32-bit)
· Memória (RAM) de 1 GB Desempenho
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
memória (sem Windows Aero) se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida
· Espaço requerido de 16GB por seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem
· DVD-ROM ganhou alguns pontos na velocidade.
· Saída de Áudio O 7 te ajuda automaticamente com o desempenho:
“Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de len- processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7
tidão e ainda usufruir de recursos como o Aero, o reco- Bible, pg 1041, tradução nossa).
mendado é a seguinte configuração. Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar
Configuração Recomendada: de não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) 7 prioriza o que o usuário está interagindo (tarefas “fore-
· Memória (RAM) de 2 GB ground”).

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade de tempo determinado. Haverá ainda um aplicativo nativo
pois são naturalmente lentas e podem ser executadas “lon- para auxiliar no gerenciamento de redes wireless, conheci-
ge da visão” do usuário, dando a impressão que o compu- do como Mobility Center.
tador não está lento.
Essa característica permite que o usuário não sinta uma
lentidão desnecessária no computador.
Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada
vez mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o
sistema operacional se torne um forte consumidor de me-
mória e processamento. O 7 disponibiliza vários recursos
de ponta e mantêm uma performance satisfatória.

Monitor de desempenho
Apesar de não ser uma exclusividade do 7, é uma fer-
ramenta poderosa para verificar como o sistema está se
portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
existe) para colher ainda mais informações e gerar relató-
rios.

Monitor de recursos Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e


Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra também poderá ser encontrada em computadores novos.
informações sobre o uso do processador, da memória, dis-
co e conexão à rede. Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES Professional do Windows 7 possuirá diversos recursos que
visam facilitar a comunicação entre computadores e até
Windows 7 Starter mesmo impressoras de uma rede corporativa.
Como o próprio título acima sugere, esta versão do Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o
Windows é a mais simples e básica de todas. A Barra de Domain Join, que ajuda os computadores de uma rede a
Tarefas foi completamente redesenhada e não possui su- “se enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location
porte ao famoso Aero Glass. Uma limitação da versão é Aware Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar mui-
que o usuário não pode abrir mais do que três aplicativos to mais fácil o compartilhamento de impressoras.
ao mesmo tempo. Como empresas sempre estão procurando maneiras
Esta versão será instalada em computadores novo ape- para se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz
nas nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e o Encrypting File System, que dificulta a violação de dados.
Brasil. Disponível apenas na versão de 32 bits. Esta versão também será encontrada em lojas de varejo ou
computadores novos.
Windows 7 Home Basic
Esta é uma versão intermediária entre as edições Star- Windows 7 Enterprise, apenas para vários
ter e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma
também a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais versão mais voltada para empresas de médio e grande por-
de três aplicativos ao mesmo tempo. te, só poderá ser adquirida com licenciamento para diver-
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero sas máquinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na
Glass nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, edição Professional e possui recursos mais sofisticados de
fugindo um pouco da principal novidade do Windows 7. segurança.
Computadores novos poderão contar também com a ins- Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável
talação desta edição, mas sua venda será proibida nos Es- pela criptografia de dados e o AppLocker, que impede a
tados Unidos. execução de programas não-autorizados. Além disso, há
ainda o BrachCache, para turbinar transferência de arqui-
Windows 7 Home Premium vos grandes e também o DirectAccess, que dá uma super
Edição que os usuários domésticos podem chamar de ajuda com a configuração de redes corporativas.
“completa”, a Home Premium acumula todas as funciona-
lidades das edições citadas anteriormente e soma mais al- Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
gumas ao pacote. Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
Dentre as funções adicionadas, as principais são o su- pois contém todas as funcionalidades já citadas neste ar-
porte à interface Aero Glass e também aos recursos Touch tigo e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita
Windows (tela sensível ao toque) e Aero Background, que às empresas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade
troca seu papel de parede automaticamente no intervalo limitada desta versão do sistema.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos Pesquisar Ajuda


presentes na Ultimate são dedicados às corporações, não
interessando muito aos usuários comuns. Você pode pesquisar tópicos da Ajuda por assunto. Cli-
que no botão Pesquisar Ajuda e, em seguida, clique em
um item na lista de títulos de assuntos que será exibida. Es-
ses títulos podem conter tópicos da Ajuda ou outros títulos
de assuntos. Clique em um tópico da Ajuda para abri-lo ou
clique em outro título para investigar mais a fundo a lista
de assuntos.

Usando a Ajuda e Suporte do Windows


A Ajuda e Suporte do Windows é um sistema de ajuda
interno do Windows, no qual você obtém respostas rápidas
a dúvidas comuns, sugestões para solução de problemas e
instruções sobre diversos itens e tarefas. Caso precise de
ajuda com relação a um programa que não faz parte do
Windows, consulte a Ajuda desse programa (consulte “Ob-
tendo ajuda sobre um programa”, a seguir).
Para abrir a Ajuda e Suporte do Windows, clique no
botão Iniciar e, em seguida, clique em Ajuda e Suporte.
Obter o conteúdo mais recente da Ajuda
Se você estiver conectado à Internet, verifique se o
Centro de Ajuda e Suporte do Windows está configurado
como Ajuda Online. A Ajuda Online inclui novos tópicos da
Ajuda e as versões mais recentes dos tópicos existentes. Navegando em tópicos da Ajuda por assunto
Clique no botão Iniciar  e em Ajuda e Suporte.
Na barra de ferramentas Ajuda e Suporte do Windows, WINDOWS 8
clique em Opções e em Configurações.
O Windows 8 veio com uma nova característica para
Em Resultados da pesquisa, marque a caixa de sele- Desktops e Tablets, o Windows Style, que já é conhecido
ção Melhorar os resultados de pesquisa usando a Ajuda por muitos com o nome de Windows Metro, presente no
online (recomendado) e clique em OK. Quando você estiver Windows Phone 7. O que significa que uma aplicação feita
conectado, as palavras Ajuda Online serão exibidas no can- com Windows Style vai poder ser executada no seu Desk-
to inferior direito da janela Ajuda e Suporte. top, Tablet ou smarthphone que utiliza o Windows 8 que
Pesquisar na Ajuda traz um visual diferenciado possibilitando maior interação
A maneira mais rápida de obter ajuda é digitar uma do usuário com os aplicativos.
ou duas palavras na caixa de pesquisa. Por exemplo, para Apesar de trazer esta grande novidade, o Windows 8
obter informações sobre rede sem fio, digite rede sem fio e não perdeu a compatibilidade e nem a forma de trabalhar
pressione Enter. Será exibida uma lista de resultados, com com aplicativos na versão x86, feitos em versões mais an-
os mais úteis na parte superior. Clique em um dos resulta- tigas deste Sistema Operacional. Isso porque o Windows 8
dos para ler o tópico. para Desktop usa duas interfaces, a interface Style também
chamada de Windows RT e a Interface Win32. Isso significa
que os aplicativos desenvolvidos para Windows Win32 não
serão executados em tablets ou smarthphones.
Além das características citadas acima, outra novidade
interessante do Windows 8 é a interface Win32 que foi mo-
dificada, além de trazer novas funções até então (até então
porque até o lançamento oficial pode acontecer alguma
A caixa de pesquisa na Ajuda e Suporte do Windows mudança), ele não trás o botão iniciar (Figura 1).

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É nessa barra lateral, na opção configurações onde va-


mos encontrar a configuração das conexões com redes a
cabo ou sem fio (wireless), configuração de volume, con-
figuração de brilho, configuração do idioma teclado, con-
figuração das notificações, a opção de desligar que inclui,
desligar, reiniciar, hibernar ou suspender a máquina, além
das outras configurações que são: Área de trabalho, Painel
de controle, Personalização Informações do PC e ajuda (Fi-
gura 4).

Figura 1: Interface do Windows Win32

Ao invés disso temos um painel onde todos os progra-


mas são listados com seus ícones no modo paisagem e que
pode ser movido com a barra de rolagem horizontal que se
encontra no rodapé da página. Então qualquer programa
instalado tanto para a interface Style quanto para a interfa-
ce Win32 pode ser acessado (Figura 2).

Figura 4: Barra Lateral Configuração

A interface Style está muito voltada para o conteúdo,


onde temos ícones dinâmicos também conhecidos como
tiles que podem mostrar informações em tempo real, de
acordo com a característica de cada aplicativo e obviamen-
te quando houver uma conexão com a internet.(Figura 5)

Figura 2: Painel contendo todos os aplicativos


do Windows 8

Muitos que já tiveram contato com o Windows 8 acha-


ram estranho, porque se não tem o botão iniciar, como
desligar o computador? Bom, aí está mais uma mudança,
pensando no uso comum para todos os dispositivos foi
criada uma Barra Lateral (lado direito), onde temos as op- Figura 5: Interface Windows Style
ções de Pesquisa, Compartilhar, Iniciar, Dispositivos, Confi-
gurações (Figura 3). O uso da memória na interface Style foi otimizado para
obter o máximo de desempenho para o aplicativo construí-
do para a essa interface, que está sendo executado naquele
momento. E como o Windows faz isso? O Windows 8 au-
tomaticamente suspende o aplicativo anterior para então
executar o aplicativo atual, liberando mais memória para
ele. Isso significa que o usuário pode iniciar a quantidade
de aplicativos que quiser, porque isso não vai comprome-
ter a memória ou a bateria do dispositivo. O Windows pode
eventualmente encerrar um aplicativo que está em segun-
do plano para liberar memória para outro aplicativo que
está sendo executado.
Essa característica requer que os desenvolvedores
de aplicativos Windows Style sejam muito cuidadosos ao
Figura 3: Barra Lateral construírem suas aplicações, para que o usuário não perce-

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ba o que está acontecendo “por trás” no sistema operacio- A volta do botão Iniciar ou quase isso
nal. Então o desenvolvedor deve gravar o estado em que Outra modificação bastante aguardada é a volta do
a aplicação foi suspensa ou encerrada, para que o usuário botão “Iniciar”. No entanto, ele não retornou como todos
não perceba a alteração ao alternar entre um aplicativo e esperavam. A função do botão é a mesma da tecla “Windo-
outro. ws”. Ele é apenas um atalho para levar o usuário da interfa-
É bom frisar que esta característica é apenas para o ce tradicional para a nova, chamada Modern e voltada para
Windows 8 RT ou Style e estão direcionados para melhorar dispositivos com tela touch.
o desempenho de aplicativos móveis.
O Windows Win32 não tem essa característica e con- Uma busca mais completa e um acesso mais fácil às
sequentemente os aplicativos já existentes e construídos configurações
para Windows Win32 vão trabalhar da mesma forma, es- A ferramenta de busca foi redesenhada, mas continua
tarão sendo executados em segundo plano, consumindo simples. Agora esta função está mais eficiente e abrangen-
memória e processamento, deixando a cargo do usuário te, pois pesquisa na web, em arquivos locais e contas do
encerrar o aplicativo que mais estiver consumindo recursos SkyDrive. Houve, também, uma mudança em seu compor-
do computador. tamento. Ao ser chamada no desktop, a busca não redire-
Espero que com estas breves explanações, estejam ciona mais o usuário para a tela inicial e sim, para uma tela
prontos para instalar o Windows 8 e as ferramentas de de- que se sobrepõe ao desktop com novos resultados.
senvolvimento para esta plataforma, pois a intenção neste Com a busca se tornando mais abrangente e integra-
deste tópico é apenas dar uma ideia básica das novidades da ao sistema, a Microsoft trabalha para que seus usuá-
do Windows 8. rio usem o seu buscador, o Bing. Assim, a empresa de Bill
Então para desenvolver alguma aplicação para dispo- Gates tenta afastá-los do serviço do Google. Para facilitar
sitivos móveis que utilizam Windows 8, devemos ter ins- ainda mais a customização do dispositivo, a busca também
talados o Windows 8 e também o Visual Studio 2012, que localiza as configurações do sistema.
conta também com a versão Express que é gratuita. Apesar Falando em configuração, o sistema de edição de con-
de não ter sido lançado oficialmente já podemos iniciar o figurações foi melhorado. No Windows 8, era preciso abrir
desenvolvimento de aplicativos para Windows 8 baixando a tela inicial e, em seguida, o Painel de Controle para fazer
a versão de avaliação do Windows 8 Release Preview, que modificações. Porém, no Windows 8.1 elas estão disponí-
será válida até 15 de fevereiro de 2013, o que é suficien- veis já na tela inicial, sem a necessidade de um passo inter-
te para testar e desenvolver alguns aplicativos. Para baixar mediário.
a versão de avaliação acesse o endereço http://windows.
microsoft.com/pt-BR/windows-8/download. Após acessar Uma tela inicial mais personalizável
este endereço escolha o idioma e a versão para máquinas A tela inicial recebeu algumas novas opções que per-
32 ou 64 bits, não se esqueça de anotar a chave do pro- mitem personalizá-la. Agora, é possível customizar a tela
duto, depois baixe a imagem no formato ISO, grave em inicial com mais cores e imagens de fundo. Há a possibi-
um DVD e pronto, agora é só instalar. Se você já tiver uma lidade, inclusive, de usar imagens animadas. Além disso, o
outra versão do Windows instalada na máquina, pode criar fundo do desktop e da tela inicial podem ficar com os seus
uma partição e instalar o Windows 8, assim será criado um blocos dinâmicos iguais.
Dual Boot, ou seja você poderá escolher qual sistema ope- Para evitar que os usuários reorganizem a tela por aci-
racional vai utilizar. dente ao passar o mouse ou os dedos sobre os blocos di-
nâmicos, a tela inicial possui novos tamanhos de ícones.
8.1 Eles podem ser ordenados facilmente ao clicar com o bo-
O Windows 8.1 é a primeira grande atualização do tão direito ou, então, ao tocá-lo e segurá-lo. É possível,
Windows 8 e traz diversas mudanças que, em alguns as- também, agrupar muitos ícones ao mesmo tempo para
pectos – principalmente nas opções de personalização –, redimensionar, desinstalar ou arranjá-los. Para completar,
se aproximam da versão desktop do Windows Phone. Com a edição de grupos de apps está mais simples. Para não
a possível unificação das lojas de ambos os sistemas, esta encher a tela inicial ao instalar um aplicativo da Windows
tendência aumentará. Mas isso é só o começo, não perca Store, ele não é adicionado automaticamente à tela inicial.
tempo para baixar o Windows 8.1 e conhecer as novidades
desta atualização. Tela de bloqueio estilo Windows Phone
Muito da convergência entre o Windows 8 e Windo-
Iniciando o sistema pela interface desktop ws Phone está na tela de bloqueio. Isso fica perceptível
Boa parte das mudanças estão relacionadas à questão na configuração, que permite colocar papéis de parede,
da personalização e dão ao usuário mais controle sobre slidshows, escolher quais aplicativos serão executados em
o sistema. Uma das principais é a possibilidade de iniciá segundo plano, além de exibir informações na tela de blo-
-lo diretamente na interface tradicional do Windows. Essa, queio. Com a atualização, é possível transformar um com-
com certeza, é a alteração que muitos usuários estavam putador ou tablet em uma moldura que mostra fotos do
esperando. HD, ou direto do SkyDrive.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Aplicativos redimensionáveis A reformulação da estrutura do menu do Windows Ex-


No Windows 8, quando o usuário ocupava a tela com plorer tem a pretensão de centralizar as principais funcio-
duas aplicações, os apps ficavam com proporções desi- nalidades do gerenciador de pastas em um lugar de fácil
guais. Ou seja, a divisão da tela não era feita em partes acesso, sendo que você pode personalizar a localização e o
iguais, ficando assim: um dos aplicativos ocupava um ta- tamanho dos botões. A aparência do novo Ribbon lembra
manho maior e o outro ocupa uma pequena parte. Con- bastante as telas do Office, principalmente porque todas
tudo, a Microsoft eliminou esta restrição e, agora, permite as funções estão categorizadas de acordo com a sua fi-
que usuário possa dividir a tela em qualquer proporção. nalidade. Ou seja, se você quer copiar, colar ou excluir um
Com isso, o espaço é usado de acordo com cada necessi- arquivo, você encontra todas essas funções – de gerencia-
dade. mento de itens – reunidas na mesma aba, o que facilita a
realização de tarefas semelhantes de forma repetida.
Integração com o SkyDrive
O SkyDrive foi completamente integrado ao novo sis-
tema operacional. Dessa maneira, o 8.1 permite salvar ar-
quivos direto no serviço, acessar arquivos offline e enviar as
edições ao ficar online.

Internet Explorer 11
Esta nova versão do Windows disponibiliza o Internet
Explorer 11 com diversas melhorias. Entre elas, estão: a ca-
pacidade de abrir até 100 abas simultaneamente por janela,
um processo de troca de abas mais fácil, melhoria do uso
de memória, melhor reconhecimento de toque, uma barra
de endereços melhorada, uma tela de leitura para mostrar
o texto da web de uma forma mais elegante e em tela cheia
para facilitar a leitura dentro do navegador, e muitas outras
funcionalidades.
Além disso, o novo Ribbon possibilitou a apresentação
Windows Explorer de uma gama maior de funcionalidades. Algumas dessas
O Windows Explorer também foi englobado nas mu- funções já estavam presentes nas versões anteriores, mas,
danças e a sua interface ganhou uma nova roupagem. Tan- por elas não estarem tão acessíveis quanto agora, a maior
to as telas do gerenciador de pastas e de arquivos quanto parte das pessoas nem sequer faz ideia da existência delas.
as janelas abertas quando alguma operação está sendo
realizada – como a cópia ou exclusão de itens – receberam Melhorias no espaço útil das telas
uma aparência renovada. Os detalhes sobre essas novida- Algumas abas ficam escondidas e só aparecem quando
des você confere neste artigo. é selecionado ou aberto algum arquivo que tenha a ver com
Ribbon: uma revolução no Explorer a funcionalidade que ela representa. Um exemplo disso é
A mudança mais sentida nesta nova versão do Windo- a opção de busca conceitual, que fica oculta e apenas se
ws Explorer é a alteração da aparência do menu superior torna ativa quando você inicia a pesquisa por algum item.
da tela, nas quais todas as funcionalidades e opções de Dessa forma, a tela do Windows Explorer não fica tomada
interação podem ser acessadas. Esta seção do gerenciador por botões e categorias que são pouco utilizadas por você.
é mais comumente chamada de Ribbon. Para dar mais espaço para a tela do Windows Explorer,
mesmo com a adição do Ribbon, os desenvolvedores res-
ponsáveis pelo projeto reavaliaram a localização de outras
funções e seções que diminuem o espaço útil da janela.

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As duas telas mostram 35 arquivos, mas o novo Explo-


rer aproveita melhor o espaço útil da interface. (Fonte da
imagem: MSDN/Microsoft)
Exemplos disso são a eliminação do cabeçalho e a re-
moção das propriedades dos arquivos, que antes apare-
ciam na parte inferior da tela e agora são mostradas do
lado direito. Entretanto, a barra de status que fica locali-
zada na parte inferior da janela foi mantida, para que o
sistema possa mostrar informações importantes sobre as
atividades realizadas.
Com essa mudança a barra que exibe as propriedades
dos arquivos ficou muito mais fácil de ser visualizada, já
que as informações não ficam espremidas em um espa-
ço muito pequeno e podem ocupar um tamanho maior da
tela para mostrar outros dados sobre os itens.
Acesso facilitado aos botões mais utilizados
Todas as funcionalidades presentes no Ribbon pos-
suem atalhos que podem ser acessados por meio do tecla-
do. As letras, os números ou as combinações que permitem
utilizar cada função são mostrados juntamente com os bo-
tões, para tornar mais fácil a aprendizagem dos “corta-ca-
minhos”.

(Fonte da imagem: MSDN/Microsoft)

O novo Windows Explorer também traz uma barra de


ferramentas de acesso rápido, que permite adicionar os
botões mais utilizados em uma espécie de lista de favoritos
e que está presente nos programas do Office. A nova ver-
são do gerenciador de pastas possibilita que você escolha *Fonte: http://equipe.nce.ufrj.br/antonio/windows
onde essa seção será mostrada. http://www.devmedia.com.br/windows-8-visao-geral
-e-preparacao-do-ambiente-de-desenvolvimento/26170
Ajuda e Suporte
Voce pode acessar a ajuda e suporte do Windows atra- WINDOWS 10
vés do menu Arquivo/Ajuda ou clicar no botão Windows e
digitar “ajuda” O Microsoft Windows é um sistema operacional, isto é,
um conjunto de programas (software) que permite admi-
nistrar os recursos de um computador.
É importante ter em conta que os sistemas operacio-
nais funcionam tanto nos computadores como em outros
dispositivos eletrônicos que usam microprocessadores
(Smartphones, leitores de DVD, etc.). No caso do Windows,
a sua versão padrão funciona com computadores embo-
ra também existam versões para smartphones (Windows
Mobile).
A Microsoft domina comodamente o mercado dos sis-
temas operacionais, tendo em conta que o Windows está
instalado em mais de 90% dos computadores ligados à In-
ternet em todo o mundo.
Entre as suas principais aplicações (as quais podem
ser desinstaladas pelos usuários ou substituídas por ou-
tras semelhantes sem que o sistema operacional deixe de
funcionar), destacaremos o navegador Internet Explorer (a

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

partir do Windows 10, o novíssimo Edge), o leitor multimí- o SO apresenta capacidades que focam especialmente em
dia Windows Media Player, o editor de imagens Paint e o tecnologias desenvolvidas no campo da segurança digital
processador de texto WordPad. e produtividade. A proteção dos dispositivos, aplicações e
A principal novidade que o Windows trouxe desde as informações sensíveis às empresas é o foco dessa variante.
suas origens foi o seu atrativo visual e a sua facilidade de A edição vai estar disponível através do programa de
utilização. Aliás, o seu nome (traduzido da língua inglesa Licenciamento por Volume, facilitando a vida dos consumi-
como “janelas”) deve-se precisamente à forma sob a qual o dores que têm acesso a essa ferramenta. O Windows Up-
sistema apresenta ao usuário os recursos do seu computa- date for Business também estará presente aqui, juntamente
dor, o que facilita as tarefas diárias. com o Long Term Servicing Branch, como uma opção de
Uma janela é uma área visual contendo algum tipo de distribuição de updates de segurança para situações e am-
interface do usuário, exibindo a saída do sistema ou permi- bientes críticos.
tindo a entrada de dados. Uma interface gráfica do usuário
que use janelas como uma de suas principais metáforas é Windows 10 Education:
Construído sobre o Windows 10 Enterprise, a ver-
chamada sistema de janelas, como um gerenciador de ja-
são Education é destinada a atender as necessidades do
nela.
meio educacional. Os funcionários, administradores, pro-
As janelas são geralmente apresentadas como objetos
fessores e estudantes poderão aproveitar os recursos desse
bidimensionais e retangulares, organizados em uma área
sistema operacional que terá seu método de distribuição
de trabalho. Normalmente um programa de computador baseado através da versão acadêmica de licenciamento de
assume a forma de uma janela para facilitar a assimilação volume.
pelo usuário. Entretanto, o programa pode ser apresentado
em mais de uma janela, ou até mesmo sem uma respectiva Windows 10 Mobile
janela. O Windows 10 Mobile é voltado para os dispositivos
de tela pequena cujo uso é centrado no touchscreen, como
Sobre as diferentes versões smartphones e tablets. Essa edição vai contar com os mes-
O Windows apresenta diversas versões através dos mos apps incluídos na versão Home, além de uma versão
anos e diferentes opções para o lar, empresa, dispositivos do Office otimizada para o toque. O Continuum também
móveis e de acordo com a variação no processador. vai marcar presença nos dispositivos que forem compatí-
veis com a funcionalidade.
Windows 10 Home
Edição do sistema operacional voltada para os con- Windows 10 Mobile Enterprise:
sumidores domésticos que utilizam PCs (desktop e note- Projetado para smartphones e tablets do setor corpo-
book), tablets e os dispositivos “2 em 1”. O Windows 10 rativo. Essa edição também estará disponível através do
Home vai contar com a maioria das funcionalidades já Licenciamento por Volume, oferecendo as mesmas vanta-
apresentadas: Cortana como assistente pessoal, navegador gens do Windows 10 Mobile com funcionalidades direcio-
Microsoft Edge, o recurso Continuum para os aparelhos nadas para o mercado corporativo.
compatíveis, Windows Hello (reconhecimento facial, de íris
e de digitais para autenticação), stream de jogos do Xbox Windows 10 IoT Core
One e os apps universais, como Photos, Maps, Mail, Calen- Além dos “sabores” já mencionados, a Microsoft pro-
dar, Music e Video. mete que haverá edições para dispositivos como caixas
eletrônicos, terminais de autoatendimento, máquinas de
Windows 10 Pro: atendimento para o varejo e robôs industriais – todas ba-
seadas no Windows 10 Enterprise e Windows 10 Mobile
Assim como a Home, essa versão também é destinada
Enterprise. O Windows 10 IoT Core – que contém em seu
para os PCs, notebooks, tablets e dispositivos 2 em 1. A
nome a sigla em inglês para Internet das Coisas – vai ser
versão Pro difere-se do Home em relação à certas funcio-
destinado para dispositivos pequenos e de baixo custo.
nalidades que não estão presentes na versão mais básica.
Essa é a versão recomendada para pequenas empresas, Windows 10
graças aos seus recursos para segurança digital, suporte Windows 10 é a mais recente versão do sistema ope-
remoto, produtividade e uso de sistemas baseados na nu- racional da Microsoft. Multiplataforma, o download do
vem. Disponível gratuitamente para atualização (durante o software pode ser instalado em PCs (via ISO ou Windows
primeiro ano de lançamento) para clientes licenciados do Update) e dispositivos móveis (Windows 10 mobile) como
Windows 7 e do Windows 8.1. A versão para varejo ainda smartphones e tablets. A versão liberada para computado-
não teve seu preço revelado. res (Windows 10 e Windows 10 Pro) une a interface clássica
do Windows 7 com o design renovado do Windows 8 e 8.1,
Windows 10 Enterprise criando um ambiente versátil capaz de se adaptar a telas
Construído sobre o Windows 10 Pro, o Windows 10 de todos os tamanhos e perfeito para uso com teclado e
Enterprise é voltado para o mercado corporativo. Os alvos mouse, como o tradicional desktop.
dessa edição são as empresas de médio e grande porte, e Podemos citar, dentre outras, as seguintes novidades:

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Menu Iniciar O novo navegador foi desenvolvido como um app Uni-


O Windows 8 introduziu uma tela inicial que ocupava versal e receberá novas atualizações através da Windows
toda a área do monitor. Muitos usuários não conseguiram Store. Ele utiliza um novo mecanismo de renderização de
se adaptar muito bem e isto fez com que a Microsoft trou- páginas conhecido também pelo nome Edge, inclui supor-
xesse o menu Iniciar de volta no Windows 10. te para HTML5, Dolby Audio e sua interface se ajusta me-
Nesta nova versão do menu Iniciar, os usuários podem lhor a diferentes tamanhos de tela.
fixar tanto os aplicativos tradicionais como os aplicativos Com ele os usuários também poderão fazer anotações
disponibilizados através da Windows Store. em sites da Web (imagem abaixo) e até mesmo usar a Cor-
O menu também pode ser expandido automaticamen- tana. Basicamente a ideia é permitir que a Cortana navegue
te no modo Tablet para se comportar como a tela inicial do na Web com você e assim encontre informações úteis que
Windows 8 e 8.1. podem te ajudar.

Por exemplo, se você visita o site de um restaurante, a


Cortana encontrará informações como horários de funcio-
Cortana
namento, telefone, endereço e até mesmo reviews.
A assistente pessoal Cortana foi introduzida pela Mi-
Você também poderá fazer perguntas para a Cortana
crosoft no Windows Phone 8.1. Com o Windows 10, ela
durante a navegação.
também estará presente nos PCs.
Áreas de trabalho virtuais
A Cortana permitirá que os usuários façam chamadas
O suporte para áreas de trabalho virtuais é uma das
no Skype, verifiquem o calendário, agendem e verifiquem 10 novidades no Windows 10 listadas neste artigo. Com
compromissos agendados, definam lembretes, configurem este recurso, os usuários podem manter múltiplas áreas de
o alarme, tomem notas e muito mais. trabalho com programas específicos abertos em cada uma
Infelizmente, sua disponibilidade no lançamento do delas. Por exemplo, você pode deixar uma janela do In-
Windows 10 em 29 de julho de 2015 deve variar depen- ternet Explorer visível em uma área de trabalho enquanto
dendo da região. trabalha no Word em outra.
Vale lembrar que este recurso já foi oferecido no Win-
dows XP através de um Power Toy chamado Virtual Desk-
top Manager. Um detalhe é que este PowerToy suporta no
máximo de quatro áreas de trabalho virtuais, enquanto que
no Windows 10 é possível criar muitas (20+).

Continuum
O modo Continuum foi criado para uso em aparelhos
híbridos que combinam tablet e notebook. Com este modo
o usuário pode alternar facilmente entre o uso do híbrido
como tablet e como notebook, basicamente combinando
a simplicidade do tablet com a experiência de uso tradi-
cional.

Microsoft Edge
A terceira das 10 novidades no Windows 10 listadas
neste artigo é o navegador Microsoft Edge. O navegador
substituirá o Internet Explorer como o navegador padrão
do Windows.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando o usuário usa um híbrido como o HP Pavillion


x360 ou o Lenovo YOGA, por exemplo, o Windows 10 pode
ser configurado para que entre no modo Tablet automati-
camente. Com isso não é necessário perder tempo mexen-
do nas configurações quando for necessário usar o híbrido
como tablet ou como notebook.

O modo Continuum também estará presente no Win-


dows 10 Mobile, a versão do novo sistema operacional da
Microsoft para smartphones e tablets pequenos.
Durante uma demonstração em abril, a Microsoft co-
nectou um smartphone Lumia a um monitor e a um teclado
Bluetooth para usar o aparelho em um modo que oferece
mais produtividade. Com isso o smartphone basicamente
se transformou em um PC com área de trabalho e tudo.

Nova Windows Store


Além de oferecer aplicativos Universais e jogos, a nova Já o app Calendário ganhou uma interface bem mais
Windows Store inclui a nova seção Filmes & TV. A Micro- intuitiva que a da versão para Windows 8.1, permitindo que
soft também já confirmou que ela também oferecerá apli- o usuário crie compromissos e alterne entre modos dia/
cativos Win32 tradicionais. semana/mês mais facilmente.
Outra novidade é a nova “Windows Store for Business”,
que oferecerá aplicativos para usuários finais e aplicativos
privados voltados para ambientes corporativos e organi-
zações.
Por exemplo, uma escola poderá definir um conjunto
específico de aplicativos que serão instalados nos compu-
tadores disponíveis para os alunos.

08 – Central de Ações
A Central de Ações é a nova central de notificações
do Windows 10. Ele funciona de forma similar à Central de
Ações do Windows Phone 8.1 e também oferece acesso
rápido a recursos como modo Tablet, Bloqueio de Rotação
e VPN. Novo Painel de Controle moderno
A última das 10 novidades no Windows 10 listadas nes-
te artigo é o novo Painel de Controle moderno do sistema
operacional. Ele oferece bem mais opções que a versão
moderna presente no Windows 8.1, o que é uma boa notí-
cia para os usuários.

Novos aplicativos Email e Calendário


Os novos aplicativos Email e Calendário trazem uma
interface melhorada e oferecem mais recursos do que as
atuais versões para Windows 8.1.

No caso do aplicativo Email, ele conta com um editor


de texto mais rico baseado no app Universal do Word para O Explorador de Arquivos é um recurso do Windows
Windows 10 e também permite que o usuário utilize um que permite gerenciar arquivos e pastas. Nesse tutorial,
plano de fundo personalizado para o app. você vai descobrir como usar esse recurso dentro do Win-

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

dows 10, a versão mais recente do sistema operacional, No topo da janela do Explorador de Arquivos há vá-
vendo o que mudou e o que permaneceu o mesmo no rios menus e controles úteis. Os controles avançar e voltar,
mais novo sistema operacional da Microsoft. representados por uma seta para a frente ou para trás, po-
dem levá-lo de volta para a tela anterior ou seguinte.
File Explorer - Explorando Arquivos no Windows 10 Próximo a eles, logo antes da barra de endereço do
Explorador de Arquivos, há uma seta para cima. Essa opção
vai levá-lo um nível acima. Vamos supor que você esteja
na pasta de Trabalho, dentro da pasta Documentos. Clicar
nesse botão vai levá-lo à pasta Documentos, mesmo que
não estivesse nela antes.
Nessa mesma área há um campo de busca. Digite nele
para procurar arquivos em qualquer lugar do seu compu-
tador ou dentro das pastas que você estiver explorando.

Comece abrindo o Explorador de Arquivos através do


atalho na barra de tarefas. Ele é sinalizado por um ícone de
pastinha, próximo à ferramenta de Pesquisa do Windows
10. A janela que vai se abrir é dividida em duas áreas. A área
da esquerda permite navegar entre várias pastas, como do-
wnloads, fotos ou músicas do seu sistema operacional. A
pasta Documentos é onde a maioria dos seus arquivos es-
tará gravado.

Você irá notar que alguns comandos mudam, depen-


dendo do conteúdo da pasta. Por exemplo, quando você
abre a pasta Música, o menu se adapta para trazer as op-
ções de reproduzir um arquivo ou reproduzir todos.
Na barra de endereços também há atalhos para mudar
de uma pasta para outras. Na frente de cada “passo” do
endereço você poderá ver uma setinha. Clique nela para
abrir um menu suspenso com outras pastas que você pode
abrir diretamente.

Para chegar lá, clique em “Este PC” - que é o novo


nome do Meu Computador. Então, uma lista de subpastas
vai se abrir. Selecione Documentos. Para selecionar qual-
quer pasta na área de navegação, basta clicar uma vez. Para
abrir pastas e arquivos na área principal, clique duas vezes.

Você pode controlar a maneira como os ícones são


exibidos na área principal do Explorador de Arquivos. Essa
opção fica no menu Exibir. As  formas de visualização in-

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cluem ícones extra-grandes, grandes, médios, pequenos, Onde ficam os documentos?


lista, conteúdos e detalhes. Basta colocar o mouse sobre Qualquer coisa que exista no seu computador está ar-
cada uma para ver um preview. mazenada em algum lugar e de maneira hierárquica. Em
cima de tudo, estão os dispositivos que são, basicamente,
qualquer peça física passível de armazenar alguma coisa.
Os principais dispositivos são o disco rígido; CD; DVD; car-
tões de memória e pendrives.

Tais dispositivos têm uma quantidade de espaço dispo-


nível limitada, que pode ser dividida em pedaços chama-
dos partições. Assim, cada uma destas divisões é exibida
como umaunidade diferente no sistema. Para que a ideia
fique clara, o HD é um armário e aspartições são as gave-
tas: não aumentam o tamanho do armário, mas permitem
guardar coisas de forma independente e/ou organizada.

Em cada unidade estão as pastas que, por sua vez, con-


A visualização em detalhes permite enxergar facilmente tém arquivos ou outras pastas que, por sua vez, podem ter
diversas informações sobre os arquivos e partas – por exem- mais arquivos... e assim, sucessivamente. A organização de
plo, data de modificação, tipo de arquivo, tamanho e outros. tudo isso é assim:
Quando estiver usando a visualização em detalhes,
você pode personalizar as informações que são exibidas.
Clique com o botão direito sobre uma coluna para exibir
um menu suspenso com diversas opções de dados; para
acrescentar ou retirar um, clique sobre ele. A opção “More”,
no final da lista, traz centenas de outros metadados. É claro
que alguns podem não estar disponíveis, dependendo do
tipo de conteúdo.
Quando uma pasta tiver muitos arquivos, você pode
organizar os dados para tornar mais fácil localizar algum
item específico. Uma maneira de fazer isso é escolhendo
qual vai ser o critério de organização; por exemplo, data
de criação. Então, clique sobre o título da coluna de dados
correspondente, e todos os itens serão organizados. Ao
lado do título da coluna surgirá uma seta: se ela apontar
para cima, a organização será crescente, e se apontar para
baixo, será decrescente.
Ainda no menu Exibir. você tem duas opções de pre-
visualização. Elas permitem abrir uma área na lateral direi-
ta do Explorador de Arquivos para ver prévias de arquivos
antes de abri-los. Essa opção funciona principalmente para
imagens ou arquivos em PDF.
A opção Painel de Visualização permite ver apenas
uma miniatura do arquivo. Enquanto isso, a opção Painel
de Detalhes inclui também muitas informações sobre os
arquivos. Clique em cima de alguns desses detalhes, como
autor ou artista, para editar as informações diretamente.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1. Dispositivos

São todos os meios físicos possíveis de gravar ou salvar


dados. Existem dezenas deles e os principais são:
A conta não fecha? Aparecem mais unidades do que
HD ou Disco Rígido: é o cérebro da máquina. Nele está você realmente tem? Então, provavelmente, o seu HD está
tudo: o sistema operacional, seus documentos, programas particionado: o armário e as gavetas, lembra? Uma parti-
e etc. ção são unidades criadas a partir de pedaços de espaço de
um disco. Para que você tenha uma ideia, o gráfico abaixo
DVD: Um DVD permite que você leia o conteúdo que mostra a divisão de espaço entre três partições diferentes:
está gravado nele. Há programas gravadores de DVD que
permitem criar DVDs de dados ou conteúdo multimídia.

CD: Como um DVD, mas sem a possibilidade de gravar


vídeos e com um espaço disponível menor.
Pendrive: São portáteis e conectados ao PC por meio
de entradas USB. Têm como vantagem principal o tamanho
reduzido e, em alguns casos, a enorme capacidade de ar-
mazenamento.

Cartões de Memória: como o próprio nome diz, são


pequenos cartões em que você grava dados e são prati-
camente iguais aos Pendrives. São muito usados em note-
books, câmeras digitais, celulares, MP3 players e ebooks.
Para acessar o seu conteúdo é preciso ter um leitor insta- 3. Pastas
lado na máquina. Os principais são os cartões SD, Memory As pastas - que, há “séculos” eram conhecidas por di-
Stick, CF ou XD. retórios - não contém informação propriamente dita e sim
arquivos ou mais pastas. A função de uma pasta é organi-
HD Externo ou Portátil: são discos rígidos portáteis, zar tudo o que está dentro de cada unidade.
que se conectam ao PC por meio de entrada USB (geral-
mente) e têm uma grande capacidade de armazenamento.

Disquete: se você ainda tem um deles, parabéns! O


disquete faz parte da “pré-história” no que diz respeito a
armazenamento de dados. Eram São pouco potentes e de
curta durabilidade. 4. Arquivos
Os arquivos são o computador. Sem mais, nem menos.
2. Unidades e Partições Qualquer dado é salvo em seu arquivo correspondente.
Para acessar tudo o que armazenado nos dispositivos Existem arquivos que são fotos, vídeos, imagens, progra-
acima, o Windows usa unidades que, no computador, são mas, músicas e etc.
identificadas por letras. Assim, o HD corresponde ao C:; o Também há arquivos que não nos dizem muito como,
leitor de CD ou DVD é D: e assim por diante. Tais letras po- por exemplo, as bibliotecas DLL ou outros arquivos, mas
dem variar de um computador para outro. que são muito importantes porque fazem com que o Win-
Você acessa cada uma destas unidades em “Este Com- dows funcione. Neste caso, são como as peças do motor de
putador”, como na figura abaixo: um carro: elas estão lá para que o carango funcione bem.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

são “o Windows”, mas acompanham o Sistema Operacio-


nal Windows e, a esse conjunto de aplicativos, foi dado o
nome de Acessórios do Windows.

Como acessar os Acessórios do Windows


Através do botão Iniciar do Windows, clicando a se-
quência:
Botão Iniciar > Todos os Programas > Acessórios (ver-
5. Atalhos sões anteriores ao Windows 10)
No Windows 10, após clicar no Botão Iniciar você loca-
lizará na ordem alfabética (veja imagem).
O navegador Internet Explorer é um exemplo. Além
dele, a Microsoft vem mantendo e atualizando uma lista
de aplicativos.

O conceito é fácil de entender: uma maneira rápida de


abrir um arquivo, pasta ou programa. Mas, como assim?
Um atalho não tem conteúdo algum e sua única função é
“chamar o arquivo” que realmente queremos e que está
armazenado em outro lugar.
Podemos distinguir um atalho porque, além de estar na
área de trabalho, seu ícone tem uma flecha que indicativa
se tratar de um “caminho mais curto”. Para que você tenha
uma ideia, o menu “Iniciar” nada mais é do que um aglo-
merado de atalhos.
Se você apagar um atalho, não se preocupe: o arquivo
original fica intacto.

6. Bibliotecas do Windows 7
O Windows 7 trouxe um novo elemento para a lista bá-
sica de arquivos e pastas: as bibliotecas. Elas servem ape- Principais Acessórios do Windows 10
nas para colocar no mesmo lugar arquivos de várias pastas.
Por exemplo, se você tiver arquivos de músicas em “C:\ Existem outros, outros poderão ser lançados e incre-
Minha Música” e “D:\MP3”, poderá exibir todos eles na bi- mentados, mas os relacionados a seguir são os mais po-
blioteca de música. pulares:
- Assistência Rápida
- Bloco de Notas
- Calculadora
- Ferramenta de Captura
- Internet Explorer
- Mapa de Caracteres
- Paint
- Windows Explorer
- WordPad

Acessórios do Windows são aplicativos Vantagens dos Acessórios do Windows


Como pôde ver, computadores necessitam de Sistema Algumas pessoas desprezam esses programas por
Operacional para funcionar. Porém, sem softwares aplicati- acharem que são muito simples. Na verdade, trata-se de
vos de nada serviriam. Se você adquirisse um computador preconceito por falta de capacitação adequada.
com Windows, mas não adquirisse nenhum software apli- São fáceis de aprender
cativo (processador de textos, planilha eletrônica, ....), seu Rápidos para carregar
computador seria totalmente inútil. De excelente qualidade
Tão úteis quanto a calculadora, bloco de papel, postits
Assim, para que um consumidor não fique decepcio- e outros itens que você encontra numa mesa de escritório.
nado ao abrir seu novo computador, a Microsoft incluiu São encontrados em quaisquer computadores com
alguns softwares aplicativos no pacote Windows. Eles não Windows.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Bloco de Notas Muitos concursos e exames de progressão exigem o


conhecimento do WordPad

Ferramenta de Captura

Para você ter uma idéia, a Ferramenta de Captura (Sni-


pping Tool), é de uma simplicidade incrível, mas extrema-
O Bloco de Notas é um editor de textos simples, sem mente útil.
formatação (significa que você não poderá sublinhar, inse- Com a Ferramenta de Captura você copia e salva
rir imagens e outros recursos). qualquer parte da sua tela, transformando num arqui-
Pela simplicidade, é rápido para carregar e usar, tor- vo png ou jpg, por exemplo.
nando-se ideal para tomar notas ou salvar conversas em
chats, usando Ctrl+C e Ctrl+V (a maioria dos chats não dis- Área de transferência
ponibiliza um recurso para salvar). Área de transferência (conhecida popularmente como
Também funciona para editar programas de computa- copiar e colar) é um recurso utilizado por um sistema ope-
dor, como códigos emHTML, ASP, PHP, etc. racional para o armazenamento de pequenas quantidades
de dados para transferência entre documentos ou aplicati-
WordPad vos, através das operações de cortar, copiar e colar bastan-
do apenas clicar com o botão direito do mouse e selecio-
nar uma das opções. O uso mais comum é como parte de
uma interface gráfica, e geralmente é implementado como
blocos temporários de memória que podem ser acessados
pela maioria ou todos os programas do ambiente. Imple-
mentações antigas armazenavam dados como texto plano,
sem meta informações como tipo de fonte, estilo ou cor.
As mais recentes implementações suportam múltiplos for-
matos de dados, que variam entre RTF e HTML, passando
por uma variedade de formatos de imagens como bitmap
e vetor até chegar a tipos mais complexos como planilhas
e registros de banco de dados.
Ctrl+C para copiar informação para a Área de Transfe-
rência
Diferente do Bloco de Notas, o WordPad (substituto do Ctrl+X para cortar informação para a Área de Transfe-
Write) é um editor de textos mais sofisticado. Podemos di- rência
zer, uma “miniatura do Word”, inclusive, com muitas com- Ctrl+V para colar informação da Área de Transferência
patibilidades.
É uma alternativa gratuita para criar e/ou editar docu- Integração do office 2016 com Windows 10
mentos, como contratos, por exemplo, mesmo que tenha O Office 2016 é a primeira versão do programa desde
sido criado originalmente no Word. o lançamento do Windows 10, com alguns truques incor-

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

porados a ele como o Windows Hello que é um acumulado Comentários: Para desinstalar um programa de forma
de identificadores biométricos que podem ou não estar segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
presentes na máquina, como leitores digitais e íris. O outro remover programas
é o assistente digital da Microsoft (Cortana), porem ainda Resposta – Letra A
não está disponível no Brasil.
2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in-
formações estão contidas em arquivos de vários formatos,
que são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de
mídias removíveis do computador, organizados em:
(A) telas.
(B) pastas.
(C) janelas.
(D) imagens.
(E) programas.

Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma


bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
O Office 2016 (que também é compatível com as ver- sistema de armário e gavetas.
sões 7 e 8 do Windows), está completamente otimizado Resposta: Letra B
para extrair o máximo do Windows 10, criando uma solu-
ção ideal de produtividade. Uma das possibilidades está 3- Um item selecionado do Windows pode ser excluído
com o novo recurso Windows Hello, que facilita o proces- permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pressionan-
so de login no computador por meio de reconhecimento do-se simultaneamente as teclas
facial, da íris ou da impressão digital. Ele pode ser usado (A) Ctrl + Delete.
também para acessar o Office de forma segura e simples (B) Shift + End.
(mas exige uma câmera especial para isso). (C) Shift + Delete.
Graças ao Windows 10, os novos aplicativos do Office (D) Ctrl + End.
para mobile contam com uma interface ótima para telas de (E) Ctrl + X.
toque e são universais, o que os torna excelentes para o re-
curso Continuum do sistema operacional. A função permite Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
que novos smartphones com o sistema da Microsoft pos- mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
sam ser utilizados como PCs por meio de um dock especí- para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
fico para conectá-lo a um monitor, permitindo a liberdade to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
que o teclado e mouse proporcionam – mas ainda não foi do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
oficialmente lançado. mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
Questões comentadas Resposta: C

1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi- 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
nale a opção correta. arquivos, sem que haja perda de informação?
(A) Compactação
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
(B) Deleção
ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Controle,
(C) Criptografia
de modo a garantir a correta remoção dos arquivos rela-
(D) Minimização
cionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema operacional. (E) Encolhimento adaptativo
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e
DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos Comentários: A compactação de arquivos é uma téc-
diretórios de programas instalados na máquina em uso. nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados
(C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem-
um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar,
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá- SolusZip, etc.
rios possivelmente cadastrados nessa máquina. Resposta: A
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, entre 05- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção cor-
eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint. reta.
(E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo- (A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar pas-
tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o tas e arquivos e por seu intermédio não é possível acessar o
Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na Painel de Controle, o qual só pode ser acessado pelo botão
máquina e, em seguida, desligar o computador. Iniciar do Windows.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos sal- escritório. Com o passar do tempo, se desenvolveu rapida-
vos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e data de mente e, atualmente, é o editor mais utilizado pelas gran-
modificação, deve-se selecionar Detalhes nas opções de des empresas e por outros usuários.
Modos de Exibição. O Microsoft Excel faz parte do pacote Microsoft Of-
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de Rede fice da Microsoft e atualmente é o programa de folha de
oferece um histórico de páginas visitadas na Internet para cálculo mais popular do mercado. As planilhas eletrônicas
acesso direto a elas. agilizam muito todas as tarefas que envolvem cálculos e
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows e segundo estudos efetuados, são os aplicativos mais utiliza-
a opção Renomear for acionada no Windows Explorer com dos nos escritórios do mundo inteiro.
o botão direito do mouse,será salva uma nova versão do O Microsoft PowerPoint é uma aplicação que permite
arquivo e a anterior continuará aberta com o nome antigo. o design de apresentações para empresas, apresentações
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na estrutu- escolares..., sejam estas texto ou gráficas. Tem um vasto
ra de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sítio de bus- conjunto de ferramentas, nomeadamente a inserção de
ca Google, pois é ele que dá acesso a todos os diretórios de som, imagens, efeitos automáticos e formatação de vários
máquinas ligadas à Internet. elementos.
MS WORD
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui-
O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu-
considerado um dos principais produtos da Microsoft sen-
ras e Detalhes.
do a suíte que domina o mercado de suítes de escritório,
Resposta: B mesmo com o crescimento de ferramentas gratuitas como
Google Docs e LibreOffice.
Fonte: Interface
http://www.baboo.com.br/windows/10-novidades-no-
windows-10/
http://ziggi.uol.com.br/blog/windows-10-explorador-
de-arquivos-4671#ixzz4fZmKAUlx
https://www.ciabyte.com.br/faq/acessorios-windows.
asp
https://olhardigital.uol.com.br/noticia/o-que-ha-de-
novo-no-office-2016/51582

OPERAÇÃO DO EDITOR DE TEXTOS WORD


2003/2010/2013/365: CONCEITOS BÁSICOS;
PRINCIPAIS COMANDOS APLICÁVEIS
AO TEXTO; USO DE TABELAS, MALA No cabeçalho de nosso programa temos a barra de
títulos do documento ,
DIRETA E FERRAMENTAS; IMPRESSÃO DE
que como é um novo documento apresenta como título
DOCUMENTOS; COMPARTILHAMENTO DE
“Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápi-
DOCUMENTOS; MODELOS, TEMAS E ESTILOS; do, que permite acessar alguns comandos
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA; EDIÇÃO DE mais rapidamente como salvar, desfazer. Você pode per-
MÚLTIPLOS DOCUMENTOS. sonalizar essa barra, clicando no menu de contexto (flecha
para baixo) à direita dela.

MS OFFICE

O Microsoft Office é uma suíte de aplicativos para es-


critório que contém programas como processador de tex-
to, planilha de cálculo, banco de dados (Também conheci-
do como DB “Data Base”), apresentação gráfica e gerencia-
dor de tarefas, de e-mails e contatos.
O Word é o processador de texto do Microsoft Office,
sendo o paradigma atual de WYSIWYG. Facilita a criação, o
compartilhamento e a leitura de documentos. Desde a ver-
são 2.0 (1992) já se apresentava como um poderoso editor
de textos que permitia tarefas avançadas de automação de

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.

Através dessa ABA, podemos criar novos documentos, abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, preparar
o documento (permite adicionar propriedades ao documento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.).

ABAS

Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Página Inicial, temos “Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para
os usuários os principais comandos, para acessar os demais comandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior .
O Word possui também guias contextuais quando determinados elementos dentro de seu texto são selecionados, por
exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do elemen-
to selecionado.

Trabalhando com documentos


Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco que é sua área de edição de texto.

Salvando Arquivos
É importante ao terminar um documento, ou durante a digitação do mesmo, quando o documento a ser criado é longo,
salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar seu documento em forma de arquivo em seu computador, pendrive, ou
outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será aberta uma
tela onde você poderá definir o nome, local e formato de seu arquivo.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na


barra de títulos.

Abrindo um arquivo do Word

Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Ar-


quivo.
Você pode mudar o local do arquivo a ser salvo, bas-
tando clicar no botão “Procurar” e selecionar o local dese-
jado pela parte esquerda da janela.

Na esquerda da janela, localizamos o botão abrir, ob-


serve também que ele mostra uma relação de documentos
recentes, nessa área serão mostrados os últimos documen-
tos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao clicar em
abrir, será necessário localizar o arquivo no local onde o
mesmo foi salvo.
No campo nome do arquivo, o Word normalmente
preenche com o título do documento, como o documento
não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres
e atribui como nome, é aconselhável colocar um nome me-
nor e que se aproxime do conteúdo de seu texto. Até a ver-
são 2003, os documentos eram salvos no formato .DOC, a
partir da versão 2007, os documentos são salvos na versão
.DOCX, que não são compatíveis com as versões anteriores.
Para poder salvar seu documento e manter ele compatível
com versões anteriores do Word, clique na direita dessa
opção e mude para Documento do Word 97-2003.

Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato,


outro local ou outro nome, clique na aba arquivo e escolha
Salvar Como.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Visualização do Documento

Podemos alterar a forma de visualização de nosso documento. No rodapé a direta da tela temos o controle de Zoom.·. An-
terior a este controle de zoom temos os botões de forma de visualização de seu documento,
que podem também ser acessados pela Aba Exibição.

Os primeiros botões são os mesmos que temos em miniaturas no rodapé.


Layout de Impressão: Formato atual de seu documento é o formato de como seu documento ficará na folha impressa.
Leitura: Ele oculta as barras de seu documento, facilitando a leitura em tela, observe que no rodapé do documento à
direita, ele possui uma flecha apontado para a próxima página. Para sair desse modo de visualização, clique no botão fechar
no topo à direita da tela.
Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visualização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários postam
textos produzidos no Word em sites e blogs na Internet.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom
o Word apresenta a seguinte janela:

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido, ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar
o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma
seção do Word.

Configuração de Documentos

Um dos principais cuidados que se deve ter com seus documentos é em relação à configuração da página.
No Word 2013 a ABA que permite configurar sua página é a ABA Layout da Página.

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O grupo “Configurar Página”, permite definir as margens de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-definidos,
como também personalizá-las.

Ao personalizar as margens, é possível alterar as margens superior, esquerda, inferior e direita, definir a orientação da
página, se retrato ou paisagem, configurar a fora de várias páginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa mesma janela
temos a guia Papel.

Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de alimentação do papel.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primei- pretende utilizar larguras de colunas diferentes é preciso
ra opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como desmarcar a opção “Colunas de mesma largura”. Atente
será uma nova seção do documento, vamos aprender mais também que se preciso adicionar colunas a somente uma
frente como trabalhar com seções. parte do texto, eu preciso primeiro selecionar esse texto.

Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos


utilizar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares
e ímpares, e se quero ocultar as informações de cabeçalho
e rodapé da primeira página. Em Página, pode-se definir o
alinhamento do conteúdo do texto na página. O padrão é
o alinhamento superior, mesmo que fique um bom espa-
ço em branco abaixo do que está editado. Ao escolher a
opção centralizada, ele centraliza o conteúdo na vertical. A
opção números de linha permite adicionar numeração as Números de Linha
linhas do documento. É bastante comum em documentos acrescentar nume-
ração nas páginas dos documentos, o Word permite que
você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
de Linhas”.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”,


abre-se a janela que vimos em Layout.
Colunas
Plano de Fundo da Página

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as


suas colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-
definidas, mas você pode colocar em um número maior de
colunas, adicionar linha entre as colunas, definir a largura
e o espaçamento entre as colunas. Observe que se você

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos adicionar as páginas do documento, marcas possível definir um texto como marca d’água. O segundo
d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página, botão permite colocar uma cor de fundo em seu texto, um
localizado na Aba Design possui três botões para modificar recurso interessante é que o Word verifica a cor aplicada e
o documento. automaticamente ele muda a cor do texto.

Clique no botão Marca d’água.

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-


mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos
Embora seja um processo simples, a seleção de tex-
tos é indispensável para ganho de tempo na edição de seu
texto. Através da seleção de texto podemos mudar a cor,
tamanho e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse


Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o
cursor aponta para a direita.
Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo.
Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto
Com o cursor no meio de uma palavra:
Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo
Podemos também clicar, manter o mouse pressionado
e arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que
se o mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar
o processo, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar
O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos ao final da seleção desejada. Podemos também clicar onde
o item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. começa a seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde
termina a seleção. É possível selecionar palavras alternadas.
Selecione a primeira palavra, pressione CTRL e vá selecio-
nando as partes do texto que deseja modificar.

Copiar e Colar
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma
que qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de
atalho CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Co-
lar), ou o primeiro grupo na ABA Página Inicial.

Este é um processo comum, porém um cuidado impor-


Nesta janela podemos definir uma imagem como mar- tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como,
ca d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem for-
imagem e depois definir a dimensão e se a imagem fica- matações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao
rá mais fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é copiar um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

seu documento, não basta apenas clicar em colar, é necessário clicar na setinha apontando para baixo no botão Colar,
escolher Colar Especial.

Observe na imagem que ele traz o texto no formato HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa manipulá-lo,
marque a opção Texto não formatado e clique em OK.

Localizar e Substituir
Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro dela temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique na opção
Substituir.

A janela que se abre possui três guias, localizar, Substituir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite subs-
tituir em seu documento uma palavra por outra. A substituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir, ou pode
ser todas de uma única vez clicando-se no botão Substituir Tudo.
Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quando
escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais. As opções são:
Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da pesquisa;
Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localizada exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
Usar caracteres curinga: Procura somente as palavras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se você digitou
*ão o Word vai localizar todas as palavras terminadas em ão.
Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para palavras
em inglês.
Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas da palavra, não será permitida se as opções usar caractere coringa
e semelhantes estiverem marcadas.
Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o especificado como formatação.
Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa localizar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.
Formatação de texto

Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a possibilidade de se formatar o texto. No Office 2013 a ABA res-
ponsável pela formatação é a Página Inicial e os grupo Fonte, Parágrafo e Estilo.

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatação de Fonte Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.

A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra,


tamanho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc.,
para formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela,
para duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser
formatar somente uma letra também é necessário selecio-
nar a letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra,
tamanho, botões de aumentar fonte e diminuir fonte, lim-
par formatação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao
lado de sublinhado temos uma seta apontando para baixo,
ao clicar nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

A janela fonte contém os principais comandos de for-


matação e permite que você possa observar as alterações
Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Ta- antes de aplica. Ainda nessa janela temos a opção Avan-
chado – que coloca um risco no meio da palavra, botão çado.
subscrito e sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas. Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento en-
tre os caracteres que pode ser condensado ou comprimido,
a posição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo
que se faça algo como: .

Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,


pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com es-
paçamento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta
interessante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela
você pode copiar toda a formatação de um texto e aplicar
em outro.
Este botão permite alterar a colocação de letras maiús-
culas e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos Formatação de parágrafos
o de realce – que permite colocar uma cor de fundo para A principal regra da formatação de parágrafos é que
realçar o texto e o botão de cor do texto. independentemente de onde estiver o cursor a formatação
será aplicada em todo o parágrafo, tendo ele uma linha
ou mais. Quando se trata de dois ou mais parágrafos será
necessárioselecionar os parágrafos a serem formatados. A
formatação de parágrafos pode ser localizada na ABA Ini-
cio, e os recuos também na ABA Layout da Página.

No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcado-


res (bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir
e aumentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

segunda linha temos os botões de alinhamentos: esquer-


da, centralizado, direita e justificado, espaçamento entre li-
nhas, observe que o espaçamento entre linhas possui uma
seta para baixo, permitindo que se possa definir qual o es-
paçamento a ser utilizado.

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

As opções disponíveis são praticamente as mesmas


disponíveis pelo grupo.
Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas
réguas superiores.
Bordas no parágrafo.

Marcadores e Numeração
Os marcadores e numeração fazem parte do grupo
parágrafos, mas devido a sua importância, merecem um
destaque. Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e
Numeração.

Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos


apenas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao
clicar na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de
Formatação de Parágrafos.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto
tenha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão
petições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já de bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma
diz permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. borda pré-definida ou então clicar na última opção Bordas
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar e Sombreamento.
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressio-
nar a tecla TAB no teclado.

Você pode observar que o Word automaticamente


adicionou outros símbolos ao marcador, você pode alte-
rar os símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado
do botão Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo
Marcador.

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Onde você poderá escolher a Fonte (No caso acon-


selha-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings,
Webdings), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você Podemos começar escolhendo uma definição de borda
poderá utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão (caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada
importar, poderá utilizar uma imagem externa. uma das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se
pelo meio da janela especificar cor e largura da linha da
Bordas e Sombreamento borda. A Guia Sombreamento permite atribuir um preen-
Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso chimento de fundo ao texto selecionado. Você pode es-
texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará- colher uma cor base, e depois aplicar uma textura junto
grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a dessa cor.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Número de Página.


Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao clicar
em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho e a barra superior passa a ter comandos para alteração do cabeça-
lho.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilhado, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.

Para aplicar números de páginas automaticamente em seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas tome
o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Podemos
também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um documento, para isso basta que ambos estejam em seções diferentes
do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o ca- por Alças de redimensionamento. Para sair da seleção da
beçalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé. imagem, basta apenas clicar em qualquer outra parte do
texto. Ao clicar sobre a imagem, a barra superior mostra as
Data e Hora configurações de manipulação da imagem.

O Word Permite que você possa adicionar um campo


de Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no
grupo Texto, temos o botão Data e Hora.

Alterar o brilho, contraste ou nitidez de uma imagem


Você pode ajustar o brilho relativo de uma imagem,
seu contraste (a diferença entre suas áreas mais escuras
e mais claras) e como nitidez ou desfocado aparece. Estes
são também denominados correções de imagem.

No sentido horário da parte superior esquerda: a ima-


Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK. gem original, a imagem com aumento de suavização, con-
Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque traste e brilho.
a opção Atualizar automaticamente.
Aplicar correções a uma imagem
Inserindo Elementos Gráficos Clique na imagem cujo brilho deseja alterar.
O Word permite que se insira em seus documentos Em Ferramentas de Imagem, na guia Formatar, no gru-
arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as po Ajustar, clique em Correções.
opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Imagens
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemen-
to Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com
o mesmo nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na
janela que se abre, localize o arquivo de imagem em seu
computador.
A imagem será inserida no local onde estava seu cur- Dependendo do tamanho da sua tela, o botão de cor-
sor. reções pode aparecer diferente.
O que será ensinado agora é praticamente igual para
todos os elementos gráficos, que é a manipulação dos ele-
mentos gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar
que a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pon-
tilhadas em sua volta, para mover a imagem de local, basta Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
clicar sobre ela e arrastar para o local desejado, se precisar de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
redimensionar a imagem, basta clicar em um dos peque- seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
nos quadrados em suas extremidades, que são chamados -la e abrir a guia Formatar.

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Siga um ou mais destes procedimentos:


Em Nitidez/Suavização, clique na miniatura desejada.
As miniaturas à esquerda mostram mais nitidez e à direita,
mais suavização.
Em Brilho/Contraste, clique na miniatura desejada. Mi-
niaturas à esquerda mostram menos brilho e à direita, mais
brilho. Miniaturas na parte superior mostram menos con- Grupo Ajustar na guia Formatar em Ferramentas de
traste e na parte inferior, mais contraste. Imagem
Mova o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das Caso você não veja as guias Formatar ou Ferramentas
miniaturas para ver a aparência de sua foto antes de clicar de Imagem, confirme se selecionou uma imagem. Talvez
na opção desejada. seja necessário clicar duas vezes na imagem para selecioná
Para ajustar qualquer correção, clique em Opções de -la e abrir a guia Formatar.
correção de imagem e, em seguida, mova o controle desli- Clique no efeito artístico desejado. Você pode mover
zante para nitidez, brilho ou contraste ou insira um número o ponteiro do mouse sobre qualquer uma das imagens
na caixa ao lado do controle deslizante. em miniatura efeito e usar visualização dinâmica para ver
como sua imagem ficará com esse efeito aplicado, antes de
clicar no efeito desejado.
Para ajustar o efeito artístico, clique em Opções de
efeitos artísticos na parte inferior da lista de imagens em
miniatura. No painel Formatar imagem, você pode aplicar
uma variedade de efeitos adicionais, incluindo a sombra,
reflexo, brilho, bordas suaves e efeitos 3D.

Recolorir
Clique duas vezes na imagem que deseja recolorir.
Em Ferramentas de Imagem, clique em Formatar e, no
grupo Ajustar, clique em Cor.

Compactar Imagem
A opção Compactar Imagens permite deixar sua ima-
gem mais adequada ao editor de textos. Ao clicar nesta
opção o Word mostra a seguinte janela:

Clique na miniatura desejada. Você pode mover o pon-


teiro do mouse sobre qualquer efeito para ver como ficará
sua imagem com esse efeito aplicado antes de clicar no
efeito desejado.
Para usar cores adicionais, incluindo as cores de tema,
cores da guia Padrão ou cores personalizadas, clique em
Mais Variações e, em seguida, clique em Mais Cores. O efei-
to de Recoloração será aplicado usando a cor selecionada.

Aplicar um efeito artístico


Clique na imagem à qual deseja aplicar um efeito ar-
tístico.
Clique em Ferramentas de imagem > Formatar e clique
em Efeitos artísticos no grupo Ajustar.

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode-se aplicar a compactação a imagem seleciona-


da, ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a re-
solução da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a
imagem ao seu estado inicial, abandonando todas as alte-
rações feitas.
No grupo Organizar é possível definir a posição da
imagem em relação ao texto.

O primeiro dos botões é a Posição, ela permite defi-


nir em qual posição a imagem deverá ficar em relação ao
texto.

O último grupo é referente às dimensões da imagem.

Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-


mensionar a imagem definindo Largura e Altura.
Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a


janela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição
da imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta
inserida. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção
Quebra Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colo-
car a sua imagem em uma disposição com o texto, é habi-
litado alguns recursos da barra de imagens. Como bordas

Através deste grupo é possível acrescentar bordas a


sua imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de
Trazer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no
botão Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para
Frente e Avançar, são utilizadas quando houver duas ou
mais imagens e você precisa mudar o empilhamento delas. Inserindo Elementos Gráficos
A opção Trazer para Frente do Texto faz com que a ima- O Word permite que se insira em seus documentos
gem flutue sobre o Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao arquivos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as
selecionar as imagens (Utilize a tecla SHIFT), você poderá opções de inserção estão disponíveis na ABA Inserir, grupo
alinhar as suas imagens. ilustrações.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formas
Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo do texto

Para desenhar uma forma, o processo é simples, basta clicar na forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir
as suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter as propriedades para modificar a forma.
SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao seu documento. Basta selecionar o tipo de organograma a ser
trabalhado e clique em OK.

WordArt
Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office, ele
ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office 97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt
Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt

Um dos grupos é o Texto, nesse grupo podemos editar o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos. No
grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do WordArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organizar
e Tamanho.

Controlar alterações no Word


Quando quiser verificar quem está fazendo alterações em seu documento, ative o recurso Controlar Alterações.
Clique em Revisar > Controlar Alterações.

Agora, o Word está no modo de exibição Marcação Simples. Ele marca todas as alterações feitas por qualquer pessoa
no documento e mostra para você onde elas estão, exibindo uma linha ao lado da margem.

O Word mostra um pequeno balão no local em que alguém fez um comentário. Para ver o comentário, clique no res-
pectivo balão.

Para ver as alterações, clique na linha próxima à margem. Isso alterna para o modo de exibição Toda a Marcação do
Word.

Manter o recurso Controlar Alterações ativado


É possível bloquear o recurso Controlar Alterações com uma senha para impedir que outra pessoa o desative. (Lembre-
se da senha para poder desativar esse recurso quando estiver pronto para aceitar ou rejeitar as alterações.)

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique em Revisar. clique em Excluir >Excluir Todos os Comentários do Docu-


Clique na seta ao lado de Controlar Alterações e clique mento.
em Bloqueio de Controle. DICA:  Antes de compartilhar a versão final do seu do-
cumento, é uma boa ideia executar o Inspetor de Docu-
mento. Essa ferramenta verifica comentários e alterações
controladas, além de texto oculto, nomes pessoais em pro-
priedades e outras informações que talvez você não que-
ria compartilhar amplamente. Para executar o Inspetor de
Documento,

Imprimir um documento no Word


Antes de imprimir, você pode visualizar o documento e
especificar as páginas que você deseja imprimir.
Visualizar o documento
No menu Arquivo, clique em Imprimir.
Para visualizar cada página, clique nas setas para frente
Digite uma senha e depois digite-a mais uma vez na e para trás, na parte inferior da página.
caixa Redigite para confirmar.
Clique em OK.

Enquanto as alterações controladas estiverem blo-


queadas, você não poderá desativar o controle de altera-
ções, nem poderá aceitar ou rejeitar essas alterações.
Para liberar o bloqueio, clique na seta ao lado de Con- Quando o texto é pequeno demais e difícil de ler, use
trolar Alterações e clique novamente em Bloqueio de Con- o controle deslizante de zoom na parte inferior da página
trole. O Word solicitará que você digite sua senha. Depois para ampliá-lo.
que você digitá-la e clicar em OK, o recurso Controlar Alte-
rações continuará ativado, mas agora você poderá aceitar
e rejeitar alterações.

Desativar o controle de alterações Escolha o número de cópias e qualquer outra opção


Para desativar esse recurso, clique no botão Controlar desejada e clique no botão Imprimir.
Alterações. O Word deixará de marcar novas alterações,
mas todas as alterações já realizadas continuarão marcadas
no documento até que você as remova.
Remover alterações controladas

IMPORTANTE:  A única maneira de remover alterações


controladas de um documento é aceitá-las ou rejeitá-las.
Ao escolherSem Marcação na caixa Exibir para Revisão aju-
da a ver qual será a aparência do documento final, mas isso
apenas oculta temporariamente as alterações controladas.
As alterações não são excluídas e aparecerão novamente
da próxima vez em que o documento for aberto. Para ex-
cluir permanentemente as alterações controladas, aceite
-as ou rejeite-as.
Clique em Revisar > Próxima > Aceitar ou Rejeitar.

O Word aceita a alteração ou a remove e depois passa


para a próxima alteração.
Para excluir um comentário, selecione-o e clique
em Revisão > Excluir. Para excluir todos os comentários,

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Imprimir páginas específicas Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você


No menu Arquivo, clique em Imprimir. clicar em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um esti-
Para imprimir apenas determinadas páginas, algumas lo existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém
das propriedades do documento ou alterações controladas se algum texto estiver selecionado o estilo será aplicado
e comentários, clique na seta em  Configurações, ao lado somente ao que foi selecionado.
de Imprimir Todas as Páginas (o padrão), para ver todas as
opções.

Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-


tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na
linha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas defini-
ções de estilos através da opção Conjunto de Estilos.

Podemos também se necessário criarmos nossos pró-


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo.
Para imprimir somente determinadas páginas, siga um
destes procedimentos:
Para imprimir a página mostrada na visualização, sele-
cione a opção Imprimir Página Atual.
Para imprimir páginas consecutivas, como 1 a 3, esco-
lha Impressão Personalizada e insira o primeiro e o último
número das páginas na caixa Páginas.
Para imprimir páginas individuais e intervalo de pági-
nas (como a página 3 e páginas 4 a 6) ao mesmo tempo,
escolhaImpressão Personalizada e digite os números das
páginas e intervalos separados por vírgulas (por exemplo,
3, 4-6).

Estilos
Os estilos podem ser considerados formatações pron-
tas a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word dis-
ponibiliza uma grande quantidade de estilos através do
grupo estilos.

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será mostrado todos os estilos presentes no documento em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem
três botões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique sobre ele.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação
dele foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo parágrafo o próximo será também corpo. Abaixo definir a
formatação a ser aplicada no mesmo. Na parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos rápidos e que o mesmo
está disponível somente a este documento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo do estilo aplicado:

Inserir uma tabela


Para inserir rapidamente uma tabela, clique em Inserir > Tabela e mova o cursor sobre a grade até realçar o número
correto de colunas e linhas desejado.

Clique na tabela exibida no documento. Caso seja necessário fazer ajustes, você poderá adicionar colunas e linhas em
uma tabela, excluir linhas ou colunas ou mesclar células.
Quando você clica na tabela, as Ferramentas de Tabela são exibidas.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use as Ferramentas de Tabela para escolher diferen- Ajustar-se automaticamente à janela: isso mudará au-
tes cores, estilos de tabela, adicionar uma borda a uma tomaticamente a largura de toda a tabela para ajustar-se
página ou remover bordas de uma tabela. Você pode até ao tamanho de seu documento. Se quiser que as tabelas
mesmo inserir uma fórmula para fornecer a soma de uma criadas tenham uma aparência semelhante à da tabela que
coluna ou linha de números em uma tabela. você está criando, marque a caixa Lembrar dimensões para
Se você tem um texto que ficará melhor em uma tabe- novas tabelas.
la, o Word pode convertê-lo em uma tabela.
Inserir tabelas maiores ou tabelas com comportamen- Projetar sua própria tabela
tos de largura personalizada Se quiser ter mais controle sobre a forma das colunas e
Para obter tabelas maiores e mais controle sobre as linhas de sua tabela ou algo diferente de uma grade básica,
colunas, use o comando Inserir Tabela. a ferramenta Desenhar Tabela ajuda a desenhar exatamen-
te a tabela que você deseja.

Assim, você pode criar uma tabela com mais de dez


colunas e oito linhas, além de definir o comportamento de
largura das colunas. Você mesmo pode desenhar linhas diagonais e células
Clique em Inserir > Tabela > Inserir Tabela. dentro das células.
Defina o número de colunas e linhas. Clique em Inserir > Tabela > Desenhar Tabela. O pon-
teiro é alterado para um lápis.
Desenhe um retângulo para fazer as bordas da tabela.
Depois, desenhe linhas para as colunas e linhas dentro do
retângulo.

Na seção Comportamento de Ajuste Automático, há


três opções para configurar a largura das colunas:
Largura fixa da coluna: você pode deixar o Word definir
automaticamente a largura das colunas com Automático ou
pode definir uma largura específica para todas as colunas.
Ajustar-se automaticamente ao conteúdo: isso cria co- Para apagar uma linha, clique na guia Layout de Ferra-
lunas muito estreitas que são expandidas conforme você mentas de Tabela, clique em Borracha e clique na linha que
adiciona conteúdo. você quer apagar.

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ABA Revisão

A ABA revisão é responsável por correção, proteção, comentários etc., de seu documento.

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele.

O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu documento em busca de erros. Os de ortografia ele marca em ver-
melho e os de gramática em verde. É importante lembrar que o fato dele marcar com cores para verificação na impressão
sairá com as cores normais. Ao encontrar uma palavra considerada pelo Word como errada você pode:
Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa parte do texto.
Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer em qualquer parte do texto.
Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao dicionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro texto ela
não será grafada como errada. Esta opção deve ser utilizada quando palavras que existam, mas que ainda não façam parte
do Word.
Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se você a
corrigiu no quadro superior.
Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras que estejam da mesma forma no texto.

Índices

Sumário
O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele normalmente aparece no início de documentos. A principal regra
é que todo parágrafo que faça parte de seu índice precisa estar atrelado a um estilo. Clique no local onde você precisa que
fique seu índice e clique no botão Sumário, localizado na guia referência. Serão mostrados alguns modelos de sumário,
clique em Inserir Sumário.

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será mostrada uma janela de configuração de seu índice. Clique no botão Opções.

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos os estilos presentes no documento, então é nela que você define
quais estilos farão parte de seu índice. No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, o nível 2 ao Título 2 e o
nível 3 ao Título 3. Após definir quais serão suas entradas de índice clique em OK. Retorna-se a janela anterior, onde você
pode definir qual será o preenchimento entre as chamadas de índice e seu respectivo número de página e na parte mais
abaixo, você pode definir o Formato de seu índice e quantos níveis farão parte do índice. Ao clicar em Ok, seu índice será
criado.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando houver necessidade de atualizar o índice, basta clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte do
índice e escolher Atualizar Campo.

Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro.

Verificar Ortografia e gramatica

Na guia Revisão, no grupo Revisão de Texto, clique em Ortografia e Gramática.

Você pode acessar esse comando rapidamente, adicionando-o à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido. Para isso,
clique com o botão direito do mouse em Ortografia e Gramática e, em seguida, clique em Adicionar à Barra de Ferramentas
de Acesso Rápido, no menu de atalho.
Quando o programa encontra erros de ortografia, uma caixa de diálogo ou painel de tarefas é exibido mostrando a
primeira palavra incorreta encontrada pelo verificador ortográfico.
Depois que solucionar cada palavra incorreta, o programa sinalizará a próxima palavra incorreta para que você possa
decidir o que fazer.
Apenas no Outlook ou no Word, quando o programa conclui a sinalização de erros ortográficos, ele mostra os erros
gramaticais. Para cada erro, clique em uma opção na caixa de diálogo Ortografia e Gramática.

Como funciona a verificação ortográfica automática


Quando você verifica a ortografia automaticamente enquanto digita, por certo não vai precisar corrigir muitos erros or-
tográficos. O programa do Microsoft Office pode sinalizar as palavras com ortografia incorreta à medida que você trabalha,
para que você possa localizá-las facilmente, como no exemplo a seguir.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique com o botão direito do mouse em uma palavra


escrita incorretamente para ver as sugestões de correção.

Dependendo do programa do Microsoft Office que Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
você está usando, clique com o botão direito do mouse em clique em OK.
uma palavra para obter outras opções, como adicionar a Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e
palavra ao dicionário personalizado. clique em OK.
Como funciona a verificação gramatical automática Observações : 
(aplica-se somente ao Outlook e ao Word) Você sempre pode alterar ou remover sua senha.
Após ativar a verificação gramatical automática, o As senhas diferenciam maiúsculas de minúsculas. Veri-
Word e o Outlook sinalizam os possíveis erros gramaticais fique se a tecla CAPS LOCK está desativada quando digitar
e estilísticos à medida que você trabalha nos documentos uma senha pela primeira vez.
do Word e em itens abertos do Outlook (exceto Anota- Se você perder ou esquecer uma senha, o Word não
ções), conforme mostrado no exemplo a seguir. conseguirá recuperar suas informações. Portanto, guarde
uma cópia da senha em um local seguro ou crie uma senha
forte da qual se lembrará.

Clique com botão direito do mouse no erro para ver O QUE É OFFICE 365
mais opções. Office 365 é um pacote de soluções online composta
por software mais serviços. Quando dizemos software esta-
mos nos referindo a aplicações que você instala localmente
como o mais eficiente pacote de produtividade de todos
os tempos: o Office em sua versão Professional Plus, o Vi-
sio Pro e o Project Pro. Quando nos referimos a serviços
temos o Exchange Online(e-mail), Sharepoint Online(ar-
mazenamento de documentos e intranet), Skype for Busi-
ness(mensagens, voz e vídeo) e Office Online(Word, Excel,
PowerPoint e OneNote no browser).
Tudo com facilidade de implementação, simplicidade
de gerenciamento e mais importante: alta disponibilidade
para que sua empresa esteja pronta para os desafios do dia
a dia. Trabalhe de maneira conjunta, tenha acesso a servi-
ços de e-mail e comunicação por voz em qualquer lugar e
Uma sugestão de correção pode ser exibida no menu a qualquer hora com Office 365™.
de atalho. Você pode também optar por ignorar o erro ou
clicar em Sobre esta sentença para ver por que o programa Office Online
considera o texto um erro. O Office Online permite abrir documentos do Word,
Excel, PowerPoint e OneNote em um navegador da Web. O
Proteger um documento com senha Office Online deixa mais fácil trabalhar com e compartilhar
Ajude a proteger um documento confidencial contra arquivos do Office em qualquer lugar com uma conexão
edições indesejadas atribuindo uma senha. Também é pos- à Internet, de praticamente qualquer dispositivo. Todos os
sível evitar que um documento seja aberto. usuários do Microsoft Office 365 podem exibir, criar e edi-
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Docu- tar arquivos diretamente na nuvem, bastante apenas ter a
mento > Criptografar com Senha. solução no seu plano ou assinatura.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Qual é a diferença entre o Office 365 e o Office 2016?


O Office 365 é um serviço por assinatura que inclui a versão mais recente do Office, que atualmente é o Office 2016. Ele
vem com os aplicativos que você já conhece, como Word, PowerPoint e Excel, além de armazenamento online extra, suporte
técnico contínuo sem custo adicional e mais.
Você pode optar por pagar por uma assinatura do Office 365 mensal ou anual, o plano Office 365 Home permite que
você compartilhe sua assinatura com até quatro membros da sua família. Há diferentes planos do Office 365 disponíveis
para uso doméstico e pessoal, bem como para empresas de pequeno e médio porte, corporações, escolas e instituições
sem fins lucrativos.
O Office 2016 também é vendido como uma compra avulsa, o que significa que você paga um custo único e inicial para
obter aplicativos do Office para um computador. As compras avulsas estão disponíveis para PCs (como o Office Home &
Student 2016) e para Macs (como o Office Home & Student 2016 para Mac). As compras avulsas não têm uma opção de
atualização, o que significa que, se você planejar atualizar para a próxima versão principal, terá de comprá-la pelo preço
integral.
O Office Online é a versão gratuita do Office que você pode usar no seu navegador da Web. Experimentar os aplicativos
do Office Online.

WORD ONLINE (365)


Note a interface do Word online sendo executado diretamente do navegador de internet, bastante semelhante à do
Word 2016.

Diferenças entre o uso de um documento no navegador e no Word


O Microsoft Word Online permite fazer edições e alterações de formatação básicas em seu documento em um nave-
gador da Web. Para recursos mais avançados, use o comando do Word Online Abrir no Word. Quando você salva o docu-
mento no Word, ele é salvo no site em que você o abriu no Word Online.
O documento que você abre no Word Online é o mesmo que é aberto no aplicativo Word da área de trabalho, mas
alguns recursos funcionam de maneira diferente nos dois ambientes.

Editar um documento no Word Online


Clique em Editar documento > Editar no Word Online para fazer alterações em um documento.
Quando você abre um documento do OneDrive, o Word Online a exibe no modo de exibição de leitura. Para fazer
alterações em seu documento, alterne para o modo de exibição de edição, onde você pode adicionar e excluir conteúdo e
fazer outras coisas, tais como:
- Adicionar tabelas e imagens.

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Aplicar estilos. Recursos que diferem entre o navegador e a área


- Ajustar a formatação. de trabalho
- Editar cabeçalhos e rodapés. Quando você edita um documento no Word Online,
Você pode fazer essas tarefas simples no modo de exi- ele é apresentado no Modo de Exibição de Edição para que
bição de leitura e no modo de edição: você possa editar e formatar texto. O Modo de Exibição de
- Exibir e adicionar comentários. Edição não mostra a formatação da página, incluindo ele-
- Compartilhar um documento para que possa traba- mentos como margens, quebras de página, folhas de rosto,
lhar com outras pessoas ao mesmo tempo. cabeçalhos e rodapés. Além disso, diversos tipos de obje-
- Baixar uma cópia. tos são exibidos como espaços reservados.
- Imprimir. As tabelas a seguir descrevem como o Word Online dá
Lembre-se, para editar um documento no Word Onli- suporte a recursos que podem se aplicar aos seus docu-
ne, clique em Editar documento > Editar no Word Online. mentos. Para usar recursos que não estão disponíveis no
Word Online, clique em Abrir no Word.
Formatos de arquivo com suporte no Word Online
O Word Online abre documentos nestes formatos: Abrindo e salvando
- Documento do Word (.docx) - Gerenciamento de Direitos de Informação (IRM) - No
- Modelo do Word (.dotx) Outlook Online anexos e bibliotecas do SharePoint que são
- Documento do Word habilitado para macro (.docm) protegidos por IRM, Word Online abre documentos para
ou modelo do Word habilitado para macro (.dotm) leitura, mas não para edição. Proteção de IRM não pode ser
O documento pode ser aberto, mas as macros não são adicionada aos documentos Word Online.
executadas. - Proteção por senha - O Word Online não pode abrir
- Documento do Word 97-2003 (.doc) ou Modelo do documentos que estão criptografados com uma senha.
Word 97-2003 (.dot) - Permissão para modificar - Um documento que re-
O Word Online exibe documentos nestes formatos; po- quer uma senha para ser modificado é aberto no Word
rém, para editar um documento no navegador, o Word On- Online no Modo de Exibição de Leitura, mas não pode ser
line salva uma nova cópia dele no formato .docx ou .dotx. editado no navegador. Clique em Abrir no Word para re-
mover as restrições à edição.
O Word Online não pode salvar documentos nos formatos
- Salvar - Você salva um documento manualmente no
.doc ou .dot.
Word Online; não existe um recurso de salvamento auto-
- Formato de texto OpenDocument (.odt)
mático.
- PDF (Portable Document Format)
- Gerenciar versões - As versões são gerenciadas no
Word Online não pode abrir documentos em outros
servidor, e não no Word Online. Caso o documento esteja
formatos de arquivo. Por exemplo, não há suporte para
armazenado no OneDrive, use o recurso Histórico de Ver-
estes formatos: RTF (Formato Rich Text), linguagem HTML,
são do OneDrive. Caso ele esteja armazenado em uma bi-
MHTML (MIME HTML).
blioteca do SharePoint, verifique se o recurso Histórico de
Versão foi configurado para a biblioteca.
Recursos com suporte para exibição e impressão
Quando você exibir ou imprimir um documento no Editando e formatando
Word Online, o documento tenha a mesma aparência como Copiar e colar - Copia e cola texto, e copia/cola ima-
faz em Layout de impressão exiba as o Word App desktop. gens da Web. O texto é formatado para combinar com o
Word Online usa um leitor de PDF para imprimir documen- texto adjacente ao local onde ele é colado no Word Online.
tos. Se você quiser os recursos do Word para impressão Formatação da fonte - Aplica negrito, itálico, sublinha-
(como ajustar as margens da página), clique em Abrir no do, tachado, subscrito, sobrescrito, fonte, tamanho, cor e
Word e imprima no aplicativo de área de trabalho do Word. realce. Também é possível limpar a formatação das fontes.
Na exibição de um documento, alguns recursos fun- Formatação de parágrafo - Alinha parágrafos à esquer-
cionam de maneira diferente no navegador e no aplicativo da, à direita ou centralizados; implementa texto da direita
Word da área de trabalho. Para usar recursos que não estão para a esquerda ou da esquerda para a direita; aumenta ou
disponíveis no Word Online, clique em Abrir no Word. diminui o recuo; formata parágrafos como uma lista nu-
- Modo de Exibição de Layout de Impressão - No Modo merada ou com marcadores. Também é possível limpar a
de Exibição de Leitura, o Word Online exibe a aparência formatação.
que um documento tem no Modo de Exibição de Layout Numeração e marcadores - Aplica um de diversos esti-
de Impressão. Outros modos de exibição disponíveis no los internos de numeração ou marcadores.
aplicativo Word da área de trabalho (Estrutura de Tópicos, Estilos - Aplica uma opção de uma galeria de estilos
Rascunho, Layout da Web e Leitura em Tela Inteira) não es- internos. Também é possível limpar a formatação. Não é
tão disponíveis no Word Online. Da mesma forma, o Painel possível criar novos estilos ou modificar estilos no Word
de Navegação, a exibição lado a lado e as janelas divididas Online.
não estão disponíveis no Word Online. Localizar - O recurso Localizar só está disponível no
- Réguas e linhas de grade - O Word Online não Modo de Exibição de Leitura. Localizar e Substituir não está
exibe réguas e linhas de grade. disponível no Word Online.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Zoom - O recurso Zoom só está disponível no Modo Formas, gráficos, caixas de texto, SmartArt, WordArt
de Exibição de Leitura. Use as configurações de exibição - Estes objetos são exibidos no documento conforme es-
do navegador para ampliar ou reduzir o zoom no Modo de perado no Modo de Exibição de Leitura. No Modo de Exi-
Exibição de Edição. bição de Edição, eles aparecem como espaços reservados
Quebras de linha e de página - As quebras entre linhas que você pode excluir, mas não editar. Eles não podem ser
e páginas são exibidas no Modo de Exibição de Leitura. movidos nem redimensionados no Word Online.
No Modo de Edição, as quebras de linha são semelhantes Equações, símbolos, tinta - Estes objetos são exi-
às quebras de parágrafo, e as quebras de página não são bidos no documento conforme esperado no Modo de
indicadas. Exibição de Leitura. No Modo de Exibição de Edição, eles
Colunas - O layout da página é preservado, mas não aparecem como espaços reservados que você pode excluir,
pode ser editado no Word Online. mas não editar. Eles não podem ser movidos nem redimen-
Tema, cor da página, marcas d’água - O tema e a tela sionados no Word Online.
Campos, controles de conteúdo, página de rosto - Es-
de fundo da página são preservados no documento, mas
tes objetos são exibidos no documento conforme espera-
não podem ser editados no Word Online.
do no Modo de Exibição de Leitura. No modo de Edição
Coautoria - Vários autores podem trabalhar simulta-
o conteúdo dos campos e os controles de conteúdo são
neamente no Word Online. A coautoria abrange o Word
exibido, mas não podem ser editados ou atualizados. Uma
2010 ou posterior e o Word for Mac 2011. folha de rosto aparece como uma série de espaços reserva-
dos para elementos como caixas de texto.
Revisão Cabeçalhos e rodapés - Estes objetos são exibidos no
Revisores de texto - Verifica a ortografia e define o idio- documento conforme esperado no Modo de Exibição de
ma de revisão, usando o dicionário interno. O Word Online Leitura. Cabeçalhos e rodapés, incluindo os números de
não usa um dicionário personalizado, nem inclui verifica- página, são ocultos no Modo de Exibição de Edição.
ção gramatical, tradução ou um dicionário de sinônimos. Notas de rodapé, notas de fim, bibliografia, sumário,
AutoCorreção - O Word Online corrige erros comuns índice - Estes objetos são exibidos no documento confor-
enquanto você digita, por exemplo, trocando letras que são me esperado no Modo de Exibição de Leitura. No Modo
digitadas na ordem errada (“caxia” é corrigido para “caixa”). de Exibição de Edição, eles aparecem como espaços reser-
Se o Word Online fizer uma correção indesejada, pressione vados que você pode excluir, mas não editar ou atualizar.
Ctrl+Z para desfazê-la. Diferentemente do aplicativo Word Macros - Você pode exibir, editar, imprimir e comparti-
da área de trabalho, o Word Online não inclui uma maneira lhar documentos que contêm macros; porém, para execu-
de personalizar as opções de AutoCorreção. tar as macros, clique em Abrir no Word.
Alterações controladas - As alterações controladas Controles ActiveX, objetos OLE inseridos, linha de assi-
aparecem no Modo de Exibição de Leitura. Para ativá-las natura - Estes objetos são exibidos no documento confor-
ou desativá-las, clique em Abrir no Word. me esperado no Modo de Exibição de Leitura. No Modo de
Exibição de Edição, eles aparecem como espaços reserva-
Objetos dos que você pode excluir, mas não editar. Eles não podem
Hiperlinks - Insere, edita e segue hiperlinks. Links para ser movidos nem redimensionados no Word Online.
indicadores e referências cruzadas funcionam, e você pode Imagens vinculadas, arquivos inseridos - Estes objetos
editar o respectivo texto de exibição, mas não o destino, no são preservados no documento, mas são exibidos como
Word Online. espaços reservados no Word Online.
Tabelas - Insere tabelas. Seleciona por tabela, coluna,
linha ou célula; exclui por tabela, coluna ou linha; insere
linhas e colunas; alinha o texto da célula à esquerda, à di- OPERAÇÃO DA PLANILHA EXCEL
reita ou centralizado. Recursos de tabela mais sofisticados,
2003/2010/2013/365: CONCEITOS BÁSICOS;
como estilos, tamanho da célula, direção do texto e ordem
DIGITAÇÃO E EDIÇÃO DE DADOS;
de classificação, são preservados no documento, mas não
CONSTRUÇÃO DE FÓRMULAS PARA
podem ser configurados no Word Online.
Imagens - Inserir figuras ou clip-art armazenado no seu CÁLCULOS DE VALORES; CRIAÇÃO DE
computador ou no Bing. Você pode aplicar um número de GRÁFICOS; FORMATAÇÃO DE DADOS E
estilos de imagem, escrever texto alt e alterar o tamanho, PLANILHAS.
mas imagens não podem ser arrastadas para um novo local.
Em vez disso, pressione Ctrl + X para recortar e pressione
Ctrl + V no novo local para colar. Recursos mais sofistica- MS EXCEL1
dos para trabalhar com imagens, como o corte, não estão
disponíveis no Word Online. Você não pode criar capturas O Excel é uma ferramenta incrivelmente poderosa para
de tela diretamente em Word Online, mas capturas de tela tornar significativa uma vasta quantidade de dados. Mas
em uma exibição de documento como imagens no Word ele também funciona muito bem para cálculos simples e
Online. 1 Fonte: https://support.office.com/pt-br/excel

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

para rastrear de quase todos os tipos de informações. A Escolha uma célula e digite um sinal de igual (=).
chave para desbloquear todo esse potencial é a grade de Isso informa ao Excel que essa célula conterá uma fór-
células. As células podem conter números, texto ou fórmu- mula.
las. Você insere dados nas células e as agrupa em linhas e Digite uma combinação de números e operadores de
colunas. Isso permite que você adicione seus dados, classi- cálculos, como o sinal de mais (+) para adição, o sinal de
fique-os e filtre-os, insira-os em tabelas e crie gráficos in- menos (-) para subtração, o asterisco (*) para multiplicação
críveis. Vejamos as etapas básicas para você começar. ou a barra (/) para divisão.
Criar uma nova pasta de trabalho Por exemplo, insira =2+4, =4-2, =2*4 ou =4/2.
Os documentos do Excel são chamados de pastas de Pressione Enter.
trabalho. Cada pasta de trabalho contém folhas que, nor- Isso executa o cálculo.
malmente, são chamadas de planilhas. Você pode adicionar Você também pode pressionar Ctrl+Enter (se você de-
quantas planilhas desejar a uma pasta de trabalho ou pode seja que o cursor permaneça na célula ativa).
criar novas pastas de trabalho para guardar seus dados se-
paradamente. Aplicar um formato de número
Clique em Arquivo e em Novo. Para distinguir entre os diferentes tipos de números,
Em Novo, que em Pasta de trabalho em branco adicione um formato, como moeda, porcentagens ou da-
tas.
Selecione as células que contêm números que você de-
seja formatar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique na
seta na caixa Geral.

Insira os dados
Clique em uma célula vazia.
Por exemplo, a célula A1 em uma nova planilha. As cé-
Selecione um formato de número
lulas são referenciadas por sua localização na linha e na
coluna da planilha, portanto, a célula A1 fica na primeira
linha da coluna A.
Inserir texto ou números na célula.
Pressione Enter ou Tab para se mover para a célula se-
guinte.

Usar a AutoSoma para adicionar seus dados


Ao inserir números em sua planilha, talvez deseje so-
má-los. Um modo rápido de fazer isso é usar o AutoSoma.
Selecione a célula à direita ou abaixo dos números que
você deseja adicionar.
Clique na guia Página Inicial e, em seguida, clique
em AutoSoma no grupo Edição.

A AutoSoma soma os números e mostra o resultado na


célula selecionada. Caso você não veja o formato de número que está pro-
curando, clique em Mais Formatos de Número.
Criar uma fórmula simples
Somar números é uma das coisas que você poderá fa- Inserir dados em uma tabela
zer, mas o Excel também pode executar outras operações Um modo simples de acessar grande parte dos recur-
matemáticas. Experimente algumas fórmulas simples para sos do Excel é colocar os dados em uma tabela. Isso per-
adicionar, subtrair, multiplicar ou dividir seus valores. mite que você filtre ou classifique rapidamente os dados.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione os dados clicando na primeira célula e arras- Para classificar os dados, clique em  Classificar de A a
tar a última célula em seus dados. Z ou Classificar de Z a A.
Para usar o teclado, mantenha a tecla Shift pressionada
ao mesmo tempo em que pressiona as teclas de direção
para selecionar os dados.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.

Clique em Tabelas, mova o cursor para o botão Tabe-


la para visualizar seus dados e, em seguida, clique no bo-
tão Tabela.

Clique na seta   no cabeçalho da tabela de uma co-


luna.
Para filtrar os dados, desmarque a caixa de seleção Se-
lecionar tudo e, em seguida, selecione os dados que você Clique em OK.
deseja mostrar na tabela.
Mostrar totais para os números
As ferramentas de Análise Rápida permitem que você
totalize os números rapidamente. Se for uma soma, média
ou contagem que você deseja, o Excel mostra os resultados
do cálculo logo abaixo ou ao lado dos números.
Selecione as células que contêm os números que você
somar ou contar.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Clique em Totais, mova o cursos entre os botões para
ver os resultados dos cálculos dos dados e clique no botão
para aplicar os totais.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Adicionar significado aos seus dados Salvar seu trabalho


A formatação condicional ou minigráficos podem des- Clique no botão Salvar na Barra de Ferramentas de
tacar os dados mais importantes ou mostrar tendências de Acesso Rápido ou pressione Ctrl+S.
dados. Use a ferramenta Análise Rápida para um Visualiza-
ção Dinâmica para experimentar.
Selecione os dados que você deseja examinar mais de-
talhadamente.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior Se você salvou seu trabalho antes, está pronto.
direito da seleção. Se esta for a primeira vez que você salva este arquivo:
Explore as opções nas guias  Formatação  e  Minigráfi- Em Salvar Como, escolha onde salvar sua pasta de tra-
cos para ver como elas afetam os dados. balho e navegue até uma pasta.
Na caixa Nome do arquivo, digite um nome para a pas-
ta de trabalho.
Clique em Salvar.

Imprimir o seu trabalho


Clique em Arquivo e, em seguida, clique em Impri-
mir ou pressione Ctrl+P.
Visualize as páginas clicando nas setas Próxima Pági-
na e Página Anterior.

Por exemplo, selecione uma escala de cores na gale-


ria Formatação para diferenciar as temperaturas alta, média
e baixa. A janela de visualização exibe as páginas em preto e
branco ou colorida, dependendo das configurações de sua
impressora.
Se você não gostar de como suas páginas serão im-
pressas, você poderá mudar as margens da página ou adi-
cionar quebras de página.
Clique em Imprimir.

Quando gostar da opção, clique nela. Localizar ou substituir texto e números em uma
planilha do Excel para Windows
Localize e substitua textos e números usando curingas
Mostrar os dados em um gráfico ou outros caracteres. Você pode pesquisar planilhas, linhas,
A ferramenta Análise Rápida recomenda o gráfico cor- colunas ou pastas de trabalho.
reto para seus dados e fornece uma apresentação visual Em uma planilha, clique em qualquer célula.
com apenas alguns cliques. Na guia Página Inicial, no grupo Edição, clique em Lo-
Selecione as células contendo os dados que você quer calizar e Selecionar.
mostrar em um gráfico.
Clique no botão Análise Rápida   no canto inferior
direito da seleção.
Clique na guia Gráficos, mova entre os gráficos reco-
mendados para ver qual tem a melhor aparência para seus
dados e clique no que desejar.

Siga um destes procedimentos:


Para localizar texto ou números, clique em Localizar.
Para localizar e substituir texto ou números, clique
em Substituir.
Na caixa Localizar, digite o texto ou os números que
você deseja procurar ou clique na seta da caixa Localizar e,
em seguida, clique em uma pesquisa recente na lista.
Você pode usar caracteres curinga, como um asterisco
OBSERVAÇÃO: O Excel mostra diferentes gráficos nesta (*) ou ponto de interrogação (?), nos critérios da pesquisa:
galeria, dependendo do que for recomendado para seus Use o asterisco para localizar qualquer cadeia de carac-
dados. teres. Por exemplo, s*r localizará “ser” e “senhor”.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Use o ponto de interrogação para localizar um único lizar e Substituir, clique na guia Localizar e depois em Op-
caractere. Por exemplo, s?m localizará “sim” e “som”. ções para exibir as opções de formatação. Clique na seta
DICA: Você pode localizar asteriscos, pontos de inter- ao lado de Formato e clique em Limpar ‘Localizar formato’.
rogação e caracteres de til (~) nos dados da planilha prece-
dendo-os com um til na caixa Localizar. Por exemplo, para Alterar a largura da coluna e a altura da linha
localizar dados que contenham “?”, use  ~?  como critério Em uma planilha, você pode especificar uma largura
de pesquisa. de coluna de 0 (zero) a 255. Esse valor representa o núme-
Clique em Opções para definir ainda mais a pesquisa e ro de caracteres que podem ser exibidos em uma célula
siga um destes procedimentos: formatada com a fonte padrãoTE000127106. A largura de
Para procurar dados em uma planilha ou em uma pasta coluna padrão é 8,43 caracteres. Se a largura da coluna for
de trabalho inteira, na caixa Em, clique em Planilha ou Pas- definida como 0 (zero), a coluna ficará oculta.
ta de Trabalho. Você pode especificar uma altura de linha de 0 (zero) a
Para pesquisar dados em linhas ou colunas, na cai- 409. Esse valor representa a medida da altura em pontos (1
xa Pesquisar, clique em Por Linhas ou Por Colunas. ponto é igual a aproximadamente 1/72 pol. ou 0,035 cm).
Para procurar dados com detalhes específicos, na cai- A altura de linha padrão é 12,75 pontos (aproximadamente
xa Examinar, clique em Fórmulas, Valores ou Comentários. 1/6 pol. ou 0,4 cm). Se a altura da linha for definida como 0
OBSERVAÇÃO: As opções Fórmulas, Valores e Comen- (zero), a linha ficará oculta.
tários só estão disponíveis na guia Localizar, e somente Fór- Se estiver trabalhando no modo de exibição de Layout
mulas está disponível na guia Substituir. da Página (guia Exibir, grupo Modos de Exibição da Pasta
Para procurar dados que diferenciam maiúsculas de de Trabalho, botão Layout da Página), você poderá especi-
minúsculas, marque a caixa de seleção Diferenciar maiús- ficar uma largura de coluna ou altura de linha em polega-
culas de minúsculas. das. Nesse modo de exibição, a unidade de medida padrão
Para procurar células que contenham apenas os carac- é polegada, mas você poderá alterá-la para centímetros ou
teres que você digitou na caixa Localizar, marque a caixa de milímetros (Na guia Arquivo, clique em Opções, clique na
seleção Coincidir conteúdo da célula inteira. categoria Avançado e, em Exibir, selecione uma opção na
Se você deseja procurar texto ou números que também lista Unidades da Régua).
tenham uma formatação específica, clique em  Formato  e
faça as suas seleções na caixa de diálogo Localizar Formato.
DICA: Se você deseja localizar células que correspon- Definir uma coluna com uma largura específica
dam a uma formato específico, exclua qualquer critério da
caixa Localizar e selecione a célula que contenha a forma- Selecione as colunas a serem alteradas.
tação que você deseja localizar. Clique na seta ao lado de Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
Formato, clique em Escolher formato da célula e, em se- matar.
guida, clique na célula que possui a formatação a ser pes-
quisada.
Siga um destes procedimentos:
Para localizar texto ou números, clique em Localizar
Tudo ou Localizar Próxima.
DICA: Quando você clicar em Localizar Tudo, todas as
ocorrências do critério que você estiver pesquisando serão
listadas, e você poderá ir para uma célula clicando nela na Em Tamanho da Célula, clique em Largura da Coluna.
lista. Você pode classificar os resultados de uma pesqui- Na caixa Largura da coluna, digite o valor desejado.
sa Localizar Tudo clicando em um título de coluna. Clique em OK.
Para substituir texto ou números, digite os caracteres DICA: Para definir rapidamente a largura de uma única
de substituição na caixa Substituir por (ou deixe essa caixa coluna, clique com o botão direito do mouse na coluna
em branco para substituir os caracteres por nada) e clique selecionada, clique em Largura da Coluna, digite o valor
em Localizar ou Localizar Tudo. desejado e clique em OK.
OBSERVAÇÃO: Se a caixa Substituir por não estiver dis- Alterar a largura da coluna para ajustá-la automatica-
ponível, clique na guia Substituir. mente ao conteúdo (AutoAjuste)
Se necessário, você poderá cancelar uma pesquisa em Selecione as colunas a serem alteradas.
andamento pressionando ESC. Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
Para substituir a ocorrência realçada ou todas as ocor- matar.
rências dos caracteres encontrados, clique em Substi-
tuir ou Substituir tudo.
DICA: O Microsoft Excel salva as opções de formatação
que você define. Se você pesquisar dados na planilha nova-
mente e não conseguir encontrar caracteres que você sabe
que estão lá, poderá ser necessário limpar as opções de
formatação da pesquisa anterior. Na caixa de diálogo Loca-

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em Tamanho da Célula, clique em Ajustar Largura da Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
Coluna Automaticamente. matar.

OBSERVAÇÃO: Para ajustar automaticamente de forma


rápida todas as colunas da planilha, clique no botão Sele-
cionar Tudo e, em seguida, clique duas vezes em qualquer
limite entre dois títulos de coluna.

Em Tamanho da Célula, clique em Largura Padrão.


Na caixa Largura padrão da coluna, digite uma nova
medida e clique em OK.
DICA: Para definir a largura de coluna padrão de todas
as novas pastas de trabalho ou planilhas, você poderá criar
um modelo de pasta de trabalho ou de planilha e utilizá-lo
como base para as novas pastas de trabalho ou planilhas.
Alterar a largura das colunas com o mouse
Siga um destes procedimentos:
Fazer com que a largura da coluna corresponda à de Para alterar a largura de uma coluna, arraste o limite
outra coluna do lado direito do título da coluna até que ela fique do
Selecione uma célula da coluna com a largura deseja- tamanho desejado.
da.
Pressione Ctrl+C ou, na guia Página Inicial, no gru-
po Área de Transferência, clique em Copiar.

Para alterar a largura de várias colunas, selecione as


colunas desejadas e arraste um limite à direita do título de
coluna selecionado.
Para alterar a largura das colunas a fim de ajustá-la ao
conteúdo, selecione as colunas desejadas e clique duas ve-
zes no limite à direita do título de coluna selecionado.
Para alterar a largura de todas as colunas da planilha,
clique no botãoSelecionar Tudo e arraste o limite de qual-
Clique com o botão direito do mouse na coluna de quer título de coluna.
destino, aponte paraColar Especial e clique no botão Man-
ter Largura da Coluna Original 

Alterar a largura padrão de todas as colunas em uma


planilha ou pasta de trabalho
O valor da largura de coluna padrão indica o número
médio de caracteres da fonte padrão que cabe em uma cé-
lula. É possível especificar outro valor de largura de coluna
padrão para uma planilha ou pasta de trabalho.
Siga um destes procedimentos:
Para alterar a largura de coluna padrão de uma plani-
lha, clique na guia da planilha.
Para alterar a largura de coluna padrão da pasta de tra- Definir uma linha com uma altura específica
balho inteira, clique com o botão direito do mouse em uma Selecione as linhas a serem alteradas.
guia de planilha e, em seguida, clique em Selecionar Todas Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For-
as Planilhas no menu de atalhoTE000127572. matar.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em Tamanho da Célula, clique em Altura da Linha. Para alterar a altura da linha a fim de ajustá-la ao con-
Na caixa Altura da linha, digite o valor que você deseja teúdo, clique duas vezes no limite abaixo do título da linha.
e, em seguida, clique em OK.
Alterar a altura da linha para ajustá-la ao conteúdo Formatar números como moeda no Excel
Selecione as linhas a serem alteradas. Para exibir números como valores monetários, forma-
Na guia Página Inicial, no grupo Células, clique em For- te-os como moeda. Para fazer isso, aplique o formato de
matar. número Moeda ou Contábil às células que deseja formatar.
As opções de formatação de número estão disponíveis na
guia Página Inicial, no grupo Número.

Em Tamanho da Célula, clique em AutoAjuste da Altura


da Linha.
DICA: Para ajustar automaticamente de forma rápi-
da todas as linhas da planilha, clique no botão Selecionar Formatar números como moeda
Tudo e, em seguida, clique duas vezes no limite abaixo de Você pode exibir um número com o símbolo de moe-
um dos títulos de linha. da padrão selecionando a célula ou o intervalo de célu-
las e clicando em Formato de Número de Contabilização 
 no grupo Número da guia Página Inicial. (Se desejar
aplicar o formato Moeda, selecione as células e pressione
Ctrl+Shift+$.)
Alterar outros aspectos de formatação
Selecione as células que você deseja formatar.
Na guia Página Inicial, clique no Iniciador de Caixa de
Diálogo ao lado deNúmero.

Alterar a altura das linhas com o mouse


Siga um destes procedimentos:
Para alterar a altura de uma linha, arraste o limite abai-
xo do título da linha até que ela fique com a altura dese-
jada.
DICA: Você também pode pressionar Ctrl+1 para abrir
a caixa de diálogoFormatar Células.
Na caixa de diálogo Formatar Células, na lista Catego-
ria, clique em Moedaou Contábil.

Para alterar a altura de várias linhas, selecione as linhas


desejadas e arraste o limite abaixo de um dos títulos de
linha selecionados.
Para alterar a altura de todas as linhas da planilha, cli-
que no botão Selecionar Tudo e arraste o limite abaixo de
qualquer título de linha.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na caixa Símbolo, clique no símbolo de moeda dese- A quantidade de argumentos empregados em uma
jado. função depende do tipo de função a ser utilizada. Os ar-
OBSERVAÇÃO:  Se desejar exibir um valor monetário gumentos podem ser números, textos, valores lógicos, re-
sem um símbolo de moeda, clique em Nenhum. ferências, etc...
Na caixa Casas decimais, insira o número de casas de-
cimais desejadas para o número. Operadores
Por exemplo, para exibir R$138.691 em vez de colo- Operadores são símbolos matemáticos que permitem
car R$ 138.690,63 na célula, insira 0 na caixa Casas deci- fazer cálculos e comparações entre as células. Os operado-
mais. Conforme você faz alterações, preste atenção ao nú- res são:
mero na caixa Amostra. Ela mostra como a alteração das
casas decimais afetará a exibição de um número.
Na caixa Números negativos selecione o estilo de exi-
bição que você deseja usar para números negativos.
Se não quiser usar as opções existentes para exibir nú-
meros negativos, você pode criar seu próprio formato de
número.
OBSERVAÇÃO:  A caixa  Números negativos  não está
disponível para o formato de número Contábil. O motivo
disso é que constitui prática contábil padrão mostrar nú-
meros negativos entre parênteses.
Para fechar a caixa de diálogo Formatar Células, clique
em OK. Criar uma fórmula simples
Se o Excel exibir ##### em uma célula depois que você Você pode criar uma fórmula simples para adicionar,
aplicar formatação de moeda em seus dados, isso signifi- subtrair, multiplicar ou dividir valores na planilha. As fór-
cará que talvez a célula não seja suficientemente larga para mulas simples sempre começam com um sinal de igual (=),
exibir os dados. Para expandir a largura da coluna, clique seguido de constantes que são valores numéricos e ope-
radores de cálculo como os sinais de mais (+), menos (-),
duas vezes no limite direito da coluna que contém as cé-
asterisco (*) ou barra (/).
lulas com o erro #####. Esse procedimento redimensiona
Por exemplo, quando você inserir a fórmula =5+2*3, o
automaticamente a coluna para se ajustar ao número. Você
Excel multiplicará os últimos dois números e adicionará o
também pode arrastar o limite direito até que as colunas
primeiro número ao resultado. Seguindo a ordem padrão
fiquem com o tamanho desejado.
das operações matemáticas, a multiplicação e executada
antes da adição.
Na planilha, clique na célula em que você deseja inserir
a fórmula.
Digite o = (sinal de igual) seguido das constantes e dos
operadores que você deseja usar no cálculo.
Você pode inserir quantas constantes e operadores fo-
rem necessários em uma fórmula, até 8.192 caracteres.
DICA : Em vez de digitar as constantes em sua fórmu-
Remover formatação de moeda la, você pode selecionar as células que contêm os valores
Selecione as células que têm formatação de moeda. que deseja usar e inserir os operadores entre as células da
Na guia Página Inicial, no grupo Número, clique na cai- seleção.
xa de listagem Geral. Pressione Enter.
As células formatadas com o formato Geral não têm Para adicionar valores rapidamente, você pode usar
um formato de número específico. a AutoSoma em vez de inserir a fórmula manualmente
(guia Página Inicial, grupo Edição ).
Operadores e Funções Você também pode usar funções (como a função
A função é um método utilizado para tornar mais fácil SOMA) para calcular os valores em sua planilha.
e rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos Para avançar mais uma etapa, você pode usar as refe-
mais complexos e vários valores. Existem funções para os rências de célula e nomes em vez dos valores reais em uma
cálculos matemáticos, financeiros e estatísticos. Por exem- fórmula simples.
plo, na função: =SOMA (A1:A10) seria o mesmo que (A1+ Exemplos
A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10), só que com a fun- Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
ção o processo passa a ser mais fácil. Ainda conforme o le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
exemplo pode-se observar que é necessário sempre iniciar fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2
um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se nos cálculos a e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as largu-
referência de células (A1) e não somente valores. ras das colunas para ver todos os dados.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dados
2
5
Fórmula Descrição Resultado
‘=A2+A3 Adiciona os valores nas células A1 e A2 =A2+A3
‘=A2-A3 Subtrai o valor na célula A2 do valor em A1 =A2-A3
‘=A2/A3 Divide o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2/A3
‘=A2*A3 Multiplica o valor na célula A1 pelo valor em A2 =A2*A3
Eleva o valor na célula A1 ao valor exponencial
‘=A2^A3 =A2^A3
especificado em A2
Fórmula Descrição Resultado
‘=5+2 Adiciona 5 e 2 =5+2
‘=5-2 Subtrai 2 de 5 =5-2
‘=5/2 Divide 5 por 2 =5/2
‘=5*2 Multiplica 5 vezes 2 =5*2
‘=5^2 Eleva 5 à segunda potência =5^2

Usar referências de célula em uma fórmula


Ao criar uma fórmula simples ou uma fórmula que usa uma função, você pode fazer referência aos dados das células
de uma planilha incluindo referências de célula nos argumentos da fórmula. Por exemplo, quando você insere ou seleciona
a referência de célula A2, a fórmula usa o valor dessa célula para calcular o resultado. Você também pode fazer referência
a um intervalo de células.
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Na barra de fórmulas  , digite = (sinal de igual).
Faça o seguinte: selecione a célula que contém o valor desejado ou digite sua referência de célula.
Você pode fazer referência a uma única célula, a um intervalo de células, a um local em outra planilha ou a um local em
outra pasta de trabalho.
Ao selecionar um intervalo de células, você pode arrastar a borda da seleção da célula para mover a seleção ou arrastar
o canto da borda para expandir a seleção.

1. A primeira referência de célula é B3, a cor é azul e o intervalo de células tem uma borda azul com cantos quadrados.
2. A segunda referência de célula é C3, a cor é verde e o intervalo de célula tem uma borda verde com cantos quadra-
dos.
OBSERVAÇÃO : Se não houver um canto quadrado em uma borda codificada por cor, significa que a referência está
relacionada a um intervalo nomeado.
Pressione Enter.
DICA :  Você também pode inserir uma referência a um intervalo ou célula nomeada.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colu-
nas para ver todos os dados. Use o comando Definir Nome (guia Formulas, grupo Nomes Definidos) para definir “Ativos”
(B2:B4) e “Passivos” (C2:C4).

Departamento Ativos Passivos


TI 274000 71000
Administrador 67000 18000
RH 44000 3000
Fórmula Descrição Resultado
Retorna o total de ativos dos três
departamentos no nome definido “Ativos”,
‘=SOMA(Ativos) =SOMA(Ativos)
que é definido como o intervalo de células
B2:B4. (385000)
‘=SOMA(Ativos)- Subtrai a soma do nome definido “Passivos” =SOMA(Ativos)-
SOMA(Passivos) da soma do nome definido “Ativos”. (293000) SOMA(Passivos)

Criar uma fórmula usando uma função


Você pode criar uma fórmula para calcular valores na planilha usando uma função. Por exemplo, as fórmulas =SO-
MA(A1:A2) e SOMA(A1,A2) usam ambas a função SOMA para adicionar os valores nas células A1 e A2. As fórmulas sempre
começam com um sinal de igual (=)
Clique na célula na qual deseja inserir a fórmula.
Para iniciar a fórmula com a função, clique em Inserir Função  .
O Excel insere o sinal de igual (=) para você.
Na caixa Ou selecione uma categoria, selecione Tudo.

Se você estiver familiarizado com as categorias de função, também poderá selecionar uma categoria.
Se você não tiver certeza de qual função usar, poderá digitar uma pergunta que descreva o que deseja fazer, na cai-
xa Procure por uma função (por exemplo, “adicionar números” retorna a função SOMA).
Na caixa Selecione uma função, selecione a função que deseja utilizar e clique em OK.
Nas caixas de argumento que forem exibidas para a função selecionada, insira os valores, as cadeias de caracteres de
texto ou referências de célula desejadas.
Em vez de digitar as referências de célula, você também pode selecionar as células que deseja referenciar. Clique em 
 para expandir novamente a caixa de diálogo.
Depois de concluir os argumentos para a fórmula, clique em OK.
DICA :  Se você usar funções frequentemente, poderá inserir suas fórmulas diretamente na planilha. Depois de digitar
o sinal de igual (=) e o nome da função, poderá obter informações sobre a sintaxe da fórmula e os argumentos da função
pressionando F1.

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Exemplos
Copie a tabela para a célula A1 em uma planilha em branco no Excel para trabalhar com esses exemplos de fórmulas
que usam funções.

Dados
5 4
2 6
3 8
7 1
Fórmula Descrição Resultado
‘=SOMA(A:A) Adiciona todos os números na coluna A =SOMA(A:A)
Calcula a média de todos os números no intervalo
‘=MÉDIA(A1:B4) =MÉDIA(A1:B4)
A1:B4

Função Soma
A função soma , uma das funções matemáticas e trigonométricas, adiciona os valores. Você pode adicionar valores
individuais, referências de células ou intervalos ou uma mistura de todos os três.
Sintaxe: SOMA(número1,[número2],...)
Por exemplo:
=SOMA(A2:A10)
= SOMA(A2:A10, C2:C10)

Nome do argumento Descrição


número1    (Obrigatório) O primeiro número que você deseja somar. O número pode ser como “4”, uma
referência de célula, como B6, ou um intervalo de células, como B2:B8.
número2-255    (Opcional) Este é o segundo número que você deseja adicionar. Você pode especificar até 255
números dessa forma.

Soma rápida com a barra de Status


Se você quiser obter rapidamente a soma de um intervalo de células, tudo o que você precisa fazer é selecionar o in-
tervalo e procure no lado inferior direito da janela do Excel.

Barra de Status
Esta é a barra de Status e exibe as informações sobre tudo o que você selecionou, se você tiver uma única célula ou
várias células. Se você com o botão direito na barra de Status de uma caixa de diálogo do recurso será pop-out exibindo
todas as opções que você pode selecionar. Observe que ele também exibe valores para o intervalo selecionado se você
tiver esses atributos marcados. 
Usando o Assistente de AutoSoma
A maneira mais fácil de adicionar uma fórmula de soma à sua planilha é usar o Assistente de AutoSoma. Selecione uma
célula vazia diretamente acima ou abaixo do intervalo que você quer somar e nas guias página inicial ou fórmula na faixa de
opções, pressione AutoSoma > soma. O Assistente de AutoSoma automaticamente detecta o intervalo para ser somados e

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

criar a fórmula para você. Ele também pode trabalhar hori- Exemplo 3 – AutoSoma horizontalmente
zontalmente se você selecionar uma célula para a esquerda
ou à direita do intervalo a serem somados.

AutoSoma horizontalmente
Exemplo 4 – somar células não-contíguas

Use o Assistente de AutoSoma para rapidamente os


intervalos contíguos de soma
A caixa de diálogo de AutoSoma também permite que
você selecione outras funções comuns, como:
Média
Contar números
Máx
Min
Mais funções
Exemplo 2 – AutoSoma verticalmente

Somar células não-contíguas


O Assistente de AutoSoma geralmente só funcionará
para intervalos contíguos, portanto se você tiver linhas ou
colunas vazias no seu intervalo de soma, Excel vai parada o
primeiro espaço. Nesse caso você precisaria soma por sele-
ção, onde você pode adicionar os intervalos individuais, um
por vez. Neste exemplo se você tivesse dados na célula B4,
o Excel seria gerar =SOMA(C2:C6) desde que ele reconheça
um intervalo contíguo.
Você pode selecionar rapidamente vários intervalos
não-contíguas com Ctrl + LeftClick. Primeiro, insira “= soma
(“, selecione seu diferentes intervalos e Excel adicionará au-
AutoSoma verticalmente tomaticamente o separador de vírgula entre intervalos para
O Assistente de AutoSoma detectou automaticamente você. Pressione enter quando terminar.
células B2: B5 como o intervalo a serem somados. Tudo o Dica: você pode usar ALT + = para adicionar rapida-
que você precisa fazer é pressione Enter para confirmá-la. mente a função soma para uma célula. Tudo o que você
Se você precisar adicionar/excluir mais células, você pode precisa fazer é selecionar o intervalo (s).
manter a tecla Shift > tecla de direção da sua escolha até Observação: você pode perceber como o Excel tem
que corresponde à sua seleção desejado e pressione Enter realçado os intervalos de função diferente por cor, e eles
quando terminar. Guia de função Intellisense: a soma (Nú- correspondem dentro da própria fórmula, portanto C2: C3
mero1, [núm2]) flutuantes marca abaixo a função é o guia é azul e C5: C6 é vermelho. Excel fará isso para todas as
de Intellisense. Se você clicar no nome de função ou soma, funções, a menos que o intervalo referenciado esteja em
ele se transformará em um hiperlink azul, que o levará para uma planilha diferente ou em outra pasta de trabalho. Para
o tópico de ajuda para essa função. Se você clicar nos ele- acessibilidade aprimorada com tecnologia assistencial,
mentos de função individual, as peças representantes na você pode usar intervalos nomeados, como “Semana1”,
fórmula serão realçadas. Nesse caso somente B2: B5 seria “Semana2”, etc. e, em seguida, fazer referência a eles, sua
realçadas como há apenas uma referência numérica nesta fórmula:
fórmula. A marca de Intellisense será exibido para qualquer =SOMA(Week1,Week2)
função. Práticas Recomendadas

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Esta seção aborda algumas práticas recomendadas


para trabalhar com as funções soma. Grande parte desse
pode ser aplicada a trabalhar com outras funções também.
♣ a = 1 + 2 ou = A + B Method – enquanto você pode
inserir = 1 + 2 + 3 ou = A1 + B1 + C2 e obter resultados
totalmente precisos, esses métodos estão sujeitos a erros
por vários motivos:
Erros de digitação – Imagine tentando inserir valores
mais e/ou muito maiores assim: Se você excluir uma linha ou coluna, a fórmula não se-
= 14598.93 + 65437.90 + 78496.23 rão atualizados para excluir a linha excluída e retornará um
Em seguida, tente validar se suas entradas estão cor- #REF! erro, onde uma função soma atualizará automatica-
retas. É muito mais fácil colocar esses valores em células mente.
individuais e usar uma fórmula de soma. Além disso, você
pode formatar os valores quando eles estão nas células,
tornando-as muito mais legível e quando ela estiverem em
uma fórmula.

Fórmulas não atualizar referências ao inserir linhas ou


colunas

#VALUE! erros de referência de texto em vez de nú-


meros.
Se você usar um fórmula como: = Style A + B fórmulas não os atualizará ao adicionar
= A1 + B1 + C1 ou = A1 + A2 + A3 linhas ou colunas
Se você inserir uma linha ou coluna, a fórmula não será
atualizada para incluir a linha adicionada, onde uma função
soma atualizará automaticamente (contanto que você não
estiver fora do intervalo referenciado na fórmula). Isso é es-
pecialmente importante se você esperar sua fórmula para
atualizar e não, como ele deixará incompletos resultados
que você não pode capturar.

Evite usar o = 1 + 2 ou = métodos A + B


Sua fórmula pode quebrar se houver quaisquer valores
não numéricos (texto) nas células referenciadas, que retor-
narão um #VALUE! erro. SOMA ignorará valores de texto e
lhe dar a soma dos valores numéricos.

SOMA com referências de célula individuais versus in-


tervalos
Usando uma fórmula como:
=SOMA(A1,A2,A3,B1,B2,B3)
É igualmente erro sujeitos ao inserir ou excluir linhas
dentro do intervalo referenciada pelas mesmas razões. É
muito melhor usar intervalos individuais, como:
SOMA ignora valores de texto =SOMA(A1:A3,B1:B3)
#REF! Erro de excluir linhas ou colunas Qual será atualizada ao adicionar ou excluir linhas.

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando operadores matemáticos com soma = SOMA(Sheet1:Sheet3! A1)


Digamos que você deseja aplicar uma porcentagem de Qual somará a célula A1 em todas as planilhas da pla-
desconto para um intervalo de células que você já soma- nilha 1 para a planilha 3.
dos. Isso é especialmente útil em situações em que você
tem uma única folha para cada mês (janeiro a dezembro) e
você precisa total-las em uma planilha de reSOMAo.

= SOMA(January:December! A2)
Qual somará célula A2 em cada planilha de janeiro a
dezembro.
Observação: se suas planilhas tem espaços em seus
nomes, como “Janeiro vendas”, então você precisa usar um
apóstrofo ao fazer referência os nomes de planilha em uma
fórmula:
= SOMA(‘January Sales:December Sales’! A2)
SOMA com outras funções
Absolutamente, você pode usar soma com outras fun-
ções. Aqui está um exemplo que cria um cálculo da média
= SOMA(A2:A14) *-25% mensal:
Resultará em 25% do intervalo somado, entretanto,
que rígido códigos a 25% da fórmula, e pode ser difícil
encontrar mais tarde se precisar alterá-lo. É muito melhor
colocar os 25% em uma célula e referenciando que em vez
disso, onde ele está check-out em Abrir e facilmente alte-
rados, assim:
= SOMA(A2:A14) * E2
Dividir em vez de multiplicar você simplesmente subs-
titua a “*” com “/”: = SOMA(A2:A14)/E2 =SOMA(A2:L2)/COUNTA(A2:L2)
Adicionando ou retirando de uma soma
i. você pode facilmente adicionar ou subtrair de uma Que usa a soma de A2:L2 dividido pela contagem de
soma usando + ou - assim: células não vazias em A2:L2 (maio a dezembro estão em
= SOMA(A1:A10) + E2 branco).
= SOMA(A1:A10)-E2 Função SE
A função SE é uma das funções mais populares do Ex-
SOMA 3D cel e permite que você faça comparações lógicas entre um
Às vezes você precisa somar uma determinada célula valor e aquilo que você espera. Em sua forma mais simples,
em várias planilhas. Pode ser tentador clique em cada pla- a função SE diz:
nilha e a célula desejada e use apenas «+» para adicionar a SE(Algo for Verdadeiro, faça tal coisa, caso contrário,
célula valores, mas que é entediante e pode ser propensa, faça outra coisa)
muito mais assim que apenas tentando construir uma fór- Portanto, uma instrução SE pode ter dois resultados.
mula que faz referência apenas uma única folha. O primeiro resultado é se a comparação for Verdadeira, o
i = Planilha1! A1 + Plan2! A1 + Planilha3! A1 segundo se a comparação for Falsa.
Você pode fazer isso muito mais fácil com um 3D ou Exemplos de SE simples
soma 3 dimensionais:

=SE(C2=”Sim”;1,2)
No exemplo acima, a célula D2 diz: SE(C2 = Sim, a fór-
mula retorna um 1 ou um 2)

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

em E2 está dizendo SE(Valor real for maior que o Valor or-


çado, subtraia o Valor orçado do Valor real, caso contrário,
não retorne nada).

=SE(C2=1;”Sim”;”Não”)
Neste exemplo, a fórmula na célula D2 diz: SE(C2 = 1, a
fórmula retorna Sim e, caso contrário, retorna Não)
Como você pode ver, a função SE pode ser usada
para avaliar texto e valores. Ela também pode ser usada
para  avaliar erros. Você não está limitado a verificar ape-
nas se um valor é igual a outro e retornar um único resul-
tado; você também pode usar operadores matemáticos e =SE(E7=”Sim”;F5*0,0825;0)
executar cálculos adicionais dependendo de seus critérios. Neste exemplo, a fórmula em F7 está dizendo SE(E7 =
Também é possível aninhar várias funções SE juntas para “Sim”, calcule o Valor Total em F5 * 8,25%, caso contrário,
realizar várias comparações. nenhum Imposto sobre Vendas é cobrado, retorne 0)
OBSERVAÇÃO : Se você for usar texto em fórmulas, será
preciso quebrar o texto entre aspas (por exemplo, “Texto”). Práticas Recomendadas - Constantes
A única exceção é usar VERDADEIRO ou FALSO que o Excel No último exemplo, você vê dois “Sim” e a Taxa de
reconhece automaticamente. Imposto sobre Vendas (0,0825) inseridos diretamente na
Introdução
fórmula. Geralmente, não é recomendável colocar constan-
A melhor maneira de começar a escrever uma instru-
tes literais (valores que talvez precisem ser alterados oca-
ção SE é pensar sobre o que você está tentando realizar.
sionalmente) diretamente nas fórmulas, pois elas podem
Que comparação você está tentando fazer? Muitas vezes,
ser difíceis de localizar e alterar no futuro. É muito melhor
escrever uma instrução SE pode ser tão simples quanto
colocar constantes em suas próprias células, onde elas fi-
pensar na lógica em sua cabeça: “o que aconteceria se
cam fora das constantes abertas e podem ser facilmente
essa condição fosse atendida vs. o que aconteceria se não
encontradas e alteradas. Nesse caso, tudo bem, pois há
fosse?” Você sempre deve se certificar de que suas etapas
sigam uma progressão lógica; caso contrário, sua fórmula apenas uma função SE e a Taxa de Imposto sobre Vendas
não executará aquilo que você acha que ela deveria exe- raramente será alterada. Mesmo se isso acontecer, será fá-
cutar. Isso é especialmente importante quando você cria cil alterá-la na fórmula.
instruções SE complexas (aninhadas). Usar SE para verificar se uma célula está em branco
Mais exemplos de SE Às vezes, é preciso verificar se uma célula está em bran-
co, geralmente porque você pode não querer uma fórmula
exiba um resultado sem entrada.

=SE(C2>B2;”Acima do orçamento”;”Dentro do orça-


mento”)
No exemplo acima, a função SE em D2 está dizen-
do SE(C2 é maior que B2, retorne “Acima do orçamento”,
caso contrário, retorne “Dentro do orçamento”)
Nesse caso, usamos SE com a função ÉCÉL.VAZIA:
=SE(ÉCÉL.VAZIA(D2),”Em branco”,”Não está em bran-
co”)
Que diz  SE(D2 está em branco, retorne “Em branco”,
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Você tam-
bém poderia facilmente usar sua própria fórmula para a
= SE(C2>B2,C2-B2,0) condição “Não está em branco”. No próximo exemplo
Na ilustração acima, em vez de retornar um resultado usamos “” em vez de ÉCÉL.VAZIA. “” basicamente significa
de texto, vamos retornar um cálculo matemático. A fórmula “nada”.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Nome do argumento Descrição


O grupo de células
que você deseja
contar. Intervalo pode
conter números, matrizes,
intervalo    (obrigatório)
um intervalo nomeado ou
referências que contenham
números. Valores em branco
e texto são ignorados.
Um número, expressão,
referência de célula ou
=SE(D3=””,”Em branco”,”Não está em branco”) cadeia de texto que
Essa fórmula diz  SE(D3 é nada, retorne “Em branco”, determina quais células
caso contrário, retorne “Não está em branco”). Veja um serão contadas.
exemplo de um método muito comum de usar “” para im- Por exemplo, você pode usar
pedir que uma fórmula calcule se uma célula dependente um número como 32, uma
critérios    (obrigatório)
está em branco: comparação, como “> 32”,
uma célula como B4 ou uma
=SE(D3=””;””;SuaFórmula()) palavra como “maçãs”.
CONT.SE usa apenas um
SE(D3 é nada, retorne nada, caso contrário, calcule sua
único critério. Use CONT.
fórmula).
SES se você quiser usar
vários critérios.
Exemplo de SE aninhada

Função SOMASE
Você pode usar a função SOMASE para somar os valo-
res em uma intervalo que atendem aos critérios que você
especificar. Por exemplo, suponha que, em uma coluna que
contém números, você quer somar apenas os valores que
são maiores do que 5. Você pode usar a seguinte fórmu-
la: = SOMASE (B2:B25,”> 5”).

Sintaxe
SOMASE(intervalo, critérios, [intervalo_soma])
A sintaxe da função SOMASE tem os seguintes argu-
Em casos onde uma simples função SE tem apenas dois mentos:
resultados (Verdadeiro ou Falso), as funções se aninhadas intervalo    Necessário. O intervalo de células a ser ava-
SE podem ter de 3 a 64 resultados. liada por critérios. Células em cada intervalo devem ser nú-
=SE(D2=1;”SIM”;SE(D2=2;”Não”;”Talvez”)) meros ou nomes, matrizes ou referências que contenham
números. Valores em branco e texto são ignorados. O inter-
Na ilustração acima, a fórmula em E2 diz: SE(D2 é igual valo selecionado pode conter datas no formato padrão do
a 1, retorne “Sim”, caso contrário, SE(D2 é igual a 2, retorne Excel (exemplos abaixo).
“Não”, caso contrário, retorne “Talvez”). critérios   Obrigatório. Os critérios na forma de um
número, expressão, referência de célula, texto ou função
que define quais células serão adicionadas. Por exemplo,
CONT.SE
os critérios podem ser expressos como 32, “>32”, B5, “32”,
Use CONT.SE, uma das funções estatísticas, para con-
“maçãs” ou HOJE().
tar o número de células que atendem a um critério; por
IMPORTANTE : Qualquer critério de texto ou qualquer
exemplo, para contar o número de vezes que uma cidade
critério que inclua símbolos lógicos ou matemáticos deve
específica aparece em uma lista de clientes. estar entre aspas duplas (“). Se os critérios forem numéri-
cos, as aspas duplas não serão necessárias.
Sintaxe intervalo_soma   Opcional. As células reais a serem adi-
CONT.SE(intervalo, critério) cionadas, se você quiser adicionar células diferentes das
Por exemplo: especificadas no argumento intervalo. Se o argumento in-
=CONT.SE(A2:A5;”maçãs”) tervalo_soma for omitido, o Excel adicionará as células es-
=CONT.SE(A2:A5,A4) pecificadas no argumento intervalo (as mesmas células às
quais os critérios são aplicados).

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você pode usar os caracteres curinga – o ponto de interrogação (?) e o asterisco (*) – como o argumento critérios. O
ponto de interrogação corresponde a qualquer caractere único; o asterisco corresponde a qualquer sequência de caracte-
res. Para localizar um ponto de interrogação ou asterisco real, digite um til (~) antes do caractere.
Comentários
A função SOMASE retorna valores incorretos quando você a utiliza para corresponder cadeias de caracteres com mais
de 255 caracteres ou para a cadeia de caracteres #VALOR!.
O argumento intervalo_soma não precisa ter o mesmo tamanho e forma que o argumento intervalo. As células reais
adicionadas são determinadas pelo uso da célula na extremidade superior esquerda do argumentointervalo_soma como a
célula inicial e, em seguida, pela inclusão das células correspondentes em termos de tamanho e forma no argumento in-
tervalo. Por exemplo:

Se o intervalo for e intervalo_soma for Então, as células reais serão


A1:A5 B1:B5 B1:B5
A1:A5 B1:B3 B1:B5
A1:B4 C1:D4 C1:D4
A1:B4 C1:C2 C1:D4

Porém, quando os argumentos intervalo e intervalo_soma na função SOMASE não contêm o mesmo número de células,
o recálculo da planilha pode levar mais tempo do que o esperado.

MÁXIMO (Função MÁXIMO)


Descrição
Retorna o valor máximo de um conjunto de valores.
Sintaxe
MÁXIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÁXIMO tem os seguintes argumentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números subsequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor máximo
você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto de números digitados diretamente na lista de argumentos são
contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, apenas os números nesta matriz ou referência serão usados. Células
vazias, valores lógicos ou texto na matriz ou referência serão ignorados.
Se os argumentos não contiverem números, MÁXIMO retornará 0.
Os argumentos que são valores de erro ou texto que não podem ser traduzidos em números causam erros.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações de texto dos números em uma referência como parte do cálculo,
utilize a função MÁXIMOA.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e cole-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as fórmulas
mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2 e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as larguras das colunas
para ver todos os dados.

Dados
10
7
9
27
2
Fórmula Descrição Resultado
=MÁXIMO(A2:A6) Maior valor no intervalo A2:A6. 27
=MÁXIMO(A2:A6; 30) Maior valor no intervalo A2:A6 e o valor 30. 30

MÍNIMO (Função MÍNIMO)


Descrição
Retorna o menor número na lista de argumentos.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Sintaxe
MÍNIMO(número1, [número2], ...)
A sintaxe da função MÍNIMO tem os seguintes argu-
mentos:
Núm1, núm2,...    Núm1 é obrigatório, números sub-
sequentes são opcionais. De 1 a 255 números cujo valor
MÍNIMO você deseja saber.
Comentários
Os argumentos podem ser números, nomes, matrizes
ou referências que contenham números.
Os valores lógicos e representações em forma de texto
de números digitados diretamente na lista de argumentos
são contados.
Se um argumento for uma matriz ou referência, ape-
nas os números daquela matriz ou referência poderão ser Selecione duas ou mais células adjacentes que você
usados. Células vazias, valores lógicos ou valores de erro na deseja mesclar.
matriz ou referência serão ignorados. IMPORTANTE : Verifique se os dados que você deseja
Se os argumentos não contiverem números, MÍNIMO agrupar na célula mesclada estão contidos na célula supe-
retornará 0. rior esquerda. Os dados nas outras células mescladas serão
Os argumentos que são valores de erro ou texto que excluídos. Para preservar os dados das outras células, copie
não podem ser traduzidos em números causam erros. -os em outra parte da planilha antes de fazer a mesclagem.
Se você deseja incluir valores lógicos e representações Clique em Início > Mesclar e Centralizar.
de texto dos números em uma referência como parte do
cálculo, utilize a função MÍNIMOA.
Exemplo
Copie os dados de exemplo da tabela a seguir e co-
le-os na célula A1 de uma nova planilha do Excel. Para as
fórmulas mostrarem resultados, selecione-as, pressione F2
e pressione Enter. Se precisar, você poderá ajustar as largu-
ras das colunas para ver todos os dados.

Dados Se o botão Mesclar e Centralizar estiver esmaecido, ve-


10 rifique se você não está editando uma célula e se as células
7 que você quer mesclar não estão dentro de uma tabela.
9 DICA :  Para mesclar células sem centralizar, clique na
27 seta ao lado de Mesclar e Centralizar e clique em Mesclar
Através ou Mesclar Células.
2
Se você mudar de ideia, é possível dividir as células que
Fórmula Descrição Resultado foram mescladas.
O menor dos números
=MÍNIMO(A2:A6) 2
no intervalo A2:A6. Criar um gráfico no Excel para Windows
O menor dos números Use o comando Gráficos Recomendados na guia Inse-
=MIN(A2:A6;0) 0
no intervalo A2:A6 e 0. rir para criar rapidamente um gráfico ideal para seus dados.
Selecione os dados que você deseja incluir no seu grá-
Média fico.
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. Clique em Inserir > Gráficos Recomendados.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna
de idade na linha de valores máximos E17 e monte a se-
guinte função =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos
buscando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor
máximo encontrado.

Mesclar células
A mesclagem combina duas ou mais células para criar
uma nova célula maior. Essa é uma excelente maneira de
criar um rótulo que se estende por várias colunas. Por Na guia Gráficos Recomendados, percorra a lista de ti-
exemplo, aqui, as células A1, B1 e C1 foram mescladas para pos de gráficos recomendados pelo Excel para seus dados.
criar o rótulo “Vendas Mensais” e descrever as informações Clique em qualquer tipo de gráfico para ver como os
nas linhas de 2 a 7. seus dados aparecem naquele formato.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criar uma Tabela Dinâmica no Excel para analisar


dados da planilha

A capacidade de analisar todos os dados da planilha


pode ajudar você a tomar decisões de negócios melhores.
Porém, às vezes é difícil saber por onde começar, espe-
cialmente quando há muitos dados. O Excel pode ajudar,
recomendando e, em seguida, criando automaticamente
Tabelas Dinâmicas que são um excelente recurso para re-
SOMAir, analisar, explorar e apresentar dados. Por exem-
plo, veja uma lista simples de despesas:

DICA : Se não vir um tipo de gráfico que agrade você,


clique na guia Todos os Gráficos para ver todos os tipos de
gráfico disponíveis.
Quando você encontrar o tipo de gráfico desejado, cli-
que nele e clique emOK.
Use os botões Elementos do Gráfico, Estilos de Gráfi-
co e Filtros de Gráficopróximos ao canto superior direito do
gráfico para adicionar elementos de gráfico como  títulos
de eixo ou rótulos de dados, para personalizar a aparência
do seu gráfico ou alterar os dados exibidos no gráfico.
Aqui estão os mesmos dados reSOMAidos em uma Ta-
bela Dinâmica:

Criar uma Tabela Dinâmica Recomendada


Se você tiver experiência limitada com Tabelas Dinâ-
micas ou não souber como começar, uma Tabela Dinâmica
Recomendada é uma boa opção. Quando você usa este
recurso, o Excel determina um layout significativo, combi-
DICAS :  nando os dados com as áreas mais adequadas da Tabela
Use as opções nas guias Design e Formatar para perso- Dinâmica. Isso oferece um ponto inicial para experimentos
nalizar a aparência do gráfico. adicionais. Depois que uma Tabela Dinâmica básica é cria-
da, você pode explorar orientações diferentes e reorgani-
zar os campos para obter os resultados desejados.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Ta-
bela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os
Se você não vir essas guias, adicione as Ferramentas dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
de gráfico  à faixa de opções clicando em qualquer lugar Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica Recomen-
no gráfico. dada.

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Excel cria uma Tabela Dinâmica em uma nova planilha e exibe a Lista de Campos da Tabela Dinâmica.

Siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por
Adicionar um padrão, campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias
campo de data e hora são adicionadas à área Coluna e os campos numéricos são
adicionados à área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para
Mover um campo
outra, por exemplo, de Colunas para Linhas.
Atualizar a Tabela
Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.
Dinâmica

Criar uma Tabela Dinâmica manualmente


Se você sabe como organizar seus dados, pode criar uma Tabela Dinâmica manualmente.
Abra a pasta de trabalho onde você deseja criar a Tabela Dinâmica.
Clique em uma célula na lista ou tabela que contém os dados que serão usados na Tabela Dinâmica.
Na guia Inserir, clique em Tabela Dinâmica.

Na planilha, os seus dados devem estar envolvidos por uma linha tracejada. Se não estiverem, clique e arraste para
selecionar os dados. Quando você fizer isso, a caixa Tabela/Intervalo será preenchida automaticamente com o intervalo de
células selecionado.
Em Escolher onde deseja que o relatório de tabela dinâmica seja colocado, escolha Nova planilha para colocar a Tabela
Dinâmica em uma nova guia de planilha. Se preferir, clique em Planilha existente e clique na planilha para especificar o local.
DICA : Para analisar várias tabelas em uma Tabela Dinâmica, marque a caixaAdicionar estes dados ao Modelo de Dados.
Clique em OK.
Na Lista de Campos da Tabela Dinâmica, siga um destes procedimentos:

Para Faça isto


Na área NOME DO CAMPO, marque a caixa de seleção para o campo. Por padrão,
campos não numéricos são adicionados à áreaLinha, as hierarquias de data e
Adicionar um campo
hora são adicionadas à área Colunae os campos numéricos são adicionados à
área Valores.
Remover um campo Na área NOME DO CAMPO, desmarque a caixa de seleção para o campo.
Arraste o campo de uma área da Lista de Campos da Tabela Dinâmica para outra,
Mover um campo
por exemplo, de Colunas para Linhas.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para Faça isto


Clique na seta ao lado do campo em Valores > Definições do Campo de Valor e,
na caixa Definições do Campo de Valor, altere o cálculo.

Alterar o cálculo usado em


um campo de valor

Atualizar a Tabela Dinâmica Na guia Analisar Tabela Dinâmica, clique em Atualizar.

Proteger com senha uma pasta de trabalho

O Excel oferece várias maneiras de proteger uma pasta de trabalho. Você pode solicitar uma senha para abri-la, uma
senha para alterar dados e uma senha para alterar a estrutura do arquivo (adicionar, excluir ou ocultar planilhas). Você pode
também definir uma senha no modo de exibição Backstage para criptografar a pasta de trabalho.
Lembre-se, no entanto, de que esse tipo de proteção nem sempre criptografa os seus dados. Isso só é possível com a
senha criptografada criada no modo de exibição Backstage. Os usuários podem ainda usar ferramentas de terceiros para
ler dados não criptografados.
Vamos começar solicitando senhas para abrir um arquivo e alterar dados.
Clique em Arquivo > Salvar como.
Clique em um local, como Computador ou a página da Web Meu Site.
Clique em uma pasta, como Documentos ou uma das pastas no seu OneDrive, ou clique em Procurar.
Na caixa de diálogo Salvar como, vá até a pasta que você quer usar, abra a lista Ferramentas e clique em Opções Gerais.
Insira a sua senha e clique em OK. Insira a mesma senha para confirmar e clique novamente em OK.
OBSERVAÇÃO:  Para remover uma senha, siga as etapas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a senha em
branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo de senha usado no Excel.

Você pode digitar uma das duas senhas aqui, uma para abrir o arquivo, outra para mudar o arquivo.

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Consulte as anotações abaixo para mais informações. Proteger uma planilha com ou sem uma senha no
Para proteger a estrutura da sua pasta de trabalho, faça Excel
isto:
Clique em Revisar > Proteger Pasta de Trabalho. Para ajudar a proteger seus dados de alterações não
Clique em Estrutura. intencionais ou intencionais, proteja sua planilha, com ou
Consulte as anotações abaixo para saber mais sobre sem senha. Ela impede que outras pessoas removam a pro-
essa opção e a opçãoWindows. teção da planilha: a senha deve ser inserida para desprote-
Digite uma senha na caixa Senha. ger a planilha.
Clique em OK e redigite a senha para confirmá-la. Por padrão, quando você protege uma planilha, o excel
OBSERVAÇÕES :  bloqueia todas as células nessa planilha. Antes de proteger
Se você digitar a mesma senha para abrir e alterar a
a planilha, desbloqueie quaisquer células que desejar alte-
pasta de trabalho, os usuários somente precisarão digitar
rar antes de seguir essas etapas.
a senha uma vez.
Clique na guia Revisão e clique em Proteger Planilha.
Se você solicitar somente uma senha para alterar a
pasta de trabalho, os usuários podem abrir uma cópia so- Verifique se a caixa de seleção Proteger a planilha e o
mente leitura do arquivo, salvá-la com outro nome e alterar conteúdo de células bloqueadas está marcada.
seus dados. Para usar uma senha, digite-a na caixa Senha para des-
Selecionar a opção Estrutura previne outros usuários proteger a planilha. 
de visualizar planilhas ocultas, adicionar, mover, excluir ou Outros usuários podem remover a proteção se você
ocultar planilhas e renomear planilhas. não usar uma senha.
Você pode ignorar a opção Windows. Ela está desabili-
tada nessa versão do Excel. IMPORTANTE :  Anote sua senha e armazene-a em lo-
Sempre é possível saber quando a estrutura da pasta cal seguro. Nós sinceramente não podemos ajudar você a
de trabalho está protegida. O botão Proteger Pasta de Tra- recuperar senhas perdidas.
balho acende. Se você digitou uma senha na etapa 3, redigite-a para
confirmá-la.

Criptografar a pasta de trabalho com uma senha


No modo de exibição Backstage, você pode definir uma
senha para a pasta de trabalho que fornece criptografia.
Clique em Arquivo > Informações > Proteger Pasta de
Trabalho >Criptografar com Senha.
Na caixa Criptografar Documento, digite uma senha e
clique em OK.
Na caixa Confirmar Senha, digite a senha novamente e
clique em OK.
OBSERVAÇÃO :  Para remover uma senha, siga as eta-
pas acima e exclua a senha. Basicamente, basta deixar a
senha em branco. Você pode fazer isso para qualquer tipo Marque ou desmarque as caixas de seleção em Permi-
de senha usado no Excel. tir que todos os usuários desta planilha possam e clique
Por que minha senha desaparece quando salvo no for- em OK.
mato do Excel 97-2003?
Você deseja enviar a sua pasta de trabalho protegida
OBSERVAÇÕES : 
por senha para outras pessoas, mas eles ainda estão usan-
Para remover a proteção da planilha, clique em Revi-
do o Excel 2003, que salva no formato de arquivo Excel 97-
são, clique emDesproteger Planilha e digite a senha, se ne-
2003 (*.xls). Você escolhe “Salvar como” usando o formato
97-2003, mas então você descobre que a senha definida na cessário.
pasta de trabalho desapareceu. Se uma macro não pode executar na planilha protegi-
Isso acontece porque a sua versão do Excel usa um da, você verá uma mensagem e a macro será interrompida
novo esquema para salvar senhas, e o formato de arquivo Adicionar ou alterar a cor do plano de fundo das
anterior não o reconhece. Como resultado, a senha é des- células
cartada ao salvar seu arquivo para o formato do Excel 97- É possível realçar dados em células utilizando Cor de
2003. Defina a senha no arquivo *.xls para proteger a pasta preenchimento para adicionar ou alterar a cor do plano de
de trabalho novamente. fundo ou padrão das células. Veja como:

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Selecione as células que deseja realçar. Na guia Preenchimento, em Cor de Fundo, selecione a


DICAS : Para utilizar uma cor de fundo diferente para a cor desejada.
planilha inteira, clique no botão Selecionar Tudo. Isso irá ocul-
tar as linhas de grade, mas é possível melhorar a legibilidade
da planilha exibindo bordas ao redor de todas as células.

Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de


Preenchimento  .

Em Cores do Tema ou Cores Padrão, selecione a cor


desejada. Para utilizar um padrão com duas cores, selecione uma
cor na caixa Cor do Padrão e, em seguida, selecione um
padrão na caixa Estilo do Padrão.
Para utilizar um padrão com efeitos especiais, clique
em Efeitos de Preenchimento, e, em seguida, selecione as
opções desejadas.
DICA : Na caixa Amostra, é possível visualizar o plano
de fundo, o padrão e os efeitos de preenchimento selecio-
nados.
Remover cores de célula, padrões, ou efeitos de preen-
chimento
Para remover quaisquer cores de fundo, padrões ou
efeitos de preenchimento das células, basta selecioná-las.
Clique em Página Inicial > seta ao lado de Cor de Preenchi-
mento, e então selecione Sem Preenchimento.

Para utilizar uma cor personalizada, clique em Mais Co-


res, e em seguida, na caixa de diálogo Cores, selecione a
cor desejada.
DICA : Para aplicar a cor selecionada mais recentemen- Imprimir cores de célula, padrões ou efeitos de preen-
te, clique em Cor de Preenchimento  . Você também chimento em cores
encontrará até 10 cores personalizadas selecionadas mais Se as opções de impressão estiverem definidas
recentemente em Cores recentes. como Preto e branco ouQualidade de rascunho — seja
Aplicar um padrão ou efeitos de preenchimento. propositalmente ou porque a pasta de trabalho contém
Quando você deseja algo mais do que apenas um planilhas e gráficos grandes ou complexos que resultaram
preenchimento de cor sólida, experimente aplicar um pa- na ativação automática do modo de rascunho — não será
drão ou efeitos de preenchimento. possível imprimir as células em cores. Veja aqui como re-
Selecione a célula ou intervalo de células que deseja solver isso:
formatar. Clique em Layout da Página > iniciador da caixa de diá-
Clique em Página Inicial > iniciador da caixa de diálo- logo Configurar Página.
go Formatar Células ou pressione Ctrl + Shift + F.

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia Folha, em Imprimir, desmarque as caixas de CTRL+P — Exibe a caixa de diálogo Imprimir.


seleção Preto e branco e Qualidade de rascunho. CTRL+SHIFT+P — Abre a caixa de diálogo Formatar
OBSERVAÇÃO : Se você não visualizar cores em sua Células com a guia Fonte selecionada.
planilha, talvez esteja trabalho no modo de alto contraste. CTRL+R — Usa o comando Preencher à Direita para
Se não visualizar cores ao visualizar antes de imprimir, tal- copiar o conteúdo e o formato da célula mais à esquerda
vez nenhuma impressora colorida esteja selecionada. de um intervalo selecionado nas células à direita.
CTRL+B — Salva o arquivo ativo com seu nome de ar-
Principais atalhos quivo, local e formato atual.
CTRL+Menos (-) — Exibe a caixa de diálogo Excluir CTRL+T — Exibe a caixa de diálogo Criar Tabela.
para excluir as células selecionadas. CTRL+S — Aplica ou remove sublinhado.
CTRL+; — Insere a data atual. CTRL+SHIFT+S — Alterna entre a expansão e a redu-
CTRL+` — Alterna entre a exibição dos valores da célu- ção da barra de fórmulas.
la e a exibição de fórmulas na planilha. CTRL+V — Insere o conteúdo da Área de Transferência
CTRL+’ — Copia uma fórmula da célula que está acima no ponto de inserção e substitui qualquer seleção. Dispo-
da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas. nível somente depois de ter recortado ou copiado um ob-
CTRL+1 — Exibe a caixa de diálogo Formatar Células. jeto, texto ou conteúdo de célula.
CTRL+2 — Aplica ou remove formatação em negrito. CTRL+ALT+V — Exibe a caixa de diálogo Colar Especial,
CTRL+3 — Aplica ou remove formatação em itálico. disponível somente depois que você recortar ou copiar um
CTRL+4 — Aplica ou remove sublinhado. objeto, textos ou conteúdo de célula em uma planilha ou
CTRL+5 — Aplica ou remove tachado. em outro programa.
CTRL+6 — Alterna entre ocultar objetos, exibir objetos CTRL+W — Fecha a janela da pasta de trabalho sele-
e exibir espaços reservados para objetos. cionada.
CTRL+8 — Exibe ou oculta os símbolos de estrutura CTRL+X — Recorta as células selecionadas.
de tópicos. CTRL+Y — Repete o último comando ou ação, se pos-
CTRL+9 — Oculta as linhas selecionadas. sível.
CTRL+0 — Oculta as colunas selecionadas. CTRL+Z — Usa o comando Desfazer para reverter o
CTRL+A — Seleciona a planilha inteira. Se a planilha último comando ou excluir a última entrada digitada.
contiver dados, este comando seleciona a região atual. CTRL+SHIFT+Z — Usa o comando Desfazer ou Refazer
Pressionar CTRL+A novamente seleciona a região atual e para reverter ou restaurar a correção automática quando
suas linhas de reSOMAo. Pressionar CTRL+A novamente Marcas Inteligentes de AutoCorreção são exibidas.
seleciona a planilha inteira. CTRL+SHIFT+( — Exibe novamente as linhas ocultas
CTRL+SHIFT+A — Insere os nomes e os parênteses do dentro da seleção.
argumento quando o ponto de inserção está à direita de CTRL+SHIFT+) — Exibe novamente as colunas ocultas
um nome de função em uma fórmula. dentro da seleção.
CTRL+N — Aplica ou remove formatação em negrito. CTRL+SHIFT+& — Aplica o contorno às células sele-
CTRL+C — Copia as células selecionadas. cionadas.
CTRL+C (seguido por outro CTRL+C) — exibe a Área CTRL+SHIFT+_ — Remove o contorno das células se-
de Transferência. lecionadas.
CTRL+D — Usa o comando Preencher Abaixo para co- CTRL+SHIFT+~ — Aplica o formato de número Geral.
piar o conteúdo e o formato da célula mais acima de um CTRL+SHIFT+$ — Aplica o formato Moeda com duas
intervalo selecionado nas células abaixo. casas decimais (números negativos entre parênteses)
CTRL+F — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi- CTRL+SHIFT+% — Aplica o formato Porcentagem sem
tuir com a guia Localizar selecionada. casas decimais.
SHIFT+F5 — Também exibe essa guia, enquanto SHIF- CTRL+SHIFT+^ — Aplica o formato de número Expo-
T+F4 repete a última ação de Localizar. nencial com duas casas decimais.
CTRL+SHIFT+F — Abre a caixa de diálogo Formatar CTRL+SHIFT+# — Aplica o formato Data com dia, mês
Células com a guia Fonte selecionada. e ano.
CTRL+G — Exibe a caixa de diálogo Ir para. (F5 tam- CTRL+SHIFT+@ — Aplica o formato Hora com a hora
bém exibe essa caixa de diálogo.) e os minutos, AM ou PM.
CTRL+H — Exibe a caixa de diálogo Localizar e Substi- CTRL+SHIFT+! — Aplica o formato Número com duas
tuir com a guia Substituir selecionada. casas decimais, separador de milhar e sinal de menos (-)
CTRL+I — Aplica ou remove formatação em itálico. para valores negativos.
CTRL+K — Exibe a caixa de diálogo Inserir Hiperlink CTRL+SHIFT+* — Seleciona a região atual em torno
para novos hiperlinks ou a caixa de diálogo Editar Hiperlink da célula ativa (a área de dados circunscrita por linhas e
para os hiperlinks existentes que estão selecionados. colunas vazias).
CTRL+N — Cria uma nova pasta de trabalho em branco CTRL+SHIFT+: — Insere a hora atual.
CTRL+O — Exibe a caixa de diálogo Abrir para abrir ou CTRL+SHIFT+” –Copia o valor da célula que está acima
localizar um arquivo. da célula ativa para a célula ou a barra de fórmulas.
CTRL+SHIFT+O — Seleciona todas as células que con- CTRL+SHIFT+Mais (+) — Exibe a caixa de diálogo Inse-
têm comentários. rir para inserir células em branco.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Fórmulas básicas
As primeiras fórmulas aprendidas na escola são as de adição, subtração, multiplicação e divisão. No Excel não é dife-
rente.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo

=SOMA(A1;A2).
Para aplicar a fórmula de soma você precisa, Dica: Sempre separe a indicação
apenas, selecionar as células que estarão das células com ponto e vírgula
=SOMA(célulaX;célula
Adição envolvidas na adição, incluindo a sequência (;). Dessa forma, mesmo as
Y)
no campo superior do programa junto com o que estiverem em localizações
símbolo de igual (=) distantes serão consideradas na
adição
Segue a mesma lógica da adição, mas dessa
vez você usa o sinal correspondente a conta
Subtração =(célulaX-célulaY) =(A1-A2)
que será feita (-) no lugar do ponto e vírgula
(;), e retira a palavra “soma” da função
Use o asterisco (*) para indicar o símbolo de
Multiplicação = (célulaX*célulaY) = (A1*A2)
multiplicação
A divisão se dá com a barra de divisão (/) entre
Divisão =(célulaX/célulaY) =(A1/A2)
as células e sem palavra antes da função

Fórmulas bastante requisitadas


Outros algoritmos que são bastante importantes nas planilhas são aqueles que mostram valores de média, máxima e
mínimo. Mas para usar essas funções, você precisa estabelecer um grupo de células.

Cálculo Fórmula Explicação Exemplo

Você deve usar a palavra “media”


antes das células indicadas, que
Média =MEDIA(célula X:célulaY) são sempre separadas por dois =MEDIA(A1:A10)
pontos (:) e representam o grupo
total que você precisa calcular
Segue a mesma lógica, mas usa a
Máxima =MAX(célula X:célulaY) =MAX(A1:A10)
palavra “max”
Mínima =MIN(célula X:célulaY) Dessa vez, use a expressão “min” =MIN(A1:A10)

Função Se
Essa função trata das condições de valores solicitados. Para que entenda, se você trabalhar em uma loja que precisa
saber se os produtos ainda estão no estoque ou precisam de mais unidades, essa é uma excelente ferramenta. Veja por que:

Cálculo Fórmula Exemplo

=se(B1<=0 ; “a ser enviado” ; “no estoque”)


Essa linguagem diz ao Excel que se o conteúdo da célula B1 é
Função =se(célulaX<=0 ; “O que precisa saber
menor ou igual a zero ele deve exibir a mensagem “a ser enviado”
Se 1” ; “o que precisa saber 2”)
na célula que contem a fórmula. Caso o conteúdo seja maior que
zero, a mensagem que aparecerá é “no estoque”

*Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/informatica/artigos/71948/23-formulas-e-atalhos-que-vao-facilitar-sua-
vida-no-excel#ixzz48neY9XBW

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

EXCEL ONLINE (365)


Note a interface do Excel online sendo executado diretamente do navegador de internet, bastante semelhante à do
Excel 2016.

Diferenças entre o uso de uma pasta de trabalho no navegador e no Excel

Excel em sua área de trabalho e online com o Office 365 permitem compartilhar vários recursos em comum, como a
capacidade de imprimir e interagir com itens. No entanto há algumas diferenças como formas que não podem ser editadas
em uma janela do navegador.

Formatos de arquivo de pasta de trabalho suportados na janela do navegador

As pastas de trabalho em qualquer um dos seguintes formatos podem ser visualizadas na janela do navegador:
- pasta de trabalho de Excel (. xls,. xlsx)
- Arquivo de pasta de trabalho binária do Excel (.xlsb)
- Arquivo de planilha OpenDocument (.ods)
- Pasta de trabalho do Excel habilitada para macro (.xlsm): Uma pasta de trabalho neste formato poderá ser aberta, mas
as macros não serão executadas na janela do navegador.
Pastas de trabalho em outros formatos, como .csv, geralmente não têm suporte para visualização na janela do navegador.

Recursos da pasta de trabalho com suporte para visualização na janela do navegador


Ao visualizar ou imprimir uma pasta de trabalho em uma janela do navegador, alguns recursos poderão funcionar de
forma diferente, como resumido a seguir.

Cálculos
Cálculos e configurações de cálculos, incluindo configurações de cálculo automáticas, manuais e interativas para interva-
los ou planilhas que funcionem em uma janela de navegador similar à como funcionam no Excel.

Células
As células, incluindo os valores das células, as células mescladas e a visão geral do conteúdo da célula, são exibidas em
uma janela de navegador similar à como são exibidas no Excel.

Gráficos e tabelas, incluindo relatórios da Tabela Dinâmica e de Gráfico Dinâmico


Em geral, gráficos, tabelas, relatórios de Tabela Dinâmica e relatórios de Gráfico Dinâmico são exibidos em uma janela do
navegador, de modo semelhante a como são exibidos no Excel. São exceções

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Gráficos que fazem parte de um grupo de gráficos Funções


Gráficos que dependem de referências externas A maioria das funções do Excel funciona na janela do
Gráficos que usam certos tipos de fontes de dados que navegador de modo semelhante a como são exibidas no
não são compatíveis com pastas de trabalho visualizadas Excel. As exceções estão listadas na seção Funções da pasta
em uma janela do navegador de trabalho deste artigo.
Se você estiver usando os Serviços do Excel ou o Ex-
cel Web App localmente (não na nuvem), a capacidade de Bordas de linha
exibir determinado conteúdo em uma janela do navegador A maioria das bordas de linha, mas não todas, é exibida
depende de os Serviço do Excel ou o Excel Web App serem na janela do navegador da mesma forma que é exibida no
usados para exibir uma pasta de trabalho. Para obter mais Excel. As cores das linhas, estilos contínuo e de linha dupla,
informações, consulte Comparar os Serviços do Excel no linhas sólidas e tracejadas e linhas finas, médias e grossas
SharePoint com oExcel Online. são compatíveis.

Itens nomeados
Conexões de dados
Itens, tais como intervalos, tabelas, gráficos, relatórios
Dependendo da configuração do ambiente, alguns ti-
de Gráfico Dinâmico, relatórios de Tabela Dinâmica, seg-
pos de conexões de dados são suportados pelas pastas de
mentações de dados e controles de linha do tempo, geral-
trabalho exibidas em uma janela de navegador, o que per- mente são exibidos em uma janela do navegador, de modo
mite atualizar os dados. Para mais informações, consulte semelhante a como são exibidos no Excel.
Atualizar dados de uma pasta de trabalho em uma janela
de navegador. Se você estiver usando os Serviços do Excel ou o Ex-
cel Web App localmente (não na nuvem), a capacidade de
Datas exibir determinado conteúdo em uma janela do navegador
As datas são exibidas na janela do navegador similar a depende de os Serviço do Excel ou o Excel Web App serem
como são exibidas no Excel. usados para exibir uma pasta de trabalho. Para obter mais
informações, consulte Comparar os Serviços do Excel no
Referências externas SharePoint com oExcel Online.
O último valor conhecido da referência externa é exibi-
do na janela do navegador. As referências externas devem Minigráficos
ser atualizadas usando o Excel. Os minigráficos são exibidos na janela do navegador
Lista de campos de um relatório de Gráfico Dinâmico similar a como são exibidos no Excel.
ou de Tabela Dinâmica
No geral, a Lista de campos de um relatório de Gráfico Tabelas
Dinâmico ou Tabela Dinâmica funciona em uma janela de As tabelas do Excel, incluindo dados, cabeçalhos de co-
navegador de forma similar a como funciona no Excel. Isso luna e linhas de total, são exibidas na janela do navegador
significa que é possível usar a Lista de campos para explo- similar a como são exibidas no Excel.
rar informações e alterar os dados exibidos no relatório de
Gráfico Dinâmico ou de Tabela Dinâmica. Recursos da pasta de trabalho que podem diferir entre o
navegador e o programa de área de trabalho
Filtros, segmentações de dados e controles de linha do Alguns recursos funcionam de forma diferente na jane-
tempo la do navegador e no Excel. Além disso, alguns recursos da
pasta de trabalho podem impedir a visualização da pasta
Filtros e segmentações de dados geralmente funcio-
de trabalho em uma janela de navegador.
nam em uma janela do navegador, de modo semelhante a
Se você não pode exibir uma pasta de trabalho na ja-
como funcionam no Excel. Filtros e segmentações de dados
nela do navegador porque contém recursos sem suporte,
geralmente funcionam em uma janela do navegador, de
tente abrir a pasta de trabalho no Excel na área de trabalho.
modo semelhante a como funcionam no Excel.
Se você estiver usando os Serviços do Excel ou o Ex- Controles
cel Web App localmente (não na nuvem), a capacidade de Controles, como os controles do ActiveX e controles da
exibir determinado conteúdo em uma janela do navegador barra de ferramentas do formulário, podem impedir que
depende de os Serviço do Excel ou o Excel Web App serem uma pasta de trabalho seja visualizada na janela do nave-
usados para exibir uma pasta de trabalho. Para obter mais gador.
informações, consulte Comparar os Serviços do Excel no
SharePoint com oExcel Online. Conexões de dados
Dependendo da configuração do ambiente, alguns ti-
Formatação pos de conexões de dados podem impedir que uma pasta
A formatação da célula, do intervalo de células e for- de trabalho seja visualizada na janela do navegador. Para
matos de números são exibidos na janela do navegador mais informações, consulte Atualizando dados de uma
similar a como são exibidos no Excel. pasta de trabalho em uma janela de navegador.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Validação de dados Desfazer e Refazer


As pastas de trabalho que usam a validação de dados Se uma pasta de trabalho for editada por mais de uma
podem ser editadas em uma janela do navegador, mas a pessoa ao mesmo tempo, os comandos Desfazer e Refazer
validação de dados não pode ser configurada no navega- não estarão mais disponíveis na janela do navegador assim
dor. que outro usuário fizer uma alteração.

Assinaturas digitais Proteção para planilha ou proteção para pasta de tra-


Não é possível visualizar as pastas de trabalho que balho
usam assinaturas digitais ou invisíveis em uma janela de Não é possível visualizar pastas de trabalho protegidas
(criptografadas por senha) em uma janela do navegador.
navegador.
As planilhas protegidas (não as pastas de trabalho in-
teiras) podem ser exibidas em uma janela do navegador no
Fontes Excel Online.
Geralmente, as fontes são exibidas no navegador usan- Em um ambiente local onde você use os Serviços do
do os mesmos estilos e tamanhos com os quais seriam exi- Excel ou do Excel Web App, as planilhas protegidas não
bidas no Excel. Se uma pasta de trabalho usar uma fonte podem ser exibidas em uma janela do navegador.
específica que não esteja disponível no dispositivo, ela será Para remover a proteção, abra a pasta de trabalho no
substituída quando a pasta de trabalho for exibida na jane- Excel na área de trabalho.
la do navegador.
XML
Funções Mapas XML, marcas inteligentes inseridas XML e pa-
Alguns tipos de funções na janela do navegador po- cotes de expansão XLM evitam que uma pasta de trabalho
dem se comportar de forma diferente no Excel. Para obter seja visualizada em uma janela de navegador.
mais informações, consulte a seção Funções posteriormen-
te neste artigo. Funções da pasta de trabalho no Excel e na janela do
navegador
Linguagens de macro herdadas Algumas funções da pasta de trabalho se comportam
Não é possível exibir pastas de trabalho que conte- de forma diferente em uma janela de navegador e no Excel.
A tabela a seguir resume como algumas funções funcio-
nham recursos macro herdados, como Funções Macro do
nam no Excel e em uma pasta de trabalho visualizada em
Microsoft Excel 4.0 e folhas de diálogo do Microsoft 5.0, na
uma janela de navegador.
janela do navegador.
CARACT
Salvar Retorna um caractere especificado por um número.
Ao editar uma pasta de trabalho na janela do navega- Para caracteres não imprimíveis, retorna valores em branco.
dor, as alterações são salvas automaticamente. Retorna um caractere especificado por um número.
Para caracteres não imprimíveis, retorna valores em branco.
Segurança e privacidade
Pastas de trabalho com configurações de Gerencia- HIPERLINK
mento de Direitos de Informação (IRM) aplicadas no nível Retorna um link ativo que você pode clicar e seguir
da pasta de trabalho não podem ser exibidas em uma ja- Dependendo das configurações da Interatividade da
nela do navegador. Pasta e da Navegação da Pasta de Trabalho especificadas
Se sua organização estiver usando o Excel Web App para uma pasta de trabalho, a função HYPERLINK poderá
(local) ou o Excel Online (na nuvem) para exibir pastas de retornar uma cadeia de texto de link ativo ou inativo.
trabalho, então as pastas de trabalho que são salvas em bi-
bliotecas de documentos protegidas por IRM são compa- INFORMAÇÃO
tíveis e podem ser exibidas em uma janela do navegador. Retorna o caminho do atual diretório ou pasta no com-
putador.
Pastas de trabalho que são enviadas como anexos pro-
Retornar um erro #VALUE!.
tegidos por IRM no Outlook Online também são compa-
tíveis e podem ser exibidas em uma janela do navegador. AGORA
No entanto, se sua organização estiver usando os Ser- Retorna a data e a hora no seu computador
viços do Excel no SharePoint Server (local) para exibir pas- Retorna a data e a hora no servidor
tas de trabalho, as pastas de trabalho em bibliotecas pro-
tegidas por IRM não são compatíveis e devem ser abertas ALEATÓRIO, ALEATÓRIOENTRE
no Excel. Retorna um número aleatório cada vez que é usado
IRM não pode ser aplicado no navegador. Retorna um número aleatório cada vez que é usado

Formas RTD (dados em tempo real)


Não é possível editar pastas de trabalho que conte- Retorna dados em tempo real de um programa que
nham formas em uma janela de navegador. suporta automação COM.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se os valores que forem retornados por uma função sites ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam
RTD forem armazenados em uma pasta de trabalho, esses à Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela
valores serão exibidos. Se nenhum valor for armazenado na relacionados, e em função do serviço classificam-se em:
pasta de trabalho, um erro #N/A será retornado. • Provedores de Backbone: São instituições que cons-
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja,
HOJE estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer
Retorna a data no seu computador acesso à Internet para redes locais;
Retorna a data no servidor • Provedores de Acesso: São instituições que se conec-
tam à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponi-
bilizam acesso à terceiros a partir de suas instalações;
NOÇÕES GERAIS DE UTILIZAÇÃO DA • Provedores de Informação: São instituições que dis-
INTERNET E SUAS FERRAMENTAS. ponibilizam informação através da Internet.

Endereço Eletrônico ou URL


Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se
INTERNET conhecer o seu endereço.
Este endereço, que é único, também é considerado sua
“Imagine que fosse descoberto um continente tão URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recur-
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine sos Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim:
um mundo novo, com tantos recursos que a ganância www.xxxx.com.br
do futuro não seria capaz de esgotar; com tantas oportuni- Onde:
dades que os empreendedores seriam poucos para apro- www = protocolo da World Wide Web
veitá-las; e com um tipo peculiar de imóvel que se xxx = domínio
expandiria com o desenvolvimento.” com = comercial
John P. Barlow br = brasil
Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear
ficassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentá- WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial
gono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da dé- É um serviço disponível na Internet que possui um con-
cada de 60, ficou em poder exclusivo do governo conec- junto de documentos espalhados por toda rede e disponi-
tando bases militares, em quatro localidades. bilizados a qualquer um.
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições Estes documentos são escritos em hipertexto, que uti-
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar liza uma linguagem especial, chamada HTML.
a tecnologia, logo vinte e três computadores foram conec-
tados, porém o padrão de conversação entre as máquinas Domínio
se tornou impróprio pela quantidade de equipamentos. Designa o dono do endereço eletrônico em ques-
Era necessário criar um modelo padrão e univer- tão, e onde os hipertextos deste empreendimento estão
sal para que as máquinas continuassem trocando da- localizados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
dos, surgiu então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permi- .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
tiria portanto que mais outras máquinas fossem inseridas .edu = Instituição acadêmica
àquela rede. .gov = Instituição governamental
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrô- .mil = Instituição militar norte-americana
nico, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as .net = Provedor de serviços em redes
máquinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim .org = Organização sem fins lucrativos
no ano seguinte a rede se torna internacional.
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aqui- Trasferência em Hipertexto
lo que conhecemos hoje como internet, auxiliando portan- É um protocolo ou língua específica da internet, res-
to o processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a ponsável pela comunicação entre computadores.
nível mundial, além de alimentar as forças armadas brasi- Um hipertexto é um texto em formato digital, e
leiras de informação de todos os tipos, até que em 1990 pode levar a outros, fazendo o uso de elementos espe-
caísse no domínio público. ciais (palavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa
Com esta popularidade e o surgimento de softwares Sensitivo o qual leva a outros conjuntos de informação na
de navegação de interface amigável, no fim da década de forma de blocos de textos, imagens ou sons.
90, pessoas que não tinham conhecimentos profundos de Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o
informática começaram a utilizar a rede internacional. mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou
outro documento.
Acesso à Internet
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço Home Page
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à In- Sendo assim, home page designa a página inicial, prin-
ternet, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de cipal do site ou web page.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É muito comum os usuários confundirem um Blog ou


Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas dis-
tintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações
de um usuário dentro de uma comunidade virtual.
HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de
Marcação de Hipertexto
É a linguagem com a qual se cria as páginas para a
web.
Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
trabalho);
• Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “cus-
tomizar” diversos elementos do documento, como o tama-
nho padrão da letra, as cores, etc);
• Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter Entre cada par de camadas adjacentes há uma interfa-
um tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na ce. A interface define quais operações primitivas e serviços
transmissão através da Internet, evitando longos perío- a camada inferior oferece à camada superior. Quando os
dos de espera e congestionamento na rede). projetistas decidem quantas camadas incluir em uma rede e
o que cada camada deve fazer, uma das considerações mais
Browser ou Navegador importantes é definir interfaces limpas entre as camadas.
É o programa específico para visualizar as páginas da Isso requer, por sua vez, que cada camada desempenhe um
web. conjunto específico de funções bem compreendidas. Além
O Browser lê e interpreta os documentos escritos em de minimizar a quantidade de informações que deve ser
HTML, apresentando as páginas formatadas para os
passada de camada em camada, interfaces bem definidas
usuários.
também tornam fácil a troca da implementação de uma ca-
mada por outra implementação completamente diferente
ARQUITETURAS DE REDES
(por exemplo, trocar todas as linhas telefônicas por canais
As modernas redes de computadores são projetadas
de satélite), pois tudo o que é exigido da nova implemen-
de forma altamente estruturada. Nas seções seguintes exa-
tação é que ela ofereça à camada superior exatamente os
minaremos com algum detalhe a técnica de estruturação.
mesmos serviços que a implementação antiga oferecia.
HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS O conjunto de camadas e protocolos é chamado de
Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das arquitetura de rede. A especificação de arquitetura deve
redes é organizada em camadas ou níveis, cada uma cons- conter informações suficientes para que um implementa-
truída sobre sua predecessora. O número de camadas, o dor possa escrever o programa ou construir o hardware de
nome, o conteúdo e a função de cada camada diferem de cada camada de tal forma que obedeça corretamente ao
uma rede para outra. No entanto, em todas as redes, o pro- protocolo apropriado. Nem os detalhes de implementação
pósito de cada camada é oferecer certos serviços às cama- nem a especificação das interfaces são parte da arquitetura,
das superiores, protegendo essas camadas dos detalhes de pois esses detalhes estão escondidos dentro da máquina e
como os serviços oferecidos são de fato implementados. não são visíveis externamente. Não é nem mesmo neces-
A camada n em uma máquina estabelece uma con- sário que as interfaces em todas as máquinas em uma rede
versão com a camada n em outra máquina. As regras e sejam as mesmas, desde que cada máquina possa usar cor-
convenções utilizadas nesta conversação são chamadas retamente todos os protocolos.
coletivamente de protocolo da camada n, conforme ilus-
trado na Figura abaixo para uma rede com sete camadas. O endereço IP
As entidades que compõem as camadas correspondentes Quando você quer enviar uma carta a alguém, você...
em máquinas diferentes são chamadas de processos par- Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um
ceiros. Em outras palavras, são os processos parceiros que recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo:
se comunicam utilizando o protocolo. quando você quer enviar um presente a alguém, você obtém
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma trans-
da camada n em uma máquina para a camada n em outra portadora para entregar. É graças ao endereço que é possível
máquina. Em vez disso, cada camada passa dados e infor- encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. Também é
mações de controle para a camada imediatamente abaixo, graças ao seu endereço - único para cada residência ou esta-
até que o nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível belecimento - que você recebe suas contas de água, aquele
1 está o meio físico de comunicação, através do qual a co- produto que você comprou em uma loja on-line, enfim.
municação ocorre. Na Figura abaixo, a comunicação virtual Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu
é mostrada através de linhas pontilhadas e a comunicação computador seja encontrado e possa fazer parte da rede
física através de linhas sólidas. mundial de computadores, necessita ter um endereço úni-

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

co. O mesmo vale para websites: este fica em um servidor, Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
que por sua vez precisa ter um endereço para ser localiza- Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast re-
do na internet. Isto é feito pelo endereço IP (IP Address), servado.
recurso que também é utilizado para redes locais, como a As três primeiras classes são assim divididas para aten-
existente na empresa que você trabalha, por exemplo. der às seguintes necessidades:
O endereço IP é uma sequência de números composta
de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro - Os endereços IP da classe A são usados em locais
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um onde são necessárias poucas redes, mas uma grande quan-
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já tidade de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utili-
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 zado como identificador da rede e os demais servem como
é um exemplo. Repare que cada octeto é formado por nú- identificador dos dispositivos conectados (PCs, impresso-
meros que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso. ras, etc);
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos
onde a quantidade de redes é equivalente ou semelhante
à quantidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois
primeiros bytes do endereço IP para identificar a rede e os
restantes para identificar os dispositivos;
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que
requerem grande quantidade de redes, mas com poucos
dispositivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes
A divisão de um IP em quatro partes facilita a organi- são usados para identificar a rede e o último é utilizado
zação da rede, da mesma forma que a divisão do seu en- para identificar as máquinas.
dereço em cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível Quanto às classes D e E, elas existem por motivos es-
a organização das casas da região onde você mora. Neste peciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes
sentido, os dois primeiros octetos de um endereço IP po- especiais para a comunicação entre os computadores, en-
dem ser utilizados para identificar a rede, por exemplo. Em
quanto que a segunda está reservada para aplicações futu-
uma escola que tem, por exemplo, uma rede para alunos
ras ou experimentais.
e outra para professores, pode-se ter 172.31.x.x para uma
Vale frisar que há vários blocos de endereços reserva-
rede e 172.32.x.x para a outra, sendo que os dois últimos
dos para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço
octetos são usados na identificação de computadores.
começa com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto
é, inexistente, utilizada para testes. No caso do endereço
Classes de endereços IP
Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem 127.0.0.1, este sempre se refere à própria máquina, ou seja,
ser utilizados tanto para identificar o seu computador den- ao próprio host, razão esta que o leva a ser chamado de
tro de uma rede, quanto para identificá-lo na internet. localhost. Já o endereço 255.255.255.255 é utilizado para
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com- propagar mensagens para todos os hosts de uma rede de
putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma má- maneira simultânea.
quina em outra rede pode ter este mesmo número, afinal,
ambas as redes são distintas e não se comunicam, sequer Endereços IP privados
sabem da existência da outra. Mas, como a internet é uma Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são
rede global, cada dispositivo conectado nela precisa ter um privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados
endereço único. O mesmo vale para uma rede local: nesta, na internet, sendo reservados para aplicações locais. São,
cada dispositivo conectado deve receber um endereço úni- essencialmente, estes:
co. Se duas ou mais máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se -Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
então um problema chamado “conflito de IP”, que dificulta -Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
a comunicação destes dispositivos e pode inclusive atrapa- -Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
lhar toda a rede. Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em re- com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es-
des locais quanto para utilização na internet, contamos com tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50,
um esquema de distribuição estabelecido pelas entidades por exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O
IANA (Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (In- que fazer? Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não.
ternet Corporation for Assigned Names and Numbers) que, Na verdade, basta conectá-las a um servidor ou equipa-
basicamente, divide os endereços em três classes principais mento de rede - como um roteador - que receba a cone-
e mais duas complementares. São elas: xão à internet e a compartilhe com todos os dispositivos
Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 conectados a ele. Com isso, somente este equipamento
redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados; precisará de um endereço IP para acesso à rede mundial
Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até de computadores.
16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos; Máscara de sub-rede
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até As classes IP ajudam na organização deste tipo de en-
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos; dereçamento, mas podem também representar desperdí-

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cio. Uma solução bastante interessante para isso atende pelo nome de máscara de sub-rede, recurso onde parte dos
números que um octeto destinado a identificar dispositivos conectados (hosts) é “trocado” para aumentar a capacidade da
rede. Para compreender melhor, vamos enxergar as classes A, B e C da seguinte forma:
- A: N.H.H.H;
- B: N.N.H.H;
- C: N.N.N.H.
N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transfor-
mar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede permitem determinar quantos octetos e bits são destinados
para a identificação da rede e quantos são utilizados para identificar os dispositivos.
Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se um octeto é usado para identificação da rede, este receberá a
máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os dispositivos, seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero).
A tabela a seguir mostra um exemplo desta relação:

Identificador
Clas- Identificador Máscara
Endereço IP do
se da rede de sub-rede
computador

A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0

B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0

C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0

Você percebe então que podemos ter redes com máscara 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando
uma classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situações onde há desperdício. Por exemplo, suponha que uma fa-
culdade tenha que criar uma rede para cada um de seus cinco cursos. Cada curso possui 20 computadores. A solução seria
então criar cinco redes classe C? Pode ser melhor do que utilizar classes B, mas ainda haverá desperdício. Uma forma de
contornar este problema é criar uma rede classe C dividida em cinco sub-redes. Para isso, as máscaras novamente entram
em ação.
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, na verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em
binário é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. Assim, a máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é:
11111111.11111111.11111111.00000000
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criarmos
as nossas sub-redes, temos que ter um esquema com 25, 26 ou mais bits, conforme a necessidade e as possibilidades. Em
outras palavras, precisamos trocar alguns zeros do último octeto por 1.
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita), resultan-
do em:
11111111.11111111.11111111.11100000
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits “trocados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em
nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereça-
mento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, temos 32 dispositivos em cada sub-rede (estamos fazendo estes
cálculos sem considerar limitações que possam impedir o uso de todos os hosts e sub-redes).
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante é 255.255.255.224.
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser empregado também em endereços classes A e B, conforme a ne-
cessidade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar 0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.
IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanentemente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, exceto
se tal ação for executada manualmente. Como exemplo, há casos de assinaturas de acesso à internet via ADSL onde o pro-
vedor atribui um IP estático aos seus assinantes. Assim, sempre que um cliente se conectar, usará o mesmo IP.
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado a um computador quando este se conecta à rede, mas que muda
toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que você conectou seu computador à internet hoje. Quando você conectá
-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para entender melhor, imagine a seguinte situação: uma empresa tem 80 computadores
ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a empresa disponibiliza 90 endereços IP para tais máquinas. Como nenhum IP é
fixo, um computador receberá, quando se conectar, um endereço IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. É mais ou
menos assim que os provedores de internet trabalham.

114
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâ- Durante essa fase, que podemos considerar de transição,
micos é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration o que veremos é a “convivência” entre ambos os padrões.
Protocol). Não por menos, praticamente todos os sistemas operacio-
nais atuais e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos
IP nos sites a lidar tanto com um quanto com o outro. Por isso, se você
Você já sabe que os sites na Web também necessitam é ou pretende ser um profissional que trabalha com redes
de um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.in- ou simplesmente quer conhecer mais o assunto, procure se
fowester.com, por exemplo, como é que o seu computador aprofundar nas duas especificações.
sabe qual o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá A esta altura, você também deve estar querendo des-
-lo? cobrir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma
Quando você digitar um endereço qualquer de um site, forma de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por
um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. exemplo, pode fazê-lo digitando cmd em um campo do
Ele é quem informa qual IP está associado a cada site. O sis- Menu Iniciar e, na janela que surgir, informar ipconfig /all
tema DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante e apertar Enter. Em ambientes Linux, o comando é ifconfig.
a uma árvore (termo conhecido por programadores). Se,
por exemplo, o site www.infowester.com é requisitado, o
sistema envia a solicitação a um servidor responsável por
terminações “.com”. Esse servidor localizará qual o IP do
endereço e responderá à solicitação. Se o site solicitado
termina com “.br”, um servidor responsável por esta termi-
nação é consultado e assim por diante.

IPv6
O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um
passado não muito distante, você conectava apenas o PC
da sua casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu
notebook em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a
assim por diante. Somando este aspecto ao fato de cada partir de uma rede local - tal como uma rede wireless -
vez mais pessoas acessarem a internet no mundo inteiro, visualizará o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para
nos deparamos com um grande problema: o número de saber o endereço IP do acesso à internet em uso pela rede,
IPs disponíveis deixa de ser suficiente para toda as (futuras) você pode visitar sites como whatsmyip.org.
aplicações.
A solução para este grande problema (grande mesmo, Provedor
afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo O provedor é uma empresa prestadora de serviços que
nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é neces-
até - respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607. sário conectar-se com um computador que já esteja na In-
431.768.211.456 de endereços, um número absurdamente ternet (no caso, o provedor) e esse computador deve per-
alto! mitir que seus usuários também tenham acesso a Internet.
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada
à Embratel, que por sua vez, está conectada com outros
computadores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link,
que é a conexão física que interliga o provedor de acesso
com a Embratel. Neste caso, a Embratel é conhecida como
backbone, ou seja, é a “espinha dorsal” da Internet no Bra-
sil. Pode-se imaginar o backbone como se fosse uma ave-
nida de três pistas e os links como se fossem as ruas que
estão interligadas nesta avenida.
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade
de transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite
os dados. Esta velocidade é dada em bps (bits por segun-
do). Deve ser feito um contrato com o provedor de acesso,
O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no au- que fornecerá um nome de usuário, uma senha de acesso
mento da quantidade de octetos. Um endereço do tipo e um endereço eletrônico na Internet.
pode ser, por exemplo:
FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF URL - Uniform Resource Locator
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma iden-
Finalizando tificação de onde está localizado o computador e quais re-
Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que cursos este computador oferece. Por exemplo, a URL:
a especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do http://www.novaconcursos.com.br
mapa. Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Será mais bem explicado adiante.

115
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Como descobrir um endereço na Internet? O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
Para que possamos entender melhor, vamos exempli- http://www.endereço.com/página.html
ficar. Por exemplo, a página principal da Pronag:
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algu- http://www.pronag.com.br/index.html
mas pesquisas para um trabalho. Onde procurar as infor-
mações que preciso? PLUG-INS
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de Os plug-ins são programas que expandem a capacida-
procura, que são sites que possuem um enorme banco de de do Browser em recursos específicos - permitindo, por
dados (que contém o cadastro de milhares de Home Pa- exemplo, que você toque arquivos de som ou veja filmes
ges), que permitem a procura por um determinado assun- em vídeo dentro de uma Home Page. As empresas de soft-
to. Caso a palavra ou o assunto que foi procurado exista ware vêm desenvolvendo plug-ins a uma velocidade im-
em alguma dessas páginas, será listado toda esta relação pressionante. Maiores informações e endereços sobre plu-
de páginas encontradas. g-ins são encontradas na página:
A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, refe- http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Soft-
rente ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesqui- ware/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indi-
sar sobre amortecedores, caso não encontre nada como ces/
amortecedores, procure como autopeças, e assim suces- Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo
sivamente. temos uma relação de alguns deles:
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime,
Barra de endereços etc.).
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.).
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP,
PCX, etc.).
A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar - Negócios e Utilitários
em páginas da internet, bastando para isto digitar o ende- - Apresentações
reço da página.
Alguns sites interessantes: FTP - Transferência de Arquivos
• www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular) Permite copiar arquivos de um computador da Internet
• www.ufpel.tche.br (Ufpel) para o seu computador.
• www.cefetrs.tche.br (Cefet) Os programas disponíveis na Internet podem ser:
• www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor público) • Freeware: Programa livre que pode ser distribuí-
• www.siapenet.gog.br (contracheque) do e utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para
• www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas) sua utilização, e não é considerado “pirataria” a cópia deste
• www.mec.gov.br (Ministério da Educação) programa.
• Shareware: Programa demonstração que pode ser
Identificação de endereços de um site utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns
Exemplo: http://www.pelotas.com.br limites, para ser utilizado apenas como um teste do progra-
http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de ma. Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa
comunicação mais o programa. Na maioria das vezes, esses programas
WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial exibem, de tempos em tempos, uma mensagem avisando
pelotas -> empresa ou organização que mantém o site que ele deve ser registrado. Outros tipos de shareware têm
.com -> tipo de organização tempo de uso limitado. Depois de expirado este tempo de
......br -> identifica o país teste, é necessário que seja feito a compra deste programa.
Tipos de Organizações:
.edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.edu Navegar nas páginas
.com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.com Consiste percorrer as páginas na internet a partir de
.gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov um documento normal e de links das próprias páginas.
.mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil Como salvar documentos, arquivos e sites
.net -> computadores com funções de administrar re- Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como.
des. Exemplo: embratel.net Como copiar e colar para um editor de textos
.org -> organizações não governamentais. Exemplo: Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com
care.org o botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
Home Page
Pela definição técnica temos que uma Home Page é
um arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de compu-
tadores rodando um Navegador (Browser), que permite o
acesso às informações em um ambiente gráfico e multimí-
dia. Todo em hipertexto, facilitando a busca de informações
dentro das Home Pages.

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abra o editor de texto clique em colar


Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar mu-
seus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até participar de novelas interativas. As informações na Web são organizadas
na forma de páginas de hipertexto, cada um com seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar a navegar, é
preciso digitar um desses endereços no campo chamado Endereço no navegador. O software estabelece a conexão e traz,
para a tela, a página correspondente.
O navegador não precisa de nenhuma configuração especial para exibir uma página da Web, mas é necessário ajustar
alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar e receber algumas mensagens de correio eletrônico e acessar grupos
de discussão (news).
O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la Recher-
che Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era um meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas pesquisas
através da exibição de páginas de texto. Ficou claro, desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía para diversos
tipos de aplicações, inclusive não científicas.
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios, apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW
ganhou força extra com a inserção de um visualizador (também conhecido como browser) de páginas capaz não apenas de
formatar texto, mas também de exibir gráficos, som e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido dentro da
NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen. O sucesso do Mosaic foi espetacular.
Depois disto, várias outras companhias passaram a produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao Mosaic.
Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape Communications, criadora do browser Netscape.
Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros
browsers.

Busca e pesquisa na web


Os sites de busca servem para procurar por um determinado assunto ou informação na internet.
Alguns sites interessantes:
• www.google.com.br
• http://br.altavista.com
• http://cade.search.yahoo.com
• http://br.bing.com/

Como fazer a pesquisa

Digite na barra de endereço o endereço do site de pesquisa. Por exemplo:


www.google.com.br

Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pesquisa.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na • menos são excluídas da pesquisa.
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem pala- • Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um
vras com ou sem acento. cálculo em um site de pesquisa.

Opções de pesquisa
Por exemplo: 3+4

Web: pesquisa em todos os sites


Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas. Irá retornar:
Exemplo do resultado se uma pesquisa.
O resultado da pesquisa
O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte for-
ma:

Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet.


Exemplo: INTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma
empresa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de
comunicação internas baseadas na tecnologia usada na In-
ternet. Como um jornal editado internamente, e que pode
ser acessado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
mações particulares dentro da estrutura de comunicações
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organiza- da empresa.
dos por assunto em categorias. Exemplo: O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos
interligados através de vínculos, ou links) e a enorme fa-
cilidade de se criar, interligar e disponibilizar documentos
multimídia (texto, gráficos, animações, etc.), democratiza-
ram o acesso à informação através de redes de computa-
dores. Em segundo lugar, criou-se uma gigantesca base de
usuários, já familiarizados com conhecimentos básicos de
Como escolher palavra-chave informática e de navegação na Internet. Finalmente, surgi-
ram muitas ferramentas de software de custo zero ou pe-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- queno, que permitem a qualquer organização ou empresa,
cluam a palavra digitada. sem muito esforço, “entrar na rede” e começar a acessar e
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas colocar informação. O resultado inevitável foi a impressio-
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a nante explosão na informação disponível na Internet, que
sequência de termos que foram digitadas. segundo consta, está dobrando de tamanho a cada mês.
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
páginas que incluam todas que tem interessado um número cada vez maior de em-
• as palavras aleatoriamente na página. presas, hospitais, faculdades e outras organizações interes-
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que fi- sadas em integrar informações e usuários: a intranet. Seu
cam antes do sinal de advento e disseminação promete operar uma revolução

118
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tão profunda para a vida organizacional quanto o apare- • Heterogeneidade - Diferentes tipos de computa-
cimento das primeiras redes locais de computadores, no dores e sistemas operacionais podem ser conectados de
final da década de 80. forma transparente;
• Navegação - É possível passar de um documento a
O que é Intranet? outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que
O termo “intranet” começou a ser usado em meados de facilitam o acesso não linear aos documentos;
1995 por fornecedores de produtos de rede para se refe- • Execução Distribuída - Determinadas tarefas de
rirem ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias acesso ou manipulação na intranet só podem ocorrer gra-
projetadas para a comunicação por computador entre em- ças à execução de programas aplicativos, que podem es-
presas. Em outras palavras, uma intranet consiste em uma tar no servidor, ou nos microcomputadores que acessam a
rede privativa de computadores que se baseia nos padrões rede (também chamados de clientes, daí surgiu à expres-
de comunicação de dados da Internet pública, baseadas na são que caracteriza a arquitetura da intranet: cliente-servi-
tecnologia usada na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, dor). A vantagem da intranet é que esses programas são
etc.) que vêm, atualmente fazendo muito sucesso. Entre ativados através da WWW, permitindo grande flexibilidade.
as razões para este sucesso, estão o custo de implantação Determinadas linguagens, como Java, assumiram grande
relativamente baixo e a facilidade de uso propiciada pelos importância no desenvolvimento de softwares aplicativos
programas de navegação na Web, os browsers. que obedeçam aos três conceitos anteriores.
Objetivo de construir uma Intranet Como montar uma Intranet
Organizações constroem uma intranet porque ela é Basicamente a montagem de uma intranet consiste em
uma ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das
para economizar tempo, diminuir as desvantagens da dis- empresas, e em instalar um servidor Web.
tância e alavancar sobre o seu maior patrimônio de capital- Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repo-
funcionários com conhecimentos das operações e produ- sitório das informações contidas na intranet. É lá que os
tos da empresa. clientes vão buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail
ou qualquer outro tipo de arquivo.
Aplicações da Intranet
Protocolos - São os diferentes idiomas de comunica-
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu-
ção utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos.
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o
O primeiro é o HTTP, responsável pela comunicação do
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala.
browser com o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao
De qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet
envio de mensagens pelo e-mail, e o FTP usado na transfe-
vai ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os
rência de arquivos. Independentemente das aplicações uti-
diversos profissionais de uma empresa. Mas em algumas
áreas já se vislumbram benefícios, por exemplo: lizadas na intranet, todas as máquinas nela ligadas devem
• Marketing e Vendas - Informações sobre produ- falar um idioma comum: o TCP/IP, protocolo da Internet.
tos, listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação Identificação do Servidor e das Estações - Depois de
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades definidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as
de membros das equipes, situações de projetos; informações e como requisitá-las. Falta apenas saber o
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, sis- nome de quem pede e de quem solicita. Para isso existem
temas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), ma- dois programas: o DNS que identifica o servidor e o DHCP
nuais de qualidade; (Dinamic Host Configuration Protocol) que atribui nome às
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, apos- estações clientes.
tilas, políticas da companhia, organograma, oportunidades Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcio-
de trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, be- nários acessam as informações colocadas à sua disposição
nefícios. no servidor. Para isso usam o Web browser, software que
Para acessar as informações disponíveis na Web corpo- permite folhear os documentos.
rativa, o funcionário praticamente não precisa ser treinado.
Afinal, o esforço de operação desses programas se resume Comparando Intranet com Internet
quase somente em clicar nos links que remetem às novas Na verdade as diferenças entre uma intranet e a In-
páginas. No entanto, a simplicidade de uma intranet termi- ternet, é uma questão de semântica e de escala. Ambas
na aí. Projetar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa utilizam as mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos
complexa e exige a presença de profissionais especializa- protocolos de rede e os mesmos produtos servidores. O
dos. Essa dificuldade aumenta com o tamanho da intranet, conteúdo na Internet, por definição, fica disponível em es-
sua diversidade de funções e a quantidade de informações cala mundial e inclui tudo, desde uma home-page de al-
nela armazenadas. guém com seis anos de idade até as previsões do tempo.
A intranet é baseada em quatro conceitos: A maior parte dos dados de uma empresa não se destina
• Conectividade - A base de conexão dos computa- ao consumo externo, na verdade, alguns dados, tais como
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir as cifras das vendas, clientes e correspondências legais, de-
qualquer tipo de informação digital entre si; vem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista da

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

escala, a Internet é global, uma intranet está contida den- nets exigem uma rede TCP/IP, ao contrário de outras solu-
tro de um pequeno grupo, departamento ou organização ções de software para grupo de trabalho que funcionam
corporativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela com os protocolos de transmissão de redes local existentes;
ainda conserva a natureza privada de uma Internet menor. • Ausência de Replicação Embutida – As intranets não
A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, apresentam nenhuma replicação embutida para usuários
por serem uma mistura caótica de informações úteis e ir- remotos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desen-
relevantes, o meteórico aumento da popularidade de sites volver aplicativos cliente/servidor.
da Web dedicados a índices e mecanismos de busca é uma Como a Intranet é ligada à Internet
medida da necessidade de uma abordagem organizada.
Uma intranet aproveita a utilidade da Internet e da Web
num ambiente controlado e seguro.

Vantagens e Desvantagens da Intranet


Alguns dos benefícios são:
• Redução de custos de impressão, papel, distribuição
de software, e-mail e processamento de pedidos;
• Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações
técnicas e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações
remotas;
• Incrementando o acesso a informações da concor-
rência;
• Uma base de pesquisa mais compreensiva;
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e par- Segurança da Intranet
ceiros (revendas);
Três tecnologias fornecem segurança ao armazena-
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso
mento e à troca de dados em uma rede: autenticação, con-
à informação;
trole de acesso e criptografia.
• Uma única interface amigável e consistente para
Autenticação - É o processo que consiste em verificar
aprender e usar;
se um usuário é realmente quem alega ser. Os documen-
• Informação e treinamento imediato (Just in Time);
tos e dados podem ser protegidos através da solicitação
• As informações disponíveis são visualizadas com cla-
de uma combinação de nome do usuário/senha, ou da ve-
reza;
rificação do endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os
• Redução de tempo na pesquisa a informações;
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e usuários autenticados têm o acesso autorizado ou negado
informação; a recursos específicos de uma intranet, com base em uma
• Redução no tempo de configuração e atualização dos ACL (Access Control List) mantida no servidor Web;
sistemas;
• Simplificação e/ou redução das licenças de software Criptografia - É a conversão dos dados para um for-
e outros; mato que pode ser lido por alguém que tenha uma chave
• Redução de custos de documentação; secreta de descriptografia. Um método de criptografia am-
• Redução de custos de suporte; plamente utilizado para a segurança de transações Web é a
• Redução de redundância na criação e manutenção tecnologia de chave pública, que constitui a base do HTTPS
de páginas; - um protocolo Web seguro;
• Redução de custos de arquivamento;
• Compartilhamento de recursos e habilidade. Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
segura entre uma intranet e a Internet através de servi-
Alguns dos empecilhos são: dores proxy, que são programas que residem no firewall
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- e permitem (ou não) a transmissão de pacotes com base
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pe- no serviço que está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por
los programas para grupos de trabalho tradicionais. É ne- exemplo, pode permitir que navegadores Webs internos
cessário configurar e manter aplicativos separados, como da empresa acessem servidores Web externos, mas não o
e-mail e servidores Web, em vez de usar um sistema unifi- contrário.
cado, como faria com um pacote de software para grupo Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
de trabalho; Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
limitado de ferramentas para conectar um servidor Web a importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis
bancos de dados ou outros aplicativos back-end. As intra- com grande capacidade de armazenamento, tapes...

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Queremos ainda referir que para o funcionamento de (C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários
uma rede existem outros conceitos como topologias/con- de um computador, pois bastam o nome do usuário e
figurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede a senha da máquina para se ter acesso às contas dos
em árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos demais usuários possivelmente cadastrados nessa má-
de cabos, protocolos de comunicação, velocidade de trans- quina.
missão … (D) O Windows oferece um conjunto de acessórios
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, en-
EXTRANET tre eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de (E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do
computadores que faz uso da Internet para partilhar com botão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encer-
segurança parte do seu sistema de informação. rar o Windows, dar saída no usuário correntemente em
A Extranet de uma empresa é a porção de sua rede de uso na máquina e, em seguida, desligar o computador.
computadores que faz uso da Internet para partilhar com Comentários: Para desinstalar um programa de forma
segurança parte do seu sistema de informação. segura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou
remover programas
Tomado o termo em seu sentido mais amplo, o concei-
Resposta – Letra A
to confunde-se com Intranet. Uma Extranet também pode
ser vista como uma parte da empresa que é estendida a
2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as
usuários externos (“rede extra-empresa”), tais como repre-
informações estão contidas em arquivos de vários for-
sentantes e clientes. Outro uso comum do termo Extranet matos, que são armazenados no disco fixo ou em ou-
ocorre na designação da “parte privada” de um site, onde tros tipos de mídias removíveis do computador, orga-
somente “usuários registrados” podem navegar, previa- nizados em:
mente autenticados por sua senha (login). (A) telas.
(B) pastas.
Empresa estendida (C) janelas.
O acesso à intranet de uma empresa através de um (D) imagens.
Portal (internet) estabelecido na web de forma que pessoas (E) programas.
e funcionários de uma empresa consigam ter acesso à in-
tranet através de redes externas ao ambiente da empresa. Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma
Uma extranet é uma intranet que pode ser acessada via bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
Web por clientes ou outros usuários autorizados. Uma in- mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
tranet é uma rede restrita à empresa que utiliza as mesmas os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
tecnologias presentes na Internet, como e-mail, webpages, sistema de armário e gavetas.
servidor FTP etc. Resposta: Letra B
A ideia de uma extranet é melhorar a comunicação en-
tre os funcionários e parceiros além de acumular uma base 3- Um item selecionado do Windows XP pode ser
de conhecimento que possa ajudar os funcionários a criar excluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira,
novas soluções. pressionando-se simultaneamente as teclas
Exemplificando uma rede de conexões privadas, basea- (A) Ctrl + Delete.
da na Internet, utilizada entre departamentos de uma em- (B) Shift + End.
presa ou parceiros externos, na cadeia de abastecimento, (C) Shift + Delete.
trocando informações sobre compras, vendas, fabricação, (D) Ctrl + End.
distribuição, contabilidade entre outros. (E) Ctrl + X.
Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes
para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjun-
QUESTÕES GERAIS
to com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem
do tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanente-
1- Com relação ao sistema operacional Windows, mente este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que
assinale a opção correta. deseja enviar este arquivo para a lixeira?”.
(A) A desinstalação de um aplicativo no Windows Resposta: C
deve ser feita a partir de opção equivalente do Painel
de Controle, de modo a garantir a correta remoção dos 4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de
arquivos relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao arquivos, sem que haja perda de informação?
sistema operacional. (A) Compactação
(B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT (B) Deleção
e DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso dire- (C) Criptografia
to aos diretórios de programas instalados na máquina (D) Minimização
em uso. (E) Encolhimento adaptativo

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comentários: A compactação de arquivos é uma téc- nico podem funcionar por meio de um software instalado
nica amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados em nosso computador local ou por meio de um progra-
podem conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exem- ma que funciona dentro de um navegador, via acesso por
plos de programas compactadores são o WinZip, WinRar, Internet. Este programa da Internet, que não precisa ser
SolusZip, etc. instalado, e é chamado de WEBMAIL, enquanto o software
Resposta: A local é o gerenciador de e-mail citado pela questão.
Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel: • Pode ler e escrever mensagens mesmo quando
está desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
  • Compatibilidade com os servidores de e-mail
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e (nem sempre são compatíveis).
colado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em ne-
(A) 7 grito os mais conhecidos e utilizados atualmente):
(B) 56 Microsoft Office Outlook
(C) 448 Microsoft Outlook Express;
(D) 511 Mozilla Thunderbird;
(E) uma mensagem de erro IcrediMail
  Eudora
Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando Pegasus Mail
copiamos uma célula que contém uma fórmula e colamos Apple Mail (Apple)
em outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova po- Kmail (Linux)
sição. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser Windows Mail
copiada de D1 para D3:
A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL,
ou seja, não é instalado no computador local. Logo, é o
gabarito da questão.
Resposta: B.

7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e


correio eletrônico, analise:
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pe-
los navegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e
Google Chrome) para localizar recursos e páginas da
Internet (Exemplo: http://www.google.com.br).
II. Download significa descarregar ou baixar; é a
Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para so- transferência de dados de um servidor ou computador
mar todas as células de A3 até C3(dois pontos significam remoto para um computador local.
‘até’), sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obten- III. Upload é a transferência de dados de um com-
do-se o resultado 448. putador local para um servidor ou computador remoto.
Resposta: C. IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail sig-
nifica movê-lo definitivamente da máquina local, para
6- “O correio eletrônico é um método que permite
envio a um destinatário, com endereço eletrônico.
compor, enviar e receber mensagens através de siste-
Estão corretas apenas as afirmativas:
mas eletrônicos de comunicação”. São softwares geren-
ciadores de email, EXCETO: A) I, II, III, IV
A) Mozilla Thunderbird. B) I, II
B) Yahoo Messenger. C) I, II, III
C) Outlook Express. D) I, II, IV
D) IncrediMail. E) I, III, IV
E) Microsoft Office Outlook 2003.
Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de
e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais
memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrô- conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro.

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É comum confundir os itens II e III, por isso memorize: 9- Com relação a conceitos de Internet e intranet,
down = baixo = baixar para sua máquina, descarregar. II e assinale a opção correta.
III são verdadeiros. (A) Domínio é o nome dado a um servidor que con-
trola a entrada e a saída de conteúdo em uma rede,
como ocorre na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem
na barra de endereços do navegador: http://intranet.
com.
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em
uma rede local, pois sua função é conectar um compu-
tador à rede de telefonia fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máqui-
na denominada cliente requisita serviços a outra, deno-
minada servidor, ainda é o atual paradigma de acesso
No item IV encontramos o item falso da questão, o que à Internet.
nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em men- (E) Um servidor de páginas web é a máquina que
sagem de e-mail significa copiar e não mover! armazena os nomes dos usuários que possuem permis-
Resposta: C. são de acesso a uma quantidade restrita de páginas da
Internet.
8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos
do ambiente MS Office, assinale a opção correta. Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado
(A) Ao se clicar no nome de um documento grava- em termos de internet pois não é tão robusto quanto re-
do com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o des P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do
Windows ativa o MS Access para a abertura do docu- servidor central impede o acesso aos usuários clientes, no
mento em tela. segundo mesmo que um servidor “caia” outros servidores
(B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obti- ainda darão acesso ao mesmo conteúdo permitindo que
das ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C o download continue. Ex: programas torrent, Emule, Lime-
e CTRL + V,respectivamente, estão disponíveis no menu ware, etc.
Editar de todos os aplicativos da suíte MS Office. Em relação às outras letras:
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve
aplicações do MS Office, permite que o usuário salve para localizar e identificar conjuntos de computadores na
o documento correntemente aberto com outro nome. Internet e corresponde ao endereço que digitamos no na-
Nesse caso, a versão antiga do documento é apagada vegador.
e só a nova versão permanece armazenada no compu- letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma
tador. forma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede
(D) O menu Exibir permite a visualização do docu- é restrito a uma rede local e não a internet como um todo.
mento aberto correntemente, por exemplo, no formato letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu-
do MS Word para ser aberto no MS PowerPoint. tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma
(E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim
a elaboração de apresentações de slides que utilizem acessar redes locais.
conteúdo e imagens de maneira estruturada e organi- letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com-
zada. putação que fornece serviços a uma rede de computado-
Comentários: O menu editar geralmente contém os co- res. E não necessariamente armazena nomes de usuários e/
mandos universais dos programas da Microsoft como é o ou restringe acessos.
caso dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do Resposta: D
localizar. 10- Com relação à Internet, assinale a opção cor-
Em relação às outras letras: reta.
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo (A) A URL é o endereço físico de uma máquina na
Excel e não o Access Internet, pois, por esse endereço, determina-se a cida-
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma de onde está localizada tal máquina.
cópia do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga. (B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuá-
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de rios se conectarem a uma mesma máquina simultanea-
exibição do documento dentro do contexto de cada pro- mente, como no caso de salas de bate-papo.
grama e não de um programa para o outro como é o caso (C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e re-
da afirmativa. cebimento de arquivos na Internet.
Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação (D) Quando se digita o endereço de uma página
de slides e sim o Ms Power Point. web, o termo http significa o protocolo de acesso a pá-
Resposta: B ginas em formato HTML, por exemplo.

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
de correio eletrônico envia uma mensagem com anexo vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
para outro destinatário de correio eletrônico. também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
informações guardadas.
Comentários: Os itens apresentados nessa questão es- Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
protocolos mais comuns: informação prestada à sociedade, pelo órgão.
- HTTP(Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- O ambiente operacional de computação disponível para
regamento de páginas de Hipertexto –  HTML realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
- IP (Internet Protocol) – Identificação lógica de uma MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
máquina na rede eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
- POP (Post Office Protocol) – Protocolo de recebimen- utilizadas atualmente.
to de emails direto no PC via gerenciador de emails Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) – Protocolo pa- CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
drão de envio de emails da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
- IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhan- lhantes.
te ao POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário
a possibilidade de armazenamento e acesso a suas mensa- 12- As células que contêm cálculos feitos na plani-
gens de email direto no servidor. lha eletrônica,
- FTP(File Transfer Protocol) – Protocolo para transfe- (A) quando “coladas” no editor de textos, apresen-
rência de arquivos tarão resultados diferentes do original.
Resposta: D (B) não podem ser “coladas” no editor de textos.
(C) somente podem ser copiadas para o editor de
11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção textos dentro de um limite máximo de dez linhas e cin-
correta. co colunas.
(A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar (D) só podem ser copiadas para o editor de texto
pastas e arquivos e por seu intermédio não é possível uma a uma.
acessar o Painel de Controle, o qual só pode ser acessa- (E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
do pelo botão Iniciar do Windows. “coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma
(B) Para se obter a listagem completa dos arquivos de tabela.
salvos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e  
data de modificação, deve-se selecionar Detalhes nas Comentários: Sempre que se copia células de uma pla-
opções de Modos de Exibição. nilha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam
(C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de como uma tabela simples, onde as fórmulas são esqueci-
Rede oferece um histórico de páginas visitadas na In- das e só os números são colados.
ternet para acesso direto a elas. Resposta: E
(D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows
e a opção Renomear for acionada no Windows Explo- 13- O envio do arquivo que contém o texto, por
rer com o botão direito do mouse,será salva uma nova meio do correio eletrônico, deve considerar as opera-
versão do arquivo e a anterior continuará aberta com o ções de
nome antigo. (A) anexação de arquivos e de inserção dos endere-
(E) Para se encontrar arquivos armazenados na es- ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
trutura de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sí- (B) de desanexação de arquivos e de inserção dos
tio de busca Google, pois é ele que dá acesso a todos os endereços eletrônicos dos destinatários no campo
diretórios de máquinas ligadas à Internet. “Para”.
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui- (C) de anexação de arquivos e de inserção dos en-
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu- dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
ras e Detalhes. (D) de desanexação de arquivos e de inserção dos
Resposta: B endereços eletrônicos dos destinatários no campo
“Cco”.
Atenção: Para responder às questões de números (E) de anexação de arquivos e de inserção dos en-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo: dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”.
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do  Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial correio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou
de computadores. seja, anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos
Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve- os endereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no
rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns campo “com cópia oculta”, um destinatário não ficará sa-
artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados bendo quem mais recebeu aquela mensagem, o que aten-
obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va- de a segurança solicitada no enunciado.
lores e totais. Resposta: A

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Resposta: “E”.


Novo - CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio Comentários:
de arquivos em lotes, também denominados scripts, o  Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
shell de comando é um programa que fornece comuni- Upload – Carregar para cima (enviar).
cação entre o usuário e o sistema operacional de forma Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)
direta e independente. Nos sistemas operacionais Win-
dows XP, esse programa pode ser acessado por meio de 17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)
um comando da pasta Acessórios denominado Assinale a alternativa que contém os nomes dos menus
(A) Prompt de Comando do programa Microsoft Word XP, em sua configuração
(B) Comandos de Sistema padrão, que, respectivamente, permitem aos usuários:
(C) Agendador de Tarefas (I) numerar as páginas do documento, (II) contar as pa-
(D) Acesso Independente lavras de um parágrafo e (III) adicionar um cabeçalho
(E) Acesso Direto ao texto em edição.
a) Janela, Ferramentas e Inserir.
Resposta: “A” b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
Comentários c) Formatar, Editar e Janela.
Prompt de Comando é um recurso do Windows que ofe- d) Arquivo, Exibir e Formatar.
rece um ponto de entrada para a digitação de comandos do e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.
MSDOS (Microsoft Disk Operating System) e outros coman-
dos do computador. O mais importante é o fato de que, ao Resposta: “B”
digitar comandos, você pode executar tarefas no computa- Comentário:
dor sem usar a interface gráfica do Windows. O Prompt de • Ação numerar - “INSERIR”
Comando é normalmente usado apenas por usuários avan- • Ação contar paginas - “FERRAMENTAS”
çados. • Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR”

18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011)


15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário
Novo - CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir di-
gitado no aplicativo Word. Aplicativos para edição de
textos. Aplicando-se a esse texto o efeito de fonte Ta-
chado, o resultado obtido será

Resposta: “C”
Comentários:
Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, a) 3, 0 e 7.
e. Entretanto, temos que observar que na questão os itens b) 5, 0 e 7.
d, e, além de receberem taxado, também ficaram em caixa c) 5, 1 e 2.
alta. O único que recebe apenas o taxada, sem alterar outras d) 7, 5 e 2.
formatações foi o item c. e) 8, 3 e 4.

16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Resposta: “C”


Novo - CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento Comentário:
de um arquivo de textos ou de imagens na internet, en- Expressão =MÉDIA(A1:A3)
tre um servidor e um cliente, constituem, em relação ao São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
cliente, respectivamente, um dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
(A) download e um upload Expressão =MENOR(B1:B3;2)
(B) downgrade e um upgrade Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
(C) downfile e um upfile que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números
(D) upgrade e um downgrade em ordem crescente.
(E) upload e um download Expressão =MAIOR(C1:C3;3)

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número, Passo 3


que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a
em ordem decrescente. propagação, o resultado

19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)

a) 1 20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Po-


b) 2 werPoint 2007, a inserção de um novo comentário pode
c) 3 ser feita na guia
d) 4 a) Geral.
e) 5 b) Inserir.
c) Animações.
Resposta: “D” d) Apresentação de slides.
Comentário: e) Revisão.
Passo 1
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1 Resposta: “E”
Comentário:

21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbi-


to das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.
Passo 2 zzz.br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em
que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 inglês) utilizado para classificar o tipo de instituição, no
e A3 exemplo dado acima, é o
a) protocolo.
b) xxx.
c) zzz.
d) yyy.
e) br.

Resposta: “C”
Comentários:
a) protocolo. protocolo HTTP
b) xxx. o nome do domínio
c) zzz. o tipo de domínio
d) yyy. subdomínios
Click na imagem para melhor visualizar e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) (A) 2


Analise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua (B) 1,66
configuração padrão, exibida na figura. (C) 2,667
(D) 2,7
(E) 2,67

Resposta: E
Comentário:

Assinale a alternativa que contém apenas os indica-


dores de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.

Resposta: D
Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do do-
cumento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir
Régua no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no
seletor de tabulação na extremidade esquerda da régua
até que ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em
seguida, clique na régua no local desejado.
Uma tabulação Direita define a extremidade do texto
à direita. Conforme você digita, o texto é movido para a es-
querda.
Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de
um ponto decimal. Independentemente do numero de dígi-
tos, o ponto decimal ficará na mesma posição.
Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere
uma barra vertical na posição de tabulação. Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrin-
chadas no exemplo acima (arredondamento, mínimo e so-
23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) matório) em uma única questão. A função ARRED é para
Uma planilha do Microsoft Excel, na sua configuração arredondamento e pertence a mesma família de INT(parte
padrão, possui os seguintes valores nas células: B1=4, inteira) e TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento).
B2=1 e B3=3. A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA A resposta está no item 2 que indica a quantidade de casas
(B1:B3)/3;2,7);2) inserida na célula B5 apresentará o se- decimais. Sendo duas casas decimais, não poderia ser letra
guinte resultado: A, C ou D. A função SOMA efetua a soma das três células

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(B1:B3->B1 até B3). A função MÍNIMO descobre o menor Resposta: C


entre os dois valores informados (2,66666 - dízima periódi- Comentário:
ca - e 2,7). A função ARRED arredonda o número com duas
casas decimais.

Considere a figura que mostra o Windows Explorer


do Microsoft Windows XP, em sua configuração origi-
nal, e responda às questões de números 24 e 25.

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O


arquivo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD. Este botão, contido na barra de ferramentas, exibe/
(C) em Meus documentos. oculta o painel PASTAS.
(D) no Desktop.
(E) na raiz do disco rígido.

Resposta: E EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das 01. (POLÍCIA FEDERAL - PAPILOSCOPIS-
pastas em seu computador e todos os arquivos e pastas loca- TA DA POLÍCIA FEDERAL – CESPE/2012) - Acer-
lizados em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil ca de conceitos de hardware, julgue o item seguinte.
para copiar e mover arquivos. Diferentemente dos computadores pessoais ou PCs tradi-
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: cionais, que são operados por meio de teclado e mouse, os
O painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquiza- tablets, computadores pessoais portáteis, dispõem de re-
da que mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área curso touch-screen. Outra diferença entre esses dois tipos
de trabalho ou Desktop (também tratada como uma pasta); de computadores diz respeito ao fato de o tablet possuir
O painel da direita exibe o conteúdo do item selecionado à firmwares, em vez de processadores, como o PC.
esquerda e funciona de maneira idêntica às janelas do Meu ( ) Certo
Computador (no Meu Computador, como padrão ele traz a ( ) Errado
janela sem divisão, as é possível dividi-la também clicando
no ícone Pastas na Barra de Ferramentas) Firmwares não são hardwares, e sim códigos de pro-
gramação existentes no próprio hardware, inclusos em
25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao chips de memória (ROM, PROM, EPROM, EEPROM, flash)
se clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos, durante sua fabricação. Sua natureza, na maioria das vezes,
será fechado é não volátil, ou seja, não perde seus dados durante a au-
(A) o Meu computador. sência de energia elétrica, mas quando presentes em tipos
(B) o Disco Local (C:). de memória como PROM ou EPROM, podem ser atualiza-
(C) o painel Pastas. dos.
(D) Meus documentos. Por esse motivo, os firmwares não substituem proces-
(E) o painel de arquivos. sadores inteiros.

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A seguir, veja alguns modelos de tablets e observe a Informações técnicas


presença do processador em sua configuração: Marca: Multilaser
Capacidade :8 Gb. Memória expansível até 32 GB por
cartão micro SD.
Processador: Boxchip 1.5 GHz.
Sistema Operacional: Android. 2.3.
TV e vídeo: Somente vídeo: Vídeos suportados - MKV
(H.264HP), AVI, RM/BMVB, FLV eMPEG-1/2.
Tamanho da tela: 7 “. LCD Multi toque.
Resolução: 800 x 480.
Wi-Fi:Sim.
Resolução: 1.3 megapixels e filmadora digital.
Localização
Sensores: Sensor de gravidade: gira a tela conforme a
Tablet Softronic PHASER KINNO 4GB Android 2.3.4 posição do tablet.
Tela 7 Polegadas
Características do Produto Áudio Formatos suportados:
Tablet 4GB - Softronic MP3, WMA, WAV, APE, AC3, FLAC e AAC.
APRESENTAÇÃO DO PRODUTO: Com o novo Phaser- Duração aproximada da bateria:
kinno Plus, você possui muito mais interatividade e rapidez - 06 horas reproduzindo vídeo ou wi-fi ligado;
na palma de suas mãos, graças ao seu poderoso processa- - 48 horas em standby.
dor A10 de 1.2 Ghz, ele consegue ser totalmente multi-ta- Alimentação do Tablet:
refas para você que se desdobra em dez durante o seu dia Bateria recarregável.
a dia, podendo ler um livro, escutar suas músicas e conti-
nuar acompanhando sua vida em redes sociais e sincroni- RESPOSTA: “ERRADO”.
zando e-mails. Tudo isso sem se preocupar com a lentidão
do sistema. Para você que precisa estar conectado a todo 02. (UFFS - TÉCNICO DE LABORATÓRIO ÁREA IN-
o momento, o PhaserKinno Plus ainda oferece suporte a FORMÁTICA – FEPESE/2012)- São componentes de hard-
modem externo. Ele conta com uma tela touchscreen capa- ware de um micro-computador:
citiva de 7 polegadas que permite uma maior sensibilidade a. ( ) Disco rígido, patch-panel, BIOS, firmware, mouse.
e leveza ao tocar na tela de seu tablet, dispensando total- b. ( ) RJ-11, processador, memória RAM, placa de
mente o uso das inconvenientes canelas stykus. Possui saí- rede, pen-drive.
da mini HDMI, para curtir seus vídeos favoritos da internet c. ( ) Memória ROM, placa de vídeo, BIOS, processa-
ou de seu computador, na sua televisão ou projetor, com dor, placa mãe.
entrada HDMI. Além de acompanhar um lindo case com d. ( ) Memória RAM, Memória ROM, Disco rígido, pro-
teclado para utilização de tablet comparada com a de um cessador, placa e rede.
notebook com grande performance. e. ( ) Memória RAM, BIOS, Disco rígido, processador,
- Modelo: PHASER KINNO. placa de rede.
- Capacidade: 4GB. Expansível para 32GB via Micro SD.
- Memória: 512MB. Já vimos a respeito de Memória RAM, Memória ROM,
- Tela:7 Polegadas capacitiva, sensível ao toque. Disco Rígido e Processador.
- Câmera:frontal 2 megapixels. Placa de rede é um hardware especificamente proje-
- Conectividade: Wi-Fi - LAN 802.11b/g/n. tado para possibilitar a comunicação entre computadores.
- Processador:Allwinner A10 de 1.0~1.2 Ghz.
- Sistema Operacional:Android 2.3.4.

Placa de rede

RESPOSTA: “D”.

03. (TRE - ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) - Em


relação a hardware e software, é correto afirmar:
Tablet Multilaser Diamond NB005 8GB Android 2.3 a) Para que um software aplicativo esteja pronto para
Tela 7 Polegadas execução no computador, ele deve estar carregado na me-
Wi-Fi HDMI mória flash.

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

b) O fator determinante de diferenciação entre um Após o retorno da energia elétrica, Marco Aurélio ligou
processador sem memória cache e outro com esse recurso o computador e percebeu que havia perdido o documento
reside na velocidade de acesso à memória RAM. digitado, pois não o havia gravado. Como tinha conheci-
c) Processar e controlar as instruções executadas no mentos gerais sobre informática, concluiu que perdera o
computador é tarefa típica da unidade de aritmética e ló- documento porque, enquanto estava digitando, ele estava
gica. armazenado em um dispositivo de hardware que perde seu
d) O pendrive é um dispositivo de armazenamento conteúdo quando o computador desliga. O nome desse
removível, dotado de memória flash e conector USB, que dispositivo é
pode ser conectado em vários equipamentos eletrônicos. a) memória RAM.
e) Dispositivos de alta velocidade, tais como discos rí- b) HD.
gidos e placas de vídeo, conectam-se diretamente ao pro- c) memória ROM.
cessador. d) pen drive.
O pendrive, por ser um dispositivo portátil, de grande
RAM – Randon AcessMemory, ou Memória de Acesso
poder de armazenamento e conector USB (Universal Serial
Randômico, é um hardware considerado como memória
Bus) que permite sua rápida aceitação em vários disposi-
primária, volátil. Ela mantém os dados armazenados en-
tivos de hardware, popularizou-se rapidamente. Hoje, en-
quanto estes estão à disposição das solicitações do proces-
contramos pendrives de vários GBs, como 2, 4, 8, 16 e até sador, mantendo-os através de pulsos elétricos. As infor-
512GB. mações mantidas nesse tipo de memória são informações
A tecnologia USB está sendo largamente utilizada para que estão em uso em um programa em execução, como no
padronizar entradas e conectores, possibilitando um mes- caso de textos que estão sendo digitados e não foram sal-
mo tipo de conector para diversos tipos de equipamentos vos no disco rígido ainda. Como as informações são man-
como mouses, teclados, impressoras e outros. Por esse mo- tidas por pulsos elétricos, caso haja falta de energia, seja
tivo, os equipamentos atuais possuem uma grande quan- pelo desligamento do computador, seja por uma queda
tidade de conectores USB. Além disso, a tecnologia usada brusca que cause o desligamento inesperado do equipa-
por esses conectores é a Plugand Play, onde basta conectar mento, os dados presentes nesse tipo de memória serão
o dispositivo para que o sistema o reconheça precisando perdidos.
de poucos ou quase nenhum caminho de configuração
para poder utilizá-lo. Veja a seguir imagens ilustrativas da memória RAM.
O tipo de memória que o pendrive utiliza - memó-
ria flash - é do tipo EEPROM (Electrically-ErasablePro-
grammableRead-OnlyMemory), uma memória não volátil,
ou seja, não depende da permanência de energia elétrica
para manter os dados,de leitura e gravação. Os chips de
memória flash ocupam pouco espaço físico, mas grande
poder de armazenamento.
Veja imagens de pendrives:

Tipos de memória RAM

RESPOSTA: “A”.

05. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA


– FCC/2012) - Sobre os computadores é correto afirmar:
Tipos de pendrive a) O BIOS é um software armazenado em um chip de
memória RAM fixado na placa mãe. Tem a função de arma-
RESPOSTA: “D”. zenar o Sistema Operacional.
b) A fonte de alimentação transforma a tensão elétrica
04. (ANE - ANALISTA EDUCACIONAL – NÍVEL I – GRAU que entra no computador, de 240 V para 110 V, pois os
A – INSPETOR ESCOLAR – FCC/2012) - Marco Aurélio es- componentes internos suportam apenas a tensão de 110 V.
tava digitando um documento na sala dos professores da b) Barramentos são circuitos integrados que fazem a
escola ABCD quando uma queda de energia fez com que o transmissão física de dados de um dispositivo a outro.
computador que usava desligasse. d) Quando o sistema de fornecimento de energia fa-

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lha, um estabilizador comum tem como principal objetivo


manter o abastecimento por meio de sua bateria até que a O processador é um chip que executa instruções inter-
energia volte ou o computador seja desligado. nas do computador (em geral, operações matemáticas e
e) Um bit representa um sinal elétrico de exatos 5 V lógicas, leitura e gravação de informações). Todas as ações
que é interpretado pelos componentes de hardware do estão presentes na memória do computador e requisitadas
computador. pelo sistema. A velocidade do processador é medida em
ciclos denominados clocks e sua unidade é expressa atra-
(A)BIOS é a sigla do termo Basic Input/Output System, vés de Hz.
ou Sistema Básico de Entrada/Saída. É um software grava- Os registradores são unidades de memória que repre-
do na memória não volátil ou memória ROM, que é a sigla sentam o meio mais caro e rápido de armazenamento de
para ReadOnlyMemory, ou Memória de Somente Leitura, dados. Por isso são usados em pequenas quantidades nos
que não altera ou perde os dados com o desligamento ou processadores.
ausência de energia do computador. Esse software não ar- Quanto às arquiteturas RISC e CISC, podemos nos valer
mazena o Sistema Operacional. É o primeiro software que das palavras de Nicholas Carter, em seu livro Arquitetura de
é executado quando ligamos o computador. Computadores, editora Bookman:
(B)A fonte de alimentação do computador é um equi- ... RISC são arquiteturas de carga-armazenamento, en-
pamento eletrônico, fixada ao gabinete e ligada aos conec- quanto que a maior parte das arquiteturas CISC permite que
tores da placa mãe e alguns drives. Fornece energia aos de- outras operações também façam referência à memória.
mais componentes da máquina. Ela transforma a corrente Podemos citar também o autor Rogério Amigo De Oli-
elétrica alternada (que tem o sentido variável com o tempo) veira, que em seu livro Informática – Teoria e Questões de
em uma corrente constante ao longo do tempo. Concursos com Gabarito, editora Campus, fala a respeito do
(C)Os barramentos são como vias de tráfego presentes clock, da seguinte maneira:
na placa mãe, por onde sinais elétricos (representando da- Em um computador, a velocidade do clock se refere ao
dos) podem percorrer toda sua extensão se comunicando número de pulsos por segundo gerados por um oscilador
com todos os dispositivos. (dispositivo eletrônico que gera sinais), que determina o
(D)O estabilizador é um equipamento eletrônico exter- tempo necessário para o processador executar uma instru-
no ao gabinete do computador, onde os demais cabos de
ção. Assim para avaliar a performance de um processador,
energia da máquina são ligados. Geralmente, o estabilizador
medimos a quantidade de pulsos gerados em 1 segundo e,
é ligado diretamente na rede elétrica e tem a função de es-
para tanto, utilizamos uma unidade de medida de frequên-
tabilizar a tensão desta para evitar danos ao equipamento
cia, o Hertz.
devido às variações e picos de tensão.
(E)BIT é a sigla para BinaryDigit, ou Dígito Binário, que
RESPOSTA: “E”.
pode ser representado apenas pelo 0 ou pelo 1 (verdadeiro
ou falso) que representam a menor unidade de informação
transmitida na computação ou informática. 07. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA –
FCC/2012) - O armazenamento de informações em compu-
RESPOSTA: “C”. tadores é feito pela utilização de dispositivos chamados de
memória, que as mantêm de forma volátil ou permanente.
06. (TCE/SP - AGENTE DE FISCALIZAÇÃO FINANCEIRA Entre esses dispositivos, está a memória RAM ou memória
– FCC/2012) - O processador do computador (ou CPU) é a) magnética.
uma das partes principais do hardware do computador e é b) secundária.
responsável pelos cálculos, execução de tarefas e processa- c) cache.
mento de dados. Sobre processadores, considere: d) principal.
I. Contém um conjunto restrito de células de memória e) de armazenamento em massa.
chamados registradores que podem ser lidos e escritos mui-
to mais rapidamente que em outros dispositivos de memó- A memória RAM, sigla de Random Access Memory, ou
ria. memória de acesso randômico, é um dispositivo eletrônico
II. Em relação a sua arquitetura, se destacam os modelos de armazenamento temporário de dados que permite a lei-
RISC (ReducedInstruction Set Computer) e CISC (Comple- tura e escrita, ou seja, as informações ocupam lugar nessa
xInstruction Set Computer). memória enquanto aguardam serem usadas pelo proces-
III. Possuem um clock interno de sincronização que defi- sador. Os dados da memória RAM são representados por
ne a velocidade com que o processamento ocorre. Essa ve- pulsos elétricos e são descartados assim que o fornecimento
locidade é medida em Hertz. de energia elétrica é interrompido, seja pelo desligamento
Está correto o que se afirma em do computador, ou por uma queda de energia. Por esse mo-
tivo, essas memórias também são chamadas de memórias
a) III, apenas. voláteis. Devido a sua importância para o funcionamento
b) I e II, apenas. do computador, a memória RAM é considerada um tipo de
c) II e III, apenas. memória principal. Existem ainda outros tipos de memórias
d) II, apenas. que são consideradas desse grupo, como a memória ROM,
e) I, II e III. sigla de ReadOnlyMemory, ou memória de somente leitura,

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

onde os dados são geralmente gravados na fábrica e não Setup. Assim sendo, todas as alternativas abaixo são res-
são perdidos em caso de ausência de energia. Por esse mo- ponsáveis por esse defeito, EXCETO:
tivo, a memória ROM é considerada memória não volátil. a) HD com defeito físico
b) Defeito na placamãe
RESPOSTA: “D”. c) Defeito no cabo de alimentação do HD
d) Defeito no cabo de dados do HD
08. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)- e) HD sem formatação
Com relação aos fatores que podem levar ao travamento HD é a sigla para Hard Disk e representa o hardwa-
aleatório em um computador: re responsável pelo armazenamento das informações de
I. Aquecimento excessivo do processador; dados salvos pelo usuário, de programas instalados e até
II. Defeito na memória RAM; informações presentes em memória virtual para posterior
III. Inconstância na rede elétrica; uso em processamentos de informação.
IV. Bateria da placamãe descarregada. O HD é ligado por um cabo flat ao conector IDE da
Dentre os fatores listados anteriormente, estão corretos placa mãe. Além dessa conexão, há também a conexão do
a) apenas I, III e IV. cabo da fonte de alimentação de energia.
b) apenas II, III e IV. Se conectarmos um HD não formatado e ligarmos o
c) apenas I, II e III.
computador, a mensagem de detecção ocorrerá normal-
d) apenas I e II.
e) apenas III e IV. mente, mas aparecerá outra mensagem que indica que não
há sistema operacional instalado.
Dizemos que um computador está travado quando sua
tela fica estática, impossibilitando abertura, fechamento ou RESPOSTA: “E”.
execução de qualquer tarefa no computador. Um trava-
mento aleatório é aquele que não ocorre sempre em um 10. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
mesmo programa ou em determinado momento do traba- MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)-
lho do computador. Quando o computador começa a exibir a mensagem de
I – O processador é a peça do computador responsável erro “CMOS CHECKSUM FAILURE” após ser ligado, significa
pela execução lógica e aritmética das tarefas e operações que o usuário deve realizar
de busca, leitura e gravação de dados do computador. A
a) a substituição da RAM.
entrada e saída contínua de informações transformadas
em linguagem de máquina e os registradores presentes no b) a troca da bateria da placamãe.
processador são todos mantidos por pulsos elétricos e o c) a formatação do HD.
aquecimento é resultado da aceleração dos processadores. d) a inicialização do computador.
Processadores mais velozes tendem a ser mais aquecidos. e) a operação de Boot pelo CD.
Por esse motivo os processadores são utilizados sob pastas CMOS é a sigla para Complementary Metal Oxide Se-
térmicas e coolers, que são apropriados para cada tipo de miconductor, uma tecnologia usada em semicondutores
processador. O aquecimento do processador pode causar que requerem pouquíssima energia. O termo se popula-
travamentos e inclusive o desligamento inesperado da má- rizou com o significado de uma pequena área de arma-
quina. zenamento em que o sistema controla determinados pa-
II- A memória RAM é o hardware responsável pelo
râmetros de hardware como, por exemplo, o tamanho do
armazenamento temporário das informações que serão
usadas pelo computador. Essas informações também são disco rígido, o número de portas seriais que o computador
mantidas por pulsos elétricos, o que faz com que se per- possui e assim por diante.
cam caso haja a interrupção no fornecimento de energia. Checksum é um controlador de erro que funciona rea-
Vários erros no sistema são causados por defeitos na me- lizando soma e conferência de bits.
mória RAM como a “tela azul”, a reinicialização inesperada Failure significa falha.
do sistema e travamentos aleatórios. Um dos motivos des- Então, com a mensagem CMOS CHECKSUM FAILURE,
ses travamentos ocorre quando o computador tenta gravar nós temos a informação de que houve uma falha na checa-
momentaneamente uma informação na RAM e não recebe gem dos dados que o CMOS é responsável por armazenar.
permissão para essa tarefa devido a um defeito no local de Esses dados são preservados pela bateria da placa mãe e
locação da memória, ou quando a informação não conse- por esse motivo sua troca pode resolver o problema.
gue ser lida pelo processador.
III – Todo o funcionamento do computador é impulsio-
nado pela eletricidade. Picos ou ausências dela causam de-
feitos em hardware, problemas no funcionamento correto
dos procedimentos computacionais e podem ocasionar os
travamentos aleatórios.

RESPOSTA: “C”.

09. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM Bateria de placa mãe


MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - São
vários os fatores que causam a não detecção do HD pelo RESPOSTA: “B”.

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

11. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM


MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - As-
sinale a alternativa correta, que especifica o tempo de re-
produção de um CD, cuja capacidade de armazenamento
é de 650 MB:
a) 70 min
b) 76 min
c) 80 min
d) 74 min
e) 84 min

CD é a sigla para CompactDisc, que pode ser um CD


-RCompactDiscRecordable) e CD-RW (CompactDiscRecor-
dableRewritable),respectivamente gravado uma única vez e HD indicando os discos, motor, atuador, cabeça de
depois apenas lido e gravado e regravado. leitura e gravação e braço
A informação de quantos minutos a reprodução terá
em um CD de 650 MB pode ser conseguida através dos IDE é a sigla para Intergrated Drive Electronics e trata-
seguintes dados: se dos conectores presentes na placa mãe para o encaixe
do cabo flat que terá uma de suas extremidades ligadas ao
X = 150 KB por segundo HD ou a um drive de gravação de CD/DVD.
1Byte= 8 bits
1kiloByte ( kb ) = 1 024 Bytes
1megaByte(Mb) = 1 024 kb = 1 048 576 Bytes
1 gigaByte (Gb) = 1 024 Mb = 1 073 741 824 Bytes
1 teraByte (Tb) = 1 024 Gb = 1 099 511 627 776 Bytes
1 petaByte (Pb) = 1 024 Tb = 1 125 899 906 842 624
Bytes
650 MB = 665600 kb
665600/150=4437,33 (dados gravados por segundo).
Conectores IDE em uma placa mãe
Um minuto tem 60 segundos, então,4437,33/60=
73,9555 que, aproximando e devido à dízima periódica, RESPOSTA: “B”.
será equivalente a 74 minutos. 13. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
RESPOSTA: “D”. Qual das alternativas abaixo NÃO representa uma tecnolo-
gia relacionada ao padrão SATA?
12. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM a) Staggered Spin-UP.
MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012)- To- b) Enhanced IDE.
das as alternativas abaixo representam as partes de um dis- c) Hot Plug.
co rígido, EXCETO: d) Link Power Management.
a) placa controladora lógica; e) Native Command Queuing.
b) conectores internos padrão IDE;
c) cabeças de leitura e gravação; 1. SATA é a sigla para Serial Advanced Technology
d) platter; Attachment.É o nome dado para uma tecnologia emprega-
e) componentes internos de controle do atuador. da em HDs, unidades óticas e outros dispositivos de arma-
zenamento. Com essa tecnologia, a transmissão dos bits é
As imagens a seguir, retiradas do site www.infowester. em série.
com, permitem a comprovação das opções corretas. 2. As tecnologias relacionadas ao SATA são:
3. Staggered Spin-Up: entre outras funções, permite
o trabalho com um dos discos do HD, independente de in-
terferência com outros, e melhora a distribuição de energia
entre os discos.
4. Hot Plug: recurso usado principalmente para HDs
externos ou removíveis, que permite a conexão desse har-
dware com o computador ligado.
5. Link Power Management: interfere na gestão da
energia elétrica, fazendo com que o HD receba energia
conforme um dos seus estados: ativo, parcialmente ativo
HD indicando a placa lógica e o motor ou inativo.

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

6. NativeCommandQueuing:é uma tecnologia que Conector USB, ou Universal Serial BUS, é um barramen-
permite ao HD organizar as solicitações de gravação ou lei- to com uma entrada (porta-conector) única para diversos
tura de dados numa ordem que faz com que as cabeças se tipos de periféricos como teclados, mouses, impressoras e
movimentem o mínimo possível, aumentando (pelo menos outros. Além de simplificar a vida do usuário na hora de co-
teoricamente) o desempenho do dispositivo e sua vida útil. nectar os periféricos, esse padrão utiliza a tecnologia plug
and play, que oferece suporte rápido para a configuração
EnhancedIDE é a sigla para EnhancedIntegrated Drive do software necessário para o funcionamento do hardware
Electronics, que se trata de uma outra tecnologia para dis- conectado, com poucos ou nenhum clique do usuário.
cos rígidos, que não faz parte das tecnologias SATA.

RESPOSTA: “B”.

14. (PREFEITURA DE ANGICOS/RN - TÉCNICO EM


MANUTENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) -
Qual das alternativas abaixo especifica a menor quantida-
de de informação que um sistema operacional consegue
gerenciar em um disco rígido?
a) cilindro.
b) cluster.
c) trilha.
d) segmento. Detalhes do conector USB
e) setor.
Um cluster é a menor parte do disco rígido reconheci-
da pelo sistema operacional, e pode ser formada por vários
setores. Um cluster não armazena mais de um arquivo, mas
se o tamanho do arquivo exceder o tamanho do cluster, ele
será gravado em mais de um cluster.

Detalhes do barramento da placa de circuitos.

RESPOSTA: “D”.

Esquema para demonstração de cluster

RESPOSTA: “B”.

15. (Prefeitura de Angicos/RN - TÉCNICO EM MANU-


TENÇÃO DE COMPUTADOR – ACAPLAM/2012) - Em um
computador o termo barramento refere-se aos contatos fí-
sicos que conduzem sinais entre o processador e qualquer
dispositivo periférico. Assim sendo, assinale a alternativa
que contém o padrão de barramento de dados que permi-
te a conexão de vários periféricos externos ao computador,
por meio de uma única interface e um único protocolo, eli-
minando a necessidade de instalação de placas externas:
a) DDR
b) PCI
c) DIMM
d) USB
e) AGP

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A arte na escola: desenho, teatro, música, pintura...................................................................................................................................... 01
Construção das noções de espaço, tempo e grupo................................................................................................................................... 32
Língua portuguesa: o processo de aquisição da leitura e da escrita. O texto: apreensão de ideias básicas e acessórias. In-
terpretação de ideias sugeridas por imagens. Metodologia da linguagem: objetivos do trabalho com a linguagem verbal
na escola. Usos, funções e valores sociais da linguagem oral e da escrita. Linguagem: variação linguística; interlocução.
O professor, o aluno e o processo de elaboração de textos escritos................................................................................................... 37
Matemática: a construção dos conceitos matemáticos. Sistema de numeração em diferentes bases. Resolução de pro-
blemas. Metodologia do ensino de matemática.......................................................................................................................................... 69
Ciências: água, ar e solo – características físicas, químicas e biológicas e suas relações nos ecossistemas......................... 99
Sol – fontes de energia e processos energéticos vitais na natureza..................................................................................................137
Transformações dos materiais na natureza..................................................................................................................................................145
Seres vivos – suas relações e interações ambientais, cadeia e teia alimentar.................................................................................147
Corpo humano: higiene, alimentação, estrutura, funções, reprodução e sexualidade...............................................................157
Meio ambiente. Impactos ambientais – manejo e conservação. Lixo. Poluição............................................................................195
Estudos sociais: Economia e política no Brasil............................................................................................................................................203
Principais problemas socioeconômicos, desigualdades regionais no Brasil de hoje...................................................................210
Brasil e estado de Pernambuco: principais aspectos geográficos e econômicos..........................................................................213
Espaço e tempo: localização, organização, representação. Tempo físico. Linha de tempo.......................................................215
Mapas e globo terrestre.......................................................................................................................................................................................218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
SILVANA GUIMARÃES FERREIRA (8) preparação de apresentações artísticas e objeto para
Bacharel em Direito comemoração de datas comemorativas e festivas;
Especialização em Gestão Empresarial e Gestão de Proje- (9) leitura e releitura de obras de grandes artistas;
tos; Consultora Empresarial e Coordenadora de Projetos (10) pesquisa sobre a vida e obra de artistas famosos; en-
Empresária; Palestrante (área Desenvolvimento Pessoal / tre outros.
Atendimento e Vendas / Relações Comportamentais) A nossa compreensão é a de que por trás de cada ativida-
de dessa existe, respectivamente, uma concepção de ensino
de arte, que teve sua origem ao longo da trajetória histórica
A ARTE NA ESCOLA: DESENHO, TEATRO, da Arte/Educação no Brasil; pois, essas são práticas que his-
MÚSICA, PINTURA. toricamente vêm se afirmando e se cristalizando na educação
escolar.
Segundo Barbosa (2005), nos últimos anos a necessida-
de de compreendermos a área de Arte/Educação em relação
Observa-se que o ensino de arte, desde a década de 1970, com a cultura que nos cerca tem gerado muitos estudos im-
tomando de empréstimo uma expressão utilizada por Azeve- portantes. Dentre esses estudos, Barbosa (2005) vai citar os
do (1997), vem se constituindo como uma “questão social- trabalhos de Räsänem (1998), Agirre (2000) e Eisner (2002).
mente problematizada”; uma temática que tem sido tratada, De forma geral, esses teóricos buscaram estabelecer quais as
até certo ponto, com abundância pela literatura educacional concepções de ensino de arte estão presentes nas práticas
brasileira, sob variados ângulos e critérios e que conta, inclu- pedagógicas na contemporaneidade. No entanto, o diagnós-
sive, com um amplo movimento de discussão e reflexão ins- tico realizados por esses pesquisadores estão relacionados
titucionalizada sobre o campo denominado “Arte/Educação”. aos seus contextos sociais e históricos imediatos, neste caso,
Dessa forma, a Arte/Educação é epistemologia da arte. É estamos nos referindo ao ensino de arte desenvolvido respec-
a ciência do ensino de arte (BARBOSA, 1998b, 2002b; RIZZI, tivamente na Finlândia, Espanha e Estados Unidos da Améri-
2002; SAUNDERS, 2004). Nesse sentido, a Arte/Educação tem ca. No entanto, como este fenômeno tem se caracterizado na
se caracterizado como um campo amplo de conhecimento realidade educacional brasileira?
que, durante a sua trajetória histórica e sócio-epistemológi- Entendendo que todo e qualquer processo situa-se his-
ca, vem agregando diferentes estudos, os quais são frutos de toricamente no contexto em que está inserido política e cul-
pesquisas científicas na área da arte e seu ensino, pesquisas turalmente e que não são fenômenos que se constituíram a
artísticas e da produção de conhecimento/saberes, através da priori, mas que vêm emergindo das diversas concepções de
prática de ensino experimental de arte, na educação escolar educação e sociedade presentes em determinada realidade,
e não-escolar. buscamos através desta pesquisa compreender quais as ten-
Assim, a Arte/Educação, como campo de conhecimento dências e concepções de ensino de arte estão presentes na
empírico-conceitual, tornou-se aberto a diferentes enfoques realidade educacional brasileira.
e vêm agregando em seu corpus uma diversificada linha de Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória na li-
atuação, estudo e pesquisa, tais, como: a formação do profes- teratura brasileira especializada sobre Arte/Educação. Do le-
sor para o ensino de arte; a história do ensino de arte no Bra- vantamento realizado, apenas os estudos sobre a história e
sil; Dança/Educação; Educação Musical; o ensino da arte na os fundamentos da Arte/Educação foram selecionados para
educação escolar; o ensino da arte na educação não-escolar; fazer parte do rolde documentos que seriam analisados.
o ensino das artes visuais; o ensino inclusivo de arte; os fun- Os estudos selecionados foram os de Azevedo (2000; 2003;
damentos da Arte/Educação; os processos de aprendizagem 2005), os de Barbosa (1984; 1975; 1998a; 2002a; 2002b; 2002c;
da arte; Teatro/Educação; entre outros. 2002d; 2005), o de Efland (2005), o do INEPE (1980), o de Jo-
Apesar dos diferentes olhares desse campo de conheci- godzinski (2005), os de Richter (2002; 2003), o de Rizzi (2002)
mento, o enfoque desta pesquisa está relacionado ao campo e o de Varela (1986).
do ensino da arte na educação escolar. Utilizamos, como procedimento para a análise dos estu-
Sobre o ensino da arte na educação escolar, diferentes dos, as técnicas da análise de conteúdo, sistematizadas por
estudos vêm sendo realizados para diagnosticar essa práti- Bardin (1977). Diante da especificidade do nosso objeto de
ca educativa (SILVA, 2004; ALMEIDA, 2001; BARBOSA, 2002b, investigação e da compreensão de que a análise de conteúdo
2002d). A partir desses estudos e de uma simples observação não é um instrumento, mas, um conjunto de técnicas de análi-
analítica sobre a prática de ensino da arte na escola vamos se das comunicações, adotamos para tratamento e análise dos
encontrar a presença de diferentes tratamentos conceituais, dados desta pesquisa os procedimentos da análise temática.
didáticos e metodológicos, tais, como: Desta forma, A nossa análise foi operacionalizada a partir
(1) produção de desenho, pintura e atividades artísticas de quatro operações básicas:
livres; (1) a pré-análise; (2) a exploração do material; (3) o trata-
(2) realização de dramatizações didáticas; mento dos resultados obtidos; (4) e a interpretação dos resul-
(3) cantar músicas da rotina escolar e/ou o canto pelo tados, a partir da inferência.
canto; Na próxima seção, apresentaremos os dados encontra-
(4) assistir a apresentações artísticas; dos a partir da realização do percurso metodológico que
(5) realização de jogos teatrais e jogos dramáticos; acabamos de explicitar. Esses resultados são frutos tanto
(6) ensino do desenho, do desenho geométrico, dos elemen- da análise dos conteúdos manifestos, como da análise dos
tos da linguagem visual e a aplicação desses conteúdos a objetos; conteúdos latentes, encontrados nas unidades de contexto,
(7) pintura de desenhos e figuras mimeografadas; conforme poderá ser verificado, a seguir.

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
O Ensino de Arte na Educação Escolar: as Diferentes Ten- Com a abolição do trabalho escravo (1888) e com a
dências e Concepções de Ensino Proclamação da República (1889), os liberais e positivistas
Conforme explicitado na seção anterior, a partir dos di- provocaram grandes reformas nas diferentes esferas da
ferentes estudos na área dos fundamentos e da história da sociedade, com a pretensão de consolidar o novo regime
Arte/Educação, foi possível caracterizar as tendências e as político do Brasil, através de uma mudança radical nas ins-
concepções de ensino de arte presentes na trajetória histó- tituições.
rica da educação brasileira. Nessa direção, a educação brasileira teve que acom-
Dessa forma, os resultados apontaram que o ensino de panhar esse novo momento político, pois os liberais e os
arte no Brasil possui três grandes tendências conceituais, positivistas encaravam a educação como um campo estra-
que, didaticamente, classificamos em: tégico para a efetivação dessas mudanças.
(1) Ensino de Arte Pré-Modernista; Dessa forma, o ensino de arte passou a desempenhar
(2) Ensino de Arte Modernista; e um importante papel, através do ensino do desenho como
(3) Ensino de Arte Pós-Modernista ou Pós-Moderno. linguagem da técnica e da ciência, sendo “valorizadas como
meio de redenção econômica do país e da classe obreira,
Assim, percebe-se que o Modernismo, através da uti-
que engrossara suas fileiras com os recém-libertos” (BAR-
lização de prefixos gregolatinos (pré e/ou pós), nomeia
BOSA, 2002c, p. 30).
as outras tendências da Arte/Educação no Brasil. A nos-
A corrente liberal teve em Rui Barbosa o seu grande re-
sa compreensão é a de que o Modernismo, tanto na Arte
como na Arte/Educação, é considerado a grande ruptura presentante, o qual propôs, através de suas reformas edu-
no modo de conceber a arte e o seu ensino, que tradicio- cacionais, a implantação do ensino de Desenho no currí-
nalmente era centralizada no ensino da técnica. “Na reali- culo escolar, com o objetivo primordial de preparar o povo
dade, nossa primeira grande renovação metodológica no para o trabalho.
campo da Arte-Educação se deve ao movimento de Arte Tomando como base os princípios filosóficos de Au-
Moderna de 1922” (BARBOSA, 1975, p. 44). gusto Comte, os positivistas brasileiros acreditavam que
Dentro dessas tendências, vamos encontrar, diferentes a arte possuía importância na medida em que contribuía
concepções de ensino da arte. Na Tendência Pré-Moder- para o estudo da ciência. Acreditavam que a arte era um
nista, encontraremos a concepção de Ensino da Arte como poderoso veículo para o desenvolvimento do raciocínio e
Técnica; já na Tendência Modernista, vamos encontra a da racionalização da emoção, desde que ensinada através
concepção de Ensino da Arte como Expressão e também do método positivo, que subordinava a imaginação à ob-
como Atividade; e finalmente na Tendência Pós- Moder- servação.
nista, a concepção de ensino da Arte como Conhecimento. Conforme apresentado neste breve histórico, aproxi-
No entanto, quais os princípios e finalidades do ensino madamente, quatro séculos do ensino de arte no Brasil fo-
da arte nessas concepções? Quais os seus contextos sócio ram baseados, exclusivamente, na concepção de arte como
-históricos? Quais as matrizes teóricas que as fundamen- técnica. No entanto, essa concepção de ensino não ficou
tam? Quais os princípios metodológicos? Para responder restrita apenas a esse período histórico, pois, ainda hoje
a essas questões iremos, a seguir, caracterizar todas essas encontramos nas práticas escolares essa concepção de en-
concepções de ensino de arte, que acabamos de explicitar. sino de arte, que vem se manifestando através do ensino
do desenho, do ensino do desenho geométrico, do ensino
O Ensino de Arte como técnica dos elementos da linguagem visual, descontextualizada da
A idéia de ensino de arte como técnica está ligada à obra de arte; na produção de artefatos, utilizando-se de
origem do ensino de arte no Brasil. elementos artísticos para a sua composição; na pintura de
Com a presença dos Jesuítas, em 1549, iniciou-se o en- desenhos e figuras mimeografadas.
sino de arte na Educação Brasileira através de processos
Observa-se, então, que a orientação de ensino de arte
informais, caracterizados pelo ensino da arte em oficinas
como técnica parte basicamente de dois princípios: (1) a
de artesões. O objetivo era catequizar os povos da terra
nova, utilizando-se, como um efetivação do processo de aprendizagem da arte através
dos instrumentos, o ensino de técnicas artísticas. do ensino de técnicas artísticas, para uma formação me-
Na educação formal, o ensino de arte tem a sua gênese ramente propedêutica, que visa, como por exemplo, à
marcada pela criação da Academia Imperial de Belas Artes, preparação para a vida no trabalho; (2) e na utilização da
em 1816, com a chega da Missão Artística Francesa, forma- arte como ferramenta didático-pedagógica para o ensino
da por grandes nomes da arte da Europa. das disciplinas mais importantes do currículo escolar, tais,
Todos os membros da Missão Francesa possuíam uma como Matemática e Língua Portuguesa.
orientação neoclássica, que marcou o seu modo de ensinar Nessa concepção, o ensino de arte na educação esco-
arte. No ensino, nessa orientação predominava basicamen- lar não possui um fim em si mesmo, mas, serve como meio
te o exercício formal da produção de figuras, do desenho para se alcançar objetivos que não estão relacionados com
do modelo vivo, do retrato, da cópia de estamparias, obe- o ensino de arte propriamente dito.
decendo a um conjunto de regras rígidas. No texto legal, Contrapondo-se à Tendência Pré-Modernista do Ensi-
o ensino da arte nos moldes neoclássico era caracterizado no de Arte, que foi caracterizada pela concepção de ensino
como acessório; um instrumento de modernização de ou- de arte como técnica, a partir de 1914, começou a despon-
tros setores, e não como uma atividade com importância tar a Tendência Modernista, através da influência da pe-
em si mesmo. dagogia experimental, conforme apresentaremos a seguir.

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O Ensino de Arte como expressão Nesta direção, o MEN se contrapõe ao modelo peda-
A concepção de ensino de arte como o desenvolvi- gógico tradicional, defendendo no centro das discussões
mento da expressão e da criatividade tem as suas bases educacionais da época uma nova concepção de criança,
conceituais e metodológicas ligadas ao Movimento Escoli- conforme citação abaixo:
nhas de Arte (MEA). [...] nela a criança não era pensada como miniatura
Apesar de o MEA ter se constituído na prática em um de adulto, mas deveria ser valorizada e respeitada em seu
movimento de ensino de arte extra-escolar, ele exerceu próprio contexto, com sua forma peculiar de pensar/agir
grande influência sobre o ensino de arte na escola. Essa no mundo, possuindo uma capacidade expressiva original,
influência se deve ao fato de o MEA ter se constituído comunicando-se por meio de seu gesto-traço, seu gesto-
como o primeiro importante movimento que possibilitou teatral e seu gesto-sonoro (AZEVEDO, 2000, p. 37).
o processo de transformação filosófica e metodológica de Foi nesse campo fértil que, em 1948, foi fundada, no
nossa Arte/Educação (AZEVEDO, 2000). Um outro fator foi Rio de Janeiro, a Escolinha de Arte do Brasil (EAB), pelos
que o MEA, durante mais de duas décadas, foi responsável artistas plásticos Augusto Rodrigues, Margaret Spencer e
pela formação inicial e continuada dos arte/educadores de Lúcia Valentim.
diferentes regiões brasileiras, conforme apresentado nos A EAB foi o início do que seria mais tarde denominado
estudos de Varela (1986). MEA, formado por um conjunto de “140 escolinhas espa-
No entanto, a origem histórica da Tendência Modernis- lhadas ao longo do território nacional e mais uma em As-
ta do Ensino de Arte no Brasil antecede à criação do MEA. sunção, no Paraguai; uma em Lisboa, Portugal e duas na
Dessa forma, diferentes fatores contribuíram para o surgi- Argentina, sendo uma em Buenos Aires e a outra na cidade
mento da Tendência Modernista de Ensino da Arte que, ao de Rosário” (AZEVEDO, 2000, p. 25).
longo de mais de duas décadas, iriam produzir um campo Com o surgimento do MEA como um grande e im-
fértil para a criação do MEA. portante movimento, novas possibilidades surgiram para
A partir de 1914, através da influência americana e eu- a Arte/Educação brasileira, conforme explicitado por Bar-
ropeia, que implementou a pedagogia experimental nos bosa:
cursos de formação de professores no Estado de São Pau- Somente em 1948, com a criação da Escolinha de Arte
lo, observa-se que, pela primeira vez no Brasil o desenho do Brasil, novos horizontes se abrem para novas concep-
infantil foi tomado como livre expressão da criança, como ções, e o objetivo mais difundido da Arte-Educação passou
uma representação de um processo mental, passível de in- a ser, entre nós, o desenvolvimento da capacidade criadora
vestigação e interpretação. Apesar dessa nova concepção em geral (BARBOSA, 1975, p. 46).
psicopedagógica ter tido seu início em São Paulo, ela pas- O MEA, ao longo de sua história, recebeu diferentes
sou a influenciar o Brasil como um todo, a partir da atuação influências e contribuições teóricas de educadores, psicó-
dos diferentes educadores paulistas nas reformas educa- logos, artistas. No entanto, as bases conceituais que mar-
cionais dos outros Estados da Federação. caram profundamente o MEA devem-se aos estudos dos
estrangeiros Herbert Read, especialmente da sua obra
Entretanto, apesar dessa nova visão sobre o desenho
“Educação Através da Arte” (READ, 1982), e Viktor Lowen-
da criança, os valores estéticos da arte infantil só passaram
feld, através de sua obra “Desenvolvimento da Capacidade
a ser reconhecidos e valorizados como produto estético
Criadora” (LOWENFELD, 1977).
com a introdução das correntes artísticas expressionistas,
Essas obras traduziam o ideário pedagógico do MEA
futuristas e dadaístas na cultura brasileira, através da reali-
que, através da proposta de educar mediante a arte, bus-
zação da Semana de Arte Moderna de 1922. cou valorizar a arte da criança, a partir de uma concepção
Os modernistas Mário de Andrade e Anita Malfatti de- de ensino baseada no desenvolvimento da livre expressão
sempenharam um papel fundamental na introdução das e da liberdade criadora. A grande Arte/Educadora Noêmia
ideias da livre-expressão do ensino de arte para as crianças, Varela foi de fundamental importância na introdução desse
através da implementação de novos métodos baseados na ideário pedagógico no MEA.
valorização da expressão e da espontaneidade da criança, Ainda segundo Azevedo (2000), um outro valor ressal-
conforme citação abaixo: tado pela Arte/Educação Modernista era a democratização
A ideia da livre-expressão, originada no expressionis- da Arte através da dessacralização da obra de arte, baseada
mo, levou à ideia de que a Arte na educação tem como fi- na ideia de que todas as crianças, em potencial, eram ca-
nalidade principal permitir que a criança expresse seu sen- pazes de produzir e de expressar-se através da arte, inclu-
timento e à idia de que a Arte não é ensinada, mas expres- sive crianças com necessidades educacionais especiais. No
sada. Esses novos conceitos, mais do que aos educadores, entanto, para que a criança fosse capaz de produzir a sua
entusiasmaram artista e psicólogos, que foram os grandes própria arte era preciso preservá-la da arte instituída, que
divulgadores dessas correntes e, talvez por isso, promover era produzida pelo adulto, pois, a arte adulta não deveria
experiências terapêuticas passou a ser considerada a maior ser apresentada para a criança como um modelo.
missão da Arte na Educação (BARBOSA, 1975, p. 45). Na proposta do MEA, a aproximação com o univer-
Com a democratização política do Brasil na década so da arte adulta deveria acontecer naturalmente. Nesse
de 1930, surgiu um movimento de renovação educacional sentido, a função do Arte/Educador era interferir o mínimo
denominado “Escola Nova”. Inspirado no pensamento do possível na arte da criança. Essa maneira de proceder iria
filósofo americano John Dewey, esse novo ideário pedagó- possibilitar conservar um valor fundamental divulgado pela
gico foi trazido para o Brasil através dos educadores Nereu Arte/Educação Modernista: a originalidade como um fator
Sampaio e Anísio Teixeira. primordial do fazer artístico.

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Conforme acabamos de apresentar, o ensino de arte No contexto político e social do Regime Militar, a Lei
modernista possui uma trajetória conceitual de, aproxima- 5.692/71 desempenhou, apenas, uma função meramente
damente, 57 anos (1914-1971). Se comparada à tendência ideológica, que tinha como objetivo dar um caráter huma-
pré-modernista (arte como técnica), ela possuiu uma tra- nista ao currículo. “As artes eram aparentemente a única
jetória relativamente curta. No entanto, apesar dessa curta matéria que poderia mostrar abertura em relação às huma-
trajetória, a concepção de ensino de arte como desenvol- nidades e ao trabalho criativo, porque mesmo Filosofia e
vimento da expressão e da criatividade deixou marcas pro-
História foram eliminadas do currículo” (BARBOSA, 2002b,
fundas na maneira de ensinar arte na escola. Dessa forma,
encontramos, ainda, na escola práticas de ensino de arte, p. 9).
tais, como: (1) produção de desenho e pintura como forma Na realidade, a referida Lei, no campo do ensino da
de expressão do pensamento da criança; (2) levar as crianças arte, caracterizou-se como uma ação não planejada, pois,
para assistirem a diferentes apresentações artísticas (dança, as atividades eram desenvolvidas, apenas, para cumprir as
teatro, cinema, circo, entre outras) e a exposições em mu- formalidades e ocupar os horários, sendo ministradas por
seus de arte e em centros culturais. Atividades essas, reali- professores de outras áreas que não compreendiam o sig-
zadas, sem, contudo, terem sido planejadas as estratégias nificado da Arte na Educação.
de compreensão do conhecimento artístico antes, durante É necessário destacar, que diferente das outras con-
e após a excursão didática, caracterizando-a, apenas, como cepções de ensino de arte, não encontramos em nossos
uma simples aula passeio. Essas atividades, em geral, são estudos registros históricos ou conceituais de uma matriz
trabalhadas de forma “livre”, sem qualquer intervenção e/ou
teórica que a fundamentasse. Na realidade, essa concepção
mediação do professor na percepção dos produtos artísticos
e na realização da produção da criança, partindo da crença é a maior expressão da presença do tecnicismo pedagógi-
de que a aprendizagem do conhecimento artístico ocorre co no ensino de arte.
de forma espontânea, sem haver necessidade de qualquer Apesar de uma trajetória conceitual curta, a concep-
trabalho de mediação do professor. ção de ensino da arte como atividade cristalizou no ensino
Dessa forma, a grande ênfase nessa concepção é sobre de arte diferentes práticas pedagógicas, que encontramos,
as ações mentais desenvolvidas durante a realização da ati- ainda hoje, nas escolas brasileiras, tais, como: (1) cantar mú-
vidade artística, ou seja, sobre o processo, tendo pouca im- sicas da rotina escolar e/ou o canto pelo canto; (2) preparar
portância o produto resultante. apresentações artísticas e objetos para a comemoração de
É a partir dessa ideia que vai surgir à concepção de datas comemorativas; (3) fazer a decoração da escola para
ensino de arte como lazer, auto expressão e catarse, o que
as festas cívicas e religiosas; entre outras.
descaracteriza a arte como um conhecimento indispensável
Isenta de qualquer conteúdo de ensino, a concepção
para a formação das novas gerações, passível de ser ensina-
do e aprendido. de ensino da arte baseada exclusivamente no “fazer artísti-
Essa interpretação custou à área de arte ser configurada co” contribuiu muito para relegar a arte a um lugar inferior
apenas como uma mera atividade, sem conteúdos próprios, na educação escolar. Essa compreensão custou, inclusive,
conforme verificaremos na concepção de ensino de arte a retirada do ensino de arte das três primeiras versões da
como atividade, que apresentaremos a seguir. nova LDBEN, nos meados da década de 1980.
O Ensino de Arte como atividade Convictos da necessidade do ensino de arte no desen-
A concepção de ensino da arte baseada na simples rea- volvimento intelectual das novas gerações, os arte/educa-
lização de atividades artísticas é resultado do esvaziamento dores brasileiros se organizaram e lutaram politicamente
dos conteúdos específicos da área de arte na educação es- para garantir a presença da arte no currículo escolar, a
colar.
partir da ideia de que arte é um campo de conhecimento
Essa concepção de ensino foi legitimada através da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de n° específico, com objetivos, conteúdos, métodos de ensino
5.692, promulgada em 11 de agosto de 1971, que instituiu a e processos de avaliação da aprendizagem próprios, e não
obrigatoriedade do ensino de arte nos currículos das escolas apenas uma mera atividade, conforme poderemos verificar
de 1° e 2° graus. na concepção de ensino de arte, a seguir.
A partir dessa Lei, o ensino de arte no Brasil passou a
ser designado através da rubrica “Educação Artística”. Uma O Ensino de Arte como conhecimento
terminologia ultrapassada para o período em que foi criada, A concepção de ensino de arte como conhecimento,
diante dos avanços possibilitados pelos diferentes estudos ao contrário das teses liberais, positivistas e modernistas,
e discussões da área da arte e seu ensino, desenvolvidas no defende a ideia da arte na educação com ênfase na própria
Brasil, Estados Unidos e Europa. arte, denominada por Eisner (2002) como o “essencialismo”
No entanto, apesar de instaurar a obrigatoriedade do
no ensino de arte.
ensino da arte na educação escolar, a Lei, ao designar os
componentes do currículo, classificou-os em duas modali- Segundo Rizzi (2002), a corrente essencialista:
dades: (1) Disciplinas (áreas do conhecimento com objetivos, …acredita ser a Arte importante por si mesma e não
conteúdos, metodologias e processo de avaliação específi- por ser instrumento para fins de outra natureza. Por ser
ca); (2) e atividades (desenvolvimento de práticas e proce- uma experiência que permite a integração da experiência
dimentos). Dessa forma, coube à arte, dentro do currículo singular e isolada de cada ser humano com a experiência
escolar, desempenhar, apenas, o papel de mera atividade. da humanidade (RIZZI, 2002, p. 64-65).

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Por tanto, compreender a arte como uma área de co- Foi nesse contexto de luta que, em 20 de dezembro de
nhecimento, como uma construção social, histórica e cul- 1996, os arte/educadores brasileiros conquistaram a obri-
tural é trazer a arte para o domínio da cognição. Nessa gatoriedade do ensino de arte para toda a Educação Bási-
direção, o conceito de arte também está ligado à cognição ca, através da promulgação da nova LDBEN, de n° 9.394,
como um dos elementos de manifestação da razão, pois que, depois de quase uma década, revogou as disposições
existe na arte um conhecimento estruturador, que permite anteriores e consagrou, oficialmente, a concepção de ensi-
a potencialização da cognição. no de arte como conhecimento, ao explicitar que o ensino
Atualmente, no Brasil, a abordagem mais contemporâ- de arte escolar deverá promover o desenvolvimento cultu-
nea da Arte/Educação está relacionada ao desenvolvimen- ral dos alunos.
to cognitivo, que, segundo Barbosa (2005), vem se impon- A partir dos estudos de Barbosa (1998a; 2002b; 2002d),
do cada vez mais entre os arte/educadores brasileiros. Essa Richter (2002; 2003), Efland (2005) e Jogodzinski (2005)
compreensão nos impõe a pensar de maneira diferente o foi possível compreender que, entre outros princípios, a
ensino de arte na educação escolar, provocando o desloca- concepção de ensino de arte como conhecimento está
mento das nossas preocupações relacionadas à questão de baseada no interculturalismo, na interdisciplinaridade e na
“como se ensina arte” para “como se aprende arte”. Ques- aprendizagem dos conhecimentos artísticos, a partir da in-
tão essa que vem gerando, ao longo de mais de duas dé- ter-relação entre o fazer, o ler e o contextualizar arte.
cadas, teorias e estudos, tais, como os trabalhos de Pillar Segundo Barbosa, “o compromisso com a diversidade
(2001), de Barbosa (2002b) e de Parsons (1992), entre ou- cultural é enfatizado pela Arte-Educação Pós-moderna”
tros, que buscam explicar o processo de ensino aprendiza- (2002d, p. 19), através da “idéia de reforçar a herança artís-
gem dos conhecimentos artísticos. É nessa ressignificação tica e estética dos alunos com base em seu meio ambien-
de paradigmas que nasce, no Brasil, a Tendência Pós-Mo- te” (BARBOSA, 2002b, p. 24). Nessa direção, tanto Richter
(2002; 2003) como Barbosa (1998a; 2002d) vêm, ao longo
derna de ensino de arte. Para explicar essa terminologia,
dos anos, produzindo diferentes estudos sobre a diversida-
Barbosa afirma:
de cultural no ensino da arte. Segundo as referidas auto-
Como diz Homi Bhadha, nossa existência hoje é marca-
ras, definir diversidade cultural pressupõe evocar diferen-
da pela tenebrosa sensação de sobrevivência, vivendo um
tes termos, tais, como multiculturalismo, pluriculturalidade,
presente que não tem nome próprio, mas é designado por
interculturalidade, que, na atualidade, aparecem como si-
um prefixo acrescentado ao passado. Trata-se do prefixo
nônimos no ensino de arte. No entanto, Barbosa (2002d)
‘pós’ do pós-modernismo, do pós-colonialismo, do pós-fe-
e Richter (2002) nos alertam que o termo mais adequado
minismo etc.
para designar a diversidade cultural no ensino da arte é a
Queremos explicitamente ultrapassar o passado sem
“interculturalidade”.
deixá-lo de lado (BARBOSA, 1998a, p. 33). No livro “Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte”,
Dessa forma, a nossa compreensão é a de que o movi- Barbosa nos explica que, “enquanto os termos ‘Multicultu-
mento de mudançaepistemológica na forma de conceber, ral’ e ‘Pluricultural’ pressupõem a coexistência e mútuo en-
filosófica e metodologicamente, o ensino da arte na con- tendimento de diferentes culturas na mesma sociedade, o
temporaneidade, que não ocorria desde o modernismo, termo ‘Intercultural’ significa a interação entre as diferentes
não é fruto do poder legislativo, através da implantação culturas” (2002d, p. 19).
de leis e decretos, que determinaram a obrigatoriedade do Defendendo essa ideia, Richter afirma que “esse termo
ensino da arte na educação escolar; antes, foi fruto da luta seria, portanto, o mais adequado a um ensino-aprendiza-
política e conceitual dos arte/educadores brasileiros, que gem em artes que se proponha a estabelecer a interrelação
buscaram justificar a presença da arte na educação a partir entre os códigos culturais de diferentes grupos culturais”
do paradigma da cognição. (2002, p. 86).
Na década de 1980, com a redemocratização do país, No entanto, esse processo precisa estar apoiado em
eclodiram, no cenário nacional, as associações de arte/ uma perspectiva interdisciplinar, que vem sendo defendida
educadores e cursos de pós-graduação (lato sensu e stricto por Barbosa (1984), desde a década de 1980, ao afirmar
sensu), fazendo com que surgissem novas reflexões sobre que polivalência não é interdisciplinaridade. Nessa direção,
o ensino de arte e novas concepções para o processo de Richter explica que, diferente da “multidisciplinaridade” e
ensino-aprendizagem de arte no âmbito escolar. “transdisciplinaridade”, a “interdisciplinaridade”:
Em 1988, foi promulgada a Constituição Brasileira, …indica a inter-relação entre duas ou mais disciplinas,
iniciando-se, logo em seguida, discussões sobre a nova sem que nenhuma se sobressaia sobre as outras, mas que
LDBEN. Em três de suas versões, foi retirada a obrigatorie- se estabeleça uma relação de reciprocidade e colaboração,
dade do ensino de arte nas escolas. Organizados, os arte/ com o desaparecimento de fronteiras entre as áreas do co-
educadores protestaram, convictos da importância da arte nhecimento (RICHTER, 2002, p. 85).
para a formação do aluno. Iniciou-se, aí, uma longa luta Nessa compreensão, o ensino de arte deve interdisci-
política e conceitual dos arte/educadores brasileiros para plinar consigo mesmo, através de diferentes linguagens,
tornar a arte uma disciplina curricular obrigatória, com to- como, também, com outras áreas do conhecimento huma-
das as suas especificidades (objetivos de ensino, conteúdos no. Seria o que poderíamos chamar de uma “educação sem
de estudos, metodologia e sistema de avaliação). territórios e fronteiras”, conforme esclarece Barbosa:

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O estudo da interdisciplinaridade como abordagem Na contemporaneidade, a concepção de ensino de
pedagógica é central para o ensino de arte. A arte con- arte como conhecimento vem sendo apontada pelos di-
temporânea é caracterizada pelo rompimento de barrei- ferentes estudos, como a orientação mais adequada para
ras entre o visual, o gestual e o sonoro. O happening, a o desenvolvimento do ensino de arte na educação escolar.
performance, a bodyart, a arte sociológica e ambiental, o A seguir, apresentaremos as considerações finais do nosso
conceitualismo e a própria vídeo art são algumas das ma- trabalho e suas contribuições para o campo educacional.
nifestações artísticas que comprovam uma tendência atual Essa divisão que acabamos de apresentar tem um ca-
para o inter-relacionamento de diversas linguagens repre- ráter mais didático e analítico do que prescritivo e norma-
sentativas e expressivas. Portanto, pelo isomorfismo organi- tivo, pois, a partir de uma observação mais cuidadosa, é
zacional, a interdisciplinaridade dever ser o meio através do possível verificar que as diferentes concepções de ensino
qual se elaborem os currículos e a práxis pedagógica da arte de arte que acabamos de apresentar não estão limitadas
(BARBOSA, 1984, p. 68).
aos períodos históricos em que eles surgiram e tampouco
Um outro princípio defendido pela Arte/Educação Pós-
estão circunscritos de forma isolada na prática educativa
Moderna está relacionado à aprendizagem dos conheci-
mentos artísticos, a partir da inter-relação entre o fazer, o dos professores, pois, podemos encontrar em uma mesma
ler e o contextualizar arte, designados por Barbosa (2002b) prática a presença de concepções de ensino de arte com-
como ações necessárias para a compreensão da Arte como pletamente antagônicas, conforme apresentada na pesqui-
epistemologia. sa realizada por Silva (2004). Elaboramos essa classificação
Com o esvaziamento dos conteúdos do ensino de arte, para que pudéssemos compreender cada concepção den-
que vinha ocorrendo desde o início do Século XX, através tro do contexto social e histórico em que elas surgiram.
da Tendência Modernista da Arte/Educação, surgem, na dé- Ao confrontarmos a classificação que elaboramos com
cada de 1970, no cenário internacional, alguns pensadores a classificação elaborada nos estudos dos teóricos estran-
que propunham resgatar os conteúdos para as aulas de geiros Räsänem (1998), Agirre (2000) e Eisner (2002), foi
arte. Foi desse movimento que apareceram, no cenário da possível compreender que esse fenômeno possui carac-
Arte/Educação, diferentes abordagens de ensino da arte. terísticas singulares na realidade educacional brasileira.
Inspirada nesses teóricos e nessas abordagens, Ana No entanto, constatamos também, que apesar da singu-
Mae e suas colaboradorassistematizam, na década 1980, a laridade, algumas concepções aparecem tanto no Brasil,
partir das atividades educativas desenvolvidas no Museu de como em outros países, constituindo-se como fenômeno
Arte Contemporânea (MAC), da Universidade de São Paulo “universal”. A explicação para este fato está na origem e
(USP), a abordagem pós-colonialista no ensino de arte do derivação epistemológica dessas concepções, o que deve
Brasil, denominada Proposta Triangular de Ensino de Arte,
se constituir em um novo objeto de estudo.
conforme afirmação abaixo:
A Proposta Triangular deriva de uma dupla triangula- Esperamos que o presente estudo possibilite o desen-
ção. A primeira é de natureza epistemológica, ao designar volvimento de um olhar mais clínico e crítico sobre a prá-
aos componentes do ensino/aprendizagem por três ações tica pedagógica de ensino de arte desenvolvida no âmbito
mentalmente e sensorialmente básicas, quais sejam: criação da educação escolar brasileira e que possa subsidiar a re-
(fazer artístico), leitura da obra de arte e contextualização. A configuração do ensino de arte voltado e comprometido
segunda triangulação está na gênese da própria sistemati- com o crescimento integral dos alunos, que perpassam,
zação, originada em uma tríplice influência, na deglutinação também, pelo seu desenvolvimento cultural.1
de três outras abordagens epistemológicas: as Escuelas al
Aire Libre mexicanas, o Critical Studies inglês e o Movimen- Plano de ação pedagógica docente para o ensino da
to de Apreciação Estética aliado ao DBAE (Discipline Based arte.
Art Education) americano (BARBOSA, 1998a, p. 35). No decorrer desse material veremos a contribuição da
Para uma maior compreensão sobre Abordagem Trian- disciplina na aprendizagem do aluno, ressaltando a impor-
gular de Ensino de Arte, do ponto de vista das teorias edu- tância metodológica da disciplina no currículo escolar para
cacionais e das teorias da aprendizagem, Barbosa afirma: o ensino de artes envolvendo as quatro linguagens, (ar-
A educação cultural que se pretende com a Proposta tes visuais, dança, música e teatro), e isso se dá justamen-
Triangular é uma educação crítica do conhecimento cons- te pela relevância da educação artística no ensino, onde o
truído pelo próprio aluno, com a mediação do professor, aluno desenvolve a coordenação motora e por meio dos
acerca do mundo visual e não uma “educação bancária”
trabalhos e todos os seus sentimentos aprendendo a se re-
(BARBOSA, 1998a, p. 40).
Ao contrário da concepção de ensino como técnica lacionar com o mundo.
– que valoriza o produto artístico em detrimento do pro- O papel do professor de arte é fundamental nesse pro-
cesso – e da concepção de ensino de arte como expressão cesso, pois de acordo com os parâmetros curriculares nessa
– que supervaloriza o processo, dando pouca importância disciplina o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção,
ao produto estético –, a concepção de arte como conheci- imaginação tanto como realizar formas artísticas como
mento vem buscando a valorização tanto do produto artís- apreciar e conhecer as formas produzidas por eles e pelos
tico como dos processos desencadeados no ensino de arte, seus colegas, pela natureza e diferentes culturas.
trazendo para o contexto atual da Arte/Educação a ideia de
arte como processo e produto, que vem sendo defendida 1 Fonte: www.30reuniao.anped.org.br – Por SILVA,
por Barbosa (1975), desde a década de 1970. Everson Melquiades Araújo Silva/Clarissa Martins Araújo

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Ao resgatar mesmo sendo brevemente a história do Sendo assim, nota - se que a partir do movimento e
ensino de artes no Brasil pode-se observar que existem conscientização dos professores fez com que evoluíssem
várias direções com relação ás finalidades, cursos e ao de- discussões adquirindo concepções, metodologias para o
sempenho dos docentes e também ás políticas educacio- processo de ensino- aprendizagem de artes nas escolas.
nais, pedagógico e focos de filósofos. Pode se dizer que Mais adiante na década de 90, houve novas tendências cur-
a arte é identificada por um olhar filosófica e humanista, riculares em artes, visando incluir a arte no currículo como
que são marcados pelas tendências tradicionalistas e es- área, tendo conteúdos voltados à cultura artística.
cola novista. A metodologia educativa na Arte inclui escolhas pro-
Na escola tradicional os professores trabalham em fissionais do professor quanto os assuntos relacionados à
area de arte, contextualizando no que é trabalhado com os
cima de livros didáticos, manuais conforme a escolha do
alunos. Os docentes de arte, comprometidos na democrati-
profissional, tendo o ensino centralizado no professor de
zação de saberes artístico procuram instruir os educandos
forma mecânica, cabendo a ele a transmissão de lingua- rumo ao fazer e o entender as diversas modalidades e a his-
gem e conteúdos. Com a tendência escola nova as escolas tória cultural das mesmas.
brasileiras passaram ter outras práticas no ensino e apren- Segundo FERRAZ; FUSARI, (1993), esse posicionamento
dizagem de arte, centralizando no desenvolvimento pró- na escolarização de crianças e jovens em arte tem uma his-
prio da criança, valorizando as necessidades e absorção, tória com várias marcas presentes em nossas atuais idéias e
considerando as formas de expressão e o seu entendimen- práticas tanto estética quanto pedagógicas.
to sobre mundo. Algumas dessas marcas históricas queremos conservar e
A Introdução da Educação Artística no currículo escolar outras queremos transformar para melhor, tendo em vista o
foi um progresso especialmente na compreensão no que compromisso escola de ajudar na democratização da cultura
diz a respeito à arte na formação do sujeito, tendo como artistica junto aos estudantes. Exemplificando, há professores
princípios de pensamentos inovadores. O efeito desse cujo ideário é desenvolver cursos de arte com aulas em que
avanço, entretanto foi incoerente e paradoxal, pelo fato dos não existam atitudes educativas diretivas com os alunos. As-
sim, esses professores entendem que basta organizar e coor-
professores não estarem aptos e muito menos treinados
denar os ambientes das salas de aula provendo-os com vários
para várias linguagens, que precisavam ser introduzidos no materiais para que aconteçam trabalhos espontâneos, livres
conjunto de exercícios artísticas sendo elas Artes Plásticas, e para que assim os alunos saibam arte. Com esse ideário,
Educação Musical e Artes Cênicas. esses docentes poucos interferem nos rumos do curso e nos
O sistema educacional na época de 70 e 80 passou por estudos artísticos. São professores cujos posicionamentos em
dificuldades em relacionar a teoria e a prática, os profissio- educação escola em arte não são de todo incorretos, todavia,
nais formados em Educação Artística utilizavam os guias são incompletos e reduzidos. (p.99)
curriculares, livros didáticos que não possuíam metodolo- Há professores que assumem a formação dos alunos
gias e orientações e nem a bibliografia específica. As fa- em arte somente das interferências no fazer e no entender
culdades ofertavam formações sem base conceituais, que trabalhos artísticos, como organizar aulas com os aconteci-
causou insegurança por parte do professor que buscava mentos na sala de aula, introduzindo sua metodologia de
equilibrar com atividades envolvendo a música, corporais trabalho. É importante observar o que ocorre nos passeios,
e plásticos mesmo sem saber ou conhecer. nos trajetos de ida e volta à escola, nas brincadeiras, progra-
mas de rádios e televisão e analisar se essas vivências estão
Nos anos de 80 surgiu o movimento Arte-Educação, vi-
contribuindo com o desenvolvimento do aluno. A tarefa do
sando estruturar o profissional, despertando o movimento professor de artes é auxiliar o desenvolvimento a partir des-
nos professores de artes formal e informal. A partir desse sas percepções.
movimento começou a discutir também sobre a valoriza- Qualquer conceito estético ou artístico pode ser trabalha-
ção e o aperfeiçoamento do professor, devido à falta de do a partir do cotidiano tanto da natureza quanto da cultura
conhecimento e habilidades na área. como um todo. Assim, é bastante enriquecedor solicitar que as
Conforme os Parâmetros curriculares Nacionais de ar- crianças levem para a escola, por exemplo, elementos que se
tes (2000): refiram a um determinado assunto de artes a ser trabalhado.
Em 1988, com a promulgação da Constituição, iniciam O professor também deverá fazê-lo. Desta maneira, havendo
– se as discussões sobre a lei de Diretrizes e Bases da Edu- interesse em trabalhar as percepções e seus elementos (como
cação Nacional, que seria sancionada apenas em 20 de De- texturas, cores), pode se colecionar da natureza – flores, folhas,
zembro de 1996. Convictos da importância de acesso escolar gravetos, pedras, etc. – ou de materiais produzidos pelo ho-
dos alunos de ensino básicos também à área de artes, houve mem – como tecidos, pedaços de papeis, rótulos, embalagens,
fotografias, ilustrações, objetos de uso cotidiano, sons, canções
manifestações e protestos de inúmeros educadores contrá-
e outros – que serão reunidos na classe como material auxiliar
rios a uma das versões da referida lei, que retirava a obriga-
para as aulas de artes. (FERRAZ; FUSARI, 1993, p.49)
toriedade da área. (p.30) O professor deve trabalhar esses materiais conforme o
Com a lei n. 9.394\96 a Artes passa ser considerada envolvimento e plano de aula, ajudando a concretizar os co-
obrigatória na educação básica conforme o artigo 26, § 2.º: nhecimentos sobre artes. Em qualquer idade a criança tem
“O ensino da arte constituirá componente curricular obri- capacidade para assemelhar as diversidades formais, estru-
gatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a turais e cromáticas existente no mundo no qual ele está
promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. inserido.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O contato da criança com as obras de artes também Conforme Vygotsky, L.S, (1991):
é outro ponto importante, porque possibilita a praticar as Resumindo, o aspecto mais essencial de nossa hipóte-
atividades artísticas, adquirindo novos repertórios relacio- se é a noção de que os processos de desenvolvimento não
nando com suas experiências já estabelecidas em sua vida. coincidem com os processos de aprendizado. Ou melhor, o
O professor deve mostrar aos alunos as diversas possibili- processo de desenvolvimento progride de forma mais lenta
dades que encontramos através das expressões artísticas, e atrás do processo de aprendizado; desta sequenciação re-
considerando inúmeros elementos que compõem a arte. sultam, então, as zonas de desenvolvimento proximal. Nossa
É necessário que o professor possibilite aos alunos o análise modifica a visão tradicional, segundo a qual, no mo-
desenvolvimento de sua percepção, imaginação, raciocínio, mento em que uma criança assimila o significado de uma
dentre outros aspectos que ajudarão no processo de en- palavra, ou domina uma operação tal como a adição ou a
sino aprendizagem, tornado os seres capazes de analisar, linguagem escrita, seus processos de desenvolvimento estão
refletir e emitir opiniões. Ferramentas simbólicas para abrir basicamente completos. Na verdade, naquele momento eles
a fantasia e a criatividade do aluno, abrem caminhos para a apenas começaram. A maior consequência de se analisar
o processo educacional desta maneira, é mostrar que, por
autonomia e construção de significados, sentidos, aprendi-
exemplo, o domínio inicial das quatro operações aritméticas
zagem e regras sociais.
fornece a base para o desenvolvimento subsequente de vá-
O docente tem na Arte um grande suporte para seu rios processos internos altamente complexos no pensamento
trabalho educativo, por meio do qual se têm a possibili- das crianças. (p. 64-65)
dade de observar tendências individuais e a partir destas, Arte é fundamental na educação, pois os alunos irão
encaminhar a formação do gosto, estimular a inteligência desenvolver a coordenação motora por meio das ativida-
e ajudar na formação da personalidade de seus alunos, des inseridas no ambiente escolar e aprenderão a trabalhar
quando o mesmo brinca passa a desenvolver várias com- em grupos para que eles aprendam a compartilhar, a per-
petências, afetividade, linguagem oral e escrita, motricida- ceber que não estão sós no momento de criação. Abordar
de, percepção, memória e a representação de mundo. o ensino de Artes é importante para que se leve a uma re-
Ao pesquisar a aprendizagem do fazer artístico, apoia- flexão no que se refere à formação dos alunos, os espaços
dos no pensamento de Vygotsky onde o mesmo enfati- e materiais fornecidos pelas escolas são ainda insuficientes,
zava o processo histórico-social e o papel da linguagem atendendo apenas em partes as demandas da disciplina.
no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a Refletir sobre a presença da arte na escola nos leva a
aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com necessidade de compreendermos a realidade de diversas
o meio social. Para o teórico, o sujeito é interativo, pois discussões que já foram feitas em torno da importância e
adquire conhecimentos a partir de relações intra e inter- da necessidade da arte na escola enfatizando as possibili-
pessoais e de troca com o meio, a partir de um processo dades do homem interagir com o mundo que o cerca. O
denominado mediação. Em uma nova perspectiva de olhar mesmo autor afirma que:
o desenvolvimento das crianças. Tivemos a oportunidade de observar como o desenho
Sua abordagem sempre foi orientada para os proces- das crianças se torna linguagem escrita real, através de
sos de desenvolvimento do ser humano com destaque a experimentos onde atribuíamos as crianças a tarefa de re-
dimensão sócia histórica e na interação do indivíduo com presentar simbolicamente algumas frases mais ou menos
o outro no espaço social. Não podemos pensar que o alu- complexas. Nesses experimentos, ficou absolutamente clara
no vai se desenvolver com o tempo, pois ela não tem, por a tendência, por parte das crianças em idade escolar, de mu-
si só, instrumentos para percorrer sozinho o caminho do dar de uma escrita puramente pictográfica para uma escrita
ideográfica, onde as relações e significados individuais são
desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagens
representados através de sinais simbólicos abstratos.
mediante as experiências a que foi exposta.
Observamos bem essa dominância da fala sobre a escri-
A criança é reconhecida como ser pensante capaz de
ta numa criança em idade escolar que escreveu cada palavra
ligar suas ações às representações do mundo que cons- da frase em questão través de desenhos individuais. Assim, a
titui sua cultura, sendo a escola um espaço e um tempo frase - “Eu não vejo as ovelhas, mas elas estão ali” - foi repre-
onde este processo é vivenciado, onde o processo de en- sentada da seguinte forma: a figura de uma pessoa (“Eu”),
sino-aprendizagem envolve diretamente a interação entre a mesma figura com os olhos cobertos (“não vejo”), duas
indivíduos. ovelhas (“as ovelhas”), um dedo indicador e várias árvores
A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) é a dis- atrás das quais podia-se ver as ovelhas “mas elas estão ali”).
tância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, de- A frase - “Eu respeito você” - foi representada da seguinte
terminado pela capacidade de resolver problemas inde- maneira: uma cabeça (“Eu”), duas figuras humanas, uma das
pendentemente, e o nível de desenvolvimento proximal. quais com um chapéu nas mãos (“respeito”) e outra cabeça
Determina pela capacidade de solucionar problemas com (“você”)”. (p.80-81)
ajuda de um indivíduo mais experiente. São as aprendiza- A linguagem é um processo a construir na escola e na
gens que ocorrem na ZDP que fazem com que a criança e sociedade, a criança e o adolescente vive em um mundo de
ao adolescente se desenvolvam ainda mais. É justamente simbologias. O sistema da fala, rabiscos, pronúncia, pala-
nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendi- vras, desenhos e as escritas em geral linguagem lenta que
zagem vai ocorrer. A função de um educador escolar, por deve ser acompanhadas por um adulto sociocultural. Todos
exemplo, seria, então, a de favorecer esta aprendizagem, são falantes natos e questionam. E com isso a eles tem que
servindo de mediador entre a criança e o mundo. ser avaliados, instrumento para reflexão da prática docente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A Importância do Ensino de Artes na Formação Humana Arte nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental I
Trabalhar arte na educação escolar demanda requerer O ensino Fundamental é um momento escolar impor-
seleção dos professores em termos de propostas, escolhas, tante para o aluno, devido à fase de desenvolvimento onde
estando essas diretamente relacionadas aos conhecimen- ele começa a buscar compreensão do universo adulto den-
tos que possuem sobre arte, educação, aprendizagem na tro de suas possibilidades. Despertam a curiosidade em sa-
instituição escolar e os propósitos da escola na vida dos ber sobre temas relacionados à vida social e como as coisas
alunos, todas as áreas de conhecimento são importantes são produzidas. De acordo com a Lei de Diretrizes básicas
na formação humana, pois, cada uma traz para a humani- da Educação em seu artigo com a redação dada pela Lei n
dade várias contribuições, intervenções didáticas, os docu- 11.274, de 2006 diz que: O ensino fundamental obrigatório,
mentos que norteiam e direcionam os conteúdos do ensi- com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública,
iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a
no de artes sobre nossa prática formação na elaboração de
formação básica do cidadão.
projetos e ações de intervenção pedagógica. A arte tem a
E estabelece ainda em seu artigo art. 26. Os currículos da
função tão importante quanto os outros conhecimentos no educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio
processo de ensino e aprendizagem. devem ter base nacional comum, a ser complementada, em
Desse modo, a introdução da atividade de artes aju- cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar,
da no desenvolvimento do pensamento artístico, físico, por uma parte diversificada, exigida pelas características re-
intelectual dos alunos buscando uma relação do ensino e gionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos
aprendizagem de artes com as práticas desenvolvidas nas educandos e em seu parágrafo 2º O ensino da arte, espe-
aulas do fundamental I, onde o aluno amplia a percepção, cialmente em suas expressões regionais, constituirá compo-
a reflexão e a imaginação. O contexto sobre o ensino fun- nente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação
damental nos Parâmetros Curriculares nacionais tem como básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos
objetivo formar alunos capazes de compreender e partici- alunos.
par do mundo social e democrático, respeitando seus di- Os parâmetros curriculares Nacionais (PCN) de artes: São
reitos e deveres. Mostrando ser responsável e estabelecer características desse novo marco curricular as reivindicações
críticas construtivistas através de diálogos. de identificar a área por arte (e não mais por educação ar-
Ter conhecimento sobre as características do Brasil tística) e de incluí-la na estrutura curricular como área com
suas culturas e identidade, valorizando sem discriminação conteúdos próprios ligados á cultura artística, e não apenas
social, racial, sexual e contribuir com a melhoria ambiental como atividade. (MARTINS; PISCOSQUE; GUERRA, 1998, p.13)
Assim, o processo de desenvolvimento e aprendizagem
da nação brasileira. Desenvolver conhecimento pessoal so-
do aluno no ensino de arte é preciso conhecer e utilizar dife-
bre capacidades física, afetiva, ética. Valorizar e cuidar da rentes técnicas artísticas, materiais e recursos presentes em
saúde e qualidade de vida no individual e coletivo. Utilizar diferentes povos e culturas, como meio para comunicar e
intelectualmente as diferentes linguagens verbais, corpo- expressar, perceber, analisar e criar formas artísticas, exer-
ral, matemática, plástica e gráfica, recursos tecnológicos citando a imaginação criadora, cultivando a curiosidade e a
para valorizar a construção do conhecimento. Questionar autonomia no agir e no pensar artes.
formulando problemas e resolução para os mesmos com Através da arte o indivíduo desenvolverá a criatividade
pensamento lógico e criativo. e as linguagens estéticas e a imaginação criadora, através
Conforme Vygotsky (1999): “A arte é o social em nos, e do desenho, da pintura e das construções, ampliando a sen-
o seu efeito se processa em um indivíduo isolado, isto não sibilidade e as formas de interpretação e representação de
significa, de maneira nenhuma, que suas raízes e essência mundo. Elaborar cenas corporais a partir dos diálogos e das
sejam individuais”. (p.315) relações interpessoais.
Nesta concepção, a arte é concebida como ação huma- Sendo Assim, no processo do ensino fundamental o
na intencional que recria a realidade material e transforma aluno desenvolverá competências nas diversas modalida-
o próprio sujeito, sob a concepção social e histórica do psi- des da área de arte, nas produções de trabalhos, ao apreciar,
quismo, um resultado imediato dessa concepção reside em valorizar trabalhos artísticos de diferentes povos e culturas
não se compreender a arte como fruto de um homem só, o produzidos ao longo da história, destacando a importância
metodológica da disciplina no currículo escolar para o ensi-
artista, mas como um objeto cultural, elaborado sob dada
no de artes envolvendo as quatro linguagens, artes visuais,
técnica construída socialmente e com temática para obje-
dança, música e teatro.
tivar os sentimentos e, entendemos as demais capacidades
mentais tipicamente humanas. Pela interação social, apren- As Linguagens da Arte
demos e nós desenvolvemos, criamos novas formas de agir Os Parâmetros Curriculares Nacionais enfatizam o ensi-
no mundo, ampliando nossas ferramentas de atuação. no e a aprendizagem de conteúdos que colaboram para a
A criança é o adolescente é um ser em constante mo- formação do cidadão, buscando igualdade de participação
bilidade e utiliza dela mesma para ter conhecimentos da- e compreensão sobre a produção nacional e internacional
quilo que os cercam. Contudo, abordarmos o ensino de de arte. A seleção e ordenação de conteúdos gerais de Arte
Arte e percebemos que foram inúmeras as tendências que têm como pressupostos a classificação de alguns critérios,
influenciaram o ensino e aprendizagem da disciplina ao que também encaminham a elaboração dos conteúdos de
longo de sua história. Artes Visuais, Música, Teatro e Dança e, no conjunto, pro-
curaram promover a formação artística.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
As artes visuais, além das formas tradicionais (pintura, O teatro no ensino fundamental proporciona experiências
escultura, gravura, arquitetura, desenho, artefato, desenho que contribuem para o crescimento integrado da criança sob
industrial) incluem outras modalidades que resultam dos vários aspectos. No plano individual, no desenvolvimento de
avanços tecnológicos e transformações estéticas a partir de suas capacidades expressivas e artísticas. No plano coletivo, os
modernidade (fotografia, artes gráficas, cinema, televisão, teatros oferecem o exercício das relações de cooperação, dia-
vídeo, computação e performance). logo respeito mútuo, reflexão sobre como agir com os colegas,
As imagens visuais são constituídas por formas, cores, flexibilidade de aceitação das diferenças e aquisição de sua au-
linhas, pontos que percebemos pela visão. Muitas imagens tonomia como resultada do poder agir e pensar sem coerção.
que existem ao nosso redor são construídas com objeti- Nesse material, pode-se notar que a história do ensino de
vo de transmitir mensagens. As imagens que transmitem Arte no Brasil está ligada às tendências pedagógica tradicional
mensagens, como as imagens publicitárias e os sinais, tem e escola nova, predominantes em cada época, as quais tradu-
formas bem definidas, para que a informação possa ser en- zem uma atenção no que diz respeito à formação profissional
tendida rapidamente. dos alunos influenciada pelas demandas do mercado de traba-
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, (2000): lho, que define ao longo do tempo, que o desenvolvimento do
A educação em artes visuais requer trabalho continua- aluno está relacionado ao perfil estabelecido pela sociedade a
mente informado sobre os conteúdos e experiências relacio- que pertence.
nados aos materiais, as técnicas e as formas visuais de diver- Sendo assim, para que o Ensino de Arte tenha significado é
sos momentos da história, inclusive contemporâneos. Para necessário, promover mudanças na qual o currículo é proposto
tanto, a escola deve colaborar para que os alunos passem dentro das escolas. Deve-se buscar uma aprendizagem na qual
por um conjunto amplo de experiências de aprender e criar, o aluno considere o objeto de estudo como algo significativo e
articulando percepção, imaginação, sensibilidade, conheci- importante para a sua vida.
mento e produção artística, pessoal e grupal. (p.61) O professor precisa compreender a diversidade de situa-
A Música sempre esteve associada às tradições e as ções-problemas que podem ocorrer das mais diversas manei-
culturas de cada época. Atualmente, o desenvolvimento ras e se apresentam a cada aluno em particular, segundo seu
nível de competência e as determinações internas e externas de
tecnológico aplicado às comunicações vem modificando
um momento de criação, dentro de seu processo de aprender a
consideravelmente as referências musicais das sociedades
realizar formas artísticas.
por meio de rádio, televisão, computador, jogos, eletrôni-
Portanto, é importante que o professor faça as adapta-
cos, cinema, publicidade, etc.
ções necessárias, o espaço disponível da escola e os materiais
A música é uma arte, mas também uma linguagem,
de apoio para a realização das atividades. As artes visuais, a
que há muitos anos os homens utilizam para se comunicar. música, a dança e o teatro pedem que as suas particularidades
Para que a aprendizagem da música possa ser funda- sejam abordadas ao mesmo tempo em que interagem com o
mental na formação de cidadãos é necessário que todos currículo, como, por exemplo, desenvolver a criatividade, a sen-
tenham a oportunidade de participar ativamente como sibilidade e autocontrole. Na prática, os projetos podem envol-
ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, den- ver ações entre disciplinas, como, Língua Portuguesa e Arte, ou
tro e fora da sala de aula. Os professores devem incentivar Matemática e Arte e assim por diante, os conteúdos dos temas
a participação dos alunos em shows, festivais, concertos, transversais são favoráveis para o trabalho com projetos em
eventos da cultura popular e outras manifestações musi- Arte. Sugere-se, que o professor comece desde cedo a integrar
cais, ela pode proporcionar condições para uma apreciação as diferentes expressões artísticas.
rica e ampla onde o aluno aprenda valorizar os movimen- Pode-se usar as práticas curriculares como a interdiscipli-
tos importantes em que a música se inscreve no tempo e naridade, trabalhando de forma interativa, com a pedagogia
na história. de projetos favorecendo a aprendizagem dos alunos com te-
A dança é uma das formas de linguagem corporal ela- máticas da realidade para o planejamento, sendo sociointera-
borada pela sociedade ao longo da história. A dança tam- cionista mediando e socializando, trazendo uma aprendizagem
bém uma das maneiras que o ser humano usa para poder que seja feita em processos, construtivista. Usar instrumentos
se comunicar de um jeito diferente com ele mesmo, com os de avaliação do professor, portfólios, com o qual o aluno possa
outros e com o mundo. formar uma pasta com as suas atividades, produções e textos,
A atividade da dança na escola pode desenvolver na mostrando uma avaliação diagnostica do desenvolvimento do
criança a compreensão de sua capacidade de movimen- aluno. Esse portfólio marca o desenvolvimento do aluno e uma
to, mediante um maior entendimento de como seu corpo progressão no componente curricular, o que possibilita ao pro-
funciona. As danças possuem uma forma de integração e fessor observar o desenvolvimento das habilidades pretendi-
expressão tanto individual quanto coletiva, em que o aluno das.
exercita a atenção, a percepção, a colaboração e a solida- Contudo são essenciais aos gestores escolares, coorde-
riedade. nadores, professores e todos envolvidos na formação escolar,
O teatro tem como fundamento a experiência de vida: que são os principais responsáveis por construir ambientes de
idéias, conhecimentos e sentimentos. A sua ação a orde- integração social e cultural e que têm o poder de promover a
nação desses conteúdos individuais e grupais. O teatro no formação de novos músicos, pintores, atores e artistas plásti-
processo de formação da criança cumpre não só função cos, por meio do que deve ser de conhecimento de todos
integradora, mas da oportunidade para que se aproprie profissionais da educação.2
crítica e construtivamente dos conteúdos sócias e culturais 2 Fonte: www.erra.multivix.edu.br - Por Adriana
sua comunidade mediante trocas com seus grupos. Castro Bonfante/Jéssica Fernandes/Rhamona Sales

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Experiências estéticas transformadoras no contexto das Segundo Biasoli (1999), ao longo do tempo, o conceito
concepções de arte e educação. de Arte foi objeto de diferentes interpretações: arte como
A visão contemporânea de Arte na Educação tem colo- técnica, como produção de materiais artísticos, como lazer,
cado a necessidade de resgatar o valor da Arte nas escolas como liberação de impulsos, como expressão, como lin-
como um saber e um fazer passível de reflexão e de cons- guagem, como comunicação. Esses múltiplos entendimen-
truções cognitivas; conhecimento que pode ser aprendido tos influenciaram e influenciam a prática de professores, no
e ensinado também na escola. No Brasil, esta concepção foi que se refere à proposição de atividades com linguagens
sintetizada na Proposta Triangular para o ensino de Arte, artísticas na escola. Algumas destas concepções destaca-
cujo intento é o de tratar Arte como um conhecimento ram-se na história da Pedagogia e ainda hoje permeia o
que pode ser abordado na conjunção das ações de leitura fazer docente nas escolas brasileiras.
de imagens, contextualização e fazer artístico (BARBOSA, A proposição de atividades artísticas objetivando a re-
1990). produção de modelos tem subjacente a idéia de Ensino de
Esse posicionamento político e conceitual3 dos edu- Arte pautado pela concepção estética do belo, em que se
cadores, constituído nas últimas décadas do século XX, fo- busca alcançar o padrão artístico presente nas “obras de
mentou mudanças na forma de ver a relação entre as crian- arte”, produzidas por uns poucos iniciados, às vezes consi-
ças e a Arte e o ensino da Arte para crianças4. Esse novo derados “gênios”. Ancorando-se nessa concepção de Arte
olhar5 sobre Arte na escola, para ser objetivado, necessita e de seu ensino, o professor deveria incentivar seus alunos
de mudanças nas diretrizes curriculares para o ensino da à reprodução dos padrões como forma de apropriação do
Arte. Atualmente, há uma preocupação oficial com a ins- conhecimento dessa área. Essa postura foi reforçada pelos
tituição de princípios curriculares, sintetizados em docu- ideais de educação da pedagogia tradicional, que priori-
mentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) zavam a memorização e reprodução de conhecimentos
e Referencial Curricular Nacional par Educação Infantil (RC- observando padrões pré-estabelecidos. Dessa forma, as
NEI) que, ao tratar de Arte, tem tomado como referência de crianças deveriam apropriar-se desses padrões demons-
concepções contemporâneas sobre o assunto e a Proposta trando sua aprendizagem, à medida que conseguiam re-
Triangular de Ensino da Arte. produzi-los fielmente. O adulto, detentor do saber, incutiria
Embora as concepções contemporâneas sobre a Arte e na criança conhecimentos e valores morais aceitáveis so-
seu ensino já estejam contempladas nos documentos cur- cialmente, pois como ressalta Ferraz e Fusari (1993, p. 23):
riculares oficiais sobre a área, a significação das mesmas Na pedagogia tradicional o processo de aquisição dos
ocorrerá na e pela ação docente em contextualizá-la. Nesse conhecimentos é proposto através de elaborações intelec-
sentido, é fundamental refletir sobre o que move a ação tuais e com base nos modelos de pensamento desenvolvidos
dos professores de Educação Infantil e Ensino Fundamental pelos adultos, tais com análise lógica, abstrata. Na prática,
quando propõem atividades de Arte em suas salas de aula. a aplicação de tais ideias reduz-se a um ensino mecaniza-
Essa ação traz subjacentes concepções, conscientes ou não, do, desvinculado dos aspectos do cotidiano, e com ênfase
sobre estética, sobre arte, sobre ensino, conceito de criança exclusivamente no professor, que “passa” para os alunos “in-
e função do professor e sobre ensinar e aprender artes, que formações” consideradas verdades absolutas. [...] Nas aulas
foram historicamente construídas. de Arte das escolas brasileiras, a tendência tradicional está
presente desde o século XIX, quando predominava a teoria
Aspectos históricos estética mimética, isto é, mais ligada às cópias do “natura”
Antes de haver escola, já havia a arte e já havia a trans- e com apresentação de modelos para os alunos imitarem.
missão dos conhecimentos artísticos pela tradição. Esse O ensino de Arte na pedagogia tradicional valorizava a
tipo de ensino de Arte predominou do período paleolítico, transmissão do conteúdo de forma reprodutivista preocu-
palco das primeiras manifestações artísticas, até o Renasci- pando-se, sobretudo, com o produto do trabalho escolar.
mento. (OSINSKY, 2001). Nesse contexto, o conhecimento Esse produto demonstrava o quanto o aluno aprendeu do
era transmitido pelos mais velhos para os mais jovens na “fazer técnico e científico” dos conteúdos abordados.
atuação em atividades culturais da comunidade. As crian- Questionando a pedagogia tradicional, os ideais de
ças participavam de todas as atividades como aprendentes educação democrática do início do século XIX, aliados aos
dessa cultura sem que houvesse distinção entre fazeres de avanços da Psicologia, ganharam expressão no movimen-
crianças e fazeres de adultos, pois para essas sociedades to do escolanovismo que propunha uma mudança de foco
a ideia da infância, como uma fase distinta da fase adulta nos princípios e no fazer pedagógico. Contrapondo-se à
como temos hoje, ainda não existia (ARIÈS, 1981). escola tradicional, centrada na autoridade do professor
Na história institucionalizada da educação escolar, a e no ensino através da reprodução de conteúdos previa-
arte sempre se fez presente, e as intenções para o seu en- mente definidos, a escola nova priorizava os interesses e
sino variaram de acordo com os princípios que a Escola as- necessidades do aluno, enfocando, principalmente, o seu
sumia em cada época. Contudo, a significação para os usos processo de aprendizagem. Nesse contexto, concebe-se
que se fez da arte na educação não dependeu somente do arte como um produto interno que reflete a organização
papel que se atribuía à escolarização, pois o conteúdo e a mental, cuja finalidade, na escola é a de permitir que o
própria história da Arte, 6 em sua amplitude de dimensões, aluno expresse seus sentimentos e libere suas emoções. A
permitiam que lhe fosse atribuída sentidos e funções dife- arte, portanto, não é ensinada, mas expressada. A criança
rentes. procura seus próprios modelos sem que o professor inter-

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
fira diretamente no seu processo criador. O professor é tão veis no cotidiano dos alunos. Dessa maneira, o aluno não
somente um facilitador de experiências, que proporciona era, intencionalmente, levado a pensar sobre sua produção
o ambiente necessário- situações e materiais- para o livre em relação ao repertório cultural da Arte; nem era desafia-
desenvolvimento das crianças. Sobre essas mudanças na do a construir novas relações para seu processo de criação
educação e no ensino de arte, Eliot Eisner afirma: e/ou de conhecimento da Arte.
[...] se antes a escola prestava pouca atenção às necessi- Os ideais escolanovistas8, tomados equivocadamente
dades das crianças, os progressistas superenfatizavam aque- ao extremo, fizeram com que, na escola, o olhar se voltasse
las necessidades; se as aulas tradicionais eram rigidamente apenas para os processos de aprender, e que não mais se
organizadas, os progressistas eram excessivamente cautelo- refletisse sobre a ação do professor, isto é, sobre o outro
sos com qualquer tipo de ordem; se a educação tradicional lado da moeda, o ensino. Contemporaneamente, a educa-
estava destinada aos objetivos pré-estabelecidos, os progres- ção tem realizado o movimento de rever esses equívocos e
sistas frequentemente deixavam as aulas fluírem; se a edu- considerar a influência do professor no processo de ensino
cação tradicional negligenciava as particularidades indivi- e aprendizagem do aluno.
duais dos educandos e seu desenvolvimento, os progressistas
É importante ressaltar que os ideais de educação de-
enfatizaram erroneamente a necessidade de ensinar apenas
mocrática do escolanovismo não, necessariamente, pres-
o que a criança queria aprender (Eliot Eisner. apud Barbosa,
supunham o trabalho com Arte voltado somente para a
1997, p. 81).
livre expressão. O educador norte americano John Dewey,
No entanto, não foi somente a Educação e a Psicologia
que influíram para construção de um outro olhar sobre o importante referência quando o assunto é educação de-
ensino de Arte, pois enquanto na educação, a Escola Nova mocrática e “Escola Nova”, se contrapõe ao conceito mo-
se contrapunha à Escola Tradicional, no campo da Arte, os dernista de Arte somente como expressão, ao defender a
modernistas chamavam à atenção para a “Arte da crian- Arte como experiência.
ça”, valorizando a originalidade e a qualidade expressiva A experiência é a interação da criatura viva com as con-
das produções infantis e dos povos aborígines. Alegavam dições que a rodeiam e está implicada no próprio processo
eles, que a força criativa dessas produções se justificava por de vida e, enquanto experiência, a Arte faz parte das re-
esses povos e as crianças não serem afetados pelas con- lações que o homem estabelece com seu entorno. Nessa
venções sociais e manterem assim, resguardados os canais perspectiva, a Arte ganha um caráter prático e articula-se
puros da criatividade. A criatividade pura, livre das conven- com a vida e a cultura.
ções, que era a meta dos artistas modernistas, acabou tam- Na contemporaneidade, alguns princípios da educa-
bém por ser a meta para muitos professores progressistas. ção mudaram e na arte também ocorreram transformações
Nesse sentido, a educação centrada na criança e nos conceituais. Ao contrário do modernismo, que valorizava,
processos de aprender, influenciada por interpretações da sobretudo a originalidade e independência em relação ao
Psicologia e aliada aos ideais modernistas da Arte, fomen- entorno, a arte contemporânea retoma a presença e a in-
tou a ideia de que arte na escola serviria à auto - expres- fluência de imagens no ato criador. Imagens produzidas
são e que o professor não deveria intervir, pois o desen- em determinada cultura desencadeiam outros elementos
volvimento do processo criador ocorreria naturalmente em aos processos de criação. Forja-se, desse modo, uma con-
experiências individuais de expressão da energia criativa cepção de Arte que não nega a presença da história e da
intrínseca. influência dos códigos culturais na criação artística. Como
A ênfase na expressão fez com que o ensino da arte afirma Barbosa, apud Biasoli (1999 p. 90): “Na Pós Moderni-
priorizasse a atividade de liberação emocional e se vol- dade o conceito de Arte está ligado à cognição, o conceito
tasse, basicamente, para a construção afetiva, relegando, de fazer está ligado à construção, e o conceito do pensa-
desse modo, os processos de cognição. Supervalorizava-se mento visual está ligado à construção do pensamento da
a Arte como livre expressão e o entendimento da criação
imagem”.
artística como fator afetivo e emocional, em detrimento do
Barbosa (1998) sintetiza os princípios contemporâneos
pensamento reflexivo. A atividade artística, transformada
de Ensino de Artes na Proposta Triangular, cujos eixos –
assim em técnica para expressão de emoções e conflitos,
leitura, contextualização e fazer artístico - se constituem
acaba por distanciar os alunos do contato refletido com
os elementos que compõem as linguagens artísticas, bem em ações intercomplementares de aproximação ao conhe-
como da construção cultural que há em torno da Arte. Arte cimento da arte.
na escola tornou-se, principalmente, um fazer movido pela O entendimento de criança e de educação para in-
emoção. Na programação das escolas, as ciências faziam fância também foi ressignificado na contemporaneidade.
parte do universo cognitivo e a arte, do domínio das emo- A criança passou a ser percebida como um ser de direito,
ções e dos sentidos. entre eles o direito ao acesso aos objetos culturais. É pre-
A centralização das intenções para a presença da arte ciso considerar que ela atua sobre esses objetos culturais
na escola, enquanto um “fazer” que possibilitava a expres- construindo significados e, portanto, conhecimentos. Mas,
são de sentimentos, geralmente conduzia os professores a para que esse processo seja facilitado, é fundamental a me-
não se preocupar com intervenções no sentido de propiciar diação do adulto apresentando-lhe o que ainda não sabe,
avanços no conhecimento da Arte. A educação não tinha investindo na ampliação do olhar e atuação das crianças
como objetivo o acesso aos códigos de Arte não disponí- sob o seu entorno.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
No tocante aos objetos culturais da Arte, Barbosa No decorrer do tempo, as concepções de arte como
(1991), tratando da linguagem plástica da arte, resgata a expressão se multiplicaram e se aprimoraram. Nas concep-
importância da presença de imagens nos processos de en- ções atuais de arte, estão presentes as contribuições da
sino, para a formação do apreciador de arte. A exemplo Filosofia, da Sociologia e da Antropologia para o desloca-
dela, outros autores têm ressaltado os significados do con- mento do foco das teorias estéticas não mais sobre a obra
tato com manifestações de arte em todas as linguagens.3 de arte, mas sobre as relações que as pessoas criam com os
objetos e produções artísticas.
Entendendo o ensino de Arte na escola Considerando a arte como um produto e construção
Para se entender o ensino de Arte na escola, é necessá- sociocultural, Pareyson destaca que
rio refletir sobre a tarefa da arte na sociedade contempo- (...) a arte não é somente executar, produzir, realizar e
o simples ´fazer´ não basta para definir sua essência. A arte
rânea. Em que sociedade vivemos? Que conceitos de arte
é também uma invenção. Ela não é execução de qualquer
sobrevivem? Quais são as definições atuais de arte? Quan-
coisa já ideada, realização de um projeto, produção segun-
do falamos de arte e sociedade, sobre qual concepção de do regras dadas ou predispostas. Ela é um tal fazer, que
arte e de sociedade falamos? Existe uma arte específica enquanto faz, inventa o por fazer e o modo de fazer. A arte é
para uma determinada cultura? Ou para uma determinada uma atividade na qual execução e invenção procedem pari
classe social? A tradicional divisão entre arte popular e arte passu, simultâneas e inseparáveis, na qual o incremento de
erudita ainda corresponderia à realidade? O que seria arte realidade é constituição de um valor original. Nela conce-
erudita? Ou o que seria uma arte popular? A arte popular be-se executando, projeta-se fazendo, encontra-se a regra
não é para ser levada a sério? Serviria apenas para distrair operando, já que a obra existe só quando é acabada, nem
o leitor/consumidor/ouvinte? Onde se estabelece o limite é pensável projetá-la antes de fazê-la e, só escrevendo ou
entre arte e não arte? pintando, ou contando é que ela é encontrada e é concebi-
da e é inventada (PAREYSON apud FERRAZ; FUSARI, 2009,
Algumas definições de arte p. 105).
Se arte é invenção, para Ferraz e Fusari (2009), ela é
As definições mais conhecidas de arte, segundo Luigi
também “produção, trabalho e construção” já que a arte in-
Pareyson, poderiam ser reduzidas a três: a arte concebida
clui “o artista, a obra de arte, os difusores comunicacionais
como um fazer, como um conhecer e como um exprimir. e o público” (p. 56). Segundo as autoras, a concepção de
O autor adverte, porém, que “estas diversas concep- arte está diretamente relacionada “com o ato de criação da
ções ora se contrapõem e se excluem umas às outras, ora, obra de arte, desde as primeiras elaborações de formaliza-
pelo contrário, aliam-se e se combinam de várias maneiras” ção dessas obras até em seu contato com o público” (p. 56).
(apud FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 102). Uma obra de arte é feita para ser vista, consumida, di-
Na concepção de arte como fazer, destaca-se o seu fundida no mundo cultural e num determinado contexto
“aspecto executivo, fabril, manual”, ou seja, arte como téc- histórico-social. Por essa razão, a obra artística só se com-
nica, predominante na Antiguidade, quando, praticamente, pleta “com a participação do espectador”, que recria “novas
não havia “distinção entre a arte propriamente dita e o ofí- dimensões dessa obra a partir do seu grau de compreen-
cio ou a técnica do artesão” (ibid.). são da linguagem, do conteúdo e da expressão do artista”
A segunda concepção, que interpreta a arte “como co- (FERRAZ; FUSARI, 2009, p.56).
nhecimento, visão, contemplação”, entende-a “ora como a O principal sentido da obra de arte estaria, portanto,
na “sua capacidade de intervir no processo histórico da so-
forma suprema, ora com a forma ínfima do conhecimento,
ciedade e da própria arte e, ao mesmo tempo, ser por ele
mas, em todo caso, como visão da realidade: ou da reali-
determinado, explicitando, assim, a dialética de sua relação
dade sensível na sua plena evidência, ou de uma realidade com o mundo” (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 107).
metafísica superior e mais verdadeira, ou de uma realidade
espiritual mais íntima, profunda e emblemática”. Segundo Funções sociais da arte
Pareyson, “o fato de se haver acentuado o caráter cognos- A arte hoje tem muitas definições. Ela não é mais vis-
citivo e visivo, contemplativo e teórico da arte contribuiu ta no sentido clássico da arte do belo (SCHOPENHAUER),
para colocar em segundo plano seu aspecto mais essencial mas é também considerada em suas funções sociais. Para
e fundamental que é o executivo e realizador, com grave que serve a arte? Que funções se colocam para a arte na
prejuízo para a teoria e prática da arte” (apud Ferraz; Fusari, sociedade em que vivemos? A arte teria uma tarefa que iria
2009, p. 104). além de ela ser ela mesma? Seguiria ela o mesmo princípio
Já a terceira concepção de arte, advinda do Romantis- proposto por Gertrude Stein, “a rose is a rose is a rose” po-
mo, considera que “a beleza da arte” consiste “não na ade- der-se-ia se dizer: arte é arte é arte e nada mais?
quação a um modelo ou a um cânone externo de beleza, Como lembram Ferraz e Fusari (2009, p. 101), “a arte
está intimamente vinculada ao seu tempo, não podemos
mas na beleza da expressão, isto é, na íntima coerência das
dizer que ela se esgote em um único sentido ou função. É
figuras artísticas com o sentimento que as anima e suscita” por isso que, ao buscarmos definições para as artes, pode-
(ibid., p. 102). mos esbarrar em conceitos até contraditórios e que foram
3 Fonte: www.ufrgs.br - Por Gilvânia Maurício Dias incorporados pela cultura”. Ao procurar definir o conceito
de Pontes de música, por exemplo, Bohlman escreve:

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Música pode ser o que pensamos que seja: ou pode não violência, dificuldades de concentração e interesse dos alu-
ser. Música pode ser sentimento, sensação, sensualidade, nos pelas aulas, as tarefas dos professores de Arte parecem
mas também pode não ter nada a ver com emoção ou sen- crescer nesse espaço. Efetivamente, a arte pode ajudar nas
sação física. Música pode ser aquilo para o qual alguns dan- diversas formas de trabalhos coletivos por meio dos quais
çam ou fazem amor: mas, tal não é necessariamente o caso. os alunos, em grupos ou em equipes, podem definir eles
Em algumas culturas há categorias complexas para pen- mesmos objetivos e, depois, chegar a resultados que foram
sar sobre música, em outras, parece nem haver a necessida- trabalhados em conjunto. As competências de trabalhar
de de especular sobre música, contemplando-a (BOHLMAN, em equipe, assumindo partes de tarefas independentes
1999, p. 17). como a experiência de grupos vocais e instrumentais ou
O que se espera da música hoje? O que milhares de grupos teatrais e de dança, são competências que estão
pessoas esperam é poder relaxar, buscar o prazer, ou mes- relacionadas com a metodologia de trabalho na área de
mo utilizá-la com fins terapêuticos. Música, nessa direção, Arte. Mas a arte permite também um trabalho individual
tem o efeito de uma droga leve: ela ajuda a sair de um que discute a tolerância, o exercício para com o outro. Esse
momento ruim, dá um consolo fugitivo, por permitir que trabalho pode promover a autoconfiança e a coragem de
se mostrar. Geralmente, essas competências são ignoradas
se saia de si mesmo por um momento, como acontece nas
na escola, aparecendo em momentos pontuais e como de-
festas raves ou na trance-music. Na necessidade da arte ou,
coração do ambiente.
entre os objetivos da arte colocados por Platão (políticoi- O campo das arte é visto como um campo teórico-prá-
deológico) a Stockhausen (espiritual-terapêutico), existe, tico. Ao invés de consumir grandes quantidades de conhe-
portanto, um amplo leque de possibilidades no qual a so- cimento escolar, que será esquecido logo após as provas,
ciedade utilizou e utiliza a arte para diversos fins, inclusive o ensino de Arte reivindica para si, através de um trabalho
os não artísticos. Assim, as artes também tornam-se um prático, orientado para a ação, ancorar o conhecimento
campo vasto de produções. sensorial que envolve todos os sentidos: visão, tato, olfato,
audição, gustação. Onde o ensino tradicional promove o
Objetivos do ensino de Arte pensamento linear, causal, a arte oferece o pensamento em
Pensar sobre os sentidos e funções da arte conduz ne- rede, discursivo e trabalha com a inteligência emocional. A
cessariamente ao conhecimento do próprio processo ar- tentativa é a de superar um discurso modernista em que
tístico, que, como mencionado, inclui produtores/artistas/ razão/sentimento, corpo/alma são tratados de uma forma
autores; as obras/produtos artísticos; as formas de comuni- dicotômica.
cação/distribuição/difusão e suas relações com o público/ Em resumo, o campo das artes oferece aos alunos
plateia/apreciadores (FERRAZ; FUSARI, 2009, p. 57). oportunidades de realmente aprenderem para a vida. Isso
A disciplina Arte deve garantir que os alunos vivenciem ocorre porque o ensino de Arte oferece um espaço de ex-
e compreendam aspectos técnicos, criativos e simbólicos periência. Quem é artisticamente criativo pratica o exer-
em música, artes visuais, teatro, dança e suas intercone- cício da livre escolha. Aqueles que constroem modelos
xões. Para tal é necessário um trabalho organizado, consis- aprendem a redesenhar o futuro, procuram novas soluções,
tente, por meio de atividades artísticas relacionadas com exercitam suas faculdades críticas na leitura de mundo.
as experiências e necessidades da sociedade em que os Vale ressaltar que essas competências deveriam estar
alunos vivem. no foco de toda a escola e não apenas no ensino de Arte e
A arte pode favorecer a formação da identidade e de seus métodos, pois, caso contrário, o ensino de Arte pode
uma nova cidadania de crianças e jovens que se educam se tornar uma ilha criativa no conjunto de disciplinas es-
nas escolas, contribuindo para a aquisição de competên- colares, deixando pouco espaço para uma aprendizagem
orientada para a ação e para a compreensão por meio dos
cias culturais e sociais no mundo no qual estão inseridos.
sentidos, uma aprendizagem vivencial. Aprender, nesse
O objetivo a que se propõe o ensino de Arte, em toda a
caso, significa sempre vincular questões de interesse da
sua especificidade prevista na forma de lei, é essencial para
área com o interesse dos alunos.
a construção da cidadania. O ensino de Arte trata de re-
lacionar sentimentos, trabalhar aspectos psicomotores e Questões básicas para o ensino de Arte
cognitivos, planejar e implementar projetos criativos e se Qual tem sido a realidade das escolas no ensino de
engajar emocionalmente neles, num permanente processo Arte? Com a aprovação da Lei 9394/96, várias práticas de
reflexivo. Talvez mais que em outras disciplinas, no ensi- ensino de Arte foram adotadas. Levando em conta os pou-
no de Arte, os alunos são obrigados a entrar em contato cos profissionais com habilitação na área, a pouca forma-
consigo mesmos, quando, por exemplo, criam uma coreo- ção específica dos professores regentes de classe, o pouco
grafia, realizam um jogo teatral, interpretam uma música interesse e conhecimento das escolas, bem como os es-
ou apreciam um quadro. Isso não é nada menos do que cassos recursos para a área, muitos professores ainda têm
formar a sua própria imagem de mundo, compreender a dificuldades em operacionalizar os objetivos propostos nos
realidade. documentos curriculares sugeridos pelo MEC.
Revelar o potencial criativo para o desenvolvimento Considerando que o tempo escolar e o tempo de aula
como ser humano, ampliar a capacidade de julgar e agir, são limitados e que existem saberes mais ou menos impor-
ter responsabilidade, tolerância, consciência dos valores tantes, a tarefa da didática e da organização de diretrizes
são alguns dos outros objetivos dessa disciplina. Diante da curriculares é responder ao que deve e pode ser ensinado,
complexidade presente nas escolas, como problemas de isto é, que situações e problemas crianças e adolescentes

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
vão confrontar. Os conteúdos de Arte nos Parâmetros Cur- na perpetuação de determinados repertórios. A chamada
riculares do Ensino Fundamental são propostos com base música clássica seria, por exemplo, uma das músicas dis-
em três eixos norteadores: apreciação, produção e refle- poníveis no acervo cultural da humanidade. Precisamos
xão. Os eixos são diferenciados, apoiados nos objetivos de formar plateias para as diversas músicas entendendo que o
compreender como a arte é constituída, criar e inventar trânsito entre elas está cada vez mais fluente.
novas realidades e pensar a produção artística presente na A variedade de possibilidades de conteúdos que o en-
realidade. sino de Arte oferece reflete-se também nos métodos que
Em relação ao primeiro objetivo, trata-se de com- podem ser aplicados. Entre eles Arte-educação; Ensinando
preender qual realidade construímos com o mundo esté- através da arte; A experiência estética cotidiana; História da
tico, quais influências tem a arte na nossa visão pessoal e arte ou Multiculturalidade.
social de mundo, como fazemos nossas experiências nas
artes e quais conhecimentos adquirimos. A experiência estética cotidiana
Para tal, o eixo inclui as questões da percepção, da cul- A experiência estética permeia todas as áreas da vida. A
tura, da semiótica, das condições formais e estruturais dos maior parte de nossas experiências estéticas é feita no dia
diferentes meios de comunicação, da interpretação de ima- a dia, por meio de imagens diárias, livros, jornais, televisão,
nas ruas, etc. e não em momentos especiais ou através da
gens e obras de arte, das análises críticas de textos teatrais.
obra de arte consagrada exposta em museus.
Em relação ao objetivo de criar e inventar, trata-se de
Da mesma forma, a experiência estética não é predo-
oferecer métodos, técnicas e estratégias para a formação minantemente impregnada pela aula de Arte, mas pela in-
e a criação de ambientes estéticos, de experiências per- fluência da família, do ambiente sonoro e dos meios de
ceptivas, ou seja, imagens, objetos, músicas, peças e jogos comunicação, sobretudo, no que se refere à sua função e
teatrais que podem ser produzidos. Visam ao desenvolvi- aos efeitos. Nessa visão, o cotidiano é requisito para toda
mento da criatividade. O objetivo de ensaiar as produções espécie de experiência estética , sobretudo, porque nele
artísticas existentes diz respeito à compreensão de como encontramos situações, ações e objetivos a partir dos quais
determinados meios foram utilizados e que formas de arte podemos estabelecer relação com outras pessoas. (SOUZA,
estão disponíveis no acervo cultural da humanidade, que 2008).
influenciaram e influenciam o mundo. Essa abordagem ressalta a estética socioantropológica
Essa organização mostra que as aulas de Arte não se quase óbvia, partindo de uma investigação sobre o mun-
resumem a pintar um quadro ou cantar uma “musiquinha”. do vivido: perceber e explorar experimentalmente algumas
Projetos envolvendo arte e mídias, história da arte, elabo- práticas cotidianas – aquilo que as crianças e os adoles-
ração de roteiros para filmes e outros campos interdisci- centes fazem todos os dias. Exatamente aqui, na realidade
plinares são considerados. De uma forma sucinta, os do- cotidiana das crianças e dos jovens, estaria a chance para a
cumentos apresentam alguns exemplos de conteúdos que realização de um trabalho pedagógico, com propostas de
podem ser trabalhados indicando como as intersecções atividades que não transmitissem somente conhecimentos
entre eles podem ser feitas. isolados sobre métodos e repertório desvinculados da prá-
Se de um lado esses parâmetros consolidaram, no tica. Ao contrário, aqui estariam as chances para os pro-
país, a transição dos currículos produzidos durante o re- fessores saberem mais sobre a real experiência estética do
gime militar para currículos mais democráticos, por outro, aluno e sua posição perante ela.
as novas direções propostas tiveram algumas dificuldades A investigação estética pode ser feita a partir de da-
na implantação de estruturas do sistema escolar. Em geral, dos e experiências projetadas em coisas, objetos, pessoas
quem quer realmente fazer um bom trabalho em Arte nas e situações. São também considerados os métodos dispo-
escolas não consegue fazê-lo sem uma boa dose de dedi- níveis, práticas e possibilidades de conhecimentos da ex-
periência cotidiana. O interesse pela aula de música, por
cação e de engajamento pessoal. Isso pode ser traduzido
exemplo, estaria em tentar aproximá-la do “mundo vivido”,
em inúmeras horas extras, em trabalho noturno e em finais
das experiências musicais que os alunos realizam diaria-
de semana.
mente fora da escola, e não em atividades pré-programa-
Professores de Arte concordam que todas as séries do das e padronizadas. A aula de música passa a se orientar
Ensino Fundamental deveriam ter como requisito mínimo não por objetos (na gramática da música), mas por alunos,
duas horas por semana de aulas de Arte. Na prática, ain- em suas situações, problemas e interesses. A metodologia
da são poucas as escolas públicas que conseguem manter passa, então, a ser decidida em cada lugar e em cada situa-
um oferecimento regular e qualificado na área de Artes. A ção específica (SOUZA, 2000).
diminuição da carga horária das aulas de arte e a dificul- O objetivo dessa abordagem é permitir a autoescolha,
dade dos professores em manter a disciplina como parte trabalhar por meio de projetos temáticos sobre a experiên-
integrante do currículo contrastam com as tarefas cada vez cia estética. Educação estética é vista, então, não apenas
mais abrangentes com que eles se defrontam em decor- como uma exploração e uma percepção do mundo, mas
rência da ampliação do conceito de arte. como um processo de autoconstrução.
Hoje sabemos que devemos entender arte como um O valor pedagógico dessa abordagem reside no fato
fenômeno social e em sua diversidade de manifestações. de que ela alerta os educadores “para que considerem de
O fenômeno da hibridização cultural (GARCIA CANCLINI, forma séria as necessidades, as linguagens e as experiên-
2000) se faz presente também no campo das artes, e é pre- cias das crianças”, o que não significa “simplesmente afir-
ciso trazer essa questão quando se fala na permanência e mar a necessidade da relevância do currículo”, mas tam-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
bém “reconhecer a importância pedagógica daquilo que A atualidade das transformações na sociedade impede
as crianças trazem para a sala de aula ou qualquer outro a existência de uma perspectiva histórica que legitime os
local de aprendizagem como sendo crucial para descentrar aspectos sociais, culturais e tecnológicos que caracterizam
o poder na sala de aula” (GIROUX, 1995, p. 74-75). a contemporaneidade. Porém teorias recentes1 que bus-
Um exemplo apresentado por Ramos (2000) é o pro- cam compreender a complexidade e diversidade humana,
jeto desenvolvido com uma quarta série sobre Tazos na assim como as mudanças na organização social, econômica
aula de música: dialogando com a mídia O tema combina e cultural sinalizam para transformações fundamentais na
imagens e sons com base nos tazos, mostrando que mais
sociedade, mediadas e impulsionadas pelas tecnologias de
importante do que o conteúdo da
informação.
mídia é a maneira de trabalhá-lo. A experiência sinaliza
que não basta tolerar esses objetos de uma forma pragmá- Através de diferentes recortes e perspectivas os estu-
tica, mas, ao contrário, o desejável é voltar-se de verdade dos partem do pressuposto que o paradigma moderno ou
para as experiências das crianças propondo ações funda- industrial não dá mais conta de explicar os tempos atuais.
mentadas e críticas. Ao incluir a Diferentes conceitos são usados para denominar os novos
observação, o projeto mostra, também, como que a tempos, como modernidade, pós-industrialismo, pós-mo-
partir do jogo e seu significado para a criança podem-se dernismo, sociedade líquida, hipermodernidade, sociedade
trabalhar temas básicos da educação musical. da informação, redes, entre outros, que demonstram a di-
O projeto proposto por Torres (2000) sobre a Música ficuldade de construir uma teoria coesa ou de definir um
Popular Brasileira na escola com adolescentes de uma 8ª momento que está em contínua mudança.
série, orientou-se na produção (apresentação ao vivo de A educação, como um campo de conhecimento am-
um repertório escolhido pelos alunos), incluindo tarefas de plo, vem absorvendo no meio acadêmico as desconstru-
leitura e escrita musical. Os resultados destacam a presença ções e ressignificações que as teorias ditas “pós-modernas”
da audiovisualidade na elaboração de registros de músi-
apresentam em relação à complexidade da sociedade da
cas populares preferidas pelos adolescentes. A linguagem
de videoclipe pôde ser observada em registros de músicas informação, problematizando a construção do conheci-
que os alunos criaram espontaneamente. Esse tipo de ati- mento e o processo de ensino e aprendizagem na socieda-
vidade prática fornece subsídios teóricos para interpretar a de contemporânea através destes referenciais. No entanto,
vivência da imagem-som pela nova cultura oral promovida as transformações na escola ainda são muito incipientes,
pelos meios de comunicação. pois as práticas e os currículos escolares estão fortemen-
Outro exemplo que ilustra essa concepção é o do- te vinculados a uma concepção moderna ou tradicional de
cumentário Degrau, de 2009, disponível em http://www. educação.
canalcontemporaneo.art.br/saloesepremios/ (acesso Os reflexos deste descompasso entre as transforma-
05/11/2010). ções na sociedade e a escola se tornam visíveis quando
A obra é de autoria do Grupo de Interferência ambien- nos defrontamos, por exemplo, com a indiferença e a falta
tal – GIA, que reúne um coletivo de artistas visuais, desig- de sentido por parte dos estudantes brasileiros em relação
ners, arte-educadores e músicos que têm em comum uma aos conhecimentos e conteúdos enfatizados nas disciplinas
admiração pelas linguagens artísticas contemporâneas e
escolares, que geralmente são descontextualizados da vida
sua pluralidade, mais especificamente por aquelas relacio-
nadas à arte e ao espaço público. cotidiana. A indisciplina e os altos índices de evasão escolar
O filme retrata com humor reflexões a respeito da vida observados em todos os níveis de ensino sinalizam como
cotidiana e suas singularidades, por exemplo, a rotina de sendo consequências deste descompasso.
passageiros ao subirem o degrau do ônibus coletivo. Nesse Indiferente à classe social, hoje os alunos estão inse-
caso o que é valorizado na arte é o processo, a ação efê- ridos numa cultura pós-moderna, mediada pelos avanços
mera que acaba ressignificando o trabalho do artista com tecnológicos, constituindo-se através das redes sociais de
o público.4 comunicação, interagindo com diferentes linguagens, con-
textos e intertextos que rompem com o paradigma mo-
ARTE CONTEMPORÂNEA E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA derno construído em torno de narrativas fixas, lineares e
NO ENSINO DA ARTE históricas. Quase todas as informações estão disponíveis e
Nas últimas décadas a sociedade contemporânea vem são acessadas pelos meios tecnológicos de comunicação.
passando por significativas transformações que afetam di- Para os estudantes inseridos num contexto pós-mo-
retamente o campo da educação. Muitos estudos procu-
derno o valor do conhecimento reside na sua funcionalida-
ram explicar as mudanças na ordem cultural, social e eco-
de imediata, ele existe para ser usado. No entanto, valori-
nômica, partindo do pressuposto que estamos passando
por uma transformação de paradigma. O conceito de pa- zam o conhecimento oriundo da experiência de alguém e
radigma, segundo Thomas Kuhn (2006, p. 48), diz respeito reconhecem que nem tudo está disponível na web, necessi-
“a investigação histórica cuidadosa de uma determinada tando buscar as informações em outras fontes de pesquisa.
especialidade num determinado momento” que revela a Nesse sentido, a pós-modernidade pode ser olhada como
recorrência de um conjunto de ilustrações quase padroni- um período impregnado de dúvidas e problemas de todas
zadas de diferentes teorias, caracterizando uma forma de as ordens, mas também impregnado de possibilidades e
ver o mundo. mudanças que não podem ser desprezadas pela educação
4 Fonte: www.portal.mec.gov.br – Por Jusamara Souza sem passar por uma análise detalhada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
As transformações na sociedade significam um grande Para Wilson (2008, p.90) existe uma ligação natural en-
desafio para todos os profissionais da educação, em espe- tre as concepções de arte com a teoria e a prática da arte
cial para os professores que tem o dever intelectual de se na educação e se quisermos saber o futuro do ensino da
apropriar das assertivas pós-modernas para problematizar arte, a bola de cristal a ser consultada é a arte contemporâ-
as mudanças que atingem os fundamentos do trabalho nea. Como afirma o autor:
pedagógico. A escola tem o importante papel com as no- Os professores de arte no mundo inteiro terão que se
vas gerações de organizar e dar significado às informações deparar com a tarefa de construir uma nova visão de ensino
que são acessadas diariamente nos meios tecnológicos de da arte nas escolas. Esta nova visão provavelmente abrigará
comunicação, ressignificando e aprofundando os conheci- as características mais interessantes do modernismo e acres-
mentos que possam dar conta de compreender o mundo centará práticas derivadas das ideologias pós-modernas
contemporâneo e dar sentido à vida. emergentes. (WILSON, 2008, p.93)
A área das artes é um campo fértil para visualizar as As mudanças na arte contemporânea são significativas
transformações da pós-modernidade. É nas práticas esté- porque afetaram a forma em si, em seu sentido estético,
operando uma mudança na cultura e na experiência com
ticas e culturais que ocorrem as grandes desconstruções.
a arte. Desse modo, a arte contemporânea apresenta-se
Nos anos 50, o conceito de pós-moderno invade as artes
como um importante campo de conhecimento da nossa
plásticas com a emergência das tendências como a arte
cultura a ser investigado no que diz respeito à apreensão
pop, o minimalismo, a arte conceitual e as performances,
estética e à produção de sentidos, assim como um grande
nominando uma arte que não tinha um estilo definido e desafio na área pedagógica, considerando que temos pou-
nem uma coerência estética, ao contrário caracterizava-se cos parâmetros e teorias construídas em relação a essas
pela desordem, pelo choque de tendências e convivência novas linguagens nas quais podemos nos apoiar para sub-
de diferentes estilos. Em relação ao pós-modernismo na sidiar a prática de ensino.
arte Cauquelin (2005) ressalta:
Criticada, definida e redefinida, rejeitada ou abusiva- Arte contemporânea como experiência estética
mente utilizada, a noção de pós-modernismo pelo menos Ao analisar as experiências estéticas dos alunos com a
mostra muito claramente o desconforto em que se encon- arte contemporânea, a presente pesquisa defronta-se com
tram o crítico, o teórico e o historiador de arte diante da o desafio de lidar com as desconstruções características das
atualidade artística. (CAUQUELIN, 2005, p. 130) propostas artísticas da contemporaneidade que, a partir do
O conceito de pós-modernismo não consegue dar advento dos readymades de Duchamp2, desestabilizaram
conta de todas as transformações que ocorreram na arte a as bases modernas da arte ao trazer à tona uma discussão
partir da década de 50, ficando seu significado mais restrito em torno das questões de gosto e beleza e da separação
a designar um estilo de arte que marcou a ruptura com o entre estética e arte.
modernismo. Eleanor Heartney, no livro Pós-Modernismo, 2 O termo Readymade foi criado por Marcel Duchamp
define este estilo explicando que “por volta da década de (1887-1968) para designar um tipo de objeto, por ele in-
80, o pós-modernismo casou-se com o pós-estruturalismo, ventado, que consiste em um ou mais artigos de uso co-
criando pela primeira vez, um estilo que começou a se ca- tidiano, produzidos em massa, selecionados sem critérios
racterizar como pós-moderno” (HEARTNEY, 2002, p. 12). estéticos e expostos como obras de arte em espaços espe-
Como as transformações na arte não são mais possí- cializados (museus e galerias).
veis de serem classificadas em estilos, é o conceito de arte É no campo da estética que ocorrem as grandes trans-
contemporânea que melhor define a arte produzida na formações na arte contemporânea, gerando muitas discus-
atualidade, abarcando todo o universo de obras, objetos, sões entre os críticos e historiadores de arte que buscam
performances, vídeoarte, instalações, happenings entre ou- construir teorizações que possam dar conta de indicar no-
vos rumos para pensar a estética, a ética, o gosto e a beleza
tros, que caracterizam a produção artística hoje. Teóricos
a partir dos paradigmas atuais que orientam a sociedade
como Arthur Danto (2006), Anne Cauquelin (2005), Fernan-
como um todo. Danto (2006), Duve (1998a), Cauquelin
do Cocchiarale (2006), David Harvey (2003) problematizam
(2005) são teóricos que problematizam as questões da es-
as transformações na arte contemporânea, buscando com-
tética e da experiência estética a partir das desconstruções
preender as mudanças conceituais e históricas que envol- da pós-modernidade na arte.
vem a concepção, produção e recepção das obras no espa- O professor Thierry de Duve, no texto Kant depois de
ço e tempo que as legitimam. Duchamp (1998a), ao realizar uma releitura pós-moderna
A arte contemporânea é um campo de conhecimento e da modernidade com a preocupação de reconhecer o “ser-
expressão em que as transformações da pós-modernidade viço teórico” que a recepção da obra de Duchamp gerou
deixaram marcas profundas. Trazer a contemporaneidade nos anos 60, explicita que no contexto da época a van-
para o contexto escolar através da experiência com a arte guarda ou utopia moderna foi impulsionada pelo “fato de
contemporânea pode ser uma maneira de repensar a edu- que a prática dos artistas profissionais servia para liberar o
cação e as práticas escolares. A área da Arte tem potencial potencial de realização artística presente em cada indiví-
para provocar as transformações necessárias no campo da duo, compartilhado pela raça humana, potencial cuja base
educação, tornando as práticas de ensino mais significati- era estética, mas cujo objetivo era político” (DUVE, 1998a,
vas para professores e alunos. p.127).

17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Com o abandono ou destruição dos valores do passa- de estética com a intenção de demonstrar que os objetos
do, essa nova arte foi reconsiderada a partir da capacidade eram arte, mesmo não sendo belos. Ao suspender a arte
de sentir e de se emocionar que homens e mulheres pos- das considerações de gosto, Duchamp “demonstrou que
suem indiferente a classe social ou herança cultural. Para o a estética na verdade não é uma propriedade essencial à
autor, criatividade é o termo moderno que melhor define arte, nem a define” (DANTO, 2006 p. 125).
o encontro de faculdades que o desenvolvimento da sen- Ao adentrar no campo da experiência estética, Danto
sibilidade estética e da capacidade de leitura artística po- (2006, p.197) traz a vivência da arte de “maneira existencial
tencializa. “A faculdade de sentir e de ler se traduziria na de e transformadora”, reconhecendo o uso de um termo fora
expressar e articular” (DUVE, 1998a, p.128). de moda para definir a experiência que confere “uma visão
Na concepção de Duve, Joseph Beuys foi o artista que do mundo e do sentido de viver no mundo”. Mesmo que
melhor expressou esta concepção de arte, fazendo “da cria- essa experiência por um motivo ou outro não seja possível
tividade humana e do princípio Todos são artistas as bases para a maioria das pessoas, justifica-se a produção, manu-
não só de sua arte, mas também de seu insistente proseli- tenção e exposição da arte, ressaltando que:
tismo”. Ao contrário, segundo o autor, Duchamp se afasta As experiências com a arte são imprevisíveis. Elas são
completamente desta concepção ao propor o readymade contingentes em algum estado mental anterior, e a mesma
obra não afetará duas pessoas diferentes da mesma manei-
que “não surgiu nem da crença, nem da esperança que
ra, nem mesmo a mesma pessoa da mesma maneira em
todos podem ou deveriam ser artistas”, mas do reconhe-
diferentes ocasiões. (DANTO, 2006, p.199)
cimento do “fato que todos já tinham se tornado artistas. O autor explica dessa maneira o fato de sempre vol-
Diante do readymade, não existe mais qualquer diferença tarmos para as grandes obras na esperança de que elas
técnica entre fazer e apreciar arte” (DUVE, 1998a, p.128). ajudem a ver algo novo em nós mesmos e que não há uma
No texto o autor faz uma reflexão teórica em torno das condição especial que uma obra tenha que ter para catali-
questões da estética a partir da crítica do juízo de Kant e sar a reação do espectador. Sobre a experiência particular
direciona a análise para algumas ideias no campo da re- com a arte, relata: “poucas obras significam tanto para mim
cepção da arte que são pertinentes para essa pesquisa ao quanto o Brillo Box de Warhol, e boa parte do meu tempo
considerar que não devemos confundir a obrigação mo- de vigília tenho passado elaborando as implicações de mi-
derna, que é ética, com a pós-moderna, que é intelectual, nha experiência em relação a ela” (DANTO, 2006, p.199).
pois ambas são heterogêneas. Anne Cauquelin também analisa as marcas comunica-
Duve observa que “faz parte da herança pós-moderna cionais da arte contemporânea, ressaltando que a ativida-
da modernidade a garantia de que esse julgamento seja de artística é amplamente estendida a setores diversos na
de qualquer um, portanto meu julgamento não será me- qual a qualidade estética dos trabalhos é deixada de lado.
lhor do que o seu”. Salienta que na modernidade “gosto” Considera-a como um dispositivo fragmentado em que de
e, depois “arte” representavam um tipo de convicção como um lado a atividade artística não se centra mais na estéti-
resultado reflexivo do julgamento, sem saber definir que ca, mas ao mesmo tempo mantém elementos formais e de
nome será no futuro e destaca o valor exemplar do urinol referência ao real. Segunda a autora “o choque dos dois
de Duchamp para a modernidade, que “é mais do que es- sistemas contrários produz um efeito contemporâneo des-
tético; é simbolicamente ético, como deveria ser. É também concertante para o espectador” (CAUQUELIN, 2005, 150) e
teórico”. (DUVE, 2008a, p.149). reconhece que a arte em seu conjunto está em busca de
Ao se referir em entrevista sobre as relações no meio uma nova definição e de reconhecimento.
contemporâneo entre artista, instituição e espectador, A partir destes referenciais, a pesquisa visa problema-
Duve (1998b, p.114) destaca o domínio muitas vezes per- tizar as experiências vivenciadas pelos sujeitos na intera-
verso das instituições no fato de conferir a arte “o status ção com a arte contemporânea, buscando perceber como
apreendem a qualidade estética dessa experiência, relacio-
de candidato à apreciação. O universo da arte a determina,
nando-a com seu cotidiano. Para tanto, a filosofia da arte
e a recíproca existe”. E que para romper este círculo seria
desenvolvida por John Dewey, em especial as teorizações
necessário restabelecer ao espectador o direito e a respon-
propostas no livro Arte como experiência (2010a), apresen-
sabilidade do juízo estético, fundado no seu sentimento tam-se como um referencial consistente para analisar as
e afeto. Duve reconhece, segundo sua experiência como experiências estéticas que resultam da interação com a arte
apreciador de arte contemporânea, que “frequentemente contemporânea.
é por referência à vida, aos fenômenos estéticos, não cha- John Dewey foi um importante representante do pen-
mados de arte, que intuímos quando um artista propõe samento filosófico americano da primeira metade do sécu-
alguma coisa significativa” (DUVE, 1998b, p.115). lo XX, sendo que suas ideias causaram impacto em diver-
Danto (2006, p.95), seguindo essa mesma linha de pen- sas áreas do conhecimento dentro das ciências humanas.
samento, reforça o fato de que “a estética parece cada vez O pensamento de Dewey teve forte influência na educação
mais inadequada para lidar com a arte a partir da década brasileira, apesar de ser muitas vezes mal interpretado e
de 60”, para o que ele denominou como “a arte depois do desqualificado, caindo no ostracismo. Após quase cinco
fim da arte”, período histórico que marca uma distinção en- décadas em evidência com discussões a favor e contra, De-
tre o estético e o artístico na arte. Na concepção do teórico wey ficou praticamente esquecido, sendo que, nos últimos
a grande desconstrução de Duchamp foi descaracterizar a anos, sua obra tem sido resgatada, não apenas por ser um
beleza como atributo definidor da arte, ao se aproveitar de clássico, mas por antecipar inúmeros dilemas da pós-mo-
objetos manufaturados por causa de sua não-descritivida- dernidade. Como enfatiza Barbosa:

18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Mudou o mundo, a arte, a educação, e para repensar o Considerando que a arte contemporânea apresenta-
nosso tempo, educadores, críticos de arte e até economis- se de forma visual e discursiva, a experiência estética com
tas têm buscado nas ideias de Dewey uma experimentação essas propostas artísticas é perpassada pelo pensamento
mais consciente da ação e uma construção de valores mais e pelo sentido na construção da significação. Neste con-
flexíveis culturalmente. (BARBOSA, 2001, p.14) texto, as contribuições de Dewey podem ser significativas
Como representante do pensamento pragmático ame- para fundamentar a análise das experiências estéticas, ao
ricano, Dewey se caracteriza por não se limitar a uma sim- trazerem como desafio a transposição da sua teoria para as
ples filosofia da ação, mas ser igualmente uma filosofia do questões que a arte apresenta na atualidade. Para Dewey o
pensamento e do sentimento. No livro Arte como experiên- que é experimentado faz sentido, na experiência estética as
qualidades sensoriais e os significados no campo das ideias
cia (2010a) aborda sua filosofia da arte ao considerar que
se intensificam e se aprofundam, sendo que a distinção é
o enriquecimento, em alguma medida, da experiência ime-
apenas secundária e metodológica, como um instrumento
diata é, desse modo, estético, detendo-se na análise da es- necessário da reflexão.
trutura formal das artes e seu impacto sobre o espectador, É importante ressaltar que para Dewey a experiência é
leitor ou ouvinte. uma questão de interação do organismo com o seu meio
Para Dewey a experiência é uma característica irredu- que é tanto humano como físico. Neste processo o “eu tan-
tível da vida, uma negociação consciente entre o eu e o to age quanto é submetido ao que vem de fora”, sendo
mundo, sendo que a mais intensa é a experiência com a que as impressões externas a que fica sujeito dependem
arte. “A arte é a prova viva e concreta de que o homem da forma como o organismo reage e responde. Caracte-
é capaz de restabelecer, conscientemente e, portanto, no rizando-se esse processo como um caminho ou ponto de
plano do significado, a união entre sentido, necessidade, partida para pensar a experiência estética com a arte con-
impulso e ação que é característica do ser vivo” (DEWEY, temporânea.
2010 a, p.93). Para problematizar a experiência estética com a arte
Nesta pesquisa o conceito de experiência a ser enfa- contemporânea foi feita uma pesquisa que teve como
campo de pesquisa as experiências vivenciadas por alunos
tizado está fundamentado na concepção de John Dewey,
das Séries Finais do Ensino Fundamental da Rede Muni-
que considera uma experiência singular quando o mate- cipal de Ensino de Canoas em visita pedagógica a Bienal
rial vivenciado faz o percurso até a sua consecução, sendo do MERCOSUL que permite relatar e registrar a vivência
posteriormente integrada e demarcada no fluxo geral da de sentido da pesquisadora com a arte contemporânea
experiência proveniente de outras experiências. Destaca- no contexto escolar que subsidiou e ilustrou a escrita do
se, portanto, das experiências cotidianas, caracterizando- projeto de tese, permitindo observar as potencialidades do
se pela fusão e pela “unidade que lhe confere seu nome – ensino da arte numa concepção contemporânea.
aquela refeição, aquela tempestade (...). A existência dessa Os depoimentos obtidos da referida pesquisa reve-
unidade é constituída por uma qualidade ímpar que per- lam que a experiência que foi vivenciada se caracterizou
passa a experiência inteira” (DEWEY, 2010 a, p.112). por ser uma experiência com qualidade estética, pois teve
Para ilustrar, Dewey utiliza como exemplo a experiência uma unidade constituída por “uma qualidade ímpar” que
de uma pedra que rola morro abaixo: “A pedra parte de perpassou todo o processo, relacionado tanto ao plano do
algum lugar e se move, com a consistência permitida pelas sensível como do inteligível. Dewey (2010a, p.122) ressalta
que numa experiência “a ação e sua consequência devem
circunstâncias, para um lugar e um estado em que ficará
estar unidas na percepção. Essa relação que confere sig-
em repouso – em direção a um fim” (DEWEY, 2010 a, p.115- nificado; apreendê-lo é o objetivo de toda compreensão”.
116). Na descrição da experiência, o autor sugere que se Nos relatos dos alunos observa-se que houve a cons-
acrescente, pela imaginação, a esses dados externos a ideia trução da significação em torno da experiência, relacionada
que a pedra anseie pelo resultado final, interessando-se tanto com a proposta das artistas de se permitir vivenciar
pelas coisas que encontra pelo caminho, pelas condições o acaso, “É uma boa às vezes sair da rotina. Sempre expe-
que aceleram ou retardam seu avanço e a influência delas rimentar coisas novas. É muito bom mudar”, como tam-
no final; de que a pedra age e sente em relação a essas bém relacionada com a arte, “Agora eu entendendo o que
condições conforme a função de obstáculos ou auxílio que é arte”.
lhes atribui. A chegada final ao repouso estaria relaciona- O trabalho também rendeu para as artistas um capítulo
da com tudo o que veio antes, como a culminância de um da história A estrada que não sabe de nada, em que parti-
movimento contínuo. Neste caso a pedra teria uma expe- cipam os alunos, a professora, a pesquisadora, o cuidador
riência com qualidade estética. dos pôneis...
Considerando que foi uma atividade proposta numa
A qualidade estética interliga as partes variadas de uma
aula de artes, ficaram alguns questionamentos que direcio-
experiência, movendo-se para uma consumação e um des-
nam para as reflexões a serem problematizadas no decorrer
fecho, tornando-a significativa para o indivíduo. A consu- da pesquisa: A proposta apresentada pelas artistas é arte
mação não depende da consciência até o final, ela é anteci- contemporânea? Os alunos participaram de uma proposta
pada e reiteradamente saboreada durante todo o processo. artística ou foi apenas um passeio? O que foi que resultou
Toda atividade prática adquirirá qualidade estética sempre desta experiência que pode ser considerado conteúdo ou
que seja integrada e se mova por seus próprios ditames em produto de arte no contexto escolar? O que a arte contem-
direção à culminância. porânea tem a ensinar para o campo da educação?

19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
As transformações na arte, quando introduzidas na Desenho, Teatro, Música e Pintura
escola como conhecimento escolar, acabam por também Cada pessoa pode ter a sua idéia sobre o que é Arte,
desconstruir saberes e fazeres tradicionais que foram cons- e, muitas dessas idéias estão corretas, afinal, quem nunca
truídos na formação acadêmica e na prática pedagógica realizou um desenho, nunca mexeu com tinta, nunca viu ou
diária do professor, desestabilizando aquela área de con- ouviu um artista cantando, nunca assistiu uma peça ou um
forto em que se encontra a maioria dos profissionais da filme? Creio que todos já tiveram contato com pelo menos
educação. A arte contemporânea rompe com a especifici- uma dessas manifestações artísticas.
dade do conhecimento, ampliando a abrangência da atua- Defino Arte como algo maravilhoso, que dá prazer às
ção da área através do seu caráter interdisciplinar, gerando pessoas, pois a Arte contribui para a felicidade do ser hu-
muitas dúvidas e incertezas no professor. mano, seja em quaisquer das formas de linguagem artís-
Para Cocchiarale (2006, p.16) a arte contemporânea tica, porém, não se resume somente a isto, a Arte é mais,
“passou a buscar uma interface com quase todas as outras com ela aprendemos um pouco do nosso passado, através
artes e, mais, com a própria vida, tornando-se uma coisa das obras de arte feitas nos períodos mais distintos, po-
espraiada e contaminada por temas que não são da própria dendo analisar o contexto histórico para verificar o que o
arte”. Segundo o autor a produção contemporânea trans-
artista quis expressar.
bordou os limites dos meios plásticos convencionais, fican-
Quando uma pessoa aprecia uma obra de arte, seja ela,
do a cargo da subjetividade do curador os critérios para
um quadro, uma escultura, uma música, uma dança, uma
selecionar artistas, definir temáticas e obras na organização
de exposições independentes ou institucionais. representação cênica, é importante que ela não seja ape-
No contexto escolar, o professor de arte também passa nas, uma apreciadora passiva, mas que ela, saiba analisar a
a assumir a função de pesquisador e curador através de obra em vários contextos.
uma atitude e prática comprometida com a arte e a cultura, Segundo BARBOSA (1994), o ensino da Arte deve se-
ao selecionar os conteúdos e definir o recorte artístico a guir, o que ela chama de Metodologia Triangular que é
ser enfatizado no currículo escolar. Como a arte contempo- composta pela História da Arte, pela leitura da obra de arte
rânea rompe com a ética e com a estética, cabe ao profes- e pelo fazer artístico, ou seja, a pessoa que aprende Arte,
sor, no papel de curador, selecionar as obras e os artistas deve saber, não apenas fazer algo, mas também saber de
a partir dos conceitos e problematizações que possam ser onde veio aquilo que ela está fazendo, o que levou aque-
inseridas na escola, sem transgredir as questões éticas. las pessoas a fazerem aquela obra, para assim, fazerem a
Observa-se, assim, uma mudança significativa no papel leitura da obra, podendo perceber a mensagem o que o
do professor, como propositor de experiências sensíveis, ao artista quis passar através da sua obra. Além disso, ao cria-
mediar o acesso ao conhecimento de arte na escola, numa rem suas obras artísticas, poderão criar algo que transmita
perspectiva contemporânea que precisa ser exercida com uma mensagem, dando sentido à Arte. Isso não significa
muita responsabilidade. que a técnica deva ser deixada de lado, é importante que
A experiência relatada evidencia que o ensino da arte, o aprendiz venha a conhecê-las para aprimorar cada dia
dentro de uma concepção de arte contemporânea, deses- mais o seu trabalho, mas, a técnica sozinha, não dá sentido
trutura as práticas artísticas tradicionais da escola, pro- à obra.6
vocando rupturas, estranhamentos e desconstruções, tais
como a arte contemporânea provocou no mundo da arte. Linguagens Visuais
Para que a arte contemporânea possa ser incluída no Linguagem visual é todo tipo de comunicação
currículo escolar, é necessário que os professores tenham que se dá através de imagens e símbolos. Os ele-
experiências com as propostas artísticas da atualidade, que mentos visuais constituem a substância básica daquilo
conheçam e compreendam as desconstruções e rupturas que vemos, são a matéria-prima de toda informação vi-
conceituais e estéticas da arte como possibilidades de no-
sual. Entretanto, esses elementos isolados não repre-
vas construções e práticas artísticas na escola dentro de
sentam nada, não tem significados preestabelecidos,
uma concepção contemporânea de arte.
nada definem antes de entrarem num contexto formal.
As palavras de Lucimar Bello Frange (2001), retiradas
do texto Arte, Cultura e Educação: Alguns pressupostos, sin- De acordo com o estudo de vários autores, podem-se iden-
tetizam o desafio de ressignificar o ensino de arte nas esco- tificar como principais elementos visuais: o ponto, a linha,
las a partir das questões que a arte contemporânea suscita a forma, o plano, a textura, e a cor.
na atualidade:
O artista só realiza sua performance na medida em que é 1. PONTO 
criador, sujeito de pensamentos inquietos, múltiplos e ambíguos, DEFINIÇÕES
a convocarem novas ações, novos fazeres, outros saberes, jamais • O ponto é o elemento básico da geometria, atra-
“verdadeiros”, mas saberes que contenham os efeitos de sentido vés do qual se originam todas as   outras formas geomé-
da dúvida e das incertezas, da experimentação e experienciação. tricas. 
A arte na escola, na comunidade e na sociedade só acontece se • Ponto é o lugar onde duas linhas se cruzam. 
a liberdade de criar e de ser, estiver como valor do valor, tanto • Ponto é um sinal sem dimensões, deixado na su-
no inteligível quanto no sensível. (FRANGE, 2001, p.231-232).5 perfície. 

5 Fonte: www.portalanpedsul.com.br – Por Rejane 6 Fonte: www.webartigos.com – Por João Bezerra Da


Reckziegel Ledur Silva Júnior

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
• Ponto é a unidade de comunicação visual mais Observe: 
simples e irredutivelmente mínima(DONDIS, 1997). 
• Considera-se como ponto qualquer elemento que
funcione como forte centro de atração visual dentro de um
esquema estrutural, seja numa composição ou num obje-
to(FORTES, 2001).  

FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DO PONTO

O ponto pode ser representado graficamente de duas


maneiras: pela interseção de duas linhas ou por um sim-
ples toque na superfície com um instrumento apropriado.
É identificado através de uma letra maiúscula do nosso al-
fabeto.  

Georges Seurat.
UTILIZAÇÃO DO PONTO NAS ARTES VISUAIS Quando se desenha ou se pinta uma obra usando
muitos pontos, pode-se criar uma sensação de vibração.
Qualquer ponto tem grande poder de atração visual,
quando juntos eles são capazes de dirigir o olhar do espec-
tador. Essa capacidade de conduzir o olhar é intensificada
pela maior proximidade dos pontos, ou seja, quanto mais
próximos uns dos outros estiverem os pontos, mais rápido
será o movimento visual.

Nas artes visuais um único ponto não é capaz de cons-


truir uma imagem. Porém com um conjunto de pontos po-
demos obter imagens visuais casuais ou organizadas.  

Em grande número e justapostos os pontos criam a ilu-


são de tom ou de cor.  

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
2. LINHA

DEFINIÇÕES
• Linha é a trajetória definida pelo movimento de um ponto no espaço;
• Linha é um conjunto de pontos que se sucedem uns aos outros, numa seqüência infinita; 
• Linha é o elemento visual que mostra direcionamentos, delimita e insinua formas, cria texturas, carrega em si a
idéia de movimento.

CLASSIFICAÇÃO

Alguns autores classificam as linhas simplesmente como físicas, geométricas e geométricas gráficas. 
• Físicas – são aquelas que podem ser enxergadas pelo homem no meio ambiente. Ex.: fios de lã, barbantes, racha-
duras de pisos, fios elétricos etc. 
• Geométricas – apresentam comprimento ilimitado não possuindo altura e espessura, sendo apresentadas através
da imaginação de cada um de nós quando observamos a natureza. 
• Geométricas gráficas – são linhas desenhadas numa superfície, sendo concretizadas quando colocamos a ponta de
qualquer material gráfico sobre uma superfície e o movemos seguindo uma direção.
Em artes Visuais, estudaremos as linhas geométricas gráficas que são classificadas quanto ao formato em SIMPLES e
COMPLEXAS. As linhas simples podem ser retas ou curvas. Observe:

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
UTILIZAÇÃO DAS LINHAS NAS ARTES VISUAIS

As linhas nascem do poder de abstração da mente humana, uma vez que não há linhas corpóreas no espaço natural.
Elas só se tornam fato físico quando são representadas pela mão humana. Independente de onde seja utilizada, a linha
é o instrumento fundamental da prévisualização, ou seja, ela é o meio de apresentar em forma palpável, concreta, aquilo
que só existe na imaginação. Nas artes visuais, a linha é o elemento essencial do desenho, seja ele feito a mão livre ou por
intermédio de instrumentos. Segundo ARNHEIM (1994) as linhas apresentam-se basicamente de 3 modos diferentes nas
artes visuais: 

 Linhas objeto - visualizadas como objetos visuais independentes. A própria linha é uma imagem.
• Linhas de contorno - obtidas quando envolvem uma área qualquer criando um objeto visual.
• Linhas hachuradas – são formadas por grupo composto de linhas muito próximas criando um padrão global sim-
ples, os quais se combinam para formar uma superfície coerente. Hachurar é usar um grupo de linhas para sombrear ou
insinuar texturas. Quanto mais próximas as linhas, mais densa a hachura e mais escuras as sombras. Quanto mais distantes
as linhas, menos densa a hachura e menos escuras as sombras. As linhas da hachura podem ter comprimentos e formas
diferentes.

SIGNIFICADOS EXPRESSOS PELAS LINHAS

A linha pode assumir formas muito diversas para expressar uma grande variedade de estados de espírito, uma vez que
reflete a intenção do artista, seus sentimentos e emoções e principalmente sua visão de mundo.
Quando predomina uma direção, a linha possui uma tensão que pode ser associada a determinado sentimento ou
sensação. Exemplos: 

As figuras
 Quando desenhamos uma linha fechada em uma superfície, separamos um espaço do resto do papel. Isso é uma fi-
gura. Em arte nem todas as figuras são delimitadas com uma linha. Também podem ser feitas com cores, texturas, papéis
recortados, etc.

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
 Há simples como o círculo, o triângulo, o quadrado, e figuras mais complexas. Quando vemos uma figura simples,
podemos Recordá-la com facilidade e até reproduzi-la. No entanto, quando vemos uma figura complexa, precisamos olhar
atentamente para poder identificar os elementos visuais, a construção, etc.

Edvard Munch (O grito)

Tarcila do Amaral ( São Paulo)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
3. A FORMA
Forma é o aspecto exterior dos objetos reais, imaginários ou representados. A linha descreve uma forma, ou seja, uma
linha que se fecha dá origem a uma forma. Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma.

FORMAS BÁSICAS
Existem três formas básicas: o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero. Cada uma das formas básicas tem suas
características específicas, e a cada uma se atribui uma grande quantidade de significados, alguns por associação, outros
por vinculação arbitrária, e outros, ainda, através de nossas próprias percepções psicológicas e fisiológicas. Ao quadrado se
associam enfado, honestidade, retidão e esmero; ao triângulo ação, conflito, tensão; ao círculo, infinitude, calidez, proteção.
Todas as formas básicas são figuras planas e simples, fundamentais, que podem ser descritas e construídas verbalmente
ou visualmente.

 4. PLANO E SUPERFÍCIE


O plano é uma superfície sem ondulações, de extensão infinita, ou seja, uma superfície plana que se estende infinita-
mente em todas as direções possíveis. Temos a noção de um plano quando imaginamos uma superfície plana ilimitada e
sem espessura.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Pense numa folha de papel prolongada infinitamen- A textura é tão importante quanto a forma, tamanho,
te em todas as direções, desprezando a sua espessura. cor, etc. Existem várias técnicas para se criar texturas nas ar-
A representação do plano será feita através de uma figura tes plásticas. O pintor, por exemplo, utiliza uma infinidade
que sugere a idéia de uma parte dele. Também nesse caso, de técnicas para reproduzir ou criar a ilusão de textura tátil
fica por nossa conta imaginar que essa superfície se es- da vida real em suas obras. 
tende indefinidamente em todas as direções possíveis.  Os
planos são denominados por letras minúsculas do alfabeto
Entre as técnicas mais conhecidas estão a tinta diluída
grego: alfa (α), beta (β), gama (γ), delta (δ) etc.
e o empasto (uso livre de grossas camadas de tinta para dar
efeito de relevo).  Outra técnica conhecida é a frotagem. A
palavra “Frottage” é de origem francesa - frotter, que sig-
nifica “esfregar”. Consiste em colocar uma folha de papel
sobre uma superfície áspera, que contém alguma textura, e
esfregá-la, pressionando-a com um bastão de giz de cera,
por exemplo, para que a textura apareça na folha. No cam-
po da arte, essa técnica foi usada pela a primeira vez pelo
o pintor, desenhista, escultor e escritor alemão Max Ernest
 Superfície é a extensão que delimita no espaço um (1891 – 1976), um dos fundadores do movimento “Dada”
corpo considerável, segundo a largura e a altura, sem levar
e posteriormente um dos grandes nomes do Surrealismo.
em conta a profundidade. É o suporte onde o artista criará
sua composição. Os abstracionistas utilizam uma grande variedade de
técnicas como a colagem com pedaços de jornais e mate-
5. TEXTURA riais “expressivos” como madeira, papelão, barbante, areia,
Textura, nas artes plásticas, é o elemento visual que ex- pedaços de pano etc.
pressa a qualidade tátil das superfícies dos objetos (DON-
DIS, 1997). A palavra textura tem origem no ato de tecer. Os artistas recorrem às texturas para:
Existem várias classificações para a textura, segundo dife-
rentes autores que tratam do assunto. Para começar, ela • Traduzir visivelmente o sentido de volume e os
pode ser classificada como natural – quando encontrada efeitos de superfície;
na natureza – ou artificial - quando produzida pelo ser hu-
• Representar graficamente o claro e o escuro, a luz
mano (simula texturas naturais ou cria novas texturas). A
e a sombra.
textura natural de alguns animais, como o camaleão, pode
ser modificada quando ele simula outra cor de pele. O ho-
mem também simula texturas naturais em suas vestimen- Na escultura os artistas utilizam texturas diferentes
tas (como é o caso dos soldados camuflados). As texturas conforme os padrões estéticos do período ou movimento
podem também ser divididas em visuais (óticas) e táteis. artístico a que pertencem. No Renascimento observamos
A textura visual ou ótica possui apenas qualidades óti- texturas lisas e suaves, enquanto que no Impressionismo
cas. Ela simula as texturas táteis. Ex.: Uma pintura que percebemos superfícies inacabadas como nas obras de Ro-
crie o efeito da maciez de uma pétala de rosa, ou o din.
pêlo do cachorrinho. A textura tátil possui tanto qua-
lidades visuais quanto táteis. Existe textura tátil em to- Além das artes visuais a textura ocorre também em di-
das as superfícies e esta nós podemos realmente sen- ferentes espaços da vida. No cotidiano nós a observamos
tir através do toque ou do contato com nossa pele.
nos utensílios domésticos, nas roupas, nos calçados, nos
Quanto à forma de apresentação a textura pode ser geo-
papéis, nos vidros, na decoração de interiores, etc. A tecno-
métrica ou orgânica. Nas artes gráficas pode ser reprodu-
logia favoreceu a criação de uma variedade muito grande
zida através de desenhos, pinturas, impressões, fotografia,
etc. Podemos representar as texturas em forma de trama de texturas. A tinta de parede, por exemplo, é encontrada
de sinais, pontos, traços, manchas com os quais se realizam em diversos tipos e para as mais diversas aplicações. Essas
as mais variadas atividades gráficas e artísticas. Exemplos: por si só já permitem efeitos de texturização.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Tarcila do Amaral
6. A COR

DEFINIÇÃO

A cor é o elemento visual caracterizado pela sensação


provocada pela luz sobre o órgão da visão, isto é, sobre
nossos olhos. O pigmento é o que dá cor a tudo o que é
material. 
Ao falarmos de cores, temos duas linhas de pensa-
mento distintas: a Cor-Luz e a Cor-Pigmento. A Cor-Luz
pode ser observada através dos raios luminosos. Cor-luz é
a própria luz que pode se decompor em muitas cores. A luz
branca contém todas as cores.
No caso da Cor-Pigmento a luz é que, refletida pelo
material, faz com que o olho humano perceba esse estímu-
lo como cor. Os pigmentos podem ser divididos em dois
grupos diferentes: os transparentes e os opacos.
As cores pigmento transparentes são mais utilizadas
Renoar nas artes gráficas, nas impressoras coloridas entre outros
  meios de produção. As cores pigmento opacas são geral-
mente utilizadas nas artes plásticas, são mais populares,
portanto, são mais conhecidas pelos estudantes da escola
básica.
Os dois extremos da classificação das cores são: o
branco, ausência total de cor, ou seja, luz pura; e o preto,
ausência total de luz, o que faz com que não se reflita ne-
nhuma cor.
Essas duas “cores” portanto não são exatamente cores,
mas características da luz, que convencionamos chamar de cor.
 
NOMENCLATURA DAS CORES

Cores primárias e secundárias


 Para estudar as cores, o primeiro passo é sabermos
que existem cores primárias e secundárias. As cores pri-
márias são cores puras, sem mistura. É através das cores
primárias que se formam todas as outras cores.
 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
As cores primárias são VERMELHO-AZUL-AMARELO. Cores Quentes e Cores Frias
  As cores possuem seus valores de luminosidade.
Algumas são mais alegres, mais vivas, que classifica-
mos de cores quentes.
As cores quentes nos lembram o fogo, o sol, e transmi-
tem o arrojo, a aventura, o estímulo, o calor.
Outras são mais escuras e tristes, que classificamos de
cores frias, que classificamos de cores frias, e transmitem a
calma, o repouso, o frio, a sombra.
As cores quentes são derivadas do vermelho e as frias
As secundárias, ao contrário, são as que resultam da derivam do azul.
mistura de duas cores primárias. A cor amarela é equilibrada. Os tons de roxo podem ser
classificados como quentes ou frios, pois apresentam tanto
azul como o vermelho.
 
Harmonia das cores
Harmonia é a combinação entre duas ou mais cores.
São estas as principais maneiras de combinar cores:
 
Monocromia
É a harmonia conseguida quando utilizamos somente
uma cor, com suas variações de tons, obtidas com o auxílio
da cor branca ou preta.
 
Isocromia
È a harmonia conseguida através de uma cor e seus
matizes.
Por exemplo: amarelo-alaranjado, amarelo-esverdea-
do, amarelo-amarronzado.
 
  Policromia
As cores terciárias são obtidas misturando uma cor pri- É a harmonia conseguida através de várias cores.
mária e uma secundária.
 
As cores terciárias são:
• Vermelho-alaranjado=combinação do vermelho+la-
ranja.
• Amarelo-alaranjado=combinação do amarelo+laran-
ja.
• Amarelo-esverdeado=combinação do amarelo+ver-
de.
• Azul-esverdeado=combinação do verde+azul.
• Azul-arroxeado=combinação do azul+roxo.
 
• Vermelho-arroxeado=combinação do roxo+verme-
lho.
 
Cores Neutras
 
São as cores que combinam com qualquer cor. As cores
neutras são o preto, o branco e o cinza.
Fonte7

Linguagem Corporal - Dança


A dança é uma linguagem artística. Seus signos são os
movimentos. É uma “escrita hieroglífica”, onde os elemen-
tos possuem sua tradução significativa a partir das relações
7 Fonte: www.7dasartes.blogspot.com.br/ www.poin-
tdaarte.webnode.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
que estabelecem dentro do conjunto da cena. Na dança zzo, monge italiano, quem colocou os nomes das notas
temos o movimento do corpo como signo da linguagem. musicais como conhecemos hoje - já que os gregos utili-
Os fundamentos essenciais da dança são: zavam as letras do alfabeto, de A (lá) à G (sol), utilizando o
•  Movimento:  Os movimentos básicos das partes do Hino a São João, em latim.
corpo (translações e rotações) e as combinações entre eles. Posteriormente, o Ut foi substituído pelo Dó, pelo fato
Podemos executá-los isoladamente, depois combiná-los do Ut ser considerado muito difícil para cantar.
sucessivamente e ainda simultaneamente e podemos parar Atualmente, a música está presente no dia-a-dia de to-
o movimento no instante de sua execução. das as pessoas que ouvem, mas nem todos que a ouvem,
• Movimento potencial: É como chamamos as pau- sabem o que é música. Para saber o que é música, é preci-
sas do movimento, ou seja, quando as partes do corpo não so primeiro ter conhecimento do que é som, e, som, nada
descrevem nenhuma trajetória no espaço. mais é do que a vibração produzida nos corpos elásticos e
• Movimento liberado: É quando ele se realiza no essas vibrações podem ser:
espaço. São os movimentos realizados com o corpo como - regalares: aquelas que possuem altura definida, ou
um todo no espaço. seja, quando conseguimos ouvir que ali foi produzida uma
• Famílias de movimentos: Os movimentos em dan- nota musical, como dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, bem como suas
ça concentram-se em grupos denominados famílias da variações com sustenidos e bemóis;
dança que são: transferências, locomoções, saltos, voltas, - irregulares: as vibrações irregulares são todos aqueles
quedas e elevações. barulhos que ouvimos no dia-a-dia, que podem ditar o rit-
mo para uma música, como a batida de um instrumento de
•  Espaço-Forma:  Todo movimento corporal acontece percussão (menos marimba e xilofone, que produzem sons
no espaço, produzindo diferentes configurações, portan- regulares) ou barulhos do dia-a-dia, que compõem a paisa-
to diferentes formas. Envolve a experiência de movimentos gem sonora, como a sirene de uma ambulância, o som das
realizados em diferentes planos, direções, sentidos, níveis, britadeiras de operários, o som de marretas, o som da bu-
trajetórias e amplitudes, o que contribui para uma boa de- zina dos carros, o som dos aviões e outros inúmeros sons,
finição, precisão e clareza do movimento. na qual não podemos distinguir a altura.
Bom, agora que sabemos o que é som? O que vem a
ser Música? Segundo MED (1996, p. 11), “Música é a arte de
• Dinâmica: Refere-se ao estudo da força, do que im-
combinar os sons simultânea e sucessivamente, com ordem,
pulsiona o movimento relacionando o indivíduo com seu
equilíbrio e proporção dentro do tempo.” Com isso, pode-
próprio corpo, com o outro e com o seu entorno, amplian-
mos ter uma boa idéia do que vem a ser música, falando
do assim o leque de possibilidades expressivas e criativas
sobre suas principais partes, sem, porém, citar os seus no-
através do movimento. Quanto à força ou dinâmica um
mes: harmonia (sons simultâneos, ou seja, aqueles que são
movimento pode ser fraco, médio ouforte.
tocados ao mesmo tempo), melodia (sons sucessivos, ou
seja, aqueles que são tocados um após o outro) e ritmo (o
•  Tempo  :  São os referenciais temporais que estabe- andamento, velocidade da música).
lecem a ligação entre a dança e a música. Os referencias O objetivo do ensino de música na educação básica,
principais deste fundamento são: não é de se formar músicos, mas sim de formar bons ouvin-
• O ritmo, que se caracteriza pela distribuição de tes, que tenham noções daquilo que forma a música (har-
elementos ao longo do tempo. Na música nós temos o som monia, melodia e ritmo), bem como as suas propriedades
e o silêncio como elementos básicos, na dança omovimen- que são:
to e a pausa. -Altura - através dela podemos identificar se um som
• O andamento, que é como denominamos o re- é grave (grosso) ou agudo (fino);
ferencial abordado quando queremos aplicar diferentes -Intensidade através dela podemos perceber a força
velocidades a esse ritmo. Este referencial está totalmente com que o som foi produzido, ou seja, o volume do som,
relacionado com o andamento da teoria musical. que muitos chamam erroneamente de altura;
Esses referenciais temporais são fundamentais no tra- -Timbre - através dele podemos identificar os instru-
balho corporal, pois podem influenciar nas variações da di- mentos que compõem a música;
nâmica a partir da aplicação de diferentes velocidades na -Duração - através dela podemos ter uma noção do
execução de movimentos e na distribuição rítmica variada tempo utilizado na música, podendo identificar compassos
na construção das combinações das partes do corpo.8 ou andamentos.
A música sempre esteve muito ligada à poesia, antes
enquanto era executada, eram recitadas poesias, com o
Linguagens Musicais tempo elas passaram a se unir, sendo a música a parte ins-
A música surgiu quando o homem descobriu que, ba- trumental/vocal e a poesia, a letra da música em si.
tendo um objeto no outro, ele produzia sons e que isso Agora, por que estudar música? Segundo SCHAFFER
não era simplesmente, um tanto de barulhos. A música teve (1991), o ensino da música ajuda a criança na coordenação
várias funções no decorrer da história, como para louvar os do ritmo do corpo, como o andar, caminhar, correr, saltitar,
deuses, exaltar autoridades, lutar, etc. e foi sistematizada balançar, podendo sincronizar-se bolas que pulam com as
como conhecemos hoje, na Grécia, porém, foi Guido D’Are- ondas do mar; galopes de cavalos e outros ritmos da na-
8 Fonte: www.profnelmar.arteblog.com.br tureza.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O trabalho com o canto envolve a voz, que por sua A Arte Cênica ou Teatro divide-se em cinco gêneros:
vez cuida da respiração. Ao se produzir sons com objetos, Trágico, Dramático, Cômico, Musical e Dança.
inventando uma linguagem própria, dirigindo a educação O gênero Trágico imita a vida por meio de ações com-
no rumo da experiência e da descoberta. pletas. O Drama descreve os conflitos humanos. A comédia
Para se ter uma boa noção de tudo isso é importante apresenta o lado irônico e contraditório. O Musical é de-
que o estudante seja treinado auditivamente, pois, treinan- senvolvido através de músicas, não importa se a história é
do o seu ouvido, conseguirá identificar as propriedades do cômica, dramática ou trágica. E a dança utiliza-se da música
som, que segundo JEANDOT (1990) é chamada de escuta e das expressões propiciadas pela “mímica”. 10
crítica, ou seja, a pessoa não apenas ouvirá a música, mas
sim, identificará os elementos que a compõem. Elementos Formais da Linguagem Teatral
Como aprender tudo isso? Assim, como em tudo na
vida, para se aprender música e necessário muito treino,  Texto Teatral:
seja para entendê-la ou para se tocar ou cantar bem. Para O texto teatral assemelha-se ao narrativo quanto às
que a pessoa aprenda música, existem várias formas e mé- características, uma vez que o mesmo se constitui de fatos,
todos, um deles, que é muito utilizado na educação básica, personagens e história (o enredo representado), que sem-
é o método da utilização de jogos e brincadeiras, que fun- pre ocorre em um determinado lugar, dispostos em uma
ciona muito bem, principalmente com as crianças, e que sequência linear representada pela introdução (ou apre-
pode ser adaptado para jovens e adultos, através das asso- sentação), complicação, clímax e desfecho. A história em
ciações, por exemplo, para se identificar um intervalo mu- si é retratada pelos atores por meio do diálogo, no qual
sical, podemos utilizar trechos de alguma música conheci- o objetivo maior pauta-se por promover uma efetiva in-
da, preferencialmente o início de alguma música. Com as teração com o público expectador, onde razão e emoção
crianças podemos utilizar cantigas de roda, criar com elas se fundem a todo momento, proporcionando prazer e en-
escritas musicais alternativas, etc., fazendo com que elas tretenimento. Pelo fato de o texto teatral ser representado
tenham uma noção rítmica, harmônica e melódica do que e não contado, ele dispensa a presença do narrador, pois
estão realizando. como anteriormente mencionado, os atores assumem um
Outra coisa importante para aprender música, é ouvir papel de destaque no trabalho realizado por meio de um
bastante e imitar os sons que são ouvidos, adquirindo in-
discurso direto em consonância com outros recursos que
fluências de alguns artistas, para com o tempo, poderem
tendem a valorizar ainda mais a modalidade em questão,
criar a sua própria identidade musical. No canto, por exem-
como pausas, mímica, sonoplastia, gestos e outros ele-
plo, para se adquirir afinação, é preciso treinar bastante a
mentos ligados à postura corporal. A questão do tempo
respiração (ela deve ser igual a de um bebê, diafragmática),
difere-se daquele constituído pelo narrativo, pois o tempo
além de se imitar as notas musicais, para afinar a voz e ter
da ficção, ligado à duração do espetáculo, coincide com o
hábitos saudáveis de alimentação.
tempo da representação.
Além disso, é importante se aprender música, para
avaliar aquilo que se ouve, independentemente do gosto,  Ator:
saber analisá-las sobre um ponto de vista técnico, mesmo O ator passa a existir juntamente com o teatro, pois
que mínimo, podendo analisar criticamente uma obra mu- o ato estético coletivo de origem grega, tem seu alicerce
sical, analisando todos os elementos nela presentes. no binômio Ator-Espectador. Sem o ator em cena diante
Uma atividade que pode integrar música e artes plásti- de um público não há teatro. O título de primeiro ator da
cas é a criação de instrumentos musicais com objetos con- história do teatro no ocidente é do poeta trágico Téspis,
siderados como lixo, que vão trabalhar com a criatividade que representava vários papéis, simultaneamente, em suas
dos alunos, obtendo sonoridades diferenciadas e estilos di- peças. Era comum não reconhecer os atores em cena nas
versificados, além de desenvolver o consciente dos alunos tragédias gregas, pois utilizavam grandes máscaras, figuri-
quanto à preservação do meio ambiente.9 nos alongados e tamancos altos de madeira, denominados
“coturnos”.
Linguagens Teatrais Os tragediógrafos gregos representavam os papéis
LINGUAGEM CÊNICA é uma linguagem específica, com que escreviam, mais tarde Sófocles começou a desvincular
signos, códigos necessários à sua constituição. Não é pos- este elo entre autor e ator. Desde o surgimento do teatro
sível fazer teatro, dança, ou circo, sem o domínio desses as mulheres eram impedidas de encenar, e os papéis femi-
elementos. ninos eram apresentados pelos homens. Só na “Commedia
Arte Cênica é uma forma de arte apresentada em um dell’ Arte” que elas irão atuar no teatro de rua. A impos-
palco ou lugar destinado a espectadores. O palco é com- tação de voz do ator grego era de extrema importância,
preendido como qualquer local onde acontece uma repre- pelo uso da máscara e pelo local aberto das apresentações.
sentação, sendo assim, estas podem acontecer tanto em Quando o império romano se apropria da cultura grega,
praças como em ruas. assimila um teatro já decadente, com atores buscando um
A arte Cênica abrange o estudo e a prática de toda profissionalismo de efeitos grosseiros e gratuitos. O públi-
forma de expressão que necessita de uma representação, co romano opta por espetáculos circenses, jogos violentos
como o teatro, a música ou a dança. e competitivos, e diferentes formas de corridas, não valo-
9 Fonte: www.webartigos.com – Por João Bezerra Da 10 Por Patrícia Lopes
Silva Júnior

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
rizando a arte dramática. Sendo assim o ator começa a se  Diretor:
especializar na mímica, dança e acrobacia. Com as invasões O encenador, diretor teatral ou diretor de teatro é o
bárbaras no início da Idade Média, surgem os atores trova- responsável por supervisionar e dirigir a montagem de uma
dores e menestréis, pois os teatros haviam sido fechados e/ peça de teatro, trabalhando diretamente a representação,
ou destruídos, e esses atores ambulantes passam a se apre- decidindo a melhor forma de conjugar os diversos esforços
sentar em feiras, aldeias e cidades. Neste período, um cris- da equipa de trabalho em todos os aspectos da produção.
tão batizado era proibido de assistir ou participar de qual- A sua função é assegurar a qualidade e integridade do pro-
quer encenação teatral, exceto àquelas de caráter litúrgico, duto teatral (a peça). Contatando os membros chave da
como os autos e os mistérios. No início do Renascimento equipa de trabalho, coordena o andamento das pesquisas
as companhias ambulantes passam a profissionalizar os necessárias, a cenografia, o guarda-roupa, os adereços, ilu-
minação cênica, sonoplastia, etc. O encenador pode ainda
atores da “Commedia dell’ Arte”, que começam a ser con-
trabalhar com o dramaturgo em obras cuja concepção é
tratados por senhores e nobres, para apresentação de suas
paralela à produção (work in progress). No teatro contem-
“farsas” e participações nos “triunfos”. Na encenação orien-
porâneo, é costume considerar o encenador como o prin-
tal o ator é envolvido por rituais e cerimônias religiosas. Na cipal autor da peça enquanto obra teatral (não retirando, a
China o ator precisa dominar o gestual, o canto e a palavra, importância do dramaturgo, que é considerado um autor
pela simplicidade cenográfica e pela tradição da linguagem à parte - o texto é uma obra independente). É o encenador
simbólica de sua cultura. No Japão, o “Nô” e o “Kabuki” são que concebe a obra e toma as decisões necessárias para a
as duas formas de teatro mais conhecidas e tradicionais. sua concretização. Existem encenadores mais ou menos in-
Ainda no Renascimento, quando o Triunfo e o teatro de terventivos, democráticos ou autoritários, dependendo da
rua passam a ocupar os palcos de salas fechadas, o ator filosofia própria da companhia teatral em questão.
precisa reeducar sua forma de atuar, isto porque o gesto
sutil do ator em cena pode mostrar a identidade da perso-  Cenografia
nagem, sem precisar dos recursos utilizados ao ar livre. As Muito mais do que decoração e ornamentação, a ceno-
biografias são típicas deste período do antropocentrismo, grafia é técnica, técnica de organizar todo o espaço onde
e com elas surgem as “vedetes” do teatro. É na Commedia as ações dramáticas são encenadas. A cenografia é parte
dell’ Arte que muitos atores e atrizes vão fazer carreira com importante do espetáculo, pois ela ambienta e ilustra o es-
personagens fixos, alguns vivendo esses personagens até a paço/tempo materializando o imaginário e aproximando o
morte. No Iluminismo do século XVIII, muitas ideias e es- público da representação. A cenografia cria e transforma o
critos filosóficos sobre a preparação e o trabalho do ator espaço cênico. O cenógrafo é aquele que cria o cenário.
foram surgindo, porém o primeiro trabalho mais significa-
 Figurino
tivo foi o “Paradoxo sobre o comediante”, do francês Denis
É um elemento importante da linguagem visual do es-
Diderot(1713-1784). No século XIX, surge a linguagem dos petáculo formado por, além das vestimentas, pelos acessó-
“Melodramas”, onde os atores e atrizes são o foco de aten- rios. O figurino auxilia na compreensão do personagem, ele
ção na encenação teatral, e o público vai ao teatro apenas é carregado de simbologia e pode acentuar o perfil psico-
para vê-los. É o chamado “Academismo francês e italiano”. lógico do personagem, objetivos e características da histó-
No final deste século o “Naturalismo” começa a se firmar ria. Os figurinos e acessórios utilizados em cena devem ser
e o ator a se preocupar com a verdade cênica, ou melhor, sempre coerentes com a época em que acontece a ação ou
a “fé cênica”. O russo Constantin Stanislavski (1863-1938) com o simbolismo que o diretor queira dar a ela. O figuri-
dedica-se a produzir fundamentos e métodos para o tra- nista é o responsável pelas roupas e acessórios utilizados
balho do ator, contribuindo com os livros “A preparação do na peça teatral.
ator”, “A composição do personagem”, e “A criação de um
papel”. Sua proposta era a que o ator lutasse contra a falsa  Maquiagem
teatralidade e o convencionalismo, desta forma, utilizando A maquiagem é parte da composição do espetáculo,
as bases do naturalismo psicológico, exigindo do ator, nos é um instrumento fundamental que auxilia na criação do
ensaios ou diante do público, a concentração e a fé cênica, personagem e na transformação estética dos atores. O
construindo assim uma “quarta parede” imaginária. Suas maquiador atua junto com toda a produção do espetáculo
ideias foram divulgadas no Brasil por Eugênio Kusnet. Para- acompanhando sempre a concepção do mesmo, com vis-
tas a ressaltar e/ou criar elementos que ressaltem aspectos
lelo ao naturalismo de Stanislavski, dentre outras, acontecia
importantes para a compreensão do personagem. O ma-
a concepção da “biomecânica” de Meyerhold (1874-1942),
quiador é o responsável pela pintura do rosto ou do corpo
onde atores apareciam em forma de marionetes com múl-
dos atores e atrizes
tiplas habilidades cênicas. O ícone do teatro do século XX
foi Bertolt Brecht (1898-1956), que resgatou a estética do  Sonoplastia
“teatro épico” e criou um teatro dialético, onde o ator e A sonoplastia é um som ou conjunto de sons que au-
espectador estariam em constante reflexão diante da ação xilia a enfatizar as cenas e ou as emoções dos atores. O
teatral. sonoplasta trabalha os elementos sonoros ajudando a en-
volver o público na construção de imagens e sensações. As

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
músicas e sons utilizados devem estar intimamente ligados trada pois, “a escola é uma trama de relações materiais que
ao que acontece na cena, o sonoplasta deve estudar o tex- organizam a experiência cotidiana e pessoal do (a) aluno
to e depois acompanhá-lo passo a passo. O sonoplasta é (a) com a mesma força ou mais que as relações de produ-
aquele que compõe e faz funcionar os ruídos e sons de um ção podem organizar as do operário na oficina ou as do
espetáculo teatral. pequeno produtor no mercado.” (Fernández, Enguita, 1990)
Por outro lado, não é possível desconsiderar que essa
 Iluminação mesma estrutura, chamada escola, além de ter um papel
A iluminação pode dar ênfase a certos aspectos do ce- configurado pela sociedade, também na distribuição de
nário, pode estabelecer relações entre o ator e os objetos, seus tempos e de seus espaços, caracteriza os discursos
pode enfatizar as expressões do ator, pode limitar o espa- que são incorporados nas relações humanas e refletidos na
ço de representação a um círculo de luz e muitos outros própria sociedade, marcando por exemplo, o que é apren-
efeitos. A iluminação é muito importante para o teatro, dizagem própria da escola e o que vem da sociedade e que
pois através dela podemos ambientar a cena e ampliar as precisará ser reelaborada, através das atividades mediadas,
emoções nela exploradas. É fundamental que o ilumina- utilizado diversas operações psicológicas do indivíduo, po-
sicionando-se como produtora de relações sociais.
dor conheça bem o texto e as marcações cênicas determi-
“A aprendizagem escolar define um sistema de traba-
nadas pelo diretor do espetáculo. O iluminador é aquele
lho particular que regula o uso dos próprios instrumentos
que concebe e planeja a colocação das luzes em uma peça
mediadores que funcionam como conteúdo ou vínculos do
teatral.11 ensino. [...] se aprende e se interioriza o domínio de um ins-
trumento de mediação com sua estrutura intrínseca e com
sua modalidade e sistema de uso escola.
CONSTRUÇÃO DAS NOÇÕES DE ESPAÇO, O sistema escolar implica um sistema discursivo parti-
TEMPO E GRUPO. cular (existem numerosas regras próprias do discurso esco-
lar) e uma organização material das atividades também es-
pecífica, ambos regulando os tempos, espaços, a distribui-
ção de responsabilidades no desenvolvimento das tarefas.
As palavras tempo e espaço são utilizadas cotidiana- A aprendizagem escolar consiste, portanto, não ape-
mente no âmbito da escola, porém o que se constitui como nas no domínio dos instrumentos ou sistemas conceituais,
abordagem desta pesquisa, não é o uso rotineiro das no- de procedimentos de seu uso em abstrato, como também
ções dessas palavras mas, de refletir o significado de tem- sua recontextualização no cenário escolar [...] .” (BAQUE-
po e espaço como elementos mediadores do processo de RO,1998,p.83)
aprendizagem. É preciso observar que há possibilidades de Portanto, olhar tempo e espaço escolar como media-
organização e distribuição do tempo e do espaço para efe- dores no processo de aprendizagem e problematizar uma
tivar de maneira significativa a aprendizagem dos alunos. ressignificação, implica em rediscutir práticas e também
Apresenta-se uma experiência de reagrupamentos, revela os aportes teóricos pelos quais uma organização es-
cujo objetivo era atender de diferentes maneiras as neces- colar se fundamenta.
sidades acadêmicas dos alunos. Os sujeitos (históricos e sociais), procuram revelar o
Refletir a questão da temporalidade e da espacialidade que se entende por tempo e espaço. Mas afinal, de que
na escola é inicialmente fazer uma referência de como a tempo e espaço está se tratando? Discutir tempo e espa-
unidade escolar foi edificada em um determinado tempo e ço, é pensar em termos de colaboração para o crescimento
espaço social que a configura em termos organizacionais e, dos educandos, mediando não apenas o desenvolvimen-
até mesmo, existenciais, pois o humano estabelece a con- to cognitivo, mas o desenvolvimento social, ético, moral,
biológico, cultural, pessoal, afetivo, viabilizando as diversas
dição de tempo.
potencialidades e os diferentes estilos cognitivos de apren-
Paralelamente é estar provocando uma análise sobre
dizagem, reconhecendo-os e valorizando-os.
como os docentes se referem a questão tempo e espaço,
Busca-se analisar e entender um tempo considerado
a distribuição do “tempo” diante dos conteúdos propostos necessário para a aprendizagem escolar, um tempo ao qual
para os anos iniciais do ensino fundamental e a alocação as crianças ao ingressarem na escola, também aprendem o
dos sujeitos frente o processo de aprendizagem em espa- seu significado. Um espaço o qual irão perceber, pensar e
ços destinados previamente, para determinadas práticas e agir, dentro de limites, gerados por adultos, que precisam
que, necessariamente, precisam ser revistos e modificados. garantir uma estabilidade de ações, algumas cristalizadas
Em primeiro lugar, a referência sobre o papel da es- por costumes ou hábitos.
cola, é que ela se encontra em um constante exercício de Na sociedade ocidental, existe uma construção histó-
interpretação das políticas sociais, gerenciando conflitos de rico-filosófica a cerca da concepção de tempo e espaço,
ordem política-social, que se caracterizam através dos tem- embasada na busca obstinada do homem pelo chamado
pos. Possibilita a interpretação de normatizações de uma tempo objetivo e que naturalmente se remete ao tempo
estrutura, que sucessivamente, configuram seu papel na subjetivo.
sociedade, através da comunicação de mensagens, seleção Na relação entre tempo e espaço no cotidiano esco-
e organização dos conteúdos e do tipo de aula a ser minis- lar, há uma dualidade, na qual o tempo ganha muito mais
11 Por Jailson Carvalho prestígio pois, o espaço pensado durante muitos séculos,
como local de aprendizagem efetiva, era a sala de aula.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A noção temporal apresenta a dualidade – tempo físico Para se entender como as organizações do tempo e
e tempo social. O tempo físico, personificado em Cronos, do espaço se constituem alvos de controle, retomamos
representa a marcha constante que modifica as coisas, dita exemplos do século XVIII, citações de modelos europeus
a contagem em segundos, minutos, horas e dias. Essa con- que se fixaram pelo mundo, inclusive nas Américas. É nesse
tagem regula as ações da sociedade e para a instituição momento que as escolas iniciam um tipo de atividade coo-
escolar trás a exigência de ajustar os alunos ao currículo, perativa que aliava a disciplina e transferência de conheci-
designado para um determinado período de tempo cro- mentos, onde o tempo de aprendizagem e as classes eram
nológico. O então chamado tempo social, que também organizados da seguinte forma:
recebe uma configuração, indicado por Kairós, represen- 1.º) horário para as turmas
ta o tempo vivido, tempo que se estabelece nas ações 2.º) turmas separadas pelo saber:
desenvolvidas pelas pessoas no cotidiano e que podem a) dos que não sabem desenhar
constituir-se aprendizagens significativas, mas que não b) dos que sabem alguma coisa
se vinculam ao tempo contato em minutos ou horas, pois c) dos que já estão adiantados.
a vivência de determinadas situações, que possibilitam o
desencadeamento de processos cognitivos e emocionais, Em outro exemplo do mesmo século, sete níveis de
muito particulares em cada pessoa, e que estão relaciona- aprendizagem são organizados, tomando por base a leitu-
dos ao processo de desenvolvimento de ordem biológica e ra, e que caracterizam o tempo disciplinar em suas séries
cultural. Portanto, o tempo físico e o tempo vivido não se múltiplas:
revertem em uma simultaneidade. 1.º) os que aprendem a conhecer as letras;
O tempo medido é fortalecido pelos ritmos dirigidos 2.º)os que aprendem a soletrar;
das necessidades cotidianas, entre elas está na história es- 3.º) os que aprendem a juntar sílabas;
colar, o ensino simultâneo como forma mais moderna de 4.º) os que leem o latim por frase ou de pontuação em
organização do tempo escolar. O ensino simultâneo, cen- pontuação;
trado na ação do professor e na atenção mútua dos alunos, 5.º) os que começam a ler o francês;
precisamente a sala de aula, foi concebida como um local 6.º) para os mais capazes;
onde uns aprendem e outros ensinam. 7.º) para os que leem os manuscritos.
O documento Ratio Studiorum já apresentava uma
complexidade para o tempo e espaço de aprender, e das O que se apresenta no exemplo, nada mais é do que
quais temos muitas heranças, que exige do indivíduo uma o tempo de aprendizagem linear e evolutivo, pautado na
determinada organização para que se possa articular na aprendizagem da leitura, a qual refletia o domínio das
rede de relações estabelecidas para esse espaço, em fun- classes.
ção da permanência da força do conjunto da produção, em Para se garantir o domínio, a técnica era o objetivo fi-
busca da categoria hegemônica. É interessante destacar, nal do ensino, impondo aos educandos tarefas repetitivas.
que dois instrumentos são colocados como fundamentais Muitos permaneciam no mesmo nível, durante um “tempo”
na estrutura para mediação que serviram para o controle considerável, o que logo transformava-se em abandono e,
das atividades cognitivas e de lazer: o calendário e o reló- por consequência, estabilização da hegemonia nas classes,
gio. Gradativamente as pessoas foram se apoderando des- “...capacidade final do indivíduo. Recolhe-se a dispersão
ses processos de mediação e sendo aprisionados por eles. temporal para lucrar com isso e conserva-se o domínio .
Com a Revolução Industrial, a escola incorpora o papel O poder se articula diretamente sobre o tempo ; realiza o
de ser a responsável em preparar os alunos para as cha- controle dele e garante sua utilização [...] para economizar
madas necessidades sociais, contando com um controle de o tempo da vida, para acumulá-lo de uma maneira útil, e
classes, séries, disciplinas, calendário e relógio. para exercer o poder sobre os homens.” (Foucaullt,p.145)
Observando a sociedade da época, vê-se que o tempo O chamado ensino fundamental, apresenta o estigma
se transforma em tempo de produtividade, em ganho de do controle das séries cronológicas, em que o tempo de
capital, onde o pensamento pedagógico se transfigura em uns deve ajustar-se ao dos outros.
função do sistema social vigente. As concepções de ensino-aprendizagem, que perpas-
A pedagogia estava então, utilizando a “disciplinação” sam a caminhada escolar e por consequência indicam o
do tempo e do espaço, para que houvesse o maior aprovei- conceito de criança, de ensino, de aprendizagem, de avalia-
tamento pela criança dos conteúdos para a vida intelectual. ção, de formação docente, trazendo de maneira subjetiva
São executadas ações cumulativamente e repetidamente uma abordagem sobre o tempo e a organização do espaço,
para se garantir a institucionalização do saber escolar. condizente com as bases teóricas que sustentam-nas.
Segundo Sacristán, as ações repetidas com freqüên- As bases teóricas, que dão suporte ao trabalho peda-
cia, criam uma longa pauta de conteúdos que são repro- gógico hoje, passam por um momento de reacomodação.
duzidos e apreendidos. A institucionalização não é o fruto A previsão de acesso à educação para todos, presente nos
de uma vontade expressa da pessoa, mas a consequência discursos sócio-políticos, tornam gradativamente visíveis
cumulativa da execução das ações e que cumpre algumas as diferenciações existentes entre os educandos, fazendo
funções básicas como o de oferecer a sabedoria cristaliza- com que se busquem novos significados de individualiza-
da nas tradições e normas. ção do ensino.

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Analisar tempos e espaços é repensar um conjunto de Questionando-se com um grupo de professores de
procedimentos quanto a sua organização, as metodolo- uma determinada rede de ensino, acerca do significado de
gias, os alunos e os professores. tempo e espaço no âmbito escolar, as respostas foram unâ-
TUMA (1997) apresenta em sua pesquisa algumas con- nimes em caracterizar o tempo como o calendário escolar
siderações de professores, a cerca da questão TEMPO. Es- e o espaço como sendo o espaço físico da unidade escolar.
tabelecido os parâmetros para a entrevista, foi percebida a O tempo de aprender é retratado pelo calendário ci-
resistência em relação ao assunto. Segundo análise poste- vil, pela consequente divisão dos conteúdos disciplinares,
rior, da mesma autora, tal reação assemelhava-se a resis- partindo do número de dias letivos, como já está citado. O
espaço físico apresenta-se em divisão de salas para cada
tência a violência simbólica, trazida por Bourdieu (1997).
turma de alunos, ambientes para aulas-extras, secretaria,
“... as coisas têm que ser tudo direitinho, tudo certi-
direção e qualquer outra função para a organização escolar.
nha,[...] Porque daí ia virar bagunça, cada um querendo fa- Isto retrata que mesmo com os esforços de possibilitar
zer de acordo com o seu tempo [...] Vamos determinar uma a reflexão quanto as propostas pedagógicas que conside-
regra e você vai ter que entrar. [...] para determinar o tempo. ram todo o percurso da aprendizagem e tratam de vários
[...] da sociedade. (TUMA, 1997, p. 77) aspectos do desenvolvimento, ainda o tempo e o espaço
... a sociedade tem essa coisa de ter regras. De ter horá- de aprender se encontram enclausurados na lógica de fun-
rio para tudo. Eles têm que entrar no esquema. [...] tem que cionamento da escola, distanciado da lógica de tempo e
fazer na hora em que todo mundo está fazendo a sociedade espaço que está a sua volta.
inteira está organizada de forma a ter regras, ter normas, Atendimento às necessidades acadêmicas dos alu-
tem horários, tudo pré-estabelecido.... ( TUMA, 1997, p. 78) nos através da organização de reagrupamentos.
... ela (a escola) trabalha bastante com a criança, espe- A estruturação de atividades pedagógicas em função
rando que amanhã seja uma pessoa, assim preparada para da diversidade, interesses, necessidades dos alunos, e a
a vida, né? [...] se ela for trabalhar, ela vai ter que , ela vai ter organização da proposta curricular da escola, é o grande
desafio do pensar pedagógico.
um horário, tempo certo pra entrar, pra sair do serviço ... [...]
A superação dos modelos históricos, como a exigência
se ela vai trabalhar no escritório, o patrão... [...] ele não vai de que todos os alunos aprendam num mesmo tempo, os
dar tempo pra ela [...] ela tem que saber controlar o tempo mesmos conteúdos, sendo avaliados por critérios amplos e
pra ela saber se organizar.” ( TUMA, 1997, p. 80) que desconsideram as trajetórias particulares, vem sendo
Estas três citações, trazem uma forte referência ao pla- proposta por diversos teóricos. Também há a idéia de que
no disciplinador do tempo e a necessidade do sujeito estar sendo o tempo cíclico, determinadas ações irão se repetir
adaptado ao padrão social. no contexto acadêmico, levando em consideração os con-
A ação pedagógica internalizou a construção do tem- teúdos e não o sujeito em processo.
po, como uma tarefa administrativa, que se apresenta con- Como lembra Ivany Souza Ávila é necessário assegurar
creta seguindo o calendário civil e está nos documentos oportunidades de aprendizagem, entender e analisar que
escolares como regimentos, normas internas, fichas de alu- as propostas não terão caráter compensatório de faltas ou
nos e professores, diários de classe. carências no âmbito pedagógico, e que o trabalho que se
Porém, diversos autores, vêm apontando que a noção organiza, não deverá ratificar as desigualdades, que colo-
cam em situação de inferioridade uns em relação a outros.
de tempo deve estar, também, estreitamente relacionada
Entender o tempo de aprendizagem do aluno, para ul-
aos processos de aprendizagem. trapassar as diferenças significativas que se apresentam no
Consequentemente é preciso repensar como disponi- momento, é entender a condição de aprendizagem ou de
bilizar tempo para os alunos, para que efetivamente pos- conhecimento que o aluno se encontra. Assim, é necessário
sam ser atendidos em suas necessidades acadêmicas. propor projetos de trabalho diferenciados, no sentido de
A ideia de que a pessoa tem o direito de afirmar a sua organizar a sala de aula e os demais espaços da escola .
diferença e ter igualdade de oportunidades, tem impacta- Uma proposta de tratar o tempo e as possibilidades
do as relaçõe s sociais e as educacionais, onde se espera de uso de espaços, como elementos mediadores na apren-
que, por parte dos professores, eles possam responder à dizagem, surge a partir da constatação realizada de que,
diversidade e complexidade das situações educativas. propor alternativas de organização como o contra-turno
Abre-se a discussão de que, para atender as demandas ou extensão de carga horária, não estavam sendo suficien-
educativas, o tempo e o espaço constituem-se em elemen- tes para atender as necessidades de todos os alunos e/ ou
tos a serem repensados na organização de propostas pe- recuperar um grupo pré-determinado.
O que se pretendia era superar a idéia da organização
dagógicas. O tempo se transfigurou em diversas maneiras:
de grupos fixos, onde o parâmetro utilizado para tal, era o
o tempo de ser, o tempo de ter, o tempo de buscar, o tem-
nível de desempenho acadêmico em determinado espaço
po de aprender. Assim também, o espaço acompanha essa de tempo do calendário escolar, que recaía, inevitavelmen-
transfiguração, pois há o espaço para estudar, para brincar, te, em grupos tratados com certo padrão de homogenei-
para apresentar as habilidades, para pensar. dade.
O planejamento, a execução de propostas de trabalho Diante desta ótica, foi proposto um trabalho denomi-
pedagógico e de modalidades de intervenção na aprendi- nado de “reagrupamentos”, que enfatizava não somente as
zagem, pressupõe como o tempo será aproveitado em sala necessidades acadêmicas mas também as potencialidades
de aula e em qual espaço as atividades serão realizadas. de cada sujeito.

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A proposta apresentada, sugeria contextos significa- Para a organização dos grupos, as professores consi-
tivos de aprendizagem, com ações que possibilitassem a deraram o diagnóstico realizado de cada aluno, quanto a
troca de experiências entre professores e alunos, partindo aprendizagem da leitura, escrita e matemática e também
da utilização do tempo e dos espaços disponíveis, já que da auto-avaliação que os alunos realizaram, onde destaca-
uma das maiores queixas é a falta de tempo ao aluno para ram o que já conseguiam realizar sem o apoio da professo-
assimilar informações, ou realizar algo diferente em sala de ra e o que consideravam que ainda necessitavam de mais
aula. apoio e o que queriam aprender.
Esse trabalho partiu da aceitação do conjunto de pro- De posse desses dados foi possível elaborar o plane-
fissionais, que compõem o espaço escolar. Foi necessário jamento das ações, desde a divisão dos grupos de alunos,
que esse conjunto estivesse disposto a reorganizar a es- horário, até as atividades que seriam efetivadas.
trutura de horários e disposição em classes, de uma outra Contando com a participação das professoras que
forma. atuavam com essas turmas de alunos, a grade de horários
Foi realizado um diagnóstico inicial do nível de apro- foi alterada ( grade horária que materializa o tempo, o tem-
veitamento escolar de todos os alunos. Esse diagnóstico, po linear e fechado, do qual é preciso ter domínio), para
realizado pelos professores que atuam com os alunos, que em um dia da semana, as oficinas fossem realizadas,
observando as potencialidades manifestadas por eles e verificando-se também os espaços que estavam sendo dis-
também as suas necessidades de caráter pedagógico.Com poníveis, ou seja, as salas de aula, como também, sala de
esse levantamento, os professores organizaram os grupos artes, biblioteca.
de trabalho e o planejamento das possíveis intervenções. A organização se concretizou com a oficina de leitura
Outro ponto importante do processo foi a verificação e escrita, com número de 15 alunos. Tinha como objetivo
de quais espaços poderiam ser utilizados para as ativida- principal, atender as necessidades específicas de apropria-
des. Como os alunos são organizados em diversos grupos, ção da linguagem escrita.
foi preciso analisar quantos espaços estavam disponíveis Entendeu-se que nesta oficina, como os alunos teriam
nesse momento, como a biblioteca, a quadra de esportes, um trabalho voltado a apropriação dos símbolos da escrita,
a sala de informática e as salas de aula, compondo a lista a compreensão das relações entre os grafemas e fonemas,
de espaços incluídos no processo. havia de ser estabelecer um segundo objetivo, de incentivo
Um aspecto, que é relevante nessa proposta, e que não
as potencialidades dos alunos e resgate da auto-estima. Os
é possível deixar de citar, é no que tange a identificação do
integrantes desse grupo, percebiam suas dificuldades na
professor com o seu grupo de trabalho. De nada adianta
compreensão do código, não conseguiam realizar todos os
organizar um trabalho, se o próprio professor tem dificul-
registros solicitados em sala, como os demais alunos.
dades em desenvolver as atividades propostas.
O trabalho iniciou com a narração de fatos, recontando
Nessa experiência, o planejamento das atividades e o
histórias ouvidas, pois os alunos apresentavam dificulda-
registro sistemático do desempenho dos alunos são condi-
ções estruturais, para o desenvolvimento do reagrupamen- des na expressão verbal. O estudo da escrita foi realizado
to em um determinado tempo e espaço. Com as anotações tomando as músicas infantis, como os textos significativos
realizadas, foi possível reorganizar as próprias atividades para o grupo, onde os alunos podiam ouvir, cantar, ler , re-
do grupo de trabalho, os próximos grupos, podendo ava- gistrar e refletir sobre o código escrito e o significado que
liar como alunos e professores interagiam em relação à di- se estabelece nas palavras. As estratégias metodológicas
versidade de idéias, experiências, atitudes, estilos de apren- baseavam–se em jogos lúdicos, relacionados ao processo
dizagem, ritmos, capacidades, interesses, etc. de alfabetização. Entendia-se que a aprendizagem através
Concretizou-se a experiência do “reagrupamento”, com de jogos, como dominó, palavras cruzadas, memória e ou-
alunos na faixa etária média de 7 a 10 anos, em uma escola. tros, permitia que o aluno se sensibiliza-se com o processo
Efetivou-se o trabalho na perspectiva de que o tempo e o de aprendizagem, tornando-o um momento mais interes-
espaço são elementos mediadores da aprendizagem. sante e até divertido.
O “reagrupamento” não é uma “receita”, um guia de A oficina de produção de texto pressupôs um trabalho
ações mas sim, uma reflexão de como o tempo e o espaço com alguns gêneros textuais, pressupondo que a produ-
podem ser redistribuídos no dia-a-dia da escola. ção estivesse vinculada aos significados que se pretende
O grupo de professores que atuava com esses alunos, transmitir . Tinha como objetivo analisar os textos (orais e
visava mudança de dinâmica; de estratégias. Não queriam escritos), produzidos pelos alunos, aprimorando o estabe-
separar os alunos em grupos de aprendizagens categori- lecimento das relações entre o tipo de texto, as idéias, in-
zados como fracos, médios e fortes. Desejavam um movi- tenções e finalidades deste e o interlocutor a que se desti-
mento maior, onde pudessem trocar de ambientes, estabe- na. Essa oficina tinha um grupo de 30 alunos, com domínio
lecer um rodízio de professores nos grupos para conhecer do código escrito mas em processo de compreensão das
todos os alunos, pois consideravam que o espaço único da relações que se estabelecem no texto escrito.
sala de aula era pequeno enquanto ambiente de aprendi- Na oficina de jogos matemáticos, a intencionalidade
zagem, que requeria trocas significativas. estava em ampliar o conhecimento matemático envolvido
A organização do trabalho se efetivou através de três em uma dada atividade, oportunizando aos alunos esta-
oficinas, que receberam a seguinte denominação: oficina belecerem relações entre o conhecimento já adquirido, as
de leitura e escrita, oficina de produção de texto e oficina experiências pessoais e a área do conhecimento que se
de jogos matemáticos. estaria trabalhando. As atividades eram testadas antes de

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
sua aplicação, melhorando as situações de aprendizagem e o que não dominavam e de poder reafirmar determinadas
ampliando-as. Foram planejadas atividades com a utiliza- aprendizagens, as atividades proporcionadas aos grupos
ção de dominós, pega-vareta, triminó, relógios. Os profes- em determinado tempo e espaço e com a devida interven-
sores tinham como objetivo desenvolver a autoconfiança, ção possibilitou a aprendizagem mais efetiva.
a organização, concentração, atenção, raciocínio lógico- A experiência dos “reagrupamentos” possibilitou uma
dedutivo e o senso cooperativo, desenvolvendo a socia- outra caracterização ao tempo e ao espaço, com a incor-
lização. Essa oficina tinha um número aproximado de 45 poração dos alunos em diversos grupos e em diferentes
alunos, organizados em subgrupos, contando como apoio atividades.
de duas professoras.
Ressalta-se as reuniões com a equipe escolar que se A escola vive atualmente um típico momento de desa-
fizeram necessárias, para coletivamente elaborar o perfil comodação pedagógica. Para muitos educadores as salas
de cada oficina e também de cada aluno, considerando as de aula não são espaços para práticas de ensino passivas.
suas necessidades para aprender, reconhecimento das suas Há muitas experiências importantes que divulgam, nos úl-
possibilidades diante do desenvolvimento atual, em sua timos anos, práticas pedagógicas que vencem as barreiras
faixa de idade. colocadas pelos modelos educacionais ao longo dos anos
Também foi previsto como se daria o rodízio dos alu- e acreditam nas potencialidades do aluno e do professor .
nos entre as oficinas, pois era certo que, alguns alunos iam Um desafio se instala com a apresentação de tantas
ter a necessidade de permanecer um tempo maior em uma pesquisas e em diversas áreas que vem apontando para a
determinada oficina, enquanto outros manifestariam a ne- singularidade do processo de aprendizagem e para o rom-
cessidade de estar também, mas inicialmente frequenta- pimento com a linearidade de um processo e reflexão a
riam uma outra oficina, pois de acordo com o perfil levan- cerca das experiências cognitivas, estéticas, sociais e afeti-
tado, reconhecia-se a potencialidade dessas crianças e era vas, e também a certeza de que a forma como o tempo e o
necessário que experimentasse estar realizando atividades espaço estão organizados não respondem mais ao ensino
nas quais obteria sucesso. que se preconiza.
Tais reuniões possibilitaram que todos tivessem ciência Durante toda a pesquisa (desde as leituras até os mo-
do registro a ser efetivado, para que houvesse uma análise, mentos de discussão e enfrentamento), percebemos que
todas as possíveis intervenções a serem propostas, com o
uma ordenação das atividades, que demonstrasse os pro-
objetivo de colaborar com a aprendizagem do aluno, são
gressos, que apresentasse necessidade de reformulações e
permeadas pelos elementos tempo e espaço. Tempo, refe-
principalmente afastar, dos profissionais envolvidos, o en-
rindo-se a duração da atividade e espaço que ultrapassa o
tendimento reducionista de estar organizando agrupamen-
limite padrão da sala de aula.
tos por nível de conhecimento. A forma de registro que os
O pensamento pedagógico que faz refletir sobre a
professores optaram, foi o portfólio dos alunos, onde es-
temporalidade e espacialidade na escola, é o mesmo que
tariam arquivadas as atividades das respectivas oficinas e norteia a construção de projetos, de currículos, de estraté-
os comentários sobre o desenvolvimento significativo gias que visam o ser humano em desenvolvimento físico,
dos alunos e demais observações. Para o desenvolvimento biológico, psicológico, cognitivo.
do proposto para o “reagrupamento”, os alunos realizavam À medida que se avançava na pesquisa sobre o tempo,
um rodízio mensal em cada oficina. o espaço e a aprendizagem, deparava-se com a força do
Durante o processo, uma estratégia foi incorporada, gerenciamento e da organização técnica, que ainda impe-
que era a troca de relatórios ou correspondências entre de a reorganização de tempo e espaço, pois há os limites
os alunos das respectivas oficinas, pois as próprias crian- impostos nos documentos, nos calendários, nos horários,
ças manifestaram a curiosidade de saber o que os colegas turnos e espaços pré-estabelecidos.
estavam realizando e contar aquilo que estava aprendendo O desafio que nos circunda, é romper com a lógica do
Na perspectiva de envolver a família nesta ação para que modelo estabelecido social e economicamente, dito viável
a dinâmica de trabalho não viesse a ser confundida com para o atendimento da demanda escolar.
problemas de faltas de professores ou de classes organi- O “reagrupamento” é, na atual organização, a imple-
zadas, como já mencionado, por níveis de conhecimentos mentação de um modelo, de se pensar coletivamente o
homogêneos, os pais foram informados do processo que percurso de aprendizagem de todos os alunos, porém ain-
aconteceria em um determinado dia da semana, através de da dentro da estrutura de tempo a qual se está acostu-
reuniões realizadas ao início do trabalho e outras que se mada, ou seja, ainda no turno em que esses alunos estão
sucederam. matriculados. É forte ainda, a idéia de se tentar ajustar o
Essa prática transcorreu durante sete meses. Nesse pe- tempo de uns em função do tempo de outros.
ríodo foi possível verificar que os alunos que estavam na Avançar na qualificação do tempo e espaço escolar é
oficina de leitura e escrita demonstraram um melhor ren- rever os aspectos do currículo, a avaliação e o gerencia-
dimento nos aspectos de apropriação do código escrito, mento, que estão dispostos na instituição escolar. Sur-
pois estavam durante um determinado tempo, executando ge então um primeiro questionamento: qual a proposta
atividades e tendo a intervenção adequada ao seu nível de curricular necessária para se consolidar as aprendizagens
compreensão e avançando progressivamente. Percebeu-se significativamente com alunos de 6 a 8 anos, tomando
o respeito entre as crianças, que aceitavam os reagrupa- por pressuposto uma reorganização de tempo espaço de
mentos, como uma maneira diferente de estar aprendendo aprendizagem?

36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A questão de tempo e espaço se reporta a uma mu- O ensino de língua materna nos anos iniciais do Ensino
dança de cultura escolar e por conseqüentemente rever a Fundamental I tem se restringido, em grande parte, ao en-
organização das classes, dos programas, da postura pro- sino de definições e regras oriundas da gramática normati-
fissional. va, na perspectiva de que os alunos “aprendam” a analisar
Após a experiência dos “reagrupamentos”, onde foi a língua (escrita), ao invés de se habilitarem a um bom de-
possível atingir o objetivo de atender os alunos nas mani- sempenho linguístico, o que implicaria serem capazes de se
festações de necessidades acadêmicas mas, sem desconsi- expressar bem verbalmente (utilizando a modalidade oral
derar as possíveis habilidades e proporcionar esse transitar e escrita) e de interagirem satisfatoriamente no ato comu-
entre os diversos grupos. Onde muitos alunos conseguiram nicativo.
alcançar os critérios estabelecidos para suas atividades na Para Celestin Freinet, do ponto de vista técnico, a esco-
oficina e efetivou a aprendizagem também nas situações la tradicional girava em torno da matéria a ser ensinada e
cotidianas de sala de aula, outra questão nos toma: quais dos programas que fixavam essa matéria e a ordenavam. A
os possíveis caminhos a serem percorridos para a supera- organização escolar, os professores modernos e os alunos
ção do modelo atual e centrar o trabalho com a verdadeira tinham que se submeter a essas exigências. A escola mo-
derna gira em torno da criança, membro da comunidade.
dimensão de tempo e espaço como elementos mediadores
De suas necessidades essenciais, em função das necessi-
da aprendizagem?
dades da sociedade em que vive, derivarão as técnicas -
É necessário que as propostas de reorganização, que
manuais e intelectuais - que terá que dominar, a matéria
muitos julgam pequenas e insignificantes, sejam validadas
a ser ensinada, o sistema da aquisição, e as modalidades
em experiências de criação compartilhada entre todos os
da educação. Trata-se de uma verdadeira virada para uma
ditos protagonistas do processo escolar: educadores, alu- pedagogia racional, eficiente e humana, que deve permitir
nos, pais, para que não se torne uma ação vazia, desprovida à criança chegar com o máximo de energia a seu destino
de sentido, de caráter dito como “cumpra-se”, e que pos- de homem.
sivelmente, será burlado em sua dinâmica de execução.12 Consideramos nessas duas afirmações, a nosso ver
complementares, a razão de ser de uma escola funcional,
tendo em seu bojo um objetivo social e utilitário para o
ensino de língua, destacando a valorização desse ensino,
LÍNGUA PORTUGUESA: O PROCESSO DE
e destacando, ainda que ele condiciona, na verdade, todo
AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA. O o processo de construção do conhecimento da criança, o
TEXTO: APREENSÃO DE IDEIAS BÁSICAS E que equivale a dizer que ele é indispensável para ampliar o
ACESSÓRIAS. INTERPRETAÇÃO DE IDEIAS horizonte de possibilidades de incursões em qualquer área
SUGERIDAS POR IMAGENS. METODOLOGIA DA desse conhecimento.
LINGUAGEM: OBJETIVOS DO TRABALHO COM Nesse sentido, acreditamos que, através de uma re-
A LINGUAGEM VERBAL NA ESCOLA. USOS, flexão sobre a sua prática pedagógica, o professor poderá
FUNÇÕES E VALORES SOCIAIS DA LINGUAGEM melhorar o seu desempenho e, consequentemente, o de-
ORAL E DA ESCRITA. LINGUAGEM: VARIAÇÃO sempenho de seus alunos. Espera-se que ele atue, nesse
LINGUÍSTICA; INTERLOCUÇÃO. O PROFESSOR, nível de ensino, como um mediador que favoreça a ação da
O ALUNO E O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE criança na construção do seu conhecimento.
TEXTOS ESCRITOS. Considerando-se a escola numa outra perspectiva,
uma escola centrada na criança, pode-se vislumbrar qual
seria o seu papel. Girando em torno da criança, enquanto
membro de uma comunidade, daí ela derivaria a matéria a
A vida em coletividade exige que cada indivíduo este- ser trabalhada, a sua forma de aquisição e as modalidades
da educação, ou seja, a partir das necessidades essenciais
ja apto para compreender os demais e fazer-se entender
da criança, para construção do seu conhecimento, em fun-
por eles. O domínio da linguagem é necessário na maior
ção das necessidades da sociedade em que ela vive.
parte das atividades da existência que implicam contato,
Saber organizar as ideias, interagir com o outro utili-
intercâmbio, a compreensão mútua que conduz ao en-
zando a língua, oral ou escrita, é habilidade que dispensa
tendimento à colaboração. É muito evidente que, no de-
a rigidez de definições e regras, em geral falhas ou restri-
curso desses intercâmbios, oriundos dos problemas mais tivas, impedindo muitas vezes a própria compreensão dos
imediatos e imperiosos às conversações ou discussões que fatos linguísticos. É a gramática da língua, verificado o seu
tratam de questões difíceis e delicadas, aquele ou aqueles funcionamento, que merece ser melhor aproveitada e ex-
cuja linguagem é mais rica, que utilizam sua língua com as plorada na escola visando à melhoria do ensino de língua.
suas peculiaridades e maior facilidade, têm uma vantagem Além disso, vale ressaltar que o problema do ensino
determinante sobre seus interlocutores e a possibilidade de língua não pode ser isolado do processo educativo. Ele
de fazer valer e triunfar seus pontos de vista. reflete, pela sua importância, e em sendo a língua uma das
12 Fonte: www. www.pucpr.br – Por Cristiane Rozanski formas de expressão de um povo, todo o problema do nos-
Kopp Arantes Agria/Liliamar Hoça so sistema educacional.

37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Acreditamos poder afirmar que a atitude e o trabalho de receituários que só contribuem para a sua desprofis-
do professor na sala de aula refletem toda a sua compreen- sionalização, pois tem delegado a eles a responsabilidade
são da realidade social e a relevância por ele atribuída ao do resultado obtido. Materiais esses frequentemente com
seu papel na sociedade, enquanto agente de mudança. Em aparência moderna, que apresentam as mais tradicionais
consequência, ele pode não permitir que a sua sala de aula ideias sobre o assunto.
seja um objeto à parte, totalmente desarticulada do con- A PRÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS
texto a que pertence. Após essas considerações que julgamos pertinentes,
Por outro lado, acreditamos que a interação da escola pois acreditamos ser impossível refletirmos sobre ensino
com a sociedade só poderá acontecer na media em que as de língua sem levar em conta todas essas questões que
mudanças que ocorrerem na sociedade encontrem respos- permeiam a relação professor/aluno, retomamos questões
tas em mudanças na própria escola, e que as soluções dos mais específicas sobre o ensino de língua, propondo al-
problemas de uma possam concorrer para as soluções dos gumas reflexões sobre a linguagem e a língua nos anos
problemas da outra. iniciais do Ensino Fundamental I.
Vale ressaltar que, se considerarmos ser fundamental
O professor precisa ter acesso a leituras que fomentem
uma mudança na escola, temos de reconhecer que o pro-
a reflexão da prática pedagógica, evitando receitas que en-
fessor é peça fundamental nessa mudança. E em se tratan-
gessem o ensino e desprofissionalizem o educador
do do professor de língua, entendemos que ele tem um
Consideramos que a linguagem possibilita não apenas
papel relevante no processo.
E, para desempenhar esse papel, não podemos deixar a aquisição de uma língua particular, mas também, a inte-
de pensar na (re)profissionalização do professor. Ao lado ração entre indivíduos que se comunicam, e consideramos,
de questões salariais e de valorização da profissão, existe também, que a criança ao entrar na escola já possui o do-
uma outra questão que merece, também, ser refletida pelo mínio de sua língua materna, pois a mesma fala e entende
professor. E, para tanto, alerta Emília Ferreiro, é muito difícil essa língua, não só em suas relações com outras crianças,
que alguém que não lê mais que o absolutamente neces- mas também em sua relação com adultos, sobretudo no
sário possa transmitir “prazer pela leitura”; que alguém que seu mundo mais próximo, o familiar.
evita escrever possa transmitir o interesse para construir No entanto, ao entrar para a escola, a criança parece
língua escrita; que alguém que nunca se perguntou sobre ter refreado o seu conhecimento linguístico, não só quanto
as condições específicas das diferentes situações de pro- ao que a escola lhe apresenta como novidade - a leitura e a
dução de texto possa dar informações sobre essas ações escrita - mas também quanto à sua fala e à sua compreen-
e seus alunos. Se o professor tem medo de enfrentar-se são de mundo, que não são aproveitadas e ampliadas, mas
com estilos que desconhece evitará introduzi-los na sala tolhidas, em função do que a escola acha que ela necessita
de aula. É preciso que ele seja estimulado a descobrir, junto para ser alfabetizada, ou seja, adquirir o domínio de uma
com seus alunos, o que ele não teve ocasião de descobrir leitura uma escrita dissociadas de sua fala e do seu nível de
enquanto ele mesmo era aluno. Um outro ponto destaca- compreensão e interesse.
do por Emília Ferreiro é o fato de que o professor dese- Se a escola pretende elevar o nível de compreensão da
ja ser promovido “a um grau superior” com seus alunos. criança à compreensão da realidade em que ela se encon-
Acrescentamos não ser estranho que, nessas condições, tra, essa escola precisa basear a sua ação pedagógica na
ninguém esteja muito motivado para pensar criticamente realidade dessa criança. Isso significa dizer que o conheci-
sobre sua prática, e se refugie nas alternativas mais buro- mento pré-fixado ou predeterminado que ela tem imposto
cráticas (os cadernos, necessário possa transmitir “prazer à criança a tem impedido de desenvolver a sua criativida-
pela leitura”; que alguém que evita escrever possa trans- de e a sua forma natural de compreensão das coisas e do
mitir o interesse para construir língua escrita; que alguém mundo. Razão por que consideramos que o ensino de lín-
que nunca se perguntou sobre as condições específicas das
gua materna não pode se basear em conteúdo pré-fixado
diferentes situações de produção de texto possa dar infor-
ou predeterminado, mas deve ser visto como um processo
mações sobre essas ações e seus alunos. Se o professor tem
de construção e reconstrução do saber linguístico da crian-
medo de enfrentar-se com estilos que desconhece evitará
ça. Acreditamos, ainda, que esse conhecimento é adquirido
introduzi-los na sala de aula. É preciso que ele seja estimu-
lado a descobrir, junto com seus alunos, o que ele não teve através do uso e da compreensão da língua, tanto em sua
ocasião de descobrir enquanto ele mesmo era aluno. Um modalidade oral como escrita.
outro ponto destacado por Emília Ferreiro é o fato de que o O ensino de língua materna deve ser visto como um
professor deseja ser promovido “a um grau superior” com processo de construção e reconstrução do saber linguístico
seus alunos. Acrescentamos não ser estranho que, nessas da criança, conhecimento que é adquirido através do uso e
condições, ninguém esteja muito motivado para pensar cri- da compreensão da língua
ticamente sobre sua prática, e se refugie nas alternativas O ensino da língua materna nos anos iniciais do Ensino
mais burocráticas (os cadernos,livros ou cartilhas que pro- Fundamental I deve ter com um de seus objetivos desen-
põem uma série de atividades pré-programadas, a serem volver o potencial linguístico, crítico e criativo dos alunos,
administradas e respondidas mecanicamente). É necessário através da leitura e da produção escrita, considerando es-
que o professor tenha acesso a leituras que o ajudem a tas como essenciais na construção do conhecimento da
(re)pensar a sua prática pedagógica, evitando, assim, o uso criança.

38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Dessa forma, acreditamos que a compreensão do alu- de estruturas linguísticas, o domínio no uso de recursos
no sobre a sua fala, sobre o que ele lê, assim como o fato expressivos, a construção das expressões mais adequadas
de que ele escreve alguma coisa para ser lida por alguém aos efeitos de sentido que as crianças procuram imprimir
devem fundamentar a prática pedagógica na escola, nesse em seus textos.
nível de ensino. Carlos Franchi, após uma leitura crítica da gramática
Assim, ao contrário do que ocorre com o uso do livro escolar, afirma: “Tem razão, pois, quem rejeita a gramáti-
didático, em que tudo já vem pronto para ser consumido ca, quando se perde esta dimensão criadora e se esvazia
pelo aluno, nossa proposta é que o ponto de partida da o estudo gramatical de qualquer sentido pela desconexão
ação pedagógica seja o texto produzido pela criança, tanto entre seus objetivos e os objetivos de uma prática da lin-
oral como escrito. E este pode ser resultante do trabalho guagem em um contexto vital. Também porque somente
do professor com as crianças em Oficinas e Leitura e Escri- se aprende a gramática, quando relacionada a uma vivên-
ta, onde se busca o enriquecimento progressivo dos textos cia rica da língua materna, quando construída pelo aluno
produzidos, desde os espontâneos até os que apresentam como resultado de seu próprio modo de operar com as
um maior nível de complexidade, em termos linguísticos e expressões e sobre as expressões, quando os fatos da lín-
organizacionais. gua são fatos de um trabalho efetivo e não exemplos des-
Vale destacar que, no 2º e 3º anos, etapa em que as colados da vida”.
crianças se encontram em processo de alfabetização, as Ao fazer referência a essa afirmação de Franchi, procu-
hipóteses sobre a escrita devem ser acompanhadas e tra- rando situá-la no contexto desse trabalho, podemos verifi-
balhadas pelo professor. Nesse momento, a ênfase recai car como foi nela explicitada a nossa visão sobre o ensino
sobre o conhecimento das letras, a construção de palavras da gramática da língua utilizada pelas crianças.
e de frases, ou mais precisamente, os primeiros ensaios E é nessa perspectiva que é possível explicitar algumas
de escrita das crianças. A escrita ortográfica (conforme as atividades que têm sido desenvolvidas no sentido de se
normas oficiais) poderá ser enfatizada nos subsequentes. atingir o objetivo social e utilitário do ensino de língua nos
Ainda nessa frase, os desenhos e ilustrações se sobrepõem anos iniciais do Ensino Fundamental I, ou seja, possibilitar
aos textos escritos. às crianças o domínio efetivo do uso da língua.
Com o objetivo de fornecer informações para reflexão, O funcionamento de Oficinas de Leitura e Escrita possi-
passamos a apresentar uma forma de organização do tra- bilita o enriquecimento progressivo dos textos produzidos
balho para funcionamento de Oficinas, em que professor
pelas crianças, a partir de textos espontâneos até a produ-
e aluno tornam-se co-participantes no processo de apren-
ção de textos que apresentem um maior nível de complexi-
dizagem. Com dissemos, anteriormente, esse trabalho foi
dade, em termos organizacionais. Os professores também
desenvolvido com resultados satisfatórios em uma unidade
proporcionam a exploração de textos pelas crianças, assim
escolar da rede estadual de ensino em cidades da área me-
como a utilização de pequenas narrativas e de jogos didá-
tropolitana de Aracaju.
ticos para sanar dificuldades ortográficas.
As Oficinas de Leitura e Escrita consistem basicamen-
Em etapas em que o desempenho das crianças já apon-
te sobre histórias da Literatura Infantil ou histórias de vida
ta para textos mais elaborados, os professores começam a
das crianças, orais ou escritas, onde o professor motiva a(s)
leitura(s) dos textos, ilustrações (desenho, pintura), drama- introduzir critérios de avaliação sobre as produções, com
tizações, e onde ele obtém das crianças a produção de um o objetivo de acompanhar e estimular a produção escrita.
texto escrito (em geral, também ilustrado). Esse texto pode Nesse momento, dá-se uma maior atenção ao processo de
também ser escrito pelo professor com a colaboração das construção dos textos, às ilustrações, à organização de ma-
crianças. cro-textos a partir de um texto inicial, e, ainda, à divulgação
Essa produção é geralmente a construção de peque- das produções das crianças.
nas narrativas, descrições, reprodução ou reconstrução de Ainda no sentido de estimular a produção escrita, a
textos trabalhados, ou ainda, a produção de textos muito elaboração de um jornal com produções dos alunos tem
criativos, em que se pode verificar a representação do ima- como finalidade fazê-lo circular entre as crianças, possibili-
ginário infantil das crianças. tando, assim, a divulgação do trabalho realizado.
E como já frisamos esse é de fato o ponto de partida E a gramática da língua é trabalha a partir das produ-
para o estudo das questões linguísticas, considerando-se a ções das crianças, com ênfase na sua variante linguística,
realidade oral e escrita da língua, a variante linguística do comparada à norma culta da língua escrita. São realizadas
aluno, as questões de ortografia (tendo-se como parâme- atividades para sanar alguns problemas relativos a aspec-
tro o novo acordo ortográfico), a gramática da língua (e tos gramaticais sempre com a participação das crianças.
não as definições e regras da gramática normativa), a orga- Atividades dessa natureza levam as crianças a uma
nização textual (em que são vistas questões de coerência e maior compreensão da língua, e a utilizarem essa língua
coesão), a pontuação, tendo-se, ainda, como ponto central como meio de expressão de si mesmas, revelando, ainda, a
de referência a significação (o sentido ou efeito de sentido). sua compreensão das coisas e do mundo.13
Nessa perspectiva, o estudo da gramática da língua
utilizada pelas crianças é fundamental para a reconstrução
de frases (verificando-se os aspectos de sintaxe e de sen- 13 Fonte: www.linguaportuguesa.uol.com.br - Por Le-
tido dessas frases e/ou do texto), para o enriquecimento naldo da Silva

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Metodologias mais comuns no ensino de Língua - Consultar outros materiais de leitura que colaborem
Portuguesa para a elaboração do texto. Revisar a própria produção en-
As aulas de Língua Portuguesa, desde o século 19, fo- quanto escreve, refazendo diversas versões para elaborar
ram marcadas pelos métodos de ensino de leitura e escrita um texto bem escrito e tomando decisões sobre a apresen-
nos anos iniciais de escolaridade e normativos nos anos tação final dele.
seguintes. Foram as pesquisas dos últimos 30 anos que - Buscar e selecionar informações, reunindo material
mudaram esse enfoque. Leia o perfil de cada fase.  sobre um tema, decidindo que textos serão escolhidos e
MÉTODOS SINTÉTICOS  registrando por escrito aspectos importantes encontrados. 
Foram predominantes no ensino da leitura desde mea- - Aprofundar e reorganizar o conhecimento, fazendo
dos do século 19. A escrita era vista como uma habilidade resumos com as ideias principais do texto lido e relacio-
motora que requeria prática mecânica. Passada a alfabe- nando as informações lidas com o propósito estabelecido. 
tização, os alunos deveriam aprender regras gramaticais.  - Elaborar textos escritos para explicitar o que apren-
Foco A alfabetização se inicia com o ensino de letras e sí- deu e preparar exposições orais. 
labas e sua correspondência com os sons para a leitura de - Narrar oralmente fatos do cotidiano, compartilhando
sentenças. Nas séries finais, só os clássicos são trabalhados, opiniões e debatendo temas polêmicos. 
já que a intenção é ensinar a escrever usando a língua culta - Informar-se sobre notícias divulgadas em jornais e
e a ler para conhecer modelos consagrados.  revistas e prestar atenção em como a publicidade compor-
Estratégia de ensino As técnicas de leitura adotadas ta-se, refletindo, identificando o destinatário e discutindo
desde cedo são a silábica, alfabética ou fônica. Os mais ve- sobre o que vê. 
lhos copiam textos literários sem levar em conta o contexto
e o interlocutor.  Ao concluir o 9º ano, é desejável que o estudante
esteja apto a: 
MÉTODOS ANALÍTICOS - Ler individualmente e em grupo, conhecendo os clás-
Surgiram no fim do século 19, em contraposição aos sicos e identificar recursos linguísticos, procedimentos e
sintéticos. A alfabetização segue como uma questão de estratégias discursivas para relacioná-los com seu gênero. 
treino e o enfoque dos anos seguintes voltado ao debate - Fazer parte de situações sociais de leitura, como as
das normas.  discussões sobre obras lidas e a indicação das apreciadas. 
Foco  A alfabetização parte do todo para o entendi- - Escrever breves ensaios sobre obras literárias, expres-
mento das sílabas e letras. Pouco muda nas técnicas para sar seus pontos de vista frente ao texto e levantar argu-
as séries finais do Ensino Fundamental.  mentos. 
Estratégia de ensino Mostrar pequenos textos, sen- - Aprofundar-se sobre determinado autor, lendo suas
tenças ou palavras para, então, analisar suas partes consti- obras, confrontando-as com interpretações, consultando
tuintes e o funcionamento da língua.  textos sobre a vida e a produção dele, e explorar o estilo e
os temas mais abordados por ele. 
PROPOSTA CONSTRUTIVISTA - Buscar informações, selecionando estratégias de lei-
Ganhou força na década de 1980, com as pesquisas tura conforme os propósitos específicos. 
psicogenéticas e didáticas e a concepção interacionista de - Complementar textos com informações provenientes
linguagem.  Foco O estudante deve refletir sobre o sistema de outras produções escritas, usando estratégias próprias
de escrita, seus usos e suas funções. Os objetos de ensino de cada gênero. 
são o sistema alfabético e os comportamentos leitores e - Organizar debates sobre temas de interesse geral e
escritores.  participar dele registrando dados de várias fontes.14
Estratégia de ensino Leitura e escrita feitas pelo pro-
fessor, produção de textos, leitura (individual e coletiva) ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
dos próprios estudantes e reflexão sobre a língua. Textos A leitura é muito importante na vida de qualquer ser
de diversos gêneros devem ser trabalhados desde o início humano, independente de série ou nível, sabe-se que ler 
da alfabetização até os anos finais. não resume-se apenas em decifrar letras, palavras, frases e
Expectativas de aprendizagem em Língua Portu- texto, mas atribuir-lhe um  significado.
guesa do 1º ao 9º anos Hoje para uma pessoa ser considerada alfabetiza-
Ao fim do 5º ano, é importante que o aluno saiba:  da  tem que ser capaz de ler as entrelinhas e criar relações
- Compartilhar a escolha de obras literárias, a leitura, entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o tex-
a escuta, os comentários e os efeitos das obras lidas com to e outros textos já lidos. (PCN,1998, p.76).Nesse sentido
colegas.  criou-se então um novo conceito  para aqueles que foram
- Usar o conhecimento que tem sobre os autores para a escola e passaram menos de quatro anos e que são ca-
interpretar o texto.  pazes de escrever seu próprio nome ou  ler e escrever um
- Perceber no texto lido a relação entre propósito e gê- bilhete simples, sem saber fazer  uso da leitura e da escrita,
nero de que faz parte.  divulgou-se , então o conceito de analfabetismo funcio-
- Planejar o texto antes e enquanto está escrevendo,
levando em consideração o propósito, o destinatário e a 14 Fonte: www.revistaescola.abril.com.br
posição do enunciador. 

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
nal, pois para que uma pessoa seja considerada alfabeti- de alfabetização, é um requisito  indispensável ao sucesso
zada essa terá que ser capaz de alcançar propósitos  numa da metodologia utilizada pelo professor, segundo Emilia
sociedade que se fazem essenciais para o exercício da ci- Ferreiro. Ao identificar em qual etapa do processo o aluno
dadania., pois estas já estão inseridas no mundo letrado se encontra, os conhecimentos que ele já trazem e o seu
mesmo com ajuda de outras pessoas, por exemplo quando repertório de vida, o educador tem condição de melhor se-
recebem uma carta ou bilhete e pedem para outras pes- lecionar suas estratégias de ensino aplicando metodologia
soas leem para compreenderem a mensagem, ou assistem eficaz e eficiente através da promoção de práticas sociais
a um programa de televisão para manter-se atualizado com da leitura e da escrita.
o mundo. O professor como desencadeador do processo de
Esse é um assunto que vem sendo discutido desde a aprendizagem sistemática do ler e escrever.
década de 80 por especialistas e pesquisadores da educa- Para ser um professor desencadeador do processo de
ção, pois uma criança ou adulto ao chegarem a escola já aprendizagem sistemática do ler e do escrever, como desta-
sabem muito  sobre a escrita mesmo sem saber ler, sabe-se ca Emilia Ferreiro, é preciso romper com a imagem medío-
também que a escola é uma comunidade  e por isso che- cre que se tem do aluno. Tem-se uma imagem empobreci-
gando até ela a criança terá que acostumar-se com normas da da criança que aprende: a reduzi-los a um  par de olhos,
e aprender a viver em   conjunto.Vygostky e Piaget  diz: é um par de ouvidos, uma mão que pega um instrumento...
na relação com o outro que o homem constrói e reconstrói há atrás  disso um sujeito cognoscente, alguém que pensa,
seu conhecimento. Diante dessa teoria é que se pode   dar que constrói interpretações. È impressionante como muitos
conta do papel da escola e do professor enquanto media- professores ainda usam os métodos tradicionais, método
dor do processo educativo. Pois, assim como  ler, escrever silábico para alfabetizar  crianças e adultos, colocando o
é um processo de construção e reconstrução de sentidos aluno como sujeito da aprendizagem, propondo atividades
em relação ao que se ver, ao que se ouve, sente e pensa .   mecânicas como cópias e junção de silabas. É preciso  criar
Para Emilia Ferreiro e Ana Teberosky,as crianças não deve- situações em que o aluno tenha contato com o texto, que
riam mais ler textos como os trazidos pelas cartilhas, e sim ele descubra o seu significado, pelo contexto, pela imagem
placas de ruas, folhetos de propaganda, jornais, revistas, e pelas palavras que conseguem ler, dessa maneira ele será
instruções de jogos e historias em quadrinho, entre outros estimulado pelo desafio e descobrirá o significado e a rela-
materiais             que  fazem sentidos para elas – os chama- ção estabelecida do texto com o mundo.
dos textos reais.  A cartilha era e ainda  é usada  como um Nessa  concepção  nota-se que ler e escrever é mui-
método de ensino nas séries iniciais na qual se aprende  a to diferente de falar e compreender a fala, porque não se
decodificar  e soletrar  sílabas e palavras soltas, dificultando escreve do mesmo jeito que se fala, pois os fonemas exis-
assim a verdadeira leitura , é notável que esse método não tem desde que existe a linguagem humana...ou seja esse
tem  preocupação nenhuma em formar verdadeiros leito- processo era visto como sistematização uma junção entre
res, pois só trabalha com palavras soltas não valorizando o fonemas e grafemas. Então nota-se que o significado da
significado do texto e nem obedecendo as exigências so- palavra leitura vai muito além de juntar letras. Graça Pau-
ciais. È comum encontrar nesse tipo de livro os alfabetos lino e outros pesquisadores (2001, p.11-2), ao discutirem
de letras maiúsculas e minúsculas de imprensas e de letras o conceito de leitura, partem da etimologia da palavra ler,
cursivas, observa-se que o principal objetivo é ensinar o que vem do latim legere. Na origem do vocábulo, encon-
método de soletração mais comuns, como consoante-vo- tram-se três significados: primeiro, ler significa soletrar,
gal, vogal-consoante, consoante-consoante-vogal. Paulo agrupar as letras em silabas, trata-se do período de alfa-
Freire dizia que: “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É betização; segundo, ler está relacionado ao ato de colher,
preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu a leitura passa a ser busca de significados no interior do
contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem texto, significados já existentes; e o terceiro e ultimo sen-
lucra com esse trabalho. tido apontado vincula o ler ao roubar, isto é, o leitor tem
“Diante dessa concepção nota-se que o professor deve a responsabilidade de tirar do texto sentidos que estavam
usar práticas escolares que ajudem os alunos a refletir en- ocultos, que não tinham autorização para aparecer.
quanto aprende e a descobrir e experimentar o sistema da No primeiro significado da palavra nota-se a relação
escrita e vivenciar essas práticas como cidadãos letrados.” com a alfabetização período em que o sujeito tem o primei-
Nessa perspectiva nota-se que o aluno não vai a escola ro contato com a escola e o mundo letrado. É importante
vazio, ele leva consigo seus conhecimentos assistemáticos ressaltar que a escola é a primeira encarregada da alfabe-
que o fazem sentir-se um ser social, pois todo conheci- tização e letramento, que não é mais aquele lugar onde só
mento novo parte de um conhecimento anterior, cabendo se vai aprender a decodificar e transcrever palavras. Para a
ao professor utilizar-se dessa ferramenta e explorá-la  em escola, como espaço institucional de acesso ao conheci-
sala de aula, incentivando e procurando novas práticas de mento, a necessidade de atender a essa demanda, implica
leitura e escrita em diferentes gêneros textuais unindo o uma revisão substantiva das práticas de ensino que tratam
conhecimento de mundo e o da palavra ajudando assim o a língua como algo sem vida e os textos como conjunto
educando a entender o contexto em que vive, pois é nessa de regras a serem aprendidas, bem como a constituição
etapa que os alunos desenvolverão a criatividade e o senso de práticas de textos que circulam socialmente. (PCN,1998,
critico tornando-se verdadeiros leitores e escritores. Anali- P.30). Assim como a cultura a língua também muda e uma
sar o nível de conhecimento dos alunos, antes do processo das suas mudanças foi a chegada dos gêneros textuais nas

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
escolas, porém havendo algumas confusões na forma de de saber decifrar o código escrito é preciso que o aluno
trabalhar, pois além de explorar suas características é pre- entenda para que, para quem e por que o texto foi escrito,
ciso discutir por que e para quem se escreve, não traba- e também qual a função dos diferentes tipos de textos, e
lhando apenas com o conteúdo mas com sua estrutura e como eles se desempenham nos contextos sociais em que
funções e a  sua utilização na sociedade. circulam, investindo assim na construção da cidadania e
Nesse sentido é preciso que o aluno torne-se um ser considerando a leitura como uma ferramenta importante
em ação, que aprende que constrói e reconstrói seu co- para conhecer e compreender o mundo.
nhecimento, elaborando suas hipóteses e estratégias  ga- Assim nota-se a importância da escola na vida do ci-
nhando autonomia e habilidade para melhorar a leitura e dadão, mesmo existindo essa diferença de conhecimentos,
a escrita, descobrindo-se leitor capaz de decifrar o código cabe ao professor fazer a junção desses conhecimentos e
escrito, reconhecendo letras, silabas, palavras, frases, pará- coloca-los em prática. Para isso é preciso que se proponha
grafos, o texto em si, havendo assim trabalhos com diferentes gêneros que circulam na socieda-
uma interação entre o leitor e o texto. Para que isso de, jornais, cartas, fabulas, lendas, informes publicitário, re-
aconteça é preciso que o educador propicie um ambien- ceitas, convites, poesias, cantigas, parlendas...,pois a criança
te acolhedor e adequado principalmente na sala de aula aprende como são usados os diversos materiais de leitura
criando um cantinho de leitura, com estantes baixas, mesas e o propósito comunicativo de cada um, tendo como base
e cadeiras adequadas ao tamanho dos alunos e o acervo para o trabalho as situações enfrentadas no seu dia-a-dia,
de livros deve ser bem variado, depois leva-los a outros atendendo assim as exigências da sociedade.
lugares como a biblioteca e a sala de leitura, Apesar das discussões sobre o ensino da leitura e da
A leitura e escrita na Alfabetização escrita nas séries iniciais é possível notar as concepções de
Na verdade, o processo de alfabetização começa quan- ensino nas quais fundamentam suas práticas. Assim sendo
do o sujeito se ver envolvido com a exigência do saber ler alfabetizar é decodificar a língua escrita, enquanto letrar
e escrever para resolver situações cotidianas. Ao mesmo é usar a língua escrita em várias situações e práticas so-
tempo que vão compreendendo seus significados, vão ciais. Diante de toda pesquisa realizada é possível compro-
compreendendo a função da escrita no dia-a-dia: escrever var que se possa alfabetizar  letrando, começando desde a
para anotar recados, as compras da feira ou supermerca- educação infantil como mostra esse estudo. Ao alfabetizar
do, para dar notícias a um parente distante, preencher che- letrando o professor deve criar situações em que as crian-
ques, formulários  etc. ças possam pensar sobre a escrita e o que ela representa
Com o tempo nota-se que certas práticas de leitura e na sociedade, que a escrita existe e que as pessoas a uti-
escrita já não  são suficientes  para o sujeito atuar no mun- lizam em seu convívio social. As observações apresentas
do letrado, pois a complexidade de nossa sociedade faz demonstram a necessidade de se abrir um espaço, dentro
com que surjam as mais variadas práticas de uso da língua do ambiente escolar para uma pesquisa sobre o processo
escrita.  Soares (2003) supõe que os saberes aprendidos de aquisição da escrita. Considerando os estudos para a
dentro e fora da escola são assimilados de maneiras dife- realização deste artigo, nota-se que a alfabetização é um
rentes e devem ser levados em conta quando pensamos processo que se desenvolve a partir da análise e reflexão
em educação e, de modo mais específico, quando se trata que o aluno faz sobre a língua.15
de conhecimento de língua.
O professor deve garantir que as práticas escolares aju- Formação de conceitos no ensino de língua mater-
dem a refletir enquanto aprende e a descobrir os prazeres na: o princípio da funcionalidade  
e ganhos que se pode experimentar quando a aprendiza- Este artigo começa procedendo a uma sucinta apre-
gem do sistema de escrita é vivenciando como um meio sentação da perspectiva vygotskiana sobre a formação de
para, independentemente, exercer a leitura e a escrita dos conceitos, com ênfase na sua importância para a ação pe-
cidadãos letrados. Para que isso aconteça é preciso que a dagógica. Na seqüência, apresenta-se uma visão sobre o
criança aprenda a ler lendo, a escrever escrevendo, que ela trabalho de ensino de português como língua materna a
esteja em um ambiente alfabetizador que permita que ela partir de uma experiência vivida em uma escola pública do
leia o mundo, e que esse mundo tenha um sentindo. município de Cruz Alta-RS, no ano de 2004. O problema
“Aprender a ler como se a leitura fosse um ato mecâni- didático focalizado foi o ensino do emprego adequado dos
co, separado da compreensão, é um desastre que acontece principais sinais de pontuação. O trabalho conclui buscan-
todos os dias. Estudar palavras soltas, silabas isoladas, ler do estabelecer um elo entre a teoria visitada e a experiência
textos idiotas e repetir sem fim exercícios de cópia, resulta pedagógica relatada, seguido de uma breve síntese final.
em desinteresse e rejeição em relação a escrita.” (Carvalho
2002) Vygotsky e a formação de conceitos
Sabe-se que é no período da alfabetização que as  Pensar a construção do conhecimento em língua ma-
crianças são desafiadas, a pensarem sobre a escrita e o que terna, intenção do presente trabalho, implica considerar
ela representa na sociedade. Já o desafio do professor é como fator determinante de uma reflexão promissora so-
maior, pois vai além de ensiná-los a ler e escrever é preciso bre esse assunto, os estudos de Vygotsky sobre a formação
criar mecanismos que proporcione e que envolvam práti- de conceitos.
cas sociais de leitura e escrita, pois além de alfabetizar, é 15 Fonte: www.artigonal.com
preciso também criar situações de letramento, pois além Texto adaptado de Arabela de Oliveira Santos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Em sua obra “Pensamento e Linguagem”(1993), o au- O trabalho com língua materna
tor apresenta registros de pesquisas sobre como se proces- Como muitos autores afirmam, cabe à escola, princi-
sa a formação dos conceitos e as etapas que se antepõem palmente no que tange à língua portuguesa, capacitar o
a esta efetivação: o chamado pensamento por complexos. aluno ao domínio da norma padrão. Mas não como uma
Esse tipo de pensamento caracteriza a diferença entre subserviência à língua literária, utilizada por autores famo-
pensamento infantil e adulto e revela um nível em que não sos do passado; e sim como a habilidade geral que permita
há apenas “impressões subjetivas” (p.53), mas associações ao aluno fazer uso de uma linguagem adequada às diferen-
baseadas em relações factuais entre os elementos que fa- tes circunstâncias do cotidiano. Para isso, o trabalho em sala
zem parte de determinada tarefa. Essa etapa de “pensa- de aula deve colaborar para que o aluno se torne:
mento por complexos” é composta por cinco tipos: asso- Cada vez mais consciente de que a escolha dos ele-
ciativo / coleções / em cadeia / difuso e pseudoconceito. mentos da língua para construir textos não é fortuita, mas
Cada um deles, mesmo com manifestações diferentes do regida pela adequação do recurso lingüístico e das instru-
exercício de conexões, manifesta a elaboração interna no ções de sentido que contém aos propósitos dos usuários da
avanço para a construção dos conceitos propriamente di- língua em cada situação de comunicação. (Travaglia, 1997,
tos. p. 151 )
Para isso é inviável uma proposta que trate apenas de
O próprio autor admite que não só a criança, mas tam-
exercícios envolvendo nomenclaturas ou que conduza o
bém o adulto, em diversas condições, pensa por comple-
processo através da exposição oral de idéias prontas sobre
xos, pois não é possível uma pessoa “transmitir” a outra
determinado tópico lingüístico.
uma forma de pensar acabada. É necessário que dados se- Não seria o caso de descartar o estudo da gramática
jam fornecidos para que o interlocutor forme complexos nas aulas de Educação Básica, mas de empregar uma meto-
em torno deles até chegar a um conceito sobre a informa- dologia que proporcione o exercício das possibilidades gra-
ção. Isso revela uma atividade complexa que envolve as se- maticais através do emprego comparativo, seja a partir da
guintes funções básicas intelectuais: associação, formação análise do respeito a determinadas convenções gramaticais
de imagens, atenção, inferência e tendência determinante ( ou na ausência deles. Atividades dessa natureza remetem
existência de uma questão a ser selecionada). o aluno à observância dos resultados semânticos obtidos
 É um processo mediado, de investimento particular, no através das seleções de uso feitas em dado contexto, o que
qual a palavra (signo) desempenha função diretiva, condu- conduz à compreensão dos fenômenos envolvidos.
zindo as operações mentais e controlando o curso dessas Gentner & Medina (1998) defendem que mesmo entre
operações: adultos existe uma mistura do processamento baseado na
  comparação com o baseado em regras. Afirmam, também
A formação de conceitos é o resultado de uma ativi- que, estando o conhecimento abstrato já constituído, pro-
dade complexa, em que todas as funções básicas tomam cessos de “alinhamento” são necessários para que aconteça
parte. No entanto, o processo não pode ser reduzido à as- o repasse desses conhecimentos para novas situações.
sociação, à atenção, à formação de imagens, à inferência Essa é uma postura reflexiva que usa os efeitos da lin-
ou às tendências determinantes. Todas são indispensáveis, guagem para a análise de seu registro escrito, impedindo a
porém insuficientes sem o uso do signo, como o meio pelo falta de compromisso com a busca do padrão sem conside-
qual conduzimos as nossas operações mentais, controla- rá-lo mera erudição; mas, sim, domínio social, como tam-
mos o seu curso e as canalizamos em direção à solução do bém evitando o uso exclusivo da nomenclatura, trabalho
problema que enfrentamos. ( Vygotsky, 1993, p.50 ) árduo e infrutífero.
 Nesse avanço do raciocínio lógico-abstrato constitui-
se um ponto-chave a seqüência “síncrese, análise e síntese”, A prática de sala de aula
que é a evolução de um pensamento sincrético (baseado A aplicação profícua em aula da teoria anteriormente
exposta foi comprovada em uma turma composta por 24
em percepções difusas) para um pensamento sintético,
alunos, concluintes do Ensino Médio de uma Escola Esta-
com informações organizadas a partir da análise de cer-
dual (EJA) de Cruz Alta no ano de 2004.
ta realidade ou características perceptíveis e comprováveis
Tendo sido constatada, através das produções escritas
logicamente. e de testemunhos dos alunos, insegurança da turma quanto
  Com base nesses estudos de Vygotsky é possível con- ao emprego dos sinais de pontuação, ao usá-los na maioria
firmar o papel da escola e dos educadores na construção das vezes de forma aleatória, sem nenhuma lógica sintática
do conhecimento. A postura do professor deve ser de in- ou semântica, foi proposto, então, um trabalho em que os
vestigador, criando desafios que confrontem a vontade e o alunos pudessem refletir sobre o efeito produzido na inter-
intelecto do aluno com uma necessidade a ser suprida. A pretação de passagens sem pontuação alguma e a dificul-
condução da aula conforme os conhecimentos específicos dade de atribuir sentido à sequência de termos da oração.
elaborados em cada área de ensino deve proporcionar a Sem dúvida, a atividade é simples. Mas promove um
elaboração de complexos e a construção de conceitos, res- processo mental ativo, pois instiga o aluno a experimentar e
peitando a essência dessa construção na condição huma- a buscar saídas na solução de um problema de linguagem,
na. Propiciar as etapas da estruturação do conhecimento é percebendo que os sinais de pontuação não são apenas
ser coerente com essa condição, garantindo o desenvolvi- convenções sintáticas, mas recursos capazes de colaborar
mento do ser a partir da elaboração de saberes. significativamente para a compreensão das produções es-
critas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Entre as várias situações apresentadas para os alunos Reforçando os princípios antes propalados por Vygot-
estava a conhecida frase “Um fazendeiro tinha um bezerro sky e Piaget, a aprendizagem se processa em uma relação
e a mãe do fazendeiro era também o pai do bezerro.” Não interativa entre o sujeito e a cultura em que vive. Isso quer
só na busca da significação dessa frase, mas também diante dizer que, ao lado dos processos cognitivos de elaboração
dos demais desafios, ilustrou-se, através da oralização dos absolutamente pessoal (ninguém aprende pelo outro), há
alunos e das discussões mantidas com os colegas, o papel um contexto que, não só fornece informações específicas
interpretativo-crítico, para o professor, de todo o processo ao aprendiz, como também motiva, dá sentido e “concre-
conceitual teorizado por Vygotsky, por ocasião do acom- tude” ao aprendido, e ainda condiciona suas possibilidades
panhamento dos alunos no empenho de solucionar cada efetivas de aplicação e uso nas situações vividas. Entre o
questão. homem e o saberes próprios de sua cultura, há que se va-
Várias outras atividades foram propostas ao longo do lorizar os inúmeros agentes mediadores da aprendizagem
período, envolvendo inclusive os textos dos próprios alunos, (não só o professor, nem só a escola, embora estes sejam
os quais, depois de um certo período, revelaram melhor de- agentes privilegiados pela sistemática pedagogicamente
sempenho nesse tópico linguístico e, principalmente, maior planejada, objetivos e intencionalidade assumida).
consciência das opções feitas durante a produções em sala O objetivo do presente artigo é apresentar o impacto
de aula. dos estudos sobre o letramento para as práticas alfabeti-
Pontos de encontro zadoras.  
 Viver a gramática em aula independe de grandes proje- Capitaneada pelas publicações de Angela Kleiman, (95)
tos. Porém é de fundamental importância que o professor de Magda Soares (95, 98) e Tfouni (95), a concepção de letra-
português seja capaz de reconhecer três fatores importantes mento contribuiu para redimensionar a compreensão que
nessa ação pedagógica: a) o processo intelectual envolvido hoje temos sobre: a) as dimensões do aprender a ler e a
no ensino-aprendizagem, no caso, a formação de conceitos; escrever; b) o desafio de ensinar a ler e a escrever; c) o
b) a natureza do tópico linguístico e suas peculiaridades de
significado do aprender a ler e a escrever, c) o quadro da
ensino; e c) a realidade da turma de educandos e todas as
sociedade leitora no Brasil d) os motivos pelos quais tantos
características de ação que a variação de realidades implica.
deixam de aprender a ler e a escrever, e e) as próprias pers-
Se a atuação pedagógica for capaz de contemplar essa
pectivas das pesquisas sobre letramento.
triangulação, é possível proporcionar o avanço no domínio
da língua-padrão através do exercício de um importante as-
As dimensões do aprender a ler e a escrever
pecto da cognição humana: a formação de conceitos.
Capacitar o aluno de Educação Básica a usar com pro- Durante muito tempo a alfabetização foi entendida
priedade a língua padrão é uma tarefa escolar e exige do como mera sistematização do “B + A = BA”, isto é, como
professor de Português uma reflexão sobre todos os fato- a aquisição de um código fundado na relação entre fone-
res envolvidos no ensino-aprendizagem. A partir da postura mas e grafemas. Em uma sociedade constituída em gran-
crítica sobre a realidade escolar e linguística e do domínio de parte por analfabetos e marcada por reduzidas práticas
teórico-prático dos processos intelectuais, é possível ao pro- de leitura e escrita, a simples consciência fonológica que
fissional do ensino de línguas construir uma prática reflexiva, permitia aos sujeitos associar sons e letras para produzir/
tanto para ele como para os alunos, que facilitará o aperfei- interpretar palavras (ou frases curtas) parecia ser suficiente
çoamento da competência comunicativa de seus tutorados para diferenciar o alfabetizado do analfabeto.
em um trabalho consciente. Com o tempo, a superação do analfabetismo em mas-
 Para isso, o docente encontra em Vygotsky e sua teo- sa e a crescente complexidade de nossas sociedades fazem
ria na formação de conceitos um suporte fundamental para surgir maiores e mais variadas práticas de uso da língua
toda atividade escolar do mesmo gênero daquela que pu- escrita. Tão fortes são os apelos que o mundo letrado exer-
demos vivenciar e ora relatamos no presente trabalho.16 ce sobre as pessoas que já não lhes basta a capacidade de
Alfabetização e Letramento: Repensando o Ensino da desenhar letras ou decifrar o código da leitura. Seguindo a
Língua Escrita  mesma trajetória dos países desenvolvidos, o final do sécu-
Se, no início da década de 80, os estudos acerca da lo XX impôs a praticamente todos os povos a exigência da
psicogênese da língua escrita trouxeram aos educadores o língua escrita não mais como meta de conhecimento dese-
entendimento de que a alfabetização, longe de ser a apro- jável, mas como verdadeira condição para a sobrevivência
priação de um código, envolve um complexo processo de e a conquista da cidadania. Foi no contexto das grandes
elaboração de hipóteses sobre a representação linguística; transformações culturais, sociais, políticas, econômicas e
os anos que se seguiram, com a emergência dos estudos tecnológicas que o termo “letramento” surgiu, ampliando
sobre o letramento, foram igualmente férteis na compreen- o sentido do que tradicionalmente se conhecia por alfabe-
são da dimensão sócio-cultural da língua escrita e de seu tização (Soares, 2003).
aprendizado. Em estreita sintonia, ambos os movimentos, Hoje, tão importante quanto conhecer o funcionamen-
nas suas vertentes teórico-conceituais, romperam definiti- to do sistema de escrita é poder se engajar em práticas so-
vamente com a segregação dicotômica entre o sujeito que ciais letradas, respondendo aos inevitáveis apelos de uma
aprende e o professor que ensina. Romperam também com cultura grafocêntrica. Assim,
o reducionismo que delimitava a sala de aula como o único Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da
espaço de aprendizagem. escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letra-
16 Por Vaima Regina Alves Lemos mento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição
de uma sociedade (Tfouni, 1995, p. 20).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Com a mesma preocupação em diferenciar as práticas um lado, uma estrutura suficientemente fechada que não
escolares de ensino da língua escrita e a dimensão social admite transgressões sob pena de perder a dupla condição
das várias manifestações escritas em cada comunidade, de inteligibilidade e comunicação; por outro, um recurso
Kleiman, apoiada nos estudos de Scribner e Cole, define o suficientemente aberto que permite dizer tudo, isto é, um
letramento como sistema permanentemente disponível ao poder humano de
... um conjunto de práticas sociais que usam a escri- criação (Geraldi, 93).
ta, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em Como conciliar essas duas vertentes da língua em um
contextos específicos. As práticas específicas da escola, que único sistema de ensino? Na análise dessa questão, dois
forneciam o parâmetro de  prática social segundo a qual embates merecem destaque: o conceitual e o ideológico.
o letramento era definido, e segundo a qual os sujeitos 1) O embate conceitual
eram classificados ao longo da dicotomia alfabetizado ou Tendo em vista a independência e a interdependência
não-alfabetizado, passam a ser, em função dessa definição, entre alfabetização e letramento (processos paralelos, si-
apenas um tipo de prática – de fato, dominante – que de- multâneos ou não, mas que indiscutivelmente se comple-
senvolve alguns tipos de habilidades mas não outros, e que mentam), alguns autores contestam a distinção de ambos
determina uma forma de utilizar o conhecimento sobre a os conceitos, defendendo um único e indissociável proces-
escrita. (1995, p. 19) so de aprendizagem (incluindo a compreensão do sistema
e sua possibilidade de uso). Em uma concepção progres-
Mais do que expor a oposição entre os conceitos de
sista de “alfabetização” (nascida em oposição às práticas
“alfabetização” e “letramento”, Soares valoriza o impacto
tradicionais, a partir dos estudos psicogenéticos dos anos
qualitativo que este conjunto de práticas sociais representa 80), o processo de alfabetização incorpora a experiência
para o sujeito, extrapolando a dimensão técnica e instru- do letramento e este não passa de uma redundância em
mental do puro domínio do sistema de escrita: função de como o ensino da língua escrita já é concebido.
Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o do- Questionada formalmente sobre a “novidade conceitual”
mínio de um código e das habilidades de utilizá-lo para ler da palavra “letramento”, Emilia Ferreiro explicita assim a sua
e escrever, ou seja: o domínio da tecnologia – do conjunto rejeição ao uso do termo:
de técnicas – para exercer a arte e ciência da escrita. Ao Há algum tempo, descobriram no Brasil que se pode-
exercício efetivo e competente da tecnologia da escrita de- ria usar a expressão letramento. E o que aconteceu com a
nomina-se Letramento que implica habilidades várias, tais alfabetização? Virou sinônimo de decodificação. Letramen-
como: capacidade de ler ou escrever para atingir diferentes to passou a ser o estar em contato com distintos tipos de
objetivos (In Ribeiro, 2003, p. 91). texto, o compreender o que se lê. Isso é um retrocesso.
Ao permitir que o sujeito interprete, divirta-se, seduza, Eu me nego a aceitar um período de decodificação prévio
sistematize, confronte, induza, documente, informe, orien- àquele em que se passa a perceber a função social do texto.
te-se, reivindique, e garanta a sua memória, o efetivo uso Acreditar nisso é dar razão à velha consciência fonológica.
da escrita garante-lhe uma condição diferenciada na sua (2003, p. 30)
relação com o mundo, um estado não necessariamente Note-se, contudo, que a oposição da referida autora
conquistado por aquele que apenas domina o código (Soa- circunscreve-se estritamente ao perigo da dissociação en-
res, 1998). Por isso, aprender a ler e a escrever implica não tre o aprender a escrever e o usar a escrita (“retrocesso”
apenas o conhecimento das letras e do modo de decodifi- porque representa a volta da tradicional compreensão ins-
cá-las (ou de associá-las), mas a possibilidade de usar esse trumental da escrita). Como árdua defensora de práticas
conhecimento em benefício de formas de expressão e co- pedagógicas contextualizadas e signifcativas para o sujeito,
municação, possíveis, reconhecidas, necessárias e legítimas o trabalho de Emília Ferreiro, tal como o dos estudiosos do
em um determinado contexto cultural. Em função disso, letramento, apela para o resgate das efetivas práticas so-
Talvez a diretriz pedagógica mais importante no tra- ciais de língua escrita o que faz da oposição entre eles um
mero embate conceitual.
balho (...dos professores), tanto na pré-escola quanto no
Tomando os dois extremos como ênfases nefastas à
ensino médio, seja a utilização da escrita verdadeira nas
aprendizagem da língua escrita (priorizando a aprendiza-
diversas atividades pedagógicas, isto é, a utilização da es-
gem do sistema ou privilegiando apenas as práticas sociais
crita, em sala, correspondendo às formas pelas quais ela é de aproximação do aluno com os textos), Soares defende a
utilizada verdadeiramente nas práticas sociais. Nesta pers- complementaridade e o equilíbrio entre ambos e chama a
pectiva, assume-se que o ponto de partida e de chegada atenção para o valor da distinção terminológica:
do processo de alfabetização escolar é o texto: trecho fa- Porque alfabetização e letramento são conceitos fre-
lado ou escrito, caracterizado pela unidade de sentido que qüentemente confundidos ou sobrepostos, é importante
se estabelece numa determinada situação discursiva. (Leite, distingui-los, ao mesmo tempo que é importante também
p. 25) aproximá-los: a distinção é necessária porque a introdução,
no campo da educação, do conceito de letramento tem
O desafio de ensinar a ler e a escrever ameaçado perigosamente a especificidade do processo  de
Partindo da concepção da língua escrita como siste- alfabetização; por outro lado, a aproximação é necessária
ma formal (de regras, convenções e normas de funciona- porque  não só o processo de alfabetização, embora dis-
mento) que se legitima pela possibilidade de uso efetivo tinto e específico, altera-se e reconfigura-se no quadro  do
nas mais diversas situações e para diferentes fins, somos conceito de letramento, como também este é dependente
levados a admitir o paradoxo inerente à própria língua: por daquele. (2003, p. 90)

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Assim como a autora, é preciso reconhecer o mérito teórico e O significado do aprender a ler e a escrever
conceitual de ambos os termos. Balizando o movimento pendu- Ao permitir que as pessoas cultivem os hábitos de lei-
lar das propostas pedagógicas (não raro transformadas em mo- tura e escrita e respondam aos apelos da cultura grafo-
dismos banais e mal assimilados), a compreensão que hoje temos cêntrica, podendo inserir-se criticamente na sociedade, a
do fenômeno do letramento presta-se tanto para banir definitiva- aprendizagem da língua escrita deixa de ser uma questão
mente as práticas mecânicas de ensino instrumental, como para estritamente pedagógica para alçar-se à esfera política, evi-
se repensar na especificidade da alfabetização. Na ambivalência dentemente pelo que representa o investimento na forma-
dessa revolução conceitual, encontra-se o desafio dos educado- ção humana. Nas palavras de Emilia Ferreiro,
res em face do ensino da língua escria: o alfabetizar letrando. A escrita é importante na escola, porque é importante
2) O embate ideológico fora dela e não o contrário. (2001)
Mais severo do que o embate conceitual, a oposição entre Retomando a tese defendida por Paulo Freire, os estu-
os dois modelos descritos por Street (1984) representa um po- dos sobre o letramento reconfiguraram a conotação políti-
sicionamento radicalmente diferente, tanto no que diz respeito
ca de uma conquista – a alfabetização - que não necessa-
às concepções implícita ou explicitamente assumidas quanto
riamente se coloca a serviço da libertação humana. Muito
no que tange à pratica pedagógica por elas sustentadas.
pelo contrário, a história do ensino no Brasil, a despeito de
O “Modelo Autônomo”, predominante em nossa socieda-
de, parte do princípio de que, independentemente do con- eventuais boas intenções e das “ilhas de excelência”, tem
texto de produção, a língua tem uma autonomia (resultado deixado rastros de um índice sempre inaceitável de anal-
de uma lógica intrínseca) que só pode ser apreendida por um fabetismo agravado pelo quadro nacional de baixo letra-
processo único, normalmente associado ao sucesso e desen- mento.
volvimento próprios de grupos “mais civilizados”. O quadro da sociedade leitora no Brasil
Contagiada pela concepção de que o uso da escrita só Do mesmo modo como transformaram as concepções
é legitimo se atrelada ao padrão elitista da “norma culta” e de língua escrita, redimensionaram as diretrizes para a alfa-
que esta, por sua vez, pressupõe a compreensão de um in- betização e ampliaram a reflexão sobre o significado dessa
flexível funcionamento lingüístico, a escola tradicional sempre aprendizagem, os estudos sobre o letramento obrigam-
pautou o ensino pela progressão ordenada de conhecimentos: nos a reconfigurar o quadro da sociedade leitora no Brasil.
aprender a falar a língua dominante, assimilar as normas do Ao lado do índice nacional de 16.295.000 analfabetos no
sistema de escrita para, um dia (talvez nunca) fazer uso desse país (IBGE, 2003), importa considerar um contingente de
sistema em formas de manifestação previsíveis e valorizadas indivíduos que, embora formalmente alfabetizados, são in-
pela sociedade. Em síntese, uma prática reducionista pelo viés capazes de ler textos longos, localizar ou relacionar suas
lingüístico e autoritária pelo significado político; uma metodo- informações.
logia etnocêntrica que, pela desconsideração do aluno, mais Dados do Instituto Nacional de Estatística e Pesquisa
se presta a alimentar o quadro do fracasso escolar. em Educação (INEP) indicam que os índices alcançados
Em oposição, o “Modelo Ideológico” admite a pluralidade pela maioria dos alunos de 4ª série do Ensino Fundamental
das práticas letradas, valorizando o seu significado cultural e não ultrapassam os níveis “crítico” e “muito crítico”.  Isso
contexto de produção. Rompendo definitivamente com a di- quer dizer que mesmo para as crianças que têm acesso à
visão entre o “momento de aprender” e o “momento de fazer escola e que nela permanecem por mais de 3 anos, não há
uso da aprendizagem”, os estudos lingüísticos propõem a arti- garantia de acesso autônomo às praticas sociais de leitura
culação dinâmica e reversível entre “descobrir a escrita” (conhe- e escrita (Colello, 2003, Colello e Silva, 2003). Que escola é
cimento de suas funções e formas de manifestação), “aprender essa que não ensina a escrever?
a escrita” (compreensão das regras e modos de funcionamen-
Independentemente do vínculo escolar, essa mesma
to) e “usar a escrita” (cultivo de suas práticas a partir de um re-
tendência parece confirmar-se pelo “Indicador Nacional de
ferencial culturalmente significativo para o sujeito). O esquema
Alfabetismo Funcional” (INAF), uma pesquisa realizada por
abaixo pretende ilustrar a integração das várias dimensões do
aprender a ler e escrever no processo de alfabetizar letrando: amostragem representativa da população brasileira de jo-
vens e adultos (de 15 a 64 anos de idade): entre os 2000
entrevistados, 1475  eram analfabetos ou tinham pouca
autonomia para ler ou escrever, e apenas 525 puderam ser
considerados efetivos usuários da língua escrita. Indiscuti-
velmente, uma triste realidade!
Os motivos pelos quais tantos deixam de aprender
a ler e a escrever
Por que será que tantas crianças e jovens deixam de
aprender a ler e a escrever? Por que é tão difícil integrar-
se de modo competente nas práticas sociais de leitura e
escrita?
Se descartássemos as explicações mais simplistas (ver-
dadeiros mitos da educação) que culpam o aluno pelo
fracasso escolar; se admitíssemos que os chamados “pro-
blemas de aprendizagem” se explicam muito mais pelas
relações estabelecidas na dinâmica da vida estudantil; se o

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
desafio do ensino pudesse ser enfrentado a partir da necessidade de compreender o aluno para com ele estabelecer uma
relação dialógica, significativa e compromissada com a construção do conhecimento; se as práticas pedagógicas pudessem
transformar as iniciativas meramente instrucionais em intervenções educativas; talvez fosse possível compreender melhor o
significado e a verdadeira extensão da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil.
Nesse sentido, os estudos sobre o letramento se prestam à fundamentação de pelo menos três hipóteses não exclu-
dentes para explicar o fracasso no ensino da língua escrita. Na mesma linha de argumentação dos educadores que eviden-
ciaram os efeitos do “currículo oculto” nos resultados escolares de diferentes segmentos sociais, é preciso considerar, como
ponto de partida, que as práticas letradas de diferentes comunidades (e portanto, as experiências de diferentes alunos) são
muitas vezes distantes do enfoque que a escola costuma dar à escrita (o letramento tipicamente escolar). Lidar com essa
diferença (as formas diversas de conceber e valorar a escrita, os diferentes usos, as várias linguagens, os possíveis posicio-
namentos do interlocutor, os graus diferenciados de familiaridade temática, as alternativas de instrumentos, portadores de
textos e de práticas de produção e interpretação...) significa muitas vezes percorrer uma longa trajetória, cuja duração não
está prevista nos padrões inflexíveis da programação curricular.
Em segundo lugar, é preciso considerar a reação do aprendiz em face da proposta pedagógica, muitas vezes autoritária,
artificial e pouco significativa. Na dificuldade de lidar com a lógica do “aprenda primeiro para depois ver para que serve”,
muitos alunos parecem pouco convencidos a mobilizar os seus esforços cognitivos em benefício do aprender a ler e a
escrever (Carraher, Carraher e Schileimann, 1989; Colello, 2003, Colello e Silva, 2003). Essa típica postura de resistência ao
artificialismo pedagógico em um contexto de falta de sintonia entre alunos e professores parece evidente na reivindicação
da personagem Mafalda:

Com ironia e bom humor, o exemplo acima explica o caso bastante frequente de jovens inteligentes que aprenderam
a lidar com tantas situações complexas da vida (aquisição da linguagem, transações de dinheiro, jogos de computador,
atividades profissionais, regras e práticas esportivas entre outras), mas que não conseguem disponibilizar esse reconhecido
potencial para superar a condição de analfabetismo e baixo letramento.
Por último, ao considerar os princípios do alfabetizar letrando (ou do Modelo Ideológico de letramento), devemos
admitir que o processo de aquisição da língua escrita está fortemente vinculado a uma nova condição cognitiva e cultural.
Paradoxalmente, a assimilação desse status ( justamente aquilo que os educadores esperam de seus alunos como evidência
de “desenvolvimento” ou de emancipação do sujeito) pode se configurar, na perspectiva do aprendiz, como motivos de
resistência ao aprendizado: a negação de um mundo que não é o seu; o temor de perder suas raízes (sua história e referen-
cial); o medo de abalar a primazia até então concedida à oralidade (sua mais típica forma de expressão), o receio de trair
seus pares com o ingresso no mundo letrado e a insegurança na conquista da nova identidade (como “aluno bem-sucedi-
do” ou como “sujeito alfabetizado” em uma cultura grafocêntrica altamente competitiva).
... a aprendizagem da língua escrita envolve um processo de aculturação – através, e na direção das práticas discursivas
de grupos letrados - , não sendo, portanto, apenas um processo marcado pelo conflito, como todo processo de aprendiza-
gem, mas também um processo de perda e de luta social. (...)
(...) há uma dimensão de poder envolvida no processo de aculturação efetivado na escola: aprender – ou não – a ler
e escrever não equivale a aprender uma técnica ou um conjunto de conhecimentos. O que está envolvido para o aluno
adulto é a aceitação ou o desafio e a rejeição dos pressupostos, concepções e práticas de um grupo dominante – a saber,
as práticas de letramento desses grupos entre as quais se incluem a leitura e a produção de textos em diversas instituições,
bem como as formas legitimadas de se falar desses textos -, e o consequente abandono (e rejeição) das práticas culturais
primárias de seu grupo subalterno que, até esse momento, eram as que lhe permitiam compreender o mundo. (Kleiman,
2001, p. 271)
Como exemplo de um mecanismo de resistência ao mundo letrado construído por práticas pedagógicas (ainda que
involuntariamente ideologizantes) no cotidiano da sala de aula, Kleiman (2001) expõe o caso de um grupo de jovens que
se rebelaram ante a proposta da professora de examinar bulas de remédio. Como recurso didático até bem intencionado,
o objetivo da tarefa era o de aproximar os alunos da escrita, favorecendo a compreensão de seus usos, nesse caso, cha-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
mando a sua atenção para os perigos da auto-medicação permitindo, portanto, avaliar o impacto das intervenções
e para a importância de se informar antes de tomar uma e até, de forma semelhante à das macro análises, procurar
medicação (posologia, reações adversas, efeitos colaterais, tendências gerais capazes de subsidiar as políticas de im-
etc). Do ponto de vista dos alunos, o repúdio à tarefa, à es- plementação de programas. (2001, p. 269)17
cola e muito provavelmente à escrita foi uma reação contra
a implícita proposta de fazer parte de um mundo ao qual Sistema de escrita alfabético ortográfica: com-
nem todos podem ter livre acesso: o mundo da medicina, preensão e valorização da cultura escrita, apropriação
da possibilidade de ser acompanhado por um médico e da do sistema de escrita, leitura, produção de textos escri-
compra de remédios. tos, desenvolvimento da oralidade.
Na prática, a desconsideração dos significados implíci-
tos do processo de alfabetização - o longo e difícil caminho Sistema Ortográfico
que o sujeito pouco letrado tem a percorrer, a reação dele O sistema alfabético do português é constituído por 26
em face da artificialidade das práticas pedagógica e a ne- grafemas4, entretanto, poucos destes possuem uma úni-
gação do mundo letrado – acaba por expulsar o aluno da ca representação fonográfica. A ideia era que o alfabeto
escola, um destino cruel, mas evitável se o professor souber contemplasse na representação escrita as multiplicidades
instituir em classe uma interação capaz de mediar as ten- da fala, porém, conforme Cagliari (1999, p.98), o alfabeto
sões, negociar significados e construir novos contextos de era ótimo para se ter poucos símbolos de escrita, mas era
inserção social. péssimo para representar palavras. Por outro lado, a orto-
  grafia (que sempre existiu junto com os sistemas de escrita)
Perspectivas das pesquisas sobre letramento veio dizer que era preciso congelar a forma de escrita das
Embora o termo “letramento” remeta a uma dimensão palavras, neutralizando assim o problema da variação lin-
complexa e plural das práticas sociais de uso da escrita, a guística, causada pelo fato de as línguas terem diferentes
apreensão de uma dada realidade, seja ela de um deter- dialetos.
minado grupo social ou de um campo específico de co- Para Cagliari (1999, p.99), a combinação entre alfabeto
nhecimento (ou prática profissional) motivou a emergência e ortografia foi a solução encontrada para definir nosso sis-
de inúmeros estudos a respeito de suas especificidades. É tema de escrita. No que diz respeito a essa relação, Morais
por isso que, nos meios educacionais e acadêmicos, vemos (2005) salienta que a ortografia opera a partir das restrições
surgir a referência no plural “letramentos”.
impostas pelo sistema alfabético, isto é, com base nas com-
Mesmo correndo o risco de inadequação terminoló-
binações possíveis entre fonemas e grafemas, a ortografia
gica, ganhamos a possibilidade de repensar o trânsito do
impõe outras restrições e possibilidades para as grafias.
homem na diversidade dos “mundos letrados”, cada um
Como mostra Lemle (2003), a relação predominante na
deles marcado pela especificidade de um universo. Desta
escrita não é a de unicidade entre letra e som. Vejamos, por
forma, é possível confrontar diferentes realidades, como
exemplo, o caso do grafema ‘m’, que escrevemos ‘m’ e pro-
por exemplo o “letramento social” com o “letramento es-
nunciamos uma nasal labial. A forma ortográfica é mantida,
colar”; analisar particularidades culturais, como por exem-
porém o falante pode realizá-la como [õw], [e_y] e [ãw], em
plo o “letramento das comunidades operárias da perife-
‘bom’, ‘bem’ e ‘cantam’, respectivamente. A escrita do ‘m’ é
ria de São Paulo”, ou ainda compreender as exigências de
evidente, contudo a leitura permite diferentes sons. Des-
aprendizagem em uma área específica, como é o caso do
“letramento científico”, “letramento musical” o “letramen- se processo surgem as incongruências, conforme Cagliari
to da informática ou dos internautas”. Em cada um desses (1999), ou seja, a relação entre letras e sons no sistema al-
universos, é possível delinear práticas (comportamentos fabético passa a apresentar inconsistências.
exercidos por um grupo de sujeitos e concepções assu- A aprendizagem das peculiaridades do sistema or-
midas que dão sentido a essas manifestações) e eventos tográfico pela criança só tem seu início quando ela com-
(situações compartilhadas de usos da escrita) como focos preende o princípio do sistema alfabético ao atingir o nível
interdependentes de uma mesma realidade (Soares, 2003). alfabético da escrita. Neste período, em que ela passa a
A aproximação com as especificidades permite não só perceber as regras mais simples de correspondência letra-
identificar a realidade de um grupo ou campo em particu- som, podem ocorrer generalizações, pois a criança, muitas
lar (suas necessidades, características, dificuldades, modos vezes pensa que basta prestar atenção aos seus sons e re-
de valoração da escrita), como também ajustar medidas de presenta-los para escrever as palavras.
intervenção pedagógica, avaliando suas consequências. No Embora o sistema alfabético autorize a representação
caso de programas de alfabetização, a relevância de tais dos sons da fala, a ortografia introduz uma nova relação
pesquisas é assim defendida por Kleiman: entre as letras e sons, qualificando a ideia estabelecida pelo
Se por meio das grandes pesquisas quantitativas, po- alfabeto, como mostram os casos a seguir. O grafema ‘s’
demos conhecer onde e quando intervir em nível global, os aparece representado foneticamente de formas diferentes
estudos acadêmicos qualitativos, geralmente de tipo etno- em outros dialetos, com o som de [_], em ‘testa’; de [s], em
gráfico, permitem conhecer as perspectivas específicas dos ‘suco’; de [z], em ‘caso’; de [_], em ‘mesmo’.
usuários e os contextos de uso e apropriação da escrita, 17 Por Silvia M. Gasparian Colello

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Exemplificamos aqui com o dialeto carioca e percebemos a multiplicidade de valores sonoros que o grafema ‘s’ pode
assumir. Para minimizar essa variação, os sons do alfabeto foram trocados pelos valores estabelecidos em função da orto-
grafia.
Percebemos que as relações entre letras e sons são diversas, quando partimos da escrita para a leitura, se comparadas
ao processo da fala para a escrita, pois, quando lemos, temos em ‘mãos’ a forma ortográfica da palavra. Assim, cabe ao
leitor uma análise rápida do contexto em que está empregado o grafema para saber o som que ele representa. Em con-
trapartida, quando queremos escrever aquilo que realizamos na fala, precisamos recuperar com eficiência o grafema que
representa determinado fonema naquele contexto, sendo necessário, porém, averiguar se o grafema encontrado é permi-
tido pelo sistema ortográfico.
Ainda assim, verificamos que na escrita infantil essa busca pelo grafema autorizado e/ou adequado é perpassada por
múltiplas hipóteses de como seria a forma ortográfica das palavras e, conforme Cagliari (1999, p.105), isso acontece “atra-
vés de um processo cumulativo que serve de referência para as hipóteses que fazem (as crianças) ao tentar descobrir a
forma ortográfica de uma palavra por si mesmas.”
Embora o sistema de escrita da Língua Portuguesa seja de base alfabética, isto é, cada unidade gráfica representa uma
unidade sonora, tal relação não garante transparência ao sistema, pois nem sempre uma letra corresponde a um som ou
vice-versa, revelando, assim, uma peculiaridade arbitrária do sistema. Do ponto de vista da ortografia, apresentam-se im-
portantes características acerca de sua natureza, advindas da situação intermediária do português na escala de opacidade
e transparência da ortografia de línguas de escrita alfabética. A língua escrita do português, por não corresponder, priori-
tariamente, ao ideal do sistema alfabético de escrita, acaba encontrando no sistema ortográfico um maior distanciamento
da correspondência biunívoca entre grafemas e fonemas (PINTO,1998). É essa relação que Lemle (1987) analisa e descreve.
O estudo de Lemle (1987) é pioneiro na abordagem do sistema ortográfico do português com relação aos erros que
podem ser produzidos quando os usuários da língua começam a escrever. O sistema ortográfico é organizado segundo
hipóteses das relações entre letras e sons, observadas no funcionamento e organização do sistema. As relações entre gra-
femas e fonemas são classificadas em monogâmicas, poligâmicas ou poliândricas e concorrentes. Apresentamos, a seguir,
a proposta da autora baseada em hipóteses.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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No quadro anterior, temos os casos menos problemáticos na aprendizagem da escrita. São as situações típicas de re-
lação “um para um”, as chamada relações biunívocas, em que um som terá sempre uma mesma representação grafêmica.

No quadro 2, temos as relações entre fonemas e grafemas que são múltiplas, mas que podem ser reduzidas quando
observado o contexto em questão.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
No quadro 3, temos os casos de relações entre letras e sons que não são delimitados em virtude do contexto e que
são arbitrários.
Faraco (1992) traz uma classificação baseada na proposta de Lemle (1987), em que também apresenta os tipos de rela-
ções possíveis entre o nível fonológico e o sistema ortográfico. A primeira corresponde às relações biunívocas, em que há
a biunivocidade entre letras e unidades sonoras. Neste grupo estão as letras /p/, /b/, /t/, /d/, /f/ e /v/.
A segunda categoria, as relações cruzadas, trata dos casos em que é possível prever a grafia correta a partir da análise
do contexto em questão e, também, daquelas situações em que devemos recorrer à categoria gramatical para definir o
emprego correto do grafema, como vemos, respectivamente, nos exemplos a seguir: o emprego de /m/ e /n/, como em
‘pomba’ e ‘tanga,’ e a grafia do sufixo EZA ou ESA, como realeza e chinesa.
Nas relações cruzadas, descritas por Faraco (1992), também temos o caso de um grafema que pode representar sons
diferentes, como a letra ‘s’ nas palavras ‘sapo’ e ‘casaco’, ou, ao contrário, um som ser representado por diferentes grafemas,
por exemplo o [k] da palavra ‘corpo’ e na palavra ‘quilo’.
O sistema ortográfico assim está organizado: seu funcionamento interno prevê algumas relações possíveis de serem
entendidas e geridas segundo a observação em que se aplicam e outras que fogem de sua própria organização interna e
que, por isso, passam a ser arbitrárias. Mesmo que a ortografia seja uma norma que regula a escrita, percebemos que sua
organização não é totalmente arbitrária, pois, a partir da análise das relações entre letras, sons e seus respectivos contextos,
é possível perceber que em algumas situações a escolha do grafema adequado é apoiada por regras contextuais.

Aspectos do sistema ortográfico: contextualidades e arbitrariedades


Na tentativa de escrever corretamente, nem sempre podemos acreditar apenas nas regras mais básicas de correspon-
dência grafema/fonema, pois a escrita não faz a transcrição literal do que falamos. Os erros iniciais na aquisição da escrita
muitas vezes estão relacionados com a impossibilidade de escrever as palavras da maneira como falamos.
Para escrever de acordo com a ortografia, o aprendiz terá de se preocupar com os aspectos ortográficos da língua
portuguesa. O sistema ortográfico, por se tratar de um todo organizado segundo o funcionamento da língua e por pos-
suir contextualidades que lhe são próprias, fixa regras que são contextuais e outras que são arbitrárias. A arbitrariedade é
resultante do fato de o sistema não dar conta de todas as relações existentes entre grafemas e fonemas. Assim sendo, o
aprendizado da ortografia envolve aspectos contextuais e imotivados do sistema ortográfico.
A aprendizagem da normatização ortográfica deve levar à descoberta de que existem palavras na língua portuguesa
cuja grafia é regida por regras e outras, de grafia arbitrária, casos em que não é possível delimitar a escrita correta a partir
da observação do contexto. Esse fato exige, consequentemente, que o aprendiz consulte nas fontes autorizadas e, também,
exercite o trabalho mnemônico.

Cagliari (1999, p.72 e 73) afirma que “os problemas de ortografia aparecem somente quando o usuário da escrita fica
numa situação de impasse diante de palavras que ele sabe que podem ser escritas com uma letra ou com outra”. À medida
que os alunos vão tendo contato com a escrita ortográfica, vão percebendo que as relações entre letras e sons podem não
ser tão diretas como sugere a pronúncia, o que acarreta dúvidas quanto à escrita. A análise e o entendimento das especifi-
cidades da estruturação do sistema ortográfico podem auxiliar o aprendiz na compreensão das diferentes regras que regem
as grafias do português.

Podemos concluir até aqui que a ortografia, por mais que seja um sistema que funcione segundo a organização da
língua, não pode ser considerada efetivamente regular. Os aspectos contextuais e arbitrários do sistema ortográfico do
português precisam ser compreendidos pelo professor e pelo aprendiz, a fim de que ambos alcancem o objetivo da escrita
correta das palavras.

Com base na análise e descrição feita por Lemle (1987), Morais (1998) analisa a norma ortográfica, propondo uma di-
visão das convenções em dois grupos, as regulares e as irregulares. As relações regulares são possíveis de compreender; as
regras ortográficas derivadas delas, se compreendidas, permitem a grafia correta, enquanto as irregulares dependeriam da
memorização para a escrita correta.

Resumimos, brevemente, no quadro a seguir, as relações existentes em cada grupo, de acordo com Morais (1998).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Essa divisão auxilia na sistematização do ensino e na interpretação dos erros presentes na escrita infantil, já que ela
permite o entendimento da significação do erro a partir da natureza entre as relações de grafemas e fonemas.
Outra divisão possível encontrou Cagliari (1999), na qual é feito o apontamento das principais grafias ortográficas que
envolvem aspectos arbitrários. Dentre elas, temos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Por outro lado, Cagliari (1999) anuncia algumas regras que são possíveis de serem formuladas a partir da observação
das restrições do sistema ortográfico, como vemos no quadro 7.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A partir da análise dos quadros recém apresentados, é possível apontar para duas direções. A primeira mostra a exis-
tência de grafias em que a regra contextual auxilia na delimitação das escolhas do aprendiz; enquanto a outra aponta para
aquelas que são maioria em nosso sistema, as grafias regidas por regras arbitrárias, em que somente o trabalho etimológico
e visual auxiliará o aprendente.
Diante disso, focalizaremos neste estudo dois grupos: o da regra contextual e o da regra arbitrária. Mas quais grafias se
inserem dentro desses grupos? Como já citado anteriormente, na iniciação científica dei início aos meus estudos analisando
a grafia do ‘r-forte’. Este aspecto na aprendizagem dos alunos e no uso dos professores suscitou em mim muitos questiona-
mentos que perduraram com o tempo. Por esse motivo, destaco essa grafia para analisar junto às grafias regidas por regras
contextuais. A escolha do fonema /s/, no grupo das grafias regidas por regras arbitrárias, fará parte de nossa análise junto
aos professores, por se destacar dentre os modos de escrita mais complexos e apresentar mais de seis grafemas possíveis
para sua representação.
Assim sendo, focalizaremos duas grafias, uma contextual e outra arbitrária.
Vejamos a seguir:

O enfoque nessa dualidade do sistema ortográfico auxilia no ensino e na aprendizagem da ortografia, pois ajuda o
professor na sistematização e apresentação daquilo que é contextual no sistema e, por isso, pode ser aprendido e refletido,
além de facilitar o ensino de estratégias para o que precisa ser memorizado.

Aprendizagem e ensino da ortografia


Em meio às inovações pedagógicas, o ensino da ortografia assumiu diferentes dimensões. De acordo com Morais
(1999), há posturas epistemológicas que defendem seu ensino e outras que consideram penoso demais à criança ter que
aprendê-la. Há concepções que defendem a aprendizagem da ortografia calcada em atividades mecânicas, como a repeti-
ção da grafia correta de palavras escritas de maneira diferente da norma padrão. Outras que assumem o outro extremo: a
defesa pela não intervenção no processo de ensino e aprendizagem. Defendem o não ensino e a não correção das escritas
dos alunos na certeza de que essa intervenção poderia atrapalhar o processo criativo.
Conforme Galuch e Sforni (2009, p.117), “em ambas as concepções, o objeto de conhecimento é tratado como se não
envolvesse reflexão, análise e generalização - processos mentais imprescindíveis à apropriação conceitual.”
Mesmo diante de diferentes percepções sobre o ensino da ortografia, é necessário considerá-la como uma área de co-
nhecimento, um conteúdo com especificidades e que deve ser pensado e planejado enquanto objeto conceitual (MORAIS,
1999; MIRANDA, 2011).
Percebemos a influência desse laissez-faire (termo de origem francesa que significa ‘deixar fazer’) ainda hoje nas me-
todologias de trabalho de algumas professoras, pois muitas delas não sabem como desenvolver esse conteúdo específico,
diante de tantos modismos e posturas extremas. Defendemos o ensino sistemático da ortografia e acreditamos que a es-
cola é o espaço de seu ensino, ela é o lócus da aprendizagem de tantos conteúdos. Por que considerar a ortografia menos
importante ou até mesmo como conteúdo não escolar (MONTEIRO, 2007)?
Estudos como o de Morais (1999), Monteiro (2007) e Miranda (2011) afirmam que a ortografia, por ser uma convenção,
um sistema de normas, deve ser ensinada, já que a simples exposição à escrita não possibilita a descoberta autônoma da
ortografia por parte da criança. É necessário que se ensine ortografia aos alunos, uma vez que nossa sociedade exige deles
a escrita correta. A criança só conseguirá reproduzir a escrita sem erros nas palavras de maneira voluntária, se esse conhe-
cimento fizer parte do repertório de conceitos conscientizados. Para que haja a aprendizagem da ortografia, é essencial a
atividade do sujeito com esse objeto. Devido a esse fato, a aprendizagem indireta, ou até mesmo a crença de que lendo a
criança aprende ortografia, pode ser colocada em dúvida.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Vygotsky (2000) defendia ideia de que a escola é fun- Infelizmente, por falta de formação adequada e de in-
damental no desenvolvimento da criança, pois a instrução formação técnica correta, muitos professores alfabetizadores
escolar oferece a sistematização do ensino dos conteú- desconhecem como o sistema de escrita funciona, o que é,
dos escolares. Assim, ela desempenha um papel decisivo de fato, a ortografia, como se estabelecem as relações entre
para que o aluno adquira a conscientização de seus pró- letras e sons, como se decifra uma escrita, como se educam
prios processos mentais, principalmente no que se refere à as dúvidas ortográficas e, consequentemente, como se deve
aprendizagem da linguagem escrita. conduzir o processo de ensino e de aprendizagem na alfa-
Conforme Galuch e Sforni (2009, p.123), para que seja betização.
objeto de reflexão, análise e generalização, como toda e É possível afirmar que os erros ortográficos presen-
qualquer apropriação conceitual, é necessário que o ensino tes e perceptíveis nas escritas de crianças em processo de
da linguagem escrita seja organizado de forma que o sujeito escolarização e de jovens egressos do ensino médio, “só
tome consciência do conteúdo a ser internalizado. a escola pode mudar (...), porque essa situação é fruto da
Fica evidente, portanto, que ortografia é um conteúdo própria atitude da escola diante da linguagem escrita e, em
que deve ser explicitado, ensinado e organizado enquanto particular, diante da ortografia (...)”.
um sistema com características próprias, o que exigirá do (CAGLIARI, 1999, p.80). Através dos erros dos alunos,
o professor terá as pistas necessárias e preciosas que po-
professor o saber adequado acerca do sistema ortográfico
derão orientar e auxiliar seu planejamento para o ensino
de sua língua.
da ortografia. Quanto à postura do professor e da escola
Para a adoção de qualquer metodologia de trabalho, é
diante dos erros ortográficos que surgem durante a aqui-
essencial que o professor tenha estudo ou conhecimento
sição da escrita, alerta-nos Cagliari (2005, p.84) que (...)
do objeto conceitual que ensinará. Nas palavras de Xavier enquanto a escola não assumir os erros de aprendizagem
e Zen (2002, p.18) como uma verdade do ensino, camuflando-os e esconden-
Professores e professoras ensinam sim e têm um papel do-os de todos, inclusive do próprio aprendiz, é impossível
importante neste ato de ensinar, isto significa planejar seu desenvolver uma educação que leve o aluno a refletir sobre
trabalho, marcando seus princípios teóricos, seus objetivos, o que faz, porque há uma parte do processo na qual ele está
definindo e implementando ações para atingi-los. sempre enganado. Ensinar os alunos a corrigir seus erros é
Tais ações envolvem pensar cada passo, selecionar ma- talvez a tarefa mais desafiadora que a escola tem, mas sem
teriais, prever eventos – a isto eu chamo de escolha de uma resolver essa questão, em vez de ensinar, a escola vai criando
metodologia. Este ensinar tem sido tratado como interven- um caos pedagógico.
ção pedagógica no processo de construção do conhecimento A atuação do professor é fundamental na mediação
do(a) aluno(a) e intervenção aqui não tem nada a ver com desse ensino. Todavia, acreditamos que ele precisa ter co-
autoritarismo, mas opõe-se ao espontaneísmo. nhecimento do que está ensinando e mediando. O saber
O ensino da ortografia deve ser sistematizado e deve do professor deve possibilitar o desenvolvimento de práti-
permear o planejamento curricular, já que a todo tempo os cas reflexivas e construtoras.
alunos estarão fazendo uso da escrita. Pelo fato desta es- Nesta seção são focalizados alguns fatores e condições
crita vir muitas vezes acompanhada de dificuldades, o tra- necessários à integração dos alunos no mundo letrado.
balho com a ortografia deve ser diário no ambiente escolar. Trata-se do processo de letramento, que deve ter orienta-
Muitos professores indagam-se quanto às práticas ção sistemática, com vista à compreensão e apropriação da
pedagógicas que devem desenvolver na sala de aula para cultura escrita pelos alunos. Indicam-se aqui conhecimen-
o ensino da norma ortográfica, além de questionarem a tos gerais e capacidades a serem adquiridos e sugerem-se,
eficácia de atividades tradicionais e de suas metodologias, rapidamente, procedimentos pedagógicos que podem ser
porém, ainda assim, não conseguem ultrapassar o conven- adotados para a realização desses objetivos.
cional (MENEZES, 2008). Como já foi dito na Introdução, ressalta-se que o traba-
Devemos, como professores, despertar nos alunos a lho voltado para o letramento não deve ser feito separado
do trabalho específico de alfabetização. É preciso investir
preocupação com a escrita correta, pois essa é uma for-
nos dois ao mesmo tempo, porque os conhecimentos e ca-
ma de se promover a comunicação eficiente. Além disso, o
pacidades adquiridos pelos alunos numa área contribuem
educador precisa ser consciente de que sua tarefa é guiar o
para o seu desenvolvimento na outra área.
aluno rumo à conquista da escrita ortográfica.
Buscando a visualização disso é que foi feita a grada-
Acreditamos, portanto, que a ortografia deve ser ensi- ção dos tons de cinza do quadro
nada como qualquer outro conteúdo. Não podemos limi- 1. O conhecimento e a valorização da circulação, dos
tá-la a uma única atividade e acreditar que, dessa forma, usos e das funções da língua escrita na sociedade são ca-
sua aprendizagem está garantida. Cagliari (2005, p.80) aler- pacidades que devem ser trabalhadas, com vista à conso-
ta-nos que “alguns professores são fãs irrestritos dos dita- lidação, nos três anos do ciclo, ainda que isso se faça com
dos e acham que esse tipo de atividade ajuda as crianças estratégias didáticas diferenciadas a cada ano. Já as capa-
a escrever corretamente (...)” e há outros “professores que cidades necessárias para o uso dos materiais de leitura e
usam o ditado apenas para avaliar.” escrita especificamente escolares devem ser tratadas siste-
Em relação a essa situação enfrentada pelos professo- maticamente e consolidadas logo na chegada das crianças
res, Cagliari (2005, p.106) diz que: e mantidas, retomadas, sempre que necessário, até a fase II.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Conhecer e utilizar modos de manifestação e circulação • das formas de aquisição e acesso aos textos (compra,
da escrita na sociedade empréstimo e troca de livros, revistas, cadernos de receita,
A cultura escrita diz respeito às ações, valores, procedi- etc.)
mentos e instrumentos que constituem o mundo letrado. A • dos diversos suportes da escrita (cartazes, out-doors,
compreensão da cultura escrita, pelos alunos, vem de um livros, revistas, folhetos publicitários, murais escolares, li-
processo de integração no ambiente letrado, seja através vros escolares, etc.)
da vivência numa sociedade que faz uso generalizado da • dos instrumentos e tecnologias utilizados para o re-
escrita, seja através da apropriação de conhecimentos da gistro escrito (lápis, caneta, cadernos, máquinas de escre-
cultura escrita especificamente trabalhados da escola. Esse ver, computadores, etc.)
processo possibilita aos alunos compreenderem os usos Conhecer os usos e funções sociais da escrita
sociais da escrita e, pedagogicamente, pode gerar práticas
e necessidades de leitura e escrita que darão significado às Vivemos num tipo de sociedade que costuma ser cha-
aprendizagens escolares e aos momentos de sistematiza- mada de “grafocêntrica”, porque nossa vida social se or-
ção propostos pelo professor. ganiza em torno da escrita. No dia-a-dia dos cidadãos, as
Na nossa civilização, todo cidadão, qualquer que seja
práticas de leitura e escrita estão presentes em todos os
seu grau de escolaridade ou sua posição social, está, de
espaços, a todo momento, cumprindo diferentes funções.
algum modo, inserido numa cultura letrada: tem documen-
Há escritas públicas que funcionam como documentos (o
tos escritos, realiza, bem ou mal, práticas que dependem da
escrita (ex.: tomar ônibus, pagar contas, etc.). Entretanto, dinheiro, o cheque, as contas a pagar, o vale-transporte, a
é sempre possível alargar as possibilidades de integração carteira de identidade), outras que servem como formas de
e participação ativa na cultura escrita, pela ampliação da divulgação de informações (o letreiro dos ônibus, os rótulos
convivência e do conhecimento da língua escrita. Estar ati- dos produtos, as embalagens de defensivos agrícolas, os
vamente inserido na cultura escrita significa ter comporta- avisos, as bulas de remédio, os manuais de instrução), ou-
mentos letrados, atitudes e disposições frente ao mundo tras permitem o registro de compromissos assumidos entre
da escrita (como o gosto pela leitura), saberes específicos as pessoas (os contratos, o caderno de fiado), outras viabi-
relacionados à leitura e à escrita que possibilitam usufruir lizam a comunicação à distância (nos jornais, nas revistas,
de seus benefícios. A compreensão do funcionamento da na televisão), outras regulam a convivência social (as leis, os
escrita e a inserção nas práticas do mundo letrado incluem regimentos, as propostas curriculares oficiais); outras, ain-
as capacidades de ler e escrever autonomamente (que da, possibilitam a preservação e a socialização da ciência,
são a meta central da alfabetização), mas não dependem da filosofia, da religião, dos bens culturais (nos livros, nas
exclusivamente dessas capacidades. Ao contrário, a inser- enciclopédicas, na Bíblia). Por outro lado, as práticas pes-
ção, maior ou menor, dos alunos na cultura escrita pode soais e interpessoais de leitura e escrita nos possibilitam
ser apontada como um fator importante para o sucesso ou organizar o cotidiano, nos entender, registrar e rememorar
o fracasso desses alunos na alfabetização. A compreensão vivências (agendas, listas de compras, diários, cadernos de
geral do mundo da escrita é tanto um fator que favorece o receita), bem como incrementar as trocas, a comunicação, a
progresso da alfabetização dos alunos como, uma conse- convivência, enfim (bilhetes, cartas de amor, e-mails).
qüência da aprendizagem da língua escrita na escola. Por Ter clareza quanto à diversidade de usos e funções da
isso é um dos eixos a serem trabalhados desde os primei- escrita e às incontáveis possibilidades que ela abre é impor-
ros momentos do percurso de alfabetização. Isso significa tante tanto do ponto de vista conceitual e procedimental,
promover simultaneamente a alfabetização e o letramento. para que o aluno seja capaz de fazer escolhas adequadas,
A maioria das crianças brasileiras - sobretudo as que ao participar das práticas sociais de leitura-escrita, quanto
são atendidas pelas redes públicas de ensino - em sua ex- também do ponto de vista atitudinal, porque o interesse e
periência pré- e extra-escolar, tem acesso restrito à escrita,
a própria disposição positiva para o aprendizado tendem a
desconhece muitas de suas manifestações e utilidades. Por
se acentuar com a compreensão da utilidade e relevância
isso é importante que a escola, pela mediação do professor,
daquilo que se aprende.
proporcione aos alunos o contato com diferentes gêneros
Trabalhar os conhecimentos e capacidades envolvidos
e suportes de textos escritos e lhes possibilite vivência e
conhecimento: na compreensão dos usos e funções sociais da escrita, im-
• dos espaços de circulação dos textos (no meio do- plica, em primeiro lugar, trazer para a sala de aula e dispo-
méstico, nibilizar para observação e manuseio pelos alunos, muitos
urbano e escolar, entre outros) Gêneros de texto são textos, pertencentes a gêneros diversificados, presentes em
as diferentes “espécies” de texto, escritos ou falados, que diferentes suportes. Mas implica também, ao lado disso,
circulam na sociedade e que são reconhecidos com facili- orientar a exploração desses materiais, valorizando os co-
dade pelas pessoas. Por exemplo: carta, bilhete, romance, nhecimentos prévios do aluno, possibilitando a ele dedu-
poema, sermão, conversa de telefone, contrato de aluguel, ções e descobertas, explicitando informações desconheci-
notícia de jornal, piada, reportagem, letra de música, regu- das.
lamento, etc. Especificamente, o professor pode desenvolver ativida-
• dos espaços institucionais de manutenção, preserva- des que possibilitem aos alunos:
ção, distribuição e venda de material escrito (bibliotecas, • reconhecer e classificar, pelo formato, diversos supor-
livrarias, bancas, etc.) tes da escrita, tais como livros, revistas, jornais, folhetos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
• identificar as finalidades e funções da leitura de al- • como se faz para localizar, no livro didático ou no livro
guns textos a partir do exame de seus suportes de histórias, uma informação desejada? como se consulta o
• relacionar o suporte às possibilidades de significação índice, o sumário?
do texto • como a seqüenciação do texto, sua disposição na pá-
Conhecer os usos da escrita na cultura escolar gina, sua relação com as imagens e ilustrações funcionam
Entre os suportes e instrumentos de escrita do cotidia- no computador?
no escolar nos dias de hoje podemos listar, por exemplo, li- • qual a melhor maneira de dispor um texto num car-
vro didático, livros de histórias, caderno, bloco de escrever, taz? Que tipo de letra e que recursos gráficos deve-se usar
papel ofício, cartaz, lápis, borracha, computador. Conhecer (lápis de escrever, lápis de cor, caneta hidrográfica, tinta
esses objetos de escrita significa saber para que servem e guache)?
como são usados, identificando suas particularidades físi- • como se lê uma história em quadrinho
cas (tamanho, formato, disposição e organização do tex-
to escrito, tipo usual de letra, recursos de formatação do Desenvolver as capacidades necessárias para o uso da
texto, interação entre a linguagem verbal e as linguagens escrita no contexto escolar:
visuais utilizadas com mais freqüência, etc.).
(I) Saber usar os objetos de escrita presentes na cultura
Muitas crianças chegam à escola sem ter tido opor-
escolar
tunidade de conviver e se familiarizar com os meios so-
Saber manusear os livros (didáticos e de literatura in-
ciais de circulação da escrita. Nessas condições, não é de
fantil) , usar de maneira adequada os cadernos, saber se-
surpreender que essas crianças façam hipóteses inusitadas
sobre a natureza, as funções e o uso desses materiais, in- gurar e manipular o lápis de escrever, os lápis de colorir,
clusive daqueles que são indispensáveis ao dia-a-dia na a borracha, a régua, o apontador, a caneta, sentar corre-
escola. No entanto, saber usar os suportes e instrumentos tamente na carteira para ler e escrever, cuidar dos mate-
de escrita presentes na cultura escolar é um conhecimento riais escolares, lidar com a tela, o mouse e o teclado do
que se articula com outros saberes sobre a cultura escrita, computador são algumas das aprendizagens que os alunos
as funções e usos sociais da escrita as convenções gráficas, precisam desenvolver logo que entram na escola. Esses co-
o uso dos diferentes tipos de letra , e constitui um fator nhecimentos e capacidades são requisitados nas diversas
importante de favorecimento da aprendizagem da língua práticas cotidianas de leitura e de escrita, dentro da escola
escrita. e fora dela. Por isso, esse é um tópico da aprendizagem da
Por isso é necessário tratar explicitamente dessa ques- língua escrita necessário tanto para que os alunos possam
tão na sala de aula. Esse é um dos conhecimentos dos obter sucesso ao longo da vida escolar quanto para que
quais as crianças precisam se apropriar logo no início do eles possam participar plenamente da vida social extra-es-
processo de alfabetização, em face de sua importância fun- colar.
damental para a trajetória escolar do aluno. Por exemplo, o professor pode discutir com os alunos
Fora da escola, esse saber é adquirido, em geral, quan- como usar os cadernos e cuidar deles, mostrando a eles um
do as crianças têm acesso aos diversos suportes de escrita caderno: passando suas folhas, falando sobre as “orelhas
e participam de práticas de leitura e de escrita dos adultos. de burro”, explicando como elas se formam, mostrando
É por meio do uso que elas apreendem a finalidade de ob- o que pode acontecer quando se põe mais força no lápis
jetos de escrita presentes em diferentes contextos sociais do que o necessário para se escrever na folha do caderno,
e a maneira adequada de lidar com eles. Assim, na esco- apontando e marcando as linhas da folha que servem de
la, esse conhecimento deve tornar-se um dos objetivos do referência para escrever no caderno, etc. Nesses momen-
processo inicial de ensino-aprendizagem da língua escrita, tos, o que ele estará tomando como foco para observação
envolvendo uma abordagem didática, com apresentação, e análise junto com os alunos é o instrumento de escrita
observação e exploração dos suportes e instrumentos es- caderno e suas especificidades materiais, que definem a
colares de escrita e de suas características materiais. Com
maneira de usar esse material escolar de escrita. Tudo isso
isso, pretende-se propiciar aos alunos o desenvolvimento
voltará a ser o foco da atenção dos alunos quando eles fo-
de capacidades cognitivas e procedimentais necessárias ao
rem utilizar, de fato, esse instrumento, escrevendo em sala
uso adequado desses objetos.
de aula.
Algumas perguntas podem sugerir exemplos de ativi-
dades e possibilidades de exploração sistemática, em sala (II) Desenvolver capacidades específicas para escrever
de aula, das especificidades dos suportes e instrumentos Escrever envolve trabalho cognitivo, raciocínio delibe-
de escrita usuais na escola: rado, todos sabemos. Mas o ato de escrever é, também,
• nos livros e nos cadernos, como se faz a seqüenciação uma atividade motora, seja traçando letras na superfície de
do texto nas páginas (frente e verso, página da esquerda e um papel, seja digitando num teclado de computador. As
página da direita, numeração)? atividades motoras, precisam ser aprendidas e, na maio-
• como se dispõe o escrito na página (margens, pará- ria das vezes, treinadas. O uso do material escolar de es-
grafos, espaçamento entre as partes, títulos, cabeçalhos)? crita: lápis, caneta, borracha, corretivo, régua, teclado de
• como se relacionam o escrito e as ilustrações? computador, inclui, além das capacidades cognitivas, uma
• como se sabe o nome de um livro e quem o escreveu? habilidade motora específica, que exige conhecimento e
qual a sua editora e sua data de publicação? treinamento.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A aquisição dessa habilidade específica ultrapassa os li- O aprendizado dos aspectos convencionais envolve a
mites da mera destreza motora quando é associada ao co- memorização das relações fonema-grafema, a separação
nhecimento da cultura escrita. Uma das mais importantes das palavras na linha, a escrita da direita para a esquerda e
funções da escrita é possibilitar a comunicação entre pes- de cima para baixo. Hoje sabemos que o ensino sistemático
soas distantes ou em situações em que não é possível falar. das correspondências som-grafia é fundamental para que
O que se escreve é para ser lido pelos outros ou por nós o aprendiz adquira cedo autonomia na leitura e na produ-
mesmos, algum tempo depois. Se os alunos compreende- ção de textos. Afinal, a maioria dos educadores já defende
rem isso, vai fazer mais sentido para eles. que os indivíduos se apropriem do SEA ao mesmo tempo
esforçarem-se para conseguir uma caligrafia legível e em que participam de práticas letradas com os gêneros
com boa apresentação estética, como também empenha- textuais que circulam na sociedade.19
rem-se na organização adequada da escrita nos cadernos,
nos cartazes, nos murais, enfim, nos diversos textos que Apropriação da Leitura e da Escrita
produzirem (etiquetas, agendas, listas, histórias, poemas, Nós estamos num momento de estatísticas não muito
cartas, etc). Esse tópico é retomado no verbete “Conhecer boas sobre a alfabetização no Brasil. Mas nós temos que
e utilizar diferentes tipos de letra (de fôrma e cursiva)”.18 pensar historicamente. Um fato bastante importante é que
a escola é recente na história da humanidade. Ela tem me-
Apropriação do sistema de escrita alfabética nos de 5 mil anos e a escrita, também, é muito recente.
Quando concluem a alfabetização com sucesso, os Porém,. É mais recente ainda a universalização da educação
indivíduos passam a usar o sistema de escrita alfabética fundamental, que só começa a se tornar uma realidade a
(SEA), invenção recente na história humana. Quando se diz partir do século passado. Então, nós estamos aprendendo
que tal processo é uma apropriação, ressalta-se que o ob- muita coisa O Brasil está passando um momento, agora,
jeto cultural, alfabeto, passa a ser algo interno, disponível que os outros países já passaram.
na mente do aprendiz que o reconstruiu. Se falamos em Nós temos que lembrar que a França, por volta das dé-
sistema de escrita alfabética, é porque a concebemos como cadas de 40, 50 estava com mais de 40% de crianças em
um sistema notacional e não como um código. Para apren- defasagem idade/série, ou seja, muitas crianças que não
der um código, basta apenas decorar novos símbolos que estavam aprendendo, se apropriando da leitura e da es-
substituem outros símbolos de um sistema notacional já crita.
aprendido. É bom lembrarmos, também, que a escola é uma
A humanidade inventou importantes sistemas notacio-
instituição de sucesso, porque ela garantiu que a escrita
nais, como o de numeração decimal e a escrita alfabética.
continuasse de geração em geração. Nós temos sucesso,
Esta última é uma econômica e complexa representação da
também, na história na alfabetização, nós não estamos co-
fala, só inventada depois que foram criados outros siste-
meçando esta alfabetização agora. É bastante importante
mas de escrita (ideográficos, silábicos). Para poder se apro-
considerar esta dimensão:
priar do SEA, o aprendiz precisará compreender como ele
O que o que nós estamos enfrentando hoje no Brasil,?
funciona e aprender suas convenções.
Nós buscamos a universalização da escolaridade e busca-
Conforme tem demonstrado a teoria da psicogênese
da escrita, a compreensão do SEA se dá em etapas, nas mos, então, a universalização da leitura e da escrita, num
quais as crianças vão modificando suas explicações para momento muito particular para o desenvolvimento cultural
duas questões: o que a escrita nota (ou representa)? E do ser humano.
como ela cria notações (ou representações)? Se, numa fase É a primeira vez na história da humanidade que mu-
inicial, o aprendiz não entende, ainda, que a escrita nota danças muito grandes acontecem dentro de uma mesma
a sequência de partes sonoras das palavras que falamos, geração. As mudanças aconteciam antes muito lentamente
numa etapa intermediária vai acreditar que cada letra nota reunidas de geração em geração. Nós tivemos um desen-
uma sílaba oral, e só ao final vai compreender que as letras volvimento tecnológico muito grande nos últimos 50 anos
substituem unidades menores, os fonemas. Para dar conta e esse desenvolvimento modificou, profundamente, as for-
dos aspectos conceituais do SEA, a criança precisa tratar mas de comunicação humana. E a escola é um espaço de
cada letra como uma classe de objetos substitutos equiva- comunicação. É um espaço de comunicação entre adultos e
lentes (de modo que P, p, P, p são a mesma letra), além de crianças, de comunicação entre várias gerações.
analisar a ordem serial das letras e fazer correspondências, Desta forma, mudanças são necessárias nas formas de
termo a termo, entre segmentos falados e escritos. Assim, ensinar, porém, isto não significa que precisemos inventar
a compreensão do “princípio alfabético” (isto é, de que, em uma pedagogia absolutamente nova, porque vários aspec-
nossa escrita, as letras substituem segmentos sonoros pe- tos dos processos necessários para a aprendizagem não se
quenos, os fonemas) não se reduz a memorizar quais letras modificaram. As atividades de estudo necessárias para a
substituem quais fonemas. apropriação dos conhecimentos escolares não se modifica-
Outra linha teórica que estuda a consciência fonológi- ram. É muito provável que tenhamos que intensificar mais
ca tem demonstrado que a compreensão do SEA exige o ainda a utilização de algumas delas para atender às especi-
desenvolvimento de habilidades de refletir sobre as partes ficidades do desenvolvimento da criança de hoje.
sonoras das palavras, identificando, por exemplo, sílabas e
fonemas iguais em palavras diferentes. 19 Por Artur Gomes de Morais,
18 Por Elza Costa Monteiro da Rocha

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Igualmente, em consequencia desse avanço cultural- O cérebro leva aproximadamente 20 anos para ama-
tecnológico, nós tivemos nas últimas décadas um grande durecer e neste período, desde a concepção até mais ou
avanço científico no conhecimento sobre o ser humano. menos o vigésimo ano de vida, nós temos marcas biológi-
Muitos neurocientistas colocam que, em 20 anos nós cas que vão ser iguais para todos. Por exemplo a memória:
acumulamos mais conhecimentos sobre o desenvolvimen- temos uma memória ativa na infância que funciona de ma-
to do ser humano do que em 200 anos de neurologia. neira diferente da memória adulta. A este desenvolvimento
Então, é um momento muito particular da história das da memória está ligado o corpo caloso, que é um feixe
ideias e das ciências. O desafio é grande para o Brasil, mas de fibras que nós temos no cérebro unindo o lado direito
nós também dispomos de muito conhecimento para que ao lado esquerdo. O corpo caloso também leva, pela ge-
tentemos novos caminhos de ensino. Isso não tira a gravi- nética da espécie, 10 anos para amadurecer. A ele estão
dade ou a seriedade da situação de não aprendizagem da ligadas a memória e, também, a oralidade. Nós sabemos
leitura e da escrita em que nós estamos, mas é bom nos que oralidade da criança inicia já na vida intrauterina, com
colocarmos na perspectiva de que é um caminho sólido e a maturação do sistema auditivo, e vai até 10 anos de vida,
nós não estamos inventando tudo agora. mais ou menos.
O que significa que quando se alfabetiza, o educador
A socialização da escrita está trabalhando na escola com uma criança que está num
Um dos conhecimentos escolares mais importantes é a processo progressivo de maturação desse corpo caloso, de
escrita. A escrita é um sistema, ou seja, um conhecimento desenvolvimento da oralidade e de mudanças de proces-
organizado, com regras, padrões e estruturas. É um conhe- sos de memória.
cimento complexo. Para aprender as várias áreas de conhe- Eu considero fundamental que os educadores saibam
cimento, na escola, a pessoa precisa se apropriar do sistema mais sobre memória e funcionamento da memória. Porque
da escrita. Aprender a escrever, no entanto, vai além disso: ser professor, ser educador é sempre interferir na memória
faz parte da cidadania, é um direito de todo ser humano. do outro. não se pode tratar uma criança de 8 anos como
Quando pensamos na dimensão formadora da educação trata uma de 6, porque a memória funciona de maneira
escolar, precisamos considerar que poder escrever, diferente, a oralidade está em outro estágio de desenvol-
vimento..
se expressar, entrar em comunicação com o outro são
Outra coisa bastante importante é que nós sabemos
essenciais para o estudante de qualquer idade.
hoje que leitura e escrita são práticas culturais, elas são re-
Quando a escrita foi inventada, há milênios, o ser hu-
sultado de apropriação cultural. A escrita é uma manifesta-
mano percebeu que na vida cotidiana não dava para socia-
ção da função simbólica, mas não há uma carga genética
lizar isso para as próximas gerações na vida cotidiana.
para ler e escrever como temos para falar. O ser humano
Criou, então, a escola. E ela surgiu basicamente como tem uma genética para desenvolver a fala que é uma ma-
ela é hoje: um espaço reservado, separado dos espaços da nifestação da função simbólica. Entender o que é função
vida cotidiana, e um tempo reservado para que as pessoas simbólica é crucial para o educador.
adultas da espécie que já se apropriaram desses conheci- Função simbólica também se desenvolve, ela tem pe-
mentos se ocupassem em socializá-los para as novas ge- ríodos, ela tem características. Uma das manifestações pri-
rações. A escola até hoje é isso. Na Antropologia, há uma meiras da função simbólica no ser humano é a capacidade
perspectiva muito bonita de olhar para o professor, vê o de falar, de construir a fala. Pode ser com a voz, com o apa-
educador, tanto o que está na sala de aula como o gestor, relho fonador ou pode ser com o movimento. Hoje já está
como aquele ser humano adulto que tem a tarefa especial bastante demonstrado que a aprendizagem da linguagem
de garantir a continuidade da espécie. de sinal se dá do mesmo modo que a linguagem sonora. E,
Então, nós estamos na situação de escola para produ- aí há uma revelação muito importante: o ser humano tem
zir uma situação de comunicação que socializa as novas no movimento uma grande complexidade e uma grande
gerações, com o que a gente acumulou de desenvolvimen- capacidade para a construção de imagens mentais.
to cultural em um determinado momento histórico. Então, O movimento é uma estratégia fundamental do de-
essa visão perpassa esses milênios de escola. E, se a gente senvolvimento na infância. O movimento forma imagens
for estudar a história da escolarização e a história da alfa- mentais. Hoje, nós temos desenhos de crianças cegas, que
betização, nós vamos ver que muitos problemas que temos nasceram cegas, e que desenham normalmente porque
de disciplina hoje, de dificuldades de ensino aconteciam isso é constituído no cérebro a partir dos outros sentidos,
há milênios. não só da visão.
A escrita é um produto cultural, ela surge de outros
Neurociências e escrita marcos de desenvolvimento cultural da espécie que são os
Comecemos vendo o que temos aprendido em relação desenhos nas cavernas, que foram as primeiras representa-
a como que funciona o cérebro humano. Em algumas áreas ções de imagens que o ser humano realizou há 25 mil anos.
há um acervo muito grande de informações como no caso Demorou mais 20 mil anos para chegar na escrita, então, a
da memória, da linguagem e, também, da consciência. escrita é um produto da evolução cultural, e todo ato de
Em relação à memória, nós sabemos que o ser humano escrever é uma prática cultural, é uma apropriação cultural.
tem vários tipos de memórias, não um só. Alguns tipos de Nós não temos genética para isso, nós temos genética para
memória são necessários, absolutamente, imprescindíveis função simbólica que nos permite fazer isso, ou seja, in-
para as aprendizagens daquilo que chamamos de conheci- ventar um sistema simbólico e se apropriar dos existentes,
mentos escolares. como a escrita.

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A escrita tem duas propriedades distintas: ler e escrever. que elas já foram literalmente bombardeadas com esta
Hoje, nós sabemos, também, que as partes desenvolvidas informação pela mídia, pelos programas infantis, brinque-
no cérebro na escrita não são, exatamente, as mesmas de- dos, publicações e, sobretudo, pelo Sesame Street (progra-
senvolvidas na leitura. São duas atividades distintas. Então, ma infantil há mais de 30 anos no ar que ensina, diariamente
o ser humano pode aprender, perfeitamente, uma língua as letras do alfabeto) e, também, pelas canções infantis que
e não saber escrevê-la. E, por ensinar a leitura não se tem ensinam o alfabeto. As crianças chegam à escola com todas
diretamente a aprendizagem da escrita. Há uma confusão as letras na memória. O que não acontece aqui.
muito grande em relação a isto. Em alguns países, na Fran- Então, as condições do desenvolvimento da memória
ça, por exemplo, nós não temos a palavra alfabetização, infantil são mais considerados nestes países. Se não se tem
eles sempre se referem à aprendizagem ou ensino da leitu- a imagem das letras na memória, como é que alguém pode
ra e à aprendizagem ou ensino da escrita. Quando se tem olhar lá e reconhecer? É a mesma coisa para qualquer um de
um livro que fale sobre os dois, o título especifica “leitura nós aprender uma língua não alfabética.. Você tem que cons-
e escrita”. Então, nós temos que ter hoje um planejamento truir os ideogramas e ter isso gravado na memória para poder
fazer alguma coisa com eles, ter um processamento semân-
para o ensino da leitura e um para o ensino da escrita. Elas
tico. Então, conhecer melhor como se dá o desenvolvimento
têm relação entre si, mas não são a mesma coisa.
humano, deslocaria mesmo essa discussão do método, por-
Há diferenças em relação às áreas cerebrais envolvidas que tem outras questões que são fundamentais.
e uma e em outra. A escrita envolve áreas da leitura, pois Vocês vão ver em alguns exemplos que darei em seguida
sempre que a estamos escrevendo, voltamos atrás para ver de alunos que sabe-se lá porque aprendem algumas letras
o que se fez, para retomar o significado, por quê? Por que e não aprendem outras, que conseguem escrever palavras
a capacidade da consciência humana é pequena. O cérebro isoladas, mas não conseguem juntá-las em uma sentença. E
adulto consegue manter na consciência, mais ou menos, assim por diante..
sete elementos ou informações a cada momento. Sete é o
ponto médio, sendo a extensão de 5 a 9 – quando se está Conhecimento pedagógico
muito estressado, cinco, e quando você está ótimo, nove. A questão central, para mim, está no conhecimento pe-
Agora, a criança que se está ensinando, no período que é o dagógico que os professores acumulam e no conhecimento
de alfabetização (seis, sete anos) não tem essa mesma ca- pedagógico que existe em cada escola.
pacidade de manter sete elementos, ela ainda está desen- Sempre esquecemos da perspectiva da pedagogia. Fala-
volvendo. A criança vai de três até chegar a sete, como nós, mos sempre da perspectiva do conhecimento científico. Mas
mas isso é um processo muito longo. Desta forma, o tempo a solução está na reflexão desse conhecimento pedagógico,
dedicado à escrita precisa ser adequado às características na sua otimização e na ampliação dele, para atender às parti-
do pensamento infantil cularidades do desenvolvimento humano,
Os professores tentam várias coisas. Eu tenho uma visão
A situação de não aprendizagem muito positiva dos professores brasileiros, porque tenho tra-
Quando nós entramos na sala de aula, quando nós balhado em outros países, conheço bem situações em sala de
pegamos o trabalho de um aluno ou quando o professor aula na França e nos Estados Unidos. Sei a dificuldade de aces-
nos traz um aluno que não está aprendendo, que não está so à informação no Brasil e, muitas vezes, da dificuldade que
se apropriando da escrita; isto é muito importante colo- nós temos para evoluir neste país, resolver problemas urgentes
carmos isto não como um “aluno que não aprende”, mas básicos Mas, via de regra, professores e gestores não desistem.
considerar “quando ele não está aprendendo” Ou seja, en- Eu acho que, hoje, nós temos uma luz no fim desse túnel,
desta situação crítica de não-aprendizagem que estamos vi-
tender que o aluno que não está aprendendo está em uma
vendo. Temos uma situação de busca de resposta, algumas já
situação de não-aprendizagem agora, o que não quer dizer
com bons resultados. Eu tenho muito orgulho dessa situação
que ele não possa aprender em outras situações.
de busca que acontece nesse país: nós temos muitas prefei-
Nós sabemos todas as situações de ensino? turas (algumas que eu sei e com certeza muitas que eu não
Não. As pessoas não aprendem todas da mesma ma- tenho o conhecimento) constituindo um movimento peda-
neira e nós, também, não ensinamos todos da mesma ma- gógico, um enfrentamento dessa situação e que vem produ-
neira. Por isso, temos que ter humildade, nós não sabemos zindo conhecimento de ponta sobre o assunto. Infelizmente
ainda ensinar a todos. Os países economicamente desen- nesse país, nada é socializado, mesmo dentro do estado as
volvidos, também, não resolveram totalmene esta questão, pessoas não ficam sabendo o que está sendo feito, as redes
embora eles tenham uma maior materialidade na educa- municipais trabalham muito isoladas umas das outras. Quer
ção, em todos os sentidos. dizer, nós temos um problema de socialização do conheci-
Por exemplo, em certas cidades nos Estados Unidos, mento pedagógico nesse país, mesmo porque nós temos o
o analfabetismo funcional pode chegar a 20 – 30 % com hábito de olhar o conhecimento pedagógico dos outros paí-
escolaridade compulsória, com materialidade, com período ses. Conhecer o que acontece em outros países é muito
integral etc. Quer dizer, os países, ainda, não conseguiram importante, mas não podemos perder a dimensão da edu-
resolver esta questão. Agora, tem uma coisa muito impor- cação brasileira. Nós temos conhecimento, que é enorme,
tante quando estamos discutindo método de alfabetização sobre como trabalhar com a criança que está na situação
nestes países: não é o método que define a questão. Nos de não aprendizagem em defasagem idade/série. Nesta di-
EUA, por exemplo, a maioria das crianças chega à escola versidade que é o Brasil há uma gama de possibilidades
reconhecendo todas as letras e sabendo nomeá-las, por- pedagógicas!

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Leitura e escrita contribuições das neurociências Então, eu acho que nós estamos diante de uma situa-
Aí, a mídia em nosso país tem veiculado que “Os EUA, ção para solução de nossos problemas em relação à leitura
a França, estão fazendo isso, aquilo em relação ao método” e à escrita que é muito boa: porque temos mais conhe-
Mas não se veicula medidas que estão sendo tomadas lá. cimento sobre o funcionamento do ser humano à nossa
Vejam uma medida que a França tomou nas novas orien- disposição e nós temos uma história de pedagogia neste
tações curriculares nacionais. Eles colocaram o seguinte: “é país, temos acúmulo de prática pedagógicas voltadas para
obrigatório que o aluno escreva 2 ½ horas por dia, numa esta situação particular de não aprendizagem. Na verdade
escola de ensino integral de sete/oito horas, nós estamos temos um acervo de atividades, neste país, muito grande.
falando de alocar 1/3 do horário de escrita. E está escrita Professor inventa de tudo. O que precisamos fazer é a utili-
lá: “Escrita da sua própria mão”. Ou seja, o aluno tem que zação destas atividades em função deste desenvolvimento.
escrever em qualquer área do conhecimento, não só na Muitas vezes, elas são aplicadas de maneira errada, na ida-
língua francesa, pode ser arte, educação física, geometria, de errada, com tempo insuficiente. Muito frequentemente
geografia, física... porém, tem que ele mesmo produzir tex- o problema maior é a falta de continuidade, a fragmenta-
to, criar narrativas, formular questões etc. E a escola tem ção em relação ao que é próprio do desenvolvimento in-
que planejar para garantir escrita diária de 2 ½ horas. fantil e, também, ao que é próprio da aprendizagem da
Por que será que a França, um país tão letrado está escrita e da leitura..
fazendo isto? Porque é uma coisa óbvia: para ler e escrever Então, partindo destes conhecimentos nós podemos
você precisa ter prática de leitura e de escrita. Porque lei- pensar em outra formação continuada dos professores, já
tura e escrita são práticas culturais e apropriação cultural que, ainda, a nossa universidade não está dando conta dis-
você ganha e perde se não praticar. Porque eles têm aplica- so, quer dizer, nós precisamos mudar mesmo a formação
do bastante os covos conhecimentos das Neurociências: da inicial. Eu acho que se tivéssemos um curso no currículo
maneira como o cérebro funciona é preciso que se escreva. para todo o educador sobre memória, outro sobre função
Escrever significa, realmente, fazer frase, texto, com sintaxe, simbólica , outro sobre imaginação, os professores fica-
da sua própria mão. riam com muitos mais instrumentos para lidar com esse ser
Ora, muitas das atividades que estão sendo feitas em humano que chega á sala de aula, para inclusive ter uma
alfabetização – já fiz esta análise em algumas prefeituras maior sensibilidade e compreensão da dimensão cultural
do ser humano e como ela constitui os processos de apren-
- são folhas de atividades em que o aluno preenche uma
dizagem e desenvolvimento na espécie humana.
palavra em uma folha mimeografada ou xerocada, na qual
Eu acho, que certa maneira, é fácil demandar do edu-
quem escreveu quase tudo foi o professor. Então, não é ati-
cador que seja “sensível à cultura do aluno”, mas a não sa-
vidade de escrita! É uma atividade de leitura, de compreen-
bemos nem da nossa. Compreender o conceito de cultura
são de texto e escrita de uma única palavra. Geralmente,
é uma das necessidades mais prementes da educação no
essas palavras escritas são substantivos. Muito do trabalho
Brasil. Porém, como fazer isto, se não somos formados com
que a gente tem visto em alfabetização é feito com subs- conhecimentos da antropologia, das semiótica, das artes?
tantivo. É muita lista de palavras, cruzadinhas, carimbo... É preciso, sim, rever que conhecimentos estão sendo
enfim, são atividades com substantivo. oferecidos na formação dos professores. Eles são a matéria
O que as Neurociências nos ensinam sobre isto? Pri- prima com a qual temos que contar para iniciar um traba-
meiro, uma coisa fundamental: que o cérebro funciona lho efetivo de ensino da leitura e escrita em nosso país.20
por classes gramaticais. Nós temos áreas especializadas
para processar substantivos, nós temos áreas especializa- Produção de textos escritos
das para o processamento de verbos, nós temos áreas de A partir da concepção de linguagem como discurso ou
sintaxe e de semântica, e que para escrever uma sentença enunciação, o texto escrito pode ser definido como uma
simples eu preciso mobilizar substantivo, verbo, sintaxe e atividade de linguagem, sempre contextualizada, produto
semântica. O que acontece quando você trabalha só com da enunciação humana, no qual se inscreve o contexto his-
substantivos? Você desenvolve, muito, as áreas de substan- tórico, social e cultural.
tivo. Por isso, que nós temos muitos alunos que dão conta A perspectiva interacionista sócio-discursiva de Ber-
de escrever palavra, fazer lista, mas quando a professora nard Schneuwly considera que a atividade de linguagem,
pede para fazer um texto, ele não consegue. Porque? Por na produção de textos, se desenvolve por meio de um
que não tem domínio da sintaxe. conjunto de operações mentais, que são realizadas em três
Uma outra coisa que as Neurociências nos trazem, que níveis ou instâncias: a) a criação de uma base de orienta-
temos usado muito, é a revelação de que a escrita tem uma ção; b) o planejamento do texto; c) a linearização. Esses
grande resiliência no cérebro e que a maior resiliência está três conjuntos de operação não ocorrem de modo linear
no verbo de ação. Na verdade, verbo de ação é o que aluno nem estanque; no processo de produção espontâneo, eles
precisa dominar para aprender conceito de qualquer área. podem ocorrer simultaneamente, um influenciando e mo-
Quando constatamos que os alunos estão lendo, mas não dificando o outro. No ensino da escrita na escola, pode-se
entendem o que eles estão lendo, é porque eles não têm chamar atenção para cada um deles em especial, para levar
noção da semântica do verbo, o que significa o verbo, en- o aprendiz a ter consciência das decisões que deve tomar e
tão, não dá para entender o conceito de física, não dá para de como elas repercutem em seu texto.
resolver o problema de matemática, não dá para desenvol- 20 Por Elvira Souza Lima
ver conhecimentos de história, de geografia, etc.

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A criação da base de orientação diz respeito às con- Cada uma das instâncias da produção – da criação da
dições de produção. Nessa instância, o enunciador busca base de orientação até o envio do texto pronto para o leitor
responder: que tipo de interação é essa? E, então, conside- pretendido – pode ser destacada e trabalhada na sala de
rando o seu lugar social e o dos interlocutores, a finalidade aula, para que o aluno entenda e domine o processo de
e o conteúdo do discurso, define os parâmetros que vão escrita.21
orientá-lo no processo de escrita (o que tenho para dizer?
para quem vou escrever? com que objetivo? em que cir- A oralidade na educação infantil
cunstâncias? em que condições meu texto será lido?). Pode A linguagem é uma habilidade construída socialmente,
acontecer que a base criada inicialmente se modifique no isto é, a criança ensaia desde o primeiro momento de sua
decorrer do processo, se elementos novos vierem modi- vida. A relação de comunicação no primeiro ano ocorre por
ficar a maneira de compreender a situação comunicativa. meio de troca de experiências interpessoais com familia-
A partir da compreensão das condições de produção, o res e/ou educadores. Com os estímulos recebidos a criança
enunciador planeja globalmente o seu texto, perguntando- pode interferir no mundo e fazer parte dele.
se “como dizer?”. Nessa instância, define como organizar O acolhimento do bebê com outro humano permite a
e inter-relacionar os conteúdos (o que tem a dizer) e que ele uma integração de formas pré-construídas da língua: as
modelo de texto é adequado para a situação: que gênero quais acontecem na integração conjunta com o outro mais
discursivo e que tipo textual atendem seus objetivos e fun- experiente, oportunizando à criança as formas e normas
cionam melhor naquela interação.  comportamentais, as relações interpessoais, as palavras da
A terceira instância é a da elaboração do texto pro- língua e como usá-las.
priamente dita. Trata-se de um conjunto de operações cha- Com base nessas experiências adquiridas, a criança
mado por Bernard Schneuwly de linearização, porque se apropria-se, paulatinamente, das regras de ação e comuni-
destinam a transformar em texto o que foi pensado. Ou cação que vão surgindo progressivamente.
seja, o que o enunciador tem para dizer (o tema e seus des- Dessa forma, a criança coloca em prática suas produ-
dobramentos), sua compreensão da situação de interlocu- ções verbais (OLIVEIRA, 2007).
ção, a decisão sobre o gênero e o tipo adequados devem Entre 8 e 10 meses são formadas diferentes capacida-
ser “traduzidos” em texto. No entanto, a linguagem, falada des comunicativas e cognitivas, habilidades fundamentais
e escrita, se manifesta linearmente: falamos e escrevemos para a formação da competência linguística.
uma palavra de cada vez, uma frase depois de outra frase, Primeiro ocorre a fase de compreensão, nela a criança
embora as ideias nos venham de maneira global. Assim, responde oportunamente a pedidos e proibições. Em se-
“botar o texto no papel” significa linearizar as decisões to- guida, a criança contextualiza-se por meio das produções
madas na criação da base de orientação e no planejamento das primeiras palavras. Porém, só aos 20 meses é detec-
global do texto. O enunciador se pergunta: como colocar tada a capacidade de combinar palavras e, logo, inicia-se a
em palavras, frases, parágrafos? E, ao mesmo tempo em gramaticalização.
que “lineariza”, não pode perder de vista o que planejou De acordo com Oliveira (2007), a partir dos 5 anos, a
dizer, nem se esquecer de seu objetivo, seu interlocutor, criança constitui novos progressos, domina novas estru-
das condições em que seu texto será lido. Na instância da turas que se tornam mais complexas. Esse progresso de
linearização, o enunciador vai formular frases e parágrafos estruturação linguística é contínuo com reorganização e
que devem estar conectados e articulados entre si, com- aperfeiçoamento até a pré adolescência, “enriquecido pelas
pondo um todo coeso e coerente, que é o texto. experiências culturais das crianças, particularmente por sua
Para o ensino, uma dificuldade é fazer as crianças per- vivência escolar” (OLIVEIRA, 2007 p.151).
ceberem as diferentes lógicas de funcionamento da enun- O processo de aprendizagem atinge um grau elevado
ciação oral e da enunciação escrita. A linguagem oral, em de desenvolvimento por meio da participação imitativa, ou
situações coloquiais, funciona em constante interação com seja, com o outro mais experiente, seja o professor, ou o
os interlocutores e as condições de produção, possibilita o colega. Esse processo permite que a criança faça uso de
controle exterior e contínuo dos participantes do diálogo. suas funções psicológicas – auxiliando-a à solucionar, rela-
Já a escrita, embora sempre dirigida a um leitor, exige um cionar e até mesmo criar hipóteses, até ser capaz de criar
controle interior e global do enunciador, uma visão anteci- o seu próprio modo autônomo, na formulação de tarefas
pativa do texto. O enunciador é o responsável pelo plane- e suas posições.
jamento e pela elaboração do texto. Inicialmente a narrativa da criança pequena se dá por
Mas o processo de produção não termina aí. Se o texto meio de relato de origem perceptiva e motora, relacionan-
se vincula a uma base de orientação e a um planejamento, do objeto de acordo com a relação dele na atividade, no
essas duas instâncias devem ser retomadas quando o pro- qual a criança busca o equilíbrio entre causas e efeitos, ou
duto está finalizado, para o enunciador avaliar a adequação seja, a proporção entre a ação e resultado, a harmonia en-
de seu texto à situação comunicativa, a seus objetivos, ao tre as partes.
gênero e ao tipo escolhidos, aos conteúdos planejados e “A descrição de algo pela criança requer-lhe coordenar
sua organização. Essa avaliação vai orientar a reescrita. E, as próprias impressões e processos mentais.
reescrito o texto, concluída sua versão final, ele deve ser 21 Fonte: www,ceale.fae.ufmg.br – Por Cancionila Jan-
encaminhado ao leitor previsto. zkovski Cardoso / Maria da Graça Costa Val

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Implica processo gestual ideomotor, ou identificação com o olhar, com os sinais que variam de acordo com a
do objeto consigo mesmo, estabilizando” (OLIVEIRA 2007, idade. Essa procura da criança pelo olhar, gestos e sinais do
p.153). adulto significa o quanto ela se sente segura ao perceber a
Para Oliveira (2007) a criança só vai representar algo a preocupação do educador com ela.
partir do momento que ela exteriorizá-lo como objeto dis- Hevesi (2004) aponta a importância de chamar a crian-
tinto, ou seja, por meio de imagens que excluem os elemen- ça pelo seu nome e nunca na terceira pessoa para distin-
tos individuais. guir cada uma como um ser único e individual e também é
De acordo com Kishimoto (2005), quando a criança já
necessário falar corretamente com ela. Falar com grupos de
consegue diferenciar a realidade da fantasia automatica-
mente irá expressar significados tendo como base sua ex- crianças é inevitável naqueles momentos cruciais quando
periência, conduzindo a atividade imaginária, embarcando todos choram ao mesmo tempo na disputa de brinquedos,
por ato voluntário. brigas entre si.
Para a autora, a mãe, no momento de cuidado com o bebê, No entanto, há várias ocasiões que a criança pode ser
nas ações de cantar, quando nomeia para a criança seus movi- chamada pelo nome.
mentos, estas são na verdade ações integradas entre cuidado A fim de melhorar a comunicação oral, Hevesi (2004)
e educação fundamentais pois, o bebê tem a oportunidade de propõe aos educadores que:
receber da mãe o aprendizado da língua e seus significados. • De forma contínua percebam no comportamento da
A linguagem é um instrumento fundamental para a criança em quais momentos querem atenção e a forma
construção do pensamento bem como, das relações sociais. com que elas demonstram estas necessidades.
“A linguagem, quando usada como representação e como • Explicitem oralmente o bom comportamento da
ferramenta de reflexão, possibilita a tomada de consciência, criança. Essa prática contribui, sobretudo, para que os edu-
a iniciativa, a comunicação e as relações sociais”. (Kishimoto
cadores saibam qual é o momento propício para interferir
2005, p.58).
Embora o uso intencional da linguagem oral seja funda- no comportamento da criança auxiliando-a e falando com
mental, segundo Hevesi (2004), as pesquisas apontaram que ela.
há uma deficiência na prática da maior parte dos profissionais De acordo com Hevesi (2004), a educadora tem o mo-
atuantes em escolas infantis. Essa deficiência é causada pela mento de tomar a iniciativa do contato com a criança, neste
falta do uso da linguagem correta e falta de compreensão da caso o tom da palavra se atrela a atividade proposta.
mesma como uma ferramenta de seu trabalho, pois a utilizam, A criança está todo o tempo atenta sobre todos os mo-
na maioria das vezes apenas para dar ordens ou proibições. vimentos ao seu redor e toma a iniciativa de manter conta-
A limitação do diálogo, as respostas vazias e sem con- to, e sabe como chamar a atenção da educadora. “Isso se
teúdo, permitem à criança construir um vocabulário pobre. É nota, sobretudo quando a criança observar a atividade da
uma prática que acontece no período em que a criança está educadora por alguma razão
sendo inserida no mundo social, como também iniciando o concreta” (HEVESI, 2004. p.55). Pois, quando a criança
processo da fala. Portanto, é crucial, nesta fase tão impor- toma a iniciativa de contato, significa estar necessitando da
tante de sua vida, atender e compreender a criança, nesse
atenção da educadora.
anseio de manter contato com o adulto por meio da fala.
A busca do contato tem uma razão bem definida quan-
As instituições são responsáveis diretas nesta realidade
atual, uma vez que as crianças estão sendo deixadas para do a criança pede ajuda com sons ou gritos” (HEVESI, 2004.
serem cuidadas por profissionais cada vez mais cedo. p.54) pois, não há como haver a separação por meio das
É necessário aos profissionais atuantes na educação de iniciativas das crianças, entre as expressões verbais e as ex-
crianças pequenas e recém-nascidas terem conhecimento pressões pré-verbais, pois as duas tem funções similares.
pleno da importância de falar com elas nos momentos do De acordo com as observações feitas por Hevesi (2004),
cuidado de rotina e compreender a importância desse mo- a expressão de sons é a que mais chama a atenção da edu-
mento para a criança. Exatamente nesse momento ela per- cadora e faz com que ela fale mais com a criança, sem estar
cebe que o profissional está só com ela, sentindo seu toque, diretamente cuidando dela.
escutando-a, fornecendo respostas aos seus anseios, dan- Compreende-se a importância de a educadora en-
do-lhe atenção. (HEVESI, 2004). tender a relevância dos diálogos, ainda que curtos, com a
“Dessa forma a educadora que se acostuma a essa práti- criança, pois estimula o desenvolvimento da relação verbal
ca, considera natural informar, inclusive a um recém-nascido, de forma atenciosa.
de todas as coisas que o afetam e que afetam a vida do gru-
Hevesi (2004) esclarece que esta postura da educadora
po.” (HEVESI, 2004. p.49). Conversar, esclarecer para a criança
o porquê e para que está fazendo aquilo com ela são prá- interfere de forma positiva no comportamento das crianças
ticas importantes de se realizarem também com as crianças do grupo, ou seja, “confirma para as crianças as formas de-
menores, que não sabem ainda distinguir uma proibição de sejáveis de chamar a atenção e estimula o desenvolvimento
uma instrução. Desde a primeira infância é imprescindível à da relação verbal”. (HEVESI, 2004. P.56)
criança sentir-se acolhida, ter a certeza de que alguém se O aprendizado teórico sobre o desenvolvimento infan-
preocupa com ela. E que os cuidados não sejam apenas til e a revisão da literatura sobre o desenvolvimento da lin-
limitados nos horários específicos, mas que estendam-se guagem oral e a importância do professor nesse processo
nos outros momentos do dia. (HEVESI, 2004). A relação da se tornam cada vez mais necessários no auxílio do desen-
criança com a educadora se dá de várias maneiras: volvimento integral do indivíduo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Por meio da apropriação teórica, o trabalho de sala de instrução (porque tem curiosidade sobre o assunto, porque
aula pode ser revisto, modificado, ampliado e assim, melhor a atividade lhe é relevante, porque quer ser bem avaliado
assegurado. Dessa forma, a prática do professor de educa- pela instituição escolar). Se, na sua casa, a atividade de lei-
ção infantil, como mediador mais experiente das relações, tura desse mesmo leitor envolve a leitura de um manual
dos aprendizados da cultura historicamente acumulados, para saber as regras de um jogo virtual, a variável anterior
precisam ser intencionais para o desenvolvimento máximo – “aceitar a injunção” – não é relevante, porque o propósito
das potencialidades infantis. da atividade é internamente gerado, não imposto de fora.
Em síntese, nascemos com um aparato biológico im- A compreensão leitora tem sido foco de interesse de
portante, mas não suficiente para nos tornarmos huma- psicólogos cognitivos, que tentam descrever como e quais
nos; as relações sociais medeiam nossa inserção na cultura são as estratégias mentais usadas para compreender o tex-
historicamente formada e assim nos tornamos humanos. to escrito. Na atividade de leitura, é importante o profes-
O desenvolvimento ocorre mediante as atividades realiza- sor ajudar o aluno a entender o conteúdo do texto; po-
das pelo indivíduo e por meio das aprendizagens; nos seis rém, mais importante ainda é ajudá-lo a se tornar um leitor
primeiros anos as atividades principais são a comunicação autorregulado (ou seja, que tenha objetivos claros para a
emocional, a atividade objetal e a brincadeira de faz-de- realização das suas atividades de leitura), ativo (isto é, que
conta, pois são aquelas que proporcionam maior desenvol- engaje seu corpo e mente na leitura), e possuidor de uma
vimento intelectual e, para as pessoas falantes a linguagem gama variada de estratégias de compreensão, como predi-
oral permeia todas essas relações. ção, levantamento e verificação de hipóteses, extrapolação
A intencionalidade positiva do professor de educação e inferência.
infantil para a comunicação oral é responsável por incluir Na Educação Infantil e no Ensino Fundamental, várias
o indivíduo na realidade humana oferecendo-lhe aconche- dessas estratégias de compreensão leitora são implemen-
go, sistematização das atividades realizadas, contato com o tadas pelo professor, inicialmente um mediador adulto da
nome e a função dos objetos, conhecimento da linguagem leitura que apresenta às crianças um repertório de textos,
oral. Enfim, nesse processo, o professor apresenta e conse- estabelece contextos e objetivos, informa, faz perguntas
quentemente inclui a criança à cultura humana.22 que ajudam os alunos a fazerem predições sobre o que
determinado texto quer dizer. Gradativamente, o leitor vai
Compreensão Leitora se tornando mais autônomo, estabelecendo ele mesmo as
Compreensão leitora é a faculdade – no sentido de ca- maneiras de ler e de compreender.23
pacidade cognitiva complexa – de entender os significados
dos textos escritos. É também o processo por meio do qual Produção Textual de Diversos Gêneros
são postas em funcionamento as estratégias cognitivas e Como usar os gêneros para ensinar leitura e produção
habilidades necessárias para compreender, que permitem de textos
que o leitor extraia e construa significados do texto, simul- Eles invadiram a escola - e isso é bom. Mas é preciso
taneamente, para fazer sentido da língua escrita. Na com- parar de ficar só ensinando suas características
preensão leitora, estão envolvidos: um texto – objeto lin- 1 Como usar os gêneros nas aulas de Língua Portu-
guístico e cultural portador de um significado –; um leitor guesa
– com saberes, experiências, capacidades e habilidades; e Todo dia, você acorda de manhã e pega o jornal para
uma situação comunicativa de interação entre leitor e autor saber das últimas novidades enquanto toma café. Em se-
via texto escrito, que determina em grande parte o que e guida, vai até a caixa de correio e descobre que recebeu fo-
como se compreende. Esses três elementos influenciarão lhetos de propaganda e (surpresa!) uma carta de um amigo
o que o leitor lembrará a partir do texto, o que perceberá que está morando em outro país. Depois, vai até a escola e
ou deixará de perceber, que tipos de inferências fará, como separa livros para planejar uma atividade com seus alunos.
usará seus conhecimentos prévios, que hipóteses levantará, No fim do dia, de volta a casa, pega uma coletânea de poe-
o que analisará criticamente; enfim, como ele responde- mas na estante e lê alguns antes de dormir. Não é de hoje
rá ao texto escrito, quais os sentidos que construirá nessa que nossa relação com os textos escritos é assim: eles têm
resposta. Além do texto e leitor interagindo numa situação, formato próprio, suporte específico, possíveis propósitos
um quarto elemento importante na compreensão é a ativi- de leitura - em outras palavras, têm o que os especialistas
dade de leitura, desenvolvida num local e tempo específi- chamam de “características sociocomunicativas”, definidas
cos, com objetivos e propósitos determinados. pelo conteúdo, a função, o estilo e a composição do ma-
A atividade de leitura visa a resultados específicos, terial a ser lido. E é essa soma de características que define
dentro de um contexto social mais amplo, que inclui tam- os diferentes gêneros. Ou seja, se é um texto com função
bém a instituição na qual se realiza a atividade e as normas comunicativa, tem um gênero.
sociais que determinam como são lidos os textos nessa Na última década, a grande mudança nas aulas de
instituição. Por exemplo, se a atividade, na escola, consiste Língua Portuguesa foi a “chegada” dos gêneros à escola.
em “ler um parágrafo para fazer um resumo”, o sucesso Essa mudança é uma novidade a ser comemorada. Porém
na atividade depende de o aluno aceitar essa injunção ou muitos especialistas e formadores de professores destacam
que há uma pequena confusão na forma de trabalhar. Ex-
22 Fonte: http://www.unisuz.edu.br - Por Marinês Je- 23 Fonte:www. ceale.fae.ufmg.br / Por Angela B. Klei-
sus da Silva/Amanda Valiengo man,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
plorar apenas as características de cada gênero (carta tem como se estivessem lendo realmente. Algumas crianças, na
cabeçalho, data, saudação inicial, despedida etc.) não faz hora da narrativa, até se apoiam com o dedinho nas linhas,
com que ninguém aprenda a, efetivamente, escrever uma dando a sensação de leitor fluente. O significativo nisso
carta. Falta discutir por que e para quem escrever a mensa- tudo é que as histórias quando adequadas para cada faixa
gem, certo? Afinal, quem vai se dar ao trabalho de escrever etária possibilitam o sucesso do trabalho no encantamento
para guardá-la? Essa é a diferença entre tratar os gêneros da leitura. Becker, citado na Revista Criança (2005, p. 22),
como conteúdos em si e ensiná-los no interior das práticas alerta que “nessa fase de audição de narrativa, a professora
de leitura e escrita. não pode escolher livros apenas para ensinar algo como
Essa postura equivocada tem raízes claras: é uma infeliz higiene, cuidado ou valor moral”. Os livros de literatura in-
reedição do jeito de ensinar Língua Portuguesa que predo- fantil, os contos clássicos, as fábulas, as poesias favorecem
minou durante a maior parte do século passado. A regra a fruição estética e despertam o interesse pela leitura já
era falar sobre o idioma e memorizar definições: “Adjetivo: que atiçam a imaginação da criança.
palavra que modifica o substantivo, indicando qualidade, Magda Soares, citada pela Revista Criança (2005, p. 22)
caráter, modo de ser ou estado. Sujeito: termo da oração a diz que “a criança precisa muito de fantasia e de imagina-
respeito do qual se enuncia algo”. E assim por diante, numa
ção”. A autora alerta também para o fato de que as crianças
lista quilométrica. Pode até parecer mais fácil e econômi-
precisam ter contato com textos impressos e não literários
co trabalhar apenas com os aspectos estruturais da língua,
como revistas infantis, em quadrinhos, receitas, bulas de
mas é garantido: a turma não vai aprender. “O que importa
é fazer a garotada transitar entre as diferentes estruturas remédio, certidão de nascimento, etc., que têm diferentes
e funções dos textos como leitores e escritores”, explica a funções e objetivos. O ambiente que favorece a formação
linguista Beth Marcuschi, da Universidade Federal de Per- de hábito de leitura e consequentemente do leitor infanto-
nambuco (UFPE). juvenil deve ser preocupação precípua para toda e qual-
É por isso que não faz sentido pedir para os estudan- quer atividade. O clima criado para um momento de conto
tes escreverem só para você ler (e avaliar). Quando alguém – local aconchegante, inspirador, com música clássica ao
escreve uma carta, é porque outra pessoa vai recebê-la. fundo – é fonte inspiradora ao imaginário infantil. A criança
Quando alguém redige uma notícia, é porque muitos vão se reporta ao espaço-tempo da história, se envolve e inte-
lê-la. Quando alguém produz um conto, uma crônica ou rage no real com as possibilidades da sua imaginação. As
um romance, é porque espera emocionar, provocar ou sim- atividades proporcionadas para estímulo à leitura podem
plesmente entreter diversos leitores. E isso é perfeitamente proporcionar o desenvolvimento do gosto pela leitura.
possível de fazer na escola: a carta pode ser enviada para Percebo que a hora do conto, as atividades que giram
amigos, parentes ou colegas de outras turmas; a notícia em torno das histórias contadas, a participação da família
pode ser divulgada num jornal distribuído internamente ou em projetos de leitura, a utilização da biblioteca com espa-
transformado em mural; o texto literário pode dar origem a ço de ler, ouvir e contar histórias para conhecer, buscar e
um livro, produzido de forma coletiva pela moçada. aprender são oportunidades pedagógicas que estimulam e
Os especialistas dizem que os gêneros são, na verdade, despertam para o encantamento e prazer de ler.
uma “condição didática para trabalhar com os comporta- Vamos começar com uma abordagem sobre a Litera-
mentos leitores e escritores”. A sutileza - importantíssima tura Infantil na Escola; em segundo lugar, aponta questões
- é que eles devem estar a serviço dos verdadeiros Conteú- sobre o imaginário infantil no cotidiano familiar e escolar
dos os chamados “comportamentos leitores e escritores” das crianças; em seguida, apresenta o relato de uma expe-
(ler para estudar, encontrar uma informação específica, to- riência bem sucedida de um projeto de leitura de uma es-
mar notas, organizar entrevistas, elaborar resumos, subli- cola, desenvolvido na escola e em casa com a participação
nhar as informações mais relevantes, comparar dados entre das famílias, que tem por objetivo despertar o gosto pela
textos e, claro, enfrentar o desafio de escrevê-los). “Cabe ao
leitura, favorecer a integração família-escola e proporcio-
professor possibilitar que os alunos pratiquem esses com-
nar ambiente e atividades para a formação do leitor infan-
portamentos, utilizando textos de diferentes gêneros”.24
to-juvenil. Por último, nas considerações finais, proponho
Formação do Leitor e Literatura Infanto-Juvenil reflexões acerca da necessidade de reestruturação nos cur-
Este material vai abordar a importância da literatura in- sos de formação de professores da Educação Infantil e das
fantil na formação do leitor infanto-juvenil. Terá como foco séries iniciais para que possam descobrir a importância da
refletir a prática da Literatura Infantil na Escola, a contribui- leitura na formação do leitor, no caso seus futuros alunos e
ção do estímulo do Imaginário Infantil e o relato de uma para a própria formação do educador.
experiência bem sucedida em escola acerca do incentivo à
leitura e participação da família nesse processo de forma- A Literatura Infantil na Escola
ção do leitor infanto-juvenil. Ouvir histórias é sinônimo de alegria. A hora do con-
As crianças gostam de ouvir histórias desde pequenas. to é o momento de encantamento e desperta nas crianças
Os bebês se encantam pelo acalanto das narrativas ou dos o mais profundo desejo de conhecer. As crianças quando
musicais. As crianças maiores têm preferência pelos textos incentivadas desde pequenas percebem a leitura como ali-
ritmados que acabam memorizando e ao “relerem” contam mento para a alma, uma forma prazerosa de conhecer o
24 Fonte: www.revistaescola.abril.com.br – Por Beatriz mundo e beber na fonte dos desejos mais inusitados. Seja
Gouveia de príncipes e princesas, seja de suspenses a descobrir.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A escola acaba sendo o ponto de referência para mui- O Imaginário Infantil
tos alunos que não têm a família como incentivadores do As brincadeiras de faz de conta fazem parte do uni-
processo de descoberta da leitura, nem como modelos verso infantil desde a mais terna infância. Postic (1993)
para leitores fluentes. O que se percebe em muitas institui- relata que (...) a criança expressa seu imaginário primeiro
ções de ensino é o livro paradidático sendo utilizado como pelo jogo, pelo gesto, pelo corpo, antes de usar o desenho,
complemento de conteúdos a serem dados e cobrados em a pintura, a narração. Desde cedo, a criança encena com o
testes e provas. Os alunos leem para obter uma nota ou objeto simbólico que é a boneca. Ela se envolve na situação,
conceito, não para discutir um assunto ou por ter interes- projeta seus dados afetivos. Adota papéis sociais que são
se em algum tema específico. De certa forma, essa escola pontos de referência: pais, professores, enfermeira. (POSTIC,
forma o professor que consequentemente reproduz ensi- 1993, p. 22). As crianças adoram se imaginar em situações
namentos vividos no seu cotidiano escolar. diversas: mamãe ou papai na casinha de bonecas, persona-
No meu universo de trabalho, em universidade como gens de contos infantis como Chapeuzinho Vermelho, Cin-
derela, Príncipes, dinossauros, bruxas, cachorros, Rei Leão,
professora do curso de pedagogia, percebo que os alunos
etc. Segundo Postic (1993, p. 18), é pela atividade que a
não têm o hábito de ler e já esperam leituras fragmentadas
criança “se confronta com os outros, com o real, ao fazer
de livros apenas para resumo ou uma síntese dada pelo
descobertas, ao sentir alegrias e dores, ao viver apegos e
professor para ser lida. Ao se depararem com a solicitação conflitos”. Dessa forma, suas perguntas vão paulatinamente
de leitura de capítulos ou de livros alegam a falta de tempo. sendo respondidas e ela começa a tomar consciência de
Falta de tempo essa ocultada em diversos artifícios já que seu potencial e de seus limites. Mas Postic (1993, p. 18) res-
não percebem a leitura como forma de obter mais conhe- salta que os enigmas persistem e que isso leva as crianças
cimentos para discutir e se fundamentarem/aprofundarem a procurar, imaginar, sonhar, “tendo como motor a vontade
nos assuntos e, o que é pior, por não terem o hábito de de conhecer, como também a vontade de dominar temo-
leitura, dizem não gostar de ler. res, angústias, ou então de expressar emoções”.
Já como supervisora escolar, procuro incentivar as pro- As histórias contadas possibilitam o alimento para o
fessoras da Educação Infantil, que comigo trabalham, para imaginário infantil e por elas a criança pode se expressar e
leituras de livros acerca de assuntos variados e/ou especí- captar significados segundo seus interesses.
ficos para que possam enriquecer seus conhecimentos e A possibilidade de alimentar o imaginário infantil está
criar novas sugestões de atividades para suas turmas, bem nos momentos das brincadeiras infantis que devem ser va-
como propor projetos de trabalhos que tenham a literatura lorizadas e exploradas tanto em casa quanto na escola. As
como pano de fundo para as atividades. Os diversos estilos conversas e os jogos de imaginação também são ricos para
literários se fazem presentes desde o momento inicial na que a criança não perca a possibilidade de sonhar o pos-
rodinha, seja com poesias ou com a caixa de conto surpre- sível, aquilo que ela gostaria de fazer, colocar-se em outra
posição no jogo: ser mãe ou o pai; a bruxa ou a princesa; o
sa ou com a novidade literária do dia, seja na hora do conto
príncipe ou o dragão. Os contos infantis permitem explorar
ou mesmo na biblioteca na escolha de livros para emprésti-
os fatos inusitados ou que de certa forma causam medos
mos. As crianças têm o livro ou as histórias contadas como como ter madrasta, se perder na floresta, não obedecer aos
parte integrante de seu desenvolvimento. pais, contar mentiras, etc. As crianças se imaginam nas his-
Acredito que a criança, se estimulada desde cedo, po- tórias, se envolvem no momento. A forma de se contar a
derá beneficiar-se com leituras diversificadas e tornar-se história também reflete na reação infantil, que pode adorar
um leitor atuante e interessado por temas variados, pois a história e pedir para contar várias vezes, como se con-
nessa faixa etária é suscetível aos estímulos que, se ricos, tentar com uma única vez. A voz doce ou com expressões
incentivam na busca constante por novidades atraentes e a para ressaltar movimentos ou ações envolve a criança que
criança só lucrará com isso. parece estar hipnotizada.
A família é o grande exemplo para esses pequenos. Se Uma Experiência de Sucesso
os pais são leitores e o fazem de forma espontânea na fren- Trabalho em uma escola particular como supervisora
te de uma criança nessa fase, a possibilidade de se tornar da Educação Infantil à 4a série do Ensino Fundamental. Ao
leitor como reflexo desse hábito é bem grande. Se a escola longo de quinze anos desenvolvemos um Projeto de Lei-
se soma a esse hábito, como reforço de leituras do nosso tura na Educação Infantil que tem por objetivo integrar a
cotidiano, com trabalhos diversificados a partir de leituras família e transformar a hora do conto no grande momento
de livros infantis, contos clássicos, poesias, canções e o uso de ligação afetiva e de atenção aos filhos já que os pais
da biblioteca como espaço de entretenimento e prazer, a de hoje são extremamente ocupados e não priorizam esse
espaço para a família, tendo a televisão como objeto de
criança verá a leitura de forma prazerosa e de grande estí-
atenção em comum nos momentos em que estão juntos.
mulo para novas descobertas. Essa criança, então, crescerá
O Projeto denominado Vapt-Vupt começa às quintas-
com o hábito de leitura como parte de sua vida e não como
feiras na biblioteca da escola onde as crianças escolhem o
obrigação para trabalhos ou conceitos. A leitura da escola livro que levarão para casa no final de semana, sob a orien-
será uma atividade que lhe proporcionará um novo olhar tação da professora, e que será dinamizado com a família.
para um autor ou estilo literário. Durante o final de semana a família escolhe o melhor dia
e horário para contar a história e fazer os desdobramentos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
do momento do conto, que poderá conter sugestões da Despertar a curiosidade faz parte do projeto. A caixa
escola ou a família poderá decidir o que a criança levará do conto surpresa é a novidade para as crianças de quatro
como registro do momento da leitura. O importante é que anos. Cada semana um aluno leva a caixa para casa e na
não há obrigatoriedade de registro escrito. Esse pode ser segunda-feira seguinte a traz com um livro para ser dina-
oral, dramatizado, em forma de fantoches, com sucata, gra- mizado com os colegas, mas não informa o título nem de
vado ou filmado. Segundo Chartier (1994): que história se trata. No momento da rodinha da entrada,
(...) deve-se voltar a atenção particularmente para as a criança pode dar pistas de personagens, local em que se
maneiras de ler que desapareceram em nosso mundo con- passa a história, tamanho do livro, etc. Logo após as apre-
temporâneo. Por exemplo, a leitura em voz alta, em sua
sentações feitas pelo aluno do livro do dia, a professora
dupla função: comunicar aos que não sabem decifrar, mas
combina a hora do conto, que poderá contar com registro
também cimentar as formas de sociabilidade imbricadas
igualmente em símbolos de privacidade – a intimidade fa- da turma de diversas formas e técnicas.
miliar, a convivência mundana, a convivência letrada. (p. 17) O sucesso do projeto junto às famílias é tão grande
Portanto, o fundamental é o momento proporcionado que desde 2005 passamos a dar continuidade com as tur-
pela família e os laços que são criados. mas de 1a a 4a séries com variantes de acordo com a faixa
O início do projeto apresentou alguns contratempos etária já que eles têm o hábito de empréstimo na biblio-
como da família se sentir obrigada a contar histórias. Os teca decorrente dos anos anteriores na Educação Infantil.
pais alegavam, além da falta de tempo, o fato de não gos- Introduzimos a roda de leitura semanal que acontece na
tarem de ler e não terem sido incentivados a contar histó- biblioteca toda sexta-feira na qual as crianças e professo-
rias já que seus pais não fizeram isso com eles e na escola ras dinamizam leituras de livros escolhidos na semana para
só faziam leitura para testes ou provas, além de acharem os “venderem” a ideia dos autores. Os livros de leitura bimes-
livros lidos muito chatos. trais são indicados e dinamizados de formas variadas, de
Ao longo do primeiro ano, realizamos diversas reu- acordo com os projetos trabalhados nas turmas.
niões com rodas de leitura com os pais e as crianças com O passeio ao Salão Nacional do Livro no MAM, de
o objetivo de que eles percebessem o prazer dos filhos em 2006, foi extremamente prazeroso e as crianças da Edu-
ouvir e contar histórias. O fato de o projeto acontecer se- cação Infantil à 4a série puderam beber da fonte dos mais
manalmente transformou-se em rotina familiar e na sema- encantadores momentos da leitura: o contato com a cria-
na em que não tinha projeto (por algum motivo particular
tura e o criador. Ouviram histórias contadas pelos autores e
da turma ou da escola), na semana seguinte os pais (aque-
como os ilustradores criam os personagens, etc. Os alunos
les que reclamavam que não gostavam de ler!) nos procu-
ravam para saber o porquê da não dinamização do projeto. da 1a série ficaram tão encantados com a história contada
Foi quando instituímos junto às crianças e aos pais que, pela autora Simone Bibiani que escolheram o livro “O Me-
independentemente do Projeto, a biblioteca estava dispo- nino e o Cachorro” para leitura do 3o bimestre e lá mesmo
nível para empréstimos e que estes poderiam ser feitos a o compraram, demonstrando senso crítico ao dizerem o
qualquer momento. O salto na procura por empréstimos porquê da escolha e o encantamento pela história.
foi surpreendente. Tentei ao longo do artigo apresentar o que tenho per-
Com o passar dos anos, começamos a ousar nas ativi- cebido na minha trajetória profissional acerca de propostas
dades propostas para a família: os pais foram convidados existentes para formação do leitor infanto-juvenil, com o
para contar histórias, os avós também entraram na roda! propósito de poder colaborar nos projetos escolares vol-
Cada mês tinha uma atividade diferente e este ano, como tados para o incentivo do gosto da leitura / para a leitura
novidade, fizemos o sarau de poesias com as crianças do / pela leitura.
Jardim 1 (crianças de três anos) que iniciou com os livros Os pais da atual geração de crianças em fase da Educa-
do Toquinho, músicas e vídeo da Arca de Noé com Vinícius ção Infantil são frutos da escola que teve a obrigatoriedade
de Moraes. As crianças registraram as poesias em varais da leitura de livros didáticos apenas para conhecer os con-
coloridos que ficaram pela sala e depois nos murais do pá- teúdos ou nas aulas de Língua Portuguesa para leitura dos
tio. Na rodinha de entrada, havia o momento da poesia livros indicados para os testes bimestrais. Logo, ler, para
e cada criança podia escolher a sua preferida e recitar. O
eles, é apenas com um fim: seja com a obrigação do teste,
encantador é que alguns usavam o dedinho para mostrar
seja para aprender mais.
os escritos no varal como se estivessem lendo dali.
Os clássicos infantis também fazem parte do projeto. Nas entrevistas com os pais realizadas no início do ano,
A confecção de personagem em tamanhos reais é a gran- na escola na qual trabalho, perguntou-se qual o tipo de
de atração do momento. As crianças se divertem fazendo leitura realizada pela família. As respostas foram em massa:
a Rapunzel com suas enormes tranças na torre. A bruxa “Leio os livros da minha área/profissão.” Ou então: “Não
confeccionada com papelão e coberta com roupas pretas temos tempo para ler outras coisas, muito mal o jornal ra-
diverte as crianças que dão sugestões com muita proprie- pidinho pela manhã antes de sair de casa.” E quando per-
dade. A possibilidade de levar os personagens para casa guntamos se a criança gosta de histórias, a resposta é ime-
é outra grande atração do projeto. Cada dia uma criança diata: “Ah, sim. Ele tem muitos vídeos/dvds com filminhos.”
pode levar um personagem e à família cabe dinamizar as Nas observações feitas ao longo da existência do projeto
histórias e registrar o momento em uma folha do portfólio citado, percebi que a família não valorizava o momento de
da turma, que é lido na rodinha de entrada e a criança ex- contar histórias. Ir a uma livraria e parar para folhear um
plica o que foi feito e como ela participou. livro, muito menos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Com a participação no projeto e nas reuniões de dis- (...) a formação do gosto (..) diz respeito à vida, à for-
cussão acerca do que podemos fazer para que nossos filhos mação de uma visão de mundo. (...) É preciso fazer da con-
gostem de ler, as dicas foram aos poucos sendo assimiladas tradição e da busca de sua superação uma prática/vivência
e já percebemos as crianças relatando que foram a uma li- cotidiana de sala de aula e de vida. É a construção de uma
vraria comprar um livro, ou que conheceram outra biblioteca história coletiva que conta no jogo das interpretações. É um
que não a da escola, etc. O processo ainda é longo, mas o conhecer para gostar. É um conhecer para agir. (MAGNANI,
caminho já começou a ser percorrido. 1994)
Os professores das turmas de Educação Infantil e das E assim, ao se descobrirem leitores e amantes do bom
séries iniciais também apresentaram suas dificuldades no e do delicioso prazer de abrir novos tesouros em mapas
quesito das leituras variadas. Sua formação também não e ilhas encantadas, poderão encantar seus alunos para o
possibilitou voos mais altos e conhecimento amplo do en- maravilhoso mundo mágico da leitura.25
cantamento pelo belo da Literatura Infanto-Juvenil (que não
tem idade certa para começar nem para parar!). Ana Maria
Machado (2001), alerta para o fato que “hoje em dia chega- MATEMÁTICA: A CONSTRUÇÃO DOS
mos a ponto de formar professores que nunca leram Mon- CONCEITOS MATEMÁTICOS. SISTEMA DE
teiro Lobato e nem desconfiam de quanto isso lhes faz muita
NUMERAÇÃO EM DIFERENTES BASES.
falta”. (p. 146)
Partindo deste pressuposto, foi preciso também a rea- RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS. METODOLOGIA
lização de trabalho com os professores da escola, de cons- DO ENSINO DE MATEMÁTICA.
cientização e conquista para que o Projeto desse certo. O
trabalho começou com a apresentação de estilos literários,
obras de autores que de certa forma fizeram e fazem parte Ao iniciar sua vida escolar, a criança inicia o processo
de minha trajetória de leitora como Monteiro Lobato, que de alfabetização, não só em sua língua materna como tam-
pautou toda a minha infância e meu imaginário infantil (o bém na linguagem Matemática, construindo o seu conhe-
que dizer do Reino das Águas Claras? Só quem vivenciou o cimento segundo as diferentes etapas de desenvolvimento
encantamento da história pode saber!), O Menino de Asas, O cognitivo; um bom ensino nesse nível é fundamental.
Gigante de Botas, O Caso da Borboleta Atíria, O Menino do
Dedo Verde, que apesar de livros de leitura indicados para
os testes bimestrais foram utilizados de forma pedagógica [...] o aprendizado das crianças começa muito
e prazerosa, pois ainda me lembro de detalhes dos livros, antes delas freqüentarem a escola. Qualquer situação
bem como os livros que ganhava de presente da minha vovó de aprendizado com a qual a criança se defronta na
paterna para incentivar a leitura: a coleção do Para Gostar de escola tem sempre uma história prévia. Por exemplo,
Ler com Drummond, Fernando Sabino, Cecília Meirelles. Ah, as crianças começam a estudar aritmética na escola,
as poesias que tanto me encantaram e ainda encantam! O   mas muito antes elas tiveram alguma experiência com
propósito do trabalho foi proporcionar o encantamento da quantidades – elas tiveram que lidar com operações de
delícia que é poder ter o livro para ler e contar e mostrar que divisão, adição, subtração e determinação de tamanho.
se o professor fala do prazer de ler com encantamento, a Conseqüentemente, as crianças têm a sua própria
criança terá a curiosidade para buscar na leitura os segredos aritmética pré-escolar, que somente psicólogos míopes
escondidos nos livros. Postic (1993) alerta que “alimentar o podem ignorar (VYGOTSKY, 1989, p. 94-95).
imaginário da criança é desenvolver a função simbólica por
meio de textos, de imagens e de sons”. (POSTIC, 1993, p. 21) O processo de ensino e aprendizagem da Matemática
Percebo que os cursos de formação de professores da deve ser bem trabalhado nas escolas, para que futuramen-
Educação Infantil e das séries iniciais precisam de reformu- te os alunos não apresentem dificuldades graves, quanto a
lação no sentido de proporcionar conhecimento teórico construção deficiente do pensamento lógico-abstrato.
para as atividades de Literatura Infantil e as possibilidades Atualmente o ensino da Matemática se apresenta des-
de conhecimento e descoberta dos livros estimulando-os no contextualizado, inflexível e imutável, sendo produto de
gosto pela leitura. Ana Maria Machado (2001) diz que “só mentes privilegiadas. O aluno é, muitas vezes, um mero ex-
descobrindo os livros pelos quais terão paixão, os autores pectador e não um sujeito partícipe, sendo a maior preocu-
que falarão por sua alma, é que os professores irão se sentir pação dos professores cumprir o programa. Os conteúdos
apóstolos da literatura, capazes de transmitir aos outros sua e a metodologia não se articulam com os objetivos de um
boa nova” (p. 125). Larrosa (apud COSTA, 2002) alerta que “o ensino que sirva à inserção social das crianças, ao desen-
que o professor deve transmitir é uma relação com o texto: volvimento do seu potencial, de sua expressão e interação
uma forma de atenção, uma atitude de escuta, uma inquie- com o meio.
tude, uma abertura” (p. 151) e complementa que “a função A utilização de técnicas lúdicas: jogos, brinquedos e
do professor é manter viva a biblioteca como espaço de for- brincadeiras direcionadas pedagogicamente em sala de
mação”. (p. 151). O professor, segundo Magnani (1994), “é, aula podem estimular os alunos a construção do pensa-
concomitantemente, alguém que participa ativamente des-
se processo; alguém que lê, estuda, expõe sua leitura e seu 25 Fonte: www.revistadoisat.com.br - Por Rosana Be-
gosto, tendo para com o texto a mesma sensibilidade e natti Ferreira Pereira1
atitude crítica que propõe a seus alunos”. E complementa:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
mento lógico-matemático de forma significativa e a con- - muitas vezes, meras receitas de como ensinar determina-
vivência social, pois o aluno, ao atuar em equipe, supera, dos conteúdos - que, acreditam que possam melhorar este
pelo menos em parte, seu egocentrismo natural. Os jogos quadro. Uma evidência disso é, positivamente, a participa-
pedagógicos, por exemplo, podem ser utilizados como es- ção cada vez mais crescente de professores nos encontros,
tratégia didática antes da apresentação de um novo con- conferências ou cursos. São nestes eventos que se percebe
teúdo matemático, com a finalidade de despertar o inte- o interesse dos professores pelos materiais didáticos e pe-
resse da criança, ou no final, para reforçar a aprendizagem. las atividades lúdicas do tipo jogos e brincadeiras. Pare-
Um cuidado metodológico muito importante que o cem encontrar nos nesses materiais e estratégias didáticas
professor precisa ter, antes de trabalhar com jogos em sala
a solução, a fórmula mágica para os problemas que vêem
de aula, é de testá-los, analisando suas próprias jogadas e
enfrentando no cotidiano escolar.
refletindo sobre os possíveis erros; assim, terá condições
O material didático da área de Matemática utilizado
de entender as eventuais dificuldades que os alunos pode-
rão enfrentar. Contudo, devemos ter um cuidado especial no curso de Pedagogia para Formação de Professores das
na hora de escolher jogos, que devem ser interessantes Séries Iniciais do Ensino Fundamental: Contactos Mate-
e desafiadores. O conteúdo deve estar de acordo com o máticos do Primeiro Grau nos ajudaram a construir novos
grau de desenvolvimento e ao mesmo tempo, de resolução conceitos e idéias sobre a Matemática e, principalmente,
possível, portanto, o jogo não deve ser fácil demais e nem nos ajudaram a escolher a maneira correta de facilitar o
tão difícil, para que os alunos não se desestimulem (BORIN, processo de ensino-aprendizagem dos alunos.
1995). Nossas reflexões foram fundamentadas nos 9 (nove)
Conforme afirmam FIORENTINI e MIORIM (1996), fascículos Contactos Matemáticos do Primeiro Grau de
Reginaldo Nunes de Souza Lima e Maria do Carmo Vila.
O professor não pode subjugar sua metodolo- Os conteúdos matemáticos abordados neste material di-
gia de ensino a algum tipo de material porque ele é dático estão relacionados com o currículo dos anos iniciais
atraente ou lúdico. Nenhum material é válido por si do Ensino Fundamental. Para sugerir como ensinar esses
  só. Os materiais e seu emprego sempre devem estar conteúdos de modo que eles não sejam traumáticos para
em segundo plano. A simples introdução de jogos ou os alunos.
atividades no ensino da matemática não garante uma Nesse contexto, nosso trabalho se divide em momen-
melhor aprendizagem desta disciplina (p.9). tos. No primeiro, abordaremos os assuntos: Inteligências
Múltiplas e Raciocínio Lógico-Matemático; no segundo,
O trabalho com a matemática em sala de aula repre- discutiremos como se dá o inicio do processo de contagem
senta um desafio para o professor na medida em que exige na criança e o ensino de Geometria; no terceiro, trataremos
que ele o conduza de forma significativa e estimulante para sobre a importância da iniciação da Estatística nas séries
o aluno. Geralmente as referências que o professor tem em iniciais do Ensino Fundamental.
relação a essa disciplina vêm de sua experiência pessoal.  
Muitos deles afirmam que tiveram dificuldades com aque- 1 A CONSTRUÇÃO DO RACIOCINIO LÓGICO-MATE-
la matemática tradicionalmente ensinada nas escolas, que MÁTICO
tinha como objetivo a transmissão de regras por meio de
1.1 As Inteligências Múltiplas de Howard Gardner
intensiva exercitação. Cabe então descobrir novos jeitos
Os tempos modernos, as psicologias de aprendizagem
de trabalhar com a matemática, de modo que as pessoas
percebam que pensamos matematicamente o tempo todo, e as filosofias de educação nos levaram ao binômio: ensino
resolvemos problemas durante vários momentos do dia e implica em aprendizagem, e nos fizeram crer que ensinar
somos convidados a pensar de forma lógica cotidianamen- implica em fazer alguém aprender. Porém, sem compreen-
te. A matemática, portanto, faz parte da vida e pode ser são e esforço próprio não há aprendizagem. A compreen-
aprendida de uma maneira dinâmica, desafiante e diver- são não nasce da explicação do professor, assim como o
tida. esforço não pode ser por ele dado ao aluno. A compreen-
As dificuldades encontradas por alunos e professo- são brota da maturidade, do mesmo modo que o esforço
res no processo ensino-aprendizagem da matemática são surge do interesse.
muitas e conhecidas, por um lado, o aluno não consegue Podemos definir inteligência como a capacidade de
entender a matemática que a escola lhe ensina, muitas resolver problemas, compreender idéias, interpretar infor-
vezes é reprovado nesta disciplina, ou então, mesmo que mações transformando-as em conhecimento e, também, a
aprovado, sente dificuldades em fazer relações com o dia a capacidade de criar. Constitui um componente biopsicoló-
dia daquilo que a escola lhe ensinou, em síntese, não con- gico que difere o ser humano de outras espécies animais.
segue efetivamente ter acesso a esse saber de fundamental Durante muitos anos a descoberta do funcionamento
importância. da mente constituía-se em um desafio para a neurologia.
O professor, por outro lado, consciente de que não con- Observar o cérebro humano em ação era impossível em
segue alcançar resultados satisfatórios junto aos alunos, e
uma pessoa viva e essa dificuldade gerava uma série de
tendo dificuldades de, por si só, repensarem satisfatoria-
hipóteses sobre o pensamento, consciência, memória e na-
mente seu fazer pedagógico procuram novos elementos
turalmente, inteligência.

70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Da minha perspectiva, a essência da teoria é • A Inteligência musical – Esta inteligência se


respeitar as muitas diferenças entre as pessoas, as manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor
múltiplas variações em suas maneiras de aprender, os ou reproduzir uma peça musical. A criança pequena com
 
vários modos pelos quais elas podem ser avaliadas, habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes
e o número quase infinito de maneiras pelas quais sons no seu ambiente e, freqüentemente, canta para si
elas podem deixar uma marca no mundo. (Gardner) mesma.
• A Inteligência lógico-matemática – É a habilidade
para explorar relações, categorias e padrões, através da
Depois de quase duas décadas de tentativas de es-
manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar
tudiosos para se decifrar o enigma inteligência, Howard
Gardner a conceitua de modo mais refinado como sendo o de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries
potencial biopsicológico que processa informações, diz ele de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los.
que esse potencial pode ser ativado num cenário cultural Assim, a criança que apresenta especial aptidão nesta
com a finalidade de solucionar problemas ou criar pon- inteligência demonstra facilidade para contar e fazer
cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu
tos que se valorize uma cultura. Assim, Gardner defende
raciocínio.
que a inteligência humana não é única; mas oito ou nove.
• A Inteligência espacial – É a habilidade para
São elas: lingüística, lógico-matemática, espacial, musical,
manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das
sinestésica, interpessoal, natural, intrapessoal e espiritual
percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição,
(ainda em estudo).
numa representação visual ou espacial. Em crianças
pequenas, o potencial especial nessa inteligência é
Postula que essas competências intelectuais são rela-
percebido através da habilidade para quebra-cabeças e
tivamente independentes, têm sua origem e limites gené-
outros jogos espaciais, e a atenção a detalhes visuais.
ticos próprios e substratos neuroanatômicos específicos e • A Inteligência cinestésica – É a habilidade para
dispõem de processos cognitivos próprios. Segundo ele, os usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes
seres humanos dispõem de graus variados de cada uma cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo
das inteligências e maneiras diferentes com que elas se e na manipulação de objetos com destreza. A criança
combinam e organizam e se utilizam dessas capacidades especialmente dotada na inteligência cinestésica se move
intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Gard- com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou
ner ressalta que, embora estas inteligências sejam, até cer- verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma
to ponto, independentes uma das outras, elas raramente coordenação fina apurada.
funcionam isoladamente. Por exemplo, um cirurgião neces- • A Inteligência interpessoal – Esta inteligência pode
sita da acuidade da inteligência espacial combinada com a ser descrita como uma habilidade para entender e responder
destreza da cinestésica. adequadamente a humores, temperamentos, motivações e
desejos de outras pessoas. Crianças especialmente dotadas
Segundo Gardner, cada pessoa é um sujeito ímpar com demonstram muito cedo uma habilidade para liderar
forças cognitivas diferentes. Cada indivíduo aprende de outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis
forma e estilos diferentes do outro, mesmo que sejam am- às necessidades e sentimentos de outros.
bos oriundos de uma mesma sociedade ou meio cultural. • A Inteligência intrapessoal – Esta inteligência é
Ele afirma que as inteligências não mudam com a idade hu- o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é,
mana, mas sim com a experiência como sendo um atributo a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos,
ou faculdade do indivíduo. Segundo ele, as inteligências sonhos e idéias, para discriminá-los e lançar mão deles
não nascem prontas nos indivíduos, ainda que uns possam na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento
apresentar níveis mais elevados do que outros nesta ou na- de habilidades, necessidades, desejos e inteligências
quela inteligência. Segundo ele, a presença das oito inteli- singulares, a capacidade para formular uma imagem
gências se comprova, com certeza, na história do processo precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem
da evolução humana. para funcionar de forma efetiva.

Em síntese, Gardner em seu livro: Inteligências Múlti- Em seu processo de revisão de sua teoria Gardner
plas – a teoria na prática publicado no ano 2000, as in- acrescentou a Inteligência Natural à lista das inteligências
teligências múltiplas ou competências se apresentam da originais, que se refere à habilidade de reconhecer e clas-
seguinte maneira: sificar plantas, animais, minerais, incluindo rochas e gra-
míneas e toda a variedade de fauna e flora e devido às
• A Inteligência lingüística – Os componentes suas contribuições para uma maior compreensão do meio
centrais da inteligência lingüística são uma sensibilidade ambiente e de seus componentes.
para os sons, ritmos e significados das palavras, além Quantas crianças não são marginalizadas em suas fa-
de uma especial percepção das diferentes funções da mílias, comunidades e escolas porque suas habilidades em
linguagem. Em crianças esta habilidade se manifesta resolver cálculos ou problemas abstratos estão distancia-
através da capacidade para contar histórias originais ou das da sua realidade? Provavelmente, a contribuição mais
para relatar, com precisão, experiências vividas. importante da teoria das inteligências múltiplas seja a de

71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
alterar alguns conceitos sobre ensino, proporcionando ao Tem que haver uma compreensão maior por parte da
aluno desenvolver diversas atividades de forma mais per- escola e dos professores de como apresentar os conteúdos
sonalizada e de acordo com as suas reais aptidões. O im- matemáticos, para que os alunos aprendam e gostem da
portante não está em medirmos a grandeza da inteligência Matemática. O professor deve usar formas que consistam
em números ou como um conjunto de habilidades isola- em: abstrair, entender, compreender sem modelo de co-
das, e sim como um processo dinâmico, múltiplo e integra- nhecimento, um dado de informação, transformando-o de
do, permitindo ser observada de diferentes ângulos. Esta modo próprio e pessoal para incorporá-lo e assimilá-lo sin-
nova concepção de inteligência nos conduzirá à formação teticamente: aprender, apreender, entender, compreender
de cidadãos mais felizes, mais competentes, com mais ca- para apossar-se, transformar e incorporar.
pacidade de trabalhar em grupo e mais equilibrados emo-  
cionalmente. 1.3 A aprendizagem matemática por caminhos lú-
dicos
1.2 A Ideologia de Richelieu: só os inteligentes A aprendizagem de conteúdos matemáticos por cami-
aprendem Matemática nhos lúdicos está pautada na visão arquimediana do en-
Nossa sociedade sempre se organizou por formação sino da matemática. Ela nos sugere que o professor deve
de classes sociais (estratificação). Os processos sociais nela atuar durante o processo de ensino-aprendizagem exer-
existentes levam hoje (como no passado) a formação de cendo a função de facilitador do processo, ou seja, agindo
camadas hierárquicas. A aceitação e a justificativa para a como mediador entre aluno e a construção do conheci-
existência dessa estratificação parecem estar instaladas na mento matemático, estimulando idéias matemáticas para
mente humana. A causa disso é o medo às pessoas. Medo que o aluno consiga estabelecer relações com a realidade
que é disfarçado de várias maneiras e isso acontece na es- que ele vivencia.
cola e na sociedade. O professor deve realizar atividades com os alunos
É importante considerar que além do medo que sen- que os vislumbre, em seguida, partir para a matema-
tem às pessoas, há uma ideologia por trás dessas hierarqui- tização levantando questionamentos, finalizando com
zações. É uma ideologia que convence as vitimas a aceita-   o registro do que o aluno aprendeu, uma forma de
rem os resultados de sua ação, segundo ela: “um estado se- teoria. Este é o caminho arquimediano segundo a pro-
ria monstruoso se todos os seus indivíduos fossem sábios”, posta AME – Atividades Matemáticos que Educam. (p.
(Lima, fasc. 1 p. 50). Essa ideologia tem bases emocionais 126, Fascículo 1, 2003)
que podem ser facilmente reconhecidas e dão indicativos
da sua falácia; está na base toda a rejeição sofrida pelos Para o professor deflagrar idéias na cabeça do aluno,
alunos, de toda exclusão (denominada seleção) e de toda ele precisa apresentar situações–problemas instigantes,
interrupção de estudos. levantar questionamentos que induzam o aluno a pen-
Dessa forma, para a escola tradicional, é difícil aceitar sar. Nunca dando a resposta, sempre dialogando até que
estas conseqüências e, principalmente, que elas advêm de ele mesmo consiga estabelecer relação (pingue-pongue),
seu posicionamento quanto à hierarquização, as ideologias sempre ouvindo o que o aluno tem a acrescentar sobre o
e as imposições. A razão é que as conseqüências só vão assunto, sem criticá-lo ou ridicularizá-lo.
aparecer no futuro, quando os alunos já não estão sob a No fascículo 1, capítulo 6, foi possível observar dife-
vigilância da escola. rentes sugestões segundo a proposta AME. Através dessas
O ensino da Matemática mais difundido hoje em dia propostas de um caminho arquimediano é possível ven-
padece desse defeito: começa pelo fim na organização da cermos todas as dificuldades que o ensino de Matemática
tarefa, ou seja, já vem realizada por outro, não pelo apren- apresenta. Uma das soluções é trabalhar com simuladores
diz. A Matemática vem sendo usada nos dias atuais, como da Matemática em vários níveis, pois quando há interação,
disciplina que se esgota em ensinar os conceitos dos nú- as estruturas cognitivas da criança se ativam e, então, vis-
meros, das formas, das relações, das medidas e das inter- lumbram e geram estruturas de maior valia.
ferências, sendo que suas características exigem rigor e Os simuladores podem ter várias funções como: faci-
exatidão. Por ela ser totalmente interdependente, não se litar as atividades corporais, obter informações a partir de
esgota em ensinar um currículo matemático obsoleto, que manipulações, fazer registros a partir de manipulações e
não interessa ao aluno e está bem longe de nossa realidade permitir a ampliação do conhecimento.É muito importante
sócio-cultural. observar que, com esse tipo de trabalho, o conhecimento
As críticas a cerca dos resultados quanto ao ensino da não é dado pelo professor para o aluno, mas é sim, puxado
Matemática, buscam atividades que não só eduquem, mas de dentro do aluno.
que trabalhem na formação social do individuo. Isso ape-
1.4 A avaliação da aprendizagem
nas é possível quando o aprendizado está voltado à reali-
A avaliação escrita não deve ser o único instrumento
dade vivenciada pelo aluno, e este seja percebido nas aulas
para decidir sobre aprovação ou reprovação do aluno. O
pelo professor de matemática. O ambiente só influencia em
seu uso deve ser somente o de verificar a progressão cog-
seu aprendizado, ou seja, o professor deve aceitar essas
nitiva do aluno. A avaliação escolar também é contra-in-
influências, mudando seu posicionamento em relação ao
dicada para fazer um diagnóstico sobre a personalidade
aluno.

72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
do aluno, pois sua abrangência limita-se aos objetivos do Através das observações que fazemos dia-a-dia em
ensino do programa escolar e para fazer prognóstico de sala de aula (que podem ser registradas em um caderno
sucesso na vida. Contudo, o seu mau emprego pode expul- de anotações), podemos avaliar o uso que as crianças são
sar o aluno da Escola, causar danos em seu autoconceito, capazes de fazer do seu conhecimento, como organizam
impedir que ele tenha acesso a um conhecimento sistema- esses conhecimentos em diferentes situações, quais os
tizado e, portanto, restringir a partir daí suas oportunida- avanços e retrocessos que as crianças fazem na construção
des de participação social. do conhecimento.
Assim, podemos perceber a profundidade com que É fundamental ver o aluno como um ser social e polí-
deveria ser tratada a questão da avaliação pelas escolas e tico sujeito do seu próprio desenvolvimento. O professor
não precisa mudar suas técnicas, seus métodos de traba-
pelos mestres e mais até, pelas famílias, pilares que são do
lho: precisa isto sim, ver o aluno como alguém capaz de
contexto social e modelo de organização da nação. Não é estabelecer uma relação cognitiva e afetiva com o meio
exagerado dizer que a boa formação cultural, bem como a circundante, mantendo uma ação interativa capaz de uma
melhoria não só nos níveis de ensino-aprendizagem, mas transformação libertadora, que propicia uma vivência har-
de toda a sociedade e os padrões de vida melhores busca- moniosa com a realidade pessoal e social que o envolve.
dos, passam pela efetiva e conseqüente aplicação de uma A avaliação que durante décadas foi um instrumen-
estrutura avaliativa adequada, que busque fomentar as to ameaçador e autoritário, ainda continua sendo um
condições de ensino, enquanto seja capaz de elevar o nível dos grandes nós da educação contemporânea, pois mui-
das propostas de ensino surgidas. tos professores, principalmente de matemática, a utilizam
No conceito emitido por Sant’anna (1995, p. 7): como sendo um instrumento excludente. Isso nos leva a re-
pensar o papel da avaliação durante o processo educativo,
que segundo Mere Abrsamowicz: “[...] é fundamental saber
A avaliação escolar é o termômetro que permite que o próprio docente pode adotar por conta própria mo-
avaliar o estado em que se encontram os elementos delos mais modernos de avaliar seus estudantes”, (Revista
envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente Fala Mestre, p. 23. ano 2004).
  significativo na educação, tanto que nos arriscamos a
dizer que a avaliação é alma do processo educacional.
[...] Inútil tentar descrever o que não se viu, o que
(...) O que queremos é sugerir meios e modos de tor-
não foi trabalhado e nem motivo de reflexão. Assim,
nar a avaliação mais justa, mais digna e humana.
se o professor fizer apenas o registro das notas dos
alunos nos trabalhos, ele não saberá descrever, após
A avaliação, nas três últimas décadas, passou a ser dis- um tempo, quais foram às dificuldades que cada alu-
cutida com maior intensidade, tendo sido objeto de muitos no apresentou, o que ele fez para auxiliá-lo a com-
estudos, propostas de trabalho, preocupação dos sistemas preender aquele aspecto. Da mesma forma, o profes-
 
de ensino e até mesmo de controvérsias. sor que só faz anotações dos alunos em termos de
Quando trabalhamos em uma perspectiva de constru- sua conduta, não poderá descrever outros aspectos
ção de conhecimentos, devemos considerar que nossos do seu desenvolvimento. Registros significativos são
alunos estão inseridos em um processo e, portanto, avaliar construídos pelo professor ao longo do processo. Sua
o processo significa coletar dados e elementos para conhe- forma final é apenas uma síntese do que vem ocor-
cer o que eles já conseguiram construir e qual a raiz de suas rendo, uma representação do vivido , HOFFMAN (Re-
dificuldades. vista Fala Mestre, p. 118, 2004).
Assim, torna-se incoerente uma única avaliação de
O atual sistema de verificação de aprendizagem permi-
todo o processo, realizado ao final de determinadas eta-
te que indivíduos inseguros e despreparados sejam apro-
pas. Se assim o fizermos, estaremos considerando apenas vados e possam, no futuro, trazer riscos e prejuízos não só
o produto final para julgá-lo como “certo ou errado” e não para si próprios como para terceiros. Em certos casos, es-
procurando conhecer as dificuldades de nossos alunos ses riscos e prejuízos podem envolver a vida de alguém. E
para ajudá-los a superá-las. Sem esquecer que a avaliação esse perigo advém do hábito de atribuir notas que provam
também pode orientar nosso trabalho em sala de aula. ou reprovam o aluno, em função da quantidade maior dos
A avaliação deve ser contínua. Não precisa de um dia acertos do que dos erros cometidos em exames. Os ab-
em especial, com uma arrumação especial na sala. Tam- surdos são tantos, que o sistema permite considerar apto,
bém não precisa ser sempre através de um mesmo tipo quem sabe apenas a metade do conteúdo apresentado nas
de instrumento (em geral a prova escrita). Devemos estar provas, sem considerar se essa metade corresponde ao que
atentos às formas como nossos alunos estão respondendo realmente é fundamental que o aluno aprenda. Podemos
citar como exemplo o provão do MEC para o Ensino Fun-
aos desafios que apresentamos dia a dia. Assim é possível
damental e Médio.
perceber o nível de compreensão dos nossos alunos sobre As avaliações escolares podem ser atribuídas de várias
conteúdos trabalhados para intervir em seu auxilio e, nesse formas, dentre elas podemos citar as mais presentes no
sentido, a avaliação é também diagnóstica ou investiga- processo educativo atual: a avaliação burocrática e a ava-
dora. liação investigadora.

73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A avaliação burocrática se apresenta na forma de exa- 2 OS PROCESSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA
mes, provas e testes classificatórios. É um tipo de avaliação CONTAGEM, DAS FRAÇÕES E DA GEOMETRIA
excludente, pois esses instrumentos de avaliação procuram  2.1 Da Contagem
atender as exigências sociais e escolares, já que não mos- s homens primitivos não tinham necessidade de con-
tram com eficácia se o indivíduo realmente sabe ou não sabe, tar, pois o que necessitavam para a sua sobrevivência era
pois apenas considera o maior número de acertos que o indi- retirado da própria natureza. A necessidade de contar co-
víduo alcançou no teste ou prova aplicada. meçou com o desenvolvimento das atividades humanas,
A avaliação investigadora é realizada por meio de ques- quando o homem foi deixando de ser pescador e coletor
tionamentos (pingue-pongue) que procuram redirecionar e de alimentos para fixar-se no solo.
refazer o aprendizado do aluno, levando-o a refletir sobre o O homem começou a plantar, produzir alimentos, cons-
que está se discutindo. truir casas, proteções, fortificações e domesticar animais,
A pratica escolar usualmente denominada de avaliação da usando os mesmos para obter a lã e o leite, tornando-se
aprendizagem pouco tem a ver com a avaliação. Ela constitui-se criador de animais domésticos, o que trouxe profundas
muito de provas e exames do que avaliações. Hoje, após os es- modificações na vida humana. As primeiras formas de agri-
tudos realizados na área de Matemática, compreendemos que cultura de que se tem notícia, foram criadas há cerca de dez
a avaliação da aprendizagem tem que procurar atingir a dois mil anos na região que hoje é denominada Oriente Médio.
objetivos: auxiliar o educando no seu desenvolvimento pessoal, A agricultura passou então a exigir o conhecimento do
a partir do processo de ensino aprendizagem, e responder a so- tempo, das estações do ano e das fases da lua e assim co-
ciedade pela qualidade do trabalho educativo realizado. meçaram a surgir as primeiras formas de calendário.
Ao preparar uma avaliação matemática é necessário que No pastoreio, o pastor usava várias formas para contro-
o professor se preocupe em elaborar uma avaliação que exija lar o seu rebanho. Pela manhã, ele soltava os seus carneiros
a solução de exercícios por caminhos que levem os alunos a e analisava ao final da tarde, se algum tinha sido roubado,
estabelecerem uma linha de raciocínio que não seja apenas o fugido, se perdido do rebanho ou se havia sido acrescenta-
de apenas calcular. do um novo carneiro ao rebanho. Assim eles tinham a cor-
A avaliação, portanto, não é um processo meramente respondência um a um, onde cada carneiro correspondia a
técnico, porém, implica uma postura política e inclui valores uma pedrinha que era armazenada em um saco.
e princípios que refletem uma concepção de educação, de No caso das pedrinhas, cada animal que saía para o
escola e de sociedade. Nesse contexto, a avaliação deve servir pasto de manhã correspondia a uma pedra que era guar-
de orientação para o professor na condução de sua prática dada em um saco de couro. No final do dia, quando os
docente e jamais deverá ser um instrumento para reprovar animais voltavam do pasto, era feita a correspondência in-
ou reter alunos na construção de seus esquemas de conheci- versa, onde, para cada animal que retornava, era retirada
mento teóricos e práticos. uma pedra do saco. Se no final do dia sobrasse alguma
A teoria piagetiana aponta para a necessidade de se pedra, é porque faltava algum dos animais e se algum fos-
considerar o erro como uma estratégia didática, pois o erro se acrescentado ao rebanho, era só acrescentar mais uma
contribui para saber o que realmente o aluno aprendeu, o pedra. Hoje, a palavra cálculo é derivada da palavra latina
que realmente ele construiu. Assim, o erro não se apresenta calculus, que significa pedrinha.
apenas como sendo o obstáculo que não permite ao aluno A correspondência unidade não era feita somente com
construir a aprendizagem; mas, ele aponta quais são as difi- pedras, mas também com nós em cordas, marcas nas pare-
culdades que o professor tem que re-trabalhar com o aluno des, talhes em ossos, desenhos nas cavernas e outros tipos
para que ele realmente aprenda, que segundo Lima (Fasc. 1 p. de marcação.
90, 2004), “[...] diagnosticar o erro sem a devida contextuali- O Fascículo 2 de Matemática nos colocou em contato
zação, não levando em conta quem erra e porque erra, é des- com o sistema de numeração, situando a numeração no
conhecer de que o erro é um fato histórico”. Ainda , Jussara tempo e espaço como processo dinâmico da representa-
Hoffmann, em sua obra Avaliação, Mito & Desafios, afirma: ção numérica que resultou na construção de um sistema
mais funcional, ou seja, o hindu-arábico. Nesse sistema as
bases de numeração não decimal constituem uma impor-
A função seletiva e eliminatória da avaliação é res-
tante ferramenta pedagógica para o entendimento da base
ponsabilidade de todos! A avaliação, na perspectiva de dos números naturais, adição, subtração, multiplicação, di-
  uma pedagogia libertadora é uma prática coletiva, que visão e potenciação.
exige a consciência critica e responsável de todos na A estrutura lógico-matemática de número não pode
problematização das situações. ser ensinada diretamente porque a criança tem que cons-
truí-la, reportando-nos aos Parâmetros Curriculares Nacio-
Discutir o erro é chamar à atenção do professor quanto a nais de Matemática temos que:
importância de diversificar os tratamentos dos seus alunos, a
maneira de atuar diante dos alunos com diferentes expectati- Ao longo do ensino fundamental os conheci-
vas culturais e individuais. Ele tem de planejar atividades que mentos numéricos são construídos e assimilados pe-
provoquem a superação do erro pela criança. Se o professor los alunos num processo dialético, em que intervém
não se preocupar em sanar as dificuldades que levam o   como instrumentos eficazes para resolver determina-
aluno a errar, ele cultivará na criança a baixa auto-estima, dos problemas considerando-se suas propriedades,
pois ela considerará a matemática como sendo um fardo e relações e o modo como se configuram historicamen-
a escola uma instituição tediosa. te. (p. 54-55, 2001)

74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A partir disso, podemos utilizar diferentes recursos di- A matemática desenvolve o raciocínio, freqüente-
dáticos para encorajar a criança a pensar ativamente, esti- mente, em sua enunciação, o termo ‘raciocínio’ com-
mulando o desenvolvimento de sua estrutura mental, por parece ornado pelo adjetivo lógico; na maior parte
exemplo, o jogo é um excelente recurso didático a ser uti-  
das pessoas, há uma concordância implícita na asso-
lizado nas aulas de Matemática, pois enquanto jogam, os ciação do ensino da Matemática com o desenvolvi-
alunos compartilham, interagem significados, confrontam mento do raciocínio lógico. (Machado, 1993)
idéias e reorganizam o pensamento através do diálogo que
ocorre entre eles e com o professor. Piaget iniciou seus estudos experimentais sobre a men-
Através do Fascículo 3 entendemos o processo das te humana e começou a pesquisar também sobre o desen-
operações no conjunto dos Números Naturais, os algorit- volvimento das habilidades cognitivas. Seu conhecimento
mos, a divisão euclidiana, o jogo do MINIMAC e as situa- de biologia levou-o a enxergar o desenvolvimento cogni-
ções concretas para a aprendizagem da potenciação. tivo de uma criança como sendo uma evolução gradativa.
Ao estudar os Fascículos 2 e 3 de Matemática desen- Em Genebra ele iniciou o maior trabalho de sua vida, ao
volvemos com os alunos da 3ª série do Ensino Fundamen- observar crianças brincando e registrar meticulosamente as
tal Sapezal as atividades do Trajeto 50 e do Jogo do Resto. palavras, ações e processos de raciocínio delas.
Nesses jogos os alunos tinham como principal tarefa resol- A partir da observação cuidadosa de seus próprios fi-
ver atividades de adição, subtração, divisão e multiplicação, lhos e de muitas outras crianças, concluiu que em muitas
usando cálculos mentais. Essa é uma maneira de deixar o questões cruciais as crianças não pensam como os adultos.
aluno desenvolver sua própria técnica de cálculo e não Por ainda lhes faltarem certas habilidades, a maneira de
permitir que ele fique limitado ao processo ensinado pelo pensar é diferente, não somente em grau, como em classe.
professor. A criança é concebida como um ser dinâmico, que a
Em todos os países, independentemente de raças, cre- todo o momento interage com a realidade, operando ati-
dos ou sistemas políticos, a matemática faz parte do currí- vamente com objetos e pessoas. Essa interação que ela faz
culo educacional desde os primeiros anos de escolaridade, com o ambiente permite que ela construa estruturas men-
ao lado da língua materna. Um fato notável de natureza tais e adquira maneiras de fazê-las funcionar.
surpreendente é que, mesmo no tempo em que se dizia A escola deve partir dos esquemas de assimilação da
que as crianças iam à escola para aprender a ler, a escrever criança, propondo atividades desafiadoras que provoquem
e a contar, o ensino da matemática e o da língua materna desequilíbrios e equilibrações sucessivas, promovendo a
não conseguiam articular uma aprendizagem significativa descoberta e a construção do conhecimento. “O número
em conjunto. É como se as duas disciplinas, apesar de lon- envolve a quantificação de objetos discretos e, portanto,
ga convivência sob o mesmo teto, permanecessem estra- não pode ser ensinado através da extensão, que é uma
nhas umas às outras. quantidade contínua”, KAMI, (p.59).
É sabido que mesmo as tentativas mais singelas de ini-  
ciação ao conhecimento matemático pressupõe um conhe- 2.2 Das Frações
cimento da língua materna, ao menos em sua forma oral, e O importante, no estudo de frações, como, aliás, de
tal dependência não passa, no entanto, de uma trivialidade, toda a matemática, é evitar a todo custo à memorização de
com a agravante de ser inespecífica, uma vez que se aplica definições e regras, sem compreensão. Isto vale não apenas
igualmente a qualquer outro assunto que se pretenda en- na 3ª e na 4ª séries, mas também na 5ª e na 6ª, quando
sinar. Assim, a aprendizagem da matemática não viria sim- habitualmente se faz uma revisão do que já foi visto sobre
plesmente a reboque da língua materna, mas constituiria, o tema e se vai adiante, apresentando-se as operações com
em certo sentido, uma superação dessa linguagem. frações.
É certo que a matemática apresenta dificuldades espe- Todo o trabalho com frações pode ser feito a partir de
situações-problemas, isto é, desafios para que os alunos
cíficas, no entanto, tais dificuldades não parecem suficien-
descubram soluções de pequenos problemas.
tes para justificar a postura diante da aprendizagem, tão
A prática mais comum para explorar o conceito de fra-
natural no caso da língua materna e tão discriminadora no
ção é a que recorre a situações em que está implícita a
caso da matemática. A questão fundamental a ser tratada,
relação parte-todo; é o caso das tradicionais divisões de
no entanto, não é a da precedência ou da preponderância,
um chocolate, ou de uma pizza, em partes iguais. “ Muitos
mas sim a da articulação consistente entre a língua mater-
e muitos poetas, na Antigüidade, exaltaram o número. Pois
na e a matemática, tendo em vista o desenvolvimento do
o número é de essência divina”. (M. A. AUBRY, 1952)
raciocínio.
A descoberta das soluções fica mais fácil, no início, se
De fato, se não se admitem predisposições inatas para
os alunos utilizarem material concreto: peças recortadas
o conhecimento matemático, que seria todo ele passível em plástico, madeira, papel, papelão ou cartolina. Se isto
de construção a partir apenas de mecanismos gerais para for completamente impossível, é importante que os alunos
o “funcionamento da inteligência”, comuns a todos os indi- façam com a ajuda do professor, todos os desenhos que
víduos, como pretendeu Piaget, isto deveria ter, como con- acharem necessários para compreender o problema e en-
seqüência, a inteligibilidade do modesto desempenho em contrar a solução.
matemática da grande maioria das pessoas.

75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Seguindo esse caminho, pode-se ter a impressão de Os egípcios levavam muito a sério o direito sobre a
que, afinal, os alunos vão aprender muito pouco sobre fra- propriedade. Nos achados egípcios foi encontrado um livro
ções. É verdade que eles não se tornarão capazes de calcu- intitulado Livro dos Mortos. Quando um egípcio que culti-
lar expressões complicadas com frações, mas isto não faz vava a terra estava a beira da morte, ele tinha de jurar aos
falta. O importante é que se familiarizem com o conceito de deuses que ele não tinha enganado ao vizinho, roubando-
fração. Para isso, precisam trabalhar muitos problemas e, no lhe terra. O roube de terra era considerado para os egípcios
início, sempre com material concreto (recortado ou dese- um pecado muito grave. Em vida, se um egípcio fosse pego
nhado), pouco a pouco eles se libertarão naturalmente das cometendo esse ato poderia ter o coração comido por uma
figuras recortadas ou desenhadas, resolverão mentalmente besta fera chamada devorador. Roubar terra do vizinho era
os problemas mais simples e até mesmo descobrirão regras considerado uma ofensa muito, muito grave como quebrar
que passarão a aplicar com compreensão. É importante que um juramento, assassinar alguém ou masturbar-se num
o professor incentive esse processo de libertação gradual templo.
do aluno em relação ao material concreto.
Os antigos faraós resolveram passar a nomear funcio-
Para as operações com frações, é conveniente que con-
nários para ocuparem o cargo de agrimensores, cuja tarefa
tinuem usando desenhos até que o professor tenha certeza
era avaliar os prejuízos das cheias e restabelecer as frontei-
de que, para eles, as regras de operações não são apenas
receitas decoradas, mas problemas compreendidos. ras entre as diversas propriedades. Foi assim que nasceu
Em matemática, como em quase tudo, mais vale a qua- a geometria. Estes agrimensores, ou esticadores de corda
lidade do que a quantidade. No caso, qualidade significa (assim chamados devido aos instrumentos de medida, cor-
compreensão e capacidade de procurar soluções, quanti- das entrelaçadas concebidas para marcar ângulos retos),
dade significa fazer cálculos mecanicamente, com grande acabaram por aprender a determinar as áreas de lotes de
eficiência, sem entender o que se está fazendo. terreno dividindo-os em retângulos e triângulos.
Através dos fascículos 4 e 5 foi possível analisarmos os
números racionais pela representação de dizimas. Primeiro Melhor que o estudo do espaço, a geometria é a
as dízimas limitadas e depois a transformação de dízima li- investigação do ‘espaço intelectual’, já que, embora
mitada em fração decimal e vice-versa, a transformação da   comece com a visão, ela caminha em direção ao pen-
dízima periódica simples e composta em frações não de- samento, indo do que pode ser percebido para o que
cimais, a construção de frações e classes de equivalência. pode ser concebido, WHEELER (p.351-353, 1981).
Também vimos operações com números racionais repre-
sentados por frações e a simplificação de expressões fracio-
Até algum tempo, o ensino da geometria era pratica-
nárias complexas.
O conhecimento matemático deve ser apresentado aos mente excluído do currículo escolar, ou então era desen-
alunos historicamente construído e em permanente trans- volvido em aula expositiva na qual o aluno não conseguia
formação, permitindo assim a compreensão da Matemática aprender, pois não conseguia estabelecer relações do que
em sua prática filosófica, cientifica e social e o lugar que ela a escola ensinava com aquilo que vivenciava. Somente esta
tem no mundo. constatação bastaria para suscitar questionamentos sobre
Para o professor trabalhar frações de uma maneira sim- a contribuição da geometria para a formação dos indiví-
ples com os alunos, ele deve mostrar que fracionar é dividir duos; no entanto, outros fatos vieram reafirmar essa ne-
um todo em partes iguais, por exemplo, um chocolate ou cessidade: verifica-se, por exemplo, a pouca capacidade de
uma pizza. No papel usar desenhos pintando algumas par- percepção espacial em um grande número de pessoas nas
tes outras não. Assim ficará mais fácil para a criança saber múltiplas atividades profissionais.
que o número total de partes que é o denominador e a O ensino de geometria contribuiu na formação do alu-
parte pintada é numerador. no favorecendo, como aponta Wheeler (1981, p. 352), “um
A criança que trabalha em grupos e com atividades lú- tipo particular de pensamento – que busca novas situa-
dicas aprende a respeitar o modo de pensar do outro e a ções, sendo sensível aos seus impactos visual, interrogan-
argumentar para fazer valer seu conhecimento e suas opi- do sobre eles”. Ela permite o desenvolvimento da “arte da
niões. especulação” traduzida na questão “o que aconteceria se...”,
que expressa o estilo hipotético-dedutivo do pensamento
2.3 Da Geometria geométrico (WHEELER, id.ibid.).
A Geometria é um ramo da matemática que estuda as Os conceitos geométricos constituem parte importan-
formas, planas e espaciais, com as suas propriedades. É a te do currículo da matemática no Ensino Fundamental, por-
parte da matemática que trata das propriedade e medidas que, por meio deles, o aluno desenvolve um tipo especial
da extensão. de pensamento que lhe permite compreender, descrever
O conhecimento geométrico se fez necessário ao ho- e representar, de forma organizada, o mundo em que ele
mem a partir do momento em que no Egito, todos os anos vive.
o rio Nilo extravasava as margens e inundava o seu delta. A
A Geometria apresenta-se como um campo profícuo
boa notícia era a de que as cheias depositavam nos cam-
para o desenvolvimento da capacidade de abstrair, genera-
pos de cultivo lamas aluviais ricas em nutrientes, tornando o
lizar, projetar, transcender o que é imediatamente sensível,
delta do Nilo a mais fértil terra lavrável do mundo antigo. A
que é um dos objetivos do ensino da matemática, ofere-
má notícia consistia em que o rio destruía as marcas físicas
cendo condições para que níveis sucessivos de abstração
de delimitação entre as propriedades de terra.

76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
possam ser alcançados. Partindo de um nível inferior, no O principal objetivo do ensino da Estatística, confor-
qual reconhece as figuras geométricas, embora as perce- me nos diz Nazareth (1994 p. 6)”[...] é oferecer o máximo
bendo como todos indivisíveis, o aluno passa, no nível pos- de informação em um mínimo de espaço, constitui numa
terior, a distinguir as propriedades dessas figuras; estabele- ferramenta muito importante no desenvolvimento de uma
ce, num terceiro momento, relações entre as figuras e suas disciplina científica”, logo podemos utilizar a Estatística em
propriedades, para organizar, no nível seguinte, seqüências sala de aula, incentivando e decidindo com a turma qual
parciais de afirmações, deduzindo cada afirmação de uma o assunto a ser pesquisado., portanto, é importante que o
outra, até que, finalmente, atinge um nível de abstração professor desperte o interesse estatístico em seus alunos
tal que lhe permite desconsiderar a natureza concreta dos quanto ao surgimento da Estatística, contando a sua his-
objetos e do significado concreto das relações existentes tória. ´
entre eles. Delineia-se, desta forma, um caminho que, par- É interessante que os alunos saibam que desde a An-
tindo de um pensamento sobre objetos, leva a um pensa- tiguidade, vários povos já registravam o número de habi-
mento sobre relações, as quais se tornam, progressivamen- tantes, de nascimentos, de óbitos, faziam estimativas das
te, mais e mais abstratas. riquezas individual e social, distribuíam eqüitativamente
A aprendizagem em Matemática está ligada à com- terras ao povo, cobravam impostos e realizavam inquéri-
tos quantitativos por processos que, hoje, chamaríamos de
preensão do significado: apreender significado de um ob-
estatísticos, e assim, mostrando aos alunos como surgiu o
jeto ou acontecimento pressupõe vê-lo em suas relações
conhecimento estatístico.
com outros objetos e acontecimentos. (Parâmetros Curri-
Os dados estatísticos desempenham na Estatística mo-
culares Nacionais da Matemática, MEC, p.19 apud ABRAN- derna uma dupla função: prática e cientifica. Tais funções
TES, 1999, p. 17) não são mutuamente exclusivas, ao contrário o conheci-
Podemos dizer que o conhecimento matemático geo- mento científico em grande parte é pesquisado para fins
métrico faz parte do patrimônio cultural da humanidade, práticos e lhe dá um caráter de embasamento para as re-
portanto, a sua apropriação é um direito de todos. É in- soluções práticas. Essa duplicidade de função estatística é
concebível que a escola e o professor não proporcione ao universal, porquanto é válida para todos os ramos do saber.
aluno a oportunidade de aprender esse conhecimento de Seu conjunto de métodos e técnicas fundado na matemáti-
forma significativa, estabelecendo relações com o mundo ca aplica-se indistintamente à economia, engenharia, agro-
visível. Tirar do aluno o privilégio de aprender geometria nomia, educação, etc; variando apenas o objeto de estudo.
é a mesma coisa que lhe negar o direito à educação lite- Na administração escolar, por exemplo, o objeto de es-
rária, científica e artística, já que nas formas geométricas tudo é a escola, e, mais especificamente, no nosso caso, a
presentes no nosso mundo visível esses três patamares se população escolar. Os fenômenos educacionais que podem
evidenciam a todo o momento. ser expressos estatisticamente são: a população escolarizá-
  vel, as matrículas por séries, os índices de aprovação, repro-
3 INICIAÇÃO À ESTATÍSTICA NAS SÉRIES INICIAIS vação, evasão escolar, outros. Executando o levantamento
DO ENSINO FUNDAMENTAL de dados, torna-se necessário passar à etapa seguinte, a da
A Estatística é uma ciência baseada na teoria das pro- apuração de dados e os resultados obtidos a partir daque-
babilidades cujo principal objetivo é o de nos auxiliar a les serem dispostos de uma forma ordenada e resumida, a
tirar conclusões, em situações de incerteza, as partir de fim de auxiliar o pesquisador na análise dos mesmos e faci-
informações numéricas de uma determinada amostra. É a litar a compreensão das conclusões apresentadas ao leitor.
técnica auxiliar do estudo dos fenômenos coletivos, eco- Na tabela resumimos informações, pois constam nela
nômicos, sociais e científicos. É um método de observa- somente os dados essenciais de uma determinada infor-
ção, de descrição, de mensuração e de interpretação dos mação. Podemos acrescentar à tabela de distribuição de
fenômenos coletivamente típicos e da indagação de suas freqüência uma coluna de porcentagem que é chamada de
freqüência relativa, e é obtida comparando-se o total de
uniformidades e relações, conforme Crespo (2002 p. 13): “A
freqüências com uma freqüência dada.
Estatística é uma parte da Matemática Aplicada que forne-
Hoje compreendemos que a tabela é a melhor forma
ce métodos para a coleta, organização, descrição, análise
de se organizar os resultados de uma pesquisa estatística.
e interpretação de dados e para utilização dos mesmos na Há tabelas que não podem ou não precisam ser transfor-
tomada de decisões”. mados em gráficos, por isso, quando o professor sugerir à
Os métodos estatísticos nos conduzem a conclusões turma que procure tabelas em jornais e revistas para trans-
sobre causa e efeito de determinado fenômeno estuda- formá-las em gráficos, os alunos têm que analisá-las, para
do e permitem testar teorias relativas ao consumido, por verificar se são possíveis de serem tabuladas.
exemplo: o economista os usa para escolher, dentre as pos- Os dados estatísticos devem ser classificados na forma
síveis formas de uma função teórica de consumo, a que de variáveis:
melhor explica os dados observados, o médico emprega a • Variáveis qualitativas são aqueles que demons-
técnica estatística nos resultados de testes de avaliação de tram qualidades, por exemplo, sexo: homem e mulher; pro-
um novo medicamento, o agricultor para decidir qual das gramas de televisão: esportes, novelas, notícias, filmes etc.
fórmulas de fertilizantes é preferível. Também, os resulta- Quando se lida com variáveis qualitativas, faz-se a medida
dos de uma eleição ou do julgamento da qualidade de um de cada elemento. Elas assumem somente alguns valores
determinado produto industrial, podem ser determinados dentro de um intervalo ou conjunto de intervalos. Traba-
estatisticamente. lha-se com números inteiros não negativos.

77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
• Variáveis quantitativas ou contínuas são aqueles È importante que se introduza o conhecimento estatís-
que assumem qualquer valor dentro de um intervalo nu- tico desde as séries iniciais do Ensino Fundamental porque
mérico ou conjunto de intervalos numéricos. Pode-se di- a Estatísticas faz parte do mundo da criança a todo o mo-
zer que são trabalhados com números reais, por exemplo, mento.
tempo: horas, minutos ou segundos; idade: anos, meses,  
dias etc. A necessidade de se trabalhar com o aluno atividades
Essas variáveis se expressam na forma gráfica, ilustran- que os leve a experimentar, exprime o caráter dinâmico e in-
do de uma forma mais compreensível à situação em estu- vestigativo da matemática. Os materiais concretos que foram
do. Os gráficos que mais se adequam para representarem criados para estimular a aprendizagem no aluno dos concei-
essas variáveis são: o de barras, forma retangular e setorial tos matemáticos básicos deve ser utilizado pelo professor
(pizza) - variáveis qualitativas. O Histograma e o Polígono como suporte para que estimule no aluno a construção des-
de Freqüência - variáveis quantitativas. ses conceitos de forma mais simples.
Os mais comuns que encontrados em revistas, jornais e O jogo vem sendo utilizado como recurso para a apren-
noticiários de TV, são: dizagem já a duas décadas com o objetivo de permitir que o
aluno consiga estabelecer o conteúdo escolar estudado com
o Gráficos de Barras: são os mais utilizados quando
o mundo que vivencia. O jogo possibilita ao aluno aprender
há uma grande quantidade de dados a serem exibidos.
conteúdos que de forma abstrata fica difícil de compreender.
o Gráficos de Linhas: são os mais adequados quan-
O jogo é o caminho que leva a construção do conhecimen-
do a intenção é levar o leitor a uma análise sobre a variação to, ele permite que a criança desenvolva o raciocínio lógi-
de um dado em determinado período. co-matemático de forma simples. Além do espírito inovador,
o Gráficos de setores (chamados de pizza): são os desafia os alunos ao cumprimento de regras, desenvolvendo
mais indicados para se mostrar o percentual de forma mais responsabilidade, decisão, propiciando a interdisciplinarida-
vislumbrante, porque esse tipo de gráficos nos chama mais de e aprendizagem.
atenção para se expressar dados pouco ricos em números. Finalizamos essa pesquisa dizendo que a aprendizagem
Os gráficos devem ser auto-explicativos e de fácil com- por meio dos caminhos lúdicos é simples e eficaz, basta que
preensão, de preferência sem comentários inseridos. Deve o professor se desfaça de suas amarras que o impede de
ser simples, atrair a atenção do leitor e inspirar confiança. atuar como facilitador durante o processo de ensino e apren-
Portanto, a Estatística deve ser introduzida em sala de dizagem da matemática. Seu trabalho deve ser o de propor-
aula utilizando dados relacionados ao dia-a-dia dos estu- cionar meios permitem seu aluno aprender, sanando suas
dantes. O professor deve sugerir aos alunos que façam uma dificuldades.26
coleta de dados que possam ser tabulados, construindo,
juntamente com seus alunos, o instrumento de pesquisa APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECI-
mais apropriado para essa coleta. MAL
Outro ponto importante é o processo avaliativo, que O SND é um sistema notacional composto de princípios
pode ser aplicado pelo professor da seguinte maneira: e propriedades para representar quantidades que precisam
• Avaliação diagnóstica : o professor deve verificar o ser compreendidas por seus usuários. No entanto, estes
nível de entendimento dos alunos antes de iniciar o traba- princípios foram sendo construídos a partir da necessidade
lho com gráficos e tabelas, apresentando a Estatística con- que o homem primitivo teve de quantificar o mundo para
tida em jornais, revistas, livros, noticiários televisivos, etc. atender as exigências cotidianas de contar o tempo, os ani-
• Avaliação processual: o professor deve despertar mais, os produtos, as pessoas da família e da comunidade,
nos alunos o interesse pela Estatística esclarecendo as di- levando-o a reconhecer, registrar e comparar quantidades.
ficuldades, que porventura surgirem nos alunos, em com- Ao longo da história, foram criados vários sistemas de
numeração, cada um com seus princípios e regras específi-
preender as informações registradas em livros, revistas,
cos, porém, um sistema que resistiu ao tempo e às necessida-
jornais, etc. Após propor atividades práticas de pesquisa,
des humanas foi o hindu-arábico ou sistema de numeração
sugerindo a coleta de dados de determinados assuntos
decimal - SND, devido ao fato de ser o mais econômico na
que os interessem. escrita, pois com apenas dez símbolos/algarismos (0,1, 2, 3,
• Avaliação formativa: é o momento em que o pro- 4, 5, 6, 7, 8, 9) é possível registrar qualquer quantidade, facili-
fessor deve fazer com que os alunos apresentem o resulta- tando a leitura e a escrita de números.
do da pesquisa, por exemplo, numa exposição de trabalhos Entretanto, estes símbolos são artificiais, pois não se re-
para a comunidade escolar, compartilhando o que desco- lacionam com as quantidades que representam. Por isso é
briram por meio de tabelas e gráficos construídos por eles preciso memorização de uma ordem fixa associada às quan-
com a ajuda do professor. tidades. Esta memorização, porém, é insuficiente para ler, in-
  terpretar e produzir números, tornando-se necessário com-
Quanto à análise de dados estatísticos publicados em preender as regras de funcionamento do sistema (SILVA,
jornais e revistas, por exemplo, o professor, na intenção de 1990). Vejamos, então as regras básicas do funcionamento
levar seus alunos a uma análise crítico-reflexiva sobre de- do SND:
terminada variável envolvida na pesquisa publicada, deve
conduzir seus alunos a perceberem quais são as informa- 26 Fonte: www.somatematica.com.br – Por Clarice Lú-
ções que eles conseguem ler nas tabelas e nos gráficos que cia Schneider
não se fizeram presentes no texto publicado.

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
 É organizado por agrupamentos e reagrupamen- Durante muito tempo entendia-se o ensino do SND
tos em base dez; enquanto reprodução exaustiva de seqüências numéricas.
 É posicional, uma vez que um mesmo símbolo re- Isto garantiria a compreensão do sistema. Entretanto, al-
presenta valores diferentes, dependendo da posição que guns pesquisadores se dedicaram a estudar como crianças
ocupa no número; compreendem a lógica do sistema numérico, trazendo-nos
 É aditivo porque se obtém o valor de número pela informações valiosas para a compreensão do processo en-
soma dos valores posicionais de cada algarismo; sino-aprendizagem do sistema de numeração.
 É multiplicativo, visto que o valor do algarismo é Carraher (1982), por exemplo, realizou estudos com
multiplicado pelo valor da posição ocupada; crianças de primeira e segunda séries com a finalidade de
 Tem no zero a função de guardar posição vazia no investigar se a compreensão da composição aditiva do nú-
número. mero capacita as crianças a escrever e interpretar números
Para fazer uso adequado do sistema, o usuário pre- multidígitos, através de situações de compra em venda. A
cisa compreender estes princípios. Isto não é tão simples pesquisadora concluiu que as crianças podem entender a
assim, todavia, convivemos cotidianamente com situações composição aditiva do número sem saber ler e escrever
que envolvem leitura, interpretação e escrita de números. números, contudo, as crianças que lêem e escrevem nú-
As crianças, desde muito cedo, convivem com informa- meros compreendem a composição aditiva. Como vemos,
ções a respeito da lógica do sistema, mesmo sem com- esta pesquisa combate diretamente a idéia tradicional da
preendê-la. Estas informações precisam ser exploradas e compreensão da lógica do sistema de numeração está su-
ampliadas no âmbito escolar. bordinada à aprendizagem da escrita de números, visto
que as crianças, mesmo sem saber escrever números cor-
Ensino do Sistema de Numeração Decimal retamente, já compreendem princípios básicos do sistema
Quando pensamos em SND, lembramos de seus prin- de numeração.
cípios e regras e da teia de conceitos que envolvem este Já Lerner e Sadovsky (1994) pesquisaram como crian-
conhecimento matemático. Cada recurso que usamos para ças de cinco a oito anos se aproximam da compreensão da
trabalhar o SND permite maior clareza ou transparência numeração escrita. Para isto foram feitas entrevistas clínicas
de determinados princípios do sistema. Tomemos por com duplas de crianças com questionamentos e atividades
exemplo situações de compra e venda com dinheiro em
de comparação e produção de números. O estudo detec-
miniatura ou fichas coloridas que representam os valores
tou que desde cedo as crianças constróem hipóteses para
monetários para trabalhar o sistema: é possível explorar a
escrever e ler números, seja fazendo uso da quantidade e
composição aditiva e o aspecto multiplicativo da nume-
da posição dos algarismos para comparar números, seja se
ração, mas não fica claro o princípio da posicionalidade.
apoiando na vivência anterior com números rasos (dezenas
Vejamos ainda o ábaco e o quadro-valor-do-lugar - QVL,
fechadas, centenas fechadas...) para escrever outros núme-
trabalham muito bem a posicionalidade, distribuindo as
quantidades nas casas de valores diferentes; os agrupa- ros, seja se baseando na numeração falada para elaborar
mentos e reagrupamentos na base dez; e o zero como considerações a respeito da numeração escrita. As pesqui-
mantenedor de lugar. Já com o material dourado é possí- sadoras chegaram à conclusão que estabelecer regularida-
vel trabalhar a base dez e seus agrupamentos, os princí- des no sistema de numeração é uma condição necessária
pios aditivos e multiplicativos, mas não há clareza quanto para compreender as regras do sistema e neste processo
à posição dos números. Desta forma, esta compreensão as crianças criam estratégias que estão diretamente ligadas
por parte do professor sobre as possibilidades e limites de à convivência com este sistema. Contudo é necessário que
cada recurso é fundamental para que ele planeje melhor a criança tenha, dentro do espaço escolar, oportunidades
sua prática pedagógica, oportunizando aos alunos uma constantes e variadas de comparar, escrever e ler números,
variedade de situações que permita ampliar a compreen- isto é, refletir sobre as regularidades do sistema.
são dos mesmos sobre o Sistema de Numeração Decimal. As pesquisas acima comentadas nos remetem a uma
Analisando a compreensão do sistema de numeração consideração importante: não é reproduzindo exaustiva-
decimal, Vergnaud (1991) recomenda que seu ensino do mente seqüências numéricas que a criança compreende o
SND deve considerar: sistema de numeração. Ela convive, desde cedo, com este
 O trabalho com diferentes bases; sistema, levantando idéias e criando ferramentas relaciona-
 A exploração e/ou manipulação de diferentes re- das às informações numéricas que lhe são acessíveis para
cursos pedagógicos; compreendê-lo. Por isto, a importância de se oportunizar
 A articulação dos princípios do sistema de nume- às crianças momentos de reflexão acerca de informações
ração com as regras das operações matemáticas. numéricas, lendo, interpretando, comparando e produzin-
É interessante lembrar que a teia de conceitos deve ser do números. Desta forma, as regularidades do sistema e
explorada através de situações desafiadoras que estimulem seus princípios vão se tornando claros e compreensíveis
o aluno a pensar sobre a situação, acionando, confrontan- para a criança, à medida que for refletindo sobre os mes-
do e modificando conhecimentos, experimentando dife- mos.
rentes estratégias e socializando descobertas. O mundo De acordo com Zunino (1995), no entanto, a forma
numérico está exposto na sociedade, contudo precisamos como é ensinado o sistema de numeração, na maioria das
refletir sobre ele, analisando seus contextos e sua lógica escolas, não valoriza nem explora as estratégias de com-
estrutural para que possamos lhe dar sentido e significado. preensão criadas pelas crianças como ponto de partida

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
para a apropriação do sistema. Resultando, assim, num - Quando for representar o Conjunto dos Naturais não
ensino desinteressante e pouco reflexivo do sistema, isto nulos (excluindo o zero) devemos colocar * ao lado do N.
é, um ensino mecânico. Contudo, fazer dessas orientações Representado assim:
uma constante na prática docente requer preparo, interes- N* = {1, 2,3 ,4 ,5 ,6 ,7 ,8 ,9 ,10 ,11 ,12, ... }
se numa aprendizagem significativa e persistência por par-
te do professor. A reticência indica que sempre é possível acrescentar
Percebemos que o processo ensino-aprendizagem do mais um elemento.
SND encontra-se desarticulado na medida que se ensina N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ...} ou N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, ... }
uma coisa e se avalia outra. É enfatizado no ensino o que
é acessível, conhecido e de domínio do professor, no caso:
Qualquer que seja o elemento de N, ele sempre tem
livro didático, material concreto e os exercícios orais e es-
um sucessor. Também falamos em antecessor de um nú-
critos, acreditando-se que tais recursos/atividades garan-
mero.
tem a compreensão do sistema. No entanto, avaliam-se as
regras de funcionamento do sistema e, ainda, detectando- • 6 é o sucessor de 5.
se que o aluno não compreendeu estas regras, o professor • 7 é o sucessor de 6.
volta a trabalhar os mesmos recursos/atividades para supe- • 19 é antecessor de 20.
rar as dificuldades de seus alunos. • 47 é o antecessor de 48.
Esta desarticulação do ensino nos leva à consideração Como todo número natural tem um sucessor, dizemos
que a formação do professor das séries iniciais em relação que o conjunto N é infinito.
ao ensino de matemática é insatisfatória. Observa-se isto
também quando nos deparamos com as tentativas de pro- Quando um conjunto é finito?
fessoras de melhorar sua prática pedagógica. Elas próprias O conjunto dos números naturais maiores que 5 é infi-
reconhecem que não têm o conhecimento necessário para nito: {6, 7, 8, 9, ...}
trabalhar de uma forma que leve à reflexão e à compreen- Já o conjunto dos números naturais menores que 5 é
são da funcionalidade do SND. finito: {0, 1, 2, 3, 4}
Pensando sobre o ensino do SND, conforme as idéias
aqui expostas, podemos dizer que devem ser considerados Veja mais alguns exemplos de conjuntos finitos.
alguns aspectos em seu desenvolvimento para tornar o pro- • O conjunto dos alunos da classe.
cesso de apropriação do SND mais significativo e reflexivo, • O conjunto dos professores da escola.
tais como: trabalho com outras bases; situações-problema
• O conjunto das pessoas que formam a população
desafiadoras e contextualizadas; explicitação dos princípios
brasileira.28
do sistema de numeração; recursos pedagógicos; articula-
ção dos princípios do sistema com as regras das operações
matemáticas; comparação de números. A matemática sempre esteve presente na vida humana
Nem todo professor está preparado para ensinar o e, por que não dizer, também, na dos animais irracionais.
SND considerando estes aspectos. Eles requerem saberes Suas contribuições são várias, sendo sempre necessária
pedagógicos que geralmente não têm sido abordados em ao desenvolvimento da humanidade em seus diferentes
formação inicial ou continuada. aspectos. Mas como surgiu a matemática e por quem ela
Se o professor não teve oportunidade de refletir sobre foi inventada? Neste trabalho abordarei diversas conside-
os objetivos e conteúdos matemáticos, nem de analisar as rações sobre o desenvolvimento da matemática, porém
maneiras mais adequadas de trabalhá-los com seus alunos, mantendo o foco nos Números Naturais e sua importância
na sua formação inicial, faz-se necessário um investimento em tempos remotos e contemporâneos, algumas de suas
mais efetivo na formação continuada de professores por propriedades e a ideia de valor posicional.
parte das redes de ensino. É m desafio, neste sentido, para Costumo denominar os Números Naturais de Números
a Rede de Ensino do Recife, visto que é urgente reverter Populares. Isso porque nenhum outro conjunto numérico é
este quadro de despreparo professor ao lidar com um con- tão utilizado popularmente quanto os “Naturais”. Sua prin-
teúdo da importância do SND.27 cipal utilidade é, sem dúvida, a de realização de contagens:
“deixe-me ver quantos alunos há nesta sala... um, dois,
NUMEROS NATURAIS
três... quatorze, quinze. Pronto! Nesta sala há quinze alu-
Pertencem ao conjunto dos naturais os números intei-
nos”.
ros positivos, incluindo o zero. Esse conjunto é represen-
- Carla, quantos jogadores de futebol estão presentes
tado pela letra N maiúscula. Os elementos dos conjuntos
devem estar sempre entre chaves. no campo hoje?
N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, ... } - Aguarde um minuto Patrícia, que vou contar: um...
quatro... vinte. São vinte. Ah! Espere! Têm também os golei-
ros. São vinte e dois ao todo.
27 Fonte: www.sbembrasil.org.br - Por Maria Luiza
Laureano Rosas/Ana Coelho Vieira Selva 28 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br – Por Danielle de
Miranda

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Contagens no Passado
Como qualquer área do conhecimento humano, a matemática nasceu da necessidade de povos antigos preocupados
em responder os questionamentos sobre os vários enigmas existentes na formação do nosso planeta, em todas as suas
criaturas, objetos e natureza em geral. Mas não só por esses motivos a matemática foi criada. Foi também pela necessidade
de pastores em manter o controle de seus rebanhos, como mostro no monólogo abaixo:
- Curioso! Muito curioso! Tenho a impressão de que pela manhã esse rebanho era um pouco maior! Será que estou
sendo roubado? Ou perdi ovelhas para as fortes chuvas? Ou será que algumas caíram no rio? Tenho que fazer alguma coisa!
Essa sensação de perda dos bens dos quais com tanto trabalho cuidara, fez com que o homem descobrisse a importân-
cia de arranjar um modo de se obter controle sobre o seu rebanho. Seria primordial encontrar um meio de registrar a quan-
tidade inicial de ovelhas do rebanho e conferir essa quantidade no final do pastoreio, ou seja, comparar o número inicial
com o número final de ovelhas lhes daria, com exatidão, a diferença entre esses dois valores: se o número de chegada fosse
igual ao de saída, não haveria perda; caso o número de chegada fosse menor do que o de saída, estaria faltando ovelhas;
caso o número de chegada fosse maior do que o de saída, ovelhas de outros rebanhos poderiam ter ingressado naquele.
As soluções encontradas foram várias. Alguns, em algum momento da história, utilizaram os dedos para contagem:
cada dedo correspondia a uma ovelha, mas a quantidade de dedos das mãos e dos pés era muito limitada. Por este motivo,
passaram a utilizar os cúbitos dos dedos para fazer a contagem, isto é, para cada cúbito corresponderia uma ovelha, mas
ainda era muito limitada esta contagem. O homem continuou utilizando partes do corpo até perceber que à medida que o
rebanho crescia as partes do corpo eram insuficientes para registrar essas quantidades.
Em meio a esse cenário de necessidades e limitações, surgiu a ideia de realizar a contagem e o registro desses dados
utilizando pedras. Para cada ovelha que saia o pastor colocava uma pedra num saco e a cada uma que retornava ele retirava
uma pedra. Nesse mesmo campo de ideias, os pastores passaram a utilizar riscos em ossos ou em pedras, as chamadas es-
critas cuneiformes, até a criação dos sistemas de numeração: maneira complexa e bem elaborada de registrar quantidades
agrupando-as, ordenando-as e respeitando o seu valor posicional. Foram tantas as situações de registro de quantidades
idealizadas pelos homens, que um pequeno ensaio como este é insuficiente para ilustrar todos os casos, o que se faz aqui
são apenas ilustrações pontuais do que ocorreu durante muito tempo para que chegássemos ao sistema moderno de nu-
meração.

O conjunto dos Números Naturais N


O conjunto dos números naturais, inicialmente composto por 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9... O primeiro povo a fazer a repre-
sentação do zero, os babilônios, a fizeram há mais de dois milênios antes de Cristo. Hoje, temos este conjunto formado da
seguinte maneira: N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9...}. A partir destes elementos podemos formar infinitas quantidades, apenas
agrupando-os de maneira que cada um represente determinado valor de acordo com a sua posição.
É importante destacar, que o nosso sistema de numeração é decimal, isto é, a cada dez unidades formaremos uma de-
zena, a cada dez dezenas formaremos uma centena, a cada dez centenas formaremos um milhar, e assim sucessivamente.
Ancorando-se nos valores posicionais, podemos escrever números astronômicos e saber o que cada um dos seus
algarismos de composição representa naquele contexto. Vejamos um exemplo de análise dos valores dos algarismos com-
ponentes de certo número.

Observem detalhadamente, que no número 2568, o algarismo 2 tem valor 2000, o 5 vale 500, o 6 vale 60 e 8 vale 8. Tudo
isso se dá de acordo com a posição ocupada por cada um: o 8 ocupa a casa das unidades simples, por isso vale apenas 8
unidades; o 6 ocupa a casa das dezenas, valendo 6 dezenas (6 x 10), 60 unidades; o 5 ocupa a casa das centenas, valendo 5
centenas (5 x 100), 500 unidades; e, por fim, o 2 ocupa a casa das unidades de milhar, valendo 2 milhares (2 x 1000), 2000
unidades.

Uma conclusão imediata deste fato é uma curiosidade que intriga a cabeça dos que com ela se depara. Imagine se
alguém lhe perguntasse “quem é maior: 1 ou 3?” Os apressados responderiam “3, é claro”. Mas até que ponto isso está
correto? Bem, a melhor resposta, ou pelos menos a mais cautelosa, seria responder que para saber se 1 é maior ou menor
que 3 seriamos obrigados a saber do contexto no qual eles estão inseridos, por exemplo: no número 321, o 3 é maior que
o 1, pois enquanto o três representa 3 centenas, o 1 representa apenas uma unidade simples; já no caso do número123,
enquanto o 1 representa uma centena, o 3 representa apenas 3 unidades simples, sendo, portanto, 1 maior que 3. Veja a
resposta ideal:

81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
- Marcos, quem é maior, o 3 ou o 1? to férteis para a agricultura. Quando as águas baixavam,
- Isso depende, Paulo. Antes que eu responda, preciso era necessário remarcar os limites entre os lotes de cada
saber em qual número eles estão inseridos. proprietário. Por mais eficiente que fosse a medida utiliza-
Podemos ainda representar um subconjunto dos Nú- da, dificilmente ela caberia um número inteiro de vezes na
meros Naturais utilizando a linguagem moderna dos con- corda, isso levava a utilização das frações.
juntos. Este seria o conjunto dos Números Naturais Não O conjunto dos números racionais engloba todos os
-Nulos: N* = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9...}. Neste novo conjunto, algarismos na forma de a/b, com b ≠ 0, isto é, os números
apenas omitimos a presença do zero. fracionários e as dízimas periódicas (números decimais). O
conjunto é representado pela letra Q maiúscula. Observe
Destaco também algumas características do conjunto alguns exemplos de números racionais:
dos Números Naturais, dentre elas temos: a multiplicação
é sempre permitida neste conjunto – toda multiplicação 3/5 ou 0,6
ou adição entre números naturais resulta sempre outro 4/9 ou 0,4444...
número natural; a divisão nem sempre é permitida dentro 2/11 ou 0,18181818...
deste conjunto – nem toda divisão entre naturais resulta 1/3 ou 0,33333...
em outro número natural (1/2, 3/5, 5/9 etc.); a subtração –36/10 ou –3,6
nem sempre é permitida em N – nem toda subtração entre
naturais resulta em um número natural (1 - 2, 6 - 9, 5 - 8).
Muitas representações já foram feitas dos Números
Naturais. Cada povo os representava de acordo com os
seus sistemas de escrita, suas interpretações das quanti-
dades e dos recursos disponíveis à época. A forma como
escrevemos esses números hoje foi criada na Índia e di-
fundida na Arábia, sendo, por isso, chamados de Números
Indo-Arábicos. Observações importantes sobre os números racionais.
Últimas Considerações
Dá pra ver que a matemática sempre esteve, assim 1º – Todo número inteiro é um número racional.
como qualquer outra ciência, a favor do homem em suas Exemplos:
tomadas de decisões e nas resoluções de problemas. Os ar- 0 = 0/1 – 6 = – 6/1 2250 = 2250/1 – 500 = –500/1
tifícios matemáticos que conhecemos hoje, e que achamos
tão simples de compreender, foram criados numa época 2º – Todo número decimal exato é um número ra-
em que as estruturas basilares do conhecimento, que nos cional. Exemplos:
levam a profundas interpretações, eram muito escassas, 7,6 = 76/10 0,5 = 1/2 – 12,8 = 128/10 6,32 = 632/100
mas nem por isso o homem deixou de criar, de inventar.
Somos uma espécie dotada de tanta sabedoria e inte- 3º – Toda dízima periódica é um número racional.
ligência, porém nem mesmo somos capazes de medir es- Exemplos:
sas características estampadas em nós mesmos. O fato é 0,444444... = 4/9 0,33333... = 1/3 0,6777777.... = 61/90
que raciocinamos, refletimos, comparamos e relacionamos. –0,344444... = –31/90
Tudo isso em campos reais ou fictícios, através de um po-
der de conversão do abstrato a ideias palpáveis, facilmente
compreendidas sem muito esforço por leitores secundá- Todo número inteiro é um número racional, portanto,
rios. o conjunto dos números inteiros (Z) é um subconjunto do
Através da matemática, e do raciocínio aguçado que conjunto dos números racionais (Q). Veja demonstração
o seu estudo nos traz, podemos desenvolver ainda mais através da utilização de diagramas:
as percepções desse mundo de complexidades e realida-
des ainda pouco exploradas. Podemos nos fortalecer como
intelectuais, autoridades naquilo que nos propusermos a
defender, proprietários de um vasto conhecimento e com-
partilhadores dos saberes adquiridos ao longo das várias
jornadas acadêmicas.29

NUMEROS RACIONAIS
Os números racionais surgiram da necessidade de re-
presentar partes de um inteiro. Durante as inundações do
Rio Nilo, no Egito Antigo, as terras que ficavam submersas
recebiam muitos nutrientes, dessa forma tornavam-se mui-

29 Fonte: www.infoescola.com – Por Robison Sá

82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Dentro do conjunto dos números existem os seguintes Em um polinômio, o termo de mais alto grau que pos-
subconjuntos: sui um coeficiente não nulo é chamado termo dominan-
Q* = conjunto dos números racionais com ausência do te e o coeficiente deste termo é o coeficiente do termo
zero. dominante. O grau de um polinômio p=p(x) não nulo, é o
Q+ = engloba somente os números racionais positivos. expoente de seu termo dominante, que aqui será denotado
Q– = engloba somente os números racionais negati- por gr(p).
vos. Acerca do grau de um polinômio, existem várias obser-
Q*+ = engloba somente os números racionais positi- vações importantes:
vos com ausência do zero. Um polinômio nulo não tem grau uma vez que não
Q*– = engloba somente os números racionais negati- possui termo dominante. Em estudos mais avançados, de-
vos com ausência do zero.30 fine-se o grau de um polinômio nulo mas não o faremos
aqui.
ÁLGEBRA ELEMENTAR Se o coeficiente do termo dominante de um polinô-
ÁLGEBRA ELEMENTAR mio for igual a 1, o polinômio será chamado mônico.
Um polinômio pode ser ordenado segundo as suas
Monômios e polinômios: valor numérico e opera-
potências em ordem crescente ou decrescente.
ções.
Quando existir um ou mais coeficientes nulos, o poli-
As expressões algébricas que equacionam os proble-
nômio será dito incompleto.
mas conduzem logicamente à sua solução são denomina-
Se o grau de um polinômio incompleto for n, o nú-
dos polinômios e são formuladas partindo da compreen- mero de termos deste polinômio será menor do que n+1.
são do enunciado de cada problema que pretendemos Um polinômio será completo quando possuir todas as
resolver. Pontos Principais: potências consecutivas desde o grau mais alto até o termo
Monômio e polinômio. constante.
Equação polinomial na variável x. Se o grau de um polinômio completo for n, o número
Valor numérico de um polinômio. de termos deste polinômio será exatamente n+1.
Operações básicas: adição, subtração, multiplicação Considerando que o grau de dois polinômios são:
e divisão. gr(p)=m e gr(q)=n então gr(p.q) = gr(p) + gr(q) e gr(p+-
q)<max{gr(p),gr(q)}
Monômio e polinômio.
Monômio: expressão algébrica definida apenas pela Valor numérico de um polinômio.
multiplicação entre o coeficiente e a parte literal. Exemplo: O valor numérico de um polinômio p=p(x) em x=a é
4x³y² , -3x , 2z² , xyz . obtido pela substituição de x pelo número a, para obter
Polinômios: expressão algébrica composta por dois ou p(a).
mais monômios com a existência de operações entre eles. Exemplo: O valor numérico de p(x)=2x²+7x-12 para
Exemplo: x³-3x²+5x-2 e 3x + 5 . x=3 é dado por:
Polinômio é uma expressão algébrica com todos os p(3) = 2×(3)²+7×3-12 = 2×9+21-12 = 18+9 = 27
termos semelhantes reduzidos.
Polinômio é um ou mais monômios separados por Operações básicas: adição, subtração, multiplicação
operações. 3xy é monômio, mas também considerado poli- e divisão.
nômio, assim pode-se dividir os polinômios em monômios a) Igualdade de polinômios
(apenas um monômio), binômio (dois monômios) e trinô- Os polinômios p e q em P[x], definidos por:
mio (três monômios). p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
Como os monômios, os polinômios também possuem q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn
são iguais se, e somente se, para todo k=0,1,2,3,...,n:
grau e é assim que eles são separados. Para identificar o
tem-se que ak = bk
seu grau, basta observar o grau do maior monômio, esse
será o grau do polinômio.
Teorema: Uma condição necessária e suficiente para
Com os polinômios podemos efetuar todas as opera-
que um polinômio inteiro seja identicamente nulo é que
ções: adição, subtração, divisão, multiplicação, potencia- todos os seus coeficientes sejam nulos.
ção. Assim, um polinômio:
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
Equação polinomial na variável x. será nulo se, e somente se, para todo k=0,1,2,3,...,n:
Dada a equação: tem-se que ak = 0
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn O polinômio nulo é denotado por po=0 em P[x].
onde ao, a1, a2, ..., an são números reais, denomina- O polinômio unidade (identidade para o produto)
dos coeficientes do polinômio. O coeficiente ao é o termo p1=1 em P[x], é o polinômio:
constante. Se os coeficientes são números inteiros, o poli- p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ + ...+ anxn
nômio é denominado polinômio inteiro em x. tal que ao = 1 e ak = 0, para todo k=1,2,3,...,n.
30 Por Marcos Noé

83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
b) Soma de polinômios d) Algoritmo da divisão de polinômios
Consideremos p e q polinômios em P[x], definidos por: Dados os polinômios p e q em P[x], dizemos que q di-
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +... + anxn vide p se existe um polinômio g em P[x] tal que p(x) = g(x)
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +... + bnxn q(x)
Definimos a soma de p e q, por: Se p em P[x] é um polinômio com gr(p)=n e g é um
(p+q)(x) = (ao+bo)+(a1+b1)x+(a2+b2)x²+...+(an+bn) outro polinômio com gr(g)=m<n, então existe um polinô-
xn mio q em P[x] e um polinômio r em P[x] com gr(r)<gr(g),
A estrutura matemática (P[x],+) formada pelo conjunto tal que:
de todos os polinômios com a soma definida acima, possui p(x) = q(x) g(x) + r(x)
algumas propriedades: Um caso particular importante é quando tomamos
Associativa: Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem- g(x)=x-c e p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
se que: (p + q) + r = p + (q + r) Como para todo k=1,2,3,...,n vale a identidade:
Comutativa: Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem- xk-ck = (x-c)( xk-1 + cxk-2 + c²xk-3 +...+ ck-2x+ck-1 )
se que: p + q = q + p então para p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
Elemento neutro: Existe um polinômio po(x)=0 tal temos que p(c) = ao + a1c + a2c² + a3c³ +...+ ancn
que po + p = p, qualquer que seja p em P[x]. e tomando a diferença entre p(x) e p(c), teremos:
Elemento oposto: Para cada p em P[x], existe outro p(x)-p(c) = a1(x-c) + a2(x²-c²) + a3(x³-c³) +...+ an(xn-cn)
polinômio q=-p em P[x] tal que p + q = 0 o que garante que podemos evidenciar g(x)=x-c para
Com estas propriedades, a estrutura (P[x],+) é denomi- obter p(x)- p(c)=(x-c) q(x)
nada um grupo comutativo. onde q=q(x) é um polinômio de grau n-1. Assim, po-
demos escrever:
c) Produto de polinômios p(x)=(x-c) q(x)+p(c) e é claro que r(x)=p(c) é um poli-
Sejam p, q em P[x], dados por: nômio de grau 0.
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn Expressões algébricas: produtos notáveis e fatora-
Definimos o produto de p e q, como um outro polinô- ção.
mio r em P[x]: As operações básicas com polinômios tratam algebri-
r(x) = p(x)·q(x) = co + c1x + c2x² + c3x³ +...+ cnxn camente as proposições próprias das operações com nú-
tal que: meros. Em especial, a multiplicação de polinômios tem ca-
ck = aobk + a1bk-1 + a2 bk-2 + a3bk-3 +...+ ak-1 b1 racterísticas que permitem converter uma expressão algé-
+ akbo brica formada por adição e subtração de monômios em um
para cada ck (k=1,2,3,...,m+n). Observamos que para produto e vice-versa. Observar a expressão algébrica que
cada termo da soma que gera ck, a soma do índice de a corresponde ao enunciado de determinado problema nos
com o índice de b sempre fornece o mesmo resultado k. permite escolher a forma mais conveniente de represen-
A estrutura matemática (P[x],·) formada pelo conjun- tá-la, seja por um produto ou pela adição de monômios.
to de todos os polinômios com o produto definido acima, Pontos Principais:
possui várias propriedades: Produtos notáveis.
Associativa: Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem- Fatoração.
se que: (p · q) · r = p · (q · r) Uma equação algébrica real na variável x é uma relação
Comutativa: Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem- matemática que envolve apenas um número finito de ope-
se que: p · q = q · p rações de soma, subtração, produto, divisão e radiciação
Elemento nulo: Existe um polinômio po(x)=0 tal que de termos envolvendo a variável x.
po · p = po, qualquer que seja p em P[x]. Exemplos
Elemento Identidade: Existe um polinômio p1(x)=1 2x²+3x+7=0
tal que p1 · p = p 3x²+7x½=2x+3
qualquer que seja p em P[x]. A unidade polinomial é A função exponencial exp(x)=ex pode ser escrita como
simplesmente denotada por p1=1. um somatório com infinitos termos contendo potências de
Existe uma propriedade mista ligando a soma e o pro- x: ex = 1 + x +x²/2! + x³/3! + x4/4! + x5/5! +...
duto de polinômios assim, a equação x²+7x=ex não é uma equação algé-
Distributiva: Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], brica, o que equivale a dizer que esta equação é transcen-
tem-se que: dente.
p · (q + r) = p · q + p · r Quando a equação é da forma: p(x) = 0
Com as propriedades relacionadas com a soma e o onde p é um polinômio real em P[x], ela será chamada
produto, a estrutura matemática (P[x],+,·) é denominada equação polinomial.
anel comutativo com identidade. Quando uma equação possui a variável sob um sinal de
Exemplo: Efetue a multiplicação (x + 2).(x + 3). radiciação ela é chamada equação irracional.
(x + 2).(x + 3) = x.(x + 3) + 2.(x + 3) = x2 + 3x + 2x + 6 Exemplo: 2x²+3x+7 =0 e 3x²+7x½=2x+3 são equa-
= x2 + 5x + 6 ções algébricas. A primeira é polinomial, mas a segunda
não é polinomial. Esta segunda é uma equação irracional.

84
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Produtos Notáveis Raiz de uma equação de primeiro grau.
a) Quadrado da Soma de Dois Termos Solução de uma equação de primeiro em domínio
Definição: O quadrado da soma de dois termos é igual determinado.
ao quadrado do primeiro, mais duas vezes o produto do pri-
meiro pelo segundo, mais o quadrado do segundo. Raiz de uma equação de primeiro grau.
Exemplo: (x + 3y)2= x2 + 2.x.(3y) + (3y)2 = x2 + 6xy + 9y2 A equação ax+b=0 com a diferente de zero, admite
uma única raíz dada por: x = -b/a
b) Quadrado da Diferença de Dois Termos
Definição: O quadrado da diferença de dois termos é Equações de segundo grau.
igual ao quadrado do primeiro, menos duas vezes o produto Uma equação do 2° grau na variável x é toda equação
do primeiro pelo segundo mais o quadrado do segundo. da forma: ax2 + bx + c = 0, onde a, b e c são os coeficientes
Exemplo: (7x – 4)2= (7x)2 – 2.(7x).4 + 42 = 49x2 – 56x + da equação, representado por números reais, com a ≠ 0.
16 Exemplo: Considere a resolução das seguintes equa-
ções do 2° grau:
c) Produto da Soma pela Diferença de Dois Termos a) x2 – 7x = 0.
Definição: O produto da soma pela diferença de dois x(x – 7) = 0 ⇒ x = 0 ou x – 7 = 0 ⇒ x = 0 ou x = 7. Logo,
termos é igual ao quadrado do primeiro termo menos o qua- S = {x ε R| x = 0 ou x = 7}.
drado do segundo termo.
Exemplo: (3a + x) . (3a – x)= (3a)2 – (x)2 = 9a2 – x2 b) x2 – 25 = 0.
x2 = 25 ⇒ x = ± 5. Logo, S = {x ε R| x = 5 ou x = -5}.
Fatoração
Fatorar um número significa escrevê-lo como uma mul- c) x2 – 10x + 25 = 0.
tiplicação de dois ou mais números. Quando todos os termos (x – 5)2 = 0 ⇒ x = 5. Logo, S = {x ε R| x = 5}.
de um polinômio têm um fator comum, podemos colocá-lo
em evidência. A forma fatorada é o produto do fator comum A igualdade é denominada Equação de Segundo Grau
pelo polinômio que se obtém dividindo-se cada termo do quando a letra que representa o número desconhecido na
polinômio dado pelo fator comum. sentença matemática está elevada a dois. Normalmente, as
a) Diferença de Quadrados equações de segundo grau correspondem a enunciados de
Considere o polinômio x2 – y2. Nos produtos notáveis, problemas que envolvem grandezas em duas dimensões.
vimos que essa diferença de quadrados é o resultado de (x + Pontos Principais:
y).(x – y). Portanto, x2 – y2 = (x + y).(x – y). Raiz de uma equação de segundo grau.
Por isso, toda diferença de dois quadrados pode ser fa- Solução de uma equação de segundo em domínio
torada como acima. determinado.
Exemplo: Fatorar x2 – 25. Como 25 = 52, x2 – 25 = x2 – 52
= (x + 5)(x – 5). Raiz de uma equação de segundo grau.
A equação ax²+bx+c=0 com a diferente de zero, admi-
b) Trinômio Quadrado Perfeito te exatamente duas raízes no conjunto dos números com-
O polinômio x2 +2xy + y2 é um trinômio quadrado per- plexos, dadas por:
feito. É um trinômio porque tem três monômios; e é um qua- x1=(-b+R[b²-4ac] / 2a
drado perfeito porque ele é o quadrado de (x + y), ou seja, é x2=(-b- R[b²-4ac]/ 2a
o resultado de (x + y)2. Outro trinômio quadrado perfeito é onde R[z] é a raiz quadrada de z.
x2 – 2xy + y2, que é o resultado de (x – y)2. Assim, temos mais
dois polinômios que sabemos fatorar: A fórmula de Bhaskara
x2 + 2xy + y2 = (x + y)2 x2 – 2xy + y2 = (x – y)2. Na equação do 2° grau, ax2 + bx + c = 0, indica-se b2
Exemplo: Fatorar x2 + 12x + 36. Neste caso x2 e 36 são – 4ac por _.
quadrados e suas bases são x e 6 e, além disso, 12x = 2.x.6. Quando _ < 0, a equação não tem soluções reais.
Assim, x2 + 12x + 36 = (x + 6)2. Quando _ ≥ 0, as soluções são obtidas pela fórmula:
Problemas: equações de primeiro e segundo graus.
Equações de primeiro grau. Ao interpretar os enunciados de problemas, distingui-
As equações da forma ax = b, com a, b ε R e a ≠ 0 são mos as grandezas nele envolvidas e optamos por represen-
chamadas de forma reduzida das equações do 1° grau na tá-lo matematicamente por uma equação observando seu
incógnita x. Resolver uma equação significa determinar os respectivo grau. A quantidade de raízes que uma equação
valores de x que a tornam verdadeira. admite está relacionada ao seu grau e determina métodos
Equação é a sentença matemática expressa por uma particulares de solução. Pontos Principais:
igualdade na qual exista uma ou mais letras representativas Interpretação de problemas.
de números desconhecidos dessa sentença. A igualdade é Coerência nas respostas que representam a solução
denominada Equação de Primeiro Grau quando a letra que de problemas interpretados por equações de primeiro ou
representa o número desconhecido está elevada a um. segundo graus.31
Normalmente, as equações de primeiro grau correspon-
dem a enunciados de problemas que envolvem grandezas 31 Fonte: www.waltenomartins.com.br - Por Walteno
em uma dimensão. Pontos Principais: Martins Parreira Júnior

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
ESPAÇO E FORMA Figuras e sólidos
Para as crianças, esfera e círculo são bolas. Mas é preciso
Quando ensinados a turmas do 1º ao 5º ano, os con- conhecer as diferenças
teúdos de geometria recebem o nome de espaço e forma. Nos primeiros anos, os estudantes devem explorar uma
A definição já esclarece os objetivos perseguidos nas séries ampla variedade de figuras e sólidos para conhecer as seme-
iniciais nessa área da Matemática: trabalhar com a localiza- lhanças e as diferenças entre as faces, a quantidade de vérti-
ção no espaço e reconhecer propriedades de figuras planas ces, diagonais e lados que eles têm e também para abordar
e não-planas. No primeiro item, é esperado que a garotada com mais profundidade as propriedades de quadrados e re-
interprete e construa representações espaciais, localize ob- tângulos, cubos e paralelepípedos, círculos e esferas. A partir
jetos e comunique posições e deslocamentos. No segundo, do 3º ano é possível começar a planificar e a construir sóli-
o objetivo é reconhecer as diferentes figuras geométricas e dos - atividades nas quais os pequenos exploram e colocam
usá-las como ferramentas para resolver problemas. em prática as propriedades que aos poucos vão descobrin-
Ambas as abordagens, porém, correm o risco de ser do. Selecionar informações para descrever uma forma ou
tratadas com certo desdém na sala de aula. Isso porque há interpretar uma descrição para representá-la são atividades
a percepção de que esses conhecimentos parecem intuiti- a ser trabalhadas progressivamente entre o 1º e o 5º ano.
vos e passíveis de ser incorporados na simples vivência de A memorização dos nomes corretos é importante, mas
situações do cotidiano. Embora errônea, a ideia tem razão está longe de ser o único objetivo no ensino dessa área do
de ser. Sim, é possível (e faz parte do desenvolvimento cog- conhecimento. Antes - ou concomitantemente - é preciso
nitivo) aprender a se localizar em uma cidade ou descobrir dar lugar a situações que exijam que as crianças utilizem
facilmente as formas corretas para encaixar em determi- seus saberes prévios para construir novos saberes. Uma das
nada superfície. “Mas a escola deve garantir que todas as sugestões é lançar mão de atividades que as levem a identi-
crianças, e não apenas as que desenvolvem essas habili- ficar uma figura entre várias outras, utilizando para isso ape-
dades nas interações em outros contextos, saibam indicar nas a descrição do colega, pois tanto quem descreve quanto
um itinerário e seguir orientações de direção e consigam quem ouve a instrução deve conhecer bem as características
das formas para cumprir o objetivo. Uma proposta como
antecipar se um sólido cabe dentro do outro sem ter de
essa rompe com uma tradição do ensino da geometria: “O
experimentá-lo a cada nova situação”, diz Elisabete Búrigo,
professor não deve propor que o aluno repita uma série de
professora do Instituto de Matemática da Universidade Fe-
passos já estabelecidos para resolver um problema, mas fa-
deral do Rio Grande do Sul.
vorecer a discussão de procedimentos que permitam chegar
à resolução partindo das propriedades que a criança conhe-
A criança e o entorno
ce”, diz o argentino Héctor Ponce.
Trabalhar com mapas e outras propostas cartográficas
é bem mais comum na área de Geografia, embora ofereça Antecipação e dedução
ótima oportunidade de desenvolver conhecimentos geo- Um dos objetivos principais do trabalho com geometria
métricos. “Para se localizar é preciso operar com formas, nas séries iniciais do Ensino Fundamental é a possibilidade
dimensões e representações bidimensionais do espaço de prever transformações. No estudo de figuras e sólidos dá
tridimensional”, afirma Héctor Ponce, pesquisador argen- para calcular quantas hastes são necessárias para construir o
tino especialista em didática da Matemática (leia mais na esqueleto de um icosaedro (20 faces). No desenvolvimento
entrevista na página 2). Se na Geografia essa ferramenta é de estratégias de orientação espacial, o desafio é imaginar
usada para chegar a outro conhecimento, na geometria as um deslocamento sem ter de percorrê-lo. “Isso se chama
próprias representações são o foco do ensino. inferir relações que não estão explícitas e que levarão aos
Desde a Educação Infantil as crianças são capazes de resultados independentemente da experimentação, usando
enfrentar situações envolvendo direções e sentidos. Elas apenas dados e propriedades”, diz Ponce. A possibilidade de
reconhecem a vizinhança, sabem indicar trajetos em locais deduzir e antecipar é a essência do pensamento matemático
que lhes são familiares e percebem a continuidade ou a e deve ser desenvolvida fundamentalmente na escola.
fragmentação de espaços abertos ou fechados. Outro aspecto comum aos dois estudos é a importância
Com propostas de atividades que trabalhem dimen- de adquirir o vocabulário específico. “Cabe ao professor en-
sões menores e mais próximas da garotada (como a sala sinar a criança a diferenciar um círculo de uma esfera para se
de aula), até chegar às mais amplas (a cidade), pode-se de- comunicar em relação a um problema geométrico, embora
senvolver a coordenação de diferentes pontos de vista para na linguagem cotidiana ambas sejam nomeadas ‘bolas’”, ex-
que todos representem graficamente um espaço determi- plica Saddo Ag Almouloud, coordenador do curso de pós-
nado e descubram a melhor orientação a seguir para se graduação em Educação Matemática da Pontifícia Universi-
movimentar dentro dele. “Faz parte do currículo ensinar a dade Católica de São Paulo.
montar um itinerário ou se localizar nele, usando para isso Sem dominar as propriedades de formas e sólidos (em
o vocabulário correto”, explica Elisabete. Assim, a criança contextos em que elas possam ser utilizadas) nem com-
não precisará virar um mapa ao contrário para encontrar o preender as representações bidimensionais como produto
caminho certo a percorrer. A seleção de referências para se das “perspectivas de olhar” não há como chegar aos passos
localizar ou para indicar uma trajetória e a interpretação de seguintes da geometria, definir e demonstrar teoremas e
indicações são estratégias a ensinar na escola. colocá-los em prática, desenvolvendo a geometria abstra-
ta.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Formação deficitária fará futuramente um bom profissional, pois, compreende
É muito comum que a geometria seja deixada para o diversos estudos relacionados ao nosso cotidiano, abran-
final do planejamento anual dos professores, que não raro ge questões relacionadas a quantificar objetos e formas da
terminam o ano sem tratar do assunto. Segundo Almou- natureza. Tanto na Matemática como na Geometria, este
loud, a formação deficiente e a conseqüente insegurança tema aborda claramente, conhecimentos em que utiliza-
em relação à maneira de ensinar fazem com que se adie mos diariamente em nossa vida onde podemos citar: divi-
o máximo possível a apresentação desses conteúdos aos dir o tempo para realizarmos nossas tarefas, saber a área
estudantes. E, quando há a chance de trabalhar com eles ou o perímetro de uma região que será coberta, a taxa de
em sala de aula, geralmente as práticas não são as mais energia consumida mensalmente, entre outras.
adequadas: «A proposta deve ir além da manipulação de É importante que o professor renove sua metodolo-
sólidos e da observação de figuras para acabar de vez com gia sempre de acordo com a realidade da sala, trabalhando
a ruptura que existe entre a aprendizagem de represen- atividades que facilitam a aproximação aluno-escola, a re-
tações planas e de sólidos tridimensionais, como se am- lação interpessoal professor-aluno tornando-se amigos na
bos não estivessem presentes simultaneamente na vida da busca pela aprendizagem no âmbito educacional. A partir
criança.»32 daí, poderá repassar tanto o conhecimento teórico, prático,
quanto à afetividade, o respeito mútuo, comportamento e
GRANDEZAS E MEDIDAS essencialmente a participação de todos no andamento das
aulas, o que é de grande importância para compreender e
O conteúdo de Grandezas e Medidas é essencial para consolidar as noções de grandezas.
o conhecimento prático das pessoas. De modo geral, con-  Nessa perspectiva aumenta o compromisso do pro-
templa aos educandos as diferentes maneiras pelas quais fessor em planejar suas aulas com maior atenção, adequar
podem conhecer quantitativamente seu ambiente de con- sua didática às novas tendências e modelos de ensino para
vivência. Tudo que a gente ver pode ser medido, isso re- a disciplina, compreender ao máximo a história de vida de
força a grande importância deste conhecimento para o cada componente da turma. É necessário que o professor
dia-a-dia do indivíduo. A pesar disso, qual será o motivo valorize as descobertas e opiniões dos seus alunos, dando
que leva os alunos chegarem ao 6º ano do ensino funda- maior ênfase naquilo que é interessante para eles, isso o
mental e não terem o conhecimento necessário sobre este ajudará a transformar a angústia da sua clientela em prazer,
assunto importantíssimo no contexto social? Pois, além de facilitando a construção do raciocínio lógico, melhorando
não conhecerem as unidades de medidas nem os seus sig- a aprendizagem da sala como um todo.
nificados, ambos chegam à sala sem perspectiva de apren-
der, sem vontade de estudar, principalmente quando se Grandezas e medidas-dificuldades na aprendizagem
fala em Matemática. Qual o papel da escola diante desta A aprendizagem de qualquer conteúdo estudado em
sala de aula ocorre paulatinamente obedecendo a uma or-
dificuldade que atrapalha a relação ensina-aprendizagem
dem sistemática de acontecimentos, equilibrando-se aos
e a construção do saber? Esse problema ocasiona a falta
níveis educacionais e organização das turmas em séries.
de interesse, a desmotivação, influencia diretamente no
Na grade curricular, os temas relacionados à disciplina de
pensamento e sufoca o raciocínio do alunado refletindo na
Matemática aparecem organizados deste os mais simples
aprendizagem.
até os mais avançados, abrangendo vários assuntos como:
É comum para os alunos sentirem dificuldades no iní-
números (símbolos que representam quantidades), ope-
cio do ano letivo tendo em vista uma nova série, um estudo
rações fundamentais (que representam ganhos e, ou per-
mais avançado com relação a determinado assunto. Porém das de produtos), grandezas (representações geométricas
é inaceitável perceber-se que tais problemas continuem a de espaço e forma), entre outros. Dessa maneira, deveria
existir ao longo do ano corrente sufocando o desejo de acontecer também a compreensão por parte dos alunos
aprender por parte do alunado. Decerto que na maioria no que diz respeito ao tema em questão. Porém não é o
das salas de aula, acontecem transtornos em virtude daqui- que a gente ver nas nossas salas de aula, pois há alunos
lo que é desconhecido, seja qual for a disciplina ou assunto do 6º ano do ensino fundamental que desconhecem o sig-
em estudo, principalmente na Matemática, por ter um his- nificado de grandezas e medidas para o nosso cotidiano,
tórico de “matéria difícil”. Como mudar esse pensamento tampouco as diferenciam.
negativo que acompanha os estudantes desde as séries ini- São vários os motivos pelos quais os educandos sen-
ciais do ensino fundamental? Não se deve ficar procurando tem dificuldades em conhecer e interpretar situações que
culpados por tal situação e sim desenvolver um trabalho envolvem medidas, um tema indispensável para nossa vida.
mais consistente para despertar na turma o desejo de co- Isso acontece muitas vezes em razão da falta de interesse
nhecer o novo, isto é, acordar para a vida. por parte dos jovens, metodologia utilizada pelo professor
Num contexto geral, todas as grandezas têm sua im- em paralelo à realidade da sala ou até mesmo a didática
portância para a construção do pensamento sólido que do profissional da educação. Existe também o caso onde o
permitirá ao indivíduo como sujeito social conhecer e uti- próprio sistema educacional ao programar o currículo es-
lizar os vários tipos de medidas em benefício de si, afas- colar trata o tema com mérito muito aquém do verdadeiro
tando o fantasma da recuperação e da repetência. Isso lhe significado das grandezas, como ressaltam Lima e Belle-
32 Fonte: www.revistaescola.abril.com.br - Por Thais main (Coleção Explorando o Ensino Matemática, Vol. 17 p.
Gurgel 168):

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Contudo, ainda há livros nos quais o estudo das grande- exemplo, transformar l (litros) em m3 (metros cúbicos), no en-
zas e medidas aparece                    concentrado nos últimos ca- tanto para isso deve-se compreender primeiramente o concei-
pítulos da obra, e isso contribui, muitas vezes, para que esses to das unidades envolvidas. Da mesma forma acontece com
conteúdos não sejam estudados durante o ano letivo. Além atividades relacionadas a tempo, massa, e mais tarde poderá
do mais, vários livros apresentam exclusivamente as unidades acontecer quando estudarem velocidade, ângulos, etc. Portan-
padronizadas de medição de grandezas. Outros dedicam ex- to as dificuldades existem e o desafio é envolver os jovens com
cessiva importância à conversão de unidades de medida. Em os estudos relacionados à Matemática partindo de situações
alguns casos, nos primeiros anos do Ensino Fundamental, é práticas vivenciadas por eles no seu dia a dia, fazendo-os en-
dada atenção precoce às fórmulas de cálculo de perímetro e tenderem através do pensamento crítico a necessidade de um
de área de figuras planas. (LIMA E BELLEMAIN, 2010, p. 168). conhecimento amplo no que se refere às grandezas e medidas.
Como podemos ver o próprio sistema não dá a importância
devida a um determinado conteúdo, torna-se difícil o professor Grandezas e medidas nas atividades sociais
conseguir repassar com êxito para sua turma e acaba refletindo As grandezas e medidas começaram a aparecer como
no foco principal da educação que é o estudante. Sem falar práticas sociais com o surgimento das primeiras civilizações
que o ensino da Matemática focaliza mais a parte da aritmética quando o ser humano sentiu a necessidade de construir mo-
nas séries iniciais, deixando de lado o assunto em questão. De radias para que pudessem esconder-se dos perigos. Na civili-
acordo com os autores citados os livros apresentam contextos zação egípcia deu-se o processo de medição dos terrenos nas
diferentes quanto às medidas, se determinado livro dá maior encostas do Rio Nilo, pois quando as águas baixavam, des-
ênfase a conversão de unidades, os alunos poderão até apren- cobria uma grande quantidade de área fértil que era dividida
der pelo fato da repetição de cálculos, mas não compreendem entre os trabalhadores. Neste processo eles usavam cordas
o verdadeiro sentido das grandezas para sua vida prática. Com como materiais para medir as terras e como medida utiliza-
isso, quando avançarem às séries posteriores, já tem esquecido vam partes do seu corpo. Ângela Maria da Silva Godoi em
o que estudaram anteriormente, isto é, não sabem o enuncia- seu artigo “Grandezas e Medidas do cotidiano escolar” relata:
do ou mesmo classificá-las, além do mais deparar-se-ão com Quando o homem começou construir habitações e a de-
novos tipos de grandezas como a velocidade, estudo avançado senvolver a agricultura, precisou criar meios de efetuar me-
de ângulos e áreas de figuras. Ainda com relação aos livros di- dições e começaram a usar como referência parte do corpo,
dáticos, Fabiana Cezário de Almeida afirma o seguinte: surgindo, assim, as primeiras medidas de comprimento: a po-
Os Livros Didáticos são materiais que no Brasil, de acordo legada, o pé, a jarda, a braça e o passo. Algumas dessas medi-
com Romanatto (2004), sempre foram considerados de qualida- das (a polegada, o pé, a jarda) continuam sendo empregadas
de duvidosa, não cumprindo seu papel de apoio ao processo até hoje. (GODOI, 2008-2009, p. 03).
educacional, pois são autoritários e fechados, com exercícios que Na sociedade em geral as grandezas se mostram pre-
pedem respostas padronizadas, não permitindo aos alunos e sentes em todos os momentos nas atividades exercidas pe-
professores um debate crítico e criativo. (ALMEIDA, 2005, p. 05). las pessoas cotidianamente. Adultos, jovens e crianças par-
 Outro ponto crucial para tais dificuldades de aprendiza- tilham constantemente das unidades de medidas conforme
gem em sala é a respeito dos alunos não terem tido uma boa suas necessidades no cumprimento das suas tarefas diárias.
base nas séries iniciais com relação à temática e o fato dos Uma criança, mesmo desconhecendo o valor de uma nota ou
professores não se identificarem com a Matemática e cum- moeda, sabe que o dinheiro serve para obtermos alguma coi-
prem apenas aquilo que já está programado no livro didáti- sa em “troca”; um engenheiro, ao construir a planta de casa
co, ou seja, copiam do livro e repassam para a turma. Nesse trabalha as grandezas geométricas como área, perímetro e
caso fica claro que não há um planejamento mais detalhado ângulos; nos comércios de modo geral são usados continua-
a respeito da aula de Matemática no conteúdo já menciona- mente massa (peso) e o próprio dinheiro na compra e venda
do. Contudo, isso não condiz com a proposta dos Parâmetros de produtos. As grandezas e medidas fazem-se presentes em
Curriculares Nacionais, nos quais detalham que: nossos lares nas mais variadas tarefas do dia a dia, seja na
O professor, ao organizar as atividades que envolvam Gran- conta de energia, telefone e água entre outras que pagamos
dezas e Medidas, deverá levar em conta que o trabalho com mensalmente, nos utensílios domésticos que a dona de casa
esse tema dá oportunidade para abordar aspectos históricos usa para cozinhar alimentos, preparar sucos e bolos. É bastan-
da construção do conhecimento matemático, uma vez que os te intensa a relação das grandezas com as nossas ações, pois,
mais diferentes povos elaboraram formas particulares de com- diariamente trabalhamos alguns tipos de unidades.
parar grandezas como comprimento, área, capacidade, massa  Perez (2008, p. 41-42) explica que: “O tema grandezas e
e tempo. Assim também, o estudo das estratégias de medi- medidas tem um cunho social muito forte e por isso as crianças,
das usadas por diferentes civilizações pode auxiliar o aluno na quando vem para a escola, já realizaram algumas experiências
compreensão do significado de medida. Além disso, possibilita mesmo que informais, com medidas, seja em jogos, brincadeiras
discutir a temática da pluralidade cultural. (PCNs, 1998, p. 129).  ou outras atividades do seu dia-a-dia”. Para ter-se um exemplo
Outra dificuldade encontrada nos alunos do ensino fun- mais claro disso, vejamos que no simples ato de fazer um
damental II é pelo fato de não entenderem o conceito de cafezinho, uma dona de casa trabalha com as seguintes gran-
grandezas e nem distingui-las, por exemplo: numa simples dezas: volume, esta grandeza faz-se presente através da água
atividade de comparação de medidas de mesma grandeza, utilizada para o café; massa (peso), encontrados na quanti-
ou seja, a transformação de unidades maiores em unidades dade de pó do café e no açúcar em quantidade necessária;
menores ou vice-versa, constatamos uma dificuldade que temperatura (em graus Celsius) adequada para ferver a água;
chega a ser até absurda. Imagine então para eles trabalharem a energia elétrica consumida e o tempo relativo ao intervalo
a comparação de unidades de grandezas diferentes como, por entre a preparação até que o café esteja pronto.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Exemplos como esses mostram o quanto as pessoas utilizam diferentes unidades de medidas na prática de suas ati-
vidades cotidianas, seja domésticas, pessoais ou sociais. Mas, por que muitas pessoas mesmo sem ter frequentado sala
de aula tem uma noção aproximadamente exata da quantidade de material usado para preparar um chá, ou um bolo, por
exemplo? Ora, tarefas como essas não precisam que a medidas dos ingredientes sejam exatas, pois apenas uma aproxi-
mação é necessária. É o mesmo caso dos operários juntarem o cimento com a areia e o barro para obter como resultado
uma massa pronta usada nas construções. Esse conhecimento é adquirido nas práticas vivenciadas diariamente de acordo
com a necessidade das pessoas e são transmitidos pela instrução onde os jovens aprendem com seus pais e continuam
exercendo a mesma profissão. Neste caso, é um conhecimento “hereditário”, independentemente de uma formação aca-
dêmica, alheio à escola, pois tornou- se um profissional apesar de não ter nenhuma graduação. 

Vejamos outro exemplo da presença indiscutível das grandezas na prática social e agora como quantidades de medi-
da exata. Imagine um paciente com pressão alta ao consultar seu médico, este ouvindo o problema dele, receita-lhe um
medicamento, ambos deverão saber quantos miligramas serão ingeridos e o intervalo de tempo necessário para que esse
remédio faça efeito e normalize a pressão. Neste caso cada unidade de grandeza envolvida neste processo deverá ser exata
para o bom êxito do trabalho realizado, caso o paciente exceda na posologia ou no intervalo de tempo transcrito na receita
médica, o remédio não surtirá o efeito esperado. Então aquilo que seria tranquilamente a solução para um determinado
problema de saúde acaba por causar efeito colateral e maior risco ao paciente.
Na situação citada acima percebemos a influência das grandezas e medidas em nossas atividades diárias, mas não
se resumem apenas nos exemplos mencionados anteriormente, este conteúdo tem significado amplo no contexto social.
“Além dos usos no cotidiano, os conhecimentos relativos às grandezas e medidas são necessárias nas atividades técnicas
de todas as profissões: culinária; agricultura e pecuária; marcenaria; costura; comércio; engenharia; medicina; arquitetura;
esportes”. Lima e Bellemain (Coleção Explorando o Ensino Matemática, Vol. 17 p. 170). Pela fala dos autores percebemos
que as grandezas têm um papel fundamental na sociedade independente da qualificação profissional de cada cidadão, pois
de um jeito ou de outro, o conhecimento adquirido em sala de aula com relação às unidades de medidas sempre estarão
sendo usadas.
Na atualidade, algumas outras unidades contemporâneas dominam o mundo dos adolescentes que estão sempre
abertos as novidades tecnológicas. Mas, como ainda não fazem parte do currículo escolar e os professores estão alheios a
isso, acaba passando despercebido por todos. Diante disso, percebemos a importância de uma reforma no ensino da ma-
temática mais direcionado aos novos tempos. Segundo Piaget (1896-1980) apud Munari (2010, p. 66):
É perfeitamente possível e desejável, empreender uma reforma do ensino na direção da matemática moderna, pois, por
uma convergência notável, esta revela-se bem mais próxima das operações naturais ou espontânea do sujeito (criança ou
adolescente) do que o ensino tradicional desse ramo, excessivamente submetido à história. (MUNARI, 2010, p. 66). 

Em virtude disso, esperamos uma reformulação no ensino direcionado às novas tendências tecnológicas para os
temas matemáticos, tendências essas que venham facilitar a relação ensino aprendizagem em sala, bem como a relação
professor-aluno. Os jovens adoram ouvir músicas, seja no som do carro, no celular ou em um som comum, porém eles
nem imaginam que estas mesmas músicas são armazenadas em objetos que tem como unidade de medida o byte pre-
sente em pendrives, Cds, DVDs, entre outros. A escola deve buscar soluções na vivência dos discentes a fim de prender
sua atenção sobre as grandezas fundamentais, bem como as contemporâneas nas quais eles já trazem para as aulas uma
bagagem considerável a respeito do tema como conhecimento de mundo. Tendo em vista isso, torna-se fundamental o
professor ter uma visão além do contexto apresentado no currículo escolar e procurar sempre novas técnicas para rela-
cionar vivência e prática de acordo com cada temática a ser estudada em sala de aula. 

Atividades relacionadas às grandezas e medidas


De acordo com os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), os livros didáticos do aluno adotados pela escola Geraldo Gomes
da Silva numa visão mais ampla discorre exercícios que apresentam uma grade variedade de situações onde no ato da resolução
requer uso de unidades diferentes na resposta dada. Isso ocorre independentemente da unidade ou conteúdo que esteja sendo apli-
cado pelo professor durante o ano letivo, isto é, mesmo que o item colocado em discussão não seja especificamente sobre grandezas.
Nos 5º e 6º anos do ensino fundamental espera-se que os educandos já possuam um conhecimento significativo com
relação aos temas estudados nas séries iniciais. Certamente acontece com os alunos que tem maior facilidade em Mate-
mática e tiveram uma boa base nas séries iniciais, isto é, estudaram em ótimas escolas com bons professores na disciplina
vigente. Atualmente os livros didáticos trazem uma grande variedade de atividades sobre grandezas bastante condizentes
com a realidade e que ilustram diversas situações cotidianas, mas que o método de resolução continua sempre a pedir o
“x” da questão, ou seja, mudam as questões, porém o processo de repassá-las em sala de aula continua o mesmo. O pro-
fessor exemplifica na lousa o conceito da grandeza em questão, tira as dúvidas dos poucos alunos que se interessaram e
logo marca no livro os exercícios a serem trabalhados naquela aula, nisto julga ter concluído sua parte e a partir daquele
momento é a vez do aluno. Embora ele consiga resolver prontamente os exercícios do livro didático, não terá assimilado o
conceito explicado pelo professor, pois, através das fórmulas segue passo a passo a maneira de resolver as questões e, ao
ver-se de frente a outro assunto acaba por esquecer aquele que estudou anteriormente.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Para que haja uma aprendizagem sólida e contínua, a • Interiorização dessas relações
atenção configura-se como ferramenta essencial por parte • Aquisição e formulação do conceito
da turma no processo educativo. Portanto, é essencial que • Integração do conceito a conceitos anteriores (es-
o planejamento docente recaia sobre a realidade, visando truturação)
sempre a interdisciplinaridade e acontecimentos atuais, • Aplicação ou reconhecimento da estrutura em no-
assim conseguirá a atenção necessária para o assunto em vas situações.
questão. Celso Antunes registra no seu livro - Aprendendo O esquema sugerido requer um planejamento bastan-
o que jamais se ensina - a importância de está atento no te cuidadoso, respeitando cada etapa desde a manipulação
momento da aula: até a aplicação nas tarefas a fim de que se obtenha sucesso
A atenção está próxima da compreensão e tudo que ao longo do processo educativo. Ainda sobre o uso de ma-
não é compreendido acaba causando a desatenção. Repare teriais concretos na construção da aprendizagem de gran-
se sua aula traz questões curiosas, se as palavras usadas dezas, Ângela Maria da Silva Godoi relata a importância do
são conhecidas pelos alunos, se os exemplos apresenta- cuidado no momento da escolha de tais materiais:
dos podem ser transferidos para a experiência de cada um. A escolha de um material manipulável pelo professor, a
ser utilizado em sua prática, deve ser feita com bastante cau-
(ANTUNES, 2008, p. 54).   
tela, baseando-se na sua fundamentação teórica, num plano
O autor destaca neste trecho o fato de que o profes-
de ação e na capacidade cognitiva do aluno, que deve ser o
sor deva-se ater ao mundo dos adolescentes, isto é, ser
maior beneficiado no processo. O professor deve estabele-
simples e claro nas suas colocações ao passo que a turma cer uma ligação entre a manipulação dos materiais e situa-
possa compartilhar das aulas e compreender o tema rela- ções significativas para a aprendizagem de novos conceitos.
cionando-o as práticas cotidianas. Pois, é através da relação (GODOI, 2008-2009, p. 7).
do conceito e o conhecimento prático a melhor maneira Sem dúvidas o uso de materiais concretos nas aulas de
de fazer com que os estudantes assimilem o conteúdo es- grandezas e medidas tem grande influência na parte moto-
tudado. O aluno que conseguir assimilar o conteúdo, con- ra dos jovens e consequentemente refletirá no seu desem-
textualizando-o ao seu modo de vida, buscando estreitar a penho em sala. Além do mais, torna a aula mais dinâmica,
relação estudo e prática com certeza não terá problemas prazerosa e atrativa, pois o manuseio das ferramentas de es-
de recuperação ou repetência, além do mais, futuramente, tudo faz com que os alunos mantenham contato bem mais
tornar-se-á um cidadão consciente dos seus direitos e de- próximo uns com os outros. Nessa perspectiva aumentará
veres. Em decorrência disso será um profissional bastante cada vez mais a discussão de ideias, o elo de amizade, a
qualificado, comprometido com seu trabalho e terá grande construção e solidificação do conhecimento.
sucesso conforme a profissão escolhida. Durante o desenvolvimento do trabalho ficou explícita
A importância de se trabalhar com instrumentos de a enorme distância entre a teoria e a prática no campo das
medidas na sala de aula unidades de medidas na disciplina de Matemática. Porém, o
Os principais instrumentos de medidas mais utilizados estudo realizado serviu para mostrar aos alunos a importân-
pelas pessoas são: o relógio e o calendário, (medição do cia das grandezas nas nossas atividades de rotina. Foi tam-
tempo) tão importante nas nossas atividades diárias; a ré- bém uma ótima oportunidade para a professora perceber
gua e o metro, (medição de comprimento) utilizado por que através de atividades práticas do cotidiano obtém-se
diversos profissionais; a balança, (medição de massa) usada um empenho bem mais efetivo dos alunos para com suas
pelos comerciantes, indústrias alimentícias, agricultores e tarefas de sala de aula, bem como um interesse maior no
em outros setores sociais; provetas e seringas, usadas em contexto de querer resolver as situações a eles apresentadas.
laboratórios e hospitais. Devido a grande importância de Com isso, desperta neles a tão esperada motivação, pois
tais materiais bem como sua influência para a nossa vida, aquilo que se estuda passa a ter um significado expressivo
para o educando em contrapartida ao modo como se encara
torna-se necessário seu uso no ambiente escolar, os cha-
os conteúdos e exercícios propostos nos livros didáticos.
mados “materiais manipuláveis” o que dão um suporte a
Isso explica porque a maioria dos educandos conse-
mais na compreensão do assunto trabalhado.
guiu resolver a segunda atividade planejada para o estudo
No momento do planejamento das aulas de determi- apresentado, pois torna-se mais fácil e prazeroso participar
nado conteúdo de grandeza, o professor deverá ter o cui- em grupos, de tarefas extra sala de modo a explorar con-
dado para estabelecer um tempo no qual apresentará aos cretamente o tema aplicado pelos livros, propostos pelo
alunos instrumentos utilizados para a medição, o que vai docente. Tanto as atividades concretas quanto as observa-
ser de grande ajuda no entendimento por parte da turma, ções e entrevistas foram bastante claras e com o objetivo
seja qual for a unidade de medida estudada. Tais materiais, alcançado dentro do que foi programado e de acordo com
além de serem apresentados, deverão ser manuseados pe- as possibilidades, ficou a sensação do trabalho concretizado
los próprios alunos em questão, desta maneira eles darão com linguagem matemática simples e de fácil compreensão
maior significação às atividades e principalmente nas expli- direcionado aos jovens, pois diante das tarefas programadas
cações do professor. Segundo Gabba (1975) apud Santos o resultado foi o esperado. É importante ressaltar o quan-
(2010, p. 19), para o uso do material concreto propõem o to uma conversa sobre os materiais usados para medir e o
esquema apresentado a seguir: manuseio dos mesmos foi essencial para o andamento da
• Manipulação de objetos concretos pesquisa e o entendimento do tema em estudo, isso des-
• Ações realizadas com objetos pertou o interesse e o entusiasmo da turma nas atividades
• Obtenção de relações desenvolvidas dentro e fora da sala.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Portanto o estudo realizado com certeza deixou nos  Ângulos
alunos um incentivo a conhecerem mais sobre as grande-  Medidas de ângulos
zas e medidas, pois ficou evidente sua importância para  Operações com medidas de ângulos
o nosso cotidiano, tanto pessoal quanto socialmente. Sem  Estudo do Tempo
dúvida foi bastante proveitoso para ambos os envolvidos  Horas, minutos, segundos.
na pesquisa realizada em virtude da necessidade de se
construir uma aprendizagem mais significativa de acordo MATERIAIS CONCRETOS E JOGOS MATEMÁTICOS
com a vivência de cada ser social na busca insaciável pelo
conhecimento prático, pois necessitamos para crescermos As dificuldades encontradas por alunos e professo-
profissionalmente e obtermos êxito em nossas atividades, res no processo ensino-aprendizagem da matemática são
construindo assim, uma vida digna e respeitável nesta so- muitas e conhecidas. Por um lado, o aluno não consegue
ciedade tão cheia de conflitos e atribulações na qual vive- entender a matemática que a escola lhe ensina, muitas
mos.33 vezes é reprovado nesta disciplina, ou então, mesmo que
aprovado, sente dificuldade em utilizar o conhecimento
As grandezas e as medidas estão presentes em nossa matemático “adquirido”; em síntese, não consegue efetiva-
sociedade desde a antiguidade. Graças ao Sistema Inter- mente ter acesso a esse saber de fundamental importância.
nacional de Unidades (SI) sua padronização foi possível. O professor, por outro lado, consciente de que não
consegue alcançar resultados satisfatórios junto a seus alu-
nos e tendo dificuldades de, por si só, repensar satisfato-
riamente seu fazer pedagógico, procura novos elementos –
muitas vezes, meras receitas de como ensinar determinado
conteúdo – que, acredita, possam melhorar este quadro.
Uma evidência disso é, positivamente, a participação cada
vez mais crescente de professores nos encontros, conferên-
cias ou cursos.
É nesses eventos que percebemos o grande interesse
dos professores pelos materiais didáticos e pelos jogos. As
atividades programadas que discutem questões relativas a
esse tema são as mais procuradas. As salas ficam repletas e
os professores ficam maravilhados diante de um novo ma-
terial ou de um jogo desconhecido. Parecem encontrar nos
materiais a solução – a fórmula mágica – para os problemas
que enfrentam no dia-a-dia da sala de aula.
O professor nem sempre tem clareza das razões funda-
mentais pelas quais os materiais ou jogos são importantes
Utilizamos os instrumentos de medição para atribuir para o ensino-aprendizagem da matemática e, normal-
valores às grandezas. mente, não questiona se estes realmente são necessários, e
Podemos então enumerar o que a área do conheci- em que momentos devem ser usados.
mento matemático estuda referente a grandezas e medi- Geralmente costuma-se justificar a importância desses
das: elementos apenas pelo seu caráter “motivador” ou pelo
 Medida do comprimento fato de se ter “ouvido falar” que o ensino da matemática
 Transformação das unidades da medida de com- tem de partir do concreto ou, ainda, porque através deles
primento as aulas ficam mais alegres e os alunos passam a gostar da
 Perímetro de polígonos matemática...
 Unidades de medidas das superfícies Entretanto, será que podemos afirmar que o material
 Área das figuras planas concreto ou os jogos pedagógicos são realmente indis-
 Medida do espaço pensáveis para que ocorra uma efetiva aprendizagem da
 Volume matemática?
 Unidade de medida do volume Pode parecer, à primeira vista, que todos concordem
 Transformações das unidades de medida de vo- e respondam sim à pergunta. Mas isto não é verdade. Um
lume exemplo de uma posição divergente é colocado por Car-
 Unidade de medida para capacidade raher e Schliemann (1988), ao afirmarem, com base em suas
 Unidade de medida de massa pesquisas, que “não precisamos de objetos na sala de aula,
 Transformações das unidades de medida para mas de situações em que a resolução de um problema impli-
massa que a utilização dos princípios lógico-matemáticos a serem
ensinados” (p. 179). Isto porque o material “apesar de ser
33 Fonte: www.webartigos.com – Por João Batista Al- formado por objetos, pode ser considerado como um conjun-
ves Gomes/Moésio Fonseca Araúj to de objetos ‘abstratos’ porque esses objetos existem apenas
na escola, para a finalidade de ensino, e não têm qualquer

91
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
conexão com o mundo da criança” (p. 180). Ou seja, para É no bojo desta nova concepção de educação e de ho-
estes pesquisadores, o concreto para a criança não significa mem que surgem, primeiramente, as propostas de Pestalo-
necessariamente os materiais manipulativos, mas as situa- zzi (1746-1827). Estes foram os pioneiros na configuração
ções que a criança tem de enfrentar socialmente. da “escola ativa”. Pestalozzi acreditava que uma educação
As colocações de Carraher e Schliemann nos servem de seria verdadeiramente educativa se proviesse da atividade
alerta: não podemos responder sim àquela questão sem an- dos jovens. Fundou um internato onde o currículo adotado
tes fazer uma reflexão mais profunda sobre o assunto. dava ênfase a atividades dos alunos tais como canto, dese-
Com efeito, sabemos que existem diferentes propos- nho, modelagem, jogos, excursões ao ar livre, manipulação
tas de trabalho que possuem materiais com características de objetos, onde as descrições deveriam preceder as de-
muito próprias, e que os utilizam também de forma distinta finições; o conceito nascendo da experiência direta e das
e em momentos diferentes no processo ensino-aprendiza- operações sobre as coisas (Castelnuovo, p. 17-18).
gem. Posteriormente, Montessori (1870-1952) e Decroly
Qual seria a razão para a existência dessa diversidade? (1871-1932), inspirados em Pestalozzi, iriam desenvolver
Na verdade, por trás de cada material se esconde uma uma didática especial (ativa) para a matemática.
visão de educação, de matemática, de homem e de mundo; A médica e educadora italiana Maria Montessori, após
ou seja, existe, subjacente ao material uma proposta peda- experiências com crianças excepcionais, desenvolveria, no
gógica que o justifica. início do século XX, vários materiais manipulativos destina-
O avanço das discussões sobre o papel e a natureza da dos à aprendizagem da matemática. Estes materiais, com
educação e o desenvolvimento da psicologia, ocorridos no forte apelo à “percepção visual e tátil”, foram posterior-
seio das transformações sociais e políticas, contribuíram mente estendidos para o ensino de classes normais. Maria
historicamente para que as teorias pedagógicas que jus- Montessori acreditava não haver aprendizagem sem ação:
tificam o uso na sala de aula de materiais “concretos” ou “Nada deve ser dado à criança, no campo da matemática,
jogos fossem, ao longo dos anos, sofrendo modificações e sem primeiro apresentar-se a ela uma situação concreta que
tomando feições diversas. a leve a agir, a pensar, a experimentar, a descobrir, e daí, a
Até o século XVI, por exemplo, acreditava-se que a ca- mergulhar na abstração” (Azevedo, p. 27).
pacidade de assimilação da criança era idêntica à do adulto, Entre seus materiais mais conhecidos destacamos “ma-
apenas menos desenvolvida. A criança era considerada um terial dourado”, os “triângulos construtores”, “material de
adulto em miniatura. Por esta razão, o ensino deveria acon- equivalência” e os “cubos para composição e decomposição
tecer de forma a corrigir as deficiências ou defeitos da crian- de binômios, trinômios”.
ça. Isto era feito através da transmissão de conhecimentos. Decroly, no entanto, não põe na mão da criança ma-
A aprendizagem do aluno era considerada passiva, consis- teriais para que ela construa, mas sugere como ponto de
tindo basicamente em memorização de regras, fórmulas, partida fenômenos naturais (como o crescimento de uma
procedimentos ou verdades localmente organizadas. Para planta ou a quantidade de chuva recolhida num determi-
o professor desta escola – cujo papel era o de transmissor nado tempo, para, por exemplo, introduzir medições e con-
e expositor de um conteúdo pronto e acabado – o uso de tagem). Ou seja, parte da observação global do fenômeno
materiais ou objetos era considerado pura perda de tempo, para, por análise, decompô-lo.
uma atividade que perturbava o silêncio ou a disciplina da Castelnuovo (1970) denomina o método Decroly “ati-
classe. Os poucos que os aceitavam e utilizavam o faziam de vo-analítico”, e o de Montessori “ativo-sintético” (sintético
maneira puramente demonstrativa, servindo apenas de au- porque construtivo). Em ambos os métodos falta, segundo
xiliar à exposição, à visualização e à memorização do aluno. Castelnuovo, uma “certa coisa” que conduz a criança à intui-
Exemplos disso são: o flanelógrafo, as réplicas grandes em ção própria do matemático. É com base na teoria piagetiana
madeira de figuras geométricas, desenhos ou cartazes fixa- que aponta para outra direção: a idéia fundamental da ação
dos nas paredes. Em síntese, estas constituem as bases do é que ela seja reflexiva... – “que o interesse da criança seja
chamado “Ensino Tradicional” que existe até hoje em muitas atraído pelo objeto material em si ou pelo ente matemático,
de nossas escolas. senão pelas operações sobre o objeto e seus entes. Operações
Já no século XVII, este tipo de ensino era questionado. que, naturalmente, serão primeiro de caráter manipulativo
Comenius (1592-1671), considerado o pai da Didática, dizia para depois interiorizar-se e posteriormente passar do con-
em sua obra “Didática Magna” (1657) que “- ao invés de creto ao abstrato. Recorrer à ação, diz Piaget, não conduz de
livros mortos, por que não podemos abrir o livro vivo da na- todo a um simples empirismo, ao contrário, prepara a dedu-
tureza? Devemos apresentar a juventude às próprias coisas, ção formal ulterior, desde que se tenha presente que a ação,
ao invés das suas sombras” (Ponce, p. 127). bem conduzida, pode ser operatória, e que a formalização
No século XVIII, Rousseau (1712-1778), ao considerar mais adiantada o é também” (Castelnuovo, p. 23-28).
a Educação como um processo natural do desenvolvimen- Assim, interpreta Castelnuovo, o ‘concreto’ deve ter uma
to da criança, ao valorizar o jogo, o trabalho manual, a ex- dupla finalidade: “exercitar as faculdades sintéticas e analí-
periência direta das coisas, seria o precursor de uma nova ticas da criança”: sintéticas no sentido de permitir ao aluno
concepção de escola. Uma escola que passa a valorizar os construir o conceito a partir do concreto; analíticas, porque,
aspectos biológicos e psicológicos do aluno em desenvol- nesse processo, a criança deve discernir no objeto aqueles
vimento: o sentimento, o interesse, a espontaneidade, a elementos que constituem a globalização. Para isso o obje-
criatividade e o processo de aprendizagem, às vezes priori- to tem de ser móvel, que possa sofrer uma transformação
zando estes aspectos em detrimento da aprendizagem dos para que a criança possa identificar a operação – que é
conteúdos. abstrata, subjacente (Castelnuovo, p. 82-91).

92
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Resumindo, Castelnuovo defende que “o material de- “Antes a matemática era o terror dos alunos. Hoje... as
verá ser artificial e também ser transformável por continui- crianças adoram porque se divertem brincando, ao mesmo
dade” (p. 92). Isto porque se recorrermos aos fenômenos tempo que aprendem sem decoreba e sem traumas. Mariana
naturais, como sugere Decroly, neles há sempre continui- Manzela (8 anos) confirma isto: ‘é a matéria que eu mais
dade, porém, são limitados pela própria natureza e não nos gosto porque tem muitos jogos” (n. 39, p.16).
levam a extrapolar, isto é, a idealizar o fenômeno. Os mate- Ora, que outra função tem o ensino da matemática se-
riais de Montessori, por outro lado, podem conduzir à idéia não o ensino da matemática? É para cumprir essa tarefa
de infinito, porém lhes faltam o caráter de continuidade e fundamental que lançamos mão de todos os recursos de
do movimento (p. 92). que dispomos.
Para contrapor ao que acabamos de ver, gostaríamos Ao aluno deve ser dado o direito de aprender. Não um
de dizer algumas palavras sobre outra corrente psicológica: “aprender” mecânico, repetitivo, de fazer sem saber o que
o behaviorismo, que também apresenta sua concepção de
faz e porque faz. Muito menos um “aprender” que se esva-
material, e principalmente, de jogo pedagógico. Segundo
zia em brincadeiras. Mas um aprender significativo, do qual
Skinner (1904), a aprendizagem é uma mudança de com-
portamento (desenvolvimento de habilidades ou mudança o aluno participe raciocinando, compreendendo, reelabo-
de atitudes) que decorre como resposta a estímulos ex- rando o saber historicamente produzido e superando, as-
ternos, controlados por meio de reforços. A matemática, sim, sua visão ingênua, fragmentada e parcial da realidade.
nesta perspectiva, é vista, muitas vezes, como um conjunto O material ou o jogo pode ser fundamental para que
de técnicas, regras, fórmulas e algoritmos que os alunos isso ocorra. Nesse sentido, o material mais adequado, nem
têm de dominar para resolver os problemas que o mundo sempre, será o visualmente mais bonito e nem o já cons-
tecnológico apresenta. truído. Muitas vezes, durante a construção de um material,
Os métodos de ensino enfatizam, além de técnicas de o aluno tem a oportunidade de aprender matemática de
ensino como instrução programada (estudo através de fi- uma forma mais efetiva.
chas ou módulos instrucionais), o emprego de tecnologias Em outros momentos, o mais importante não será o
modernas como audiovisuais (retroprojeção, filmes, sli- material, mas sim a discussão e resolução de uma situação
des...) ou mesmo computadores. -problema ligada ao contexto do aluno, ou ainda, a discus-
Os jogos pedagógicos, nesta tendência, seriam mais são e utilização de um raciocínio mais abstrato.34
valorizados que os materiais concretos. Eles podem vir no
início de um novo conteúdo com a finalidade de despertar RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
o interesse da criança ou no final com o intuito de fixar a
aprendizagem e reforçar o desenvolvimento de atitudes e
Ariana Bezerra de Sousa1
habilidades.
A Matemática é uma área do conhecimento que surgiu
Para Irene de Albuquerque (1954), o jogo didático “ser-
ve para fixação ou treino da aprendizagem. É uma variedade e tem-se desenvolvido a partir dos problemas que o ho-
de exercício que apresenta motivação em si mesma, pelo seu mem encontra. Dessa forma, a essência da Matemática é a
objetivo lúdico. Ao fim do jogo, a criança deve ter treinado resolução de problemas. Por este motivo para o seu ensino
alguma noção, tendo melhorado sua aprendizagem” (p. 33). não basta só conhecer, é necessário ter criatividade, fazer
Veja também a importância dada ao jogo na “formação com que os alunos participem das resoluções.
educativa” do aluno - “através do jogo ele deve treinar ho- “A Resolução de Problemas é um método eficaz para
nestidade, companheirismo, atitude de simpatia ao vence- desenvolver o raciocínio e para motivar os alunos para o
dor ou ao vencido, respeito às regras estabelecidas, disciplina estudo da Matemática. O processo ensino e aprendizagem
consciente, acato às decisões do juiz...” (idem, p. 34). pode ser desenvolvido através de desafios, problemas in-
Essa diversidade de concepções acerca dos materiais e teressantes que possam ser explorados e não apenas resol-
jogos aponta para a necessidade de ampliar nossa reflexão. vidos” (Lupinacci e Botin, 2004).
Queremos dizer que, antes de optar por um material Na aprendizagem da matemática, os problemas são
ou jogo, devemos refletir sobre a nossa proposta políti- fundamentais, pois permitem ao aluno colocar-se diante
co-pedagógica; sobre o papel histórico da escola, sobre o de questionamentos e pensar por si próprio, possibilitando
tipo de sociedade que queremos, sobre o tipo de aluno o exercício do raciocínio lógico e não apenas o uso padro-
que queremos formar, sobre qual matemática acreditamos nizado de regras.
ser importante para esse aluno.
No entanto, a abordagem de conceitos, idéias e mé-
O professor não pode subjugar sua metodologia de
todos sob a perspectiva de resolução de problemas ainda
ensino a algum tipo de material porque ele é atraente ou
lúdico. Nenhum material é válido por si só. Os materiais e é bastante desconhecida da grande maioria e, quando é
seu emprego sempre devem estar em segundo plano. A incorporada à prática escolar, aparece como um item isola-
simples introdução de jogos ou atividades no ensino da do, desenvolvido paralelamente como aplicação da apren-
matemática não garante uma melhor aprendizagem dessa dizagem, a partir de listagem de problemas cuja resolução
disciplina. depende basicamente da escolha de técnicas ou formas de
É frequente vermos em alguns professores uma mis- resolução memorizadas pelos alunos (PCN, 1998).
tificação dos jogos ou materiais concretos. Até mesmo na 34 Fonte: www.mat.ufmg.br – Por Maria Ângela Miorim
revista Nova Escola, essa mistificação pode ser percebida,
como mostra o seguinte fragmento:

93
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
O ensino e a aprendizagem da Matemática sem a re- E o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
solução de problemas é um dos fatores do insucesso esco- -PISA é um programa de avaliação comparada cuja princi-
lar. Com freqüência encontramos pessoas que manifestam pal finalidade é avaliar o desempenho de alunos de 15 anos
aversão à disciplina e os motivos referem-se à dificuldade de idade, produzindo indicadores sobre a efetividade dos
para realizar desde as atividades mais simples do cotidiano sistemas educacionais em diferentes países.
e até associadas a atividades profissionais. Este programa é desenvolvido e coordenado interna-
Nas escolas encontramos alunos desinteressados e cionalmente pela Organização para Cooperação e Desen-
desmotivados em relação à Matemática, apresentando di- volvimento Econômico (OCDE), sendo no Brasil coordena-
ficuldades em conceitos básicos, falta de hábitos de leitura do pelo INEP.
e investigação sem contar com os inadequados métodos De acordo com o PISA, o aluno apresenta dificulda-
de ensino. Um ensino sem a resolução de problemas não de em recuperar e transformar um dado matemático e a
possibilita o desenvolvimento de atitudes e capacidades origem desta dificuldade pode estar na leitura e transfor-
intelectuais, pontos fundamentais para despertar a curio- mação da linguagem matemática, portanto, a leitura ultra-
sidade dos alunos e torná-los capazes de lidar com novas passa a aprendizagem em língua materna e requer uma
situações. sistematização por todos os envolvidos no processo de en-
A capacidade de resolver problemas é requerida nos sino, considerando fundamental trabalhar em sala de aula
mais diversos espaços de vivência das pessoas. Por ser a resolução de problemas para um “resgate” da linguagem
considerada uma habilidade fundamental, os programas matemática.
que realizam avaliações para conhecer o nível de conhe- O desenvolvimento deste trabalho teve como objeti-
cimento matemático da população, organizam seus testes vo mostrar a importância da resolução de problemas para
contemplando a resolução de problemas como prioritária o ensino da matemática. A proposta é oferecer aos pro-
na avaliação. fessores do ensino fundamental estratégias didáticas para
Três programas que realizam avaliações tendo como trabalharem com a resolução de problemas, a fim de incen-
foco a resolução de problemas são aplicados no Brasil. São tivarem seus alunos a pensarem, encaminharem a solução
eles: do problema, tentarem superar as dificuldades de aprendi-
O Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional-INAF, zagem, enfrentarem desafios que exigem grande esforço e
desenvolvido pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Or- dedicação e descobrirem por si só a melhor estratégia que
deve ser utilizada para o problema ser resolvido.
ganização Não-Governamental Ação Educativa, oferece à
Esta pesquisa é de cunho bibliográfico sobre a resolu-
sociedade brasileira informações atualizadas sobre as habi-
ção de problemas matemáticos como estratégia didática
lidades e as práticas de leitura e cálculo de jovens e adultos,
e sua importância para o ensino da matemática. As infor-
através de um levantamento das habilidades matemáticas
mações foram consultadas em livros, periódicos e docu-
da população brasileira, tendo como foco a resolução de
mentos oficiais que tratam do ensino e da avaliação em
problemas matemáticos. O INAF constatou que 29% dos
matemática.
entrevistados encontram muita dificuldade em resolver
problemas envolvendo cálculos simples que envolvem
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: SUA IMPORTÂNCIA E
operações (de adição, subtração, multiplicação e divisão) e ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS
que apenas 23% da população brasileira é capaz de adotar Hoje todos os alunos aprendem a resolver problemas
e controlar uma estratégia na resolução de um problema matemáticos. Ao mesmo tempo, a resolução de problemas
que envolva a execução de uma série de operações en- vem contribuindo para o insucesso escolar. De modo geral,
volvendo adição, subtração, multiplicação, divisão e cálculo os problemas trabalhados em sala de aula são exercícios
proporcional. repetitivos para fixar os conteúdos que acabaram de ser
O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica- estudados, motivando o uso de procedimentos padroni-
SAEB é desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos zados para serem utilizados na resolução de problemas
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, órgão do semelhantes. Essa atividade não desenvolve no aluno, a ca-
Ministério da Educação. A avaliação que este sistema vem pacidade de transpor o raciocínio utilizado para o estudo
aplicando desde 1990, através de testes e questionários, de outros assuntos.
avalia os estudantes brasileiros da 4ª e 8ª séries do Ensino A resolução de problemas é uma importante contri-
Fundamental e 3ª série do Ensino Médio. Os dados do SAEB buição para o processo de ensino e aprendizagem da Ma-
com relação à construção de competências e desenvolvi- temática, criando no aluno a capacidade de desenvolver o
mento de habilidades na resolução de problemas mostram pensamento matemático, não se restringindo a exercícios
que os alunos desenvolvem algumas habilidades elemen- rotineiros desinteressantes que valorizam o aprendizado
tares de interpretação de problemas, mas não conseguem por reprodução ou imitação.
transpor o que está sendo pedido no enunciado para uma A importância da resolução está no fato de “possibilitar
linguagem matemática específica estando, portanto, muito aos alunos mobilizarem conhecimentos e desenvolverem a
aquém do exigido em cada série avaliada. Na 8ª série, por capacidade para gerenciar as informações que estão a seu
exemplo, os alunos resolvem expressões com uma incógni- alcance dentro e fora da sala de aula. Assim, os alunos te-
ta, mas não interpretam os dados de um problema fazendo rão oportunidades de ampliar seus conhecimentos acerca
uso de símbolos matemáticos específicos. de conceitos e procedimentos matemáticos bem como do

94
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
mundo em geral e desenvolver sua autoconfiança” Schoen- realizando manipulações algébricas para chegar à ex-
feld (apud PCN, 1998). Ainda, segundo Dante (1991), “é pressão
possível por meio da resolução de problemas desenvolver
no aluno iniciativa, espírito explorador, criatividade, inde-
pendência e a habilidade de elaborar um raciocínio lógico
e fazer uso inteligente e eficaz dos recursos disponíveis, Após estes passos, o aluno poderá utilizar algum pro-
para que ele possa propor boas soluções às questões que cedimento padronizado para a resolução, como por exem-
surgem em seu dia-a-dia, na escola ou fora dela”. plo, a aplicação da fórmula de Bhaskara.
Os alunos ao resolverem problemas podem descobrir Como exemplo de um exercício, poderíamos propor ao
fatos novos sendo motivados a encontrarem várias outras aluno que resolvesse a seguinte equação do 2º grau:
maneiras de resolverem o mesmo problema, despertando
a curiosidade e o interesse pelos conhecimentos matemá- Neste caso solicita-se ao aluno a aplicação imediata,
ticos e assim desenvolverem a capacidade de solucionar as por exemplo, da fórmula de Bhaskara, não requerendo do
situações que lhes são propostas. mesmo outras habilidades matemáticas.
Despertar no aluno o gosto pela resolução de proble-
mas não é tarefa fácil, muitos são os momentos de dificul-
dade, obstáculos e erros. Isto acontece porque professores
e alunos não conseguem distinguir um problema matemá- Segundo Resnick (apud Silveira, 2001), existem diferen-
tico de um exercício matemático. tes tipos de problemas e que cada tipo tem uma função no
Podemos distinguir, mais claramente, um problema de processo de aprendizagem do aluno. Em forma de síntese,
um exercício. “Um problema matemático é uma situação apresentamos estes tipos de problemas:
que demanda a realização de uma sequência de ações ou _ sem algoritmização: o caminho da resolução é desco-
operações para obter um resultado. Ou seja, a solução não nhecido, ao menos em boa parte.
está disponível de início, mas é possível construí-la” (PCN, _ complexos: precisam de vários pontos de vista.
1998). Segundo Silveira (2001), “um problema matemático _ exigentes: a solução só é atingida após intenso traba-
é toda situação que requer a descoberta de informações lho mental; embora o caminho possa ser curto, ele tende
matemáticas desconhecidas para a pessoa que tenta resol- a ser difícil.
vê-lo e/ou a invenção de uma demonstração de um resul- _ exigem lucidez e paciência: um problema se inicia
tado matemático dado. com uma aparente desordem e é necessário observar as
O fundamental é que o resolvedor conheça o objetivo regularidades, os padrões que permitirão a construção do
a chegar, mas só estará enfrentando um problema se ele caminho até a solução.
ainda não tem os meios para atingir tal objetivo”. _ nebulosos: pode ocorrer que nem todas as informa-
Se os alunos conseguem interpretar a proposta do ções necessárias estejam aparentes;
enunciado da questão, sabendo estruturar algumas ou por outro lado, pode ocorrer que existam conflitos en-
todas as situações apresentadas, desenvolvendo várias es- tre as condições estabelecidas pelo problema.
tratégias de resolução incluindo a verificação das mesmas _ não há resposta única: além de normalmente ocorrer
e do resultado, tem em mãos um problema matemático, de existirem várias maneiras de resolver um dado proble-
mas se “é uma atividade de treinamento no uso de alguma ma, pode ocorrer de não existir uma melhor solução e até
habilidade/conhecimento matemático já conhecido pelo de não existir solução; ao contrário do que a escola ensina:
resolvedor, como a aplicação de um algoritmo conhecido, resolver um problema não é o mesmo que achar a resposta.
de uma fórmula conhecida” (Silveira, 2001), os alunos têm Destacamos que a proposição de problemas deve estar
em mãos um exercício que exige apenas a aplicação de um vinculada aos objetivos didáticos, à realidade escolar e à
procedimento sem a necessidade de criar estratégias para extra-escolar do aluno. Trata-se, portanto, de trabalhá-los
resolvê-lo. em sala de aula através do desejo dos alunos de resolvê
Como exemplo de problemas, apresentamos a seguin- -los, pois sabemos que muito da Matemática é mesmo re-
te situação envolvendo uma equação do 2º grau: solução de problemas. Deste modo, professores e alunos
Duzentas e quarenta figurinhas devem ser reparti- desenvolvem o gosto pela Matemática se os problemas
das por um grupo de meninos, mas na hora de reparti-las desafiarem a curiosidade, estimularem a pesquisa e moti-
5 meninos não apareceram para pegar as suas figurinhas. varem a busca por novas estratégias que serão utilizadas e
Por causa disso, cada menino recebeu 8 figurinhas a mais. se todo esse conhecimento permitir desenvolver capacida-
Quantos meninos receberam figurinhas? des, tais como o pensar, raciocinar, questionar, criar estra-
Para resolver este problema será necessário que o tégias e compartilhar idéias para encontrar uma solução ao
aluno traduza o enunciado para a linguagem matemática problema. Por isso, no contexto de educação matemática,
apropriada professores e pesquisadores do assunto atribuem cada vez
mais uma maior relevância a esta metodologia.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), “enfati-
zam que o fato de o aluno ser estimulado a questionar sua
própria resposta, a questionar o problema, a transformar
um dado problema numa fonte de novos problemas, a for-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
mular problemas a partir de determinadas informações, a Segundo Polya (1978), “o professor que deseja desen-
analisar problemas abertos — que admitem diferentes res- volver nos alunos o espírito solucionador e a capacidade
postas em função de certas condições — evidencia uma de resolver problemas deve incutir em suas mentes algum
concepção de ensino e aprendizagem não pela mera re- interesse por problemas e proporcionar-lhes muitas opor-
produção de conhecimentos, mas pela via da ação refletida tunidades de imitar e de praticar. Além disso, quando o
que constrói conhecimentos”. professor resolve um problema em aula, deve dramatizar
“Para que o aluno possa construir o conhecimento será um pouco as suas idéias e fazer a si próprio as mesmas in-
necessário que, diante do enunciado de um problema, ele dagações que utiliza para ajudar os alunos. Por meio desta
conheça cada expressão verbal utilizada. Em seguida deve- orientação, o estudante acabará por descobrir o uso corre-
rá ser capaz de traduzir cada dado apresentado verbalmen- to das indagações e sugestões e, ao fazê-lo, adquirirá algo
te em dados concretos do mundo em que ela vive. mais importante do que o simples conhecimento de um
Por último precisará entender as relações lógicas cons- fato matemático qualquer”.
tantes do problema para então relacionar os dados entre “Todo professor quando começa a trabalhar com reso-
si e realizar as operações necessárias à solução. Tudo isto lução de problemas que exijam habilidades matemáticas
supõe o desenvolvimento de certas capacidades do aluno deve ter objetivos concretos que favoreçam seus alunos
as quais poderão ou não estar presentes” (Carraher, 1991). na produção de determinadas transformações, isto é, que
Um outro fator importante, que deve estar dentro do estes adquiram certos conhecimentos e capacidades. O en-
leque de preocupações de um professor durante a resolu- sino, os métodos didáticos empregados, devem estar em
ção de problemas, é se o aluno possui ou não pré-requisi- função destes objetivos” (Vallejo,1979).
tos para execução do problema proposto. A organização do trabalho pedagógico com a Mate-
“É relativamente recente a atenção ao fato de que o mática, fundamentada na resolução de problemas deve ser
aluno é agente da construção do seu conhecimento, pe- incentivada desde as séries iniciais para que ocorra um en-
las conexões que estabelece com seu conhecimento prévio volvimento do aluno com a linguagem matemática e esse
num contexto de resolução de problemas” (PCN, 1998). As- possa se desenvolver plenamente durante o seu processo
sim, devemos propor situações que os estudantes tenham de escolarização. Neste trabalho, mesmo considerando a
condições de resolver. Caso contrário, poderemos estar nu-
importância de se usar a resolução de problemas desde
trindo sentimentos de aversão à matemática.
o início do Ensino Fundamental, apresentaremos algumas
O professor deve levar seu aluno a superar os proce-
situações que poderão ser trabalhadas com alunos da 8ª
dimentos padronizados, próprios de uma didática desvin-
série do Ensino Fundamental. A escolha deve-se ao fato
culada de situações reais, é possível consolidar essa nova
de os conteúdos estudados nesta série envolverem muita
relação do aluno com o conhecimento adquirido na reso-
álgebra, geometria e aritmética, apresentando novos con-
lução de problemas.
De acordo com Dante (1991), “devemos propor aos teúdos e consolidando todo o trabalho desenvolvido du-
estudantes várias estratégias de resolução de problemas, rante o Ensino Fundamental. Este aspecto nos pareceu im-
mostrando-lhes que não existe uma única estratégia, ideal portante porque além dos alunos estarem acostumados a
e infalível. Cada problema exige uma determinada estraté- resolverem problemas, normalmente o fazem por meio de
gia. A resolução de problemas não deve se constituir em procedimentos padronizados e diante de problemas que
experiências repetitivas, através da aplicação dos mesmos induzem a forma de resolvê-los.
problemas (com outros números) resolvidos pelas mesmas E o objetivo dessas estratégias didáticas é incentivar os
estratégias. O interessante é resolver diferentes problemas professores a estimular o desejo dos alunos em participar
com uma mesma estratégia e aplicar diferentes estratégias da resolução de problemas podendo criar suas próprias es-
para resolver um mesmo problema. tratégias para encontrar a solução de um problema, criar
Isso facilitará a ação futura dos alunos diante de um competências, bem como desenvolver capacidades.
problema novo”. Antes de passarmos para as estratégias, é importante
Em sala de aula o professor pode trabalhar com as ten- ressaltar que nenhuma tem o papel de fórmula mágica ou
tativas e os erros dos alunos, observando o caminho usa- regra que deve ser seguida em sequência de etapas uma
do para chegar à solução do problema. Essa observação atrás da outra, sem a necessidade de voltar ao início e o
servirá para compreender o raciocínio dos educandos e sucesso dessas atividades dependerão do trabalho a ser
preparar as discurssões em torno da resolução desses pro- realizado em cada turma considerando a habilidade de
blemas, com o intuito de conceber processos de resolução comunicação e expressão oral e escrita, de cálculo e ra-
diferentes dos já aprendidos. ciocínio lógico, favorecendo o desenvolvimento do pensar,
“O aluno inexperiente em relação ao processo de re- levar o aluno a conhecer, questionar, transformar, produzir
solver problemas, invariavelmente se apressa em busca e compartilhar ideias.
das soluções antes de ocupar-se com definir a situação Assim, teremos como sugestões de estratégias didáti-
que precisa ser resolvida. Até mesmo pessoas experientes, cas para o ensino da Matemática através da resolução de
quando sujeitas a pressão social, submetem-se a esta exi- problemas:
gência de fazer as coisas às pressas. Quando agem assim, a) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), consi-
muitas soluções são encontradas, mas não necessariamen- deram que a resolução de problemas, como eixo organiza-
te para o problema que se tem à mão” (Gause e Weinberg, dor do processo de ensino e aprendizagem de Matemática,
1992). pode ser fundamentada nos seguintes princípios:

96
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
_ a situação-problema é o ponto de partida da ativida- que o aluno obtenha sucesso, deve ser estimulado a reali-
de matemática e não a definição. zar cada procedimento com muita atenção, estando atento
No processo de ensino e aprendizagem, conceitos, a cada ação desenvolvida, verificando cada passo. O aluno
idéias e métodos matemáticos devem ser abordados me- também deve ser estimulado a mostrar que cada procedi-
diante a exploração de problemas, ou seja, de situações em mento realizado está correto, possibilitando a afirmação de
que os alunos precisem desenvolver algum tipo de estraté- seu aprendizado e a comunicação de sua produção.
gia para resolvê-las;
_ o problema certamente não é um exercício em que _ Revisão da solução
o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou A revisão é um momento muito importante, pois propi-
um processo operatório. Só há problema se o aluno for le- cia uma depuração e uma abstração da solução do proble-
vado a interpretar o enunciado da questão que lhe é posta ma. A depuração tem por objetivo verificar os procedimen-
e a estruturar a situação que lhe é apresentada; tos utilizados, procurando simplificá-los ou, buscar outras
_ aproximações sucessivas de um conceito são cons- maneiras de resolver o problema de forma mais simples. A
truídas para resolver um certo tipo de problema; num ou- abstração tem por finalidade refletir sobre o processo rea-
tro momento, o aluno utiliza o que aprendeu para resolver lizado procurando descobrir a essência do problema e do
outros, o ue exige transferências, retificações, rupturas, se- método empregado para resolvê-lo, de modo a favorecer
gundo um processo análogo ao que se pode observar na uma transposição do aprendizado adquirido neste trabalho
História da Matemática; para a resolução de outras situações-problema.
_ um conceito matemático se constrói articulado com As etapas de Polya podem ser aplicadas a todos os
outros conceitos, por meio de uma série de retificações e conteúdos, seja em atividades que envolvam tabelas, gráfi-
generalizações. Assim, pode-se afirmar que o aluno cons- cos ou ainda semelhança de triângulos, medida de superfí-
trói um campo de conceitos que toma sentido num campo cies, equação do 2º grau e etc.
de problemas, e não um conceito isolado em resposta a um c) Dante (1991), sugere trabalhar com todos os alunos
problema particular; de uma mesma turma, apresentando um problema desa-
_ a resolução de problemas não é uma atividade para fiador, real e interessante, e que não seja resolvido direta-
ser desenvolvida em paralelo ou como aplicação da apren- mente por um ou mais algoritmos. O autor recomenda que
dizagem, mas uma orientação para a aprendizagem, pois deve ser dado um tempo razoável para que os alunos leiam
proporciona o contexto em que se pode apreender concei- e compreendam o problema. Outros aspectos recomenda-
tos, procedimentos e atitudes matemáticas. dos são: (a) Facilite a discussão entre eles ou faça perguntas
b) Para se resolver e encaminhar a solução de um pro- para esclarecer os dados e condições do problema e o que
blema, segundo Polya (1978) um grande matemático e nele se pede. (b) Procure certificar-se de que o problema
pesquisador do tema, quatro etapas principais podem ser está totalmente entendido por todos. (c) Lembre-se de
empregadas: que uma das maiores dificuldades do aluno ao resolver um
problema é ler e compreender o texto. (d) Em seguida, dê
_ Compreensão do problema um bom tempo para os alunos trabalharem no problema,
Para compreender um problema é necessário estimu- porque a resolução não pode se transformar numa compe-
lar o aluno a fazer perguntas: O que é solicitado? Quais tição de velocidade, e elas precisam muito mais de tempo
são os dados? Quais são as condições? É possível satisfazer para pensar e trabalhar no problema do que de instruções
as condições? Elas são suficientes ou não para determinar específicas para resolvê-lo. (e) Procure criar entre os alu-
a solução? Faltam dados? Que relações posso estabelecer nos um clima de busca, exploração e descobertas, deixan-
para encontrar os dados omitidos? Que fórmulas e/ou al- do claro que mais importante que obter a resposta correta
goritmos posso utilizar? Neste processo de compreensão é pensar e trabalhar no problema durante o tempo que
do problema, muitas vezes torna-se necessário construir for necessário para resolvê-lo. Inventar problemas é uma
figuras para esquematizar a situação proposta, destacando forma de adquirir conhecimento e capacidades, esses pro-
valores, correspondências e uso da notação matemática. blemas podem ser simples mais tem que ser interessantes
_ Construção de uma estratégia de resolução para o aluno.
É importante estimular o aluno a buscar conexões en-
tre os dados e o que é solicitado, estimulando, também, Por exemplo:
que pensem em situações similares, a fim de que possam _ Alexandre pensou em um número e verificou que o
estabelecer um plano de resolução, definindo prioridades quadrado desse número é igual ao triplo do mesmo núme-
e, se necessário, investigações complementares para resol- ro. Em que número Alexandre pensou?
ver o problema. - Represente a situação com uma equação.
- Resolva a equação obtida e encontre o número em
_ Execução de uma estratégia escolhida que Alexandre pensou.
Esta etapa é o momento de “colocar as mãos na mas- _ Duas torneiras enchem um tanque em 6 horas. Sozi-
sa”, de executar o plano idealizado. Se as etapas anteriores nha, uma delas gasta 5 horas a mais que a outra. Determi-
foram bem desenvolvidas, esta será, provavelmente a etapa ne o tempo que uma delas leva para encher esse tanque
mais fácil do processo de resolução de um problema. Para isoladamente.

97
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
_ Num jantar de confraternização, seria distribuído, em O professor pode em sala de aula aplicar problemas
partes iguais, um prêmio de R$ 24.000,00 entre os convida- utilizando essa teoria. Por exemplo: Dadas duas linhas re-
dos. Como faltaram 5 pessoas, cada um dos presentes re- tas em intersecção e um ponto P marcado em uma delas,
cebeu um acréscimo de R$ 400,00 no seu prêmio. Quantas mostrar como construir um círculo que é tangente a ambas
pessoas estiveram presentes nesse jantar? as linhas e tem o ponto P como seu ponto de tangência
_ Determine dois números inteiros consecutivos tais em relação às duas linhas. Exemplos de conhecimento de
que a soma de seus inversos seja. recurso incluem o procedimento para desenhar uma linha
_ Um número de dois algarismos é tal que, trocando-se perpendicular de ponto P até o centro do círculo e o signi-
a ordem dos seus algarismos, obtém-se um número que o ficado desta ação. Uma heurística importante para solucio-
excede de 27 unidades. Determine esse número, sabendo nar este problema é construir um diagrama do problema.
que o produto dos valores absolutos dos algarismos é 18. Uma estratégia de controle envolveria a decisão para cons-
O professor não deve dar respostas a perguntas como: truir um círculo e segmentos de linha usando um compasso
este problema é uma equação do primeiro ou do segundo
e um transferidor. Uma convicção que poderia ser relevante
grau? É um problema que envolve soma, subtração, mul-
para este problema é que as soluções devem ser empíricas
tiplicação ou divisão? A resposta é 9? Pois, do contrário, o
(isto é, construídas) em vez de derivadas.
problema já estará resolvido e o aluno não pensará mais
e) Segundo Rabelo (1995), a partir da constatação de
nele, passando a executar as contas rápida e automatica-
mente. Algumas possíveis respostas a essas perguntas são: que no ensino fundamental, os alunos apresentam um bai-
vamos pensar juntos, pense um pouco mais, é realmente o xo desempenho na resolução de problemas matemáticos e
que o problema está pedindo para fazer, discuta isso um da hipótese de que um dos elementos fundamentais que
pouco com seu colega, mostre ao seu colega o que você contribuem para esse fracasso é a não construção de uma
fez e peça para que ele também lhe conte como planeja competência para a interpretação de textos relacionados
resolver o problema. Com essas respostas do professor os com a matemática, afirma que é possível realizar um traba-
alunos continuam envolvidos com o problema e pouco a lho de produção e interpretação de “textos matemáticos”
pouco vão perguntando menos e tornando-se indepen- com alunos de 8ª série.
dentes. O importante é buscar construir, na escola, um am-
Enquanto os alunos trabalham, o professor percorre as biente no qual o aluno possa efetivamente construir sua
carteiras ajudando, encorajando, dando ideias, pequenas competência na leitura, interpretação e produção de vários
“dicas” (sem contar como se chega à solução), deixando tipos de textos. A partir de “Histórias Matemáticas”, que se-
claro quais são os objetivos, os dados do problema, as con- rão introduzidas no rol desses textos, os alunos passarão a
dições etc. conviver com os “textos matemáticos” de forma tão natural
Depois que a maioria dos alunos solucionou o pro- quanto natural é para eles ler, interpretar e construir um
blema, o professor pede que alguns façam a resolução no qualquer outro tipo de texto.
quadro-negro (um de cada vez) explicando o que fizeram e Em vários momentos, textos envolvendo a disciplina,
como fizeram, e por que a sua estratégia funcionou. O pro- tais como: curiosidades, história, pensadores, personalida-
fessor pode também, ele mesmo, ir registrando no quadro des da matemática e etc. Mostrarão tanto para professores
as sugestões dos alunos. É comum aparecerem maneiras como para alunos, uma nova maneira de encarar a Mate-
diferentes de resolver o mesmo problema, inclusive algu- mática, seu ensino e sua aprendizagem. Por meio de testes
mas erradas, e é interessante que todas sejam discutidas e e de diversos instrumentos pôde-se concluir que efetiva-
analisadas, pois isso incentiva os alunos a sempre tentarem mente os alunos demonstram uma grande competência
vários métodos. em atividades de resolução de problemas, depois de terem
Deve-se observar que um problema não está necessa-
vivido essa experiência com textos matemáticos.
riamente resolvido quando o aluno encontrou a resposta
As considerações feitas ao longo deste trabalho ti-
certa. Para estar necessariamente resolvido, o aluno precisa
nham a intenção de destacar a importância da resolução
saber o que e como fez, e por que sua ação foi apropriada.
de problemas como estratégia didática para um ensino que
E isso deve ser parte integrante da resolução do problema,
na etapa de revisão da solução. desencadeia no aluno um comportamento de pesquisa, es-
d) De acordo com Alan Schoenfeld (1985), a compreen- timula a curiosidade e prepara o aluno para lidar com si-
são e o ensino da matemática devem ser abordados como tuações novas sendo motivado a pensar, conhecer, ousar e
um domínio de resolução de problemas. Quatro categorias solucionar problemas matemáticos dentro e fora da escola.
de conhecimento/habilidades são necessárias para alguém Diante da importância de se trabalhar no processo de
ser bem-sucedido na matemática: (1) Recursos - conheci- ensino e aprendizagem a resolução de problemas para o
mento de procedimentos e questões da matemática, (2) desenvolvimento intelectual do aluno, o professor, “peça”
heurísticas - estratégias e técnicas para resolução de pro- fundamental no ato de aprender deve propor atividades
blemas, tais como trabalhar o que foi ensinado, ou dese- que despertem o entusiasmo dos alunos, desenvolvendo
nhar figuras, (3) controle - decisões sobre quando e quais sua capacidade de criar, atuar em conjunto, aproximando
recursos usar, e (4) convicções - uma visão matemática do -os uns dos outros, demonstrando a importância de cada
mundo, que determina como alguém aborda um problema. um.

98
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Porém, essa aprendizagem só será possível se os pro- presenciadas pela pesquisadora. A análise realizada indica
blemas trabalhados desempenharem seu verdadeiro papel para a práxis possível no ensino de ciências, sendo possível
no processo de ensino, o de desenvolver no aluno posicio- e gratificante atuar de acordo com as orientações didáticas
namento crítico e independência diante de situações no- do PCN. A coerência e sintonia entre teoria e prática tor-
vas e desafiadoras, pois, a resolução de problemas tem se nam o aprendizado do aluno contextualizado, significativo
apresentado como uma atividade de reprodução por meio e crítico.
de procedimentos padronizados. Ao longo da história da educação, é observado que o
Desenvolver nos alunos a capacidade de resolver pro- ensino de ciências foi de caráter obrigatório somente para
blemas e a resolução de problemas como ponto de partida as séries ginasiais a partir do ano de 1971. Por meio da Lei
fundamental da atividade Matemática são finalidades dos nº 5.692 a disciplina tornou-se obrigatória para as oitos sé-
Parâmetros Curriculares Nacionais, que visa construir refe- ries do antigo primeiro grau: os atuais nove anos do ensino
rências nacionais comuns ao processo educativo para que fundamental.
os alunos possam ter acesso ao conjunto de conhecimen- Apesar da existência da obrigação, desde 1971, muitas
tos necessários ao exercício da cidadania. escolas e professores não trabalham o tema em pleno sé-
Destaca-se a importância de se estruturar os cursos de culo XXI. Os motivos são variados desde a falta de recursos
licenciatura em matemática sobre o prisma da resolução, e conhecimento até a crença de que este não é importante.
pois os futuros professores de Matemática ao vivenciarem Sendo elaborado como complemento da disciplina Ciên-
experiências de resolução de problemas, poderão propor- cias: Conteúdos e Didáticas II do curso de pedagogia do
cionar aos seus alunos, uma experiência de construção efe- Centro Universitário São Camilo, Campus Ipiranga II, o pre-
tiva de conhecimentos. sente artigo irá apresentar uma experiência bem sucedida
Uma limitação deste estudo foi a não realização de na área de ciências naturais.
uma atividade de campo para analisar o contexto da sala Antigamente o cenário escolar era norteado pelo ensi-
de aula e as características que os problemas matemáticos no tradicional, de forma que o ensino de ciências era visto
assumem neste contexto. Espera-se que esta limitação seja como verdade científica, não havendo nenhuma contradi-
superada em estudos futuros.35 ção a este bem como nenhuma possibilidade de interfe-
rências.
Com o surgimento da escola nova nascem novos pen-
CIÊNCIAS: ÁGUA, AR E SOLO – samentos, como por exemplo, a valorização da participa-
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS ção do aluno a fim de favorecer uma aprendizagem signifi-
E BIOLÓGICAS E SUAS RELAÇÕES NOS cativa. Desta forma os conteúdos vistos como informativos
deram lugar aos conteúdos formativos. Com este novo
ECOSSISTEMAS.
pensar, as atividades práticas tornaram-se recursos facilita-
dores para a compreensão do ensino de ciências.
“Tenta-se colocar em prática essas prescrições legais
O cenário escolar brasileiro sempre teve a presença por meio de políticas centralizadas no MEC e que são deta-
marcante da abordagem pedagógica tradicional, a qual lhadas e especificadas em documentos oficiais, distribuídos
contribuiu para que o ensino de ciências fosse visto como com os nomes de “parâmetros” (KRASILCHIK, 2000, p. 87).
um processo de transmissão de verdades científicas, não Conforme apontamentos dos Parâmetros Curriculares
havendo possibilidade de discussões sobre as contradições Nacionais: Ciências Naturais (PCN) é de suma importância
e os posicionamentos ideológicos existentes no processo superar a postura “cientificista” que o ensino de ciências
de produção científica. Com o surgimento da escola nova apresentou por muito tempo. O surgimento dos movimen-
nascem novos pensamentos, como a valorização da par- tos “Alfabetização Científica” e “Ciência Para Todos” auxilia-
ticipação do aluno a fim de favorecer uma aprendizagem ram neste processo. Com o intuito de fornecer “escola para
significativa, de forma que os conteúdos vistos como in- todos”, passou-se a relacionar os conteúdos do ensino de
formativos deram lugar aos conteúdos formativos. Mesmo ciências à vida diária e à experiência do aluno que exigiu
com estas mudanças, muitas escolas e professores não tra- novas compreensões do mundo, suas relações e demandas
balham o tema desta maneira. O presente material objetiva sociais (KRASILCHIK, 2000).
relatar uma experiência em que o ensino de ciências ocorre Assim, a aprendizagem torna-se contextualizada e con-
de acordo com as orientações didáticas sugeridas nos Pa- sequentemente significativa. Visto que a sociedade atual
râmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (MEC, convive diariamente com o crescimento e as influências das
1997). A metodologia aborda o ensino e a aprendizagem tecnologias em conjunto com a valorização do saber cien-
de ciências, descrevendo as principais orientações didáticas tífico é inviável pensar na formação crítica de um indivíduo
apresentadas no PCN (problematização, observação, expe- que está à margem do conhecimento científico. Salientan-
rimentação e sistematização do conhecimento), em parale- do a afirmação anterior, o PCN enfatiza que:
lo com a descrição das aulas aplicadas por um professor de O objetivo fundamental do ensino de Ciências passou a
6º ano de uma escola particular da região sul de São Paulo, ser o de dar condições para o aluno identificar problemas a
partir de observações sobre um fato, levantar hipóteses, tes-
35 Fonte: www.ucb.br - Por Ariana Bezerra de Sou- tá-las, refutá-las e abandoná-las quando fosse o caso, traba-
sa lhando de forma a tirar conclusões sozinho. O aluno deveria

99
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
ser capaz de “redescobrir” o já conhecido pela ciência, apro- Conforme contribuições do PCN (1997), para que o en-
priando-se da sua forma de trabalho, compreendida então sino e aprendizagem sejam realizados de forma significati-
como “o método científico”: uma sequência rígida de etapas va faz-se necessário considerar os conhecimentos do aluno,
preestabelecidas. É com essa perspectiva que se buscava, do professor e da Ciência. Desta maneira, são valorizados os
naquela ocasião, a democratização do conhecimento cien- conhecimentos prévios dos alunos, sua vivência, sua cultura
tífico, reconhecendo-se a importância da vivência científica e o senso comum.
não apenas para eventuais futuros cientistas, mas também Também são valorizados os conhecimentos científicos
para o cidadão comum. (Brasil, 1997, p.18) do professor e sua didática atrelada com as concepções do
Assim, o artigo aborda o ensino e a aprendizagem de campo de conhecimento científico em conjunto com as teo-
ciências descrevendo algumas orientações didáticas, apre- rias científicas da Ciência.
sentadas no PCN, aplicadas por um professor de 6º ano de Os alunos possuem indagações e hipóteses para res-
uma escola particular da região sul de São Paulo. Durante o ponder questões a respeito da compreensão do mundo e
ano letivo de 2012 uma das autoras trabalhou, como assis- o PCN (1997) enfatiza que um conhecimento novo deve ser
tente deste professor, vivenciando as aulas de ciências com introduzido a partir destas problemáticas. “Uma questão só
o objetivo de auxiliá-lo e garantir o aprendizado dos alunos. é problema quando os alunos podem ganhar consciência
A autora esteve em frequente contato com as produções de que seu modelo não é suficiente para explicá-lo” (Brasil,
dos alunos a fim de garantir a qualidade e a assertividade 1997, p.119). Cabe ao professor proporcionar curiosidades e
destes. Além disso, a autora contribuiu com a construção de indagações adequadas às possibilidades cognitivas do grupo
intervenções para garantir que todos os alunos estivessem a fim de que os alunos possam buscar informações para re-
acompanhando o desenvolvimento dos conteúdos e agin- construir ou ampliar seus conhecimentos. Desta forma há a
do de maneira adequada para um ambiente de estudo. As elaboração de um novo modelo.
experiências relatadas foram vivenciadas, pela autora, du- “Professor Joaquim”, na primeira aula do ano, iniciou seu
rante este trabalho. Após o relato as duas autoras compa- trabalho em ciências naturais, com os alunos do 6º ano, so-
raram a proposta do professor com a do PCN. Neste relato licitando que estes procurassem reportagens a respeito dos
denominaremos a escola de “Construção” e o profissional problemas ambientais que a sociedade moderna vivencia.
como “professor Joaquim”. A escola observada é localizada Com as reportagens em mãos, os alunos as apresentaram
em um bairro nobre da região sul de São Paulo, portanto os de forma breve. A cada apresentação o professor perguntava
alunos que frequentam esta possuem um nível sociocultural aos alunos qual problema ambiental estava sendo retratado.
elevado e a mensalidade paga pelas famílias é de alto valor. Assim, mediados pelo professor, produziram uma lista com
Os pais destes alunos são bem formados culturalmente e as questões ambientais vivenciadas pela sociedade moderna.
intelectualmente e, dessa maneira, cobram da direção e do Entre os problemas levantados estavam: desmatamento, po-
corpo docente apoio e acompanhamento qualificado para luição, crescimento acelerado da população, excesso de lixo,
seus filhos. Sendo esta uma instituição com boa infraestru- hábitos consumistas, extinção de espécies entre outros.
tura, nas quais as informações são difundidas, e com ade- Como proposto pelo PCN os problemas devem ser acom-
quada formação da equipe os docentes quase não sofrem panhados de hipóteses, portanto para a aula seguinte “profes-
barreiras para a realização de sua prática. sor Joaquim” convidou os alunos a elaborarem suas hipóteses
para solucionar tal problemática. Na aula seguinte, a proble-
Aprender e ensinar ciências: didáticas significativas mática e suas hipóteses foram discutidas. A maioria dos alu-
Como explicitado anteriormente, é importante anali- nos trouxe a ideia da reciclagem e da reutilização. “Professor
sar o processo histórico de ensino e aprendizagem do alu- Joaquim” mostrou que estas soluções e outras também usa-
no para melhor entendê-lo e reestruturá-lo. Desta forma, das para evitar poluição não são suficientes para uma proble-
utilizaremos algumas vivencias das didáticas das aulas de mática grave como a que vivenciamos na cidade grande. Os
ciências de um professor que se apropriou das orientações alunos perceberam que para resolver é preciso olhar para todo
propostas pelo PCN de Ciências Naturais. O “professor o ambiente pensando em como manter o equilíbrio da na-
Joaquim” leciona para os alunos de 6º e 7º anos do en- tureza. Assim, foram convocados para junto com o professor
sino fundamental II da escola “Construção”. Com o intuito construírem novos conhecimentos científicos que responde-
de conhecer todo o processo de aprendizagem do aluno ram as problemáticas estudadas. Como era início do semestre,
dentro desta área, além de garantir uma continuidade no o professor, com estas atividades demonstrou quais eram os
processo de ensino aprendizagem, o “professor Joaquim” objetivos de sua disciplina para aquele ano: conhecer o mundo
oferece assessoria pedagógica aos professores do ensino em que vivemos, compreender seu modo de funcionar e ser
fundamental I. Desta forma o plano de ensino da área de capaz de agir para modificar as condições ruins que a socie-
ciências, assim como as didáticas de aula, é construído co- dade moderna tem vivenciado. Por fim, estabelecer um novo
letivamente (professores do 2º ao 5º ano, “professor Joa- modelo de relação entre os seres humanos e a natureza.
quim” e coordenadores pedagógicos) para que os alunos Além de seguir as propostas do PCN a temática trabalha-
possam chegar ao 6º ano com o conhecimento prévio ne- da também está de acordo com os conteúdos e objetivos da-
cessário para os estudos do ciclo II. Além disso, uma vez por quele para o ensino de ciências: o aluno deve compreender
mês, ““professor Joaquim”” faz reuniões de formação onde o mundo, consciente de seu papel, como indivíduo parti-
discute com os professores os conteúdos que estes devem cipativo e parte integrante do universo. Ao entender como
ensinar fazendo com que os professores tenham domínio a vida na cidade grande influencia o equilíbrio ambiental o
do conteúdo que irão ensinar. Desta forma, garante a con- aluno será capaz de construir novos hábitos, transforman-
textualização sugerida nos PCN. do a realidade.

100
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Faz-se necessário, porém, que a maneira com que se O PCN sugere dois tipos de observações. O primeiro
abordam as teorias científicas seja alcançável à realidade do estabelece contato direto com o objeto estudado, por exem-
aluno que está em formação. Sendo assim, as metodologias plo, a atividade descrita à cima. Outro bom exemplo do con-
criadas para a busca de informações são fundamentais para tato direto é o trabalho em estudo do meio.
a aprendizagem ser significativa. Os modos de obter as in- O segundo modo estabelece “observações” por meio de
formações são diversos dentre eles destacam-se a observa- recursos técnicos.
ção, a experimentação, a leitura, a entrevista e a excursão ou Observe as fotos a baixo. Qual sensação desperta no ob-
estudo do meio. Ao buscar informações e confrontar ideias servador?
diferentes o aluno constrói o conhecimento científico (Bra- “Professor Joaquim” como todo biólogo é apaixonado
sil, 1997). pela natureza e suas peculiaridades. Como forma de imorta-
A experimentação é uma atividade rica para a obtenção lizar as observações que realiza e trazer para a sala de aula
de informações científicas, pois por meio desta há a realiza- uma natureza que os alunos não podem observar junto com
ção de um fenômeno natural. O aluno tem a possibilidade ele, tirou as fotos observadas acima e muitas outras. Essas
de acompanhar e investigar tal fenômeno e suas transfor- imagens despertam no aluno a sensação de estar em con-
mações (Brasil, 1997). Sendo assim o experimento torna-se tato com o ambiente e não com a representação fotográfica
significativo e permite que o aluno construa seu conheci- deste. Tais fotos podem servir como fonte de investigação,
mento (conceitos científicos) para confirmar ou refutar suas ampliação de repertório de conhecimento dos seres vivos
hipóteses. ou jogos educativos. Todos estes objetivos seguem a inves-
“Professor Joaquim” iniciou a investigação usando um tigação central para encontrar uma resposta à problemática
de seus alunos para realizar um experimento. Utilizando-se levantada. Esta rica experiência trabalhada com os alunos, é
do princípio da ação e reação e das necessidades básicas do possível de ser trabalhada em qualquer realidade e permite
ser humano para sobrevivência, mostrou fenômenos que o exercício da investigação por meio da observação como
ocorrem no desenvolvimento de uma criança para garantir propõe o PCN. Para dar continuidade a esta atividade o pro-
sua vida (por exemplo: respiração) o que a diferenciam de fessor poderia levar os alunos para fotografar a natureza pre-
um ser não vivo. “Joaquim” chamou um aluno para ficar a sente nos espaços da escola.
frente da turma, com cuidado, puxou os braços, pisou no pé Aulas e trabalhos por meio de projetos, que visam apre-
e bateu nas costas do aluno. O aluno disse que sentiu dores sentar os fenômenos naturais em conjunto com a busca de
e teve vontade de fazer o mesmo com o professor. Assim, transformações no meio, favorecem a aprendizagem global
a primeira hipótese estava formada os seres vivos têm sen- e tornam-se contextualizados com a realidade dos alunos.
timentos e reagem aos estímulos. O mesmo foi feito com (Brasil, 1997).
uma mochila e percebeu-se que a mochila nada sentiu. Os Contribuindo com a investigação do funcionamento
alunos conseguiram construir com isso o primeiro conceito. do habitat “Joaquim” criou o baralho de seres vivos. Após
A observação é um recurso de busca de informação apreenderem a diferença entre seres vivos e não vivos os
simples, possível em qualquer realidade, mas enriquece- próprios alunos constroem as cartas desenhando seres do
dor. De acordo com o PCN esta permite a investigação do habitat observado no aquário. Cada aluno faz seis cartas em
que se vê por meio de registros, desenhos ou socializações folha sulfite branca (uma folha foi dividida igualmente em 6
objetivando-se encontrar novas variantes. Este processo é partes formando as 6 cartas que cada aluno construiu).
guiado pelo professor que proporciona desafios ao mediar Após a criação das cartas, o jogo é realizado por meio
o olhar do aluno-observador. da montagem de cadeias alimentares. Estas devem ser reais
O “professor Joaquim” na semana seguinte levou seus e completas (iniciar com um ser produtor e terminar com um
alunos para observar e registrar o habitat de um aquário. ser decompositor). Cada ser vivo pode se ligar com inúme-
Em pequenos grupos, no laboratório de ciências, cada ros outros seres vivos no papel de alimento ou de consu-
aluno deveria buscar agir como um cientista seguindo os midor. Esta construção é realizada em uma cartolina branca
princípios de precisão, clareza e fidelidade que norteiam os produzindo uma grande teia alimentar. Após a construção,
registros de pesquisa científica. os cartazes ficam expostos na sala para posteriores consultas
Enquanto desenhavam o que observavam, “professor e investigações. Este projeto permitiu que os alunos cons-
Joaquim” instigava os alunos a procurar detalhes e reco- truíssem uma nova hipótese: a necessidade do equilíbrio em
nhecer o modo de funcionamento deste. A observação pre- um habitat onde a sobrevivência de um ser vivo depende do
cisa fez os alunos perceberem a existência de um ambiente outro, iniciando nos seres produtores (plantas) e terminando
em equilíbrio dentro do aquário. Como se este fosse uma nos decompositores (fungos). Ao entender a necessidade da
miniatura de nosso ecossistema. Onde existem relações de sobrevivência de um ser para alimentar outro o aluno com-
predadores e presas, produtores e consumidores, seres vivos preende um outro fator necessário para o equilíbrio e é capaz
e não vivos que formam uma cadeia alimentar. Durante esta de entender o que causa a extinção (um dos problemas am-
atividade os alunos, como proposto pelo PCN, encontravam bientais levantados no início do curso).
novas informações a respeito do equilíbrio necessário para Com o intuito de favorecer aos alunos o reconhecimento
o bom funcionamento do ambiente. Informações que em do fenômeno natural da decomposição “Joaquim” entregou
momento posterior serviram para entender o que ocorre aos alunos o protocolo para a realização de uma experimen-
de forma diferenciada na sociedade moderna, provocando tação. Esta consistia na preparação e observação da de-
os problemas ambientais enfrentados (problemática a ser composição de um pão de forma. Os alunos realizaram o
respondida). Com este exercício os alunos começam a en- experimento em suas casas, observaram dia-a-dia e ano-
tender e vivenciar uma pesquisa científica. taram a evolução. Estes deveriam molhar uma fatia de pão

101
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
de forma, colocá-la em um saco plástico fechado e deixar Ao final do primeiro semestre, acompanhados de al-
guardada em um local escuro (por exemplo, dentro do ar- guns professores, os alunos do 6º ano realizaram uma via-
mário). Após um mês, levaram o experimento (pão mofado) gem a fim de investigar o habitat de um determinado am-
para a escola onde em uma atividade em grupo compara- biente para coletar mais informações para a construção do
ram suas evoluções e resultados com os dos colegas che- novo saber científico. Para dar continuidade ao estudo do
gando a conclusões para os fenômenos ocorridos. O desa- equilíbrio ambiental, os alunos investigaram os diferentes
fio dos alunos era compreender porque um mesmo experi- tipos de solos, suas utilidades e funções para a sociedade.
mento produziu diferentes resultados (cada aluno trouxe o Compreender como os solos agem para a garantia de um
pão de uma forma e com diferentes fungos). Como sugere equilíbrio ambiental permite a compreensão do surgimen-
o PCN, os alunos deveriam compreender o protocolo, ela- to de muitos dos problemas ambientais vivenciados pela
borar o experimento e produzir um relatório sobre o fenô- sociedade moderna. Este estudo é caracterizado pelo PCN
meno observado. A hipótese dos alunos foi de que locais como outro modo de observação o estudo do meio.
diferentes proporcionam diferentes desenvolvimentos para Temas como, história das Ciências, das ideias científi-
os fungos (seres decompositores). A partir desta observa- cas, relação do indivíduo com o seu corpo, com a socieda-
ção, juntos, “professor Joaquim” e seus alunos chegaram à de, com a natureza e com os recursos naturais são de gran-
conclusão que o desenvolvimento dos seres vivos é dife- de relevância no ensino fundamental e conforme aponta-
rente dependendo do ambiente em que estão inseridos. mentos dos PCN podem-se também abordar a história das
Voltando ao crescimento acelerado da população, uma das ideias científicas nos anos finais do ensino fundamental. Ao
problemáticas iniciais levantadas, todos perceberam que o trabalhar com as questões ambientais “Joaquim” responde
excesso de pessoas modifica o ambiente. a esta expectativa do PCN trazendo para a sala de aula o
Estas experiências ampliaram a compreensão da ne- questionamento sobre a relação do aluno com o ambiente
cessidade do equilíbrio de uma cadeia alimentar para man- no qual este vive, algo presente no cotidiano do aluno e
ter o ambiente funcionando sem problemas, ressaltando repleto de significado. Além disto, enquanto o aluno ques-
que um indivíduo eliminado da cadeia alimentar não pode tiona-se sobre sua relação com o ambiente torna-se cons-
ser substituído por outro. ciente e crítico da situação ambiental em que a sociedade
Segundo o PCN textos científicos também são fontes moderna vive.
de informações. Além do livro didático, outros portadores Portanto, são metodologias essenciais aquelas que
são significativos como jornais, revistas, artigos, folhetos proporcionam a experimentação, observação, comunica-
informativos, enciclopédias e sites confiáveis. Estes por- ção, comparação, investigação, relação entre os fenôme-
tadores além de auxiliar na ampliação da leitura, escrita e nos, fatos e ideias contextualizadas com a vivência do alu-
universo cultural possibilitam a análise crítica e contextuali- no por meio de leitura, escrita, desenhos, organização de
zada com a vivência dos alunos (Brasil, 1997). tabelas ou gráficos entre outros.
Alguns temas como a fotossíntese, realizada pelos se- Proporcionando, desta forma, a construção da autono-
res vivos produtores (plantas) são trabalhadas por meio de mia e a aprendizagem significativa.
textos informativos. A fotossíntese é outro conceito criado “Professor Joaquim” continuou investigando, junto
para a compreensão do equilíbrio existente em um habitat, com seus alunos, soluções para as problemáticas propos-
compreensão fundamental para responder a problemática tas. Destacamos algumas das investigações realizadas du-
inicial. rante o primeiro bimestre do ano letivo de 2012. Tais in-
Durante o processo os alunos adquirem novos co- vestigações fazem parte da exploração do bloco temático
nhecimentos a partir da problematização inicial e ao final, meio ambiente proposto pelo PCN. No decorrer do ano os
devem ser organizados por meio de uma sistematização. outros blocos temáticos foram investigados por meio de
As atividades de sistematizações de conhecimentos po- outras didáticas significativas.
dem ser organizadas por meio de textos, dramatizações, Ao final do ano letivo, com o objetivo de apresentar
maquetes, relatórios, textos sínteses, textos explicativos e a solução encontrada para a problemática os alunos, em
outros (Brasil, 1997). pequenos grupos, produzem um vídeo com planos de ação
Ao final de cada descoberta “professor Joaquim” instrui para a melhoria das condições de vida no planeta. Durante
seus alunos a lerem o texto informativo do livro didático a algumas aulas Joaquim ensinou os alunos a usarem pro-
respeito do tema descoberto. Esta leitura auxilia os alunos gramas de edição de vídeo como o Windows Movie Maker.
na sistematização do conhecimento, pois estes descobrem Em horários livres, os alunos deveriam reunir-se nos gru-
que as investigações realizadas os permitiram construir e pos, e filmar as ações com o uso de celulares ou maquinas
apreender um conceito científico a ser estudado. Assim fotográficas digitais. A equipe de TI da escola, assim como
como os cientistas os alunos construíram o conhecimento o professor e a assistente ficaram a disposição para auxiliar
e deram significado ao trabalho realizado. A finalização da quando fosse preciso. Os vídeos foram apresentados no
sistematização é realizada por meio da construção de um auditório da escola no evento de encerramento do ano le-
mapa conceitual a partir do texto do livro didático. tivo para os alunos do 6º ano.
Para esta construção o professor ensinou os alunos Além do filme, os alunos produziram um texto relatan-
como conectar conceitos e construir mapas. No início, os do “O planeta em que desejo viver no século XXI”. Em am-
mapas conceituais eram produzidos coletivamente depois, bos os trabalhos finais os alunos revelaram ter assimilado a
os alunos passaram a produzi-los sozinhos. complexidade da questão ambiental além de conseguirem

102
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
conectar todos os conceitos para responder a problemáti- Dessa forma, as cidades foram sendo formadas, pois
ca inicial. Para acabarmos com os problemas ambientais a as aglomerações de homens em determinadas regiões fi-
ocupação do ambiente feita pelo homem e o modo como zeram com que as instalações das pessoas melhorassem,
o homem se relaciona com este deve ser realizada de for- através da construção de casas, igrejas, locais para diver-
ma a preservar o equilíbrio. são, escolas, etc.
Ao longo do ano, a assistente percebeu crescentes mu- Para que isso fosse possível, o homem teve que modi-
danças nas produções escritas e nas reflexões desenvolvi- ficar o ambiente natural. Dessa forma, parte da natureza foi
das pelos alunos. Existindo a construção de um novo modo destruída para abrir espaço para as construções.
de pensar, o científico. Os alunos passaram a ser capaz de Através das construções, foram se formando as dife-
sozinhos produzirem textos e elaborar hipóteses para no- rentes regiões, os países, os estados e as cidades, e sempre
vas problemáticas. prejudicando e destruindo a paisagem natural, por mais
Em alguns momentos, no decorrer do percurso, os alu- que o homem tentasse preservá-la.
nos trouxeram para o professor objetos produzidos pela Podemos considerar como recursos naturais o solo, a
iniciativa de preservar o ambiente (por exemplo, camiseta água, os seres vivos, o ar, a luz e o calor, que compõem a
produzida de garrafa pet) e reportagens com informações formação de determinado lugar.
e reflexões ambientais. Esta postura mostra o envolvimento O crescimento populacional dos seres humanos con-
dos alunos com o trabalho proposto e a conquista da mais tribuiu para que grande quantidade da natureza fosse des-
importante postura científica o despertar da curiosidade e truída e isso acarretou em grandes problemas à vida do
do prazer por estudar. planeta.
Ao final do ano, a assistente e o professor, observa- A poluição das cidades tem causado muitos proble-
ram os alunos modificarem suas ações como objetivo de mas, como a destruição da camada de ozônio, favorecen-
preservar o equilíbrio ambiental. Alguns alunos deixaram do o aumento de doenças como o câncer e as doenças
de fazer consumos excessivos, desperdiçar papel, preocu- respiratórias.
param-se em fazer a coleta seletiva, não poluir entre outras Devido ao efeito estufa, temos o aumento do calor na
ações. Além de modificarem suas ações passaram a chamar Terra, provocando a estiagem das chuvas, o que leva à di-
seus familiares para agirem da mesma forma. minuição das águas dos rios.
Além desta mudança de ação, a descoberta da res- O calor excessivo tem provocado o derretimento das
posta para a problemática como citado acima, os alunos geleiras, aumentando as águas dos mares e oceanos, pro-
conseguiram relacionar o estudo de ciências com o de vocando catástrofes.
geografia que trabalhou a transformação de paisagens. As cidades estão tão cheias, lotadas, que as favelas
Estes descobriram que a transformação das paisagens, ge- vão aumentando. Nesses locais não há condições dignas
ralmente prejudicial para o equilíbrio ambiental, ocorreu de moradia para as pessoas, sem saneamento básico, com
devido à má forma com que o homem se relacionou com esgotos abertos, sem água tratada, causando várias doen-
o ambiente. ças.37
Estas ações dos alunos mostram que o professor atin- Vejamos agora o cenário do espaço geográfico nes-
giu o objetivo de seu curso: estabelecer um novo modelo se contexto. O espaço geográfico corresponde ao espaço
de relação entre os seres humanos e a natureza. construído e alterado pelo homem; e  pode ser definido
A experiência de “professor Joaquim” mostra que atuar com sendo o palco das realizações humanas nas quais es-
de acordo com as orientações do PCN é possível e gratifi- tão as relações entre os homens e desses com a natureza.
cante. A coerência e sintonia entre teoria e prática tornam O espaço geográfico abriga o homem e todos os elemen-
o aprendizado do aluno contextualizado, significativo e crí- tos naturais, tais como relevo, clima, vegetação e tudo que
tico. nela está inserido.
Sabemos que a escola observada pertence a uma pe- O espaço geográfico em sua etapa inicial apresentava
quena parcela da população, porém acreditamos que a somente os aspectos físicos ou naturais presentes, como
experiência de poucos deve servir de exemplo para que rios, mares, lagos, montanhas, animais, plantas e toda inte-
muitos tenham acesso ao ensino de qualidade conforme ração e interdependência entre eles. O surgimento do ho-
propõe o PCN.36 mem, desde o mais primitivo, que começou a interferir no
meio a partir do corte de uma árvore para construção de
AMBIENTE E TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA um abrigo e para caça, impactou e transformou o espaço
O homem, ao longo de sua história, foi se adaptando geográfico.
ao ambiente em que vivia, conforme suas necessidades. Nesse primeiro momento, as transformações eram
Como precisava de água, morava perto dos rios para quase que insignificantes, uma vez que tudo que se retira-
poder trabalhar com a agricultura, as plantações dos ali- va da natureza servia somente para sanar as necessidades
mentos, e manter condições de sobrevivência. básicas de sobrevivência, processo chamado de “meios de
existência”. Toda modificação executada na natureza é pro-
36 Fonte: www.sinprosp.org.br - LEITE, Anna Caroli- veniente do trabalho humano.
na Silva/ARCHILHA, Rebeca Lopes 37 Por Jussara de Barros

103
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
É através do trabalho que o homem é capaz de cons- A partir das afirmativas, fica evidente que o homem ne-
truir e desenvolver tudo aquilo que é indispensável à sua cessita da natureza para obter seu sustento, no entanto, o
sobrevivência. O termo “trabalho” significa todo esforço fí- que tem sido promovido é uma exploração irracional dos
sico e mental humano com finalidade de produzir algo útil recursos. Se continuar nesse ritmo, provavelmente as pró-
a si mesmo ou a alguém. ximas gerações enfrentarão sérios problemas. Além disso, a
O conjunto de atividades desempenhadas pelas socie- vida de todos os seres vivos na Terra ficará comprometida,
dades continuamente promove a modificação do espaço inclusive do homem, caso o problema não seja soluciona-
geográfico. A partir da Primeira Revolução Industrial, o do.38
homem enfatizou a retirada de recursos dispostos na na-
tureza a fim de abastecer as indústrias de matéria-prima, Água, ar e solo
que é um item primordial nessa atividade, ao passo que
a população crescia acompanhada pelo alto consumo de Água
alimentos e bens de consumo. A água é um composto químico formado por dois áto-
Com o avanço tecnológico, o homem criou uma série mos de hidrogênio e um de oxigênio. Sua fórmula química
de mecanismos para facilitar a manipulação dos elementos é H2O. Porém, um conjunto de outras substâncias como,
da natureza, máquinas e equipamentos facilitaram a vida por exemplo, sais minerais juntam-se a ela. Nos oceanos,
do homem e dinamizaram o processo de exploração de por exemplo, existe uma grande quantidade de sal mistu-
recursos, como os minerais, além do desenvolvimento de rada a água. 
toda produção agropecuária com a inserção de tecnolo-  A água pura não possui cheiro nem cor. Ela pode ser
gias, como tratores, plantadeiras, colheitadeiras e muitos transformada em gelo (solidificação) quando está numa
outros. temperatura de zero grau Celsius. A água ferve quando
Na produção agropecuária se faz necessário transfor- atinge a temperatura de 100 graus Celsius (no nível do
mar o meio, pois retira-se toda cobertura vegetal original mar).
que é substituída por pastagens e lavouras. Dessas derivam  Cerca de três quartos da superfície do planeta Terra é
outros impactos como erosão, poluição e contaminação do coberto por água. Em função deste aspecto, nosso planeta,
solo e dos mananciais. Na extração mineral, o espaço geo- visto do espaço, assume uma cor azulada. Sem este líquido
gráfico é bastante atingido, sofrendo profundos impactos precioso o ser humano não teria se desenvolvido neste pla-
e mudando de forma drástica todo arranjo espacial do lu- neta. Basta dizer que o corpo do ser humano é quase total-
gar que está sendo explorado. mente formado por água. A água também é fundamental
Nos centros urbanos, as alterações são percebidas nas para a vida dos outros animais e plantas do nosso planeta.
construções presentes, essas transformações ocorrem em  A água é extremamente importante para o homem.
Na antiguidade, por exemplo, as grandes civilizações se
loteamentos que em um período era somente uma área
desenvolveram às margens de rios. Os egípcios, por exem-
desabitada e passou a abrigar construções residenciais,
plo, dependiam das águas do rio Nilo para quase tudo. A
além de áreas destinadas ao comércio e indústria. Desse
civilização da Mesopotâmia também utilizou este recurso
modo, nas cidades de todo mundo sempre ocorrem mo-
natural dos rios Tigre e Eufrates.
dificações no espaço, são identificadas nas novas constru-
A água no planeta
ções, nas reformas de residências, lojas e todas as formas
Cerca de 71% da superfície da Terra é coberta por água
de edificações.
em estado líquido. Do total desse volume, 97,4% aproxima-
Diante dessas considerações constata-se que o espaço
damente, está nos oceanos, em estado líquido.
geográfico não é estático, pois até mesmo a deteriorização
A água dos oceanos é salgada: contém muito cloreto
de um edifício ou monumento é considerado uma altera-
de sódio, além de outros sais minerais.
ção do espaço e automaticamente da paisagem, por isso as Mas a água em estado líquido também aparece nos
mudanças são contínuas e dinâmicas. O espaço geográfico rios, nos lagos e nas represas, infiltrada nos espaços do solo
é produto do trabalho humano sobre a natureza e todas as e das rochas, nas nuvens e nos seres vivos. Nesses casos ela
relações sociais ao longo da história. apresenta uma concentração de sais geralmente inferior a
As constantes intervenções humanas no espaço cau- água do mar. É chamada de água doce e corresponde a
sam uma infinidade de degradação que recentemente tem apenas cerca de 2,6% do total de água do planeta.
se voltado contra o homem. Desse modo, a natureza está Cerca de 1,8% da água doce do planeta é encontrado
devolvendo tudo aquilo que as ações antrópicas causaram. em estado sólido, formando grandes massas de gelo nas
São vários os exemplos decorrentes das profundas altera- regiões próximas dos pólos e no topo de montanhas muito
ções ocorridas principalmente no último século no planeta, elevadas. As águas subterrâneas correspondem á 0,96% da
como o aquecimento global, efeito estufa e escassez de água doce, o restante está disponível em rios e lagos.
água.  
As décadas de exploração ocasionaram a extinção, so-
mente no século XX pelo menos 15% das espécies da fauna 38 Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br - Por
e da flora foram extintas. Eduardo de Freitas

104
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Oceanos e mares - 97%


Geleiras inacessíveis - 2%
Rios, lagos e fontes subterrâneas - 1%

 
A presença de água nos seres vivos
Um dos fatores que possibilitaram o surgimento e a manutenção da vida na Terra é a existência da água. Ela é um dos
principais componentes da biosfera e cobre a maior parte da superfície do planeta.
Na Biosfera, existem diversos ecossistemas, ou seja, diversos ambientes na Terra que são habitados por seres vivos das
mais variadas formas e tamanhos. Às vezes, nos esquecemos que todos esses seres vivos têm em comum a água presente
na sua composição. Veja alguns exemplos.

Água-viva                                             Melância


 
A água-viva chega a ter 95% de água na composição do seu corpo. A melancia e o pepino chegam a ter 96% de água
na sua composição.
Portanto a água não está presente apenas nas plantas; ela também faz parte do corpo de muitos animais.
É fácil comprovar que o nosso corpo, por exemplo, contém água. Bebemos água várias vezes ao dia, ingerimos muitos
alimentos que contém água e expelimos do nosso corpo vários tipos de líquidos que possuem água, por exemplo, suor,
urina, lágrimas, etc.
 
O que é a água?
A água é uma das substâncias mais comuns em nosso planeta. Toda a matéria (ou a substância) na natureza é feita por
partículas muito pequenas, invisíveis a olho nu, os átomos.
Cada tipo de átomo pertence a um determinado elemento químico. Os átomos de oxigênio, hidrogênio, carbono e cloro
são alguns exemplos de elementos químicos que formam as mais diversas substâncias, como a água, o gás carbônico, etc.
Os grupos de átomos unidos entre si formam moléculas. Cada molécula de água, por exemplo, é formada por dois
átomos de hidrogênio e um de oxigênio. A molécula de água é representada pela fórmula química H2O. Em cada 1 g de
água há cerca de 30 000 000 000 000 000 000 000 (leia: “trinta sextilhões”) de moléculas de água.

Representação da molécula de água com os dois átomos de hidrogânio e um de oxigênio. As cores são meramente ilus-
trativas e o tamanho não segue as proporções reais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Estados físicos da matéria
Quando nos referimos à água, a ideia que nos vem de imediato à mente é a de um líquido fresco e incolor. Quando nos
referimos ao ferro, imaginamos um sólido duro. Já o ar nos remete à ideia de matéria no estado gasoso.
Toda matéria que existe na natureza se apresenta em uma dessas formas - sólida, líquida ou gasosa. É o que chamamos
de estados físicos da matéria.

No estado sólido, as moléculas de água estão bem “presas” umas às outras e se movem
muito pouco: elas ficam “balançando”, vibrando, mas sem se afastarem muito umas das outras.
Não é fácil variar a forma e o volume de um objeto sólido, como a madeira de uma porta ou o
plástico de que é feito uma caneta, por exemplo.

O estado líquido é intermediário entre o sólido e o gasoso. Nele, as moléculas estão mais
soltas e se movimentam mais que no estado sólido. Os corpos no estado líquido não mantém
uma forma definida, mas adotam a forma do recipiente que os contém, pois as moléculas desli-
zam umas sobre as outras. Na superfície plana e horizontal, a matéria, quando em estado líquido,
também se mantém na forma plana e horizontal.

No estado gasoso a matéria está muito expandida e, muitas vezes, não podemos perce-
bê-la visualmente. Os corpos no estado gasoso não possuem volume nem forma próprios e
também adotam a forma do recipiente que os contém. No estado gasoso, as moléculas se mo-
vem mais livremente que no estado líquido, estão muito mais distantes umas das outras que no
estado sólido ou líquido, e se movimentam em todas as direções. Frequentemente há colisões
entre elas, que se chocam também com a parede do recipiente em que estão. É como se fossem
abelhas presas em uma caixa, e voando em todas as direções.

106
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Em resumo: no estado sólido as moléculas de água vibram em posições fixas. No estado líquido, as moléculas vibram
mais do que no estado sólido, mas dependente da temperatura do líquido (quanto mais quente, maior a vibração, até se
desprenderem, passando para o estado gasoso, em um fenômeno conhecido como ebulição). Consequentemente, no es-
tado gasoso (vapor) as moléculas vibram fortemente e de forma desordenada.

 ENTENDA AS MUDANÇAS DE ESTADO FÍSICO!


Mudanças de estado físico
As passagens entre os três estados físicos (sólido, líquido e gasoso) têm o nome de mudanças de estado físico.

Você já viu como num dia quente, um pedaço de gelo logo derrete depois de tirado do congelador?
Nesse caso, a água em estado sólido passa rapidamente para o estado líquido. Essa mudança de estado é conhecida
como fusão.
 
Fusão
Passagem, provocada por um aquecimento, do estado sólido para o estado líquido. O aquecimento provoca a elevação
da temperatura da substância até ao seu ponto de fusão. A temperatura não aumenta enquanto está acontecendo a fusão,
isto é, somente depois que toda a substância passar para o estado líquido é que a temperatura volta a aumentar.

O ponto de fusão de uma substância é a temperatura a que essa substância passa do estado sólido para o estado
líquido.
No caso da água o ponto de fusão é de 0ºC. Assim, o bloco de gelo permanecerá a 0ºC até todo ele derreter para só
depois sua temperatura começar a se elevar para 1ºC, 2ºC etc.
Mas o contrário também acontece. Se quisermos passar água do estado líquido para o sólido, é só colocarmos a água
no congelador. Essa mudança de estado é chamada solidificação.
 
Solidificação
Passagem do estado líquido para o estado sólido, através de arrefecimento (resfriamento). Quando a substância líquida
inicia a solidificação, a temperatura fica inalterada até que a totalidade esteja no estado sólido, e só depois a temperatura
continua a baixar.

107
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A água pode passar do estado de vapor para o estado
líquido. É fácil observar essa passagem. Quantas vezes você
já não colocou água gelada dentro de um copo de vidro
fora da geladeira? Depois de um tempo, a superfície do
lado de fora fica molhada, não é mesmo?
As pequenas gotas de água se formam porque o vapor
de água que existe no ar entra em contato com a superfí-
cie fria do copo e se condensa, isto é, passa para o estado
líquido. Essa mudança de estado é chamada condensação,
ou liquefação.
 
Condensação
Passagem do estado gasoso para o estado líquido, de-
vido ao um arrefecimento (resfriamento). Quando a subs-
tância gasosa inicia a condensação, a temperatura fica inal-
No caso da água o ponto de solidificação é de 0ºC. terada até que a totalidade esteja no estado líquido, e só
Assim, a água permanecerá a 0ºC até que toda ela congele depois a temperatura continua a baixar.
para só depois sua temperatura começar a diminuir para
-1ºC, - 2ºC etc.
Você já percebeu que, quando uma pessoa está cozi-
nhando, ela tem que tomar cuidado para que a água não
suma da panela e a comida queime e grude no fundo? Mas
para onde vai a água?
A água passa para o estado gasoso: transforma-se em
vapor, que não pode ser visto. A passagem do estado líqui-
do para o estado gasoso é chamada vaporização.
 
Vaporização
Passagem do estado líquido para o estado gasoso, por
aquecimento. Se for realizada lentamente chama-se evapo-
ração, se for realizada com aquecimento rápido chama-se
ebulição. Durante a ebulição a temperatura da substância
que está a passar do estado líquido para o estado gaso- Um exemplo de condensação é o orvalho e a geada!
so permanece inalterada, só voltando a aumentar quando Às vezes, quando está frio, logo de manhã vemos que
toda a substância estiver no estado gasoso. muitas folhas, flores, carros, vidraças e outros objetos que
estão no ar livre ficam cobertos de gotas de água, sem que
tenha chovido: é o orvalho.

O orvalho se forma quando o vapor de água presente


no ar se condensa ao entrar em contato com superfícies
O ponto de ebulição de uma substância é a tempera- que estão mais frias que o ar. Se a temperatura estiver mui-
tura a que essa substância passa do estado líquido para o to baixa, a água pode congelar sobre as superfícies frias,
estado gasoso. formando uma camada de gelo: é a geada, que pode cau-
No caso da água o ponto de ebulição é de 100ºC. As- sar prejuízos às plantações, já que o frio pode destruir fo-
sim toda a água permanecerá a 100ºC até toda ela tenha lhas e frutos.
evaporado para somente depois sua temperatura começar
a aumentar para 101ºC, 102ºC etc.

108
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

A propriedade que a água tem de atuar como solvente


é fundamental para a vida. No sangue, por exemplo, várias
substâncias - como sais minerais, vitaminas, açucares, entre
Você já observou que certos produtos para perfumar o outras - são transportadas dissolvidas na água.
ambiente instalados no banheiro, por exemplo, vão dimi-  
nuindo de tamanho com o tempo? Isso acontece porque
eles passam diretamente do estado sólido para o estado
gasoso. Essa passagem do estado sólido para o gasoso e
vice-versa é chamada sublimação.
 
Sublimação
Passagem direta de uma substância do estado sólido
para o estado gasoso, por aquecimento, ou do estado ga-
soso para o estado sólido, por arrefecimento. Ex. Gelo seco,
naftalina.

Naftalina
 
Propriedades da água Porcentagem de água em alguns órgãos do corpo hu-
  mano.
A água é um solvente  
No ambiente é muito difícil encontrar água pura, em Nas plantas, os sais minerais dissolvidos na água são
razão da facilidade com que as outras substâncias se mis- levados das raízes às folhas, assim como o alimento da
turam a ela. Mesmo a água da chuva, por exemplo, ao cair, planta (açúcar) também é transportado dissolvido em água
traz impurezas do ar nela dissolvidas. para todas as partes desse organismo.
Uma das importantes propriedades da água é a capaci- No interior dos organismos vivos, ocorrem inúmeras
dade de dissolver outras substâncias. A água é considerada reações químicas indispensáveis a vida, como as que acon-
solvente universal, porque é muito abundante na Terra e é tecem na digestão. A maioria dessas reações químicas no
capaz de dissolver grande parte das substancias conheci- organismo só acontece se as substâncias químicas estive-
das. rem dissolvidas em água.
Se percebermos na água cor, cheiro ou sabor, isso se  
deve a substâncias (líquidos, sólidos ou gases) nela presen- A água como regulador térmico
tes, dissolvidas ou não. A água tem a capacidade de absorver e conservar calor.
As substâncias que se dissolvem em outras (por exem- Durante o dia, a água absorve parte do calor do Sol e o
plo: o sal) recebem a denominação de soluto. A substância conserva até a noite. Quando o Sol está iluminando o outro
que é capaz de dissolver outras, como a água, é chamada lado do planeta, essa água já começa a devolver o calor
de solvente. A associação do soluto com o solvente é uma absorvido ao ambiente.
solução.

109
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Ela funciona, assim, como reguladora térmica. Por isso, A quantidade de água deslocada pelos corpos é um
em cidades próximas ao litoral, é pequena a diferença en- importante fator para a flutuação ou afundamento dos ob-
tre a temperatura durante o dia e à noite. Já em cidades jetos. O prego, por ter pouco volume, desloca um mínimo
distantes do litoral, essa diferença de temperatura é bem de água quando mergulhado. Já o navio por ser muito vo-
maior. lumoso, desloca uma grande quantidade de água. Então
É essa propriedade da água que torna a sudorese (eli- seu “peso” fica equilibrado pela força com que a água o
minação do suor) um mecanismo importante na manuten- “empurra”, ou seja, pelo empuxo.
ção da temperatura corporal de alguns animais.

Quando o empuxo (E) é igual ao peso (P) o objeto


flutua, porém quando o peso é maior que o empuxo o
objeto afunda. O submarino quando quer afundar aumen-
ta seu peso enchendo seus tanques de água do mar.
Quando o dia está muito quente, suamos mais. Pela  
evaporação do suor eliminado, liberamos o calor exceden- A água exerce pressão
te no corpo. Isso também ocorre quando corremos, dança- Você já tentou segurar com o dedo o jato de água que
mos ou praticamos outros exercícios físicos. sai de uma mangueira? O que aconteceu? A água impedida
pelo dedo de fluir, exerce pressão e sai com mais força.
Flutuar ou afundar? Todos os líquidos em geral exercem pressões. Uma ma-
Você já se perguntou por que alguns objetos afundam neira de demonstrar a pressão exercida por uma coluna de
na água? Porque um prego afunda e um navio flutua na “líquido” é efetuar orifícios numa garrafa plástica de 2 litros
água? O que faz com que a água sustente alguns objetos, (destas de refrigerante) e enchê-la de água.
de forma que eles consigam flutuar nela? • A experiência ilustrada abaixo indica que a pressão
exercida por um líquido aumenta com a profundidade, pois
a vazão do primeiro furo é menor que a vazão dos outros
dois. Pode-se verificar que quanto maior a profundidade
ou altura de líquido, o filete de água atinge uma maior dis-
tância. Diz-se que a pressão é maior e depende da profun-
didade do orifício considerado.

Entender porque alguns objetos afundam na água en-


quanto outros flutuam é muito importante na construção
de navios, submarinos etc. Se na água um prego afunda e
um navio flutua, está claro que isso não tem nada a ver com
o fato de o objeto ser leve ou pesado, já que um prego tem
algumas gramas e um navio pesa toneladas.
Na água podemos erguer uma pessoa fazendo pouco  
esforço, enquanto fora da água não conseguiríamos nem Pressão e mergulho
movê-la do chão. Isso acontece porque a água empurra o Quando uma pessoa mergulha, pode sentir dor na
corpo de uma pessoa para cima. A força que a água exer- parte interna da orelha. Você sabe por que isso acontece?
ce nos corpos mergulhados de baixo para cima (como um Novamente, a explicação está relacionada à pressão que a
“empurrão”), é denominada empuxo. água exerce.

110
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Quando mergulhamos, à medida que nos deslocamos para o fundo, aumenta a altura da coluna líquida acima de nós.
Quanto maior a altura dessa coluna, maior será a pressão exercida pelo líquido sobre nós. Por essa razão, nas profundezas
dos oceanos a pressão da água é grande e o homem não consegue chegar até lá sem equipamentos de proteção contra
a pressão.
 
Usinas Hidrelétricas
Os engenheiros levam em consideração esse comportamento da água quando planejam as usinas hidrelétricas.
Essas usinas aproveitam o potencial hidráulico existente num rio, utilizando desníveis naturais como quedas de água,
ou artificiais, produzidos pelo desvio do curso original do rio.
Nelas, a força das águas represadas dos rios é utilizada para a produção de energia elétrica. Essas usinas são respon-
sáveis por mais de 70% de toda a energia elétrica gerada no país e cerca de 20% da eletricidade mundial. Alem disso não
é poluente, é renovável, e permite controlar a vazão dos rios através das barragens, minimizando os efeitos das enchentes.
 
Você sabe como funciona uma hidrelétrica?
Inicialmente represa-se uma grande quantidade de água em um imenso tanque, cuja base é bem mais larga que a parte
de cima. As usinas são construídas abaixo do nível das represas, já que, quanto maior for a profundidade, maior será a pres-
são exercida pela água. Quando as comportas são abertas, a água sai sob grande pressão. Sob as comportas são colocadas
as turbinas, grandes máquinas cuja parte principal é uma roda imensa. A queda da água faz com que as rodas girem, esse
movimento gera energia elétrica que é distribuída para as cidades.
 
Quais são as desvantagens da construção de uma usina hidrelétrica?

As desvantagens da construção de uma usina hidrelé-


trica são:
- Desapropriação de terras produtivas pela inundação;
- impactos ambientais (fauna e flora)
- perda de vegetação e da fauna terrestres;
- impactos sociais (realocação e desapropriação de mo-
radores);
- interferência na migração dos peixes;
- alterações na fauna do rio; e
- perdas de heranças históricas e culturais, alterações em
atividades econômicas e usos tradicionais da terra.

 
Quais são os impactos ambientais na construção de uma usina?
Para construir represas e usinas é preciso alagar uma área enorme para formar o lago, e muitas vezes mexer no cami-
nho que o rio faz. O lago, também chamado de reservatório, é formado pelo represamento das águas do rio, através da
construção de uma barragem. Essa alteração do meio ambiente atrapalha a vida dos bichos e das plantas da região, além
de mudar radicalmente a paisagem, muitas vezes destruindo belezas naturais. Também saem prejudicadas as pessoas que
moram por perto e têm que se mudar por causa da inundação.

Usina Hidroelétrica de Itaipu

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Tensão superficial
 
Uma outra característica da água no estado líquido é a tensão que ela representa
em sua superfície. Isso acontece porque as moléculas da água se atraem, mantendo-
se coesas ( juntas), como se formassem uma finíssima membrana da superfície. Olhe a
figura abaixo.

 
O princípio de Pascal
Pascal foi um cientista frânces que viveu de 1623 a 1662. Entre muitas colaborações para a ciência, formulou o seguinte
princípio: “A pressão exercida sobre um líquido é transmitida integralmente para todos os pontos do líquido”. Observe a
figura a baixo:

Quando empurramos fortemente uma rolha para dentro de uma garrafa que contém líquido, essa pressão é transmitida
integralmente ao líquido existente no recipiente. A pressão da água dentro da garrafa aumenta e empurra a outra rolha
para fora.

O ciclo da água
A água no estado líquido ocupa os oceanos, lagos, rios, açudes etc. De modo contínuo e lentamente, à temperatura
ambiente, acontece a evaporação, isto é, a água passa do estado líquido para o gasoso.
Quanto maior for a superfície de exposição da água (por exemplo, um oceano ou nas folhas de árvores de uma flores-
ta), maior será o nível de evaporação. Quando o vapor de água entra em contato com as camadas mais frias da atmosfera,
a água volta ao estado líquido, isto é, gotículas de água ou até minúsculos cristais de gelo se concentram formando nuvens.

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O vapor de água, quando resfriado, pode também for- Mas a nossa dependência da água vai além das ne-
mar a neblina (nevoeiro), ou seja, aquela “nuvem” que se cessidades biológicas: precisamos dela para limpar as nos-
forma perto do solo. sas casas, lavar as nossas roupas e o nosso corpo. E mais:
para limpar máquinas e equipamentos, irrigar plantações,
dissolver produtos químicos, criar novas substâncias, gerar
energia.
É aí que está o perigo: a atividade humana muitas ve-
zes comprometa a qualidade da água. Casas e indústrias
podem despejar em rios e mares substâncias que preju-
dicam a nossa saúde. Por isso, escolher bem a água que
bebemos e proteger rios, lagos e mares são cuidados es-
senciais à vida no planeta.
Água potável
  A água potável é aquela popularmente chamada água
Ao se formar nas nuvens um acúmulo de água muito pura. Para ser bebida por nós, a água deve ser incolor, in-
grande, as gotas tornam-se cada vez maiores, e a água se sípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro). Ela deve estar
precipita, isto é, começa a chover. Em regiões muito frias da livre de materiais tóxicos e microorganismos, como bacté-
atmosfera, a água passa do estado gasoso para o estado rias, protozoários etc., que são prejudiciais, mas deve con-
líquido e, rapidamente, para o sólido, formando a neve ou ter sais minerais em quantidade necessária à nossa saúde.
os granizos (pedacinhos de gelo). A água potável é encontrada em pequena quantidade
A água da chuva e da neve derretida se infiltra no solo, no nosso planeta e não está disponível infinitamente. Por
formando ou renovando os lençóis freáticos. As águas sub- ser um recurso limitado, o seu consumo deve ser planeja-
terrâneas emergem para a superfície da terra, formando as do.
nascentes dos rios. Assim o nível de água dos lagos, açu-  
des, rios etc. é mantido. Água destilada
A água do solo é absorvida pelas raízes das plantas. Por A água potável deve ter certa quantidade de alguns
meio da transpiração, as plantas eliminam água no estado sais minerais dissolvidos, que são importantes para a nossa
de vapor para o ambiente, principalmente pelas folhas. E na saúde. A água sem qualquer outra substância dissolvi-
cadeia alimentar, as plantas, pelos frutos, raízes, sementes e da é chamada de água destilada. Veja como se consegue
folhas, transferem água para os seus consumidores. água destilada.
Além do que é ingerido pela alimentação, os animais Para retirar sais minerais e outros produtos dissolvi-
obtêm água bebendo-a diretamente. Devolvem a água dos na água, utiliza-se um processo chamado destilação.
para o ambiente pela transpiração, pela respiração e pela O produto dessa destilação, a água destilada, é usado em
eliminação de urina e fezes. Essa água evapora e retorna baterias de carros e na fabricação de remédios e outros
à atmosfera. No nosso planeta, o ciclo de água é perma- produtos. Não serve para beber, já que não possui os sais
nente. minerais necessários ao nosso organismo.
  Veja como funciona o aparelho que produz água des-
Ciclo da água tilada, o destilador:
 

Observe que a água ferve (1) com ajuda do (2) Bico de


Bunsen (chama que aquece a água), transformando-se em
  vapor (3), e depois se condensa (4), voltando ao estado
A qualidade da água líquido. Os sais minerais não vaporizam, mas ficam dentro
  do vidro onde a água foi fervida (chamado balão de des-
A vida humana, assim como a de todos os seres vi- tilação).
vos depende da água.  

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Água mineral
A água do mar é salgada porque tem muito cloreto de sódio, que é o sal comum usado na cozinha. Justamente por
ter tanto sal, não é potável. Se bebermos água do mar, o excesso de sal nos fará eliminar mais água na urina do que deve-
ríamos, e começamos então a ficar desidratados.

Já a água doce, dos rios, lagos e fontes, tem menos sal que a água do mar e pode ser
bebida - desde que esteja sem micróbios e produtos tóxicos ou que tenha sido tratada
para eliminar essas impurezas.
A chamada água mineral é água que brota de fontes do subsolo. Ela costuma ter al-
guns sais minerais em quantidade um pouco maior que a água utilizada nas residências
e, às vezes outros sais.
A água mineral é, em geral potável e pode ser bebida na fonte ou engarrafada -
desde que a fonte esteja preservada da poluição e da contaminação ambiental e que o
processo de engarrafamento seja feito com higiene.

 
 
O mar pode “morrer”?
Na Ásia, há o famoso mar Morto, que é um exemplo de que um mar pode “morrer”. O mar “morre” e os lagos também
quando o nível de salinidade, isto é, a concentração de sais da sua água, é tão alto que não permite que os peixes, a flora e
outros seres vivam nele. Esse fenômeno ocorre por vários fatores, entre eles: pouca chuva aliada à evaporação intensa (clima
quente e seco) e corte ou diminuição do regime de escoamento de rios.
 

Açude no Acre secando.

Fontes de poluição da água


A água pode conter barro, areia e outras impurezas. Um grande perigo de contaminação da água está, por exemplo, na
presença de produtos químicos tóxicos ou microorganismos que tornam a água poluída.
Há varias fontes de poluição, como veremos a seguir.
 
A conseqüência da falta de tratamento de esgoto
O grande número de dejetos dos populosos núcleos residenciais, descarregado em córregos, rios e mares provoca a
poluição e a contaminação das águas. Febre tifóide, hepatite, cólera e muitas verminoses são doenças transmitidas por
essas águas.
Há rios como o Tietê e o Guaíba - em cujas margens surgiram a cidade de São Paulo e Porto Alegre - que já estão
comprometidos. Além desses, há vários rios expostos à degradação ambiental.
 

Tietê em obras em São Paulo para retirada de lixo depositado.

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A mineração, a extração e o transporte de petróleo
Atividades econômicas importantes têm causado inúmeros acidentes ecológicos graves. O petróleo extraído dos mares
e os metais ditos pesados usados na mineração (por exemplo, o mercúrio, no Pantanal), lançados na água por acidente, ou
negligência, têm provocado a poluição das águas com prejuízos ambientais, muitas vezes irreversíveis.
 

Derramamento de petróleo ocorrido na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro, Jun. 2000


 
A poluição causada pelas indústrias
Mesmo havendo leis que proíbam, muitas indústrias, continuam a lançar resíduos tóxicos em grande quantidade nos
rios.
Na superfície da água, é comum formar-se uma pequena espuma ácida, que, dependendo da fonte de poluição, pode
ser composta principalmente de chumbo e mercúrio. Essa espuma pode causar a mortandade da flora e da fauna desses
rios. E esses agentes poluidores contaminam também o organismo de quem consome peixes ou quaisquer outros produtos
dessas águas.
 

Acidente no rio dos Sinos onde milhares de peixes morreram pela contaminação do rio com dejetos químicos lançados
pelas empresas, Rio Grande do Sul, outubro, 2006.
 
As estações de tratamento da água

Muitas casas das grandes cidades recebem água encanada, vinda de rios ou represas. Essa água é submetida a trata-
mentos especiais para eliminar as impurezas e os micróbios que prejudicam a saúde.

Primeiramente, a água do rio ou da represa é levada através de canos grossos, chamados adutoras, para estações de
tratamento de água. Depois de purificada, a água é levada para grandes reservatórios e daí é distribuída para as casas.

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Na estação de tratamento, a água passa por tanques de cimento e recebe produtos como o sulfato de alumínio e o
hidróxido de cálcio (cal hidratada). Essas substâncias fazem as partículas finas de areia e  de argila presentes na água se
juntarem, formando partículas maiores, os flocos. Esse processo é chamado floculação. Como essas partículas são maiores
e mais pesadas, elas vão se depositando aos poucos no fundo de outro tanque, o tanque de decantação. Desse modo,
algumas impurezas sólidas da água ficam retidas.
Após algumas horas no tanque de decantação, a água que fica por cima das impurezas, e que está mais limpa, passa
por um filtro formado por várias camadas de pequenas pedras (cascalho) e areias. À medida que a água vai passando pelo
filtro, as partículas de areia ou de argila que não se depositaram vão ficando presas nos espaços entre os grãos de areia.
Parte dos micróbios também fica presa nos filtros. É a etapa conhecida como filtração.
Mas nem todos os micróbios que podem causar doenças se depositam no fundo do tanque ou são retidos pelo filtro.
Por isso, a água recebe produtos contendo o elemento cloro, que mata os micróbios (cloração), e o flúor, um mineral im-
portante para a formação dos dentes.
A água é então levada através de encanamentos subterrâneos para as casas ou os edifícios.
Mesmo quem recebe água da estação de tratamento deve filtrá-la para o consumo. Isso porque pode haver contamina-
ção nas caixas d’água dos edifícios ou das casas ou infiltrações nos canos. As caixas-d’água devem ficar sempre bem tam-
padas e ser limpas pelo menos a cada seis meses. Além disso, em certas épocas, quando o risco de doenças transmitidas
pela água aumenta, é necessário tomar cuidados adicionais.
Quando não há estação de tratamento
Nos locais em que não há estações de tratamento, a água é obtida diretamente de rios, lagos, nascentes, represas ou
poços. Mas, nesses casos, a água pode estar contaminada por micróbios e poluentes e são necessários alguns cuidados.
 

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O poço mais comum é o poço raso, que obtém água a 20 metros de profundidade, no máximo. Ele deve ser construído
longe das fontes de poluição e contaminação, ficando, por exemplo, a pelo menos 25 metros da fossa onde as fezes e os
resíduos da casa são despejados. Deve ter uma tampa impermeável (uma laje de concreto armado) e uma abertura a pelo
menos 20 centímetros acima do solo, para protegê-lo contra a entrada de águas que escorrem pela superfície do solo.
É preciso também que os primeiros três metros do poço sejam impermeáveis à água da chuva que cai na superfície
do terreno. A água que se infiltra a mais de três metros e que entra no poço já sofreu um processo natural de filtração ao
atravessar o solo.
É importante garantir que a água do poço ou de outras fontes não esteja contaminada por micróbios. O ideal é que
ela seja analisada periodicamente por um laboratório, para verificar seu estado de pureza. Se isso não for possível, a água
que se bebe, bem como a que é usada para lavar pratos e talheres, deve ser filtrada e tratada. A água deve ser fervida por
pelos menos 15 minutos ou tratada com cloro (siga bem a instruções do fabricante, pois cloro em excesso pode causar
envenenamento). Antes de tratar a água com cloro, porém, devemos filtrá-la, já que os ovos de vermes, por exemplo, não
são destruídos pelo cloro, mas podem ser removidos pela filtração.
 

Existem também poços artesianos, construídos com equipamento especial, que furam a terra e tiram a água de lençóis
subterrâneos mais profundos. Esses lençóis estão situados em espaços existentes entre rochas pouco permeáveis, geral-
mente a mais de 100 metros de profundidade. A água dos poços artesianos costuma estar limpa, mas deve-se também
mandar analisá-la em laboratório.
 
O destino da água utilizada
Para onde vai a água depois de utilizada em lavagens de roupas, banho, ou descarga de banheiros e outras atividades
de uso doméstico?
O destino da água que foi utilizada é um grande problema de saneamento básico e que não está bem solucionado em
muitas regiões do Brasil.
Em pequenas comunidades, esse problema relativo ao tratamento da água utilizada pode ser resolvido ou minimizado
com fossas sépticas e sumidouro.
Nas regiões mais populosas, entretanto, exige-se uma solução mais complexa. Isso ocorre porque, mesmo para um
pequeno prédio com dez apartamentos, a fossa séptica e o sumidouro, em geral, não são suficientes para absorver a água
consumida por esses moradores. Imagine, então, uma grande cidade repleta de arranha-céus.
Nesses casos, utilizam-se redes de esgoto.
 
O Tratamento de Esgoto
Ao chegar à estação de tratamento, o esgoto passa por grades de metal que separam objetos (como plástico, latas,
tecidos, papéis, vidros etc.) da matéria orgânica, da areia e de outros tipos de partículas.
O esgoto passa, lentamente, por grandes tanques, a fim de que a areia e as outras partículas se depositem.
O lodo com a matéria orgânica pode seguir para um equipamento chamado biodigestor, onde sofre ação decom-
positora das bactérias. Nesse processo, há desprendimento de gases, entre eles o metano, que pode ser utilizado como
combustível.

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A parte líquida, que ficou acima do lodo, também é atacada por bactérias, pois ainda apresenta matéria orgânica dis-
solvida, essa parte é agitada por grandes hélices, que garantem a oxigenação da água. Também podem ser utilizados para
essa oxigenação bombas de ar ou mesmo certos tipos de algas, que produzirão o oxigênio na fotossíntese.

Só depois desse tratamento, o esgoto pode ser lançado em rios, lagos ou mares.
A água já utilizada, após o tratamento retorna ao meio ambiente com seu efeito poluente diminuído. Caso contrário,
pode causar grave contaminação da água e, assim, riscos à população que dela se utiliza.
A falta de tratamento de esgoto pode provocar a contaminação do solo e da água, contribuindo para a proliferação de
várias doenças. Muitas dessas doenças podem levar a morte muitas crianças, principalmente no seu primeiro ano de vida.
Assim, garantir o tratamento de esgoto em todo o Brasil é uma meta a ser alcançada na busca de saúde e qualidade de
vida da população.
Doenças transmitidas pela água
A falta de água potável e de esgoto tratado facilita a transmissão de doenças que, calcula-se, provocam cerca de 30
mil mortes diariamente no mundo. A maioria delas acontece entre crianças, principalmente as de classes mais pobres, que
morrem desidratadas, vítimas de diarréia causadas por micróbios. No Brasil, infelizmente mais de 3 milhões de famílias não
recebem água tratada e um número de casas duas vezes e meia maior que esse não tem esgoto. Isso é muito grave.
Estima-se que o acesso à água limpa e ao esgoto reduziria em pelo menos um quinto a mortalidade infantil.
Para evitar doenças transmitidas pela água devemos tomar os seguintes cuidados:
• Proteger açudes e poços utilizados para o abastecimento;
• tratar a água eliminando micróbios e impurezas nocivas a saúde humana;
• filtrar e ferver a água;
• não lavar alimentos que serão consumidos crus com água não tratada como verduras, frutas e hortaliças.
As principais doenças transmitidas pela água são:
• Diarréia infecciosa
• Cólera
• Leptospirose
• Hepatite
• Esquistossomose
Diarréia infecciosa
Se a pessoa vai muitas vezes ao banheiro e as fezes saem líquidas ou muito moles, ela pode estar com diarréia. A diar-
réia pode ser provocada por micróbios adquiridos pela comida ou água contaminadas.
As diarréias leves quase sempre acabam sozinhas. No entanto, é preciso beber líquidos para evitar a desidratação, que
é muito perigosa.
Uma criança com diarréia precisa continuar a ser amamentada ou continuar com a alimentação. Às crianças que já
comem alimentos sólidos devem ser oferecidas misturas bem amassadas de cereais e feijão ou carne bem cozidos, por
exemplo. Depois de a diarréia passar, é bom dar a ela uma alimentação extra, para ajudar na recuperação.

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Crianças e idosos correm maior risco de desidratação. Por isso, é importante tomar também os sais de reidratação oral,
fornecidos pelos postos de saúde. Eles devem ser misturados em água, na quantidade indicada na embalagem.
Na falta desses sais, podemos preparar e oferecer o soro caseiro. Assim: num copo com água fervida ou filtrada, dissol-
vemos uma pitada de sal e duas colheres de chá de açúcar.
 
Cólera
Originária da Ásia, mais precisamente da Índia e de Bangladesh, a cólera se espalhou para outros continentes a partir
de 1817. Chegou ao Brasil no ano de 1885, invadindo os estados do Amazonas, Bahia, Pará e Rio de Janeiro. Em 1893 a
doença chegou a São Paulo, alastrando-se tanto na capital quanto no interior do estado. No entanto, no final do século XIX,
o governo brasileiro declarava a doença erradicava de todo o país. Cerca de um século depois, em abril de 1991, a cólera
chegou novamente ao Brasil. Vindo o Peru, fez sua primeira vítima na cidade de Tabatinga, Amazonas.

 A cólera é uma doença infecciosa que ataca o intestino dos seres humanos.
A bactéria que a provoca foi descoberta por Robert Koch em 1884 e, posterior-
mente, recebeu o nome de Vibrio cholerae. Ao infectar o intestino humano, essa
bactéria faz com que o organismo elimine uma grande quantidade de água e sais
minerais, acarretando séria desidratação. A bactéria da cólera pode ficar incubada
de um a quatro dias.
Quando a doença se manifesta, apresenta os seguintes sintomas: náuseas e
vômitos; cólicas abdominais; diarréia abundante, esbranquiçada como água de
arroz, podendo ocasionar a perda de até um litro de água por hora e cãibras.

A cólera é transmitida principalmente pela água e por alimentos contaminados. Quanto o vibrião é ingerido, instala-se
no intestino do homem. Esta bactéria libera uma substância tóxica, que altera o funcionamento normal das células intesti-
nais. Surgem, então, a diarréia e o vômito.
Os casos de cólera podem ser fatais, se o diagnóstico não for rápido e o doente não receber tratamento correto. O tra-
tamento deve ser feito com acompanhamento médico, usando-se antibióticos para combater a infecção e medicamentos
para combater a diarréia e prevenir a desidratação. A prevenção da cólera pode ser feita através de vacina e principalmente
através de medidas de higiene e saneamento básico. A vacinação é de responsabilidade do governo. No caso da cólera,
não há garantia de que todas as pessoas vacinadas fiquem imunes à doença. Estima-se que a vacina existente tenha um
grau de eficácia inferior a 50%.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença bacteriana, que afeta humanos e animais, causada pela bactéria do gênero Leptospira.
É transmitida pela água e alimentos contaminados pela urinas de animais, principalmente o rato. É uma doença muito co-
mum depois de enchentes, pois as pessoas andam sem proteção em águas contaminadas.
Em humanos a leptospirose causa uma vasta gama de sintomas, sendo que algumas pessoas infectadas podem não
ter sintoma algum. Os sintomas da leptospirose incluem febre alta, dor de cabeça forte, calafrio, dor muscular e vômito. A
doença também pode causar os seguintes sintomas: olhos e pele amarelada, olhos vermelhos, dor abdominal, diarréia e
erupções na pele. Se a leptospirose não for tratada, o paciente pode sofrer danos nos rins, meningite (inflamação na mem-
brana ao redor do cérebro e cordão espinhal), falha nos rins e problemas respiratórios. E raras ocasiões a leptospirose pode
ser fatal. Muitos desses sintomas podem ser confundidos com outras doenças, de modo que a leptospirose é confirmada
através de testes laboratoriais de sangue ou urina.
 
Hepatite
 
É uma inflamação no fígado que pode ser provocada por vários tipos
de vírus. Os sintomas são parecidos com os da gripe e há também icterí-
cia (coloração amarelada da pele causada pelo depósito de uma substân-
cia produzida pelo fígado). A pessoa precisa ficar em repouso e seguir as
orientações médicas.
Algumas formas de hepatite são transmitidas por água e alimentos
contaminados por fezes (Tipo A e E). Outros tipos são transmitidos por
transfusão de sangue (B, C) ou por relações sexuais.
Quem já teve hepatite não pode doar sangue, já que o vírus às vezes
continua no organismo, mesmo que não haja sintomas da doença.

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Para algumas formas de hepatite (A e B) há uma vacina Conservação e Uso Racional da Água: Novos hábi-
que pode ser aplicada em crianças e adultos tos para evitar a escassez dos recursos hídricos e para a
  continuidade do bem finito
Esquistossomose
É também chamada Xistosa, ou doença do caramujo. A gestão ambiental decorreu através da dificuldade
Ela é provocada por um verme chamado esquistossomo. do ser humano em lidar com as questões relacionadas ao
Os vermes vivem nas veias do intestino e podem provocar meio ambiente. Gestão Ambiental pode ser definida como
diarréia, emagrecimento, dores na barriga, que aumenta um método em que insere atividades de planejamento,
muito de volume (barriga-d’água), e problemas em vários responsabilidades, processos e recursos para desenvolver,
órgãos do corpo. implementar, atingir, analisar criticamente e manter a polí-
Os ovos do esquitossomo saem junto com as fezes da tica ambiental.
pessoa contaminada. Se não houver fossa ou rede de esgo- Sendo a forma em que as empresas aderem para dimi-
tos, eles podem chegar a água doce (lagos, lagoas ou ria- nuir ou descartar os impactos negativos deixados ao meio
chos, margens de rios, etc). Na água, os ovos dão origem ambiente. A água faz parte do ciclo ambiental um patri-
a pequenas larvas (animais diferentes dos vermes adultos) mônio disponível ocupando 70% na superfície do planeta,
chamados miracídios. As larvas penetram em um tipo de ca- sendo um recurso natural finito e dotado de valor econô-
ramujo chamado planorbídeo. No interior do caramujo, elas mico, porém tem sido desperdiçado. Observa-se que os re-
se reproduzem e se transformam em outras larvas, as cercá- cursos hídricos são utilizados como forma de atendimento
rias, que saem do caramujo e ficam nadando livres na água. as necessidades constantes do ser humano, por diversos
A cercária pode penetrar, através da pele, nas pessoas motivos enfrenta uma crescente escassez, caso não houver
que usam a água de lagos, lagoas, riachos e outros locais providencias quanto à conscientização desses recursos o
para tomar banho, lavar roupa, trabalhar, pescar ou outras problema se agravará ocasionando a falta da água para as
atividades. futuras gerações.
As precauções com a preservação ambiental já estavam
presentes em outros tempos, o conflito entre crescimento
econômico e preservação esteve persistente ao longo dos
séculos.
Durante as décadas de 60 a 90 do século XXI, houve
movimentos significativos em busca da preservação dos
Recursos Ambientais, com isso contribuiu para criação de
regulamentos, controles ambientais e desenvolvimento de
algumas legislações. A proteção ambiental era vista como
uma responsabilidade ao cumprimento das leis, pois em-
presas viam como uma oportunidade na redução de des-
perdícios e imagem perante o mercado. Desde então hou-
ve um comprometimento de atingir meta em relação ao
Desenvolvimento Sustentável para esse século. É a partir
desse cenário que surge a gestão ambiental nas organiza-
ções, pois no ambiente organizacional essa prática não é
só vista como uma questão ambiental, mas sim um fator de
competitividade, conquista de mercado e manutenção da
produção. Portanto pode-se afirmar que no século XXI as
Além de tratar o doente com medicamentos, é ne- empresas tendem a implantar a gestão ambiental em suas
cessário instalar um sistema de esgotos para impedir que rotinas como forma proativa, contribuindo com o meio am-
os ovos atinjam a água. As pessoas precisam também ter biente e além de tudo com a sociedade.
acesso a água de boa qualidade e ser informadas sobre as Como evitar o desperdício da água potável visando à
formas de transmissão da doença. conservação da mesma para o futuro, em meio à crise de
É preciso também combater o caramujo que transmite escassez dos recursos hídricos, tendo como foco principal
a esquistossomose com produtos químicos e com a criação as empresas para estimulação a adesão da gestão ambien-
de peixes que se alimentam do caramujo, como a tilápia, tal? As organizações são as principais consumidoras de
o tambaqui e o piau. Esses peixes podem ser consumidos água e causadoras da poluição, tendo em vista essa situa-
pelas pessoas sem risco de contaminação. ção desagradável para o meio ambiente, busca-se cons-
Água, mosquitos e doenças cientizar as empresas quanto aos desperdícios da água po-
Muitos mosquitos põem ovos na água parada. Dos tável, pois existem fatores de riscos que já estão presentes
ovos saem larvas, que depois se tornam mosquitos adultos. e podem agravar-se mais em relação ao futuro da água,
Uma forma de combater as doenças transmitidas por pois enquanto houver desperdícios desse recurso tão ne-
mosquitos é justamente evitar o acúmulo de água parada cessário para realizações de diversas tarefas humanas, há
em vasos de plantas, latas vazias, pneus velhos, garrafas, possibilidade de não existir para as futuras gerações já que
etc. Caixas-d’água, tanques e outros reservatórios devem se refere a um patrimônio finito, é importante providenciar
ficar sempre tampados.39 estratégias para implantação imediata da gestão ambien-
39 Fonte: www.sobiologia.com.br tal, antes que o recurso seja escasso de vez.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O objetivo deste artigo é conscientizar as empresas De acordo com Zilberman (1997), os elementos am-
quanto à conservação e uso racional da água potável, dan- bientais constituem o planeta terra, sendo passível de in-
do ênfase à diminuição do descarte, em vista disso se faz fluência e influenciar as sinergias entre si, o ser humano e
necessário colocar em prática programas de estimulação todas as formas de vida tem ligação direta com esses ele-
do consumo consciente, aderindo novos hábitos de utiliza- mentos principalmente aos recursos hídricos (água) poden-
ção visando à sustentabilidade, sendo uma possível alter- do dizer que é um dos recursos que se utiliza em enormes
nativa para solucionar o problema em questão, de forma quantidades. Cabe salientar que os problemas ambientais
que as empresas terão benefícios econômicos e garantia são causados pelo o avanço no crescimento populacional e
do recurso para o futuro. Refletiu-se que a prática se tor- da produção de bens, com tal progresso houve o aumento
nará não apenas uma opção, porém uma questão de so- da demanda da água, com o grande volume de água exis-
brevivência. tente o recurso torna-se barato, por esse motivo o consu-
O presente artigo é justificado para alertar e compreen- mo aumenta dificultando seu controle.
der o papel fundamental da conscientização com relação à Como descrito por Derisio (1992), o qual destaca a im-
escassez dos recursos hídricos (crise da água). portância da água, componente essencial para as civiliza-
Portanto é essencial a busca da estimulação de novos ções, sendo que sem a água não há vida, pois se trata de
hábitos e em prol da diminuição do consumo, através de um bem indispensável a realizações das tarefas humanas
novas alternativas ambientais. Contribuindo para bons re- como beber, alimentar, higiene, transformações de insu-
sultados nos aspectos ambientais e econômicos para a or- mos. Posto que a água doce é a necessária para utilização
ganização. no cotidiano, porém não é distribuída proporcionalmente,
GESTÃO AMBIENTAL E A CONSERVAÇÃO DA ÁGUA por isso todos devem reconhecer para conservar, economi-
O meio ambiente proporciona um conjunto de siste- zar e utiliza-la com prudência. Pois utilizando a de forma
mas naturais essenciais à vida humana, esses recursos ne- irresponsável significa desrespeitar o patrimônio natural.
cessitam ser usados de forma inteligente para que sejam Conforme Camargo (2012) se faz necessário ter em vis-
mantidos para o futuro. Como caracteriza o artigo 225 da ta que muitas consequências negativas que estão sendo
Constituição da República Federativa do Brasil, 1988 - Ca- observadas poderão ser reduzidas se ocorrerem mudanças
pítulo VI - do Meio Ambiente: comportamentais e se a sociedade priorizar e adotar no-
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vas tecnologias mais eficazes, possível de poupar água nos
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever setores mais sensíveis à sua oferta, mas não apenas neles,
de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e pois a água é, afinal, a matriz da vida no planeta. Portanto
Para Lanna (1995), gestão ambiental é a metodologia precisa de uma iniciativa de todos, um mundo com uma
de articulação das ações causada por diversos motivos atitude inteligente pode estar ao alcance se forem realiza-
sociais que se integram em um determinado espaço, ten- dos ações imediatas e seguidos parâmetros.
do em vista a garantia, com base em princípios e normas Do ponto de vista da FIESP/ CIESP (2004), a conserva-
previamente estabelecidas, os ajustes dos métodos de pes- ção da água (uso racional) são práticas, técnicas e tecno-
quisas dos recursos ambientais/ naturais exemplo água, logias que proporciona a melhoria e a eficácia do seu uso.
econômicos e socioculturais às características do meio Acrescer a eficiência do uso da água colabora de forma
ambiente. Portanto deve ser gerenciada conduzindo a fer- direta, crescimento da disponibilidade de bem para os de-
ramenta existente da melhor forma possível, fazendo com mais usuários, torna flexível os suprimentos presentes para
que as atividades humanas originem o menor impacto para outros fins, bem como atendendo ao aumento populacio-
a sociedade. nal, a inserção de novas indústrias e à preservação e con-
Na opinião de Rosa (2012), o homem está em uma fase servação do meio ambiente. Assim, as decisões de racio-
de sua trajetória evolutiva em que se faz necessária alter- nalização do uso e de reuso de água se integram com ele-
nância de paradigma ao ponto de vista da sua inter-relação mentos essenciais em qualquer iniciativa de conservação.
com o meio ambiente e seu uso, pois os recursos naturais ÁGUA DE REUSO
como a água não estão sendo mais suficientes de manter a Conforme TERA (2014), a água de reuso é um efluen-
sustentabilidade dos ecossistemas, e ao mesmo momento, te que foi tratado, sendo um processo de transformação
atender a demanda cada vez mais intensa de consumo de- para purificação e tratamento especializado. Deverá seguir
terminado pelos padrões de vida moderna. algumas normas de qualidade conforme especificações es-
Segundo Braga et al. (2005) no decorrer de um longo tabelecidas pela legislação brasileira e pode ser utilizada
tempo, a poluição era sinônimo de desenvolvimento. Esse para diversas finalidades, que não seja o consumo humano.
pensamento foi alimentado até que problemas com rela- Assim o reuso da água baseia-se no reaproveitamento da
ção á degradação ao meio ambiente, contaminações quan- água potável após de ter cumprido sua função inicial, cada
to à água, solo e ar fossem se agravando, com consequên- litro de água de reuso utilizado representa um litro de água
cias aos seres humanos. Com efeito, do transcorrer dessa potável conservada.
situação houve a necessidade que adotassem e investissem Na visão da ABES - São Paulo (2013), a preservação
na proteção do meio ambiente, principalmente as empre- do meio ambiente condiz em cuidar do planeta, a ques-
sas para conquistarem a vantagem competitiva em meio ao tão está diretamente ligada com o problema em questão
mercado, contribuindo para o desenvolvimento e ao meio o desperdício de água. Proveniente a esse cenário é neces-
ambiente. sário buscar uma solução que vem de prática antiga: reu-

121
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
tilização da água. É realizado isso há um bom tempo, pois Recurso natural essencial à vida, a água nunca recebeu
a água que bebemos de certa forma também é tratada e o merecido respeito por parte dos habitantes do planeta,
reutilizada. Entretanto, o desperdício imoderado vem sen- que agora veem comprometendo o presente e o futuro das
do questionada pelos ambientalistas, uma vez que a abun- gerações. Apesar do quadro dramático, práticas ecologica-
dância ao bem que pensam que tem, poderá e deve acabar mente corretas, economicamente viáveis, socialmente jus-
no decorrer do tempo conforme relato pelos cientistas. Por tas e culturalmente aceitas podem contribuir para reduzir
isso, o reuso e o aproveitamento de água será a melhor os efeitos de tamanha negligência.
provisão para evitar uma catástrofe mundial. Essencial à vida, a água é um bem cada vez mais es-
De acordo com a SABESP (2014), a água de reuso é fei- casso. O Brasil, apesar de abrigar o maior volume de água
ta nas Estações de Tratamento de Esgoto, podendo ser uti- doce do mundo, também figura entre as nações que mais
lizada para diversos fins, limpeza de ruas/ praças, geração desperdiçam essa riqueza natural – recurso estratégico
de energia, para descargas, refrigeração de equipamentos para a sobrevivência e o desenvolvimento econômico-so-
e aproveitamento nos processos industriais. As empresas cial do planeta. Mas, se a ação humana comprometeu e
que adotarem a essa prática de reutilização contribuirá vem comprometendo gradativamente a qualidade – e, con-
com a economia de água potável designado ao abasteci- sequentemente, a quantidade – desse recurso tão precio-
mento público. O uso consciente precisa ser entendido e so e necessário, a interferência do homem pode ser igual-
praticado em todo o mundo. Logo uma maneira compe- mente decisiva na preservação e manutenção do produto
tente e capaz de sustentar as gerações futuras para que no presente, a fim de assegurar um quadro menos temível
tenha acesso ao recurso tão importante e essencial a vida, para o futuro.
sendo a água potável. Convencionais ou ecologicamente corretos, os condo-
No ponto de vista da SEMARH (2012), a água é o in- mínios reúnem grande quantidade de pessoas, que devem
sumo mais necessário para o desenvolvimento socioeco- passar por um processo de constante orientação para evi-
nômico das nações, sendo o principal bem a ser conside- tar a chamada cultura do desperdício. Usar de maneira ra-
rado no desenvolvimento sustentável e na saúde do meio cional a água significa muito mais do que uma atitude ou
ambiente. O aumento rápido da população urbana e da
de uma simples medida.
industrialização estão acarretando em graves problemas
É nosso dever, nossa obrigação, agir de forma efetiva
aos recursos hídricos e a capacidade de proteção ambien-
por um futuro melhor para as atuais e as próximas gera-
tal de muitas cidades. Apesar de que o Brasil tenha um dos
ções. E também plantar a semente da consciência de que a
maiores patrimônios hídrico do planeta, o Reuso de águas
natureza é a maior fonte de riqueza do homem, e preservá
tem se tornado imprescindível, principalmente nos grandes
-la é a maior prioridade.
centros urbanos, sendo que a demanda é limitada pela po-
Algumas recomendações para a utilização racional de
luição. A composição sustentável procura a interação entre
água e como detectar vazamentos.
o ser humano e o meio ambiente, assim terá como resulta-
do uma considerável diminuição na degradação de ambos. • Inspecionar periodicamente o sistema de supri-
Na opinião de Carli et al. (2013), partindo do princípio mento de água e reparar todos os vazamentos;
do uso racional da água para uma visão sistêmica, tratando • Instruir o encarregado do jardim para regar so-
das questões de demanda e oferta de água em conjunto, mente o necessário. Tanto o excesso como a falta de água
há uma definição de conservação, baseados nos mesmos são prejudiciais à vida das plantas;
conceitos do uso racional, contudo acreditasse também, • Instruir os faxineiros para que não desperdicem
além da diminuição do consumo, a utilização de fontes de água na hora da lavagem dos locais do prédio, isto é, evitar
abastecimentos alternativas para fins menos nobres. Res- que a mangueira fique com água corrente durante todo o
saltam que a maximização dos resultados de ações de con- tempo de lavagem;
servação da água é obtida pelo seu ordenamento, optando
pelo uso racional da água e posteriormente seu reuso (tra- Instruções específicas aos condôminos:
tamento da água). • Orientação para que fechem bem as torneiras, os
Na literatura, diversos estudos apontam para ações registros de chuveiros e bidês para evitar que fiquem pin-
de uso racional e conservação da água. Avaliaram a redu- gando continuamente;
ção do consumo por meio de conceitos de conservação • Avisar ao zelador sobre vazamentos em torneiras,
e reuso em uma indústria. Como resultado, observaram chuveiros, bidês e vasos sanitários caso não se saiba con-
que o conhecimento dos processos existentes é um passo sertar;
importante para elaborar estratégias para diminuição no • Regular a válvula de descarga dos vasos sanitários
uso, como mudanças em processos operacionais e controle e acioná-la o mínimo indispensável;
efetivo das atividades que utilizam água. Assim, concluí- • Reduzir o tempo de banho ao mínimo necessário;
ram que medidas de conservação e reuso são ferramentas • Evitar escovar os dentes e fazer a barba com a tor-
importantes para minimizar problemas com a escassez de neira aberta, pois é mero desperdício;
água em áreas urbanas e industriais.40 • Procurar utilizar os eletrodomésticos que precisam
40 Fonte: www.aedb.br – Por Daniela Severo André/Da- de água, tais como, máquinas de lavar roupa e louça em
niela de Macedo/Antonio Carlos Estender suas capacidades máximas, conforme recomendam os fa-
bricantes;

122
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
• Se o apartamento possui aquecedor central de A ordem de execução do teste é a seguinte:
água, ter o máximo de cuidado com os vazamentos, pois, • Acionar a descarga.
neste caso, além do desperdício de água, há o desperdício • Marcar o nível d’água dentro do vaso sanitário, ris-
da energia elétrica ou do gás necessários para aquecê-la. cando a parede interna do mesmo com o auxílio de um giz,
bem próximo ao nível d’água.
É bom saber. E agir! • Retirar um pouco d’água de dentro do vaso sani-
Ao utilizar um copo de água, são necessários pelo me- tário com auxílio de um copo plástico (retirar 3 a 4 copos).
nos outros 2 copos de água para lavá-lo. • Não acionar a descarga.
• No tanque, com a torneira aberta por 15 minutos, • Aguardar 15 minutos.
o gasto de água pode chegar a 279 litros.
• Verificar o vaso sanitário, observando se o nível
• A lavadora de roupas com capacidade de 5 quilos
d’água subiu até a marca do giz. Caso a água tenha voltado
gasta 135 litros.
ao nível marcado, há vazamentos.
• Banho de ducha por 15 minutos, com o registro
meio aberto, consome 243 litros de água. Fechando o re-
gistro ao se ensaboar e reduzindo o banho a 5 minutos, o As prováveis causas de vazamentos são: defeito na vál-
consumo cai para 81 litros. vula de descarga, ou, se houver, na caixa de descarga. Per-
• Uma torneira pingando chega a gastar 46 litros das por vazamentos de água nas torneiras; Torneiras mal
por dia, ou 1.380 litros de água por mês. fechadas ou com vazamentos causam grandes perdas de
• Fluindo em forma de filete, pode gastar de 180 a água, muitas vezes subestimadas ou ignoradas.
3.200 litros de água por dia. Veja a quantidade de água desperdiçada devido a va-
zamentos e torneiras com defeitos ou mau fechadas.
Simples mudanças de comportamento podem repre- Seja um prédio residencial de 10 andares, com 4 apar-
sentar grande economia. Faça a sua parte. Combata o des- tamentos por andar, o qual apresenta, em condições nor-
perdício. mais, isto é, sem existência de vazamentos, um consumo
Identificação de vazamentos mensal em torno de 1.800.000 litros (1.800m3). O motor da
Os vazamentos visíveis são de fácil identificação e bomba de recalque possui uma potência de 5hp e permite
ocorrem com maior frequência no extravasor (ladrão) da vazão máxima de 12.000 litros/hora (12 m3/ hora).
caixa d’água em consequência do mau funcionamento da Aquecimento central de água
boia, nos registros de torneiras, nos chuveiros e nos bidês. Para economizar gás ou energia elétrica em aqueci-
Entretanto, os vazamentos não visíveis podem ser de difícil mento de água, as recomendações são as seguintes:
identificação e ocorrem nos reservatórios inferiores e vasos • Verificar o estado do isolamento térmico do aque-
sanitários. A seguir são apresentados dois testes práticos cedor e da canalização que conduz a água quente. Um bom
para a identificação de vazamentos não visíveis. isolamento diminui as perdas de calor e, portanto, reduz o
Teste em reservatório no subsolo consumo de energia.
A ordem de execução é a seguinte: • Inspecionar os controles de água quente para ve-
• Abrir o registro do cavalete, girando o volante ou rificar se estes estão funcionando adequadamente. Se não
a asado registro no sentido anti-horário. estiverem, repará-los ou substituí-los.
• Fechar o registro de limpeza e saída do reservató- • Regular periodicamente os queimadores ou maça-
rio, girando o volante do registro no sentido horário.
rico do aquecedor de gás.
• Fechar a boia, amarrando-a com um barbante e
• No verão, estudar a possibilidade de reduzir a
não permitindo a entrada de água.
temperatura de água do aquecedor, até um nível adequado
• Desligar a bomba de recalque, não permitindo a
para o conforto pessoal.
saída de água para o reservatório superior.
• Marcar o nível de água do reservatório, introdu- • Evitar lavar a área de serviço, cozinha e banheiro
zindo um pedaço de madeira até o fundo do reservatório, com água quente, pois é mero desperdício.
retirando-o em seguida e marcando o nível de água com • Evitar desperdiçar água quente na cozinha com a
giz ou caneta. lavagem da louça, e nos lavatórios.
• Aguardar pelo menos duas horas, dependendo do
tamanho do reservatório. Coletores Solares
• Tornar a marcar o nível. Caso o nível tenha baixa- O aquecimento solar pode ser uma boa solução para a
do, há vazamento no reservatório. As causas prováveis para economia de energia em sistemas centrais de aquecimen-
vazamentos podem ser o registro de limpeza ou de saída to. Os equipamentos hoje disponíveis no mercado apre-
com defeito, ou uma ou mais trincas no reservatório. sentam tecnologia testada pelo PBE - Programa brasileiro
de etiquetagem do INMETRO / PROCEL. Procurar verificar
Teste em vaso sanitário a possibilidade de usar este tipo de equipamento: consultar
Apesar de existirem outros métodos para a verificação os fabricantes e também os condomínios que já contam
de vazamentos, aqui será explicado o mais prático e válido com esse tipo de sistema instalado.
para qualquer tipo de vaso sanitário.

123
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Saunas O vapor de água que também participa da composição
As saunas apresentam resistências com potências do ar provém da evaporação das águas de rios, mares e
elevadas de modo que possam manter seus ambientes à lagos, respiração dos seres vivos, transpiração das plantas,
temperatura desejada. Recomenda-se que as saunas sejam evaporação da água do solo e evaporação da água de de-
ligadas para serem usadas e desligadas ao término de seu jetos (fezes e urina de animais).42
uso pelos condôminos. Para que isto realmente ocorra, a Propriedades do ar.
guarda da chave da sauna pelo zelador ou porteiro tem-se O ar atmosférico que envolve a Terra é uma mistura de
mostrado eficaz, pois os condôminos terão que solicitá-la e gases, vapor de água e partículas suspensas (poeira, fuli-
devolvê-la após o uso da sauna. O encarregado pela chave gem, produtos químicos, entre outros). Os elementos que
poderá verificar se a sauna realmente foi desligada após o compõem o ar são essencialmente o nitrogênio (78%) e o
uso quando a chave for devolvida. Procurar otimizar os ho- oxigênio (21%) e em pequena quantidade argônio (0.94%),
rários de funcionamento para evitar sucessivos aquecimen- gás carbônico (0,03%), neônio (0,0015%), entre outros.
tos e desaquecimentos. Verificar regularmente a isolação Propriedades Físicas do Ar
térmica da sala. Não se pode pegar ou ver o ar, mas sabemos que ele
existe. Através de suas propriedades é possível comprovar
Lavanderia a sua existência. O ar é matéria e ocupa todo o espaço do
Contém lavadoras e secadoras. Uma lavadora consome ambiente que não exista outra matéria. Por exemplo, em
de 45 a 106 kWh/mês e uma secadora de 106 a 308 kWh/ uma garrafa com água pela metade, o ar ocupa a outra
mês. Recomenda a instalação de um medidor específico.41 metade (superior) desta garrafa.
O ar tem massa. Na Terra, tudo o que tem massa tam-
Ar bém tem peso, ou seja, é atraído pela gravidade terrestre,
O ar atmosférico é constituído por uma mistura de di- que é a força que puxa todas as coisas para o seu centro.
versos gases, como o nitrogênio, oxigênio, gás carbônico e O ar é compressível. Apresenta então compressibilida-
gases nobres. O oxigênio e o nitrogênio são os gases mais de. É a propriedade que o ar tem de diminuir de volume
abundantes, sendo que os outros gases são encontrados quando comprimido. Podemos demonstrar esta proprie-
em quantidades menores. Além dos gases citados, o ar at- dade fazendo a experiência da seringa. Quando tapamos
mosférico também apresenta vapor de água (cuja quanti- o seu orifício fica difícil de empurra o êmbolo até o fim.
dade depende de alguns fatores como clima, temperatura Mas podemos ver que o ar dentro da seringa diminui de
e local), que se apresenta na forma de neblina, nuvens e volume, comprovando a sua compressibilidade.
chuva. No ar também encontramos em suspensão poluen- O ar tem elasticidade. Quando tapamos o orifício da se-
tes, poeira, cinzas, microrganismos e pólen. ringa e depois soltamos o êmbolo observamos que este êm-
O oxigênio (O2) presente no ar atmosférico é de ex- bolo tende a voltar à posição inicial. Então, o ar volta ao seu
trema importância para a manutenção da vida no planeta, volume inicial e assim está comprovada a elasticidade do ar.
pois ele é o gás utilizado na respiração de todos os seres Elasticidade é a propriedade que o ar tem de voltar ao seu
vivos e também é necessário para que ocorra a combustão. volume inicial, quando para a compressão.
Calcula-se que o ar atmosférico seja composto por aproxi- O ar se expande. Possui a propriedade da expansibili-
madamente 21 % de oxigênio.   dade. Quando uma substância volátil (que se transforma
O nitrogênio (N2) compõe aproximadamente 78% do em gás) entra em contato com o ar, sentimos seu cheiro.
ar atmosférico, e é de extrema importância para todos os Isto ocorre porque essa substância se expande e mistura
seres vivos, pois participa da formação de diversas molé- com o ar atmosférico ocupando um volume maior.
culas orgânicas necessárias para o seu metabolismo. De A expansibilidade do ar é a propriedade que o ar tem
todos os organismos vivos, apenas alguns microrganismos de aumentar de volume, ocupando todo o lugar disponível.
são capazes de captar o nitrogênio (ciclo do nitrogênio) O ar exerce pressão. A massa de ar atmosférico exerce
disponível na atmosfera e degradá-lo de forma que os se- pressão sobre a superfície da Terra, que é a pressão atmosférica.
res vivos possam aproveitá-lo.  Em geral, não sentimos os efeitos da pressão atmosféri-
O gás carbônico (CO2) é encontrado em proporções ca porque o ar atmosférico penetra no nosso organismo.
muito pequenas na atmosfera, contribuindo com apenas Dos pulmões ele passa para o sangue e outros líquidos do
0,03% da composição do ar. É um gás de extrema impor- corpo, exercendo de dentro para fora uma pressão igual à
tância para a realização da fotossíntese pelos vegetais, e é pressão atmosférica.
liberado para a atmosfera através da combustão e também
pela respiração dos animais. Experiências Históricas
Dentre os gases nobres que fazem parte da composi- No século XVII formam feitas duas experiências históri-
ção do ar podemos citar: argônio (Ar), neônio (Ne), radônio cas sobre os efeitos da pressão atmosférica: hemisfério de
(Rn), hélio (He), criptônio (Kr) e xenônio (Xe), sendo que Magdeburgo e a experiência de Torricelli.
eles compõem cerca de 0,93% do ar atmosférico. Esses ga- O prefeito da cidade alemã de Magdeburgo, Otto von
ses não produzem nenhum tipo de reação química com Guericke realizou uma experiência pública para comprovar
outras substâncias e por isso são considerados nobres. que existe a pressão atmosférica.
42 Fonte: www.brasilescola.uol.com.br – Por Paula Lou-
41 Fonte: www.admreggiani.com.br redo Moraes

124
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Mandou construir dois hemisférios de cobre, com meio
metro de diâmetro cada um. Uniu os dois hemisférios de
cobre, formando uma esfera oca e, com uma bomba tirou
quase todo o ar do seu interior. Antes de tirar o ar, os he-
misférios eram facilmente separados porque a pressão era
a mesma, dentro e fora. Mas quando o ar foi reduzido, a
pressão no seu interior ficou menor que a pressão atmos-
férica que atuava externamente. Essa diferença de pressão
uniu de tal maneira os dois hemisférios que foram necessá-
rios 16 cavalos (oito de cada lado) para separá-los.

 
Pressão e Altitude
Uma pessoa que está no nível do mar (na praia, por
exemplo) está com uma quantidade maior de ar sobre ela
do que uma pessoa que está a 800m acima do nível do mar.
Então, quanto maior a altitude, menor é a pressão at-
mosférica exercida sobre ela. E quanto menor a altitude,
maior é a pressão atmosférica. O mesmo aparelho, que
serve para medir a pressão atmosférica é usado para me-
Ainda neste século, o físico italiano Torricelli construiu dir a altitude. O barômetro, então é usado também como
um barômetro, que é um dispositivo capaz de medir a altímetro.
pressão atmosférica. Pegou um tubo de aproximadamen-
te 1m de comprimento, fechado numa das extremidades. Ventos
Encheu-o de mercúrio (Hg, metal líquido e denso). Ta- Vento é o ar em movimento.
pou com o dedo a outra ponta e inverteu o tubo, mer- Uma camada de ar aquecida pelo Sol se expande, fi-
gulhou-o num recipiente que também continha mercú- cando menos densa e sobe. Uma camada de ar frio vai
rio. Retirando o dedo, ele notou que o metal não desceu ocupar o seu lugar. Esse ar frio também é aquecido e sobe.
completamente do tubo porque a pressão atmosférica Assim, formam-se as correntes de ar, que constituem os
exercida sobre a superfície do mercúrio contido no reci- ventos. Nas regiões mais quentes (ar menos denso), a pres-
piente não permitiu que todo o mercúrio saísse do tubo. são atmosférica é menor do que nas regiões mais frias (ar
A experiência foi realizada no nível do mar, então ficou con- mais denso). Por isso, o vento sempre vai das regiões de
vencionado: alta pressão para as de baixa pressão.
1atm = 76cm Hg = 760mmg Hg A velocidade dos ventos varia de acordo com diferen-
ça de pressão entre duas regiões e da distância entre elas.
Conforme a velocidade, o vento recebe nome diferente:
brisa, ventos alísios, ciclones e furacões.
A brisa é um vento fraco e agradável. Pode ser maríti-
ma ou terrestre. A brisa marítima ocorre de dia e se desloca
do mar para a terra. A brisa terrestre ocorre de noite e se
desloca da terra para o mar.
O vento alísio é brando e persistente. Atua nas cama-
das mais baixas da atmosfera, sobre extensas regiões, a
partir de regiões de alta pressão junto aos pólos, dirigin-
do-se para regiões equatoriais. Ele favorece a navegação
marítima. Podem ser de nordeste (hemisfério norte) e de
sudeste (hemisfério sul).
Os ciclones ou tufão tem velocidade acima de 100Km/
hora. Furacão também é um ciclone porque atinge veloci-
  dade superior a 300km/hora. Apresentam um movimento
de rotação, que formam correntes de ar em espiral (rede-
moinhos).

125
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Compressibilidade, Expansibilidade e Elasticidade
O ar pode sofrer compressão ou expansão e depois re-
tornar ao estado em que estava.
• Quando é comprimido ele diminui o seu volume
(Compressibilidade). Exemplo: apertar o êmbolo da seringa
até o fim, tapando o orifício. O ponto até onde vai o êmbo-
lo mostra o quanto o ar foi comprimido.
• Se parar de acontecer compressão, o ar volta a
ocupar o espaço que ocupava antes (Elasticidade). Exemplo:
quando apertamos o êmbolo da seringa, tapando o orifício
e depois soltamos, o êmbolo retorna à posição anterior.
Quando o ar se expande aumenta o seu volume (Ex-
pansibilidade). Exemplo: um vidro com perfume é aberto
e o cheiro se espalha pelo ambiente, pois o aroma volátil
Os ventos podem ser utilizados para a navegação (bar- misturado com o ar ocupa um espaço maior.
co a vela) moinhos (como fonte de energia elétrica).43 1.       Compressibilidade: o ar pode ser comprimido, ou
Vejamos agora um pouco mais sobre essas proprie- seja ele pode diminuir de volume. Comprovamos isso quan-
dades : do pegamos uma seringa e tapamos sua extremidade aberta
e empurramos o êmbolo, percebemos que o volume de ar
Matéria e Massa que estava contido lá dentro diminuiu, mas não totalmente.
Como todas as coisas que conhecemos, o ar é compos-
to de matéria, afinal é formado por diversos gases, que por
sua vez são formados por átomos. Então, o ar tem massa e
ocupa espaço. Exemplo: Ao soprarmos um balão de aniver-
sário ele fica cheio de ar e ocupa mais espaço.
O ar tem peso graças à gravidade, a força que atrai to-
das as coisas para o centro da Terra, por isso a concentração
dos gases é maior próximo ao nível do mar, consequente-
mente mais denso. Então o ar que respiramos é mais denso
do que o ar das montanhas, porque em altitudes maiores a
densidade do ar diminui e ele se torna rarefeito.
Resistência
O ar se contrapõe ao movimento porque ele tem re-
sistência. Quanto mais rápido for o deslocamento (maior a
velocidade) maior será a resistência. Exemplo: quanto mais
depressa andamos de bicicleta, maior será a resistência do
ar. Por esse motivo que carros, aviões, barcos e outros tipos
de veículos são projetados para diminuir a resistência do ar, (Imagem retirada de < http://professorthiagorenno.
pois dessa maneira ele gastará menos energia (combustí- blogspot.com.br/2012/01/ar-002-propriedades-do-ar.html>
vel) e sofrerá menor desgaste. Acessado dia 25 jan, 2013)
O ar é matéria, e como toda matéria ele possui uma
massa e consequentemente um peso, ele ocupa todo o es- 2.       Elasticidade: é a capacidade do ar, de voltar ao
paço no ambiente onde não exista outra matéria. Se com- seu estado normal após sofrer compressão, que é o que
pararmos uma bexiga cheia com uma bexiga vazia, iremos acontece quando soltamos o embolo, com a extremidade
perceber que a bexiga cheia possui uma pequena diferença da seringa ainda fechada, percebemos que ele retorna para
de peso, essa pequena diferença é devida a densidade do onde estava anteriormente a compressão.
ar e a sua massa, que são relativamente menores do que os
elementos que conhecemos.

(Imagem retirada de < http://professorthiagorenno.


blogspot.com.br/2012/01/ar-002-propriedades-do-ar.html> (Imagem retirada de < http://www.pedal.com.br/fo-
Acessado dia 25, jan 2013) rum/entre-fox-fit-32-rl-e-reba-rl-qual_topic53621.html>
43 Fonte: www.soq.com.br Acessado em 25, jan, 2013)

126
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
3.       Expansibilidade: é a capacidade do ar de sofrer A forma de pressão exercida pelo ar, mais conhecida é
expansão, ou seja de aumentar seu volume ocupando todo a pressão atmosférica, que é a pressão exercida pelo ar na
um espaço. É o que acontece nesta sala, o ar esta ocupando superfície da terra, nós só percebemos essa pressão quan-
todo o espaço livre dela. do sentimos desconforto em nossos ouvidos quando via-
jamos para locais mais altos, esse desconforto é causado
pela diferença entre a pressão do seu corpo comparada a
pressão externa, que sofreu uma alteração. O fato de não
percebermos acontece por que o ar penetra em nosso cor-
po através dos pulmões, e leva oxigênio a nossos órgãos e
tecidos.

(Imagem retirada de < http://professorthiagorenno.


blogspot.com.br/2012/01/ar-002-propriedades-do-ar.html>
Acessado dia 25 jan 2013)

O ar atmosférico exerce pressão sobre a superfície ter-


restre, é a chamada pressão atmosférica. Quanto mais pró-
ximo da superfície maior é a pressão (o ar tem mais massa
e pesa mais) e à medida que aumenta a altitude diminui a
pressão, pois tem menos ar acima e ele fica mais leve.

Pressão: O ar atmosférico exerce pressão sobre a su-


perfície terrestre, é a chamada pressão atmosférica. Quanto
mais próximo da superfície maior é a pressão (o ar tem
mais massa e pesa mais) e à medida que aumenta a altitu-
de diminui a pressão, pois tem menos ar acima e ele fica · Quanto maior a altitude, menor é a pressão atmos-
mais leve. férica.

·Quanto menor a altitude, maior é a pressão atmosfé-


rica. 

(Imagem retirada de <http://fisicandonopadreco.blogs-


pot.com.br/> Acessado no dia 25 jan 2013)

Difusibilidade: propriedade do ar que lhe permite


misturar-se homogeneamente com qualquer meio gasoso.

O instrumento que mede a pressão atmosférica cha-


ma-se Barómetro.44

(Imagem retirada de: http://dc105.4shared.com/doc/ 44 Fonte: www.todamateria.com.br


oZq-psvJ/preview.html Acessado em 25 jan, 2013) Por Marco Miguel de Oliveira

127
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A ATMOSFERA
        A atmosfera é uma camada relativamente fina de gases e material particulado (aerossóis) que envolve a Terra. De
fato, 99% da massa da atmosfera está contida numa camada de ~0,25% do diâmetro da Terra (~32 km). Esta camada é
essencial para a vida e o funcionamento ordenado dos processos físicos e biológicos sobre a Terra. A atmosfera protege os
organismos da exposição a níveis arriscados de radiação ultravioleta, contém os gases necessários para os processos vitais
de respiração celular e fotossíntese e fornece a água necessária para a vida.

Fig. 1.1 Composição do ar seco

a) Composição da Atmosfera
A composição do ar não é constante nem no tempo, nem no espaço. Contudo se removêssemos as partículas suspen-
sas, vapor d›água e certos gases variáveis, presentes em pequenas quantidades, encontraríamos uma composição muito
estável sobre a Terra, até uma altitude de ~ 80 km (Fig. 1.1 e Tab. 1.1).

 Gás Porcentagem  Partes por Milhão


Nitrogênio 78,08 780.000,0
Oxigênio 20,95 209.460,0
Argônio 0,93 9.340,0
Dióxido de carbono 0,035 350,0
Neônio 0,0018 18,0
Hélio 0,00052 5,2
Metano 0,00014 1,4

128
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Kriptônio 0,00010 1,0


Óxido nitroso 0,00005 0,5
Hidrogênio 0,00005 0,5
Ozônio 0,000007 0,07
Xenônio 0,000009 0,09

Tabela 1.1 Principais gases do ar seco


O nitrogênio e o oxigênio ocupam até 99% do volume do ar seco e limpo. A maior parte do restante 1% é ocupado
pelo gás inerte argônio. Embora estes elementos sejam abundantes eles tem pouca influência sobre os fenômenos do
tempo. A importância de um gás ou aerossol atmosférico não está relacionado a sua abundância relativa. Por exemplo, o
dióxido de carbono, o vapor d›água, o ozônio e os aerossóis ocorrem em pequenas concentrações mas são importantes
para os fenômenos meteorológicos ou para a vida.
Embora constitua apenas 0,03% da atmosfera, o dióxido de carbono é essencial para a fotossíntese:

Por ser um eficiente absorvedor de energia radiante (de onda longa) emitida pela Terra, ele influencia o fluxo de energia
através da atmosfera, fazendo com que a baixa atmosfera retenha o calor, tornando a Terra própria à vida. O percentual de
dióxido de carbono vem crescendo devido à queima de combustíveis fósseis tais como o carvão, petróleo e gás natural.
Muito do dióxido de carbono adicional é absorvido pelas águas dos oceanos ou usado pelas plantas mas em torno de 50%
permanece no ar. Projeções indicam que na 2ª metade do próximo século os níveis de  serão o dobro do que eram no
início do século 20. Embora o impacto deste crescimento seja difícil de prever, acredita-se que ele trará um aquecimento na
baixa troposfera e portanto produzirá mudanças climáticas globais.
O vapor d’água é um dos mais variáveis gases na atmosfera e também tem pequena participação relativa. Nos trópicos
úmidos e quentes constitui não mais que 4% do volume da baixa atmosfera, enquanto sobre os desertos e regiões polares
pode constituir uma pequena fração de 1%. Contudo, sem vapor d’água não há nuvens, chuva ou neve. Além disso, o vapor
d’água também tem grande capacidade de absorção, tanto da energia radiante emitida pela Terra (em ondas longas), como
também de alguma energia solar. Portanto, junto com o  , o vapor d’água atua como uma manta para reter calor na
baixa atmosfera. Como a água é a única substância que pode existir nos 3 estados (sólido, líquido e gasoso) nas tempera-
turas e pressões existentes normalmente sobre a Terra, suas mudanças de estado absorvem ou liberam calor latente. Desta
maneira, calor absorvido em uma região é transportado por ventos para outros locais e liberado. O calor latente liberado,
por sua vez, fornece a energia que alimenta tempestades ou modificações na circulação atmosférica.
O ozônio, a forma triatômica do oxigênio ( ), é diferente do oxigênio que respiramos, que é diatômico ( ). Ele tem
presença relativamente pequena e distribuição não uniforme, concentrando-se entre 10 e 50 km (e em quantidades bem
menores, no ar poluído de cidades), com um pico em torno de 25 km. Sua distribuição varia também com a latitude, estação
do ano, horário e padrões de tempo, podendo estar ligada a erupções vulcânicas e atividade solar. A formação do ozônio
na camada entre 10-50 km é resultado de uma série de processos que envolvem a absorção de radiação solar. Moléculas
de oxigênio ( ) são dissociadas em átomos de oxigênio após absorverem radiação solar de ondas curtas (ultravioleta). O
ozônio é formado quando um átomo de oxigênio colide com uma molécula de oxigênio em presença de uma 3ª molécula 
que permite a reação mas não é consumida no processo  . A concentração do ozônio nesta
camada deve-se provavelmente a dois fatores:
(1) a disponibilidade de energia ultravioleta e
(2) a densidade da atmosfera é suficiente para permitir as colisões necessárias entre oxigênio molecular e oxigênio atômico.
A presença do ozônio é vital devido a sua capacidade de absorver a radiação ultravioleta do sol na reação de foto-
dissociação  . O átomo livre recombina-se novamente para formar outra molécula de ozônio, liberando
calor. Na ausência da camada de ozônio a radiação ultravioleta seria letal para a vida. Desde os anos 70 tem havido contínua
preocupação de que uma redução na camada de ozônio na atmosfera possa estar ocorrendo por interferência humana.
Acredita-se que o maior impacto é causado por um grupo de produtos químicos conhecido por clorofluorcarbonos (CFCs).
CFCs são usados como propelentes em ‘sprays’ aerosol, na produção de certos plásticos e em equipamentos de refrigera-
ção e condicionamento de ar. Como os CFCs são praticamente inertes (não quimicamente ativos) na baixa atmosfera, uma
parte deles eventualmente atinge a camada de ozônio, onde a radiação solar os separa em seus átomos constituintes. Os
átomos de cloro assim liberados, através de uma série de reações acabam convertendo parte do ozônio em oxigênio. A
redução do ozônio aumentaria o número de casos de certos tipos de câncer de pele e afetaria negativamente colheitas e
ecossistemas.

129
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Além de gases, a atmosfera terrestre contém pequenas vertical médio da pressão do ar é mostrado na Fig. 1.2. O de-
partículas, líquidas e sólidas, chamadas aerossóis. Alguns ae- créscimo da densidade do ar segue uma curva semelhante.
rossóis - gotículas de água e cristais de gelo - são visíveis Não é possível determinar onde termina a atmosfera, pois os
em forma de nuvens. A maior concentração é encontrada na gases se difundem gradualmente no vazio do espaço.
baixa atmosfera, próximo a sua fonte principal, a superfície da         Quando estudarmos a pressão atmosférica, discu-
Terra. Eles podem originar-se de incêndios florestais, erosão tiremos uma interpretação física da Fig. 1.2.
do solo pelo vento, cristais de sal marinho dispersos pelas         b.2) Perfil Vertical de Temperatura
ondas que se quebram, emissões vulcânicas e de atividades
agrícolas e industriais. Alguns aerossóis podem originar-se na
parte superior da atmosfera, como a poeira dos meteoros
que se desintegram. Embora a concentração dos aerossóis
seja relativamente pequena, eles participam de processos
meteorológicos importantes. Em 1° lugar, alguns aerossóis
agem como núcleos de condensação para o vapor d›água
e são importantes para a formação de nevoeiros, nuvens e
precipitação. Em 2° lugar, alguns podem absorver ou refletir a
radiação solar incidente, influenciando a temperatura. Assim,
quando ocorrem erupções vulcânicas com expressiva libe-
ração de poeira, a radiação solar que atinge a superfície da
Terra pode ser sensivelmente alterada. Em 3° lugar, a poeira
no ar contribui para um fenômeno ótico conhecido: as várias
tonalidades de vermelho e laranja no nascer e pôr-do-sol.
        b) Estrutura Vertical da Atmosfera
        b.1) Perfis Verticais de Pressão e Densidade

Fig. 1.3 - Perfil vertical médio de temperatura na atmosfera

Por conveniência de estudo a atmosfera é usualmen-


te subdividida em camadas concêntricas, de acordo com o
perfil vertical médio de temperatura (Fig. 1.3).
A camada inferior, onde a temperatura decresce com a
altitude, é a troposfera, que se estende a uma altitude média
de 12 km (~ 20 km no equador e ~ 8 km nos pólos). Nesta
Fig. 1.2 Perfil vertical médio da pressão do ar camada a taxa de variação vertical da temperatura tem valor
       médio de 6,5°C/km. Esta taxa na realidade, é bastante variá-
Sabemos que o ar é compressível, isto é, seu volume e vel. De fato, algumas vezes a temperatura cresce em finas
sua densidade são variáveis. A força da gravidade comprime a camadas, caracterizando uma inversão de temperatura. A
atmosfera de modo que a máxima densidade do ar (massa por troposfera é o principal domínio de estudo dos meteorolo-
unidade de volume) ocorre na superfície da Terra. O decréscimo gistas, pois é nesta camada que ocorrem essencialmente to-
da densidade do ar com a altura é bastante rápido (decréscimo dos os fenômenos que em conjunto caracterizam o tempo.
exponencial) de modo que na altitude de ~5,6 km a densidade Na troposfera as propriedades atmosféricas são facilmente
já é a metade da densidade ao nível do mar e em ~16 km já é transferidas por turbulência de grande escala e mistura. O
de apenas 10% deste valor e em ~32 km apenas 1%. seu limite superior é conhecido como tropopausa.
O rápido decréscimo da densidade do ar significa tam- A camada seguinte, a estratosfera ,se estende até ~50
bém um rápido declínio da pressão do ar com a altitude. km. Inicialmente, por uns 20 km, a temperatura permane-
A pressão da atmosfera numa determinada altitude é sim- ce quase constante e depois cresce até o topo da estra-
plesmente o peso da coluna de ar com área de seção reta tosfera, a estratopausa. Temperaturas mais altas ocorrem
unitária, situada acima daquela altitude. No nível do mar a na estratosfera porque é nesta camada que o ozônio está
pressão média é de  ou  , que concentrado. Conforme mencionamos, o ozônio absorve
corresponde a um peso de 1kg de ar em cada  . O perfil radiação ultravioleta do sol. Consequentemente, a estra-
tosfera é aquecida.

130
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
        Na mesosfera a temperatura novamente decresce com a altura, até a mesopausa, que está em torno de 80 km, onde
atinge ~ -90°C. Acima da mesopausa, e sem limite superior definido, está a termosfera, onde a temperatura é inicialmente
isotérmica e depois cresce rapidamente com a altitude, como resultado da absorção de ondas muito curtas da radiação
solar por átomos de oxigênio e nitrogênio. Embora as temperaturas atinjam valores muito altos, estas temperaturas não
são exatamente comparáveis àquelas experimentadas próximo a superfície da Terra. Temperaturas são definidas em termos
da velocidade média das moléculas. Como as moléculas dos gases da termosfera se movem com velocidades muito altas, a
temperatura é obviamente alta. Contudo, a densidade é tão pequena que muito poucas destas moléculas velozes colidiriam
com um corpo estranho; portanto, só uma quantidade insignificante de energia seria transferida. Portanto, a temperatura
de um satélite em órbita seria determinada principalmente pela quantidade de radiação solar que ele absorve e não pela
temperatura do ar circundante.
        Os perfis verticais de pressão e temperatura do ar (Figs. 1.2 e 1.3) aqui apresentados são baseados na atmosfera
padrão, um modelo da atmosfera real. Representa o estado da atmosfera numa média para todas as latitudes e estações.
Ela apresenta valores fixos da temperatura e pressão do ar ao nível do mar (15°C e 1013,25mb) e perfis verticais fixos de
temperatura e pressão.
        c) A Ionosfera
        Entre as altitudes de 80 a 900 km (na termosfera) há uma camada com concentração relativamente alta de íons,
a ionosfera. Nesta camada a radiação solar de alta energia de ondas curtas (raios X e radiação ultravioleta) tira elétrons de
moléculas e átomos de nitrogênio e oxigênio, deixando elétrons livres e íons positivos. A maior densidade de íons ocorre
próximo a 300 km. A concentração de íons é pequena abaixo de 80 km porque nestas regiões muito da radiação de ondas
curtas necessária para ionização já foi esgotada. Acima de ~400 km a concentração é pequena por causa da extremamente
pequena densidade do ar, possibilitando a produção de poucos íons.
        A estrutura da ionosfera consiste de 3 camadas de densidade variável de íons: as camadas D, E e F, com altitude e
densidade de íons crescente. Como a produção de íons requer a radiação solar direta, a concentração de íons diminui do
dia para a noite, particularmente nas camadas D e E, onde os elétrons se recombinam com íons positivos durante a noite.
A taxa de recombinação depende da densidade do ar, isto é, quanto mais denso o ar maior a probabilidade de colisão e
recombinação das partículas. Assim, a camada D desaparece à noite, a camada E se enfraquece consideravelmente, mas a
camada F continua presente à noite, embora enfraquecida, pois a densidade nesta camada é muito pequena.
        A ionosfera tem pequeno impacto sobre o tempo, mas tem grande influência sobre a transmissão de ondas de
rádio na banda AM. Durante o dia as ondas de rádio tendem a ser absorvidas nas dois camadas mais baixas, especialmente
na camada D. A camada F reflete as ondas de rádio durante o dia e a noite. Contudo , mesmo que as ondas consigam atra-
vessar as camadas D e E e ser refletidas na camada F, elas serão absorvidas no seu caminho de volta para a Terra. À noite,
contudo, a camada absorvedora D desaparece e as ondas podem atingir a camada F mais facilmente e ser refletidas para a
superfície da Terra. Isto explica porque à noite os sinais de rádio atingem grandes distâncias sobre a Terra (Fig. 1.4).

Fig. 1.4 - Influência da Ionosfera sobre a transmissão de ondas de rádio.

131
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Na ionosfera ocorre também o fenômeno da aurora O solo é uma mistura de vários minerais, matéria orgâ-
boreal (no Hemisfério Norte) ou austral (no Hemisfério Sul). nica e água capaz de manter a vida das plantas na superfície
As auroras estão relacionadas com o vento solar , um fluxo terrestre. É o produto final das ações dos processos físicos,
de partículas carregadas, prótons e elétrons, emanadas do químicos e biológicos que degradam as rochas e em grande
sol com alta energia. quando estas partículas se aproximam parte produzem minerais. A porção orgânica do solo con-
da Terra, elas são capturadas pelo campo magnético da siste em biomassa de plantas em várias fases de apodreci-
Terra. Sob a ação da força exercida pelo campo magnético mento. No solo podem ser encontradas muitas populações
sobre cargas em movimento ( ), elas descre- de bactérias, fungos, e animais como minhoca; por exemplo.
A fração sólida do solo possui aproximadamente 5% de
vem trajetórias espiraladas ao longo das linhas de indução  matéria orgânica e 95% de matéria inorgânica. Alguns so-
do campo magnético terrestre, movendo-se para frente los podem conter até 95% de material orgânico ou menos
de 1% desse material.
e para trás entre os pólos magnéticos sul e norte, onde são
Os solos típicos mostram camadas características com
“refletidas” devido ao aumento do campo magnético. Estes
o aumento da profundidade. Estas camadas são chamadas
elétrons e prótons aprisionados constituem os chamados
horizontes; os horizontes formam-se como o resultado de
“cinturões radioativos de Van Allen”. Algumas partículas
interações complexas que ocorrem devido ao desgaste do
acompanham o campo magnético da Terra em direção aos solo provocado pelas mudanças ao longo do tempo.
pólos geomagnéticos, penetrando na ionosfera, onde coli-
dem com átomos e moléculas de oxigênio e nitrogênio, que
são temporariamente energizados. Quando estes átomos
e moléculas retornam do seu estado energético excitado,
eles emitem energia na forma de luz, o que constitui as
auroras. As zonas de maior ocorrência das auroras situam-
se em torno de 20-30° ao redor dos pólos geomagnéticos
(76°N, 102°W; 68°S, 145°E). A atividade auroral varia com a
atividade do sol. Quando o sol está calmo, a zona auroral
diminui; quando o sol está ativo (com explosões solares),
intensificando o vento solar, a zona auroral se expande em
direção ao equador.45
O processo de formação da atmosfera está relacionado
ao processo de formação do planeta. Portanto, assim como
a Terra, a atmosfera apresentou variações com o tempo.
Antes do aparecimento da espécie humana, essas variações
ocorriam exclusivamente devido a fatores naturais, como
alterações na vida vegetal.
Atualmente, alterações da atmosfera são consequên- A água da chuva que atravessa o solo carrega sólidos
cias de fatores naturais e, principalmente, decorrência de dissolvidos e coloidais para horizontes inferiores, onde eles
ações humanas, como a poluição causada pelos automó- são depositados. Processos biológicos, tais como o apo-
veis e pela incessante atividade das fábricas, e o desmata- drecimento bacteriano da biomassa das plantas, produzem
CO2 ligeiramente ácido, ácidos orgânicos, e combinações
mento de florestas, entre outras. As mudanças climáticas
de complexos que são levados através da água da chuva
causadas pelo efeito estufa e pelo aquecimento global re-
para horizontes inferiores, onde eles interagem com areia e
velam que a atmosfera é tão frágil quanto preciosa.
minerais, alterando as propriedades dos mesmos.
A camada do topo do solo, de vários centímetros de
Solo espessura, é conhecida como o horizonte A, ou camada
Habitamos a superfície da Terra e dependemos, para da superfície do solo. Esta é a camada de máxima ativida-
viver, dos materiais disponíveis nela. Estes, em sua maior de biológica no solo e contém a maior parte de material
parte, são produtos das transformações que a crosta ter- orgânico.
restre sofre na interação com a atmosfera, a hidrosfera e a A camada seguinte é o horizonte B, ou subsolo. Recebe
biosfera, ou seja, são produtos do Intemperismo. materiais tais como matéria orgânica, sais e partículas de
O solo, como um exemplo dos produtos desse Intem- areia que são carreadas do horizonte A. O horizonte C é
perismo, constitui a base de importantes atividades huma- composto de rochas desgastadas a partir das quais origi-
nas, como a agricultura. A exploração sustentável desse nou-se o solo.
recurso depende do conhecimento de sua natureza, da Os solos exibem uma grande variedade de característi-
compreensão de sua gênese e de sua relação com o ser cas que são usadas para a sua classificação para vários pro-
humano; assuntos estes que são o objetivo principal desse pósitos, inclusive produção agrícola, construção de estrada
trabalho. e etc. Outras características do solo incluem resistência, via-
bilidade, tamanho de partícula, permeabilidade, e grau de
45 Fonte: www.fisica.ufpr.br desenvolvimento.

132
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Água no solo pécies como bicarbonatos (ajuste de acidez), os ânions po-
São requeridas grandes quantidades de água para dem ser complexados com íons de metal, como em AlF2+.
produção da maioria das substâncias da planta. A água Cátions e ânions de multivalência formam íons emparelha-
é o meio de transporte básico para levar nutrientes es- dos entre si, por exemplo, CaSO4 e FeSO4 (Manahan, 2001).
senciais de partículas sólidas do solo à planta através de
suas raízes para as partes mais distantes de sua estrutura. Ajuste de acidez no solo
       Normalmente, devido ao pequeno tamanho de partí- A maioria das plantas comuns cresce melhor em
culas do solo e a presença de pequenos vasos capilares e solos com pH próximo da neutralidade. Para um solo
poros, a fase de água não é totalmente independente da muito ácido, o ótimo desenvolvimento da planta é al-
parte sólida do solo. A disponibilidade de água para plan- cançado restituindo o solo com carbonato de cálcio.
tas é governada por inclinações do vaso capilar e forças Solo} (H+)2 + CaCO3 -------> Solo} Ca2+ + CO2 + H2O
gravitacionais. Os nutrientes dissolvidos em água depen-
dem da variação da concentração e dos potenciais elétri- Em áreas de pouca chuva, os solos podem ficar muito
básicos (alcalinos) devido à presença de sais básicos como
cos. A presença de água em espaços maiores no solo é
Na2CO3. Os solos alcalinos podem ser tratados com alumí-
relativamente disponível às plantas e facilmente escoa. A
nio ou sulfato de ferro que formam ácido hidrólises:
água contida em poros menores ou entre as partículas de
2Fe3+ + 3SO42- + 6H2O -------> 2Fe(OH)3 + 6H+ + 3
areia é retida mais fortemente. SO42-
Um dos efeitos químicos mais marcantes do enchar-
camento é a redução do potencial de oxidação (pE) pela O enxofre é usado para acidificar terras alcalinas, sen-
ação de agentes redutores orgânicos que agem através de do oxidado através de reações com bactérias, produzindo
bactérias catalisadoras. Assim, a condição de oxi-redução ácido sulfúrico. Altas taxas de enxofre que são eliminadas
do solo torna-se muito mais redutora, e o pE do solo pode dos combustíveis fósseis poluindo o ar, através do dióxido
diminuir o pH da água em equilíbrio com o ar (pE= +13.6 a de enxofre, podem fazer o tratamento de terras alcalinas,
pH 7) para 1 ou menos. Um dos resultados mais significati- o que é economicamente muito atraente (Manahan, 2001).
vos desta mudança é a transformação de ferro e manganês
em ferro solúvel (II) e manganês (II) por redução dos seus Ar no solo
óxidos insolúveis com maiores graus de oxidação: Aproximadamente 35% do volume de solo é composto
MnO2 + 4H+ + 2e- ---------> Mn2++ 3H2O de ar nos poros. Considerando que a atmosfera seca ao
Fe2O3 + 6H+ + 2e- ---------> 2Fe2+ + 3H2O nível do mar contém 21% O2 e 0.03% CO2 de volume, estas
porcentagens podem ser bastante diferentes devido à de-
Alguns íons de metais solúveis como Fe2+ e Mn2+ são composição de matéria orgânica:
tóxicos às plantas a níveis muito altos. Por outro lado, a {CH2O} + O2 ---------> CO2 + H2O
oxidação para óxidos insolúveis pode causar formação de
depósitos de Fe2O3 e MnO2 que dificultam o escoamento Este processo consome oxigênio (O2) e produz gás car-
da água no solo. bônico (CO2). Como resultado, a quantidade de oxigênio do
ar no solo pode ser muito menor que 15%, e a quantidade
A solução solo de gás carbônico pode ser de um percentual muito maior.
A solução solo é a porção aquosa do solo que contém Assim, a diminuição de material orgânico no solo aumenta
materiais dissolvidos provenientes dos processos químicos o nível de equilíbrio de CO2 dissolvido na água presente no
e bioquímicos do solo e provenientes da troca com a hi- solo. Este processo diminui o pH e contribui para forma-
ção de minerais de carbonato, particularmente carbonato
drosfera e biosfera. Este meio transporta espécies químicas
de cálcio. O CO2 também dificulta o equilíbrio do processo
para as partículas do solo, mantendo um contato íntimo
pelo qual as raízes absorvem íons metálicos do solo.
entre os solutos e as partículas do solo. Além de fornecer
água para crescimento de planta, é um meio essencial para Matéria orgânica no solo
a troca de nutrientes da planta entre as raízes e terra sólida. Embora um solo produtivo seja composto de menos
Obter uma amostra de solução de solo é freqüente- que 5% de matéria orgânica esta determina em grande
mente muito difícil porque a parte mais significante está parte a produtividade do solo. Serve como uma fonte de
confinada em vasos capilares e filmes de superfície. O meio alimento para microrganismos através de reações quími-
mais direto é a coleta da água de drenagem. A solução do cas, influenciando nas propriedades físicas do solo. Algu-
solo pode ser isolada do solo através da separação mecâ- mas combinações de compostos orgânicos contribuem até
nica por centrifugação, pressão ou tratamento no vácuo. mesmo no desgaste de matéria mineral, o processo pelo
O material mineral dissolvido no solo está presente qual o solo é formado. Por exemplo, C2O22-, (íon de oxala-
na forma de íons. Proeminentes entre os cátions estão H+, to), produzido através do metabolismo de fungos do solo,
Ca2+, Mg2+, K+, Na+, e normalmente quantidades menores quando presente na água do solo, dissolve minerais, en-
de Fe2+, Mn2+, e Al3+. Os últimos três cátions podem es- quanto acelera o processo de desgaste, aumentando as-
tar presentes parcialmente hidrolisados como FeOH+, ou sim a disponibilidade de espécies de íons nutrientes. Este
complexados através de substâncias ligantes de húmicos processo de desgaste envolve complexação de oxalato de
orgânicos. Os ânions que podem estar presentes são HCO3- ferro ou alumínio em minerais, representados pela reação
, CO32-, HSO4-, SO42-, Cl-, e F-. Além de ser ligado a H+ em es- abaixo na qual M é Al ou Fe.

133
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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3H+ + M(OH)3(s) + M(C2O4)2-(aq) + 2Ca2+(aq) + 3H2O
Componentes biologicamente ativos da fração orgânica do solo incluem polissacarídeos, aminoácidos, nucleotídeos,
enxofre orgânico e combinações de fósforo. Húmus, um material insolúvel em água que biodegrada muito lentamente,
compõe a maior parte da matéria orgânica do solo.

Componentes Orgânicos do solo


Tipo de
Composição Signigicado
Componente
Resíduo da degradação do Componente orgânico mais abundante, melhora
Húmus apodrecimento de plantas, em grande propriedades físicas do solo, troca de nutrientes,
parte C, H e O. reservatório de N fixo.
Pequena parte da matéria orgânica do solo, pode afetar
Gorduras, Extraídos de lipídios através de
as propriedades físicas do solo repelindo água, pode ser
resinas e ceras solventes orgânicos.
fitotóxico.
Celulose, amido, hemicelulose, Principal fonte de alimento para microrganismos do
Sacarídeos
gomas. solo, ajuda na estabilização de agregados do solo.
Nitrogênio Nitrogênio ligado ao húmus,
Fornece nitrogênio para fertilidade do solo.
orgânico aminoácidos e outras composições.
Compostos Éster fosfatos, inositol fosfatos (ácido
Fonte de fosfato para a planta.
de fósforo fítico), fosfolipídios.

(Manahan, 1997)
      
 O acúmulo de matéria orgânica no solo é influenciado fortemente pela temperatura e pela disponibilidade de oxigê-
nio. Como a taxa de biodegradação diminui com o declínio da temperatura, a matéria orgânica não degrada rapidamente
em climas mais frios e tende a formar o solo. Em água e em solos com grandes quantidades de água, a vegetação que se
deteriora não tem acesso fácil a oxigênio, acumulando matéria orgânica. O conteúdo orgânico pode alcançar 90% em áreas
onde plantas crescem e se deterioram em solos saturados com água.

Húmus no solo
Dos componentes orgânicos listados, o húmus do solo é o mais significante. Húmus é composto de frações solúveis
chamadas ácidos húmicos e fúlvicos, e uma fração insolúvel chamada humina. É o resíduo originado quando bactérias e
fungos biodegradam o material das plantas. A maior parte da biomassa da planta consiste em celulose relativamente de-
gradável e lignina resistente à degradação. Entre os principais componentes químicos da lignina estão os anéis aromáticos
conectados por cadeias de alquilas, grupos metilas, e grupos hidroxilas. Estes artefatos estruturais acontecem no húmus do
solo e dão a ele muitas de suas propriedades características.

Os componentes inorgânicos do solo


O desgaste das rochas e minerais inorgânicos que compõem o solo contribui na formação de colóides inorgânicos.
Estes colóides são repositórios de água e nutrientes da planta que estão disponíveis de acordo com suas necessidades.
Colóides inorgânicos absorvem freqüentemente substâncias tóxicas do solo, fazendo um papel de desintoxicação de subs-
tâncias que, caso contrário, prejudicariam as plantas. A abundância e o tipo de material coloidal inorgânico no solo são
fatores importantes na determinação da produtividade do solo.
A absorção dos nutrientes da planta através das raízes envolve freqüentemente interações complexas entre a água
e as fases inorgânicas, este processo é influenciado fortemente pela estrutura iônica do material inorgânico do solo.
       Os elementos mais comuns na crosta terrestre são oxigênio, sílica, alumínio, ferro, cálcio, sódio, potássio, e magnésio.
Assim, os minerais compostos destes elementos - particularmente sílica e oxigênio - constituem a maior fração mineral
da terra. Os componentes minerais mais comuns do solo são divididos finamente em quartzo (SiO2), ortoclásio (KAlSi3O8),
epidote (4CaO.3(AlFe)2O3.6SiO2.H2O), geothite (FeO(OH)), magnetita (Fe3O2), carbonatos de cálcio e magnésio (CaCO3 e
MgCO3) e óxidos de manganês (MnO2) e titânio (TiO2).

Nitrogênio, fósforo e potássio no solo


Nitrogênio, fósforo e potássio são nutrientes para as plantas, os quais são obtidos através do solo. Eles são tão impor-
tantes para a produtividade da colheita que são comumente adicionados ao solo como fertilizantes.

134
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Nitrogênio Erosão e Poluição
Na maioria dos solos, mais de 90% do nitrogênio conti- Erosão é um impacto destrutivo do solo causado pela
do é orgânico. Este nitrogênio orgânico é, principalmente, o agricultura, desmatamento, construção em locais inade-
produto da biodegradação de plantas e animais mortos. Ele quados, técnicas agrícolas impróprias, ocupação do solo
é eventualmente hidrolisado à NH4+ (nitrogênio inorgânico), etc. As partículas do solo impactado pela erosão se des-
o qual pode ser oxidado à NO3- (nitrogênio inorgânico) pela prendem antes do cultivo e são levadas pela água, pelo
ação das bactérias presentes no solo. vento ou por atividades humanas. Pode ser:
O nitrogênio confinado no solo é especialmente im- • Erosão por Gravidade: É provocada pela movimenta-
portante para manter a fertilidade do solo. Ao contrário do ção de rochas e sedimentos causados pela força da gravi-
potássio ou fosfato, o nitrogênio não é um significante pro- dade.
duto do desgaste mineral. Uma das fontes de nitrogênio • Erosão Pluvial: É provocada por deslizamentos de
no solo é a atmosfera, o qual é transformado por bactérias terras motivados pela água das chuvas que desprendem a
fixadoras de nitrogênio através de um processo bioquímico: camada de terra superior e esta desliza.
3{CH2O} + 2N2 + 3H2O + 4H+-------> 3CO2 + 4NH4+
• Erosão Eólica: É provocada pela ação dos ventos
No entanto, as bactérias fixadoras de nitrogênio não
quando este transporta partículas que ao se chocarem
fornecem nitrogênio suficiente para manter a fertilidade do
solo. O nitrogênio inorgânico, proveniente de fertilizantes transformam-se em partículas menores.
ou da água da chuva, é freqüentemente perdido, em grande • Erosão Marinha: É provocada pela força das ondas
parte, pela lixiviação. O húmus do solo, porém, serve como quando estas se chocam contra a costa originando as fa-
um reservatório do nitrogênio que as plantas necessitam. lésias.
O nitrogênio é um dos principais componentes das • Erosão Química: É provocada pelo calor, frio, água,
proteínas e da matéria viva. Plantas e cereais cultivados em umidade e outras ações que reagem quimicamente nas ro-
solos ricos em nitrogênio não somente rendem mais, como chas.
também são freqüentemente ricas em proteínas e, conse- • Erosão Glacial: É provocada pelo deslocamento das
qüentemente, mais nutritivas. geleiras provocadas pela força da gravidade.

Fósforo Podem ser classificadas como:


Embora o percentual de fósforo nas plantas seja relati- • Sulcos: Quando são formados canais de até 10 cm de
vamente baixo, ele é um componente essencial às plantas. profundidade.
O fósforo, como o nitrogênio, deve estar presente em uma • Ravinas: Quando são formados canais de até 50 cm
forma inorgânica simples para que possa ser assimilado pe- de profundidade.
las plantas. Dentro de uma faixa de pH, as espécies presen-
• Voçorocas: Quando são formados canais com mais de
tes na maioria dos solos são ortofosfatos, H2PO4- e HPO42-.
50 cm de profundidade.
O ortofosfato é mais disponível para as plantas em
valores de pH perto da neutralidade. Acredita-se que em
solos relativamente ácidos, os íons ortofosfatos são preci- A erosão é bastante prejudicial à vida já que encobre
pitados ou absorvidos por espécies de Al3+ e Fe3+. Em so- terrenos férteis com materiais áridos, soterra lagos e rios
los alcalinos, o ortofosfato pode reagir com carbonato de provocando a morte de espécies animais e vegetais, difi-
cálcio para formar um composto relativamente insolúvel: culta o processo de oxigenação da água, provoca o dese-
3 HPO42- + 5CaCO3(s) + 2H2O -------> Ca5(PO4)3(OH)(s) + quilíbrio da fauna e da flora, provoca enchentes com gran-
5HCO3- + OH- de preenchimento de lagos e rios.
Para amenizar e/ou anular um processo erosivo pode-
Potássio se utilizar algumas técnicas que dificultam tais formações.
O potássio é essencial para o crescimento das plantas. O terraceamento, consiste em formar degraus no solo, as
O potássio ativa algumas enzimas e desempenha um papel curvas de nível, consiste em arar o solo e semeá-lo seguin-
importante no equilíbrio de água nas plantas. É também es- do cotas altimétricas e a associação de culturas em plantios
sencial para algumas transformações de carboidratos. O ren- que permitem a exposição do solo, com legumes que o
dimento de uma colheita está diretamente relacionado com recobrem bem. Todas essas técnicas objetivam a perda de
a quantidade de potássio presente no solo. Quando fertili- velocidade no escoamento da água para que esta não leve
zantes de nitrogênio são adicionados ao solo para aumentar as partículas que não estão presas.
a produtividade, aumenta a remoção do potássio. Sendo as-
A poluição do solo consiste numa das formas de po-
sim, o potássio pode se tornar um nutriente limitante em so-
luição, que afeta particularmente a camada superficial da
los fertilizados com grande quantidade de outros nutrientes.
       O potássio é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre, causando malefícios diretos ou indiretos
crosta terrestre, cerca de 2,6%; porém, muito desse potás- à vida humana, à natureza e ao meio ambiente em geral.
sio não está disponível para as plantas, pois geralmente se Consiste na presença indevida, no solo, de elementos quí-
apresenta sob a forma de minerais (silicatos que contém o micos estranhos, de origem humana, que prejudiquem as
potássio, por exemplo - K2O . Al2O3 . 4SiO2).46 formas de vida e seu desenvolvimento regular.

A poluição do solo pode ser de duas origens: urbana e


46 www.uenf.br agrícola.

135
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Poluição de origem urbana Rotação de culturas: em oposição ao sistema de mo-
Nas áreas urbanas o lixo jogado sobre a superfície, sem o nocultura (em que apenas uma espécie é cultivada até o
devido tratamento, são uma das principais causas dessa po- total esgotamento do solo), elaborou-se o sistema de rota-
luição. A presença humana, lançando detritos e substâncias ção de culturas, que consiste em alternar a produção: hoje,
químicas, como os derivados do petróleo, constitui-se num planta-se soja; amanhã, trigo; e depois milho, por exemplo.
dos problemas ambientais que necessitam de atenção das As vantagens dessa técnica são variadas: controle de pra-
autoridades públicas e da sociedade. gas (através da variabilidade das espécies), reposição de
nutrientes no solo, entre outros. No entanto, é necessário
Poluição de origem agrícola sempre fazer um estudo específico para se escolher as es-
A contaminação do solo, nas áreas rurais, dá-se so- pécies mais adequadas a cada tipo de solo e que possam
bretudo pelo uso indevido de agrotóxicos, técnicas ar- ser rentáveis comercialmente.
caicas de produção (a exemplo do subproduto da cana-
de-açúcar, o vinhoto; dos curtumes e a criação de porcos).
Plantio direto: essa técnica objetiva a realização do
Aterros sanitários
plantio diretamente sobre os restos da colheita anterior,
Uma das formas de se lidar com os resíduos urbanos é a
sem a necessidade de realizar uma nova aragem da terra,
destinação de locais de depósito para os mesmos, denomina-
dos aterros. Nestes lugares todo o lixo urbano é depositado, evitando a exposição do solo aos fatores climáticos e o seu
sem qualquer forma de tratamento ou reciclagem.47 desgaste. Além disso, ganha-se no combate à erosão e au-
menta-se a produtividade.
Preservação
Quando o solo não recebe tratamento adequado ele Calagem: muito utilizada na região do Cerrado brasi-
pode perder suas propriedades naturais e se tornar infértil. leiro, essa técnica visa à correção da acidez do solo através
Para sua conservação, algumas medidas podem ser tomadas: do uso do calcário. Além disso, esse procedimento também
O mau uso dos solos pode ocasionar sérios danos ambien- fornece nutrientes como cálcio e magnésio para as plantas.
tais e econômicos, transformando terras férteis em áreas impro- Apesar de ser uma técnica moderna e eficiente de cultivo e
dutivas e agredindo seriamente o meio natural. Por esse motivo, preservação dos solos, ela acabou tendo o efeito contrário
existem diversas técnicas de cultivo e conservação dos solos, vi- no Centro-Oeste do país, pois permitiu o avanço da frontei-
sando ao seu melhor aproveitando e à sua máxima preservação. ra agrícola no Brasil e a consequente devastação do bioma
Cerrado, o que trouxe prejuízos tanto para os solos quanto
 Conservação da vegetação nativa para o meio ambiente.
 Uma das mais importantes medidas para conservar o
solo é não praticar o desmatamento. A vegetação natural Curvas de nível: na Cartografia, essa expressão signi-
possui características que conservam o solo. fica algumas linhas imaginárias traçadas para representar
os desníveis de altitude do solo. Na agricultura, o proce-
 Combate à erosão dimento é realizar o plantio acompanhando essas linhas
 Feito através do sistema de curvas de nível. Valetas em imaginárias, favorecendo o cultivo em áreas de relativa de-
sentido circular são feitas no solo de regiões altas (monta- clividade sem ocasionar a formação de erosões.
nhas, morros, serras). Estas valetas absorvem a água, evitando
assim as enxurradas que levam as terras.

 Reflorestamento
 A falta de vegetação pode facilitar a ocorrência da ero-
são. Com a plantação de árvores em regiões que sofreram
desmatamento, evita-se a erosão. O eucalipto e o pinheiro
são as árvores mais utilizadas neste processo, pois suas raízes
“seguram” a terra e absorvem parte da água.

Adubação verde ou orgânica: para uma maior e melhor


preservação dos solos durante o cultivo, recomenda-se alter-
nar as safras com leguminosas (plantas que dão vagens, como
o feijão, lentilha e ervilha). Esse tipo de vegetação possui a
característica de se associar com micro-organismos presentes
na terra, capazes de transformar o nitrogênio do ar em com-
postos hidrogenados que enriquecem o solo.
Afolhamento: essa técnica é utilizada para recuperar gra-
dativamente os solos, poupando-os sem interromper total- Plantação de arroz utilizando a técnica de curvas de nível, no
mente a produção. Nela, divide-se a área agricultável em três Vietnã¹
partes, sendo duas cultivadas e outra reservada em “descanso” Além da implantação de técnicas agrícolas, o agricultor
(geralmente por um período de dois anos) para recuperar na- também precisa ter muito cuidado ao aplicá-las. É necessá-
turalmente os nutrientes perdidos em colheitas anteriores. ria sempre a realização de estudos específicos, além de um
47 Fonte: www.mundoeducacao.com.br bom apoio técnico. É preciso, também, a adaptação dos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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maquinários ao tipo de solo a ser cultivado para evitar danos maiores à topografia local. Uma recomendação usualmente
manifesta por especialistas é a incorporação de seres vivos ao solo, como minhocas, lavas e outros tipos de insetos, pois
eles contribuem para o seu enriquecimento orgânico.48

SOL – FONTES DE ENERGIA E PROCESSOS


ENERGÉTICOS VITAIS NA NATUREZA.

 O Sol é a principal fonte de energia na Terra


Para nós, habitantes da Terra, o Sol é a estrela mais importante dos bilhões de estrelas que existem no Universo, pois
dele recebemos toda a energia necessária à vida, tanto da humanidade como dos animais e vegetais.
Neste tópico vamos estudar algumas propriedades da energia que recebemos do Sol e como ela cria diversos tipos de
fontes de energia em nosso planeta. Esse conhecimento provém do estudo cientifico, que já dura vários séculos e continua
ainda hoje, do mundo físico em que vivemos.
        A energia que recebemos do Sol, chamada radiação solar, é emitida incessantemente por ele e sua natureza é a
mesma da luz, das ondas de rádio, das radiações que utilizamos nos fornos de micro-ondas e na telefonia, entre outros
dispositivos que fazem parte do nosso dia a dia.   Esses são diversos tipos de radiação eletromagnética, que diferem uns dos
outros por uma propriedade fundamental: a frequência, que é o número de vibrações (ou ciclos) por segundo realizados
em cada ciclo; por exemplo, a luz, ou radiação visível, tem frequência muito alta, de muitos bilhões de ciclos/s (em torno de
1015), enquanto a radiação das emissoras FM está na faixa de 10 6 ciclos/s. (Leia o quadro abaixo).

Outra propriedade importante da radiação solar é que, qualquer que seja o seu tipo, ela se propaga tanto nas substân-
cias materiais como no vácuo. É provável que você saiba que não existe nenhuma matéria entre a Terra e o Sol ou qualquer
outro corpo celeste; isso não nos impede de vê-los e estudar suas propriedades, o que evidencia que a radiação eletro-
magnética se propaga no espaço vazio. Essa propriedade da radiação eletromagnética é oposta à do som, que só pode se
propagar em substâncias materiais, não importando se são sólidos, líquidos ou gases.
Além disso, todos os tipos de radiação eletromagnética têm a mesma velocidade no vácuo e no ar: atinge 300.000 km/s,
a maior velocidade conhecida; a radiação solar leva cerca de 8 minutos para percorrer a distância Sol-Terra com essa velo-
cidade. Na água a radiação tem velocidade menor, mas ainda assim enorme, próxima de 200.000 km/s; noutras substâncias
materiais a velocidade da radiação eletromagnética também é menor do que no vácuo, mas é sempre muito elevada.
Para podermos compreender a importância da energia que recebemos do Sol, temos de medi-la, pois qualquer pro-
priedade física só tem significado se puder ser medida, isto é, expressa numericamente, numa unidade adequada. No caso
da energia, a unidade chama-se joule, cujo símbolo é J. Essa é uma unidade muito pequena para as necessidades diárias;
por isso, utiliza-se mais frequentemente um múltiplo do joule, o kilojoule, cujo símbolo é kJ, mil vezes maior: 1 kJ = 1.000J.
(O k minúsculo é uma abreviação para 1.000 e pode ser usado com quaisquer unidades).
Nas embalagens dos alimentos prontos para o consumo(como biscoitos, manteiga, leite, mel, chocolates etc.) é obriga-
tório informar qual a energia correspondente a uma determinada porção desse alimento e qual a porcentagem que ela repre-
senta para a dieta diária mínima, isto é, a quantidade de alimentos que devemos ingerir a cada dia para nos mantermos vivos.
 Num pote de manteiga está escrito que 1 colher de sopa dessa manteiga (cerca de 13 gramas) possui a energia de 97 kcal
(ou 407 kJ) e fornece 6% da energia que uma pessoa deve ingerir diariamente apenas para manter-se viva (chamada dieta
diária mínima). Isso significa que, do ponto de vista energético, 270 gramas dessa manteiga, sem nenhum outro alimento,
bastariam para manter viva uma pessoa por 1 dia.
48 Por Rodolfo F. Alves Pena

137
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Voltemos à radiação proveniente do Sol. Em cada segundo, 1 metro quadrado da superfície terrestre recebe a energia
de 1.400J = 1,4 kJ, que é denominada constante solar e será representada por β. Esse dado pode ser apresentado de ma-
neira mais concisa escrevendo-se
β= 1.400 J/s.m2 = 1,4 kJ/s.m2

O cociente J/s ( joule por segundo) aparece frequentemente em Física, porque indica uma propriedade importante das
máquinas, denominada potência; ele recebe um nome especial: watt e seu símbolo é W; 1.000 watts = 1 kW. O valor de β
acima indicado pode então ser escrito abreviadamente como
β = 1,4 k (J/s)/m2 =  1,4  kW/m2

Para efeito de comparação: um ferro elétrico comum de desamassar roupa tem potência de aproximadamente 1,2 kW;
a constante solar, portanto, é um pouco maior do que a energia (sob a forma de calor) que o ferro transmitiria durante 1
segundo a uma área de 1 m2. Uma furadeira elétrica tem potência de 750 watts, bem menor, portanto, do que a energia
da radiação solar que incide na mesma área em 1 segundo. Se considerarmos toda a superfície da Terra, a energia E que
diariamente nosso planeta recebe do Sol vale cerca de E = 6 x 10^22 J
Para apreender o que significa esse dado numérico, basta compará-lo com a energia elétrica produzida diariamente por
todas as usinas geradoras existentes na Terra atualmente, isto é, cerca de 10^18 joules, que é cerca de  sessenta  mil vezes
menor do que a energia que recebemos do Sol em  cada dia!
Outro modo de apreciar a magnitude da radiação solar consiste no seguinte. Está claro que o Sol não produz apenas a
energia enviada ao nosso planeta, mas também a que se difunde por todo o espaço ao seu redor e que se distribui sobre
uma área equivalente à de uma esfera que teria um raio igual à distância Terra-Sol (150 milhões de quilômetros = 1,5x108
km). Um cálculo simples mostra que, por muito grande que seja o valor E acima referido, ele é bilhões de vezes  menor do
que a energia total produzida pelo Sol em um dia.

1. O Sol e os combustíveis
Um combustível é qualquer substância que, associando-se com o oxigênio, produz calor. A própria palavra combustível
já revela o mecanismo pelo qual a energia é produzida: a combustão ou queima, isto é, a reação química na qual a subs-
tância se combina com o oxigênio e origina calor.

Existem combustíveis sólidos, líquidos e gasosos. Dos combustíveis sólidos, o mais importante é o carvão mineral,
que faz parte dos combustíveis fósseis, os quais são remanescentes de plantas e animais que viveram na Terra há milhões
de anos e sofreram no solo um processo de carbonização incompleta, pelo calor e a pressão, durante milhares de séculos.
Esses combustíveis foram todos originados pela ação da energia proveniente do Sol, ao longo da existência de nosso
planeta, cuja idade provável é de 4,5 bilhões de anos (4,5 x 109 anos). O processo de formação dos combustíveis fósseis, em
linhas gerais, pode ser compreendido lembrando que os animais se alimentam de plantas ou de outros animais que comem
plantas. Ora, a vida dos vegetais depende estritamente da radiação solar, graças a um processo de enorme importância que
neles ocorre, denominado fotossíntese, que consiste na formação de moléculas orgânicas a partir da água e do dióxido de
carbono atmosférico, sendo a luz solar a fonte de energia necessária.
O carvão mineral se apresenta sob vários tipos, dependendo de seu grau de carbonização; ele foi o combustível mais
utilizado em todo o mundo até uns 50 anos atrás. No Brasil não existem grandes jazidas desse combustível e as que exis-
tem não são de boa qualidade, razão pela qual ele sempre foi pouco utilizado em nosso País. O carvão mineral (também
chamado carvão de pedra) não deve ser confundido com o carvão vegetal, muito utilizado em nossas usinas siderúrgicas
e que tem sido um dos maiores responsáveis pela destruição de nossas florestas nativas.
O petróleo é um combustível fóssil que se apresenta no estado líquido e tem a mesma origem que o carvão mineral
mencionado acima. Ele é encontrado no subsolo, frequentemente a grande profundidade abaixo da superfície, nos inters-
tícios de rochas porosas, não em “poços” subterrâneos.

Há meio século predominava no Brasil a crença de que não existia petróleo aqui em
quantidade apreciável que justificasse o trabalho e os investimentos necessários para ser
explorado. Essa suposição foi desmentida pela pesquisa sistemática, que revelou a existên-
cia de grandes jazidas desse combustível, principalmente no subsolo marinho, a distâncias
relativamente pequenas do litoral. A exploração bem-sucedida desses depósitos tem sido
uma grande vitória de nossos engenheiros e operários, graças a tecnologias avançadas de
exploração, muitas delas desenvolvidas no Brasil por brasileiros. Mantido o ritmo atual de
produção de petróleo em nosso País, em breve seremos auto-suficientes em relação a esse
insumo essencial para a atividade econômica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Outro combustível que era pouco utilizado no Brasil e que adquiriu importância há relativamente pouco tempo é
o gás combustível, o qual pode ter origem natural, proveniente de depósitos subterrâneos, ou então é fabricado a partir
de combustíveis fósseis. O gás de cozinha, que é o combustível doméstico mais utilizado entre nós, deriva do petróleo (é
denominado GLP, sigla de gás liquefeito de petróleo). 
O gás natural tem adquirido crescente papel como combustível para as indústrias e para abastecimento de automóveis
e caminhões. A maior parte do que consumimos desse combustível é hoje importado da Bolívia, mas dentro de alguns anos
haverá condições de produzirmos aqui grande parte dele.

QUADRO 1 – A FOTOSSÍNTESE

A FOTOSSÍNTESE
Os alimentos que devemos consumir regularmente, substâncias complexas e essenciais à vida, são as fontes de
energia que permitem aos nossos corpos e aos dos animais manter-se aquecidos e praticar as inúmeras atividades que
realizam. Se a energia de que dependemos para viver proviesse de um combustível semelhante ao petróleo ou ao car-
vão, há muito tempo estaria esgotada sua reserva em nosso planeta.
A solução desse problema encontra-se nas plantas verdes, que apresentam uma propriedade notável: a fotossíntese,
que só ocorre nelas e em alguns tipos de bactérias. Trata-se de um processo complicado, pelo qual a água e o dióxido
de carbono são transformados nos açúcares, proteínas e gorduras de que necessitamos, graças à absorção da radiação
solar na clorofila, que é um pigmento verde.
Os organismos animais eliminam água e gás carbônico como rejeitos de seu metabolismo; as plantas absorvem o
gás carbônico e eliminam o oxigênio, constituindo a principal fonte de oxigênio no globo terrestre.
Podemos afirmar, então, que nossos alimentos são, em grande parte, luz solar que as plantas verdes sintetizam.

Como a energia é absolutamente indispensável, a humanidade inventou, ao longo de sua evo-


lução, vários recursos para produzir energia que aparentemente não dependem da radiação solar.
São exemplos os moinhos de vento e as rodas d´água,  aparelhos dos mais antigos usados
para produzir energia e foram muito importantes  até há  alguns séculos atrás. Atualmen-
te, as turbinas eólicas, isto é, geradores de eletricidade movidos pelo vento, e as usinas hi-
drelétricas, em que a eletricidade é produzida mediante geradores acionados pela queda da
água, são os sucessores daquelas antigas instalações.
Mas é fácil nos convencermos de que também nesses casos a radiação solar é o principal
agente. Com efeito, os ventos são consequência de diferenças de aquecimento entre regiões
da superfície terrestre sob a incidência da luz solar; as quedas d´água, por sua vez, resultam
da evaporação da água de rios, lagos e mares, também devido ao aquecimento provocado
pela  radiação solar, o que leva à formação de nuvens e à sua precipitação (isto é, chuvas) e a
água volta  aos lugares de onde havia saído.

2. As fontes terrestres de energia independentes do Sol


Existem em nosso planeta, entretanto, fontes de energia que de fato não dependem da radiação solar: as usinas de
maré, as fontes geotérmicas e as usinas nucleares.

As usinas de maré dependem da atração gravitacional exercida pela Lua e pelo Sol sobre a Terra, principalmente sobre
as águas oceânicas, o que provoca o conhecido fenômeno das marés, ou seja, o aumento e a diminuição alternados da
profundidade do mar perto do litoral, a intervalos de aproximadamente 12 horas.

A operação dessas usinas é explicada no quadro abaixo e pode ser resumida assim: durante a maré alta o nível da água
do mar é maior do que o da água represada por uma barragem, na qual estão instalados geradores elétricos. Quando se
abrem comportas apropriadas, a água do mar penetra no reservatório e aciona os geradores. O nível da água da represa,
no fim da maré alta, é superior ao nível do mar e começa a escoar para ele, durante a maré baixa, acionando de novo os
geradores elétricos. A contribuição das usinas de maré para a produção mundial de energia ainda é muito reduzida.

139
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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QUADRO 2 – AS USINAS DE MARÉ

As fontes geotérmicas são as que dependem do calor gerado no interior de nosso planeta e que se manifesta nos
vulcões, gêiseres e fonte termais. Esse calor provém em parte da formação da Terra, há alguns bilhões de anos, quando sua
temperatura era altíssima e desde então tem diminuído lentamente, da superfície para o interior.
O calor interno de nosso planeta também decorre da existência de substâncias radioativas em camadas profundas do
globo terrestre. As substâncias radioativas são elementos químicos como o urânio, o rádio, o tório e alguns outros, cujos
núcleos atômicos se desintegram e liberam energia que se manifesta como calor. A desintegração radioativa é um fenôme-
no muito importante, que apresenta a seguinte propriedade especial: não existe nenhuma ação externa – tal como a apli-
cação de altas temperaturas, de grandes pressões e pancadas, produtos químicos, campos magnéticos ou elétricos – que
possam alterar a taxa em que as desintegrações ocorrem. 

As fontes termais são fontes de água quente, que emerge da superfície terrestre e pode conter
diversos minerais e gases sulfurosos nela dissolvidos. No Brasil, existem fontes termais em nume-
rosas localidades e em nosso Estado são bem conhecidas as de cidades como Araxá, Caxambu e
Poços de Caldas, além de outras.
Os gêiseres, que ocorrem em áreas onde existe atividade vulcânica, são fontes resultantes de
fendas profundas na crosta terrestre e delas irrompem intermitentemente jatos de água supera-
quecida e vapor d´água. Essas fontes são utilizadas na produção de eletricidade na Islândia, na
Nova Zelândia e nos Estados Unidos (Califórnia).

140
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Nas usinas nucleares o “combustível” é um elemento radioativo, sendo o urânio o mais importante deles para essa fina-
lidade. No urânio ocorre a desintegração do núcleo atômico, com a consequente liberação de energia, que é utilizada para
aquecer água ou outro fluido a fim de acionar turbinas acopladas a geradores de eletricidade (veja o quadro 3).

QUADRO 3

Um reator nuclear é um aparelho destinado a produzir energia, utilizando como “combustível” determinados
elementos químicos, principalmente o urânio. Essa energia provém de uma transformação que ocorre nos núcleos
do elemento utilizado, denominada fissão nuclear, em que os núcleos atômicos se fragmentam e ao mesmo tempo
liberam enorme energia.
A maioria dos reatores existentes atualmente destina-se a gerar eletricidade. A energia  produzida na fissão nuclear
é utilizada para vaporizar água ou outro fluido, que irá acionar as turbinas acopladas a geradores de eletricidade. Sob
esse aspecto, o reator nuclear cumpre a mesma função que uma caldeira aquecida com a combustão de carvão ou de
óleo diesel, por exemplo. A figura abaixo ilustra como funciona um reator nuclear.

Inventados em 1942 como um dispositivo científico destinado a estudar a desintegração nuclear, os reatores nucleares
tornaram-se economicamente importantes para a geração de eletricidade, apesar da complexidade de suas instalações e
de sua operação. Os reatores nucleares ainda contribuem modestamente para a produção de energia elétrica no cenário
mundial. Em alguns países, entretanto, eles já se tornaram fontes importantes para essa finalidade, como é o caso da França,
em que 80% da eletricidade é originada nos reatores nucleares; na Alemanha alcança mais de 20% e nos Estados Unidos
10%.
Em nosso País existem atualmente em operação duas usinas de geração nuclear (Angra I e Angra II), em 1985 e 2000,
respectivamente. Em 1986 o governo brasileiro adquiriu 45% dos equipamentos para uma terceira usina nuclear (Angra
III) e comprometeu-se a adquirir os equipamentos restantes, que custariam 750 milhões de dólares. O armazenamento e
a manutenção dessa aparelhagem custam ao povo brasileiro, desde 1986, mais de 20 milhões de dólares por ano, sem
falar nos custos financeiros! Isto significa que já desperdiçamos mais de 400 milhões de dólares para manter encaixotada
e presumivelmente em bom estado grande parte de uma usina nuclear; além disso, se hoje fosse decidido construir essa
usina, seriam necessários pelo menos oito anos de trabalho e gastar mais 1 bilhão e 800 milhões de dólares para colocá-la
em operação.

3. O interior da Terra


Nosso conhecimento do interior da Terra é indireto e até hoje muito limitado, devido à impossibilidade de penetrar
até grandes profundidades. As principais fontes de informações para esse conhecimento são as ondas geradas pelos
terremotos (chamadas ondas sísmicas) e registradas nos aparelhos denominados sismógrafos, os quais revelam que essas
ondas são de dois tipos: as longitudinais e as transversais. As ondas longitudinais podem penetrar nos sólidos, líquidos
e gases, mas as transversais só se transmitem nos sólidos; o estudo do comportamento das ondas sísmicas revelou que
existem regiões no interior da Terra que são sólidas e outras que são líquidas.

Essas regiões formam diversas camadas concêntricas, diferentes umas das outras na composição química e nas
propriedades físicas (veja abaixo um esquema simplificado). A primeira camada (denominada crosta terrestre) forma a parte
externa da Terra e está em contato com a atmosfera que circunda nosso planeta; nela estão situados os mares e lagos, os
continentes e seu relevo. A crosta é rochosa e de espessura variável; na maior parte sua profundidade é de 40 km, mas há
lugares onde atinge 70 km.
Logo abaixo da crosta começa a região denominada manto, que se estende até cerca de 2.900 km de profundidade
e é formada também de material sólido que pode atingir até 200 km de profundidade. O conjunto crosta terrestre +
manto superior é chamado litosfera, o que significa camada rochosa, porque ela consta de enormes blocos maciços mas
separados, que se denominam placas tectônicas, as quais flutuam sobre um material parcialmente fundido e pastoso. As
placas tectônicas podem mover-se muito lentamente e se chocam umas com as outras, o que provoca os terremotos, as
falhas geológicas, montanhas, vulcões e fontes termais.
Os mineradores sabem, há muitos séculos, que a temperatura aumenta à proporção que se desce no interior da Terra.
Na interface da crosta com o manto ela atinge 100 oC e continua subindo daí em diante.
Abaixo do manto existe a camada que se chama núcleo externo, cuja espessura se estende entre as profundidades de
2.900 e 5.100 km; é formada por material metálico em estado pastoso e em movimento violento, cuja temperatura pode
chegar talvez a 3.500 oC na interface com o manto.
Finalmente, há o núcleo interno, esfera cujo raio é de uns 1.250 km e que se supõe seja sólido e constituído de ferro e
níquel; sua temperatura deve alcançar 5.000 oC ou mais e suporta uma pressão de milhões de atmosferas.

141
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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do calor produzido pela irradiação solar e pela atividade
humana; o resultado é o aquecimento lento mas contínuo
da atmosfera e da superfície terrestre, ocasionando o
derretimento progressivo das geleiras existentes nas
regiões polares e nas montanhas muito altas e por fim
a elevação do nível dos oceanos; todo o clima de nosso
planeta será afetado e muitas espécies animais e vegetais
serão extintas por esse processo.
Está claro portanto que é de importância vital para a
humanidade que sejam desenvolvidas e utilizadas cada vez
mais as fontes renováveis de energia, isto é, as que possam
ser empregadas sem o risco de exaustão.
A primeira fonte renovável de energia é a própria energia
solar, embora essa afirmação pareça contraditória com
o que foi dito antes. O Sol é uma estrela condenada a
extinguir-se, pois a radiação que ele produz resulta de ele
“queimar” a matéria de que é formado à fantástica taxa
de 5 milhões de toneladas por segundo. O tempo de “vida”
que lhe resta, entretanto, é ainda extremamente grande
para os padrões humanos: cerca de 5 bilhões de anos; em
vista disso, ele pode ser considerado uma fonte renovável
de energia.
A energia hidráulica e a energia eólica (isto é, produzida
pelo vento) são igualmente formas de energia renováveis.
O aproveitamento da energia eólica ganhou grande
impulso nos últimos anos, graças ao desenvolvimento
de turbinas eólicas eficientes; em alguns países, como a
4. Fontes de energia renováveis e não renováveis Dinamarca e a Alemanha, elas já fornecem uma parcela
As reservas conhecidas de petróleo, carvão mineral considerável da energia elétrica neles consumida.
e gás natural são hoje, graças ao aperfeiçoamento das  As células solares efetuam a transformação da energia
técnicas de exploração, muito superiores às de meio século solar diretamente em eletricidade; são hoje relativamente
atrás, porém o consumo desses combustíveis aumentou comuns os painéis solares com elas formados, utilizados
em proporção maior e continua crescendo, porque o para aquecimento de água. Embora tenham baixa eficiência,
petróleo, além de utilizado como combustível, tornou- são um recurso promissor porque muitas empresas
se também matéria prima para a fabricação de inúmeros estudam ativamente  seu aperfeiçoamento.
produtos, desde sacolas para embalar produtos até peças A energia nuclear é outra fonte de energia renovável
para inúmeras  finalidades. independente do Sol. Os reatores nucleares são
Como a Terra e os recursos naturais maturais que existem equipamentos dispendiosos e complexos Tal como os
nela são finitos, está claro que, se continuar o atual ritmo de combustíveis fósseis, sua utilização produz subprodutos
consumo, as reservas de combustíveis fósseis fatalmente se indesejáveis que constituem o lixo nuclear.  A manipulação
esgotarão. Prevê-se que esse esgotamento ocorrerá dentro e eliminação desse lixo criam problemas muito difíceis de
de 30 anos (segundo os pessimistas) ou no máximo em 60 serem resolvidos, mas tem havido progressos consideráveis
anos (opinião dos otimistas), mas é inevitável. Os depósitos no seu tratamento. Pode-se esperar que, em futuro não
de combustíveis fósseis são pois fontes não renováveis de muito distante, os reatores nucleares constituirão uma
energia, por ser  impossível formar novas reservas desse fonte de energia não apenas renovável, mas também
tipo. confiável e bastante “limpa”, embora sejam condenados
Além disso, os combustíveis fósseis apresentam um atualmente por ecologistas extremados.
grave inconveniente: sua combustão acarreta a dispersão
na atmosfera de várias substâncias nocivas, entre elas o gás
carbônico (CO2). Esse gás, que é produzido pelas indústrias
em todo o mundo, atinge bilhões de toneladas a cada
ano e se acumula na atmosfera terrestre, gerando um efeito
muito prejudicial: o efeito de estufa nocivo, descoberto por
um químico sueco há mais de cem anos, pouco depois
de começar o uso do petróleo como combustível. O
efeito estufa consiste na acumulação do gás carbônico na
atmosfera numa quantidade tal que impede a dispersão

142
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
QUADRO 4 - O URÂNIO E OUTROS COMBUSTÍVEIS

O urânio é um dos elementos químicos de maior densidade (muitas vezes se diz que é dos “mais pesados”). Um
quilograma de urânio ocupa um volume pouco maior que uma bola de tênis. Quando utilizado completamente como
combustível num reator nuclear, para produzir energia, 1 kg de urânio produz a mesma energia que as seguintes
quantidades de outros combustíveis:

3.000 toneladas de carvão (cerca de 60 vagões ferroviários)

12.000 toneladas de petróleo (cerca de 75.000 barris)

Conforme esses dados, a utilização dos reatores nucleares impede que, para produzir a mesma energia, sejam
lançados na atmosfera milhares de quilogramas de resíduos da queima do petróleo ou do carvão, o que aumenta a
poluição atmosférica e agrava o aquecimento do globo terrestre. Mas os reatores nucleares também produzem rejeitos
(o “lixo nuclear”) que igualmente apresentam sérios inconvenientes.

Outra fonte de energia renovável, ainda pouco utilizada, mas cuja importância vem crescendo, é o biogás. Este é
um combustível derivado da biomassa, isto é, de seres vivos, que, sob o aspecto da energia, podem ser produtores (as
plantas); consumidores (os animais que se alimentam delas, direta ou indiretamente) e decompositores (tais como as
bactérias e os fungos, que transformam plantas e animais mortos em substâncias simples capazes de serem reciclados
como nutrientes). Exemplos: o gás produzido pela fermentação de lixo orgânico, pela decomposição de esterco animal ou
de resíduos de colheitas agrícolas e do processamento de alimentos. Essa fermentação produz um gás rico em metano
(CH4), que é inflamável e pode ser aproveitado como fonte de energia.

Além disso, esse processo poderá contribuir fortemente para resolver um dos problemas mais sérios que enfrentam as
cidades, sobretudo as grandes, que é o destino do lixo. A utilização do biogás é um reprocessamento, semelhante ao que
é adotado, por exemplo, com vidro, papel e latinhas de cerveja e refrigerante etc., o que ajuda a poupar recursos naturais
limitados e tem considerável valor econômico.

Nosso País tem prestado importante contribuição ao combate à poluição atmosférica e ao aquecimento global com
a adoção do álcool combustível, programa iniciado pioneiramente há cerca de trinta anos, com sucesso crescente. O
uso do álcool combustível compensa parcialmente – mas só parcialmente – o crime que temos cometido repetidamente
com as queimadas, principalmente na floresta amazônica, onde a cada ano mais de 20.000 quilômetros quadrados são
transformados em cinzas – que vão poluir diretamente o ar e nos privam da produção de oxigênio pelas árvores.

O sonho dos físicos e engenheiros, em termos de conseguir reservas praticamente ilimitadas de energia, é a conquista
da fusão nucleardos elementos leves. A energia do Sol origina-se na fusão nuclear, que consiste na combinação
dos núcleos de dois elementos de baixo número atômico, em geral hidrogênio e hélio (veja o quadro 5). Ainda não se
sabe como controlar a fusão nuclear, tarefa extremamente difícil que está sendo pesquisada em grandes laboratórios de
vários países. As imensas despesas necessárias nesses estudos são justificadas pelo fato de os elementos leves serem os
mais abundantes do universo; aprender a controlar a fusão nuclear garantirá à humanidade uma fonte de energia que só
se esgotará com o fim do próprio universo.

143
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
QUADRO 5 - ORIGEM DA ENERGIA DO SOL

No Sol e nas outras estrelas as temperaturas são elevadíssimas. Na superfície do Sol ela é de uns 6.000oC e no seu
interior chega a milhões de célsius.
Nessas condições, os átomos se chocam continuamente uns com os outros, com grande violência, e
seus núcleos sofrem uma transformação denominada fusão nuclear, na qual eles se combinam, formando núcleos de
outro elemento químico e de maior massa. A massa dos núcleos resultantes é menor que a soma das massas dos núcleos
originais e a diferença entre elas aparece como uma  imensa energia,  que o Sol emite como radiação eletromagnética.
Uma parte pequeníssima dessa energia que recebemos na Terra é responsável por toda a vida aqui existente.
O processo mencionado ocorre com os núcleos de hidrogênio, que se combinam e produzem o elemento hélio, além de
liberar energia. Essa transformação é simbolizada da seguinte maneira:
1H1 + 1H1 + 1H1 + 1H1   4He2 + energia,

que significa: 4 núcleos de hidrogênio se combinam e formam 1 núcleo de hélio e liberam certa energia. O índice
superior (à direita) no símbolo de cada elemento químico indica o número de elétrons de seu átomo; o índice inferior
(à esquerda) indica o número de prótons e de nêutrons de seu núcleo. Portanto 1H1 indica que o átomo de hidrogênio
possui 1 próton em seu núcleo e 1 elétron na parte externa; 4He2 significa que o átomo de hélio é constituído de 2
prótons e 2 nêutrons no núcleo e 2 elétrons na parte externa. Em um átomo neutro (isto é, não carregado eletricamente),
o número de prótons no núcleo é sempre igual ao número de elétrons.
As experiências de física revelam que a massa do núcleo de hélio (4He2) é sempre menor do que a soma das
massas dos quatro núcleos de hidrogênio, a diferença manifestando-se como energia. Esse fato foi pela primeira vez
compreendido por Albert Einstein, que representou o processo pela equação:
E = Δm.c2

Essa equação significa que a radiação eletromagnética transfere inércia do corpo que a emite para o corpo que a
absorve. Ela não significa que haja transporte de matéria (átomos, moléculas, etc.) de um corpo para outro: o que se
transfere entre eles é inércia ou massa.

É oportuno mencionar, finalmente, que não apenas certas fontes de energia se esgotarão em futuro relativamente
próximo. Há outros recursos igualmente importantes para a humanidade, no aspecto econômico, e que também não são
renováveis: é o caso dos minerais, das florestas, do pescado, que se constituíram ao longo de enormes períodos de tempo
desde que a Terra se formou. Esses recursos só podem considerar-se renováveis a longo prazo e desde que sejam geridos
com grande prudência para evitar sua exploração exagerada e incompetente, a curto prazo, como está acontecendo na
atualidade.
5. As máquinas térmicas
  Podemos utilizar a energia calorífica dos combustíveis de duas maneiras. A primeira é em casos como ao cozinhar
num fogão a gás ou a lenha, ou ao soldar peças com um maçarico, quando a energia calorífica da combustão é aplicada
diretamente nas panelas ou nas peças que serão soldadas.
A segunda maneira é quando devemos transformar a energia térmica da combustão em energia mecânica, isto é,
quando a finalidade é produzir movimento. É o que acontece nos motores dos automóveis, ônibus, locomotivas, aviões,
navios e centenas de outros tipos de aparelhos destinados a transportar pessoas ou cargas.
Máquina térmica é o nome genérico de qualquer aparelho, como os mencionados acima, destinado a transformar a
energia da combustão em movimento. Todas as máquinas térmicas têm uma característica comum: nelas a combustão,
que acontece sempre em temperatura superior à do ambiente (por exemplo, a centenas de graus no caso da explosão da
gasolina nos motores dos automóveis) produz resíduos que têm de ser eliminados direta ou indiretamente no ambiente;
embora a temperatura desses resíduos seja inferior à da combustão, ela em geral está acima da temperatura ambiente.
Além disso, a própria máquina térmica também se aquece ao funcionar, fato do qual todos temos conhecimento.
Em qualquer caso, seja ao expulsar os resíduos da combustão, seja ao esfriar, toda máquina térmica contribui
inevitavelmente paraaquecer o ambiente em que opera. Essa situação é às vezes denominada poluição térmica, para
exprimir o fato de que o aquecimento desnecessário da atmosfera é um resultado inconveniente, mas inevitável, do uso
dessas máquinas, inventadas e operadas por pessoas; as máquinas não são parte integrante do mundo natural.
Outra conclusão, também aplicável a todas as máquinas térmicas, é que uma parte da energia que nelas for aplicada
não se transforma em movimento, mas se perde como calor, que é agitação desordenada das moléculas e não pode ser
aproveitada na realização de atividade útil; o aquecimento da máquina está nesse caso. Esta é uma lei da natureza a que
não podemos escapar. No estudo da Física você aprenderá mais tarde como avaliar quantitativamente a capacidade de uma
máquina térmica em transformar energia térmica em trabalho útil. 

144
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
6. O que é energia?
TRANSFORMAÇÕES DOS MATERIAIS NA
Até agora discutimos os combustíveis e as diferentes NATUREZA.
fontes de energia, mas não foi esclarecido o que é
energia. Acontece que a energia é uma propriedade da
qual não temos percepção direta, ao contrário da luz,
do som, do peso e outras características dos corpos e Todos os dias e em todos os lugares podemos observar
das transformações que ocorrem interminavelmente no transformações nos materiais ao nosso redor e até mesmo
mundo, por isso não é fácil defini-la. Repare que a mesma dentro de nós. A digestão dos alimentos, o amadurecimen-
situação se verifica com outros conceitos que utilizamos to das frutas, o cozimento dos alimentos, o enferrujamento
com freqüência, embora não sejamos capazes de defini-los do ferro, a queima de um papel, a efervescência de um an-
com exatidão e clareza, mas nem por isso deixamos de usa- tiácido e o derretimento do gelo são apenas alguns exem-
los; por exemplo: beleza, democracia, liberdade, bondade, plos das muitas transformações da matéria que ocorrem o
patriotismo e uma infinidade de outros. tempo todo.
No caso da energia, a compreensão do seu significado Essas transformações são chamadas na química de fe-
nômenos e indicam qualquer mudança que ocorrer em
exato será conseguida aos poucos, à medida que prosseguir
um material, não precisa ser algo extraordinário e nem
o estudo da Física. A energia é uma idéia que foi descoberta
mesmo visível a olho nu, pois podem ocorrer mudanças
gradualmente pelos cientistas e engenheiros ao investigar
microscópicas.
o mundo material. Desde já, porém, pode-se afirmar que
As transformações ou fenômenos podem ser classifica-
a energia não é algo material, tal como um líquido ou um dos em dois tipos:
gás, isto é, algum tipo de combustível que se transmita de
um corpo ou de um lugar a outro. • Fenômenos Físicos: Não alteram a constituição
da matéria.
O que leva a pensar que a energia seja alguma coisa É uma transformação passageira e reversível, pois ape-
material que passa de um objeto a outro é que, para nos sar de o material sofrer alterações na sua forma, tamanho,
comunicarmos, termos de utilizar a linguagem comum, aparência ou estado físico, ele continua sendo constituído
mesmo em ciência; por exemplo, neste capítulo falamos das mesmas substâncias químicas.
repetidamente na energia transmitida pelo Sol à Terra, como
se a radiação eletromagnética fosse alguma substância. A maioria dos fenômenos físicos corresponde a mu-
Devemos considerar, porém, que em ciência as palavras danças de estado físico. Veja um exemplo e entenda por
da língua comum adquirem significados diferentes, que só que a constituição da substância não muda.
aprendemos a dominar aos poucos. O gelo é constituído de moléculas de H2O com volu-
me e forma constantes. Isso ocorre porque suas moléculas
Outro aspecto importante do conceito de energia é estão em posições fixas, formando um retículo cristalino.
a impossibilidade de ela ser criada ou destruída; podemos Quando o gelo derrete, isto é, sofre uma fusão, muda para
apenas transforma-la de um tipo para outro. Dois exemplos, o estado líquido, que também é constituído de moléculas
que retratam uma propriedade geral: a transformação da de H2O, sendo, portanto, a mesma substância. Porém, hou-
energia calorífica em movimento, nas máquinas térmicas; e ve uma transformação física, pois agora ela tem volume
a transformação da energia mecânica do vento em energia constante, mas forma variável. Isso se dá porque suas mo-
elétrica, no caso das turbinas eólicas. léculas possuem maior liberdade de movimentação.

As duas propriedades básicas da energia – a de não ser


uma substância material e de só podermos transforma-la –
não foram demonstradas numa ou em várias experiências
de laboratório planejadas especialmente para isso; elas são
conclusões a que chegaram muitos cientistas e engenheiros
ao longo de numerosos anos de cuidadosas observações e
análises.

Desde os primeiros indícios de existência da energia


até que ela foi reconhecida como uma propriedade real
da natureza, decorreram cerca de dois séculos. Não se
surpreenda, portanto, se no momento você ainda não
entendeu o que é energia: você está em boa companhia,
a dos físicos, químicos e engenheiros que durante muito
tempo lutaram para compreender essa idéia.1

145
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Outros exemplos de fenôm enos físicos são:

• Fenômenos Químicos: São aqueles em que a constituição do material muda.


Eles são considerados permanentes e irreversíveis. O material ou os materiais presentes no sistema inicial são transfor-
mados em outra substância ou em outras substâncias. Por exemplo, quando fritamos o ovo, a sua aparência, cor, dureza,
densidade e outras características que são percebidas a olho nu mudam. Isso é consequência da transformação dos mate-
riais presentes no ovo cru.
Grande parte das transformações químicas pode ser percebida visualmente. A formação de uma nova substância pode
ser identificada pelos seguintes fenômenos:

Entretanto, a ausência desses sinais não significa que não ocorreu uma transformação química, pois algumas ocorrem
sem que haja mudança perceptível entre o estado inicial e o final. Para se ter certeza de que ocorreu a transformação quí-
mica é necessário isolar os materiais obtidos e verificar suas propriedades específicas, como densidade, pontos de ebulição
e fusão, solubilidade e outras.
Os fenômenos químicos são também denominados de reações químicas, pois as moléculas iniciais, denominadas de
reagentes, são quebradas e seus átomos se rearranjam em novas moléculas, que são denominadas de produtos. Veja como
isso é diferente do que ocorre nos fenômenos físicos, por meio do exemplo da combustão do carvão:

146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O carvão (C) reage com o oxigênio do ar (O2) formando Outro exemplo: O extermínio de cobras em uma deter-
gás carbônico (CO2) e liberando calor para o meio: minada região pode favorecer um aumento excessivo no
número de ratos e outros roedores, que servem de alimen-
to às cobras. O aumento exagerado das populações de ra-
tos e outros roedores pode provocar na região uma grande
redução na população de gramíneas e vegetais herbáceos,
que servem de alimento a esses animais. Sem a cobertura
vegetal, o solo fica exposto à erosão pelas águas das chu-
Observe que as moléculas iniciais foram quebradas e vas e tende a ficar estéril, dificultando o desenvolvimento
formou-se uma nova molécula.49 de plantas nessa área.
Da mesma forma, se os microrganismos decompo-
sitores presentes no solo desaparecessem, não haveria a
SERES VIVOS – SUAS RELAÇÕES E INTERAÇÕES decomposição dos cadáveres dos animais e dos restos ve-
AMBIENTAIS, CADEIA E TEIA ALIMENTAR. getais. Sendo assim, não haveria também a formação do
humo que fertiliza o solo e fornece sais minerais aos ve-
getais.

Já sabe que os seres vivos de um mesmo grupo que Ecossistema = comunidade + meio ambiente
são capazes de se reproduzirem, produzindo descenden- Você já tem  três níveis de organização dos seres vivos:
tes férteis, pertencem a uma mesma espécie. Por exemplo,                 Primeiro nível: os indivíduos;
temos espécies de cães, de gatos, de mangueiras, de bois,                 Segundo nível: as populações;
etc.                 Terceiro nível: as comunidades.    
Indivíduo ==> “unidade” na organização dos seres
vivos Os seres vivos de uma comunidade são os componen-
Temos quatro espécies diferentes: a do cão, a dos ga- tes bióticos de um ecossistema; fatores físico-químicos do
tos, a das borboletas e a do mamoeiro. Mas temos sete ambiente (luz, água, calor, gás oxigênio, etc.) são os com-
indivíduos, ou sete organismos. ponentes abióticos de um ecossistema.
Você pode considerar o indivíduo como sendo uma Assim, um lago, um rio, um campo ou uma floresta são
“unidade” dentro de cada grupo de espécie. Sendo assim, exemplos de ecossistemas. Neles, encontramos seres vivos
temos: diversos (componentes bióticos) que se relacionam entre si
• um indivíduo da espécie cão; e com os vários fatores ambientais, como a luz, a água, etc.
• dois indivíduos da espécie gato; (componentes abióticos).
• três indivíduos de uma espécie de borboletas;
• um indivíduo da espécie mamoeiro. Habitat, “endereço” de uma espécie num ecossis-
      tema
A partir dessa ideia, vamos estudar os diferentes níveis Na natureza, as espécies são encontradas em lugares
de organização dos seres vivos. Vamos tomar o gato como determinados. É como se fosse um endereço. Por exemplo:
base de estudo. a onça e o gambá vivem na floresta e não no deserto; o
camelo e o rato-canguru vivem no deserto e não em uma
População, conjunto de indivíduos da mesma espé- floresta; o Curimatá vive no rio e não no mar; a sardinha
cie vivendo numa mesma região vive no mar e não no rio.
Se um gato é um indivíduo, muitos gatos são uma po- Esses exemplos mostram que cada espécie está adap-
pulação de gatos. Então podemos dizer que população é o tada para viver em um determinado ambiente: floresta,
conjunto de indivíduos da mesma espécie que vivem numa deserto, água doce, água salgada, etc. Esse lugar, onde a
mesma região. espécie vive, recebe o nome de habitat.

Comunidade, conjunto de populações coexistindo Nicho ecológico, modo de vida de uma espécie
numa mesma região num ecossistema
Considere todas as populações que coexistem numa O conjunto de atividades ecológicas desempenhadas
mesma região, como as populações de cabras, de roseiras, por uma espécie no ecossistema recebe o nome de nicho
de coelhos e de formigas. Neste caso, temos uma comu- ecológico. Como se conhece o nicho ecológico de uma es-
nidade. pécie?
Numa comunidade, os seres vivos interagem, isto é, Para conhecer o nicho ecológico de determinada espé-
estabelecem relações entre si. Diz-se que existe uma in- cie, precisamos saber do que ela se alimenta, onde se abri-
terdependência entre os seres vivos. Se, por exemplo, os ga, como se reproduz, quais os seus inimigos naturais, etc.
vegetais desaparecessem, toda a comunidade ficaria amea-
çada, pois os animais não encontrariam mais alimentos e
acabariam morrendo.
49 Por Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A Ecologia é a parte da ciência responsável pelo estudo das relações dos seres vivos entre si e com o ambiente em que
vivem (componentes não vivos).
Essas relações entre os seres vivos podem ser entre indivíduos da mesma espécie, como dois tamanduás-bandeiras; ou
de espécies diferentes, como uma serpente e uma rã.
As relações ecológicas podem ser positivas, como por exemplo, quando uma mãe cuida de seu filhote.

Relação ecológica positiva


 
Podem também ser relações negativas, como quando um indivíduo se alimenta do outro. Neste último caso, é negativa
porque ela fornece prejuízo a um dos envolvidos.

Relação ecológica negativa

Essa relação entre seres vivos, em que um se alimenta de outro, é chamada de cadeia alimentar.

Nas cadeias alimentares:


- Os vegetais são os produtores, já que eles são capazes de produzir seu próprio alimento;
- Os seres vivos que se alimentam de plantas inteiras ou de pedaços delas são os consumidores;
- Os seres vivos que se alimentam dos que ingerem vegetais, também são consumidores;
- Os seres vivos que se alimentam dos restos de plantas e animais, já mortos, são os decompositores.

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A cadeia alimentar é um aspecto da Ecologia
O conjunto de cadeias alimentares é chamado de teia alimentar. Esse nome se dá porque, quando ela é representada
em desenhos ou esquemas, as setas que indicam as relações alimentares cruzam entre si, tal como os fios de uma teia de
aranha:

A teia alimentar é o conjunto de uma ou mais cadeias alimentares.

Ecossistema é o local em que os seres vivos e os componentes não vivos interagem entre si. Esses locais podem ser bem
pequenos, como um aquário com peixes e outros seres vivos; ou maiores, como uma floresta ou mesmo o oceano. O maior
ecossistema de nosso planeta é a biosfera, que é a região da Terra onde encontramos vida.50

Caracterização geral e classificação dos seres vivos


Todos os seres vivos são formados por células, necessitam de alimento, precisam respirar, são capazes de se reproduzir
e possuem uma composição química formada por substâncias orgânicas e inorgânicas.
 As substâncias orgânicas são produzidas somente por seres vivos. São elas: proteínas, lipídeos, carboidratos, ácidos
nucléicos e vitaminas.
As inorgânicas estão presentes na natureza e podem ser encontradas em elementos como o solo, rocha, etc. A água e
os sais minerais (CA, I, Fé, Na, etc.) são excelentes exemplos deste tipo de substância.
A água tem destaque na constituição química de todos os seres vivos, ela representa de 75 a 85% de sua constituição.
Ela é indispensável à vida e sua carência leva a dificuldade e, até mesmo, a impossibilidade do organismo realizar os trans-
portes necessários ao seu equilíbrio e manutenção.
De acordo com seu tipo de célula, os seres vivos podem ser procariontes (com membrana celular, citoplasma e nu-
cleóide) ou eucariontes (com membrana celular, citoplasma e núcleo). São seres procariontes: as bactérias, as algas azuis ou
cianofícias. São eucariontes: os fungos, as plantas e os animais.
 
Quanto a sua classificação, os seres vivos estão atualmente divididos em cinco reinos: 
 
1. Reino Metazoa ou Animalia : composto por organismos pluricelulares e heterótrofos (não são capazes de produzir
sua própria energia). Fazem parte deste grupo: animais invertebrados, vertebrados, aves, mamíferos, inclusive o homem.
 
2. Reino Metaphyta ou reino Plantae: seres pluricelulares que possuem células revestidas por uma membrana de
celulose e que são autótrofos (capazes de produzir sua própria energia). Fazem parte deste grupo: vegetais inferiores (algas
verdes, vermelhas ou marrons), vegetais intermediários (ex. samambaia) e vegetais superiores (plantas).
 
3. Reino Monera: composto por organismos unicelulares (formados por uma única célula) e procariontes (células que
não possuem um núcleo organizado). Fazem parte deste reino: as bactérias e algas azuis ou cianobactérias (antigamente
eram consideradas como vegetais inferiores).
50 Por Mariana Araguaia

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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4. Reino Fungi: composto por seres eucariontes (núcleo organizado e individualizado) que podem ser uni ou plurice-
lulares. Fazem parte deste reino: os fungos elementares e os fungos superiores (antigamente eles eram classificados como
vegetais inferiores).
 
5. Reino Protista: formado por seres unicelulares e eucariontes. Estão presentes neste reino: protozoários (giárdias,
amebas, tripanossomas) e algas inferiores ou eucariontes.
 
OBSERVAÇÃO: Os vírus não possuem classificação definida pois passam a realizar funções vitais somente após invadir
a estrutura celular, seqüestrando os componentes que a célula necessita para formar novos vírus.51

As Características dos Seres Vivos


Os seres vivos e a matéria bruta possuem propriedades diferentes. Os seres vivos são dotados de um conjunto de ca-
racterísticas que não existem na matéria bruta (sem vida). Abaixo, comparados à matéria bruta, os seres vivos apresentam:
• Composição química mais complexa;
• Organização celular, que vai muito além da organização dos átomos e das moléculas constituintes de toda matéria
(viva ou bruta);
• Capacidade de nutrição, absorvendo matéria e energia do ambiente para se desenvolver e manter suas funções
vitais;
• Reações a estímulos do ambiente;
• Capacidade de manter seu meio interno em condições adequadas, independente dos fatores externos, como calor
e frio;
• Crescimento e reprodução, originando descendentes semelhantes;
• Capacidade de modificar-se ao longo do tempo, através do processo de evolução, desenvolvendo adaptações
adequadas à sobrevivência.

Esse conjunto de características depende da molécula de ácido nucleico, mais particularmente do ácido desoxirribo-
nucleico ou DNA. É ela que determina os pontos comuns e as diferenças entre os seres vivos que habitam nosso planeta.

1. Composição Química:
Toda matéria existente no universo é feita de átomos. No centro do átomo há partículas com carga elétrica positiva, os
prótons, e partículas sem carga elétrica, os nêutrons. Girando com rapidez ao redor dessa região central, encontramos os
elétrons, com carga elétrica negativa. Como o número de prótons é igual ao número de elétrons, o átomo é eletricamente
neutro.
A principal diferença entre dois átomos está no número de prótons. Esse número é chamado número atômico e iden-
tifica cada tipo de átomo. Assim, todos os átomos de hidrogênio têm um próton em seu núcleo (número atômico 1); todos
os átomos de carbono têm seis prótons (número atômico 6) e assim por diante. O número atômico explica as diferentes
propriedades físicas e químicas de cada átomo.
51 Fonte: www.todabiologia.com

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Visão simplificada de três átomos: o átomo de hidrogê- O conjunto constituído por seres vivos, fatores físicos e
nio, o átomo de carbono e o átomo de oxigênio. O átomo fatores químicos, é chamado de ecossistema, ex: uma flo-
de hidrogênio é o mais simples: possui apenas um próton resta. E a soma de todos os ecossistemas do planeta for-
e um elétron. Lembrete : esquemas de átomos são sempre mam a biosfera.
modelos, já que, devido ao seu minúsculo tamanho, não se
pode ver o interior do átomo. 3. Nutrição, Crescimento, Respiração e Metabolis-
Os átomos se ligam uns aos outros e formam as mo- mo:
léculas. A molécula da água, por exemplo, é formado por Um organismo vivo é instável e frágil. As proteínas e
dois átomos de hidrogênio ligados a um átomo de oxigê- outras moléculas orgânicas presentes no ser vivo se des-
nio. A força que mantém os átomos unidos é chamada li-
gastam com o tempo. A estrutura do ser vivo só pode ser
gação química.
mantida à custa de uma substituição permanente de suas
Na matéria bruta, os átomos estão agrupados em
compostos relativamente simples, formando as substân- moléculas e de muitas de suas células.
cias inorgânicas (também chamadas substâncias minerais), A nutrição não só garante ao ser vivo a reconstrução
como a água, vários sais e gases e os cristais de rocha. Nos das partes desgastadas, mas também a formação de novas
seres vivos, além de substâncias inorgânicas encontramos células, durante o período de crescimento. Esse crescimen-
substâncias orgânicas. As substâncias orgânicas são forma- to, que se faz pela multiplicação de células no interior do
das por átomos de carbono que se unem, podendo for- corpo, é chamado de crescimento por intuscepção. Outra
mar longas cadeias contendo outros átomos, como os de forma de crescimento é chamada de crescimento por de-
oxigênio, nitrogênio e, obrigatoriamente, de hidrogênio. composição ou aposição, um exemplo, é o cristal (matéria
A matéria viva apresenta composição química mais com- bruta) que pode crescer pela adição de novas moléculas à
plexa do que a matéria bruta: enquanto um grão de areia sua superfície.
é formado apenas por um tipo de substância – a sílica –, Boa parte dos alimentos digeridos serve como fonte
uma bactéria, apesar de ser bem menor do que um grão de energia para o organismo. Várias moléculas orgânicas
de areia, possui água, sais minerais e diversas substâncias de alimento podem ser utilizadas como combustível, mas
orgânicas, como proteínas, açucares, gorduras, ácidos nu- é mais vantajoso para o ser vivo usar um açúcar, a glicose.
cleicos, entre outras. A glicose (C6H12O6) é uma molécula orgânica e reage
com o oxigênio do ar (O2), transformando-se em gás carbô-
2. Organização Celular:
nico (CO2) e água (H2O). Nessa transformação, a molécula
Nos seres vivos, uma enorme quantidade de moléculas
de glicose é quebrada, liberando energia. Esta, por sua vez,
inorgânicas e orgânicas se reúne, formando a célula. A cé-
lula é a unidade fundamental dos seres vivos, sendo capaz, é utilizada nas atividades do organismo, como o movimen-
por exemplo, de se nutrir, crescer e reproduzir. Muito pe- to, a produção de calor, a transmissão de impulso nervoso
quena – possui aproximadamente a centésima parte de um ou a construção de grandes moléculas orgânicas durante
milímetro –, só pode ser vista pelo microscópio. o processo de reconstrução ou crescimento do corpo. Esse
As bactérias, os protozoários e alguns outros tipos de processo de quebra da glicose chama-se respiração celular.
seres vivos são unicelulares; mas a maioria é pluricelular. O O organismo pode construir grandes moléculas forma-
corpo humano, por exemplo, contém mais ou menos 60 doras de partes de células – esse processo é chamado ana-
trilhões de células. bolismo (ana = erguer), que são transformações de síntese
As células semelhantes, nos seres pluricelulares, se ou construção.E quebrar moléculas de alimento, obtendo
reúnem, com o mesmo tipo de função, formando um te- energia – processo denominado catabolismo (cata = para
cido.Tecidos semelhantes formam um órgão. Órgãos com baixo), que são transformações de análise ou decomposi-
funções semelhantes se organizam em sistemas ou apare- ção.
lhos.O conjunto de sistemas forma um organismo. O conjunto dos dois processos é chamado metabolis-
No corpo humano, por exemplo, o conjunto de células mo (metabole = transformar).
nervosas forma o tecido nervoso. O encéfalo, a medula e Nutrição Autotrófica e Heterotrófica:
os nervos formam o sistema nervoso, este responsável pela Nutrição Autotrófica (auto = próprio; trofo = alimento):
coordenação entre diferentes partes do corpo e pela inte-
Realizada apenas pelas plantas, algas e por certas bac-
gração do organismo com o ambiente.
térias. O organismo é capaz de produzir todas as moléculas
Mas a organização dos seres vivos não termina com a
formação de um organismo. Sabemos que os seres vivos orgânicas do seu corpo a partir de substâncias inorgânicas
interagem com o ambiente, inclusive com os outros seres que retiram do ambiente, como o gás carbônico, água e
vivos. Organismos da mesma espécie agrupam-se numa sais minerais. O organismo vegetal usa a energia do Sol,
determinada região, formando uma população. A popula- que é absorvida pela clorofila. Esse fenômeno, chamado
ção mantém, relações com populações de outras espécies fotossíntese, produz substâncias orgânicas para o organis-
que habitam o mesmo local, formando uma comunidade. mo e libera oxigênio na atmosfera.
Uma comunidade representa o conjunto de todas as espé- Nutrição Heterotrófica (hetero = diferente):
cies vivas que habitam determinado ambiente, como uma Os animais, os protozoários, os fungos e a maioria das
floresta. A comunidade influi nos fatores físicos e químicos bactérias não são capazes de realizar fotossíntese. Esses se-
do ambiente – como chuva, o solo e a temperatura – e esse res precisam ingerir moléculas orgânicas prontas.
fatores também influi na comunidade.

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
4. Estímulos ao Ambiente: – Reprodução Assexuada: nessa reprodução um pe-
Todos os seres vivos são capazes de reagir a estímulos daço do corpo do ser vivo se separa, cresce e origina um
ou modificações do ambiente, ou seja, todos possuem ir- novo indivíduo. Na reprodução assexuada, os descenden-
ritabilidade. tes recebem cópias iguais do DNA do indivíduo original
Nos vegetais, as reações aos estímulos costumam ser e, consequentemente, possuem as mesmas características
mais lentas do que nos animais, por exemplo, pelo cresci- – Reprodução Sexuada: é o tipo de reprodução rea-
mento do caule em direção à luz ou pelo crescimento das lizada pela união de células especializadas, o gameta. Na
raízes em direção ao solo. Esse fenômeno vegetal de irrita- maioria dos casos, a produção de gametas está ligada a
bilidade é chamado tropismo. uma diferença de sexo nos indivíduos adultos: o sexo fe-
Em algumas plantas, como a sensitiva ou dormideira, a minino, produz o gameta feminino chamado óvulo; o sexo
reação pode ser mais rápida: um simples contato externo masculino, produz o gameta masculino denominado es-
provoca o fechamento das folhas em segundos. Esse fecha- permatozoide.
mento se deve à diminuição na pressão da água existente Nos vegetais os nomes são diferentes: o game-
numa dilatação na base das folhas. Mecanismos semelhan- ta feminino é o oosfera, e o masculino é o anterozóide.
tes ocorrem com plantas carnívoras, que capturam peque- Quando ocorre a fecundação – união do espermatozoide
nos animais. com o óvulo – forma-se o zigoto ou célula-ovo. O zigoto
Todos os seres vivos têm irritabilidade, mas só os ani- se divide várias vezes formando assim um novo indivíduo.
mais possuem sensibilidade. Sensibilidade é a capacidade Esse indivíduo possuirá genes da mãe e do pai; suas carac-
de reagir de diferentes formas aos estímulos ambientais. terísticas serão resultado de uma combinação das caracte-
As formas que os seres vivos têm de reagir ao ambien- rísticas paternas e maternas.
te são adaptativas, isto é, são formas que contribuem para
a sobrevivência ou a reprodução da espécie. 7. Evolução:
É o processo pelo qual os seres vivos se transformam
5. Homeostase: ao longo do tempo.
A propriedade do ser vivo de manter relativamente – Mutação: o mecanismo de hereditariedade garan-
constante seu meio interno é chamada homeostase. O ser te que os filhos sejam semelhantes aos pais. Mas se esse
vivo não muda sua composição química e suas caracterís- mecanismo fosse infalível, as espécies não se modificariam
ticas físicas.
ao longo do tempo. As espécies hoje existentes são resul-
Com a homeostase conseguimos manter constantes,
tantes de espécies que existiram no passado e que sofre-
por exemplo, a temperatura, a quantidade de água no or-
ram transformações.Isso se deve, porque, às vezes, o DNA
ganismo e a concentração de diversas substâncias presen-
produz cópias com erro, que pode ser causado tanto por
tes no corpo.
uma falha durante a duplicação, como pela exposição do
A homeostase é importante para a manutenção da
organismo à radiatividade ou a certos produtos químicos.
vida. Se o nosso ambiente interno mudar muito, ficando,
por exemplo, excessivamente quente ou muito frio ou de- Surge assim, uma molécula-filha, diferente da original. Isto
masiadamente ácido, as reações químicas podem parar e o se chama Mutação;
indivíduo morre. – Seleção Natural: quando a mutação é vantajosa ela
tende a se espalhar pela população. Mas quando ela é pre-
6. Reprodução e Hereditariedade: judicial ela fica rara e pode desaparecer. O processo pelo
O ser vivo envelhece e morre, mas antes disso ele se qual o ambiente determina quais os organismos com maior
reproduz. Os filhotes são semelhante aos pais, esse fenô- possibilidade de sobrevivência é chamado de seleção na-
meno chama-se hereditariedade. tural. A idéia de seleção natural foi desenvolvida pelo cien-
Quanto à reprodução, ela pode ser assexuada ou se- tista Charles Darwin.
xuada. – As mariposas de Manchester: essas mariposas são um
– O gene e o Controle das Características Hereditárias: caso clássico de seleção natural. Com o escurecimento do
a reprodução e a hereditariedade dependem do DNA (áci- tronco das árvores, depois da instalação de fábricas próxi-
do desoxirribonucleico). O DNA se localiza em filamentos mas ao bosque, o número de mariposas escuras aumentou.
chamados cromossomos, no interior das células. Hoje, porém, com o controle da poluição na Inglaterra, os
A estrutura conhecida como gene corresponde a um troncos voltaram a ficar claros e o número de mariposas
segmento ou pedaço da molécula de DNA. Os genes con- brancas aumentou.
têm as informações responsáveis pelas características do – Adaptações de animais e plantas: Os vegetais são
indivíduo. O organismo dos seres vivos trabalha de acordo organismos que se originaram de seres que no passado ti-
com as ordens do DNA. nham nutrição autotrófica. O corpo ramificado das plantas,
As características de um organismo não depen- principalmente árvores, com a grande superfície de folhas
dem apenas do DNA, o meio ambiente também é im- funcionando como coletores de energia solas, é uma adap-
portante. As características são o resultado de um tação ao modo autotrófico de vida.
trabalho conjunto do gene e do meio ambiente. Já os animais são provenientes de seres que tinham
Outra propriedade do DNA da qual a hereditariedade de- nutrição heterotrófica. O corpo compacto, os músculos e o
pende é da sua capacidade de se duplicar, formando cópias sistema nervoso e sensorial são adaptações que facilitam a
exatamente iguais. busca de alimento e o deslocamento do animal.

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Existem muitos organismos que não podem ser repre- Segundo Boos Junior, Roussenq Neto e Mello Junior
sentados como animais ou vegetais, pois se mantiveram (2007, p.47), “a captura seria a forma de como os animais
parecidos com os seres iniciais e não chegaram a desenvol- irão adquirir e ingerir o alimento o que requer por parte
ver estruturas típicas de animais e vegetais. Esses organis- dos animais algumas estratégias. Os animais adquirem o
mos estão representados pelas bactérias, pelos protozoá- alimento do meio através de grande diversidade de méto-
rios, por algumas algas e pelos fungos.52 dos mecânicos. Essa diversidade irá determinar na prática,
o tipo de alimento que uma espécie animal poderá obter
Relações entre seres vivos e formas de obtenção e utilizar”.
do alimento. Os animais podem ter três tipos de regimes alimenta-
Este estudo demonstra que animais de diferentes espé- res: ser carnívoros, herbívoros ou omnívoros e promover
cies necessitam alimentar-se, para assim, extrair nutrientes, diversas formas de captura e consumo de alimentos.
a fim de permitir a sua sobrevivência. O regime alimentar
dos animais recebem três denominações: carnívoro, herbí- Captura e a base alimentar do grupo carnívoros
voro e omnívoro. Enquanto o conjunto de ações que pro- Na busca de alimentos que garanta a energia neces-
sária a sua sobrevivência, diferentes espécies e grupos de
movem a procura, captura e consumo de alimentos se de-
animais tais como: mamíferos, répteis, anfíbios e aves têm
nomina comportamento alimentar. Características próprias
no seu regime alimentar a ingestão de carne para atender
foram adquiridas por cada grupo, com diferentes regimes
suas necessidades nutricionais.
de alimentação. No grupo dos carnívoros os grandes feli-
Os mamíferos muito conhecidos por serem carnívoros
nos apresentam normalmente, pescoços curtos e fortes, os são os grandes felinos, que como características e adapta-
maxilares são poderosos, com dentes incisivos pequenos ções apresentam normalmente, pescoços curtos e fortes.
e caninos compridos, curvos e afiados, que servem para Os seus maxilares são poderosos, com incisivos menores e
capturar e matar as presas. Nos herbívoros destaca-se o caninos longos, curvos e afiados, que permitem capturar e
sistema digestivo um tanto mais longo e complexo, por se matar as presas. Outras adaptações foram necessárias para
alimentar de folhas e outros alimentos ricos em fibras e tornarem-se grandes caçadores no ambiente em que vi-
pobre em energia, esta característica se faz necessária para vem e assim terem alimentos para sua sobrevivência. A cor
melhor absorção dos nutrientes. Os animais omnívoros facilita-lhes a camuflar-se, a audição e a visão são sentidos
buscam seus alimentos em diferentes ambientes, como o muito aguçados, a estrutura muscular é muito desenvolvi-
terrestre e aquático. Neste grupo, o homem contou com da, permitindo-lhes corridas velozes, as garras são muito
seu desenvolvimento intelectual, que determinou diferen- resistentes, curvadas e afiadas, possibilitando-lhes enormes
ças em relação a outros animais para a captura de alimen- probabilidades para capturar as presas e subir nas árvores.
tos. A maioria dos répteis e anfíbios é carnívora, que bus-
A alimentação é uma das atividades importante de cam os seus alimentos na água, no solo e até nas árvo-
qualquer organismo vivo. Os animais necessitam de ener- res. Vários répteis possuem dentes (como o jacaré), usados
gia para desenvolver-se, para movimentar-se, para localizar para capturar e matar as presas, mas nunca para mastigá
os seus parceiros e se reproduzirem e para restabelecer-se -las, pois comumente engolem-nas inteiras ou em grandes
de doenças ou ferimentos. Pelos alimentos os seres vivos pedaços. Os dentes podem também estar transformados
adquirem a energia necessária à sua sobrevivência. para inocular veneno, como ocorre no caso das serpentes
Conforme descreve Reis, “cada animal passa grande que usam veneno para neutralizar ou matar os animais de
parte do seu tempo a comer ou a procurar alimento e possui que se alimentam. Os anfíbios possuem dentes muito pou-
um processo próprio para capturá-lo. O conjunto de ações co desenvolvidos e muitos utilizam somente a língua como
que permitem que um animal procure, capture e consuma mecanismo de captura. É o caso da rã, que lança a língua
o alimento designa-se por comportamento alimentar. [...]. para capturar insetos, que permanecem colados nas subs-
tâncias adesivas que ela contém.
O comportamento alimentar de cada animal, tal como o
Já as aves de rapina, como as águias e os falcões, têm
seu regime alimentar, depende não só dos órgãos de cap-
bicos robustos, curvos, pontiagudos e unhas afiadas para
tura ou de recolha de que dispõe, mas também das suas
capturar e dilacerar a carne de suas presas. Outras espécies
preferências alimentares, visto que apenas escolhe, usando
de ave como a garça e o alfaiate têm patas muito longas,
os órgãos dos sentidos, determinados alimentos, de entre para caminharem em águas rasas, onde capturam os ani-
os disponíveis. Por vezes, existem espécies diferentes, com mais pequenos de que se alimentam.
o mesmo tipo de órgãos de captura e recolha, mas que
apresentam diferentes regimes alimentares, o que significa Captura e a base alimentar do grupo herbívoros
que possuem diferentes preferências alimentares”. Os herbívoros não têm dentes caninos ou quando pos-
suem são muito pequenos, porque estes não são neces-
No entanto, os animais não se alimentam todos de for- sários para a captura dos alimentos indispensáveis a sua
ma idêntica e os alimentos que comem são muito variados. dieta alimentar. Porém, em sua dentição os incisivos são
É por este motivo que se diz que existem diferentes regi- desenvolvidos para cortar as plantas, e molares grandes e
mes alimentares e formas de captura de alimentos. ásperos, já que os produtos vegetais precisam ser bem tri-
52 Por: Rachel Duarte turados por serem fibrosos e difíceis de digerir.

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Uma das características dos herbívoros é possuir o sis- Dentro do grupo dos omnívoros, o homem como qual-
tema digestório mais longo e complexo comparado ao dos quer outro ser vivo, desde a origem, sempre lutou pela sua
carnívoros, por se alimentar de folhas e outros alimentos existência. No entanto, na luta pela sobrevivência, o ser hu-
ricos em fibras e pobre em energia, este maior tamanho se mano contou com seu crescimento intelectual, que produ-
faz necessário para uma melhor eficácia na absorção dos ziu diferenças em relação a outros animais para a captura
nutrientes. e consumo de alimentos. A fabricação e o aperfeiçoamen-
O grupo dos herbívoros é formado por dois subgrupos: to de ferramentas, o incremento da agricultura e pecuária,
animais ruminantes e os monogástricos (não ruminantes). bem como de técnicas cerâmicas e metalúrgicas, nasceram
Os mamíferos que se alimentam de matéria vegetal de- do empenho de grupos humanos para garantir sua sobre-
pendem, para a sua digestão, de populações microbianas vivência.
que se encontram no aparelho digestivo. Esta população Diante do exposto, fica clara a necessidade dos seres
formada por bactérias e protozoários em perfeita simbiose vivos, indiferentemente das espécies, de alimentar-se para
quebra as moléculas de celulose e a transforma em glicose, garantir a sua sobrevivência. Em busca destes alimentos
e nas mitocôndrias através de reações de oxirredução em cada grupo com características próprias, cria um conjunto
energia, necessária a sua sobrevivência. de ações que permite a procura, captura e consumo de ali-
O subgrupo dos ruminantes (ovelhas, bois, veados, ca- mento inerente a seu comportamento alimentar.
melos) se caracteriza por possuir um aparelho digestivo di- Estas diferentes formas de se obter os alimentos faz
vidido em quatro compartimentos: rúmen, retículo, omaso com que se criem grupos alimentares, que às vezes utili-
e abomaso. O processo de digestão do alimento consiste zando-se do mesmo alimento tenha uma forma diferente
inicialmente na ingestão e mais tarde o mesmo ser regur- de ingestão e extração dos nutrientes. Devido à complexi-
gitado. Outra vez na boca, o alimento vegetal é mastigado dade do assunto, do enorme número de animais existentes
e reduzido a partículas menores que serão fermentadas não relatados neste trabalho, e de forma que o objetivo da
pelas populações microbianas existentes num dos compar- proposta seja amplamente pesquisado, recomenda-se que
timentos, o rúmen. Ao método de mastigação do alimen- façam novos estudos sobre o tema.53
to após a primeira ingestão dá-se o nome de ruminação.
Após esta primeira etapa os alimentos passam para os ou- Fluxo de energia ao longo das cadeias alimentares.
tros compartimentos existentes para serem processados e Cadeias alimentares: o que são?
absorvidos os nutrientes. A matéria está constantemente ciclando dentro de um
O subgrupo dos não ruminantes (cavalos, jumentos, ecossistema, ou dito de outra forma, o que os seres vivos
muares), a digestão dos alimentos também será subsidiada retiram do ambiente, eles devolvem. Tem sido assim desde
pela ação de microrganismos (bactérias, protozoários), mas do início da existência da vida da terra, até os dias de hoje.
o método é um pouco diferente. Conforme descreve Boos Trata-se de um ciclo eterno.
Além da matéria, a energia também passa por todos
Junior, Roussenq Neto e Mello Junior (2007, p.57), “certos
os componentes de um ecossistema, só que, no entanto,
animais irão apresentar um estômago grande e com di-
enquanto a matéria circula, a energia flui, o que significa
versos compartimentos. Com isso, o processo digestivo irá
que a energia não retorna ao ecossistema como a matéria
assemelhar-se aos dos ruminantes, porém, em outros ani-
como iremos ver na próxima seção.
mais, a fermentação do bolo alimentar à base de celulose
Como podemos notar, os ecossistemas possuem uma
se dará em uma porção inicial dilatada denominada ceco”.
constante passagem de matéria e energia de um nível para
outro até chegar nos decompositores, os quais reciclam
Captura e a base alimentar do grupo omnívoros
parte da matéria total utilizada neste fluxo. A este percurso
Há um grupo de animais que tanto se alimentam de
de matéria e energia que se inicia sempre por um produ-
produtos de origem animal, como de produtos de origem tor e termina em um decompositor, chamamos de cadeia
vegetal, são os omnívoros, como o porco, o urso e o próprio alimentar.
homem. Os animais omnívoros podem buscar seus alimen- Componentes de uma cadeia alimentar
tos em diferentes ambientes, como o terrestre e aquático. Obrigatoriamente, para existir uma cadeia alimentar
As adaptações evolutivas a fim de melhorar a captura devem estar presentes os produtores e os decompositores.
de alimentos, tal como ocorreu nos carnívoros, os mamí- Entretanto não é isso o que acontece na realidade, pois
feros omnívoros apresentam uma dentição completa. Os outros componentes estão presentes.
seus caninos são geralmente menores do que os dos car- Desta forma a melhor maneira de se estudar uma ca-
nívoros e os molares trazem constituições intermediárias deia alimentar, é através do conhecimento dos seus com-
entre os molares dos carnívoros e os dos herbívoros. Trata- ponentes, ou seja, toda a parte viva (fatores bióticos) que
se de uma dentição apropriada para um regime alimentar a compõe. Os componentes de todas as cadeias de uma
misto, constituído por animais e vegetais. Assim, também forma geral podem ser enquadrados dentro das seguintes
seu intestino terá um tamanho médio (comparado ao maior categorias:
tamanho dos herbívoros e o menor dos carnívoros) capaz
de extrair os nutrientes necessários a sua sobrevivência das 53 www.portaleducacao.com.br – Por Edilson Wisenfad
várias fontes de alimentos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Produtores - são todos os seres que fabricam o seu próprio alimento, através da fotossíntese, sendo neste caso as
plantas, sejam elas terrestres ou aquáticas;
Animais - os animais obtem sua energia e alimentos comendo plantas ou outros animais, pois não realizam fotossínte-
se, sendo, portanto incapazes de fabricarem seu próprio alimento.
Decompositores - apesar da sua importância, os decompositores nem sempre são muito fáceis de serem observados
em um ecossistema, pois sendo a maioria formada por seres microscópicos, a constatação da sua presença não é uma
tarefa tão fácil.

Detalhe de dois cogumelos na serrapilheira (camada de folhas em decomposição) no solo de uma floresta. Os cogumelos
são um exemplo das centenas de fungos diferentes que atuam como decompositores

A cada grupo de organismos com necessidades alimentares semelhantes quanto à fonte principal de alimento, cha-
mamos de nível trófico. Em cada nível, temos um grupo de organismo com as mesmas características alimentares; isto
que dizer que consumidores primários somente alimentam-se de itens de origem vegetal; consumidores secundários, por
sua vez, são carnívoros assim como os terciários. Cabe ressaltarmos, no entanto, que tanto os consumidores secundários
quanto os terciários podem ocasionalmente, ou complementarmente, alimentar-se de vegetais, não sendo porém este, o
seu principal item alimentar.

Em um ecossistema aquático, como uma lagoa por exemplo, poderíamos estabelecer a seguinte sequência:

Tabela 1 - Ecossistema aquático:

Composto pelas plantas da margem e do fundo da lagoa e por algas microscópi-


cas, as quais são as maiores responsáveis pela oxigenação do ambiente aquático
FLORA PRODUTORES
e terrestre; à esta categoria formada pelas algas microscópicas chamamos fito-
plâncton.
CONSUMIDORES PRI- Composto por pequenos animais flutuantes (chamados Zooplâncton), caramujos
FAUNA
MÁRIOS e peixes herbívoros, todos se alimentado diretamente dos vegetais.
CONSUMIDORES SE- São aqueles que alimentam-se do nível anterior, ou seja, peixes carnívoros, inse-
CUNDÁRIOS tos, cágados, etc.,
CONSUMIDORES TER- As aves aquáticas são o principal componente desta categoria, alimentando-se
CIÁRIOS dos consumidores secundários.
Esta categoria não pertence nem a fauna e nem a flora, alimentando-se no entan-
DECOMPOSITORES
to dos restos destes, e sendo composta por fungos e bactérias.

Já em um ecossistema terrestre, teríamos.

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Tabela 2 - Ecossistema terrestre:
Formado por todos os componentes fotossintetizantes, os quais produzem seu próprio
FLORA Produtores alimento (autótrofos) tais como gramíneas, ervas rasteiras, liquens, arbustos, trepadeiras
e árvores;
C o n s u m i d o r e s São todos os herbívoros, que no caso dos ecossistemas terrestres tratam-se de insetos,
FAUNA
primários roedores, aves e ruminantes;
C o n s u m i d o r e s Alimentam-se diretamente dos consumidores primários (herbívoros). São formados prin-
Secundários cipalmente por carnívoros de pequeno porte;
C o n s u m i d o r e s Tratam-se de consumidores de porte maior que alimentam-se dos consumidores secun-
terciários dários;
Aqui também como no caso dos ecossistemas aquáticos, esta categoria não pertence nem
decompositores
a fauna e nem a flora e sendo composta por fungos e bactérias.

Para um ambiente aquático, podemos exemplificar com a seguinte cadeia.

Por outro lado, se considerarmos um ecossistema terrestre, poderíamos exemplificar com a seguinte cadeia em um
ambiente de floresta:

Exemplos de cadeia de maior complexidade (teias alimentares)


Podemos notar entretanto, que a cadeia alimentar não mostra o quão complexas são as relações tróficas em um ecos-
sistema. Para isso utiliza-se o conceito de teia alimentar, o qual representa uma verdadeira situação encontrada em um
ecossistema, ou seja, várias cadeias interligadas ocorrendo simultaneamente.
Os esquemas abaixo exemplificam melhor este conceito de teias alimentares:

Teia alimentar em ecossistema aquático

Teia alimentar em ecossistema terrestre

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Fluxo de energia nos ecossistemas
A luz solar representa a fonte de energia externa sem
a qual os ecossistemas não conseguem manter-se. A trans-
formação (conversão) da energia luminosa para energia
química, que é a única modalidade de energia utilizável
pelas células de todos os componentes de um ecossistema,
sejam eles produtores, consumidores ou decompositores,
é feita através de um processo denominado fotossíntese.
Portanto, a fotossíntese - seja realizada por vegetais ou por
microorganismos - é o único processo de entrada de ener-
gia em um ecossistema.
Muitas vezes temos a impressão que a Terra recebe
uma quantidade diária de luz, maior do que a que real-
mente precisa. De certa forma isto é verdade, uma vez que
por maior que seja a eficiência nos ecossistemas, os mes-
mos conseguem aproveitar apenas uma pequena parte da
energia radiante. Existem estimativas de que cerca de 34% Relação entre número de organismos e tamanho corpóreo
da luz solar seja refletida por nuvens e poeiras; 19% seria em cada nível trófico de uma cadeia alimentar.54
absorvida por nuvens, ozônio e vapor de água. Do restan-
te, ou seja 47%, que chega a superfície da terra boa parte
ainda é refletida ou absorvida e transformada em calor, que CORPO HUMANO: HIGIENE, ALIMENTAÇÃO,
pode ser responsável pela evaporação da água, no aque-
ESTRUTURA, FUNÇÕES, REPRODUÇÃO E
cimento do solo, condicionando desta forma os processos
atmosféricos. A fotossíntese utiliza apenas uma pequena
SEXUALIDADE.
parcela (1 a 2%) da energia total que alcança a superfície
total. É importante salientar, que os valores citados acima
são valores médios e nãos específicos de alguma localida- As dificuldades com a saúde pública, o cuidado com o
de. Assim, as proporções podem - embora não muito - va- bem estar de nosso povo não são particularidades da socie-
riar de acordo com as diferentes regiões do País ou mesmo dade brasileira. São questões mundiais, salvo raras exceções.
do Planeta. Também é visível que a crise não é restrita a este tema. Temos
Um aspecto importante para entendermos a transfe- dificuldades de emprego, de moradia, de transporte e, princi-
rência de energia dentro de um ecossistema é a compreen- palmente, na educação de nossos cidadãos. 
são da primeira lei fundamental da termodinâmica que diz: De qualquer forma, o ponto crucial, a questão mais pro-
“A energia não pode ser criada nem destruída e sim trans- funda não é restrita às propostas, às políticas públicas, ou às
formada”. Como exemplo ilustrativo desta condição, pode- decisões governamentais; mas, sim a como o homem con-
se citar a luz solar, a qual como fonte de energia, pode ser tinua se olhando, se colocando dentro de sua casa – no seu
transformada em trabalho, calor ou alimento em função da planeta. Vive ainda mergulhado em uma perspectiva meca-
atividade fotossintética; porém de forma alguma pode ser nicista, sem entender que as coisas estão inter-relacionadas,
destruída ou criada. que se encontram, na natureza, de uma forma mais integrada.
O ser humano não se dá conta de que seu olhar não per-
Outro aspecto importante é o fato de que a quantidade
cebe ainda o mundo de uma forma holística, inteira, apesar de
de energia disponível diminui à medida que é transferida
escrever, discutir e falar desse jeito.  É claro que essa visão de
de um nível trófico para outro. Assim, nos exemplos dados vida também está presente no seu cotidiano, na esfera privada,
anteriormente de cadeias alimentares, o gafanhoto obtém, de cada sujeito. E, possivelmente, ele também repete essa pers-
ao comer as folhas da árvore, energia química; porém, esta pectiva dissociada, esquizofrênica na relação consigo mesmo.
energia é muito menor que a energia solar recebida pela Nas suas relações, nos eventos de seu dia-a-dia, reproduz essa
planta. Esta perda nas transferências ocorrem sucessiva- realidade, distorcida, dividida, vivendo apenas apegado a uma
mente até se chegar aos decompositores. polaridade, impedindo seu crescimento como ser humano.
E por que isso ocorre? A explicação para este decrés- Suas experiências acabam não sendo nutritivas, não ali-
cimo energético de um nível trófico para outro, é o fato mentando sua vida e as relações com os outros. Sua energia
de cada organismo; necessitar grande parte da energia ab- se dispersa, se esvai em sua luta com  as partes que não aceita
sorvida para a manutenção das suas atividades vitais, tais em si. E, como o corpo é a base de qualquer experiência, é ele
como divisão celular, movimento, reprodução, etc. O es- que vai dar o aviso quando alguma coisa não está bem. Pois,
quema a seguir mostra as proporções em biomassa, de um é o corpo que usamos para buscar no ambiente meios para
nível trófico para outro. Podemos notar que a medida que satisfazer nossas necessidades e para inter-agir com nosso
se passa de um nível trófico para o seguinte, diminuem o entorno social. É o corpo que vai nos sinalizar o quanto
número de organismos e aumenta-se o tamanho de cada estamos nos mobilizando de uma forma dissociada, anti
um (biomassa) -humana, robotizada. E uma dessas formas é adoecendo.

54 Fonte: educar.sc.usp.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
É através do espanto, do impacto que a doença nos pro- Proposta dos Estados Unidos em 2011 para substituir a
voca,  que vamos ao passado buscar causas ou então nos re- pirâmide
fugiamos no futuro, lamentando-nos do que a nossa limitada A agricultura e a pecuária, iniciadas há cerca de 10 mil
visão nos mostra, das possibilidades que não teremos mais. O anos, aumentaram o poder do homem sobre a própria nutri-
que não nos damos conta, no entanto, são as possibilidades ção. Desde então, a descoberta dos condimentos, a adoção
presentes, do aqui e agora, do que é possível fazer para me- de técnicas para aumentar a produtividade agropecuária e
lhorar nossa qualidade de vida. Podemos sonhar, desejar, mas o desenvolvimento de tecnologias de industrialização foram
viver só é possível no presente. E as mudanças, sejam com- abrindo novas possibilidades de nutrição. Hoje, mesmo com
portamentais, de valores, sejam de percepções, concepções, a globalização e as facilidades de intercâmbio entre nações,
só são possíveis de acontecer no presente.55 cada povo guarda suas peculiaridades culinárias, segundo a
disponibilidade dos ingredientes encontrados na região, mas
Nutrição também de acordo com seu modo de vida.
Nutrição é um processo biológico em que os organismos
(animais e vegetais), utilizando-se de alimentos, assimilam nu- A importância da boa alimentação
trientes para a realização de suas funções vitais. Ninguém duvida. Existe uma relação direta entre nutrição,
Devido sua importância à sobrevivência de qualquer ser saúde e bem-estar físico e mental do indivíduo. As pesquisas
vivo, a nutrição faz parte do aprendizado durante grande par- comprovam que a boa alimentação tem um papel fundamen-
te do período de estudo básico e em nível secundário, assim tal na prevenção e no tratamento de doenças. Há milhares de
como em muitos cursos de nível de graduação e pós-gradua- anos, Hipócrates já afirmava: “que teu alimento seja teu re-
ção, em áreas como medicina, enfermagem, biomedicina, far- médio e que teu remédio seja teu alimento”. É isso mesmo. O
mácia, biologia, agronomia, zootecnia e nutrição entre outras. equilíbrio na dieta é um dos motivos que permitiu ao homem
No domínio da saúde e medicina (e também veterinária), ter vida mais longa neste século.
a nutrição é o estudo das relações entre os alimentos ingeri-
dos e doença ou o bem-estar do homem ou dos animais. O que são alimentos
Alimentos são todas as substâncias sólidas e líquidas que,
Nutrição humana levadas ao tubo digestivo, são degradadas e depois usadas
Estudo dos costumes alimentares. para formar e/ou manter os tecidos do corpo, regular pro-
A nutrição pode ser feita por via oral, ou seja, pela manei- cessos orgânicos e fornecer energia. Mas devemos tomar
ra natural do processo de alimentação, ou por um modo es- cuidado com definições genéricas. Um exemplo: não existem
pecial. No modo especial temos a nutrição enteral e a nutrição alimentos perfeitos, ou seja, nenhum alimento possui todos
parenteral. A primeira ocorre quando o alimento é colocado os nutrientes responsáveis por regular, construir ou manter os
diretamente em uma área do tubo digestivo (geralmente o tecidos e fornecer energia. Também existem alimentos que só
estômago ou o jejuno) através de sondas que podem entrar nos fornecem calorias vazias, ou seja, são concentrados em
pela narina ou boca ou por um orifício feito por cirurgia di- certas substâncias que se transformam apenas em energia
retamente no abdômen do paciente, juntamente com outro após a digestão, como é o caso das bebidas alcoólicas e re-
orifício gastrointestinal usado no processo digestivo. A nutri- frigerantes.
ção parenteral é a que é feita quando o paciente é alimentado
com preparados para administração diretamente na veia, não O que são nutrientes
passando pelo tubo digestivo (como o soro nas veias, quando Nutrientes são todas as substâncias químicas que fazem
se está impossibilitado de ingerir alimentos via oral). parte dos alimentos e que são absorvidas pelo organismo,
A boa nutrição depende de uma dieta regular e equili- sendo indispensáveis para o seu funcionamento. Também po-
brada - ou seja, é preciso fornecer às células do corpo não só demos dizer que os nutrientes são os produtos dos alimentos
a quantidade como também a variedade adequada de nu- depois de degradados. As- sim, os alimentos são digeridos
trientes importantes para seu bom funcionamento. Os guias para que os nutrientes sejam absorvidos (processo pelo qual
alimentares mais conhecidos são as pirâmides alimentares. os nutrientes chegam ao intestino e, daí, passam para o san-
Todo ser vivo precisa se alimentar para sobreviver e se re- gue, agindo sobre o organismo).
produzir. Mas, na espécie humana, a imensa capacidade de se
adaptar a vários tipos de alimento - que faz do Homo sapiens O que é caloria
a espécie de hábitos alimentares mais diversificados do pla- A caloria é a unidade de calor usada na Nutrição. Esta
neta - foi fundamental para a sua evolução. Estudos indicam unidade de calor é a medida de energia liberada a partir da
que um dos principais fatores que levaram nossos ancestrais “queima” (digestão) do alimento e que é então utilizada pelo
a se distanciar da linhagem de seus parentes primatas foi a corpo. Cada nutriente fornece diferentes quantidades de
capacidade de se adaptar ao cardápio de diversos ambien- energia (caloria). Quanto maior for a variedade de nutrien-
tes. Algumas teorias propõem, ainda, que o excepcional tes que um alimento tiver, maior será o seu valor nutricional
crescimento do nosso cérebro só se tornou possível graças (equilíbrio entre qualidade e quantidade). Assim, os alimentos
à inclusão na dieta humana de alimentos proteicos e ener- são divididos em grupos, pelas semelhanças que apresentam,
géticos- particularmente, a carne. O uso do fogo também sendo uma delas a concentração de nutrientes.
contribuiu para a evolução da espécie. Cozidos, os alimen- O que são macro nutrientes? Os macro nutrientes são os
tos ficam mais fáceis de ser digeridos e, por consequência, nutrientes dos quais o organismo precisa em grandes quanti-
a absorção dos nutrientes é maior. dades e que são amplamente encontrados nos alimentos. São
55 Por Maria Balbina de Magalhães Gappmayer especificamente os carboidratos, as gorduras e as proteínas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Os carboidratos Os ácidos graxos monoinsaturados são encontrados no
Os carboidratos são nutrientes que fornecem energia azeite, abacate e no óleo de canola. Assim como os poli-insatu-
para o nosso organismo. A ingestão de carboidratos evita que rados, também diminuem o colesterol “ruim”. Segundo alguns
as proteínas dos tecidos sejam usadas para o fornecimento de estudos, pode- se dizer até que os ácidos graxos monoinsatu-
energia. Quando isso ocorre, há comprometimento do cresci- rados têm um efeito mais eficaz do que os poli-insaturados.
mento e reparo dos tecidos, que são as funções importantes Os ácidos graxos saturados são responsáveis pelo aumen-
das proteínas. to de colesterol sanguíneo. Algumas fontes são desses ácidos
Os carboidratos podem ser simples ou complexos. Os são a gema do ovo, carnes em geral, vísceras e óleo de coco
simples são moléculas menores de carboidratos e estão pre- Esta classificação é importante porque, dependendo do
sentes em alimentos como o açúcar e o mel. Podem também tipo e quantidade de ácidos graxos que ingerimos, certos li-
ser resultados da digestão dos carboidratos complexos. Os pídeos e o colesterol são ou não acumulados no organismo.
carboidratos complexos são moléculas maiores, que levam Outra importante classificação de gorduras é feita segundo
mais tempo para serem absorvidas, já que, antes disso, pre- sua essencialidade. Um nutriente é chamado “essencial” quando
cisam ser transformadas em carboidratos simples. Estão pre- o organismo não consegue produzi-lo. Deve, então, ser forneci-
sentes nos pães, arroz, milho e massas. do pela alimentação. Os “não essenciais” podem ser produzidos
pelo organismo, e, portanto não precisam ser fornecidos pela
As gorduras e o colesterol dieta. Os ácidos graxos essenciais são os poli-insaturados das
As gorduras ou lipídeos são os principais fornecedores de famílias denominadas ômega 3 e ômega 6. Esses tipos de gor-
energia, além dos carboidratos. Também são responsáveis por dura são necessários para o desenvolvimento cerebral em fetos
proteger os órgãos contra lesões, manter a temperatura do e para a manutenção da integridade das membranas celulares,
corpo, ajudar na absorção de algumas vitaminas (A, D, E e K) além de participarem ativa- mente do sistema imunológico
e produzir uma sensação de saciedade depois das refeições. (melhorando ou deprimindo a res- posta imune), reduzirem os
As gorduras podem ser tanto de origem animal quanto níveis de gorduras do sangue (prevenindo doenças cardiovas-
vegetal. As de origem animal geralmente são sólidas à tempe- culares e aumento da pressão arterial) e melhorarem a circula-
ratura ambiente e as de origem vegetal são líquidas. ção sanguínea, entre outras funções. São encontrados principal-
O tão falado colesterol não é um tipo de gordura. É um mente em animais marinhos, óleos de peixe e óleos vegetais.
composto parecido com esse nutriente e que participa de vá-
rios processos orgânicos envolvendo os lipídeos. Conhecido As proteínas
como um vilão, o colesterol tem, na verdade, importantes fun- As proteínas são componentes necessários para o cresci-
ções, como estruturação das células, formação de hormônios mento, construção e reparação dos tecidos do nosso corpo.
e de vitamina D. O colesterol só é prejudicial quando ingerido Elas entram na constituição de qualquer célula, sejam células
em excesso, acumulando-se no sangue, o que aumenta o ris- nervosas no cérebro, células sanguíneas (hemácias), células
co de doenças cardiovasculares. dos músculos, coração, fígado, das glândulas produtoras de
Existem dois tipos de colesterol, o “bom” e o “ruim”, em- hormônio ou quaisquer outras. As proteínas ainda fazem parte
bora esses não sejam os termos mais apropriados. O coleste- da composição dos anticorpos do sistema imunológico corpo-
rol “ruim”, chamado LDL, é aquele que se acumula no sangue. ral, participam ativamente de inúmeros processos metabólicos
O “bom”, chamado HDL, é responsável por retirar o colesterol e de muitas outras funções do corpo. Quando necessário, as
“ruim” do sangue e levá-lo até o fígado para ser destruído. proteínas são convertidas em glicose para fornecer energia.
Todos nós temos os dois tipos de colesterol e existe um nível O excesso de consumo de proteína pode causar prejuí-
sanguíneo normal para cada um deles. zos, como a sobrecarga de trabalho no fígado e nos rins, au-
Dependendo do tipo de gorduras que ingerimos, a con- mento da excreção de cálcio e de outros minerais. O excesso
centração sanguínea desses elementos pode aumentar ou di- de calorias na forma de proteínas se transforma em gordu-
minuir (quanto mais HDL e menos LDL, melhor). Exemplos de ra , sendo depositada nos teci- dos. Quem pratica exercícios
alimentos que podem aumentar nosso HDL e diminuir nosso mais pesados, como musculação, raramente irá precisar de
LDL: óleos de milho, soja, oliva, canola, açafrão, girassol, mar- suplementação de proteínas, pois a ingestão aumentada de
garinas feitas com os óleos citados e azeitonas. Devemos evitar alimentos irá garantir a quantidade de proteínas necessária ao
alimentos como manteiga, gordura animal (banha), carnes gor- bom funcionamento do organismo.
durosas (com banha, pele ou couro), frituras, gordura hidroge-
nada, óleo de coco e leite integral. A leitura do rótulo dos pro- Calorias por grama de nutriente
dutos é muito importante para que possamos conhecer os in- Cada nutriente fornece certa quantidade de energia: os
gredientes dos alimentos e escolher o melhor para nosso caso. carboidratos e as proteínas fornecem 4 calorias por grama e
Isso acontece também com as gorduras, que se trans- as gorduras, 9 calo- rias por grama.
formam em ácidos graxos (moléculas menores de gordura) O que são micronutrientes
quando são digeridas pelo organismo. Nos alimentos, os áci- Ao contrário dos macro nutrientes, existem nutrientes
dos graxos podem ser encontrados como poli-insaturados, que não precisamos absorver em grandes quantidades,
monoinsaturados e saturados. embora eles sejam muito importantes para o bom fun-
Os ácidos graxos poli-insaturados são importantes para cionamento de nosso organismo. São os micronutrientes,
o organismo porque diminuem o colesterol “ruim” e aumen- encontrados nos alimentos em concentrações pequenas.
tam o “bom”. Encontramos os poli-insaturados principal- Existem dois tipos de micronutrientes: as vitaminas e os
mente nos peixes e em óleos vegetais como os de soja, minerais.
canola, girassol, açafrão, milho e oliva.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Vitaminas
Podemos encontrar as vitaminas nas frutas, vegetais e em alimentos de origem animal. Elas são importantes na regulação
das funções do nosso organismo, ou seja , são indispensáveis para o seu bom funcionamento, contribuindo para o fortalecimen-
to do nosso corpo e evitando gripes frequentes e outras doenças. Por isso, são essenciais para ajudar as proteínas a construir e/ou
manter os teci- dos e os processos metabólicos. O organismo precisa de quantidades muito pequenas de vitaminas para realizar
as suas funções vitais. A suplementação alimentar não é necessária. É só ter uma alimentação equilibrada, isto é, saudável, para
conseguir uma quantidade adequada de todas as vitaminas.
Mas atenção. Só porque precisamos de vitaminas apenas em pequena quantidade, não significa que não precisamos nos
preocupar se a nossa alimentação está ou não nos fornecendo as vitaminas necessárias para uma vida saudável. Na verda-
de, quando nossa alimentação está desequilibrada, facilmente apresentamos carências de micronutrientes (tanto de vitaminas
quanto de minerais). Isto pode acontecer porque o organismo humano não possui a capacidade de fazer grandes reservas de
micronutrientes. O excesso é tóxico e grande parte é eliminada pelas fezes ou urina. Assim, se passamos por longos períodos de
alimentação incorreta certamente vamos apresentar carências de vitaminas e minerais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Minerais
Podemos encontrar os minerais nos alimentos de origem animal e vegetal. As melhores fontes alimentares são aquelas nas
quais os minerais estão presentes em maior quantidade e são melhor absorvidos pelo organismo, ou seja, quando são melhor
aproveitados. Alguns dizem que as melhores fontes são de origem animal, mas outros já preferem as de origem vegetal. Seja qual
for a fonte, os minerais são indispensáveis para regular as funções do nosso organismo e compor a estrutura dos nossos ossos
e dentes. O cálcio é o principal responsável por essa função e pode ser encontrado em maior quantidade nos leites e derivados.
Como ocorre com as vitaminas, a suplementação de minerais geralmente não é importante, já que a maioria deles está dis-
ponível nos alimentos e na água (rica em flúor, importante para a saúde dos dentes). Para garantir uma quantidade adequada de
todas os minerais, portanto, é só ter uma alimentação balanceada.
É importante lembrar:
A suplementação nutricional só deve ser feita sob orientação de um nutricionista ou médico. Isso porque o excesso de alguns
nutrientes é eliminado na urina ou nas fezes, mas outros podem ficar acumulados e serem tóxicos ao organismo.
A alimentação desequilibrada pode levar ao aparecimento de carências nutricionais.

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A importância dos nutrientes
Todos os nutrientes (macro e micronutrientes) são essenciais e cada um deles apresenta um papel fundamental para o
organismo. As- sim, nenhum nutriente é mais ou menos importante que o outro. Todos eles são necessários para garantir
a nossa saúde.

Dieta colorida
Como garantir uma alimentação rica em diversos nutrientes, especialmente em vitaminas e minerais? É só ter uma dieta
colorida, isto é, com frutas e verduras de cores diferentes. Só para exemplificar: as frutas e verduras amarelas e laranjas são
fontes de vitamina A e os vegetais verde-escuros são fontes de ferro. É importante ainda consumir frutas e verduras da
estação. Além de serem mais baratas, elas são mais nutritivas na época da safra.

Vegetais como alface, berinjela, chicória, beterraba, cenoura, chuchu, mandioca, batatas doce e inglesa, cará, inhame,
milho verde e grande parte das demais hortaliças apresentam época de safra durante todo o ano.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Frutas como banana, mamão e laranja são encontradas em todas as épocas do ano.

Os princípio básicos de saúde


“A questão da saúde ou da doença, em geral, está relacionada com a responsabilidade que cada indivíduo deve ter
sobre si próprio. Nesse contexto, responsabilidade significa decidir-se pelas alternativas saudáveis, ao invés de uma me-
nos saudável e ter ações apropriadas para atingir resultados benéficos. A obtenção e a manutenção da saúde, em geral, é
bastante fácil, enquanto se tem em mente os princípios básicos para tal: atitude mental positiva, dieta saudável, atividade
física adequada e medidas de apoio”

Uma Atitude Mental Positiva

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
O fator mais importante para a manutenção ou obten- É oportuno anotarmos o exemplo do consumo exa-
ção de saúde é a “atitude mental positiva” coerente. Evi- gerado de carnes, ovos e laticinios; Eles contêm elevadas
dências e pesquisas científicas estão comprovando que o quantidades de gorduras saturadas, que, como se não bas-
que pensamos, sentimos ou representamos internamente, tasse o prejuízo que causam diretamente ao organismo hu-
possuem um enorme efeito sobre o modo de funcionamen- mano, propiciam a transferência dos agrotóxicos, hormô-
to do nosso organismo. nios, antibióticos e outros produtos químicos prejudiciais,
Nossa mente é muito poderosa, ainda que seja utilizada ingeridos pelos animais, para o organismo humano.
apenas uma fração de sua capacidade. Atualmente, é muito Somado a isso, a dieta atual é composta também de
comum as pessoas recorrerem ás literaturas de auto-ajuda, alimentos industrializados, cuja qualidade está significa-
cujos conteúdos são capazes de induzir mudanças às pes- tivamente comprometida, pois grande parte de seus nu-
soas que se predispõem a agir e atingir a sua “auto-realiza- trientes é perdida durante o processamento. Além disso, a
ção”. tais alimentos são adicionadas outras substâncias como os
É de vital importância que as necessidades biológicas aditivos e os conservantes que contaminam o organismo,
essenciais do ser humano, ou seja, a fome, a sede, a sexuali- debilitando-o cada vez mais.
dade e o abrigo sejam atendidos em primeira instância. Uma Em suma, uma nutrição carente em nutrientes assen-
vez que estes fatores são atendidos é a vez de satisfazer o ciais pode originar um organismo predisposto aos mais
sentimento da segurança, da ordem e da estabilidade. A par- variados distúrbios orgânicos, estados depressivos e de-
tir de então o ser humano necessita capacitar-se a amar e ser senvolvimento de doenças degenerativas como câncer,
amado. Isso requer aprovação, reconhecimento e aceitação como demostram as pesquisas científicas que apontam os
que, por outro lado, o levam para a auto-estima e outo-res- hábitos alimentares incorretos como responsáveis diretos
peito. Finalmente, vem o desejo da auto-realização. É claro dos distúrbios orgânicos, tanto crônicos como os degene-
que a auto-realização não acontece de repente ou da noite rativos.
para o dia. As mudanças são graduais e sutis, acumuladas O segredo da Vida Saudável é uma Alimentação
uma por uma. Antes, é preciso assumir a responsabilidade Saudável
pessoal e decidir-se pelo estado mental positivo, pela saúde
e pela própria vida. No próximo passo é necessário agir para
realizar as modificações desejadas. E as transformações se-
rão sempre reforçadas pela experiência pessoal.

Uma dieta Saudável


O que é uma dieta saudável?

Enquanto a ciência continua a desvendar as correla-


ções entre nutrição e saúde, o provérbio “Você é o que
você come”, parece de fato ter fundamento. Cada célula
Basicamente, pode se dizer que é uma dieta que pro- existente no organismo é constituídas por moléculas que
porciona todos os nutrientes assenciais ao organismo em não estavam presentes há um ano atrás. Todas se originam
níveis ideais, com baixos níveis de componentes prejudiciais de uma única fonte – a alimentação. Uma dieta balanceada
para a saúde. precisa fornecer todas as vitaminas, minerais, fibras, ácidos
Enquanto que nossos ancestrais praticavam uma dieta graxos essenciais, proteínas e energia para a boa saúde.
composta por alimentos naturais, frescos e integrais, ricos Por outro lado, uma dieta não balanceada pode, con-
em fibras, vitaminas e sais minerais, o homem atual recorre seqüentemente, levar à perda da saúde. Assim, uma com-
aos alimentos processados, refinados, conservados artificial- binação de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e
mente, com elevados teores de gorduras saturadas, pobres minerais, que forneçam uma quantidade correta de ener-
em fibras, em vitaminas e sais minerais, saturados de açu- gia, sem desperdício, é o esquema ideal para uma dieta
car e sal refinados, além de aditivos químicos e agrotóxicos. balanceada.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A Organização Mundial da Saúde propõe a pirâmide Procurar alimentar-se com prazer
da alimentação, como um modelo prático para uma ali- É óbvio que, o melhor é alimentar-se com tudo aquilo
mentação saudável: que é saudável, mas também é fundamental escolher ali-
Em sua base devem estar presentes os carboidratos mentos que façam do ato alimentar, um prazer. Valorizan-
complexos: batatas, cerais, arroz, pães e massas integrais do-se o verdadeiro paladar dos alimentos e oferecendo ao
(6 a 11 porções); mesmo tempo, o que há de melhor para o seu organismo,
A seguir, está o grupo dos legumes e verduras (3 a 5 é uma enorme demostração de auto-estima.
porções), das frutas (2 a 4 porções); e das nozes, amêndoas, Mastigar os alimentos lentamente
avelãs, etc. (1 porção): 8-10g. A mastigação e a saliva resultante são fundamentais
Os produtos de origem animal e derivados do leite de- para a correta digestão e assimilação orgânica dos nutrien-
vem estar presentes na seguinte proporção: peixes, mais de tes presentes no alimento. Por esse motivo, é importan-
3 vezes por semana (80-100g); aves, sempre sem pele, 2 a te mastigar mais de trinta vezes cada porção de alimento,
3 vezes por semana (60-80g); ovos, 2 a desde que não sejam verduras, até que o mesmo esteja
3 unidades por semana; carne vermelha, em pouca completamente dissolvido.
quantidade (60-80g); laticínios desnatados (2 a 3 porções) Não utilizar líquidos durante as refeições
como 1 copo de leite ou iogurte ou 60g de queijo. As gor- No estômago,o ácido clorídrico e outras enzimas di-
duras e os óleos insaturados (2 porções), 1 colher de chá. gestivas, originam um meio ácido importante para a di-
Os doces e salgados devem ser consumidos em quan- gestão dos alimentos. Uma manutenção constante dessa
tidades e frequências mínimas, apenas como prazeres oca- acidez, durante o processo digestivo, permite uma melhor
sionais. atividade desse processo; contudo, a administração de lí-
Curiosamente, a população de países orientais, adota quidos durante a refeição, diminuem a acidez e a concen-
esse padrão na sua alimentação há milênios, apresentando tração de enzimas, dificultando e aumentando o tempo de
muito mais saúde que a população dos países ocidentais. digestão dos alimentos no estômago. Assim, o ideal é não
consumir líquidos até uma hora antes e duas horas após as
As Regras Básicas para uma Alimentação Saudável principais refeições.
Alimentar-se com dietas leves nas crises emocionais
Quando o estado emocional apresentar-se alterado,
com agitação, nervosismo, cansaço e preocupações, há
uma diminuição das secreções gástricas,prejudicando o
processo digestivo. Por esse motivo,é importante não in-
gerir alimentos de difícil digestão, nos momentos em que
essas alterações estejam presentes, dando preferência para
alimentos como saladas, sucos de verduras ou frutas.
Alimentar-se com quantidades adequadas de ver-
duras e frutas frescas
Além de conterem a maioria dos nutrientes necessários
ao organismo, esses alimentos são abundantes em água.
Como o organismo humano é composto por 70% de água,
a dieta alimentar precisa suprir e abastecer o organismo
com essa substância vital, através das saladas em todas as
refeições e das frutas, como sobremesa.
Uma alimentação saudável visando uma adequada
eliminação das toxinas
A capacidade do organismo em assimilar os nutrientes
é apenas uma parte de suas funções para manter um bom
Além da dieta balanceada e da correta escolha e com- estado de saúde. Porém o organismo necessita também, eli-
binação dos alimentos, é necessário uma mudança de há- minar os resíduos tóxicos, e esse processo é tão importante
bitos para se obter uma melhor digestão e assimilação dos quanto a assimilação dos nutrientes essenciais. Assim, o cor-
nutrientes. reto funcionamento dos rins e intestinos, através da inges-
Alimentar-se nos horários corretos tão adequada de água e fibras vegetais, é um procedimento
Existe um ritmo biológico natural do organismo, se- natural visando um incremento na eliminação das toxinas
gundo a teoria do ciclo circadiano, preconizando que a e contribuindo para a manutenção do equilíbrio orgânico.
cada duas horas, um órgão ou função orgânica, está mais O organismo humano é extremamente complexo, estando
polarizado. O estômago, por exemplo, entre as 7h e 9h, se intimamente dependente da qualidade e quantidade dos
encontra mais apto à receber a primeira refeição do dia, alimentos e seus nutrientes essenciais. Quando há deficiên-
sendo portanto, ideal que esta seja mais rica e variada. cias nutricionais, surge a falta de energia, o cansaço e va-
Realizar o almoço seis horas após a refeição matinal e o rias outras conseqüências. Aplicando-se estas regras bási-
jantar entre 19h e 21h, não ingerindo nesta, alimentos em cas aliadas a outros princípios básicos de saúde, é possível
excesso e de difícil digestão, pois estando o metabolismo estimular o organismo a cuidar de seus próprios órgãos e
digestivo diminuindo neste horário, uma sobrecarga pode sistemas, promovendo-se a saúde por um método simples
prejudicar o sono fisiológico noturno. e natural.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Atividade Física

Todo o organismo se beneficia com a atividade física regular, principalmente pelos resultados de melhoria nas funções
cardiovascular e respiratória; isto porque ocorre uma ampliação do transporte de oxigênio e nutrientes para todas as célu-
las orgânicas. Paralelamente, também há uma ampliação do transporte de dióxido de carbono e toxinas metabólicas, das
células para a corrente sanguínea e finalmente, para os órgão depuradores, ou seja, pulmões, fígado e rins, facilitando a
remoção dos detritos do organismo.
Contudo, a atividade física regular é particularmente importante para se reduzir o risco de doenças cardíacas, por pro-
mover um aumento na capacidade funcional do coração, através da redução da pressão arterial e da obesidade. Além disso,
segundo um estudo científico publicado pelo Americam Journal of Epidemiology, a atividade física regular está fortemente
associada com a diminuição de estados depressivos, ansiedade, insônia, esgotamento físico e mental.
Todavia, antes de se iniciar um programa de atividade física é muito importante uma avaliação médica geral e cardio-
lógica, principalmente sendo fumante e apresentando mais de 35 anos de idade. As melhores atividades são: caminhadas
em rítmo moderado, andar de bicicleta, hidroginástica e dança aeróbica. Um mínimo de 15 a 20 minutos de exercícios, na
freqüência de treinamento individual, pelo menos três vezes por semana são necessários para promover algum benefício
ao organismo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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As medidas de Apoio Planos e Regiões do Corpo Humano / Células, Teci-
dos e Órgãos
O corpo humano e constituido de: Cabeca, pescoco,
tronco (torax e abdome), membros superiores (toracicos):
raiz (ombro), parte livre: braco, antebraco, mao (palma e
dorso da mao) e membros inferiores (pelvicos): raiz (qua-
dril), parte livre: coxa, perna, pe (planta e dorso do pe).
Nas transicoes entre o braco e antebraco ha o cotovelo
e entre o antebraco e a mao ha o punho isto nos membros
superiores. Ja nos membros inferiores entre a coxa e a per-
na ha o joelho e entre a perna e o pe ha o tornozelo.
Obs.: A regiao posterior ao pescoco se chama nuca e
a do tronco e dorso. As nadegas correspondem a regiao
glutea e a regiao pubica.

Planos do corpo e posições anatômicas:


A posicao anatomica e uma convencao adotada em
anatomia para descrever as posicoes espaciais dos orgaos,
ossos e demais componentes do corpo humano.
Na posicao anatomica, o corpo estudado deve ficar
ereto (de pe), calcanhares unidos, com os olhos voltados
para o horizonte, os pes tambem apontados para frente e
Algumas medidas de apoio podem complementar os perpendiculares ao restante do corpo, bracos estendidos
pontos essenciais referidos anteriormente, para a manu- e aplicados ao tronco e com as palmas das maos voltadas
tenção de uma vida saudável. A moderna Medicina Ecoló- para frente (os dedos estendidos e unidos). Deve-se notar
gica que valoriza a necessidade de se restaurar o equilíbrio que nao e a posicao normal dos bracos, que normalmente
orgânico e desacelerar o processo de degeneração bioló- ficariam em torcao mais ou menos medial (com as palmas
gica e energética, visa a utilização de medidas e recursos voltadas para o corpo, em pronacao). E uma posicao em
naturais, tais como: ervas medicinais, remédios homeopá- que ha consumo de energia.
ticos, dietas naturais, suplementos nutricionais, terapias al- O corpo humano na posicao anatomica pode ser divi-
ternativas, etc. A grande expansão à nível mundial, destas dido conceitualmente em
medidas e recursos naturais, neste início de um novo milê- planos.
nio, é um sinal evidente de que uma nova consciência cole- · O plano mediano e um plano vertical que passa atra-
tiva esta buscando novas soluções para as questões básicas ves do eixo mais
de saúde. Hipócrates, o Pai da Medicina, sempre valorizou longo que cruza o corpo, dos pes ate a cabeca; este
o poder curativo da natureza, através da estimulação de plano separa o corpo em
forças renovadoras e de cura do próprio organismo, aliadas antimeros direito e esquerdo. O que quer que esteja
com a harmonia do homem e as forças sutis da natureza. situada proximo a este plano e chamado medial, e o que
Assim, provavelmente, a medicina do futuro não pres- esta longe dele, lateral.
crevera nenhum remédio, mas estimulará seus pacientes a · Um plano sagital e paralelo ao plano mediano.
cuidarem de si mesmos adequadamente, a terem uma boa · O plano coronal e tambem um plano vertical que pas-
alimentação e a prestarem atenção nas causas e na preven- sa pelo eixo maior (dos pes a cabeca), mas e perpendicular
ção das doenças, tendo como base, o meio ambiente e a ao plano mediano, separando a frente do corpo, ou ventre,
força da natureza.56 da parte de tras, ou dorso. Algo em posicao a frente do pla-
no frontal e chamado anterior, ao passo que algo situado
Corpo Humano: estrutura, funções, reprodução e atras desse plano e chamado posterior.
sexualidade · O plano horizontal, transverso ou axial atravessa o
Definicao de anatomia: eixo menor do corpo, do dorso ate o ventre, isto e, da posi-
E a ciencia que estuda macro e microscopicamente, a cao posterior para a anterior. Divide a estrutura atravessada
constituicao e o desenvolvimento dos seres organizados. em porcoes superior e inferior.
(seres vivos). · De um modo resumido podemos dizer que a posicao
Na anatomia observa-se e estuda-se o conhecimen- anatomica do corpo humano encontra-se ereto com os pes
to do corpo humano com a descricao dos ossos, junturas, juntos e a face,os olhos e as palmas das maos dirigidos
musculos, vasos e nervos. para frente.

56 www.antoniocarloslopes.wordpress.com

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Decúbitos:
Decubito e um termo medico que se refere a posicao da pessoa que esta deitada, nao necessariamente dormindo. Pode
ser referido como:
· Decubito dorsal ou supina(pessoa que deita com a barriga voltada para cima)
· Decubito ventral ou prona(pessoa que deita de brucos)
· Decubito lateral (esquerdo ou direito)

FISIOLOGIA I
Definicao:
A fisiologia advem do grego, “physis e logos”, conhecimento e estudo, ou seja, e a ciencia que estuda as funcoes dos
seres multicelulares (vivos). Muitos dos aspectos da fisiologia humana estao intimamente relacionados com a fisiologia
animal, onde muita da informacao hoje disponivel tem sido conseguida gracas a experimentacao animal.
Obs: A anatomia e a fisiologia sao campos de estudo estreitamente relacionados onde a primeira incide sobre o co-
nhecimento da forma e a segunda dedica-se ao estudo da funcao de cada parte do corpo, sendo ambas, areas de vital
importancia para o conhecimento medico.

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Unidades estruturais
Celulas:
E a menor unidade estrutural basica do ser vivo. Foi descoberta em 1667 pelo ingles Robert Hooke, que observa uma
celula de cortica (tecido vegetal morto) usando o microscopio. A partir dai, as tecnicas de observacao microscópicas avan-
cam em funcao de novas tecnicas e aparelhos mais possantes. O uso de corantes, por exemplo, permite a identificacao
do nucleo celular e dos cromossomos, suportes materiais do gene (unidade genetica que determina as caracteristicas de
um individuo). Pouco depois, comprova-se que todas as celulas de um mesmo organismo tem o mesmo numero de cro-
mossomos. Este numero e caracteristico de cada especie animal ou vegetal e responsavel pela transmissao dos caracteres
hereditarios. O corpo humano tem cerca de 100 trilhoes de celulas.

Tecido:
Do ponto de vista da biologia, um tecido e um conjunto de células especializadas, iguais ou diferentes entre si, separa-
das ou nao por liquidos e substancias intercelulares, que realizam determinada funcao num organismo multicelular.
O estudo dos tecidos biologicos chama-se histologia; na medicina, os estudos dos tecidos como meio de diagnostico
de uma doenca e a histopatologia.

Tipos de tecidos
Nos animais vertebrados ha quatro grandes grupos de tecidos: o muscular, o nervoso, o conjuntivo (abrangendo tam-
bem os tecidos osseo, cartilaginoso e sanguineo) e o epitelial, constituindo subtipos especificos que irao formar os orgaos
e sistemas corporais.
Por exemplo: O sangue e considerado um tecido conjuntivo, com diversificadas celulas (as hemacias, os leucocitos e as
plaquetas) e o plasma (agua, sais minerais e diversas proteinas).
Nos invertebrados estes tipos de tecido sao basicamente os mesmos, porem com organizacoes mais simples. A maioria
dos tecidos alem de serem compostos de celulas, apresentam entre elas substancias intracelulares (intersticiais).

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Especificação dos tecidos básicos


Epitélio → revestimento da superficie externa do corpo (pele), os órgãos (figado, pulmao e rins) e as cavidades cor-
porais internas;
Conjuntivo → constituido por celulas e abundante matriz extracelular, com funcao de preenchimento, sustentacao e
transporte de substancias;
Muscular → constituido por celulas com propriedades contrateis;
Nervoso → formado por celulas que constituem o sistema nervoso central e periferico (o cerebro, a medula espinhal
e os nervos).
OBS: Sendo a pele o maior orgao do corpo humano.

Órgãos
O corpo humano e constituido por diversas partes que sao inter-relacionadas, ou seja, umas dependem das outras.
Cada sistema, cada orgao e responsável por uma ou mais atividades. Milhares de reacoes quimicas acontecem a todo ins-
tante dentro do nosso corpo, seja para captar energia para a manutencao da vida, movimentar os musculos, recuperar-se
de ferimentos e doencas ou se manter na temperatura adequada a vida.
Ha milhoes de anos, o corpo humano vem se transformando e evoluindo para se adaptar ao ambiente e desenvolver o
seu ser. Nosso corpo e uma mistura de elementos quimicos feita na medida certa. As partes do corpo humano funcionam
de maneira integrada e em harmonia com as outras. E fundamental entendermos o funcionamento do corpo humano a fim
de adquirirmos uma mentalidade saudavel em relacao a nossa vida.
Veja abaixo, os principais orgaos e sistemas do corpo humano bem como outros textos importantes sobre anatomia,
saude e bem-estar:
Órgãos do Corpo Humano:
- Baco - Rins
- Bexiga Urinaria - sangue
- Celula - Traqueia
- Cerebro - Visicula biliar
- Coracao - Pulmao
- Dentes - Pancreas
- Esofago - Laringe
- Esqueleto - Intestino Grosso
- Estomago - Intestino Delgado
- Faringe - Glandulas Salivares
- Figado

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Órgãos dos sentidos a cabeca, movimentamos tambem os liquidos existentes
Definicao de sistemas: nos canais semicirculares e no vestibulo da orelha interna.
Voce ja reparou quantas coisas diferentes nosso corpo E esse movimento que gera os estimulos que dao informa-
e capaz de fazer? coes sobre os movimentos que nosso corpo esta efetuan-
Podemos perceber o ambiente vendo, ouvindo, chei- do no espaco e sobre a posicao da cabeca, transmitindo-
rando, apalpando, sentindo sabores. Recebemos informa- nos com isso a nocao de equilibrio.
coes sobre o meio que nos cerca. Ao processa-las em nosso
cerebro, nos as interpretamos, seja como sinais de perigo, Olfato e tato
sensações agradaveis ou desagradaveis, etc. Depois dessa Podemos adivinhar o que esta no forno apenas pelo
interpretacao, respondemos aos estimulos do ambiente, cheiro que sentimos no ar da cozinha. Esse e o sentido do
interagindo com ele. olfato. Particulas saidas dos alimentos, de liquidos, de flo-
Como voce sabe o que esta acontecendo ao seu redor? res, etc. chegam ao nosso nariz e se dissolvem no tecido
Recebemos informacoes sobre o ambiente atraves dos cin- que reveste a regiao interna do teto da cavidade nasal, a
co sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. mucosa olfatoria. Ali a informacao e transformada, para ser
conduzida, atraves do nervo olfatorio, ate o cerebro, onde
sera decodificada.
A visao
Ja a nossa pele nos permite perceber a textura dos
diferentes materiais, assim como a temperatura dos obje-
A energia luminosa (luz) chega aos nossos olhos tra-
tos, pelas diferencas de pressao, captando as variacoes da
zendo informacoes do que existe ao nosso redor. Nossos energia termica e ainda as sensacoes de dor. Podemos sen-
olhos conseguem transformar o estimulo luminoso em tir a suavidade do revestimento externo de um pessego, o
uma outra forma de energia (potencial de acao) capaz de calor do corpo de uma crianca que seguramos no colo e a
ser transmitida ate o nosso cerebro. Esse ultimo e respon- maciez da pele de um corpo que acariciamos.
savel pela criacao de uma imagem a partir das informacoes
retiradas do meio. Paladar
Mesmo com os olhos vendados e o nariz tapado, so-
mos capazes de identificar um alimento que e colocado
dentro de nossa boca. Esse sentido e o paladar.
Particulas se desprendem do alimento e se dissolvem
na nossa boca, onde a informacao e transformada para ser
conduzida ate o cerebro, que vai decodificala.
Os seres humanos distinguem as sensacoes de doce,
salgado, azedo e amargo atraves das papilas gustativas, si-
tuadas nas diferentes regioes da lingua.

Células, Tecidos e Órgãos


Divisao Celular por mitose e meiose
Divisao celular e o processo que ocorre, nos seres vivos,
atraves do qual uma celula, chamada celula-mae, se divide
em duas (mitose) ou quatro (meiose) celulas-filhas, com
Audicao toda a informacao genetica relativa a especie. Este proces-
Nossos ouvidos tambem nos ajudam a perceber o que so faz parte do ciclo celular. Nos organismos unicelulares
esta ocorrendo a nossa volta. Alem de perceberem os sons, como os protozoarios e as bacterias este e o processo de
reproducao assexuada ou vegetativa.
eles tambem nos dao informacoes sobre a posicao de nos-
Nos organismos multicelulares, estes processos podem
sos corpos, sendo parcialmente responsaveis por nosso
levar a formacao dos esporos ou gametas, que darao ori-
equilibrio. O pavilhao auditivo (orelha externa) concentra
gem ao novo individuo, ou ao crescimento do individuo
e capta o som para podermos ouvir os sons da natureza,
desde o zigoto ate ao individuo adulto (por crescimento
diferenciar os sons vindos do mar do som vindo de um au- dos tecidos)
tomovel, os sons fortes e fracos, graves e agudos.
Por possuirmos duas orelhas, uma de cada lado da ca- Processo de Divisão Celular
beca, conseguimos localizar a que distancia se encontra o Primeira fase PRÓFASE e a fase preparatoria onde os
emissor do som. Percebemos a diferença da chegada do centriolos da células tendem a separar para os polos do
som nas duas diferentes orelhas. Desse modo, podemos nucleo e os cromossomos comecam a organizar-se ou indi-
calcular a que distancia encontra-se o emissor. vidualizarem-se e condensar-se no nucleo que aumenta de
Da orelha interna, partem os impulsos nervosos. Nosso tamanho. E uma fase relativamente longa na mitose.
aparelho auditivo consegue ampliar o som cerca de cento
e oitenta vezes ate o estimulo chegar ao nervo acustico,
o qual levara a informacao ao cerebro. Quando movemos

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Segunda fase METÁFASE os cromossomas continuam a organizar-se e movimentar-se. Nesta fase se for mitose os
cromossomas colocam no equador pelos seus centromeros. Se for meiose, colocam-se pelos pontos de quiasmas.

E a fase mais curta da divisao celular em termos de tempo.

Na terceira fase ANÁFASE pela forca dos fusos agarrando os cromossomas esses vao separar em sentidos opostos
atraves dos seus centromeros e com os bracos dos cromossomas em direcao aos respectivos polos e estes vao formando
duas celulas filhas.

Esta e a fase mais rapida da divisao celular.


A quarta e ultima fase e a TELÓFASE, inverso da prófase nas transformações observadas, comeca quando os cromos-
somas chegam nos polos e comeca a descondensar (o cromatideo das celulas filhas comecam a aparecer desenrolando
ficando cada vez mais compridos e acabando por ficar indistintos).

Esta fase e relativamente longa, o mesmo da profase.

Comparação entre os processo de divisão celular

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

SISTEMA ESQUELÉTICO E TEGUMENTAR


Esqueleto axial

Alem de dar sustentacao ao corpo, o esqueleto protege os órgãos internos e fornece pontos de apoio para a fixacao
dos musculos. Ele constitui-se de pecas osseas (ao todo 208 ossos no individuo adulto) e cartilaginosas articuladas, que
formam um sistema de alavancas movimentadas pelos musculos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O esqueleto humano pode ser dividido em duas partes:
1-Esqueleto axial: formado pela caixa craniana, coluna vertebral caixa toracica.
2-Esqueleto apendicular: compreende a cintura escapular, formada pelas escapulas e claviculas; cintura pelvica, forma-
da pelos ossos iliacos (da bacia) e o esqueleto dos membros (superiores ou anteriores e inferiores ou posteriores).

Caixa craniana
Possui os seguintes ossos importantes: frontal, parietais, temporais, occipital, esfenoide, nasal, zigomatico, maxilar e
mandibula.

Observacoes:
Temos na caixa craniana a fontanela ou moleira que e o nome dado a região alta e mediana, da cabeca da crianca, que
facilita a passagem da mesma no canal do parto; apos o nascimento, sera substituida por osso.
Coluna vertebral
E uma coluna de vertebras que apresentam cada uma um buraco, que se sobrepoem constituindo um canal que aloja
a medula nervosa ou espinhal; e dividida em regioes tipicas que sao: coluna cervical (regiao do pescoco), coluna toracica,
coluna lombar, coluna sacral, coccix.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Caixa toracica
E formada pela regiao toracica de coluna vertebral, osso esterno e costelas, que sao em numero de 12 de cada lado,
sendo as 7 primeiras verdadeiras (se inserem diretamente no esterno), 3 falsas (se reunem e depois se unem ao esterno), e
2 flutuantes (com extremidades anteriores livres, nao se fixando ao esterno).

Esqueleto apendicular

Membros e cinturas articulares


Cada membro superior e composto de braco, antebraco, pulso e mao. O osso do braco – umero – articula-se no co-
tovelo com os ossos do antebraco: radio e ulna. O pulso constitui-se de ossos pequenos e macicos, os carpos. A palma da
mao e formada pelos metacarpos e os dedos, pelas falanges.

Cada membro inferior compoe-se de coxa, perna, tornozelo e pe. O osso da coxa e o femur, o mais longo do corpo. No
joelho, ele se articula com os dois ossos da perna: a tibia e a fibula. A regiao frontal do joelho esta protegida por um peque-
no osso circular: a patela. Ossos pequenos e macicos, chamados tarsos, formam o tornozelo. A planta do pe e constituida
pelos metatarsos e os dedos dos pes (artelhos), pelas falanges.

Os membros estao unidos ao corpo mediante um sistema osseo que toma o nome de cintura. A cintura superior se
chama cintura toracica ou escapular (formada pela clavicula e pela escapula); a inferior se chama cintura pelvica, popular-
mente conhecida como bacia (constituida pelo sacro - osso volumoso resultante da fusao de cinco vertebras, por um par
de ossos iliacos e pelo coccix, formado por quatro a seis vertebras rudimentares fundidas). A primeira sustenta o umero e
com ele todo o braco; a segunda da apoio ao femur e a toda a perna.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Ligamentos
Os ossos de uma articulacao mantem-se no lugar por
meio dos ligamentos, cordoes resistentes constituidos por
tecido conjuntivo fibroso. Os ligamentos estao firmemente
unidos as membranas que revestem os ossos.

Classificacao dos ossos


Os ossos sao classificados de acordo com a sua forma
em:
A - Longos: tem duas extremidades ou epifises; o corpo
do osso e a diafise; entre a diafise e cada epifise fica a me-
tafise. Exemplos: femur, umero.

B- Curtos: tem as tres extremidades praticamente equi-


valentes e são encontrados nas maos e nos pes. Exemplos:
calcaneo, tarsos, carpos.
C - Planos ou Chatos: sao formados por duas camadas
de tecido ósseo compacto. Exemplos: esterno, ossos do
cranio, ossos da bacia, escapula.
Revestindo o osso compacto na diafise, existe uma de-
licada membrana – o periosteo - responsavel pelo cresci-
Juntas e articulacoes mento em espessura do osso e também pela consolidacao
Junta e o local de juncao entre dois ou mais ossos. Al- dos ossos apos fraturas (calo osseo). As superfícies articu-
gumas juntas, como as do cranio, sao fixas; nelas os ossos lares sao revestidas por cartilagem. O interior dos ossos e
estao firmemente unidos entre si. Em outras juntas, deno- preenchido pela medula ossea, que, em parte e amarela,
minadas articulacoes, os ossos sao moveis e permitem ao funcionando como deposito de lipideos, e, no restante, e
esqueleto realizar movimentos. vermelha e gelatinosa, constituindo o local de formacao
das celulas do sangue.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Diferenças entre os ossos do esqueleto masculino e feminino:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O SISTEMA MUSCULAR O SISTEMA DIGESTÓRIO
O sistema muscular e formado pelo conjunto de mus- O sistema digestorio humano e formado por um longo
culos do nosso corpo. tubo musculoso, ao qual estao associados orgaos e glan-
Existem cerca de 600 musculos no corpo humano; jun- dulas que participam da digestao. Apresenta as seguintes
tos eles representam de 40 a 50% do peso total de uma regioes; boca, faringe, esofago, estomago, intestino delga-
pessoa. Os musculos sao capazes de se contrair e de se do, intestino grosso e anus.
relaxar, gerando movimentos que nos permitem andar, cor-
rer, saltar, nadar, escrever, impulsionar o alimento ao longo
do tubo digestorio, promover a circulacao do sangue no
organismo, urinar, defecar, piscar os olhos, rir, respirar.
Tipos de musculos
No corpo humano, existem musculos grandes, como
os da coxa, e músculos pequenos, como certos musculos
da face. Eles podem ser arredondados (os orbiculares dos
olhos, por exemplo); planos (os do cranio, entre outros); ou
fusiformes (como os do braco).
Mas, de maneira geral, podemos reconhecer tres tipos
de musculo no corpo humano:
· Musculo nao estriado (musculo liso);
· Musculo estriado esqueletico;
· Musculo estriado cardiaco.
Os musculos nao estriados tem contracao lenta e invo-
luntaria, isto e, os movimentos por eles gerados ocorrem
independentemente da nossa vontade.

BOCA
A abertura pela qual o alimento entra no tubo digesti-
vo e a boca. Ai encontram-se os dentes e a lingua, que pre-
param o alimento para a digestao, por meio da mastigacao.
Os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedacos,
misturando-os a saliva, o que ira facilitar a futura acao das
enzimas.
Esses musculos sao responsaveis, por exemplo, pela
erecao dos pelos na pele (“arrepio”) e pelos movimentos de Caracteristicas dos dentes
orgaos como o esofago, o estomago, o intestino, as veias e Os dentes sao estruturas duras, calcificadas, presas ao
as arterias, ou seja, musculos associados aos movimentos maxilar superior e mandibula, cuja atividade principal e a
peristalticos e ao fluxo de sangue no organismo. mastigacao.
Os musculos estriados esqueleticos fixam-se aos os-
sos geralmente por meio de cordoes fibrosos, chamados Tipos de dentes
tendoes. Possuem contracao vigorosa e voluntaria, isto e, Em sua primeira denticao, o ser humano tem 20 pecas
seus movimentos obedecem a nossa vontade. Exemplos: que recebem o nome de dentes de leite. A medida que os
os músculos das pernas, dos pes, dos bracos e das maos. maxilares crescem, estes dentes são substituidos por ou-
O musculo estriado cardiaco e o miocardio, o musculo do tros 32 do tipo permanente
coracao, que promove os batimentos cardiacos. Sua con-
tracao e vigorosa e involuntaria.
Uma das principais propriedades dos musculos e a ca-
pacidade de se contrair; a contratilidade; e ela que torna
possiveis os movimentos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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A língua

A lingua movimenta o alimento empurrando-o em direcao a garganta, para que seja engolido. Na superficie da lingua
existem dezenas de papilas gustativas, cujas celulas sensoriais percebem os quatro sabores primarios: amargo (A), azedo ou
acido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinacao resultam centenas de sabores distintos.
A distribuicao dos quatro tipos de receptores gustativos, na superficie da lingua, nao e homogenea.
As glandulas salivares
Ha tres pares de glandulas salivares que lancam sua secrecao na cavidade bucal: parotida, submandibular e sublingual:
O sais da saliva neutralizam substancias acidas e mantem, na boca, um Ph neutro (7,0) a levemente acido (6,7), ideal
para a acao da ptialina. O alimento, que se transforma em bolo alimentar, e empurrado pela lingua para o fundo da faringe,
sendo encaminhado para o esofago, impulsionado pelas ondas peristalticas.

FARINGE E ESOFAGO

A faringe, situada no final da cavidade bucal, e um canal comum aos sistemas digestorio e respiratorio: por ela passam
o alimento, que se dirige ao esofago, e o ar, que se dirige a laringe.
O esofago, canal que liga a faringe ao estomago, localiza-se entre os pulmoes, atras do coracao, e atravessa o musculo
diafragma, que separa o torax do abdomen. O bolo alimentar leva de 5 a 10 segundos para percorre-lo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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ESTÔMAGO E SUCO GÁSTRICO

O estomago e uma bolsa de parede musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo do abdome, logo abaixo das ulti-
mas costelas.
E um orgao muscular que liga o esofago ao intestino delgado. Sua funcao principal e a digestao de alimentos proteicos.
Um musculo circular, que existe na parte inferior, permite ao estomago guardar quase um litro e meio de comida, possibi-
litando que nao se tenha que ingerir alimento de pouco em pouco tempo.
Quando esta vazio, tem a forma de uma letra “J” maiuscula, cujas duas partes se unem por angulos agudos.
O estomago produz o suco gastrico, um liquido claro, transparente, altamente acido, que contem acido cloridrico,
muco, enzimas e sais. O acido clorídrico mantem o pH do interior do estomago entre 0,9 e 2,0. Tambem dissolve o cimento
intercelular dos tecidos dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecanica iniciada pela mastigacao.
O bolo alimentar pode permanecer no estomago por ate quatro horas ou mais e, ao se misturar ao suco gastrico, auxi-
liado pelas contracoes da musculatura estomacal, transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semiliquida, o quimo.
Passando por um esfincter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos, liberado no intestino delgado, onde
ocorre a maior parte da digestao.
INTESTINO DELGADO
O intestino delgado e um tubo com pouco mais de 6 m de comprimento por 4cm de diametro e pode ser dividido em
tres regioes: duodeno (cerca de 25 cm), jejuno (cerca de 5 m) e ileo (cerca de 1,5 cm).
A porcao superior ou duodeno tem a forma de ferradura e compreende o piloro, esfincter muscular da parte inferior do
estomago pela qual este esvazia seu conteudo no intestino.
A digestao do quimo ocorre predominantemente no duodeno e nas primeiras porcoes do jejuno. No duodeno atua
tambem o suco pancreatico, produzido pelo pancreas, que contem diversas enzimas digestivas. Outra secrecao que atua
no duodeno e a bile, produzida no figado e armazenada na vesicula biliar.
O pH da bile oscila entre 8,0 e 8,5. Os sais biliares tem acao detergente, emulsionando as gorduras (fragmentando suas
gotas em milhares de micro goticulas).
A absorcao dos nutrientes ocorre atraves de mecanismos ativos ou passivos, nas regioes do jejuno e do ileo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratorio humano e constituido por um par de pulmoes e por varios orgaos que conduzem o ar para
dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses orgaos sao as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os
bronquios, os bronquiolos e os alveolos, os tres ultimos localizados nos pulmoes.

O epitelio que reveste a laringe apresenta pregas, as cordas vocais, capazes de produzir sons durante a passagem de ar.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Pulmoes:

Os pulmões humanos sao órgãos esponjosos, com aproximadamente 25cm de comprimento, sendo envolvidos por
uma membrana serosa denominada pleura. Nos pulmões os brônquios ramificam-se profusamente, dando origem a tubos
cadavez mais finos, os bronquiolos. O conjunto altamente ramificado de bronquiolos e a arvore bronquica ou rvore respi-
ratoria.
Cada bronquiolo termina em pequenas bolsas formadas por celulas epiteliais achatadas (tecido epitelial pavimentoso)
recobertas por capilares sanguineos, denominadas lveolos pulmonares.
Diafragma: A base de cada pulmao apoia-se no diafragma, orgao musculomembranoso que epara o torax do abdo-
me,presente apenas em mamiferos, promovendo, juntamente com os musculos intercostais, os movimentos respiratorios.
Localizado logo acima do estomago, o nervo frênico controla os movimentos dodiafragma.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso, juntamente com o sistema endócrino, capacita o organismo a perceber as variações do meio (inter-
no e externo), a difundir as modificações que essas variações produzem e a executar as respostas adequadas para que seja
mantido o equilíbrio interno do corpo (homeostase).

São os sistemas envolvidos na coordenação e regulação das funções corporais.

A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor:
uma vez excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por
toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Esse fenômeno deve-se a propriedade de
condutibilidade.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Para transferir informação de um ponto para outro no sistema nervoso, e necessário que o potencial de ação, uma vez
gerado, seja conduzido ao longo do axônio.

SISTEMA CARDIOVASCULAR
O sistema cardiovascular ou circulatório e uma vasta rede de tubos de vários tipos e calibres, que põe em comunicação
todas as partes do corpo. Dentro desses tubos circula o sangue, impulsionado pelas contrações rítmicas do coração.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Funções do sistema cardiovascular Possui grande quantidade de macrófagos que, através da
O sistema circulatório permite que algumas atividades se- fagocitose, destroem micróbios, restos de tecido, substancias
jam executadas com grande eficiência: estranhas, células do sangue em circulação já desgastadas
Transporte de gases para os tecidos do corpo por meio como eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Dessa forma, o Baco
do sangue transporte de nutrientes no tubo digestivo, trans- “limpo” o sangue, funcionando como um filtro desse fluido
porte de resíduos metabólicos, transporte de hormônios, tão essencial. O Baco também tem participação na resposta
transporte de calor, etc. imune, reagindo a agentes infecciosos. Inclusive, e considera-
A circulação sanguínea humana pode ser dividida em do por alguns cientistas, um grande nódulo linfático.
dois grandes circuitos: um leva sangue aos pulmões, para
oxigena-lo, e outro leva sangue oxigenado a todas as células SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
do corpo. Por isso se diz que nossa circulação e dupla. O tra- O sistema reprodutor masculino e formado por:
jeto “coração (ventrículo direito) e pulmões e coração (átrio  Testículos ou gônadas
esquerdo)” e denominado circulação pulmonar ou pequena  Vias espermáticas: epidídimo, canal deferente, ure-
circulação. O trajeto “coração (ventrículo esquerdo) e sistemas tra.
corporais e coração (átrio direito)” e denominado circulação  Pênis
sistêmica ou grande circulação.  Escroto
Circulação pulmonar:  Glândulas anexas: próstata, vesículas seminais, glân-
Ventrículo direito e artéria pulmonar e pulmões e veias dulas bulbouretrais.
pulmonares e átrio esquerdo.
Circulação sistêmica:
Ventrículo esquerdo e artéria aorta e sistemas corporais e
veias cavas e átrio direito.

SISTEMA LINFÁTICO
Sistema paralelo ao circulatório, constituído por uma vas-
ta rede de vasos semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se
distribuem por todo o corpo e recolhem o liquido tissular que
não retornou aos capilares sanguíneos, filtrando-o e recondu-
zindo-o a circulação sanguínea.
E constituído pela linfa, vasos e órgãos linfáticos.
Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os
tecidos do corpo.
Capilares mais finos vão se unindo em vasos linfáticos
maiores, que terminam em dois grandes dutos principais: o
duto torácico (recebe a linfa procedente da parte inferior do
corpo, do lado esquerdo da cabeça, do braço esquerdo e de
partes do tórax) e o duto linfático (recebe a linfa procedente
do lado direito da cabeça, do braço direito e de parte do tó-
rax), que desembocam em veias próximas ao coração.
Linfa: liquido que circula pelos vasos linfáticos. Sua com-
posição e semelhante a do sangue, mas não possui hemácias,
apesar de conter glóbulos brancos dos quais 99% são linfó-
citos. No sangue os linfócitos representam cerca de 50% do
total de glóbulos brancos.
Órgãos linfáticos: amigdalas (tonsilas), adenoides, Baco,
linfonodos (nódulos linfáticos) e timo (tecido conjuntivo reti-
cular linfoide: rico em linfócitos).
Amigdalas (tonsilas palatinas): produzem linfócitos.
Timo: órgão linfático mais desenvolvido no período pré-
natal evolui desde o nascimento ate a puberdade.
Linfonodos ou nódulos linfáticos: órgãos linfáticos mais
numerosos do organismo, cuja função e a de filtrar a linfa e
eliminar corpos estranhos que ela possa conter, como vírus
e bactérias. Nele ocorrem linfócitos, macrófagos e plasmáti-
cos. A proliferação dessas células provocada pela presença de
bactérias ou substancias/organismos estranhos determina o
aumento do tamanho dos gânglios, que se tornam dolorosos,
formando a íngua.
Baco: órgão linfático, excluído da circulação linfática,
interposto na circulação sanguínea e cuja drenagem veno-
sa passa, obrigatoriamente, pelo fígado.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Vesículas seminais: responsável pela produção de um liquida que será liberado no ducto ejaculatório que, juntamente
com o liquido prostático e espermatozoides, entrarão na composição do sêmen Próstata: glândula localizada abaixo da
bexiga urinaria. Secreta substancia alcalina que neutralizam a acidez da urina e ativa os espermatozoides.
Pênis: e considerado o principal órgão do aparelho sexual masculino, sendo formado por dois tipos de tecidos cilín-
dricos: dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso (envolve e protege a uretra). Na extremidade do pênis encontra-se
a glande - cabeça do pênis, onde podemos visualizar a abertura da uretra. Com a manipulação da pele que a envolve - o
prepúcio.

A uretra e comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na entrada da bexiga se contraem durante a
ereção para que nenhuma urina entre no sêmen e nenhum sêmen entre na bexiga. Todos os espermatozoides não ejacula-
dos são reabsorvidos pelo corpo dentro de algum tempo.

SISTEMA REPRODUTOR FEMININO


O sistema reprodutor feminino e constituído por dois ovários, duas tubas uterinas (trompas de Falópio), um útero, uma
vagina, uma vulva. Ele esta localizado no interior da cavidade pélvica. A pelve constitui um marco ósseo forte que realiza
uma função protetora.

A vagina e um canal de 8 a 10 cm de comprimento, de paredes elásticas, que liga o colo do útero aos genitais exter-
nos. Contem de cada lado de sua abertura, porem internamente, duas glândulas denominadas glândulas de Bartolini, que
secretam um muco lubrificante.
A entrada da vagina e protegida por uma membrana circular - o hímen – que fecha parcialmente o orifício volvo-vaginal
e quase sempre perfurado no centro, podendo ter formas diversas. Geralmente, essa membrana se rompe nas primeiras
relações sexuais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Ovários: são as gônadas femininas. Produzem estrógeno e progesterona, hormônios sexuais femininos que serão vistos
mais adiante.

Útero: órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente a bexiga e posteriormente ao reto, de parede muscular
espessa (miométrio) e com formato de pera invertida. E revestido internamente por um tecido vascularizado rico em glân-
dulas - o endométrio.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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SISTEMA EXCRETOR OU URINÁRIO Regulação da função renal
A regulação da função renal relaciona-se basicamen-
O sistema excretor e formado por um conjunto de ór- te com a regulação da quantidade de líquidos do corpo.
gãos que filtram o sangue produz e excreta a urina - o prin- Havendo necessidade de reter agua no interior do corpo,
cipal liquida de excreção do organismo. E constituído por a urina fica mais concentrada, em função da maior reabsor-
um par de rins, um par de ureteres, pela bexiga urinaria e ção de agua; havendo excesso de agua no corpo, a urina
pela uretra. fica menos concentrada, em função da menor reabsorção
de agua.
Os rins situam-se na parte dorsal do abdome, logo
abaixo do diafragma, um de cada lado da coluna vertebral A ELIMINAÇÃO DE URINA
.
Ureter
Os nefros desembocam em dutos coletores, que se
unem para formar canais cada vez mais grossos. A fusão
dos dutos origina um canal único, denominado ureter, que
deixa o rim em direção a bexiga urinaria.

Bexiga urinária
A bexiga urinaria e uma bolsa de parede elástica, do-
tada de musculatura lisa, cuja função e acumular a urina
produzida nos rins. Quando cheia, a bexiga pode conter
mais de (250 ml) de urina, que e eliminada periodicamente
através da uretra.

Uretra
A uretra e um tubo que parte da bexiga e termina, na
mulher, na região vulvar e, no homem, na extremidade do
pênis. Sua comunicação com a bexiga mantem-se fecha-
da por anéis musculares - chamados esfíncteres. Quando
a musculatura desses anéis relaxa-se e a musculatura da
parede da bexiga contrai-se, urinamos.

SISTEMA ENDÓCRINO
Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de
órgãos que apresentam como atividade característica a
produção de secreções denominadas hormônios, que são
Como funcionam os rins? lançados na corrente sanguínea e irão atuar em outra parte
O sangue chega ao rim através da artéria renal, que se do organismo, controlando ou auxiliando o controle de sua
ramifica muito no interior do órgão, originando grande nu- função.
mero de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no
interior da capsula formando um enovelado de capilares. Os hormônios influenciam praticamente todas as fun-
ções dos demais sistemas corporais Dessa forma, o sistema
Dessa forma, estima-se que em 24 horas são filtrados endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atuam na
cerca de 180 litros de fluido do plasma; porem é formado coordenação e regulação das funções corporais.
apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que significa que
aproximadamente 99% do filtrado glomerular e reabsor- Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios
vido. Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios
no homem são a hipófise, o hipotálamo, a tireoide, as para-
Além desses processos gerais descritos, ocorre, ao lon- tireoides, as suprarrenais, o pâncreas e as gônadas.
go dos túbulos renais, reabsorção ativa de aminoácidos e
glicose.

Os capilares que reabsorvem as substancias uteis dos


túbulos renais se reúnem para formar um vaso único, a veia
renal, que leva o sangue para fora do rim, em direção ao
coração.

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

SISTEMA IMUNOLÓGICO
O sistema imunológico ou sistema imune e de grande eficiência no combate a micro-organismos invasores. Mas não
e só isso; ele também e responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas, a renovação de
determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memoria imunológica.
Também e ativo contra células alteradas, que diariamente surgem no nosso corpo, como resultado de mitoses anor-
mais. Essas células, se não forem destruídas, podem dar origem a tumores.
Células do sistema imune são altamente organizadas como um exercito. Cada tipo de célula age de acordo com sua
função. Algumas são encarregadas de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão (inibição), ou-
tras apresentam o “inimigo” ao exercito do sistema imune, outras só atacam para matar, outras constroem substancias que
neutralizam os “inimigos” ou neutralizam substancias liberadas pelos “inimigos”.
Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune as células do sistema mononuclear fagocitário, (SMF)
antigamente conhecido por sistema reticulo-endotelial e mastócitos. As primeiras são especializadas em fagocitose e apre-
sentação do antígeno ao exercito do sistema imune. São elas: macrófagos alveolares (nos pulmões), micróglia (no tecido
nervoso), células de Kuppfer (no fígado) e macrófagos em geral.57

Sexualidade
Segundo Franco (2008), sexualidade não se limita a órgãos genitais e ato sexual; é um movimento que permeia o
desenvolvimento global do Ser, abrange quem somos e o que somos, como homem e mulher; como nos sentimos a esse
respeito; e como lidamos com isso. É a expressão de vida, na qual ocorre um movimento em direção ao prazer e que se
manifesta em todas as fases do ciclo vital, desde o nascimento até a morte.
A sexualidade também precisa ser considerada dentro da perspectiva ecológica, isso significa buscar a superação das
dicotomias entre cultura e natureza, entre sociedade e individualidade, valores, resgatando os vínculos que estão na base
da vivência da sexualidade prazerosa, responsável e ética. É impossível falar de sexualidade, reprodução e vida, deixando
de lado o meio ambiente.
O domínio da sexualidade envolve: aprendizagem de papéis sociais e de gênero, reflexão, planejamento, adiamento,
construção e consolidação de vínculos, desenvolvimento e expansão da consciência de si e do mundo ao seu redor, desen-
volvimento de valores e tomada de decisão (BONETTO, 2007).
57 Fonte: www.umadosedeinteligencia.files.wordpress.com

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Todos os sentidos – tato, paladar, visão, olfato, audi- O desenvolvimento da sexualidade está intimamente liga-
ção –, emoção e sensação estão relacionados à sexualidade do ao psiquismo. A menarca1 na mulher e a espermarca2
e exercício sexual sadio. Fornecer dados de reprodução e no homem são como um estopim fisiológico a desenca-
excluir esses elementos é falsificar informação. Essa falsi- dear o processo de aquisição da identidade sexual.
ficação vai ajudar a sustentar uma dicotomia entre amor As ansiedades peculiares a esse processo evolutivo têm
e prazer, romance, ternura, de um lado, e genitalidade, de sua origem habitualmente na preocupação dos adolescen-
outro. O que não pode acontecer é falar de reprodução, tes com as modificações corporais.
esquecendo a sensualidade, o erotismo o amor, respeito A formação da identidade sexual se dá em três níveis:
para consigo mesmo e para com o outro. Biológico: ao nascer com a determinação do sexo bio-
A sexualidade precisa ser entendida na sua totalidade, lógico, apresenta características que diferenciam os sexos
valorizando os aspectos sociais, culturais, afetivos, relacio- masculinos e femininos. O componente biológico é deter-
nais e psicológicos nos quais estão inseridos os valores, minado no momento da fecundação. Segundo as funções
conceitos e preconceitos das questões de gênero e dos biológicas, a mulher pode engravidar dar à luz e amamen-
modelos relacionais entre homens e mulheres (PAGNUS- tar, enquanto o homem somente pode produzir esperma-
SATTI, 2006). tozoide3 e fecundar mulheres. No entanto, nada determina
biologicamente que os homens não possam cuidar de fi-
A sexualidade representa um dos eixos organizadores
lhos e zelar da casa.
da convivência com o outro e a parte central da constru-
Psicológico: a partir de tomada de consciência das di-
ção da nossa identidade. Quanto maior a consciência sobre ferenças biológicas.
o que somos e o quanto dependemos da natureza, maior Social: o papel social sexual é uma categoria especial
a consciência ecológica que irá reavaliar o quanto está se dentro do papel social que cada pessoa interioriza no pro-
pagando pela satisfação das necessidades de consumo, le- cesso de socialização e se refere ao comportamento espe-
vando a uma produção cada vez maior de produtos pouco cífico que essa pessoa vai desempenhar, de acordo com
utilizados. seu sexo biológico, masculino ou feminino; papel sexual é
Ambição e consumismo caminham juntos para dete- a expressão da masculinidade ou feminilidade de um indi-
rioração das relações, desigualdade social, e a frustração víduo conforme as regras estabelecidas, o indivíduo tem
psicológica da insatisfação gerada pela carência do objeto de pertencer ao sexo masculino ou feminino, é a maneira
desejado. A carência se dá no mesmo movimento que se como o indivíduo deve comportar-se em sociedade; varia
cria o símbolo sexual. Insatisfação é um movimento neces- de acordo com idade e cultura, e nas culturas varia de acor-
sário para que a indústria possa propor novos objetos de do com os distintos períodos históricos de sua existência.
consumo. A mídia explora o corpo associado a objetos des- Identidade sexual é o sentimento que as pessoas têm
cartáveis que se vende e faz vender. de sua masculinidade ou feminilidade. A identidade sexual
Nesse contexto, a sexualidade desponta como instru- será consolidada com a interação de fatores biológicos,
mento de consumo. O assunto sexo está em revistas es- culturais, da história individual, do relacionamento e de va-
pecializadas, em publicações diversas destinadas ao pú- lores familiares, do repertório de informações, de vivências
blico, nas telenovelas, filmes, publicidade, quanto maior sociais, vivências religiosas, entre outros.
a exploração do tema sexual maior a venda do produto. Identidade de gênero
Vendem-se produtos associando-se direta ou indiretamen- A identidade de gênero refere-se ao sentir-se homem
te o consumo à satisfação sexual, e a felicidade. Atletas, ou mulher, com a consciência de pertencer ao sexo mas-
modelos, artistas são modelos de virilidade e de desejos culino ou feminino; é uma convicção pessoal e privada, e
que mobilizam afeto, desejos modelando a subjetividade e dificilmente será modificada durante a vida. A identidade
o comportamento erótico. de gênero refere-se a que sexo o indivíduo sente-se per-
tencendo independentemente de suas características cor-
Nesse contexto associam-se os objetos de consumo
porais; é sentir-se homem ou mulher, com a consciência de
descartáveis, não reaproveitáveis e a degradação ambien-
pertencer ao sexo masculino ou feminino. Papel de gênero
tal.
é a manifestação externa da identidade – trata-se da forma
de atuação definida pelo aprendizado dos papéis sexuais
IDENTIDADE SEXUAL que ocorre desde o nascimento, por meio do condiciona-
A identidade sexual inicia no nascimento; entretanto, mento social exercido pela família, escola e comunidade,
é na adolescência que alcança a definição, por meio do de forma verbal ou não verbal. O fato de ocorrerem varia-
aprendizado decorrente dos relacionamentos com ambos ções de papéis em diferentes culturas prova que os papéis
os sexos no decorrer da infância adolescência (RIBEIRO, de gênero não são determinados pelo sexo biológico.
2006). A orientação de gênero, por sua vez, pode ser com-
O aumento do interesse sexual coincide com o surgi- preendida como a preferência sexual direcionada para o
mento dos caracteres sexuais secundários. Esse interesse é mesmo sexo ou para sexo oposto – o comportamento ho-
influenciado pelas profundas alterações hormonais deste mossexual ou heterossexual, respectivamente.
período da vida e pelo contexto psicossocial (TAQUETTE, A orientação sexual não pode ser a medida do valor
2008). A sexualidade pode ser definida como um conjunto de uma pessoa e não deve influenciar o julgamento moral
de fenômenos que permeia todos os aspectos de nossa de alguém. O adolescente deve compreender que, inde-
existência; ela é vista como um fenômeno biológico, que pendentemente da sua escolha sexual, o mais importante é
atua como um organizador da identidade do adolescente. viver a sexualidade respeitando a si e ao outro.

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Homossexualidade TABU SEXUAL está pautado no preconceito e na proibi-
Homossexualidade não é considerada um transtorno ção relacionados a determinados atos ou práticas sexuais.
psíquico/mental. Portanto, deve ser encarada com respeito O termo tabu, proveniente do polinésio, significa “sagrado”,
e postura isenta de atitudes de preconceito e discrimina- “invulnerável”, trazendo a ideia de algo intocável, inviolável.
ção. Quanto a sua origem, os tabus são construções de ordem
Na adolescência, vive-se um período crítico quanto a moral, estabelecidos por motivos sociais ou religiosos. Vale
quem se é, e qual o objeto de desejo; é a época das ex- ressaltar que os mitos e tabus são construções sociais, que
periências no campo da sexualidade, e a inconstância dos variam de acordo com o momento histórico e a sociedade
vínculos objetais que os jovens estabelecem com seus par- na qual se originam.
ceiros nem sempre significa tendência à promiscuidade. Na
adolescência, as experiências homoafetivas4 são comuns, SEXO NA ADOLESCÊNCIA
sem que isso represente homossexualidade. O desenvolvimento corporal e a eclosão dos instintos
Durante a adolescência, comumente os jovens parti- sexuais preparam o adolescente para as funções do inter-
cipam de jogos sexuais com outros jovens do mesmo ou curso genital. Os adultos devem entender que é mais fá-
de outro sexo. Isso não se caracteriza como orientação cil compreender a sexualidade que tentar controlá-la ou
homossexual, já que essa definição ocorrerá ao longo do proibi-la. O sexo na adolescência não é errado; errada é a
processo de estabelecimento da identidade. forma como ele tem sido experimentado.
A preferência homossexual ocasiona grandes conflitos Devemos ampliar o conceito de sexo seguro. Sexo se-
pessoais, e a rejeição social é causa de vultoso sofrimen- guro é o sexo sem dor, sem trauma, é o sexo afetivo, com
to, que pode potencializar outros problemas como uso de responsabilidade, aprendendo a respeitar a si mesmo e ao
drogas, fracassos escolares e depressão. A denominação outro. A sexualidade do adolescente não pode ser estuda-
opção sexual não é mais cabível, pois sabe-se que é uma da fora do entendimento da própria adolescência, como
questão de orientação-afetivo-sexual, e não de uma esco- fenômeno social, histórico e pessoal.
lha planejada, racional e consciente. É um processo bem
mais complexo, que inclui fatores psicológicos, sociais, cul- FASES DA ADOLESCÊNCIA
turais, familiares e genéticos. Para se entender melhor a sexualidade na adolescência
é preciso conhecer as fases da adolescência: primeira etapa
MITOS E TABUS da adolescência (10 aos 14 anos), a prática sexual é, de for-
Mitos são explicações, interpretações da realidade que ma geral, masturbatória e permeada por muita curiosidade
transformam a realidade social em algo natural e aceitável. sobre o próprio corpo e o de seus iguais. É o momento do
Exemplos: conhecimento corporal.
• Mulher é mais frágil do que o homem. A masturbação (autoerotismo) é importante dentro do
• Sensualidade, doçura e afeto são coisas de mulher. processo de aceitação do próprio corpo, da descoberta das
• Virgindade é sinal de pureza na mulher. sensações genitais físicas de autoconhecimento e autoes-
• O homem é um ser dominante por natureza. tima. Contribui para descarga de tensões. Há muitos mitos
• A masculinidade demonstra-se por rudeza, vigor e que ainda perduram em relação a essa prática, entretanto
força física. ressaltamos novamente: é mediante o encontro consigo
• Virilidade demonstra-se pelo maior número de con- mesmo que o adolescente poderá, quando adulto, estabe-
quistas. lecer vínculos mais estáveis, nos quais haverá um reconhe-
• Homem é menos sensível que mulher. cimento do outro e de si mesmo. A masturbação, comum
• Homem não necessita de ternura. a ambos os sexos, não deve ser proibida e sim orientada,
Tabus são proibições absolutas e sagradas cujas trans- explicando ao adolescente o limite de um comportamento
gressões acarretariam grandes castigos. As explicações socialmente adequado. As brincadeiras sexuais são per-
nem sempre são muito claras. Exemplo: Masturbação en- meadas pela curiosidade em relação ao sexo oposto.
tendida como atividade vergonhosa Bezerra (2012). Perda A maioria das primeiras experiências sexuais geralmen-
da virgindade fora do casamento – valor social e cultural te ocorrem na etapa média (14 aos 17 anos). Há uma gran-
que determina um comportamento sexual. Mitos e tabus de carga de energia sexual, podendo acontecer a iniciação
existentes a respeito da sexualidade não podem impedir sexual de forma não protegida. Os relacionamentos são
a prática da educação. MITO SEXUAL é uma explicação marcados por um comportamento exploratório e autocen-
equivocada acerca da sexualidade humana, mas que não trado.
coincide com a verdade. Os mitos são pautados em infor- A iniciação sexual é um momento que mobiliza curiosi-
mações errôneas, desconhecimento acerca do corpo e de dade, expectativa e angústia quanto a uma série de aspec-
seu funcionamento. Diante da falta de informação cientí- tos, inclusive conflitos em relação à virgindade, especial-
fica básica, surgem ideias e explicações no senso comum mente, quando há questões ligadas à religião e a valores
que, com o passar do tempo, acabam sendo difundidas so- familiares. Na etapa tardia (17 aos 20 anos), o desenvolvi-
cialmente como verdades. mento físico está completo.

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Os contatos tendem a ser menos autocentrados e ape- • “Ficar” / “Rolo” / Namoro. São relacionamentos sem
nas exploratórios, e passam a ter uma característica mais compromissos, mais frequente na primeira e segunda fase
relacional, isto é, valorizam-se o vínculo, a intimidade e o da adolescência.
compartilhar. Há uma tendência a maior consciência quan- • Descoberta de papéis sociais e de gênero, o adoles-
to às consequências do comportamento sexual e à neces- cente se percebe como parte de uma coletividade, isso o
sidade de proteção. O “ficar”, o “rolo”, podem ser resultado torna capaz de uma atitude, de um posicionamento e com-
de grande ansiedade. A cultura e o grupo social definem portamento em relação ao sexo feminino e masculino.
regras baseadas em mitos, crenças, conceitos e preconcei- • Conquista de novos espaços sociais. Junto aos seus
tos, que podem criar um repertório de informações sobre iguais constituem grupos com os mesmos interesses, ten-
sexualidade e relacionamentos que favoreçam ou não a tam infringir normas e limites.
dissolução dessa ansiedade em torno das relações afetivas. • Aventura. O adolescente vivencia o novo, sem pen-
A prática sexual na adolescência sofre grande influência do sar em consequências No seu pensamento tudo pode. Está
grupo de amigos, de fatores emocionais; o desejo de “ser
sempre em busca de ações estimulantes
igual”, a curiosidade, a vontade de “entrar” no mundo adul-
• Projeto de vida. Os projetos de vida muitas vezes
to, sendo “homem” ou “mulher”, são motivações bastante
precisam de orientação e direcionamento, precisam ser
fortes.
Existem diferenças, de forma geral, entre o comporta- estimulados. Adolescente precisa ter projeto de vida para
mento sexual de garotos e de garotas. Para as garotas, o desenvolvimento sadio.
componente afetivo costuma ter grande importância; para
os garotos, há uma emergência maior no impulso de satis- EDUCAÇÃO SEXUAL E AMBIENTAL
fação imediata. O contato com o outro tem muito mais a O conceito de educação para a sexualidade é dinâmi-
característica de busca de autoconhecimento, pois a busca co; é construído a partir do que os adolescentes trazem;
é por si mesmo, pela descoberta do Eu. é intimista (sem ser indiscreto) é dialógico5, deve servir à
Normalmente, durante a adolescência os relaciona- ideologia da pessoa.
mentos têm vínculos intensos, porém frágeis. Os adoles- Diálogo não é conversa formal, não é monólogo; é es-
centes vivenciam as experiências sexuais de forma impre- cuta, é levar o adolescente a refletir e a questionar. A mu-
visível e, com frequência, desprotegidos quanto à contra- dança de comportamento só acontece com informação e
cepção e prevenção de doenças podendo se tornar um reflexão.
problema devido à falta de informação, de comunicação Educação sexual e ambiental
entre os familiares, tabus ou mesmo pelo fato de ter medo Sexual: educação voltada para a sexualidade porque
de assumi-la (CAMARGO, 2009). não deve ser entendida somente para o controle da natali-
As características de comportamento adolescente dade, deve ter um aspecto mais amplo, voltada para o SER.
como onipotência, o mito da invulnerabilidade e a curio-
Ambiental: porque envolve pessoas e meio ambiente
sidade sobre a fertilidade contribuem para a prática sexual
numa integração em que o meio ambiente não será degra-
desprotegida Mas há de se levar em conta que o compor-
tamento sexual varia de acordo com idade e cultura, e nas dado dependendo dos valores de cada indivíduo voltado
culturas variam de acordo com os distintos períodos histó- para si e para o outro. Quem ama a si mesmo deseja um
ricos de sua existência. mundo melhor para seus descendentes.
É primordial na educação sexual ambiental despertar
VIVÊNCIAS NA ADOLESCÊNCIA espírito critico em relação a valores como: respeito a vida, a
As vivencias das diversas, experiências na adolescên- natureza, solidariedade, responsabilidade, tolerância, con-
cia desenvolvida de forma individual ou em grupo, pode tribuindo para a formação de cidadão que possuem direi-
contribuir para que adolescentes vivenciem a sexualidade tos e deveres na sociedade. (SCHEREN, 2004)
e suas relações afetivas de forma satisfatória, criativa e sem A lógica da educação é fazer o trabalho, mediante a
riscos, vinculados ao respeito mútuo e sem discriminação busca do conhecimento e da interação com o mundo em
de gênero (COSTA, 2012) . que se vive e da noção da importância de suas atitudes.
• Busca de identidade é a busca de experiências que Trabalhar com educação sexual não é fácil; há muitas di-
possibilitem a descoberta de si mesmo (ABERASTURY, A. & ficuldades de ordem material e humana, preconceitos, in-
NOBEL, 1991). seguranças, resistência de pais e professores, entre outros
Consistem em um processo de busca: com encontros fatores, mas são desafios que se devem enfrentar com en-
fortuitos, com as paixões repentinas, e transitórias. Neste tusiasmo para que a geração presente e as vindouras pos-
momento ocorre a redescoberta do próprio corpo, é quan-
sam vivenciar com mais tranquilidade suas experiências e
do o adolescente percebe uma nova imagem corporal em
emoções.
função das transformações iniciadas na puberdade.
• Busca de uma figura idealizada, consiste na identifica-
ção com o outro, que ele gostaria de ser. ORIENTAÇÃO PARA PROFESSORES
• Jogos de sedução, é o meio de conseguir o que de- Não confundir informar, aconselhar e orientar.
seja com facilidade, e rapidez seja em relação à questão Informar refere-se a passar unicamente dados, infor-
sexual ou não. mações, conceitos.

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Aconselhar implica influenciar nas decisões do adoles- Deve começar o mais cedo possível, deve ser contínua,
cente, posicionando-se em relação àquela que considera iniciada no seio da família e complementada na escola e
ou não mais correta. É uma posição de quem procura con- por profissionais de saúde. A maioria dos adolescentes é
vencer de algo, persuadir, induzir. Orientar aponta para uma pouco conscientizada a respeito de sexualidade e repro-
posição de ajuda na escolha de opções e visa ao estímulo dução e tem dificuldade de dizer não à atividade sexual ou
à autonomia do adolescente. As informações precisam ser negociar a prática do sexo seguro. Negar ao adolescente
claras e úteis no sentido de diminuir a ansiedade, o medo informações sobre sexualidade e sexo seguro não impede
e as fantasias sobre aspectos que possam ser focados de o início precoce atividade sexual. Educação sexual de qua-
forma objetiva. É essencial que o profissional mostre-se re- lidade possibilita ao adolescente a condição de saber qual
ceptivo aos sentimentos do adolescente, que saiba ouvi-lo é o momento apropriado para iniciar uma atividade sexual
com seriedade, interesse e compreensão. É importante ob- segura, saudável e prazerosa.
servar pistas de comportamentos que apontem para con- Diante de perguntas sobre sexo:
tradições, ambivalências e riscos, pois a orientação, nesses • Não fique vermelho, sorria.
momentos, pode ser necessária e útil. • Nada de embaraços.
O início, o meio e o final da adolescência são de certa • Responda com informações corretas, sem fantasias.
forma etapas distintas, com conflitos distintos, entretanto • Nunca deixe uma pergunta sem resposta.
com um único pano de fundo: a busca de identidade. É • Seja sucinto.
necessário orientar a iniciação da atividade sexual, bem • Utilize um vocabulário compreensível.
como sua continuidade, sempre contextualizando-a no • Inicie com informações mais simples.
processo de desenvolvimento psicossexual e motivando os • Nunca seja vulgar.
laços afetivos. A elevação da autoestima do adolescente é • Sexo é assunto sério e limpo.
um fator de grande proteção no exercício da sexualidade. • É preciso investir no processo de educar.
Por meio dela o adolescente poderá estar mais seguro para É necessário levar o adolescente a refletir sobre valo-
dizer “sim” e “não” nas diversas situações Estimular ações res, sobre seus potenciais e limites pessoais, sobre a dupla
de responsabilidade dos adolescentes de ambos os sexos responsabilidade – para consigo e com o outro –, a não se
quanto a questões de anticoncepção e prevenção de doen- deixar levar pelo estímulo, pela fantasia e pela curiosidade,
ças é fundamental. e ajudá-lo a ter projeto de vida. A sexualidade tende a de-
Os veículos de informação são fontes de grande in- senvolver-se por etapas, espontânea e adequadamente, se
fluência na formação dos jovens e crianças. Os profissionais não houver interferências que provoquem impedimentos,
da educação devem estar preparados para discutir e orien- desvios, ou exacerbações. Deve haver compreensão, acei-
tar pais e adolescentes, tanto com argumentações com tação, orientação, estímulo, respeito ao ritmo e à veloci-
base científicas quanto desenvolvendo uma visão crítica dade de cada indivíduo, para que se manifeste de forma
dos modelos prontos, mensagens implícitas, estereótipos plena e saudável. A normalidade psicossexual do indivíduo
e idealizações. depende de um sentimento bom de prazer e segurança em
Trabalhar o projeto de vida com os adolescentes é fun- abraçar, acariciar e ter contato corporal.58
damental, pois quando estes se percebem tendo perspec-
tiva de futuro com metas, planos e objetivos, ampliam a
forma de ver a própria vida e suas responsabilidades. Ado- MEIO AMBIENTE. IMPACTOS AMBIENTAIS –
lescentes com conflitos emocionais pessoais e familiares MANEJO E CONSERVAÇÃO. LIXO. POLUIÇÃO.
apresentam maior risco de prática sexual desprotegida, daí
a necessidade de estar atento ao trabalho efetivo com a
família, sempre num sentido de integração e resgate do
potencial familiar na resolução dos problemas. AMBIENTE E TRANSFORMAÇÃO DA NATUREZA
É importante ter o cuidado de não assumir uma posi-
ção autoritária, discriminatória ou preconceituosa em rela- O homem, ao longo de sua história, foi se adaptando
ção às atitudes do adolescente. Ele precisa ser respeitado ao ambiente em que vivia, conforme suas necessidades.
e compreendido de uma forma ampla, contextualizada em Como precisava de água, morava perto dos rios para
seu meio e em sua história de vida. poder trabalhar com a agricultura, as plantações dos ali-
Só assim o profissional poderá ajudá-lo a aumentar a mentos, e manter condições de sobrevivência.
autoestima, o respeito próprio, e muitas vezes a resgatar Dessa forma, as cidades foram sendo formadas, pois
valores importantes para seu projeto de vida. as aglomerações de homens em determinadas regiões fi-
Deve-se explicar aos alunos que sexualidade não impli- zeram com que as instalações das pessoas melhorassem,
ca fatalmente o binômio pênis-vagina. Que eles não con- através da construção de casas, igrejas, locais para diver-
fundam sexual com genital. A sexualidade é ampla e difusa, são, escolas, etc.
e todo corpo humano é erótico e erotizável6. A abordagem 58 Fonte: www.agrinho.com.br – Por Darci Vieira da
da sexualidade deve ser imbuída de conhecimentos sólidos Silva Bonetto
isento de ideias preconceituosas, sem mitos ou tabus.

195
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Para que isso fosse possível, o homem teve que modi- O conjunto de atividades desempenhadas pelas socie-
ficar o ambiente natural. Dessa forma, parte da natureza foi dades continuamente promove a modificação do espaço
destruída para abrir espaço para as construções. geográfico. A partir da Primeira Revolução Industrial, o ho-
Através das construções, foram se formando as dife- mem enfatizou a retirada de recursos dispostos na nature-
rentes regiões, os países, os estados e as cidades, e sempre za a fim de abastecer as indústrias de matéria-prima, que é
prejudicando e destruindo a paisagem natural, por mais um item primordial nessa atividade, ao passo que a popula-
que o homem tentasse preservá-la. ção crescia acompanhada pelo alto consumo de alimentos e
Podemos considerar como recursos naturais o solo, a bens de consumo.
água, os seres vivos, o ar, a luz e o calor, que compõem a Com o avanço tecnológico, o homem criou uma série
formação de determinado lugar. de mecanismos para facilitar a manipulação dos elementos
da natureza, máquinas e equipamentos facilitaram a vida
O crescimento populacional dos seres humanos con-
do homem e dinamizaram o processo de exploração de
tribuiu para que grande quantidade da natureza fosse des-
recursos, como os minerais, além do desenvolvimento de
truída e isso acarretou em grandes problemas à vida do
toda produção agropecuária com a inserção de tecnologias,
planeta. como tratores, plantadeiras, colheitadeiras e muitos outros.
A poluição das cidades tem causado muitos proble- Na produção agropecuária se faz necessário trans-
mas, como a destruição da camada de ozônio, favorecen- formar o meio, pois retira-se toda cobertura vege-
do o aumento de doenças como o câncer e as doenças tal original que é substituída por pastagens e lavou-
respiratórias. ras. Dessas derivam outros impactos como erosão,
Devido ao efeito estufa, temos o aumento do calor na poluição e contaminação do solo e dos mananciais.
Terra, provocando a estiagem das chuvas, o que leva à di- Na extração mineral, o espaço geográfico é bastante atin-
minuição das águas dos rios. gido, sofrendo profundos impactos e mudando de forma
O calor excessivo tem provocado o derretimento das drástica todo arranjo espacial do lugar que está sendo ex-
geleiras, aumentando as águas dos mares e oceanos, pro- plorado.
vocando catástrofes. Nos centros urbanos, as alterações são percebidas nas
As cidades estão tão cheias, lotadas, que as favelas construções presentes, essas transformações ocorrem em
vão aumentando. Nesses locais não há condições dignas loteamentos que em um período era somente uma área de-
de moradia para as pessoas, sem saneamento básico, com sabitada e passou a abrigar construções residenciais, além
esgotos abertos, sem água tratada, causando várias doen- de áreas destinadas ao comércio e indústria. Desse modo,
nas cidades de todo mundo sempre ocorrem modificações
ças.59
no espaço, são identificadas nas novas construções, nas re-
Vejamos agora o cenário do espaço geográfico nes-
formas de residências, lojas e todas as formas de edificações.
se contexto. O espaço geográfico corresponde ao espaço
Diante dessas considerações constata-se que o espaço
construído e alterado pelo homem; e  pode ser definido geográfico não é estático, pois até mesmo a deteriorização
com sendo o palco das realizações humanas nas quais es- de um edifício ou monumento é considerado uma altera-
tão as relações entre os homens e desses com a natureza. ção do espaço e automaticamente da paisagem, por isso as
O espaço geográfico abriga o homem e todos os elemen- mudanças são contínuas e dinâmicas. O espaço geográfico
tos naturais, tais como relevo, clima, vegetação e tudo que é produto do trabalho humano sobre a natureza e todas as
nela está inserido. relações sociais ao longo da história.
O espaço geográfico em sua etapa inicial apresentava As constantes intervenções humanas no espaço causam
somente os aspectos físicos ou naturais presentes, como uma infinidade de degradação que recentemente tem se
rios, mares, lagos, montanhas, animais, plantas e toda inte- voltado contra o homem. Desse modo, a natureza está de-
ração e interdependência entre eles. O surgimento do ho- volvendo tudo aquilo que as ações antrópicas causaram. São
mem, desde o mais primitivo, que começou a interferir no vários os exemplos decorrentes das profundas alterações
meio a partir do corte de uma árvore para construção de ocorridas principalmente no último século no planeta, como
um abrigo e para caça, impactou e transformou o espaço o aquecimento global, efeito estufa e escassez de água.
geográfico. As décadas de exploração ocasionaram a extinção, so-
Nesse primeiro momento, as transformações eram mente no século XX pelo menos 15% das espécies da fauna
e da flora foram extintas.
quase que insignificantes, uma vez que tudo que se retira-
A partir das afirmativas, fica evidente que o homem ne-
va da natureza servia somente para sanar as necessidades
cessita da natureza para obter seu sustento, no entanto, o
básicas de sobrevivência, processo chamado de “meios de
que tem sido promovido é uma exploração irracional dos re-
existência”. Toda modificação executada na natureza é pro- cursos. Se continuar nesse ritmo, provavelmente as próximas
veniente do trabalho humano. gerações enfrentarão sérios problemas. Além disso, a vida
É através do trabalho que o homem é capaz de cons- de todos os seres vivos na Terra ficará comprometida, in-
truir e desenvolver tudo aquilo que é indispensável à sua clusive do homem, caso o problema não seja solucionado.60
sobrevivência. O termo “trabalho” significa todo esforço fí-
sico e mental humano com finalidade de produzir algo útil
a si mesmo ou a alguém. 60 Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br - Por
59 Por Jussara de Barros Eduardo de Freitas

196
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Meio Ambiente e Sociedade-As relações Homem-Na- mente é preciso consumir. Se um produto é lançado no
tureza mercado e tem boa aceitação, a tendência é aumentar a
A contradição nas relações Homem-Natureza consis- produção, gerando mais resíduos e utilizando mais recur-
te principalmente nos problemas dos processos industriais sos, portanto, deve-se primeiro analisar e ter consciência se
criados pelo Homem. Esse processo é visto como gerador aquele produto é necessário para a sobrevivência dos seres
de desenvolvimento, empregos, conhecimento e maior ex- humanos, sabendo que os recursos naturais são necessá-
pectativa de vida. Porém, o homem se afastou do mundo rios para a sobrevivência.
natural, como se não fizesse parte dele. Com todo esse A questão positiva é uma maior conscientização e va-
processo industrial e com a era tecnológica, a humanidade lorização do meio ambiente, mas ainda a humanidade está
conseguiu contaminar o próprio ar que respira, a água que longe de aprender a consumir e interagir com o mesmo, e
bebe, o solo que provém os alimentos, os rios, destruir flo- de entender que é um ser participante do ciclo natural e
restas e os habitats animais. Todas essas destruições colo- não o dominante.
cam em risco a sobrevivência da Terra e dos próprios seres A Ciência e a Técnica são fundamentais para a pre-
humanos. servação ou recuperação do ecossistema planetário, pois
O elevado índice de consumo e a conseqüente indus- contribuem em forma de conhecimento profundo, técnico,
trialização esgotam ao longo do tempo os recursos da Ter- científico, sobre o ciclo de vida e as complexidades do pla-
ra, que levaram milhões de anos para se compor. Muitos neta, aplicando métodos para gerar o equilíbrio entre os
desastres naturais são causados pela ação do homem no participantes. É preciso entender o planeta Terra sob todos
meio ambiente. Ao contrário de muitos que pensam que a os aspectos, formas e sentidos, conhecer para preservar. As
natureza é violenta, pode ser, mas seu maior agressor é o técnicas humanas devem funcionar e auxiliar o equilíbrio
homem, que não se deu conta de que deve sua existência das técnicas da Terra.
à ela. Alguns princípios básicos podem servir para orientar a
Todos esses processos industriais transformam o meio humanidade para o desenvolvimento de técnicas que ge-
ambiente, poluindo o ar, a água, o solo, destruindo flores- rem o equilíbrio entre os seres humanos e o mundo natu-
tas, fazendo com que muitas pessoas se afastem e não te- ral. Os humanos devem conhecer a Terra, antes de tomar
nham contato com o mundo natural, ou seja, interagindo qualquer atitude. A humanidade deve sair da bolha indus-
em equilíbrio com todos os seres do planeta. Os sentidos trial em que vive, mudar o comportamento, valorizando e
básicos do homem como o instinto, a emoção e a espiri- interagindo com o mundo natural o qual faz parte, respei-
tualidade se perdem sem essa interação com a natureza. tando as transformações do meio no seu devido tempo.
Mesmo que o homem tenha hoje uma maior cons- É importante haver um processo participativo e susten-
ciência sobre sua intervenção no mundo natural, o que tável, cada um fazendo a sua parte e respeitando o ciclo de
podemos até considerar um avanço, mediante as gran- cada ser existente no planeta. As técnicas adquiridas pelo
des degradações que já ocorreram até agora, ainda não homem devem servir para proteger o planeta, cuidar dos
há coerência suficiente. Ou seja, muitas ações deveriam ser resíduos gerados, para se proteger de alguma transforma-
colocadas em prática para a preservação do meio ambiente ção natural, e não para destruir a vida. Deve haver respeito
como um todo. O que vemos atualmente é que os índices à grandeza da natureza, reverência à Terra. Enquanto não
de degradação aumentaram, enquanto de um lado existem se aprender a celebrar a Terra, não será possível curá-la.61
muitos lutando por um mundo melhor para todos, de ou-
tro lado, a grande maioria busca seu próprio crescimento Exploração de recursos naturais e seus impactos
econômico, com o objetivo de consumir cada vez mais, e nos ecossistemas.
como conseqüência, consumir mais recursos naturais, oca- Podemos chamar de recursos naturais todos os ele-
sionando a degradação, sem se preocupar e muitas vezes mentos disponibilizados pela natureza que podem ser uti-
sem saber, que esses recursos muitos são renováveis e não lizados pelas atividades humanas. Dessa forma, as florestas,
são infinitos. o solo, a energia solar, o movimento dos ventos, os animais,
Os problemas ambientais já vêm de longa data, des- os vegetais, os minérios, a água e muitos outros são recur-
de a época em que o sistema industrial se desenvolveu na sos naturais, pois a sociedade utiliza-os economicamente.
Europa e depois se transferiu para a América do Norte, au- Inicialmente, o ser humano mantinha uma relação de
mentando cada vez mais a pressão sob o planeta. Recente- equilíbrio com a natureza. Porém, com o tempo, foram
mente, os problemas ambientais se agravaram, devido ao sendo desenvolvidas técnicas de acúmulo e plantio que
crescimento populacional desenfreado e suas vontades de permitiram ao homem que fizesse maiores transformações
viver num mundo industrial e tecnológico. O maior pro- sobre o meio e também sobre o espaço geográfico. Foi no
blema do planeta hoje, é entender e resolver as relações período Neolítico que a agricultura constituiu-se, forman-
Homem-Terra, para que se consiga viver em harmonia e em do as bases estruturais para que se firmassem as primeiras
equilíbrio com o Planeta. civilizações.
Muitos novos empresários começam seus negócios já Existem diferentes formas de aproveitar os recursos
com uma consciência ambiental, tentando utilizar o míni- naturais, tais como: a prática da agricultura, caça, pesca,
mo de recursos naturais e aproveitar os já utilizados, mas, extrativismo mineral e vegetal, entre outras atividades so-
mesmo com todas essa consciência, que já é uma conquis- cioeconômicas.
ta para o Planeta, falta a consciência para saber o que real- 61 Fonte: www.ecoviagem.uol.com.br

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A conta realizada pela ONG funciona da seguinte for-
ma: primeiro estima-se a quantidade de terra, água e ar
necessária para produzir os bens indispensáveis à vida du-
rante um ano. Depois, transforma-se este número em hec-
tares e divide-se o resultado pelo número de habitantes
do planeta. Os cálculos mostraram que cada habitante usa
2,7 hectares do planeta por ano, e que o número ideal para
que o consumo não comprometa o meio ambiente é de, no
máximo 2,1 hectares.
Se a exploração dos recursos e o consumo global con-
tinuar neste ritmo, em 2030 serão necessários recursos
equivalentes a dois planetas Terra para manter este padrão.
A extração do látex da seringueira: um exemplo de ex- Para evitar que tais previsões se concretizem, o grande
trativismo vegetal desafio é conciliar o desenvolvimento com a conservação
Com o passar dos milênios, as diferentes técnicas fo- dos recursos naturais. Para isso, além de soluções tecnoló-
ram aprimorando-se, e as sociedades foram desenvolven- gicas e políticas, é necessário que haja uma mudança de
do formas de apropriar-se mais e melhor dos elementos comportamento dos indivíduos, através do consumo cons-
da natureza, o que intensificou a exploração dos recursos ciente e atitudes ecologicamente sustentáveis.63
naturais. Essa utilização cada vez maior desses recursos po- Desde sempre, o Homem, tem vindo a precisar de re-
derá, futuramente, resultar em sua extinção. tirar, da Natureza, recursos indispensáveis à sua sobrevi-
Para melhor entender essa questão, os recursos natu- vência.
rais são classificados em renováveis e não renováveis: O avanço da ciência e da tecnologia, permitiu ao Ho-
Os recursos naturais renováveis, como o próprio nome mem ter uma qualidade de vida melhor.
indica, são aqueles que são inesgotáveis (como a luz solar Mas, com a intervenção Humana, temos vindo a assistir
e os ventos) ou aqueles que possuem capacidade de reno- a profundas alterações do equilíbrio natural dos ecossiste-
vação, seja pela natureza (a água, por exemplo), seja pelos mas.
seres humanos (os vegetais cultivados na agricultura).
Com tudo isto, é necessário fazer uma gestão susten-
Já os recursos naturais não renováveis são aqueles que
tavel dos recursos que a Natureza nos dá. Para conseguir
não possuem capacidade de renovar-se ou que a renova-
ção é muito lenta, levando milhares de anos para ser con- essa gestão, temos de defender aquilo que ainda existe
cluída. É o caso do petróleo, que leva um longo período para garantirmos o direito a uma vida saudável e produtiva
geológico para formar-se, mas é retirado rapidamente gra- em harmonia com o meio ambiente. Vejamos a relação da
ças ao desenvolvimento de técnicas específicas. Os miné- exploração de recursos naturais específicos e seus decor-
rios em geral (ouro, cobre, ferro e outros) são exemplos de rentes impactos.
recursos não renováveis que podem esgotar-se no futuro.  
É válido lembrar que até mesmo alguns dos recursos  O que são Recursos Naturais?
renováveis poderão se tornar mais escassos caso sejam uti- Um Recurso Natural é tudo o que existe na Natureza e
lizados indevidamente. A água, mesmo se renovando, pode serve para satisfazer as necessidades da Humanidade.
acabar, pois o ser humano só pode consumir a água potá- Tendo em conta a sua natureza, os recursos minerais
vel, que se diminui cada vez mais com a poluição dos rios podem-se classificar como:
e dos recursos hídricos em geral. O solo, por sua vez, caso  Recursos Minerais
não seja preservado, também pode tornar-se improdutivo.  Recursos Biológicos
As florestas sofrem com o avanço do desmatamento pelo  Recursos Hídricos
mundo, de modo a prejudicar ainda mais a disponibilidade  Recursos Energéticos.
dos bens por elas fornecidos.62 Podem ainda dividir-se em Recursos Renováveis e Re-
A exploração dos recursos naturais do planeta é fun-
cursos Não Renováveis.
damental para a sobrevivência do ser humano. Os esto-
ques destes materiais, no entanto, apesar de parecerem
abundantes e infinitos, são escassos e, se usados de forma Recursos Minerais
excessiva e desmedida, irão se esgotar. Pesquisadores aler- Os recursos minerais são concentrações de rochas e
tam que o esgotamento destas fontes pode levar a uma minerais que contituem a crusta terrestre.
extinção em massa, na qual 75% das espécies do planeta Quando existe um interesse económico rentável para
simplesmente deixarão de existir. o Homem sobre estes recursos, designam-se jazidas mi-
A utilização abusiva destes recursos – que inclui petró- nerais.
leo, carvão, gás natural, minérios, água e alimentos – já tem Os recursos minerais classificam-se em metálicos e
consequências visíveis. Foi o que mostrou a estimativa da não metálicos.
Global Footprint Network, que a cada ano calcula a cota de É possível conseguir extraí-los da crusta terrestre atra-
recursos naturais que a Terra é capaz de repor para manter vés da actividade mineira.
o equilíbrio ambiental do planeta.
62 Por Rodolfo F. Alves Pena 63 Fonte: www.pensamentoverde.com.br

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
 Consequências da utilização dos Recursos Minerais Energias Não Renováveis
A exploração mineira é a causadora de poluição am- A descoberta dos combustíveis fósseis (carvão, petró-
biental, alterando profundamente a paisagem da região leo e gás natural), alterou os padrões de vida das socieda-
onde está inserida. des humanas.
A extração dos recursos minerais do subsolo deve ser Na Natureza, os combustíveis fósseis formam-se na
feita em equilíbrio com a Natureza, de forma a salvaguar- ausência de oxigénio a partir da decomposição de restos
dar o meio ambiente para as gerações futuras. orgânicos, sujeitos a elevadas pressão e temperaturas.
  Os Combustíveis fósseis são a matéria-prima para
 Recursos Biológicos uma série de materiais do nosso cotidiano.64
Os recursos biológicos são um conjunto de materiais
e energia que o Homem pode obter a partir de outros seres
Lixo e Poluição
vivos.
Estes são explorados na: Resíduo deriva do latim residuu, que significa o que
 Agricultura sobra de determinada substância. A palavra sólida é incor-
 Caça porada para diferenciar de líquidos e gases. A palavra lixo,
 Pecuária provêm do latim lix, que significa lixívia ou resto. No Brasil,
 Pesca a norma NBR 10.004/07 atribui a seguinte definição aos
 Florestas (essencialmente para a frabicar papel). resíduos sólidos:
Resíduo Sólido é todos aqueles resíduos nos estado
 Consequências da utilização dos recursos biológicos sólido e semi-sólido que resultam da atividade da comuni-
Os recursos biológicos são considerados como ines- dade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
gotáveis, pois é possível a sua renovação. Mas a sua so- de serviços, de varrição ou agrícola. Incluem-se os lodos
breexploração (recolhem-se demasiados produtos de uma de Estações de Tratamento de Água (ETAs) e Estações de
vez só), pode levar à sua exaustão. Esgotos (ETEs), resíduos gerados em equipamentos e ins-
A perda da biodiversidade é a principal consequência
talações de controle da poluição e líquidos que não pos-
da exploração dos recursos biológicos.
  sam ser lançados na rede pública de esgotos, em função de
Recursos Hídricos suas particularidades.
Os recursos hídricos constituem a quantidade de água Qual é a diferença entre lixo e resíduos sólidos? Ne-
superficial e subterrânea que está à disposição do Homem. nhuma, antigamente os resíduos sólidos eram denomina-
A água doce do planeta é utilizada, com grande des- dos lixo e fim. Atualmente há uma compreensão que os
perdício, no consumo doméstico, na agricultura e nas acti- materiais separados, passíveis de reciclagem ou reaprovei-
vidades industriais. tamento recebem tratamento de resíduos sólidos, enquan-
Cerca de 10% da água ultilizada no Mundo destina-se to os materiais misturados e acumulados tem mais uma
ao consumo doméstico. conotação de lixo.
Os resíduos sólidos são uma das principais causas da
 Consequências da utilização dos recursos hídricos poluição do solo decorrentes dos acúmulos de embalagens
A água, apesar de ser considerada como um recurso de plástico, papel e metais, e de produtos químicos, como
natural renovável, pode vir a ser considerado como um
fertilizantes, pesticidas e herbicidas. O material sólido do
recurso limitado.
Quanto maior for o consumo de água, maiores serão lixo demora muito tempo para desaparecer no ambiente. O
os riscos da qualidade da água diminuir. vidro, por exemplo, leva em torno de cinco mil anos para se
“A água é um património que é necessário proteger, decompor, enquanto determinados tipos de plástico nunca
tratar e defender como tal.” se decompõem, pois são resistentes ao processo de biode-
  gradação promovido pelos microorganismos.
Recursos Energéticos O lixo orgânico (restos de alimentos), no processo de
Os recursos energéticos englobam uma grande varie- decomposição, gera um líquido escuro, turvo e malcheiro-
dade de fontes de energia que podem dividir-se em reno- so altamente poluente denominado de chorume (este lí-
váveis e não renováveis. quido é dez vezes mais poluente que o esgoto doméstico).
  Este efluente tem a capacidade de dissolver tintas, resinas e
Energias Renováveis outras substâncias químicas de alta toxidade contaminan-
As energias renovéveis são uma alternativa aos com- do o solo, impedindo o desenvolvimento das plantas.
bustíveis fósseis, pois são uma fonte de energia inesgotá-
No período chuvoso, em que o lixo se mistura com a
vel.
água de chuva, o chorume encontra maior facilidade de
Alguns exemplos dessa energia:
 Hidroelétrica infiltração no solo, contaminando os mananciais subter-
 Solar râneos e de superfície (rios, lagos, córregos). O chorume
 Eólica pode permanecer por décadas no solo mesmo após o en-
 Geotérmica cerramento dos lixões, exigindo ações corretivas durante
 Biomassa vários anos com o objetivo de remediar a contaminação.
 Marés. 64 Por Alice Rosmaninho/Sofia Naendralal

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Em relação aos gases provenientes da disposição do - É muito comum o lixo ser queimado para diminuir o
lixo, o metano é o componente mais problemático devido volume, evitando uma aparência desagradável e a prolife-
a sua elevada concentração (em torno de 300.000 vezes ração dos vetores. A queima de qualquer material libera
maior que a encontrada na atmosfera) exigindo técnicas sa- CO2 (gás carbônico) na atmosfera, gás tóxico em grandes
nitárias e ambientais apropriadas de controle. A concentração quantidades (o que já acontece devido à emissão por fá-
de metano superior a 5% é explosiva. O metano é o segundo bricas e carros). Além deste, outros gases, também al-
elemento causador do efeito-estufa na atmosfera.65 tamente tóxicos, são liberados na atmosfera quando o
lixo é queimado à céu aberto;
Causas e consequências
- Com a incineração, os problemas como doenças,
Atualmente, os produtos feitos pelo homem, ainda são fa-
quantidade e volume excessivos, alguns problemas de to-
bricados a partir de recursos naturais, mas passam por tantas
transformações, e são gerados em tamanha quantidade, que xicidade e má aparência são amenizados, mas ainda assim
não podem ser degradados, pela natureza em tempo hábil. é necessário destinar adequadamente o que sobrou desta
As demais espécies viventes na terra também geram resí- queima (escórias e cinzas) para evitar outros problemas,
duos, mas além de serem constituídos por matéria orgânica, pois os resíduos ainda oferecem risco potencial ao ambien-
muitas das substâncias descartadas por certos organismos são te. Durante a incineração, os resíduos são potencialmente
reutilizadas por outros como fonte de alimento. perigosos: O plástico é o pior deles. Podem-se formar, com
 Hoje o homem se viu na necessidade de fazer reciclagem, a incineração, ácidos halogenados a partir das moléculas
pois, os problemas gerados pelo acúmulo de lixo são muitos: de cloro presentes em alguns plásticos (como o PVC) que
 - Se o lixo é constantemente jogado em rios ou córregos, são responsáveis, junto com outras substâncias poluentes,
vão se acumulando a ponto de não permitir o fluxo da água pela acidificação de águas e de solos e pela síntese de dio-
para locais onde o rio é canalizado. Isto resulta nas enchen- xinas e furanos. Assim, para que este sistema seja efi-
tes; ciente, é necessário um sistema de tratamento rigoroso
- O lixo exposto ao ar, atrai inúmeros animais, pequenos
de gases (o que tem um custo muito elevado e, portanto,
ou grandes. Os primeiros a aparecer são as bactérias e os fun-
não é muito praticado);
gos, fazendo seu fantástico papel na natureza. O cheiro da de-
composição se alastra com o vento e atrai outros organismos, - O acúmulo de lixo na paisagem traz problemas de
como baratas, ratos, insetos e urubus, que além de se nutrirem ordem estética. Já pensou em morar em um bairro próximo
a partir da matéria orgânica presente no lixo, se proliferam, a um lixão? As áreas próximas a lixões ou até mesmo
pois o local também lhes oferece abrigo. Estes animais são aterros sanitários perdem seu valor monetário;
veiculadores (vetores) de muitas doenças, podendo citar-se - Além disso, o acúmulo de lixo em determinada re-
a febre tifóide, a cólera, diversas diarréias, disenteria, tracoma, gião impossibilita o uso do espaço para outras finalida-
peste bubônica; des (cada tonelada de lixo solto, isto é, sem sofrer compac-
- Quando o lixo se acumula e permanece por algum tem- tação, ocupa um volume entre 3 e 5m3).66
po em determinado local (solo), começa a ser decomposto por O uso de incineração produz fuligem e gases. Esta fu-
bactérias anaeróbicas, resultando na produção de chorume, maça provoca muitos problemas alérgicos na população,
que é 10 vezes mais poluente que o esgoto. Isto por que o principalmente entre as crianças. Em termos ambientais a
chorume dissolve substâncias como tintas, resinas e outras
queima do lixo destrói todas as propriedades coloidais e
substâncias químicas e metais pesados de alta toxicidade,
outras que são benéficas ao condicionamento dos resíduos
contaminando o solo e impedindo o crescimento das plan-
tas, ou fazendo com que estas substâncias se acumulem na nos solos. A queima de plásticos e isopor emite gases que
cadeia alimentar; poluem a atmosfera causando doenças e contribuindo para
  - Quando chove, o solo se torna mais permeável e os lí- o efeito estufa. A falta de coleta pública leva as populações
quidos que saem do lixo podem chegar até os lençóis freáticos também a enterrarem o lixo.
e águas subterrâneas (processo conhecido como lixiviação), O lixo é também o ambiente perfeito para a prolife-
poluindo águas de rios que servem de habitat para inúme- ração de doenças. Quando disposto no solo sem nenhum
ras espécies e fonte de água para muitas outras, inclusive o tratamento, o lixo atrai dois grandes grupos de seres vi-
homem. A poluição pelo lixo pode chegar até o oceano vos: os macro-vetores e os micro-vetores. Fazem parte do
atingindo mais e mais espécies, causando considerável de- grupo dos macro-vetores as moscas, baratas, ratos, por-
sequilíbrio ecológico; cos, cachorros, urubus. O grupo dos micro-vetores como
- Mesmo que os resíduos sólidos não sejam queimados, o as bactérias, os fungos e vírus são considerados de grande
material orgânico em decomposição gera, além do chorume, importância epidemiológica por serem patogênicos isto é,
gás metano (CH4) e outrosgases (como o gás sulfídrico), que
causadores de doenças e nocivos ao homem.
causam odores desagradáveis, escurece a pintura dos edifí-
Estes vetores são causadores de uma série de moléstias
cios vizinhos e se torna explosivo quando colocado em um
depósito próximo ou outro espaço fechado. Além disso, como diarréias infecciosas, amebíase, febre tifóide, malária,
algumas pessoas podem vir a desenvolver doenças res- febre amarela, cólera, tifo, leptospirose, males respiratórios,
piratórias; infecções e alergias, encontrando no lixo um dos grandes
responsáveis pela sua disseminação.
65 Fonte: www.ecodebate.com.br – Por Roberto Naime 66 Fonte: www.reciclandooplaneta.webnode.com.br

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A leishimaniose, considerada pela Organização Mun- • RECICLAR – Cada item reciclado significa menor
dial de Saúde (OMS) como uma das doenças infecciosas consumo de água, energia elétrica, matéria-prima e desflo-
mais perigosas, vê a sua transmissão favorecida pelo acú- restamentos em geral. Prefira produtos que não agridam
mulo de lixo nos terrenos baldios e lixões que são locais ao meio ambiente e colabore implantando a coleta seletiva
extremamente favoráveis à reprodução e desenvolvimento em sua casa ou condomínio.
do mosquito transmissor. • REUTILIZAR – Desenvolva a cultura da reutilização.
Outra enfermidade bastante conhecida dos brasileiros Caixas de papelão, embalagens vazias podem ter outras
é a dengue. Transmitida pela picada do mosquito Aedes utilidades, antes de enviá-las à reciclagem ou aterro.
Aegypti, a doença pode levar à morte. As larvas reprodu- • REEDUCAR – É manter-se informado sobre as
zem-se principalmente em pneus velhos, vasos de plantas, questões ambientais. A ignorância ambiental é a maior
garrafas e outros locais onde a água da chuva fica acumu- ameaça à sustentabilidade do ser humano na Terra.
lada. O sistema de coleta de lixo deve ser visto como uma • REPLANEJAR – É rever nossos gastos e hábitos,
medida preventiva, pois impede o acúmulo desses tipos de nosso estilo de vida e consumismo.
materiais próximos a população.
Uma das principais conclusões assumidas a nível inter- Cada coisa no seu lugar
nacional é a recomendação de se investir em uma mudan-  PILHAS E BATERIAS
ça de mentalidade e valores, sensibilizando as populações Se fizer um passeio rápido pela sua casa e visitar quar-
para a necessidade de se utilizar novos pontos de vista e tos, cozinha, sala e banheiro, talvez você não perceba que
novas posturas diante dos dilemas referentes à degradação todos esses ambientes têm objetos que trazem algo em
ambiental. comum: pilhas ou baterias. Independentemente do tipo ou
Resolver o problema dos resíduos sólidos pode signi- do tamanho, o estrago que esses itens causam à natureza
ficar muito menor demanda por serviços de saúde. A OMS e ao homem vem dos metais cádmio, chumbo e mercúrio.
estima que para cada dólar investido no saneamento bá- Quando entram em contato com o solo, a contaminação
sico, do qual a gestão de resíduos sólidos é um dos prin- é certa e se estende às plantas e animais que vivem nes-
cipais itens, mas não o único, podem ser economizados 4 ses locais. O mesmo raciocínio vale para nós, uma vez que,
dólares na gestão dos serviços de saúde. eventualmente, podemos ingerir alimentos contaminados
Resíduos: A importância do descarte correto em algum momento da cadeia produtiva.
Onde estão: controles remotos, filmadoras, máquinas
LIXO E RESÍDUOS, QUAL A SOLUÇÃO? fotográficas, telefones fixos e sem fio, celulares, mp3s, bar-
A sociedade está consciente dos malefícios causados beadores, brinquedos, lanternas, rádios, notebooks, calcu-
pelo lixo e resíduos como poluidores do meio ambiente ladoras, aparelhos de DVD, relógios e outros produtos que
através da degradação física, química, biológica e mesmo usem pilhas ou baterias comuns e recarregáveis.
estética que causam nas áreas em que são descartados. Como descartar: envolva a pilha ou a bateria em um
Para resolvermos um problema, primeiramente deve- saco plástico, separando-o do lixo comum, e deposite em
mos conhecê-lo e reconhecê-lo, começando por suas de- postos de coleta específicos. Se preferir, devolva-os à loja
finições: em que você comprou. As empresas de celulares Tim, Vivo
  e Motorola também recebem esses materiais. Procure não
RESÍDUO: é o material descartável resultante de um adquirir pilhas e baterias de origem desconhecida ou pi-
processo qualquer, portanto elementos ainda limpos e ratas.
identificáveis;
LIXO: é o resíduo descartável de um processo e identi- ÓLEO DE COZINHA
ficado como tal ou uma mistura de resíduos. Ao ser jogado pelo ralo da pia ou mesmo no vaso sani-
  tário, o óleo de cozinha pode se acumular na rede de esgo-
Portanto, se não misturamos os resíduos, estes não se to e, se cair em rios e córregos, impedir a entrada de oxigê-
tornarão lixo; serão identificados e poderão ser reciclados. nio e luz na água, ocasionando a morte de peixes e plantas.
Este é o principio importante da sustentabilidade ambien- Já o lubrificante é altamente tóxico ao meio ambiente.
tal. Como descartar: a primeira coisa a fazer é separar uma
Destas premissas se originou a teoria dos 5 Rs, ou seja, garrafa plástica para armazenar o óleo utilizado. Quando
as 5 atitudes que devemos tomar para colaborar com o estiver cheia, leve-a a postos de coleta autorizados. A rede
meio ambiente quanto aos resíduos e ao lixo: de lojas de produtos naturais Mundo Verde possui pontos
  de coleta no Rio de Janeiro, em São Paulo e Alagoas. O
REDUZIR,RECICLAR,REUTILIZAR,REEDUCAR e REPLA- grupo Pão de Açúcar recolhe óleo de cozinha nas chama-
NEJAR das Estações de Coleta de Óleo, que podem ser encontra-
• REDUZIR - É a melhor forma de evitarmos danos das em alguns supermercados, como Pão de Açúcar, Extra
ambientais. Reduzindo o consumo estaremos consumindo e Compre Bem. Em São Paulo, qualquer agência da SABESP
menos água, energia e matéria-prima e diminuindo a pro- recebe o refugo.
dução de lixo.

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
LIXO ELETRÔNICO (ELETRÔNICOS E ELETRODOMÉSTI- Quais são: lâmpadas fluorescentes (geralmente usa-
COS) das em escritórios), compactas (econômicas) e mistas.
Talvez você esteja pensando em comprar um micro Como descartar: procure colocar as lâmpadas em caixas fe-
-ondas novo, um fogão ou mesmo em trocar o celular e chadas e separadas do lixo comum. Informe-se na prefeitu-
aquelas televisões antigas (enormes!) por modelos mais ra de seu município se há pontos de coleta do material. No
modernos, que atiçam muito o nosso desejo de consumo. Rio de Janeiro, por exemplo, existe uma lei municipal que
Porém, livrar-se dessas bugigangas eletrônicas requer um obriga os estabelecimentos que comercializam lâmpadas
pouco de atenção, já que possuem componentes como manter recipientes para recolhimento.
cádmio, chumbo e níquel. Esses metais pesados são alta-
CONSUMO CONSCIENTE
mente tóxicos e podem contaminar o solo e o lençol freá-
Pare e pense em quantos objetos você compra, usa e
tico se forem jogados no lixo comum. Além desses, outros
joga for a diariamente. Saberia dizer quais eram realmente
materiais, como plástico, vidro e borracha, que também necessários? Você usou-os no mesmo instante ou só de-
compõem esses aparelhos, demoram muito a se decompor pois de semanas ou meses? Essas perguntas podem até
no meio ambiente. Nas geladeiras mais antigas, há ainda parecer simples, mas ajudam muito na hora da decisão.
outro perigo: o CFC, um gás tóxico usado no processo de “Devemos pensar no descarte assim que escolhemos o
refrigeração que ataca e destrói a camada de ozônio. produto”, avisa Heloisa Mello. “O ideal é priorizar os que
O que são: computadores, teclados, mouses, celulares, tenham durabilidade e uso imediato.
televisores, micro-ondas, fogões, geladeiras, ipods, mp3s, Além disso, dê preferência às empresas que os fabri-
ares condicionados, chips, notebooks, máquinas fotográfi- cam com sustentabilidade”, reforça Dinah Monteiro Lessa.
cas, filmadoras e geladeiras. Por exemplo, observar se as embalagens são feitas de ma-
Como descartar: nunca misture esses aparelhos com o teriais recicláveis e se a empresa as recolhe quando perdem
lixo comum ou doméstico. Para descartá-los, entre em con- a utilidade já ajuda nessa missão. “As pequenas atitudes
tato com o fabricante e se informe se ele recebe o produto individuais resultarão em grande diferença. Se cada um fi-
zer a sua parte, a consequência será gigantesca”, ressalta
de volta, como é o caso da Tim, da Vivo e da Motorola,
Heloisa Mello.
que fazem isso em todas as suas lojas. Também oferecem
O esforço de todos colabora e, com a nova lei de re-
esse serviço empresas de informática como Canon, HP, síduos sólidos, o caminho começa a ser traçado de forma
Dell, Philips e Itautec. O grupo Whirlpool, responsável pela mais rápida. Agora, os fabricantes de eletrônicos, eletro-
Brastemp e Consul, possui coleta dos eletrodomésticos ex- domésticos, lâmpadas, óleos lubrificantes, pilhas e baterias
clusivamente na cidade de Joinville (SC). deverão recolher seus produtos após o término de sua vida
útil.
REMÉDIOS Todo ser vivo precisa de ar, água e alimento para viver.
Ao abrirmos a caixa de remédios que guardamos com Tudo o mais que consumimos é supérfluo e se destina ao
tanto cuidado, não é difícil encontrarmos alguns com a va- nosso conforto e comodidade. A busca do conforto é ine-
lidade vencida. Essa cena se repete com frequência, já que rente ao ser humano, mas a comodidade é preguiça.67
raramente consumimos o conteúdo todo. Após passarem
do prazo, geralmente se juntam ao lixo comum. Perigo:  Podemos auxiliar a demanda ambiental com peque-
nos gestos. Alguns exemplos: 
esse tipo de produto contém substâncias químicas que
• Prefira recicláveis, principalmente embalagens. Ve-
podem contaminar o solo e as águas quando jogado nos
rifique se a embalagem do produto é sustentável, ou seja,
aterros sanitários. não agride o meio ambiente ou pode ser reciclada.
Como descartar: o descarte dos medicamentos venci- • Procure utilizar o mais possível os produtos indis-
dos deve ser feito, de preferência, com a própria embala- pensáveis, conscientizando-se da agressão ambiental que
gem. Em São Paulo, podem ser levados às Unidades Básicas ele provoca.
de Saúde (UBS); em outras regiões, você deve procurar os • Procure informações sobre o assunto de Meio
Centros de Atendimento Público de Saúde, que deverão Ambiente e divulgue-as entre seus pares, reeducando a so-
dar orientações sobre a destinação final dos remédios. ciedade e auxiliando na sustentabilidade ambiental.
• Planeje o que fazer com seus RESÍDUOS; não os
LÂMPADAS misture transformando em LIXO. Separando o lixo seco do
Responsáveis por iluminar a escuridão da noite, esses úmido já estará começando bem. Todo lixo seco poderá
delicados objetos contêm uma perigosa substância: o mer- ser separado novamente, identificado e ter uma destinação
cúrio. Armazenado dentro da lâmpada, em estado de va- final adequada. O lixo úmido poderá ser decomposto pro-
duzindo matéria orgânica, excelente produto à agricultura.
por (mesmo que em pequena quantidade), o mercúrio é
• Seja ambientalmente consciente use a teoria dos
um metal tóxico. Quando a lâmpada queima, esse metal se
5 Rs.
dispersa, impregnando os materiais sólidos e ficando pro-
tegido apenas pelo vidro, que passa a ter resíduos tóxicos 67 Fonte: www.planetasustentavel.abril.com.br - Por Pa-
capazes de contaminar o solo e a água. tricia Bernal

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Aos poucos as indústrias mais conscientes percebem Em 1971, Lei 5692 aponta para o ensino de primeiro
que o resíduo, proveniente de seus processos de produ- e segundo graus uma orientação para a educação técni-
ção, é perda e consequentemente prejuízo. Se diminuem o co-profissional, atribuindo menor importância à formação
consumo adquirindo o estritamente necessário, reduzindo geral do aluno - esta entendida como conhecimento de
perdas, reciclando resíduos ou reutilizando e descartando aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos da reali-
de maneira sustentável, geram economia de escala e sus- dade em que vive o educando.
tentabilidade ambiental.68 As disciplinas consideradas não-técnicas, como Histó-
  ria, Geografia, Filosofia, Psicologia, Sociologia, destinadas
prioritariamente à formação geral do estudante, têm sua
ESTUDOS SOCIAIS: ECONOMIA E POLÍTICA NO carga horária diminuída para dar lugar às disciplinas consi-
BRASIL. deradas técnicas. Em meio a essa orientação, vemos surgir
Estudos Sociais como componente do Núcleo Comum de
primeiro e segundo graus, juntamente com a Comunica-
A idéia da introdução de Estudos Sociais nas escolas ção e Expressão e Ciências, conforme fixa o Parecer 853, do
brasileiras como área de estudo antecedeu a Lei Federal Conselho Federal de Educação.
5692/71, que estabelece Estudos Sociais, Comunicação e Desde então, Estudos Sociais têm sido alvo de críticas
Expressão e Ciências como componentes do Núcleo Co- por parte de educadores em geral, pelo caráter superficial e
mum de primeiro e segundo graus. disciplinar que adquiriram na prática, descaracterizando os
Estudos Sociais foram introduzidos no currículo da es- conteúdos específicos de História e Geografia, redundando
cola elementar por volta de 1930, quando Anísio Teixeira em inegável empobrecimento na formação do aluno - ex-
ocupava a chefia do Departamento de Educação da Secre- periência bem diferente daquela desenvolvida nos Colégios
taria de Educação e Cultura do Distrito Federal, desenvol- Vocacionais, nos quais Estudos Sociais desempenhavam a
vendo um trabalho que refletia sua prolongada estadia nos
função de uma área-núcleo, integrando conteúdos de dis-
Estados Unidos.
Presentes nos programas de ensino americano desde o ciplinas que se mantinham como campos autônomos.
século XVIII, Estudos Sociais tiveram posteriormente, com Um dos mais sérios problemas que se levantam em re-
o projeto político “New Deal” de Roosevelt (democrata lação a Estudos Sociais, tal como são normalmente traba-
vencedor das eleições de 1932), seus objetivos definidos lhados nas escolas de 1º grau, é a insatisfatória “somatória”
basicamente como “... instrumento de preparo do futuro ci- de campos de estudo diferentes, que têm conteúdos e mé-
dadão, antes de assumir o seu papel social e profissional. O todos diferentes, numa única disciplina. A interdisciplina-
conteúdo cívico foi mais funcional e menos contemplativo, riedade é considerada positiva, enriquecedora em termos
mais prático do que teórico”. Encontramos em diferentes educacionais, mas não deve ser confundida com a tentativa
programas de curso de escolas norte-americanas temas de fusão de conhecimentos diferentes num conteúdo úni-
como: Lar, Escola e Bairro; História da Nossa Comunidade; co a partir da diluição de campos de estudo.
Direitos e deveres do Cidadão; A Constituição Americana; A integração, a multiplicidade de enfoques, deve ocor-
Trabalhando em Conjunto na Nossa Comunidade; Ameri- rer ao nível do conhecimento da realidade, dando-se aten-
canos Ilustres; Início e Crescimento da Nossa Nação, entre
ção a seus diferentes aspectos, e não a nível da junção de
outros.
Note-se que prevalece a preocupação com aspectos informações.
utilitários da formação do cidadão, com a adaptação deste Por exemplo, ao estudarmos uma determinada região
à sociedade - e não necessariamente com a compreensão e geográfica do Brasil, não nos devemos preocupar somente
possível questionamento do meio social em que vive. com a descrição de seus aspectos físicos. Também é impor-
Estas concepções básicas de Estudos Sociais na edu- tante explorar com os alunos as relações entre esses aspec-
cação americana estão presentes na proposição de Anísio tos físicos e o tipo de atividade econômica e comercial de-
Teixeira para um programa de Estudos Sociais no Brasil, pu- senvolvido na região, as transformações ocorridas naquele
blicado em 1934. espaço físico através do tempo, os hábitos alimentares da
A presença de Estudos Sociais nos currículos das esco- população relacionados à atividade econômica, a cultura
las brasileiras variou bastante, ocorrendo quando dispositi- desenvolvida por ela. Enfim, é preciso considerar de forma
vos legais o permitiam. Pela Lei 4024 de 1961, que traçava global o modo de vida das pessoas que vivem e interagem
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Estudos Sociais nesta determinada região geográfica, o qual certamente
passaram a figurar entre as disciplinas optativas sugeridas difere do modo de vida dos moradores de outra região,
pelo Conselho Federal de Educação, para o ensino médio. fisicamente muito diferente da focalizada.
Pelos registros conhecidos dessas experiências, sabe-se A tentativa de integração, quando não considera os
que Estudos Sociais eram entendidos como área-núcleo, múltiplos aspectos da realidade, frequentemente resulta
integrando e dinamizando o conteúdo de várias disciplinas,
numa abordagem estanque e fragmentada, ou seja, o tema
com a participação básica de História e Geografia.
abordado termina sendo tratado separadamente pelos di-
68 Fonte: www.brasil.thebeehive.org - Por José Mauro versos campos de estudo, não se captando o movimento,
Oliveira Araújo  as transformações e a inter-relação entre os fatores existen-
tes na realidade focalizada.

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Várias pesquisas têm demonstrado que o livro didático processo. As possibilidades de intervenção estariam aber-
tem um papel importante no trabalho do professor, apon- tas em decorrência da própria postura assumida frente à
tando um programa a ser seguido, uma metodologia a ser realidade, em decorrência do espaço que se abre quando
empregada, atividades a serem desenvolvidas. E, quando se toma a realidade como algo em permanente construção
o livro é empregado sem uma prévia análise criteriosa, sua e movimento.
participação no processo de ensino-aprendizagem pode A perspectiva na qual acreditamos e que assumimos
ser desastrosa. neste livro é a apontada pela segunda colocação. Ou seja,
O livro didático precisa ser localizado no contexto mais acreditamos que Estudos Sociais podem e devem ser de-
amplo do projeto educacional de um país, pois normal- senvolvidos de modo a propiciar ao aluno a reflexão sobre
mente os livros didáticos refletem o que se pretende com um mundo que está sendo construído - e do qual o aluno
determinada disciplina no currículo escolar. Assim, se en- faz parte - que está em movimento, que está permeável à
tendemos que a disciplina Estudos Sociais, pela Lei 5692, participação dele como sujeito. Ao mesmo tempo que aler-
foi direcionada para uma abordagem mais superficial e tamos para o “lado pobre” de Estudos Sociais, apontando
menos preocupada com a efetiva formação global do alu- as limitações de certas colocações, desenvolvemos mais e
no, não podemos esperar que os livros didáticos referentes insistimos nas possibilidades de enriquecimento oferecidas
à matéria contenham orientações radicalmente diferentes por esta área de estudo.
destas. Acreditamos que é possível fazer um bom trabalho em
O que se observa é que grande parte dos livros de Es- Estudos Sociais quando se parte de questões da realida-
tudos Sociais mostram a realidade social como algo está- de vivida pelo aluno; quando se oferecem condições para
tico, sem movimento, acabado, impermeável a questiona- que o estudante estabeleça relações diretas com o meio
mentos em geral. Nessa concepção de sociedade, a atua- focalizado - observando, coletando e discutindo dados,
ção das pessoas se restringe ao cumprimento individual de estabelecendo e ampliando relações entre informações
seus direitos e deveres, abrindo-se exceção apenas aos he- etc.; - quando se enfatizam a pesquisa e o estudo por parte
róis que individualmente fazem a História, o que expressa do aluno; quando se contribui para que o aluno perceba a
uma visão ultrapassada de História. globalidade do movimento da sociedade; quando se ex-
O conteúdo de Estudos Sociais apresentado nos livros
ploram com o aluno as dimensões tempo, espaço e rela-
são abordagens muito gerais e superficiais dos aspectos
ções sociais, sempre presentes em Estudos Sociais; quan-
históricos, geográficos e econômicos de um tema focaliza-
do se possibilita que o aluno se expresse frente aos temas
do. A superficialidade do conteúdo se apresenta associada
em discussão; enfim, quando se privilegia a participação
à forma de estudá-lo, configurada por um caráter mecâni-
do aluno na construção de suas próprias experiências de
co e repetitivo, presente nas atividades propostas nos livros
aprendizagem.
didáticos.
Entendemos que um trabalho significativo e enrique-
O QUE ENTENDEMOS POR ESTUDOS SOCIAIS. cedor a área de Estudos Sociais será possível se, desde os
Estudos Sociais têm como objeto de estudo, em últi- primeiros anos de escolarização, trabalharmos com os alu-
ma instância o conhecimento da realidade social cultural, nos as noções de tempo, espaço e relações sociais, que con-
histórica e política em que vive o aluno. Assim, é uma área tribuem para que a criança entenda a sua participação no
de estudo que tem potencialmente uma grande responsa- meio em que vive. Estas noções, quando bem trabalhadas
bilidade na formação de atitudes por parte do aluno, em nas séries iniciais do primeiro grau, levarão o aluno a uma
relação a essa realidade. Ou seja, Estudos Sociais abordam apreensão mais global do sentido de História e Geografia,
questões – pelo menos em princípio – muito próximas dos facilitando a aquisição de conceitos fundamentais dessas
alunos, que têm relação estreita com sua experiência de disciplinas.
vida. Em decorrência da complexidade inerente à apreensão
A maneira como o professor - auxiliado pelo material das noções espaço e tempo, a preocupação básica das dis-
didático - trabalha, explora e discute os elementos dessa ciplinas das primeiras séries deve ser o desenvolvimento de
realidade com o aluno interfere na sua maneira de analisá tais noções junto ao aluno, partindo sempre da realidade
-la e de se posicionar diante dela. vivida por ele.
Fundamentalmente, os dados da realidade podem ser  
abordados tanto de maneira estática e fragmentada, sem 4 - O LIVRO DIDÁTICO EM ESTUDOS SOCIAIS
que haja interação entre suas partes, como de maneira Ao apontarmos as limitações de alguns livros didáticos
dinâmica, inter-relacionada. A primeira abordagem meto- de Estudos Sociais largamente adotados, queremos deixar
dológica certamente traduziria uma preocupação voltada claro que não estamos condenando o uso do livro didático
para a descrição, enumeração, catalogação dos elementos em si. Acreditamos que possa ser um instrumento valioso
da realidade. A interação do aluno com a realidade apre- para o professor, se ele se preocupar em escolher o livro
sentada desta maneira dificilmente resultaria numa atua- com bastante critério e em utilizá-lo adequadamente.
ção efetiva do meio. É fundamental que tenhamos muito cuidado na esco-
Na segunda abordagem, a preocupação seria voltada lha do livro didático a ser usado em sala de aula a fim de
para a explicação, a busca das relações entre os dados da que este material não trabalhe em direção contrária à nossa
realidade, a transformação do real. E nesta perspectiva se- postura metodológica. Muitas vezes encontramos profes-
guramente estaria incluída a participação do aluno nesse sores que acreditam estar desenvolvendo uma metodolo-

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
gia que de fato envolve o aluno como sujeito do processo Acreditamos que estes critérios a serem observados na
de ensino e aprendizagem, mas, inadvertidamente, usam análise do livro didático - associados a outros que a expe-
um livro didático que não contribui de maneira eficaz para riência do professor pode vir a incorporar - podem ser de
a efetivação de sua postura metodológica. grande utilidade para uma melhor avaliação quanto à qua-
Na medida em que acreditamos que o aluno deva par- lidade do manual a ser adotado pelo professor.
ticipar efetivamente da prática educativa, e, também - com Coerentes com o que entendemos por Estudos Sociais,
a contribuição de Estudos Sociais, inclusive -, ter uma atua- devemos procurar “pistas” ‘de que o livro se preocupa com
ção no meio em que vive, chamamos a atenção para alguns o envolvimento, a participação, a contribuição do aluno
pontos que devem ser observados no livro a ser adotado, no processo de ensino aprendizagem; de que o estimule
para que ele se inclua coerentemente nesse processo. Neste a pesquisar, analisar, compreender, enfim, a realidade em
sentido, consideramos importante apontar alguns indicado- que vive – que é, afinal, o “conteúdo” essencial de Estudos
res para orientação na escolha de um livro didático, ou seja, Sociais.
sugerimos que um manual didático seja examinado levando
O professor precisa ter claro que o texto didático é um
em consideração:
complemento para seu trabalho - e não sua única ferra-
a) Nível de abordagem da realidade desenvolvida pelo
autor: dependendo da concepção que tenha frente à realida- menta. Infelizmente, grande número de professores se sa-
de focalizada, o autor desenvolve no livro uma determinada tisfaz em transmitir o conteúdo apenas através do livro di-
discussão, uma determinada interpretação dos dados dessa dático, limitando as atividades de suas aulas aos exercícios
realidade. Essa abordagem do real - que basicamente pode mecânicos sugeridos por ele.
ser feita de maneira ou estática, fragmentada, ou dinâmica, Na medida em que o professor compreender efetiva-
respeitando a inter-relação entre as partes - reflete e interfere mente que o livro didático é um dentre outros - ponto de
no modo como o aluno vai conhecer, interpretar, discutir e se referência para ele próprio e para o aluno; na medida em
posicionar frente à realidade. que o professor se preocupar realmente em adotar um livro
b) Valores e opiniões explícitos – ou implícitos – no texto: que estimule a participação e envolvimento do aluno no
a colocação de opiniões de maneira emocional, muito sub- processo de ensino-aprendizagem; na medida em que o
jetiva, é inadequada a um texto didático e prejudicial para o professor mantiver uma postura de independência e auto-
aluno como instrumento de conhecimento da realidade. nomia em relação ao livro ‘e a qualquer material didático,
c) Orientação para o desenvolvimento de atitudes inova- acreditamos que a relação entre professor e aluno, e a re-
doras, por parte do aluno, no meio em que vive: é importante lação deles com o assunto estudado, será qualitativamente
que haja, no livro, análises, interpretações e discussões que superior, o que significará certamente um enriquecimento
potencialmente estimulem o aluno a atuar e eventualmente da prática educativa.
alterar as situações focalizadas no texto. A inexistência dessa
5. Os critérios propostos tornam-se mais claros quan-
orientação sugere que as possibilidades de atuação e altera-
do se conhece um trabalho de análise de livros onde: eles
ção praticamente inexistem.
d) Estímulo à criatividade: a dimensão de criatividade de- são empregados. Sobre: esses critérios e sua aplicação na
verá estar presente no livro. Criatividade entendida não como análise de manuais didáticos de Estudos Sociais, ver Eloisa
prática absolutamente inédita onde o aluno “inventa” e des- M. Höfling. Op.cit.69
cobre tudo, a cada momento - o que seria irreal na nossa rea-
lidade educacional. Criatividade entendida, sim, como enco- A grande extensão territorial do Brasil proporciona
rajamento a idéias originais expressas pelo aluno, experiência possibilidades para a execução de várias atividades eco-
individual do aluno colocada como ponto de partida para nômicas. Além da existência de riquezas minerais, a sua
interpretações próprias, curiosidade de um modo geral, etc. grande extensão territorial pode ser destinada à atividade
e) Valorização da opinião do aluno: é importante analisar agropecuária.
se realmente a opinião do aluno é solicitada, se realmente O Brasil é um país que apresenta uma economia só-
são possibilitadas as condições para que ele se manifeste nas lida, é exportador de uma grande variedade de produtos,
diferentes atividades sugeridas no livro e não se limite a repe- fato que fortalece sua economia. As atividades de agro-
tir as idéias e até mesmo as palavras do autor. pecuária, indústria e serviços são bem atuantes e contri-
f) Valorização do desenvolvimento das capacidades inte- buem para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
lectuais do aluno: o aluno deverá ser solicitado a observar, Em 2008, o PIB brasileiro apresentou crescimento de 5,1%
interpretar, analisar, sintetizar, etc. para a compreensão do em relação à produção de 2007, a quantia totalizada foi de
texto e execução dos exercícios do livro didático, e não so-
R$ 2,889 trilhões.
mente a preencher espaços em branco ou assinalar um X na
alternativa correta. As exportações atingiram em 2008 a quantia de US$
g) Oportunidades para reformulação de idéias apresen- 197,9 bilhões, e as importações US$ 173,2 bilhões, o saldo
tadas no texto a partir de experiências e vocabulário próprios da balança comercial (diferença entre exportação e impor-
do aluno: a possibilidade de o aluno interpretar, reelaborar tação) foi de US$ 24,7 bilhões, ou seja, o país exportou mais
e reformular, a partir de seus próprios referenciais, o texto que importou.
que lê, pode significar oportunidade a mais de desenvolver Os principais produtos que o Brasil exporta são: mi-
e exercitar a disponibilidade para agir sobre situações que nério de ferro, aço, soja e derivados, automóveis, cana-de
lhe são apresentadas. E importante verificar se no livro di- -açúcar, aviões, carne bovina, café e carne de frango.
dático esta possibilidade aparece 5. 69 Fonte: http://www.pead.faced.ufrgs.br

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Os produtos mais importados pelo país são: petró- A visão clássica das ciências sociais e sua limitação
leo bruto, produtos eletrônicos, peças para veículos, medi- A visão clássica das ciências sociais era a de que a so-
camentos, automóveis, óleos combustíveis, gás natural e ciedade se organizava, basicamente, para a produção e
motores para aviação. a apropriação de bens, e daí decorria tanto as diferentes
O Brasil, juntamente à Argentina, Uruguai e Paraguai, formas de organização social quanto as diferentes formas
forma o bloco econômico denominado Mercosul (Merca- de organização do Estado. A sociedade, entendida como a
do Comum do Sul). Além desse bloco econômico, o Brasil trama de relacionamento entre grupos sociais - classes, re-
também integra a OMC (Organização Mundial de Comér- giões, grupos lingüísticos, culturais, étnicos - deveria sem-
cio). pre ser entendida em função do jogo de interesses econô-
Cada região brasileira apresenta especificidades nas micos que tinha por detrás. A política, expressa através da
atividades econômicas, são elas: disputa partidária, e materializada no controle do Estado,
era a expressão do conflito de interesses econômicos, e da
Norte dominação de uma classe social sobre as demais.
A economia da região Norte baseia-se, principalmente, No seu tempo, este entendimento das relações entre
no extrativismo vegetal de produtos como madeira, látex, economia, sociedade e política foi revolucionário, na medi-
açaí e castanha. A atividade de mineração também é muito da em que propunha uma inversão total da visão tradicio-
forte na região, principalmente extração de ferro, cobre e nal de encarar a organização da sociedades humanas, que
ouro. Merece destaque também a Zona Franca de Manaus. punha ênfase seja no seu ordenamento jurídico, seja em
seus valores religiosos e morais, seja nas qualidades pes-
Nordeste soais de seus líderes. Esta visão revolucionária não ficou
A economia dessa região é bem diversificada, o turis- restrita aos políticos ou intelectuais da tradição marxista,
mo é muito forte, há uma grande presença de indústrias, para os quais todos os fenômenos sociais e políticos devem
agronegócio e exploração de petróleo. A cana-de-açúcar é ser, em última análise, referidos à esfera do econômico; ela
o principal produto agrícola da região. também domina, e talvez de forma até mesmo mais radical,
entre os economistas da tradição liberal, ou clássica, que
Centro-Oeste buscam utilizar a lógica do cálculo do interesse econômico
para todas as esferas da atividade humana.
A economia gira em torno da agropecuária (plantações
Basta olharmos para a realidade do Brasil de hoje, no
de soja, milho, entre outros), pecuária bovina e indústrias.
entanto, para verificarmos quão insuficiente é esta visão
economicista da realidade em que vivemos. Seria insano
Sudeste
menosprezar a gravidade dos problemas econômicos pe-
Apresenta o maior parque industrial do Brasil. Abriga
los quais passamos - as dívidas externa e interna, os baixos
as maiores montadoras e siderúrgicas do país. Os serviços
níveis de investimento, a especulação financeira, o desem-
e o comércio são bem sofisticados e diversificados, além de
prego, a pobreza absoluta de grande parte da população -
representarem a principal atividade econômica da região.
e as restrições e os condicionantes que eles colocam sobre
o futuro que nos espera. O que eu quero enfatizar é que a
Sul lógica econômica não basta para entender como chega-
A maior parte das riquezas provém do setor de ser- mos à situação em que nos encontramos, e não acredito
viços, o ramo industrial é representado, principalmente, que será suficiente para nos ajudar a sair dela.
pelos setores metalúrgico, automobilístico, têxtil e alimen-
tício. A agropecuária é bem forte na região.70 A visão contemporânea.
Hoje sabemos que a sociedade e a política não são fe-
Economia, sociedade e politica no Brasil nômenos redutíveis ao econômico, mas que têm sua di-
Seria difícil pensar em um tema tão abrangente quanto nâmicas próprias, que devem ser entendidas e estudadas
este, o da “Economia, Sociedade e Política no Brasil”. Para nelas mesmas, e não em função de outras realidades; mais
não me perder completamente, creio que devo entendê-lo ainda, sabemos que é no entendimento da interação entre
como uma proposta de examinar, em termos bastante am- estas esferas que está a chave para o entendimento mais
plos, como se dão as relações entre estas três esferas da adequado de nossa realidade. Sabemos, ainda que a inte-
atividade humana em nosso país, e, mais particularmente, ração entre economia, sociedade e política não se dá no
na conjuntura especial que estamos vivendo. Ainda assim o vazio, mas a partir de uma realidade historicamente den-
tema é amplíssimo, mas, pelo menos, já é possível começar sa de instituições, experiências, relações, valores, hábitos e
a delineá-lo. expectativas.
Creio que o ponto de partida deve ser o de contrastar
a visão tradicional das ciências sociais a respeito do rela- Interação entre Sociedade e Economia.
cionamento entre economia, sociedade e política, e a visão Em uma sociedade onde o único que predominasse
que temos hoje destas questões. fosse o mercado, as divisões sociais seriam coextensivas
70 Fonte: http://brasilescola.uol.com.br - Por Wagner de com a divisão social do trabalho - patrões e empregados,
Cerqueira e Francisco burgueses e proletários. No Brasil, no entanto - como, em
graus diferentes, em todas partes - a sociedade se estrutu-

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
ra tanto em função da organização econômica quanto em Trata-se de uma tese somente em parte verdadeira. E’
função de outros fatores - as origens étnicas e culturais, a certo que a parafernália de controles políticos e institucio-
localização geográfica, as divisões e solidariedades lingüís- nais que conhecemos, em parte constituída nos anos do Es-
ticas e religiosas. As próprias relações de classe, aquelas re- tado Novo, está começando a se desmoronar, e a sociedade
feridas mais diretamente à divisão do trabalho econômico brasileira se organiza hoje em uma pluralidade de formas
e à distribuição da renda, são influenciadas e condiciona- não previstas e dificilmente enquadráveis em qualquer me-
das pelo sistema político - se, por exemplo, o Estado in- canismo estável de dominação estatal. O que não é certo é
tervém ou não na regulação das relações de trabalho, se o que este processo significa a consolidação da ascendência
permanente da “sociedade civil” sobre o Estado, superando
acesso a empregos e a rendas pode ser obtido pela via po-
assim, de maneira definitiva, nosso passado autoritário. Para
lítica e institucional, e assim por diante. O que caracteriza que isto fosse verdade seria necessário não somente que as
a sociedade brasileira, talvez mais do que muitas outras, é estruturas tradicionais de dominação tivessem “transborda-
a ausência de uma sociedade efetivamente organizada em do” - o que não deixa de ser um fato - mas também que a
termos de classe, ou seja, de relações de mercado, e a im- sociedade brasileira tivesse se tornado “mais madura” neste
pregnação de todas as interações sociais pela presença do processo, podendo ocupar, desta forma, o espaço deixado
Estado, da política e, eventualmente, de outras instituições. pelos antigos mecanismos de cooptação. Não é nada óbvio
que isto tenha ocorrido.
Interação entre Sociedade e Estado. Teorias sobre a “maturidade” dos cidadãos costumam
A noção de que o que ocorre no nível do Estado, ou da vir em duas versões, uma de tipo evolucionista, outra de
política, é perfeitamente inteligível a partir da sociedade, é fundamento mais religioso. A primeira destas versões con-
siste em afirmar que, na medida em que as sociedades se
ainda muito prevalente em nosso meio.
desenvolvem, e o povo se torna mais culto e educado, au-
A primeira questão que vem à mente dos que acom- menta também seu nível de politização, seu grau de cons-
panham a realidade política brasileira contemporânea é ciência política, sua maturidade. Como todas as teses evolu-
a da irreversibilidade ou não dos processos de abertura cionistas, esta também tem duas vertentes, uma mais liberal,
política e democratização a que estamos assistindo. Uma outra mais marxista e revolucionária. Pela vertente liberal, o
das teses defendidas a este respeito é de que os anos de processo de “amadurecimento” se relaciona basicamente
autoritarismo já teriam cumprido sua função, que seria a com a educação a ser obtida nas escolas a ser transmitida
de realizar, à sua maneira, o processo de transição da eco- pelas famílias. Na vertente mais revolucionária, o processo
nomia brasileira de um sistema proto-capitalista para uma de amadurecimento político estaria diretamente relaciona-
economia capitalista plena. Uma vez cumprida esta função, do com o desenvolvimento do capitalismo, que traria como
conseqüência a transformação das antigas “classes em si”
o autoritarismo já não teria razão de ser. E uma tese difícil
em “classes para si”. Ambas teorias têm em comum a noção
de ser sustentada se aceitamos que não existe um padrão
de que o amadurecimento político não se dá de forma es-
uniforme de desenvolvimento para todos os países, e que pontânea e automática, mas é um processo evolutivo que
o entendimento de uma sociedade nem de longe se esgota depende de um trabalho constante e permanente de edu-
na análise das transformações de seu sistema produtivo; cação e proselitismo, tanto para que as pessoas “evoluam”,
ou, mais especificamente, se entendemos que o Estado na vertente liberal, quanto para que elas superem os condi-
brasileiro tem características próprias, ligadas a suas ori- cionantes das ideologias hegemônicas e mascaradoras dos
gens patrimonialistas, que o tornam bastante distinto dos verdadeiros interesses, na segunda vertente.
modelos dos países capitalistas ocidentais. Bastaria, além As teorias de fundo mais religioso dispensam a evolu-
disto, uma simples visão da conjuntura econômica brasi- ção, e partem da tese que o povo é naturalmente bom, jus-
leira em meados de 1987 - o problema da dívida externa to e sábio. O problema com o regime político brasileiro não
estaria na “imaturidade” ou falta de consciência política do
ainda não equacionado, a imprevisibilidade dos superavits
povo, mas sim nas manipulações das elites, que sistemati-
comerciais, os gastos públicos ainda fora de controle - para camente tratariam de escamotear a realidade e apresentá-la
vermos que os anos futuros serão, certamente, turbulentos de maneira falsa e deturpada. O verdadeiro trabalho políti-
na área econômica, com inevitáveis repercussões ao nível co não seria o de educar e catequizar o povo, mas sim o de
político e social. desmascarar seus inimigos explícitos ou ocultos, e permitir
Uma outra tese, certamente mais complexa que a assim que o povo se expresse com liberdade. Esta visão re-
anterior, é o que poderíamos chamar de “tese do trans- ligiosa da sabedoria popular se manifestou com muita cla-
bordamento”. Basicamente, ela consiste em afirmar que o reza na idéia lançada por alguns setores segundo a qual
crescimento e a modernização da sociedade brasileira nas a Assembléia Constituinte de 1987 não deveria ser eleita
últimas décadas foi de tal ordem que os sistemas tradi- pelos partidos convencionais, e sim formada, “diretamen-
cionais de controle político da sociedade, pela cooptação te”, pelo povo. Havia a idéia de que os partidos políticos,
mesmo nas condições de liberdade estabelecidas para as
das lideranças e enquadramento corporativista dos setores
eleições de 1986, seriam necessariamente corrompidos e
organizados da população, ou pela mobilização populista alienados; mas que o “povo”, se pudesse se manifestar em
do eleitorado, já seriam coisas do passado, e neste sentido sua pureza, poderia se expressar de maneira plena, fazendo
a volta aos padrões tradicionais de dominação de nosso com que o Brasil finalmente encontrasse o regime político
Estado neo-patrimonial seria impensável. de seus sonhos.

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Os resultados das eleições de 1986 permitem testar al- sistema político-eleitoral estável revela que a questão fun-
gumas destas teses. Chama a atenção, nestas eleições, tan- damental não é a da “maturidade” do povo, mas a da natu-
to o fracasso dos candidatos ideológicos quanto o dos can- reza das instituições sociais, governamentais e partidárias
didatos cuja principal base eleitoral fosse o simples poder existentes. Se estas instituições são bem constituídas e au-
econômico ou a identificação de classe. A eleição paulista tônomas, elas conseguem traduzir as preferências eleito-
poderia ter se polarizado entre o grande capitalista, Ermí- rais em mandatos políticos legítimos e regimes políticos
rio de Morais, e a liderança operária organizada no Partido responsáveis. O problema principal com os estados de base
dos Trabalhadores; no entanto, ela terminou sendo muito neo-patrimonial não é que eles mantém o povo em situa-
mais um conflito entre o líder municipalista Quércia e o ar- ção dependente e alienada, mas, principalmente, que todas
rivista Paulo Maluf. No Rio de Janeiro, a tentativa brizolista as formas de organização social que eles geram tendem
de polarizar as eleições entre “ricos” e “pobres” fracassou, a ser dependentes do poder público e orientadas para a
levando com ela o candidato do PDT. Em Minas Gerais a obtenção de seus favores. O simples transbordamento das
polarização foi entre um político tradicional mas rebelde e estruturas de dominação mais tradicionais, e a criação de
outro de base populista, que contava com o apoio do go- novas formas de organização política e social, não garante
verno do Estado. Entre os dois, foi punida a rebeldia. A vi- que este padrão de comportamento não vá se reproduzir.
tória maciça do PMDB foi, em sua maior parte, a vitória do
governo federal. E claro que este é o governo da República Interação entre política e economia.
Nova; mas, em muitos estados, o peemedebista de hoje é Raciocínio similar pode ser feito em relação à interação
o pedeessista de ontem, e o governo é sempre governo. entre política e economia. uma visão histórica adequada
Sem pretender esgotar a complexidade e variedade das interações entre a política e a economia no Brasil deve
dos resultados eleitorais, e pensando não só nas eleições ser suficiente para afastar duas nações igualmente par-
de governadores, mas também nas proporcionais, é pos- ciais e simplistas: a primeira, tradicionalmente formulada
sível dar uma lista dos atributos necessários para que um à esquerda do espectro ideológico, é a de que o Estado
candidato fosse eleito. A primeira é que ele conseguisse, de brasileiro é, sempre, o grande agente dos interesses eco-
alguma forma, furar a barreira do anonimato, e se transfor- nômicos mais poderosos, que consegue inclusive mani-
masse em um “mídia event”, uma figura dos meios de co- pular os processos eleitorais em seu proveito. A segunda,
municação de massas. E claro que dinheiro conta para isto, ouvida cada vez com mais freqüência em ambientes mais
mas radialistas e comentaristas de televisão foram eleitos conservadores, é que o Estado e a política são os grandes
sem maiores dificuldades, assim como candidatos de pe- responsáveis pela situação em que nos encontramos, pela
quenos partidos que souberam utilizar bem os horários sua irracionalidade, pelos seus gastos excessivos, pela sua
gratuitos de propaganda eleitoral. O segundo tipo de can- indecisão, e pela facilidade com que é capturado pelos gru-
didato vem votado foi o que tinha uma base institucional pos de interesse mais organizados.
bem estruturada: a polícia civil, um grupo religioso organi- O fato de a política não poder ser entendida de forma
zado. Alguns candidatos conseguiram boa votação ao se plena pela lógica dos interesses econômicos não significa
identificar com um ou dois pontos de grande apelo ideo- que o jogo político seja angelical e desinteressado. A ver-
lógico para a classe média, como os “candidatos da pena dade é que o Estado brasileiro, pelo poder de distribuir e
de morte” do Rio de Janeiro e São Paulo. Acima de tudo, atribuir autoridade, e pela capacidade de extrair e distribuir
no entanto, foram eleitos candidatos que, pela posição recursos de que dispõe, sempre foi cobiçado e buscado por
atual ou passada na máquina administrativa de seu estado aqueles cujas ambições de poder, prestígio e riqueza não
ou município, conseguiram construir no passado redes de podiam ser atendidos pela atividade econômica e empre-
lealdades pessoais que agora se pagam, ou se renovam na sarial enquanto tal. Ganhar uma eleição requer uma capa-
esperança da continuidade. Para o eleitor que não fosse cidade empresarial distinta da que vigora no ambiente da
ligado aos meios de comunicação de massas, não fosse be- indústria e do comércio. Os benefícios advindos do cargo
neficiário de uma rede de favores públicos, não tivesse um político incluem o prestígio e a honra, a possibilidade de
tema que o identificasse fortemente com um candidato e atender os interesses econômicos e sociais dos eleitores,
nem tivesse um parente ou amigo concorrendo, as eleições a capacidade de distribuir empregos e cargos, e vão até à
majoritárias não chegaram a fazer muito sentido, o que ex- participação em negócios que se dão através do Estado, na
plica o grande número de votos em branco. As eleições de contratação de serviços, na concessão de licenças, na ob-
1986 significaram não só a derrota eleitoral dos candida- tenção de privilégios. Grande parte destes benefícios são
tos ideológicos e programáticos, que tentaram basear sua econômicos, no sentido de que eles implicam no acesso
campanha na problemática da Assembléia Constituinte, e na aquisição de bens e de riqueza; mas não derivam da
como também dos partidos que pretenderam a uma defi- atividade econômica enquanto atividade produtiva, e sim
nição ideológica mais clara - o Partido Socialista, o Partido das posições ocupadas na máquina do Estado.
dos Trabalhadores e os partidos comunistas. Não seria correto pensar, pelo dito acima, que a ati-
O que esta análise suscinta revela é que a “maturidade vidade política no Brasil é simplesmente parasítica em re-
do povo”, tanto quanto sua hipotética sabedoria e bonda- lação à atividade econômica. Pela sua capacidade de mo-
de naturais, estão longe de proporcionar uma base sólida bilizar interesses e reunir recursos, pelo poder de coletar
para a constituição de uma nova ordem democrática. Na impostos e investir, pelas iniciativas que muitas vezes as-
realidade, o exemplo de outros países que lograram um sume, o Estado é freqüentemente o grande promotor de

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
empreendimentos econômicos rentáveis, seja diretamente, lização provocada pelo trabalho continuado de interesses
pelas empresas estatais que cria, seja através do espaço contrariados (reforma agrária, eliminação dos subsídios
que abre para grupos privados que encontram, graças à agrícolas, reforma administrativa, os próprios ajustes do
iniciativa do Estado, condiçoes de crescer e de prosperar. plano cruzado). Ações aparentemente “técnicas”, de pouca
É o Estado ainda a única instituição que consegue, efeti- visibilidade pública, são em princípio mais fáceis de serem
vamente, redistribuir de algum modo a riqueza dentro da conduzidas. Mas, freqüentemente, seu caráter técnico sig-
sociedade, tanto de forma condenável - pela sustentação nifica também que estas ações se subtraem facilmente ao
de elites parasíticas que só conseguem se manter às custas controle político, e são suscetíveis à influência de grupos
do repasse de recursos públicos - quanto de forma moral- de interesse especializados (decisões sobre mercado finan-
mente mais legítima, através da educação, da previdência ceiro, políticas de exportação, subsídios, política nuclear,
social, e dos empreendimentos urbanos e da política social. incentivos fiscais, etc.)
Uma conseqüência deste papel freqüentemente dinâ- O desenvolvimento de graus mais altos de governabi-
mico e empreendedor que o Estado Brasileiro tantas vezes lidade em um contexto de legitimidade política depende,
assumiu foi que o empresariado brasileiro sempre viveu, tanto quanto a construção de uma ordem democrática es-
em boa parte, à sombra do Estado, para facilitar e financiar tável, da constituição de uma série de instituições estáveis
suas operações, comprar seus produtos, garantir seus pre- e auto-referidas que intermediem entre, por um lado, a
opinião pública amorfa e manipulável e os interesses priva-
ços, controlar as demandas salariais dos empregados. Esta
dos e setoriais capazes de mobilizá-la, e, por outro, o Esta-
relação tem sido descrita como uma forma de “neo-mer-
do. Estas instituições são necessárias não somente do lado
cantilismo”, que tem como conseqüência uma elite empre- da “sociedade civil”, como os partidos políticos, os meios
sarial politicamente debilitada e desacostumada a pensar de comunicação de massas, as associações profissionais
em termos de eficiência e racionalização no uso de recur- e sindicais, os grupos de interesse organizado, etc., como
sos e na escolha de produtos e fatores de produção dentro também do lado do Estado, através da constituição de um
de uma situação de mercado. funcionalismo público motivado e cioso de suas respon-
As críticas que hoje se avolumam em relação ao Estado sabilidades, de um judiciário zeloso de sua competência e
Brasileiro, assim como em relação à própria natureza do independência, e assim por diante.
processo político e eleitoral, retomados com ímpeto, com É de se esperar que estas novas formas de institucio-
todos os seus defeitos e qualidades, com a Nova Repúbli- nalização surjam e se desenvolvam não pela simples boa
ca, tendem a deixar de lado estas dimensões positivas, e intenção de algumas pessoas, mas pela própria lógica de
na realidade indispensáveis, do Estado moderno. Pelo tom interesses dos grupos envolvidos, na medida em que eles
das críticas, pareceria que nosso principal problema é o do comecem a sentir a precariedade de sua dependência ex-
excesso de Estado, excesso de governo, e que estaríamos clusiva dos favores e privilégios de um Estado neo-patri-
no melhor dos mundos se o Estado e os políticos, amanhã, monial em crise. O resultado final deste processo, se ele for
desaparecessem. bem sucedido, não será, possivelmente, um Estado contro-
A ineficiência, o desperdício, o descontrole, a indecisão, lado pela «sociedade civil», mas uma situação em que ins-
a mesquinharia dos interesses menores que se sobrepõem tituições públicas solidamente constituídas possam colocar
aos interesses gerais, são demasiado óbvias no quadro freios e contrapesos efetivos tanto à volatilidade da opinião
político brasileiro para serem negadas, ou tratadas como pública quanto ao abuso de poder do Estado e dos inte-
problemas menores e sem importância. A crise atual do Es- resses privados. A opinião pública, os grupos de interesse e
tado brasileiro, no entanto, não deriva da existência destes o poder político do Estado serão também essenciais, neste
fenômenos, que sempre estiveram presentes, mas sim o de contexto ideal, para manter sempre em cheque as tendên-
sua progressiva incapacidade de atender de forma mini- cias paralisadoras e conservadoras de qualquer sistema so-
mamente satisfatória às demandas que lhe são feitas, ou cial que se institucionaliza. Nestas condições, as fronteiras
usuais entre «público», «privado», «Estado» e «sociedade»
aos interesses dos grupos que dele participam ou a eles se
estarão profundamente alterados, assim como os concei-
associam. O Estado brasileiro apresenta hoje um quadro de
tos que hoje utilizamos para seu entendimento.
ingovernabilidade que é tanto mais grave quanto se cho-
ca com a urgência cada vez mais premente de decisões que Conclusão
implicam contrariar interesses estabelecidos e pressões de Vislumbrar a possibilidade de um encaminhamento
curto prazo, e de eventual impacto político-eleitoral. adequado para os problemas políticos e institucionais do
Os anos de regime militar serviram para mostrar que a país não é o mesmo que afirmar que este caminho será
ingovernabilidade afeta com freqüência os regimes fortes, seguido, e nem mesmo que ele é o mais provável. Se este
fechados e imunes aos controles da imprensa, da opinião caminho vier a ser efetivamente trilhado, existem uma série
pública e dos partidos políticos. O que a democratização de questões e dilemas a serem enfrentados, dois dos quais
mostra é que ela não basta para que a governabilidade merecem uma atenção especial.
seja instaurada. A experiência dos poucos anos da Nova Uma questão que se coloca com intensidade é a dos
República já mostra como algumas decisões e ações são mecanismos de inclusão ou exclusão dos setores hoje mar-
certamente mais fáceis do que outras. Decisões grandiosas ginalizados do “Brasil moderno” em relação à sociedade
e de grande impacto, quando possíveis, são sempre as pre- futura que se pretende construir. Esta questão é por vezes
feridas (veja o plano cruzado). Políticas setoriais e de longo colocada em termos de uma oposição entre um modelo
prazo, no outro extremo, são quase impossíveis, pela para- de desenvolvimento internacionalizado, baseado no fluxo

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
relativamente aberto de idéias, pessoas e mercadorias do são uma tragédia só, e tudo isto por culpa única e exclusiva
Brasil com o resto do mundo, e um modelo mais autárqui- “deles”. A realidade, no entanto, é que a dependência não
co, fechado e, presumivelmente, mais autêntico e nacional. exclui o fato de existir uma realidade própria, específica e
O que dá argumentos à segunda posição é a constatação interna ao país, que não se esgota nem se exaure nas re-
de que o desenvolvimento do “Brasil moderno” tem se ca- lações com os centros capitalistas mais desenvolvidos. A
racterizado pela exclusão de grandes setores da população, outra conclusão paradoxal, que decorre da primeira, é a
afetando particularmente as regiões nordestinas, o interior de que todos os problemas poderiam ser resolvidos pela
e a população de cor. No seu extremo, esta posição vem superação das relações de dependência. Mas se, de fato, a
acompanhada de um rechaço generalizado à civilização dependência é tão constitutiva, fica difícil imaginar de onde
ocidental e seus valores de eficiência, racionalidade, e in- o país encontrará forças e recursos para superá-la. Se, ao
dividualidade, e sua substituição por valores supostamente contrário, entendermos que a realidade de um país com
mais autênticos de identidade étnica e cultural, afetividade, a complexidade do Brasil não se esgota nas suas relações
e coletividade. Não falta, nesta perspectiva, os que susten- externas, isto nos dá condições de pensar nas coisas que
tam que o Brasil possui os elementos de uma civilização podemos fazer com nossos recursos, ter uma visão menos
superior à do racionalismo e materialismo ocidentais, que persecutória do mundo que nos cerca e, a partir daí, ter
estaria tão somente mascarada pelas manipulações das elementos para buscar reverter as situações de dependên-
classes dominantes e seus aliados internacionais. cia que nos pareçam inadequadas.
Quem conhece algo da história do Brasil sabe, no en- A conclusão geral de tudo o que foi dito até aqui é que
tanto, que não possuimos no passado um modelo de ci- o autoritarismo brasileiro, cujas bases se erguem a partir
vilização próprio e mais autêntico para o qual possamos da própria formação inicial do Brasil como colônia portu-
aspirar a retornar. Desde sua criação este país tem sido um guesa, e que evolui a se transforma ao longo de nossa his-
complemento - e, freqüentemente, uma imagem retorci- tória, não constitui um traço congênito e insuperável de
da - dos impérios coloniais e dos centros mundiais cujas nossa nacionalidade, mas é certamente um condicionante
influências culturais e interesses econômicos até aqui che- poderoso em relação a nosso presente e futuro como país.
garam. A busca de um passado idealizado, apesar de pro- A complexidade das questões envolvidas nesta discussão
vavelmente irrealista e ilusória em todos os casos, pode deve ser suficiente para deixar claro que, na realidade, o
fazer algum sentido em países com uma história distinta, termo “autoritarismo” é pouco mais do que uma expres-
e uma cultura não ocidental identificável. Isto não signifi- são de conveniência que utilizamos para nos referir a uma
ca, evidentemente, que não existam especificidades cultu- história cheia de contradições e contra-exemplos, onde,
rais próprias do país que não tenham valor e não possam no entanto, um certo padrão parece predominar: o de um
florescer. Mas esta especificidade, para florescer e adquirir Estado hipertrofiado, burocratizado e ineficiente, ligado
valor universal, há de residir nas maneiras próprias que os simbioticamente a uma sociedade debilitada, dependente,
brasileiros construirão para se inserir no mundo moderno, e alienada. E’ da superação deste padrão histórico e suas
e não no retorno nostálgico a formas culturais de um pas- conseqüências que depende nosso futuro. E como o pas-
sado que não chegou a existir. sado é contraditório e o futuro aberto e pronto para ser
Assinalar o beco sem saída do nacionalismo cultural construído, é possível ser otimista.71
não significa ignorar a gravidade dos problemas de incor-
poração assinalados acima. O que é importante frizar em
relação a esta discussão sobre a cultura brasileira é me- PRINCIPAIS PROBLEMAS SOCIOECONÔMICOS,
nos a solidez das teses nacionalistas e isolacionistas - que DESIGUALDADES REGIONAIS NO BRASIL DE
é quase inexistente - do que seu potencial de criação de HOJE.
formas explosivas de nacionalismo populista, em um con-
texto de altos níveis de exclusão social causados por uma
internacionalização da cultura e da economia caracterizada
pelo uso de tecnologias complexas e em qualificações edu-
cacionais cada vez mais elevadas. Desemprego, violência, criminalidade, educação, mo-
Esta discussão traz à tona uma questão que perma- radia, saúde, racismo, fome são alguns dos grandes proble-
neceu latente até aqui, que é a da dependência do Brasil mas sociais do Brasil.
em relação aos centros do capitalismo internacional con- Muitos brasileiros vivem excluídos da sociedade na
temporâneo. As chamadas “teorias da dependência”, que medida em que, dentre tantos fatores de origem, a falta
existem de muitas formas, partem de um fato importante de dinheiro é dos principais inibidores para o acesso aos
e conhecido - que países como o Brasil se constituiram, meios essenciais que permitem às pessoas usufruir das
desde suas origens, como dependências de outros centros condições básicas de vida, que apesar de essenciais, nem
- para chegar muitas vezes a duas conclusões pelo menos todos têm acesso.
paradoxais. A primeira é a de que o peso da dependência O crescente estado de miséria, as disparidades sociais,
é tal que nada pode ser entendido em um país como o
nosso a não ser a partir de sua inserção ao contexto exter- 71 Fonte: http://br.monografias.com – Por Simon
no. Em sua forma mais extremada, a teoria da dependência Schwartzman
assume feição claramente paranóica: países como o Brasil

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
a extrema concentração de renda, os salários baixos, o Do ponto de vista político esse processo só favoreceu
desemprego, a fome que atinge milhões de brasileiros, a alguns setores, e não levou em conta os reais problemas da
desnutrição, a mortalidade infantil, a marginalidade, a vio- população brasileira: moradia, educação, saúde, etc. A po-
lência, etc, são expressões do grau a que chegaram as de- breza do povo brasileiro aumentou assustadoramente, e a
sigualdades sociais no Brasil. população pobre tornou-se mais miserável ainda.
As desigualdades sociais não são acidentais, e sim pro-
duzidas por um conjunto de relações que abrangem as es- A Pobreza Absoluta
feras da vida social. Na economia existem relações que le- Quando se fala em desigualdades sociais e pobreza no
Brasil, não se trata de centenas de pessoas, mas em milhões
vam a exploração do trabalho e a concentração da riqueza
que vivem na pobreza absoluta. Essas pessoas sobrevivem
nas mão de poucos. Na política, a população é excluída das
apenas com 1/4 de salário mínimo no máximo! A pobreza
decisões governamentais. absoluta apresenta-se maior nas regiões Norte, Nordeste e
Até 1930, a produção brasileira era predominantemen- Centro-Oeste. Para se ter uma idéia, o Nordeste, em 1988,
te agrária, que coexistia com o esquema agrário-exportado, apresentava o maior índice (58,8%) ou seja, 23776300 pes-
sendo o Brasil exportador de matéria prima, as indústrias soas viviam na pobreza absoluta.
eram pouquíssimas, mesmo tendo ocorrido, neste período, Em 1988, o IBGE detectou, através da Pesquisa Nacional
um verdadeiro “surto industrial”. por Amostra em Domicílios, que 29,1% da população ativa do
A industrialização no Brasil, a partir da década de 30, Brasil ganhava até l salário mínimo, e 23,7% recebia mensal-
criou condições para a acumulação capitalista, evidenciado mente de l a 2 salários mínimos. Pode-se concluir que 52,8%
não só pela redefinição do papel estatal quanto a interfe- da população ativa recebe até 2 salários mínimos mensais.
rência na economia (onde ele passou a criar as condições Com esses dados, fica evidente que a mais da metade
para a industrialização) mas também pela implantação de da população brasileira não tem recursos para a sobrevivên-
indústrias voltadas para a produção de máquinas, equipa- cia básica. Além dessas pessoas, tem-se que recordar que o
contingente de desempregados também é muito elevado no
mentos, etc. A política econômica, estando em prática, não
Brasil, que vivem em piores condições piores que as desses
se voltava para a criação, e sim para o desenvolvimento assalariados. As condições de miserabilidade da população
dos setores de produção, que economizam mão-de-obra. estão ligadas aos péssimos salários pagos.
Resultado: desemprego. A extrema desigualdade
Observou-se anteriormente que mais de 50% da popu-
Desenvolvimento e Pobreza lação ativa brasileira ganha até 2 salários mínimos. Os índices
O subdesenvolvimento latino-americano tornou-se apontados visam chamar a atenção sobre os indivíduos mi-
pauta de discussões na década de 50. As proposta que sur- seráveis no Brasil. Mas não existem somente pobres no Brasil,
giram naquele momento tinham como pano de fundo o pois cerca de 4% da população é muito rica. O que prova a
quadro de miséria e desigualdade social que precisava ser concentração maciça da renda nas mãos de poucas pessoas.
alterado. A Cepal (Comissão econômica para a América La-
tina, criada nessa decada) acreditava que o aprofundamen- Além dos elementos já apontados, é importante destacar
to industrial e algumas reformas sociais criariam condições que a reprodução do capital, o desenvolvimento de alguns
setores e a pouca organização dos sindicatos para tentar
econômicas para acabar com o subdesenvolvimento.
reivindicar melhores salários, são pontos esclarecedores da
Acreditava também que o aprofundamento da indus- geração de desigualdades.
trialização inverteria o quadro de pobreza da população. Quanto aos bens de consumo duráveis (carros, geladei-
Uma de suas metas era criar meios de inserir esse contin- ras, televisores, etc), são destinados a uma pequena parcela
gente populacional no mercado consumidor. Contrapunha da população. A sofisticação desses produtos, prova o quan-
o desenvolvimento ao subdesenvolvimento e imaginava to o processo de industrialização beneficiou apenas uma pe-
romper com este último por maio de industrialização e re- quena parcela da poppulação.
formas sociais. Geraldo Muller, no livro Introdução à economia mundial
Mas não foi isso o que realmente aconteceu, pois hou- contemporânea, mostra como a concentração de capital,
ve um predomínio de grandes grupos econômicos, um tipo combinado com a mmiserabilidade, é responsável pelo sur-
de produção voltado para o atendimento de uma estrita gimento de um novo bloco econômico, onde estão Brasil,
faixa da população e o uso de máquinas que economiza- México, Coréia do Sul, Äfrica do Sul, são os chamados “países
vam mão-de-obra. De fato, o Brasil conseguiu um maior subdesenvolvidos industrializados”, em que ocorre uma boa
industrialização e um quadro do enormes problemas sociais.
grau de industrialização, mas o subdesenvolvimento não
O setor informal é outro fator indicador de condições
acabou, pois esse processo gerou uma acumulação das ri-
de reprodução capitalista no Brasil. Os camelôs, vende-
quezas nas mãos da minoria, o que não resolveu os proble-
dores ambulantes, marreteiros, etc, são trabalhadores que
mas sociais, e muito menos acabou com a pobreza.
não estão juridicamente regulamentados, mas que revelam
As desigualdades sociais são enormes, e os custos que a especificidade da economia brasileira e de seu desenvol-
a maioria da população tem de pagar são muito altos. Com vimento industrial.72
isso a concentração da renda tornou-se extremamente per-
ceptível, bastando apenas conversar com as pessoas nas 72 Fonte: www.brasilcultura.com.br – Por Pedro Ro-
ruas para nota-la. berto Cardoso

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Problemas Sociais no Brasil Meio Ambiente
Falta de oportunidades de trabalho digno, ausência de O problema da poluição tem afetado diretamente a
planejamento familiar e disparidades no sistema educacio- saúde das pessoas em nosso país. Os rios estão sendo po-
nal do Brasil são grandes obstáculos no desenvolvimento luídos por lixo doméstico e industrial, trazendo doença e
da cidadania. afetando os ecossistemas. O ar, principalmente nas grandes
A nossa Constituição Federal de 1.988, em seu artigo cidades, está recendo toneladas de gases poluentes, de-
205 fixa como fim da educação nacional o “pleno desenvol- rivados da queima de combustíveis fósseis (derivados do
vimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidada- petróleo - gasolina e diesel principalmente). Este tipo de
nia e sua qualificação para o trabalho”. poluição afeta diretamente a saúde das pessoas, provocan-
O artigo 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem dis- do doenças respiratórias. Pessoas idosas e crianças são as
tinção, de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros principais vítimas.
e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à pro- Saúde
priedade” Nos dias de hoje, pessoas que possuem uma condi-
O artigo 227 introduziu, no direito brasileiro, um con- ção financeira melhor estão procurando os planos de saú-
teúdo e um enfoque diferenciado trazendo para nossa so- de e o sistema privado, pois a saúde pública encontra-se
ciedade muitos avanços no que diz respeito à criança e ao em estado de crise aguda. Hospitais superlotados, falta de
adolescente: medicamentos, greves de funcionários, aparelhos quebra-
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegu- dos, filas para atendimento, prédios mal conservados são
rar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o os principais problemas encontrados em hospitais e pos-
direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer, à profissiona- tos de saúde da rede pública. A população mais afetada é
lização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e aquela que depende deste atendimento médico, ou seja, as
à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a pessoas mais pobres.
salvo de toda e qualquer forma de negligência, discrimina-
Educação
ção, exploração, violência, crueldade e opressão”
Os dados sobre o desempenho dos alunos, principal-
Portanto, quando perguntamos sobre as possibilidades
mente da rede pública de ensino, são alarmantes. A edu-
da existência de cidadania não nos referimos ao que consta
cação pública encontra vários problemas e dificuldades:
formalmente na Lei como tal, mas sim sobre a sua existên-
prédios mal conservados, falta de professores, poucos re-
cia de fato pensando o conjunto da população.
cursos didáticos, baixos salários, greves, violência dentro
Embora o Brasil tenha avançado na área social nos últi-
das escolas, entre outros. Este quadro é resultado do baixo
mos anos, ainda persistem muitos problemas que afetam a
índice de investimentos públicos neste setor. O resultado é
vida dos brasileiros. Os principais problemas brasileiros na
a deficiente formação dos alunos brasileiros.
atualidade são:
Desigualdade social
Desemprego O Brasil é um país de grande contraste social. A distri-
Embora a geração de empregos tenha aumentado nos buição de renda é desigual, sendo que uma pequena par-
últimos anos, graças ao crescimento da economia, ainda cela da sociedade é muito rica, enquanto grande parte da
existem milhões de brasileiros desempregados. A econo- população vive na pobreza e miséria. Embora a distribuição
mia tem crescido, mas não o suficiente para gerar os em- de renda tenha melhorado nos últimos anos, em função
pregos necessários no Brasil. A falta de uma boa formação dos programas sociais, ainda vivemos num país muito in-
educacional e qualificação profissional de qualidade tam- justo.
bém atrapalham a vida dos desempregados. Muitos têm
optado pelo emprego informal (sem carteira registrada), Habitação
fator que não é positivo, pois estes trabalhadores ficam O déficit habitacional é grande no Brasil. Existem mi-
sem a garantia dos direitos trabalhistas. lhões de famílias que não possuem condições habitacio-
nais adequadas. Nas grandes e médias cidades é muito
Violência e Criminalidade comum a presença de favelas e cortiços. Encontramos
A violência está crescendo a cada dia, principalmente também pessoas morando nas ruas, embaixo de viadutos
nas grandes cidades brasileiras. Os crimes estão cada vez e pontes. Nestes locais, as pessoas possuem uma condição
mais presentes no cotidiano das pessoas. Nos jornais, rá- inadequada de vida, passando por muitas dificuldades.
dios e tvs presenciamos cenas de assaltos, crimes e agres-
sões físicas. A falta de um rigor maior no cumprimento das Corrupção
leis, aliada as injustiças sociais podem, em parte, explicar a Ocorre não só no setor público, mas também na esfera
intensificação destes problemas em nosso país. privada, nas relações comerciais e até mesmo no cotidiano
do povo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Preconceito IDH das regiões brasileiras
Pesquisa realizada pelo Portal Educacional revelou que Para compreender melhor as desigualdades regionais,
82% dos jovens não se consideram preconceituosos e 50% basta fazer uma comparação com base nos dados do Índi-
acham que o preconceito não atrapalha o desenvolvimento ce de Desenvolvimento Humano (IDH). A partir desse qua-
do país. 90% disseram que nunca se sentiram obrigados a dro comparativo é possível ter a seguinte escala:
adotar um discurso mais preconceituoso por pressão do 1º lugar: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo,
grupo, 84% namorariam alguém de outra raça ou grupo Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul;
social e quase 95% não terminariam esse namoro por pres- 2º lugar: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia,
são do grupo de amigos. Já quando a família entra na jo- Amazonas, Roraima e Amapá;
gada, esse relacionamento poderia acabar para 21% dos 3º lugar: Acre, Pará e Sergipe.
jovens, o que mostra o poder de influência que pode vir de Por fim, encontram-se os estados do Nordeste, com
casa nessa fase da vida. Outra questão a ser visualizada é o exceção de Sergipe.
preconceito velado do brasileiro. É importante lembrar que o IDH vai significar que a
população de determinada região está vivendo dessa ou
Individualismo de outra forma a partir dos dados de qualidade de vida,
Outro item abordado na pesquisa do Portal Educacio- mortalidade de crianças, renda per capita, taxas de anal-
nal foi como o jovem enfrenta o individualismo. A consta- fabetismo, expectativa de vida, mensuração da qualidade
tação inicial é que a maioria dos jovens (66%) não se con- dos serviços públicos: saúde, educação e infraestrutura em
sidera individualista. No entanto, quando questionados so- geral. A partir de todos esses dados, também é possível
bre sua maior preocupação, o item mais citado é de cunho verificar que dentro de uma nação podem existir diferen-
estritamente pessoal (45% estão preocupados basicamente tes tipos de desigualdades causadas por um fator histórico,
com estudo e futuro profissional). 30% esboçam uma preo- econômico ou social.74
cupação mais coletiva (a violência), embora esse resultado
possa estar sendo influenciado pela questão da segurança
individual. Em casa, mais de 60% dos entrevistados pre- BRASIL E ESTADO DE PERNAMBUCO:
ferem ficar sozinhos em seus cantos, em vez de dividir o PRINCIPAIS ASPECTOS GEOGRÁFICOS E
espaço com pais e irmãos. 60% nunca participaram de tra- ECONÔMICOS.
balhos sociais ou comunitários, 77% nunca se envolveram
com grêmios ou movimentos estudantis e quase 90% nun-
ca protestaram na rua contra nada. Além disso, 55% des-
ses jovens não seriam solidários com seu grupo de amigos O estado de Pernambuco fica na região centro-leste
em caso de problemas na escola (como suspensão ou cola) do nordeste do Brasil e a sua capital é a cidade de Recife.
para não se prejudicarem.73 É conhecido por suas belezas e é berço de belas praias,
uma cultura única e culinária diferenciadas. Aqui, você vai
“Individualismo é uma das palavras mais usadas para aprender sobre o estado de Pernambuco: aspectos geográ-
classificar o jovem atualmente. Sem grandes participações ficos, físicos e humanos.
sociais ou interesses políticos, as prioridades são basica- Aspectos Geográficos
mente as individuais e, mesmo em relação aos amigos, Pernambuco é um dos menores estados brasileiros,
pode prevalecer o interesse próprio”, analisa Jairo Bouer, que faz divisa com os estados de:
psicanalista que realizou a pesquisa. * Ceará
* Paraíba
Desigualdades Regionais * Bahia
As desigualdades sociais têm uma grande relação com * Alagoas
a qualidade de vida das pessoas. No Brasil, por exemplo, as * Piauí
desigualdades regionais podem ser medidas a partir dos Apesar de ser um estado ser pequeno, possui diferen-
dados relacionados ao PIB (Produto Interno Bruto). Com tes paisagens e apresenta aspectos geográficos bastante
os resultados, também é possível perceber o quantos essas interessantes, que pode ser dividia em três tipos:
esferas podem mexer no desenvolvimento regional. São
elas que vão apresentar um desequilíbrio regional muito * Zona da Mata
expressivo para compreender uma determinada popula- A Zona da Mata é uma faixa próxima ao litoral do es-
ção. tado, e é bastante conhecida, pois a capital, Recife, fica
O Nordeste apresenta um produto per capita 3 X me- dentro da região da Zona da Mata. Essa região nada mais
nor que o do Sudeste, já na questão de moradia, a região é do que uma grande planície, com algumas regiões com
Nordeste sai na frente. As desigualdades regionais apre- nível abaixo do nível do mar, lagos e várzeas. Com clima
sentam um quadro de emprego bem aguçado. As regiões tropical, a vegetação mais facilmente encontrada são os
que apresentam menor índice de emprego formal são a manguezais. Na Zona da Mata também podemos encon-
Norte e a Nordeste. Já a região que tem um nível elevado trar belíssimas praias. Destacam-se a praia de Boa Viagem
de emprego é a Centro-Oeste. e a badaladíssima Porto de Galinhas.
73 http://vejasociologia.blogspot.com.br 74 www.colegioweb.com.br

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
* Sertão cutivas no estado. Para se ter ideia, o último balanço com
Trata-se de uma área semiárida bastante vasta em todo crescimento foi apresentado no primeiro trimestre de 2015.
o nordeste brasileiro. Em Pernambuco podemos encontrar Ainda não é possível falar de geração de empregos, mas
o sertão no oeste do estado. Por lá, podemos visualizar ser- os setores que mais demandam trabalhadores já recebem
ras, depressões e chapadas, cobertas pela vegetação típica sinais de que podem estar caminhando para uma fase mais
desta região, a caatinga. Com clima semi-árido, a cidade otimista lá na frente. A previsão atual é que Pernambuco
mais famosa de Pernambuco, que fica dentro do sertão feche o ano com PIB apresentando uma alta entre 0,5% e
nordestino é Petrolina. 1%.
De acordo com Rodolfo Guimarães, economista da
* Agreste Condepe/Fidem, responsável pela divulgação do PIB do
O agreste nordestino trata-se de uma região de planal- estado, os números provocam otimismo, mas sem eufo-
tos, com altitudes que variam de 400 a 1000 metros acima ria. “Temos um crescimento depois de quedas, mas a re-
do nível do mar. Também possui clima semiárido, mas a ve- ferência é uma base fraca, como foi o primeiro trimestre
de 2016. Por isso, tratamos como uma recuperação. Mas
getação predominante do agreste é a Mata Atlântica. Uma
temos que considerar que, nos setores, há avanços positi-
das cidades pernambucanas mais conhecidas, que fica no
vos. As questões climáticas, como as chuvas que atingiram
agreste é Caruaru.
o Agreste e o Sertão, foram extremamente positivas para o
Além destes três tipos, ao sul do estado de Pernambu- comportamento do agronegócio. Cresceu 12,3%, puxado
co ainda podemos encontrar uma região serrana, que se principalmente pelas lavouras temporárias, que cresceram
trata da continuação da chapada diamantina, onde devido 73%, principalmente a recomposição do setor da cana-de
às altitudes temos um clima menos quente e mais mode- -açúcar, da mandioca e do feijão. Ainda dentro do setor, as
rado. Isso pode ser sentido nas cidades de Garanhuns e lavoram pernamentes caíram 2,5%, influenciadas pelo mo-
Gravatá. mento da banana e da uva. A pecuária cresceu 4,3%, mas é
Ainda sobre os aspectos geográficos de Pernambuco, um segmento que responde com menos velocidade que a
podemos contar com importantes rios. São eles: agropecuária”, destaca.
* Rio São Francisco O setor industrial também foi considerado um dos
* Rio Capibaribe componentes para o indício de recuperação da economia
* Rio Una pernambucana. Só o comparativo do primeiro trimestre de
* Rio Pajeú 2017 com o mesmo período de 2016, a alta foi de 6%. Se-
* Rio Ipojuca gundo o balanço, algumas áreas do estado têm se ecami-
* Rio Jaboatão nhado para a criação de uma estrutura que indica uma sus-
Aspectos físicos tentabilidade do setor. A indústria de transformação, por
Com relação aos aspectos físicos de Pernambuco, mui- exemplo, ancorada pelos setores de Alimentos, automotivo
to é repetição sobre seus aspectos geográficos, relevo, cli- e naval, possuem uma estrutura pronta, que recebeu in-
ma e divisas com outros estados. Podemos reforçar, então, vestimentos fortes e que hoje está com uma capacidade
a respeito dos aspectos físicos de Pernambuco, mais deta- ociosa.
lhes sobre o clima da região, onde se predomina o clima “O setor de alimentos ainda conseguiu se movimen-
tropical atlântico e semiárido. tar bem, porque está contemplada nos itens essenciais do
Nas áreas litorâneas do estado, podemos encontrar um consumo, assim como a fábrica de automóveis, que tem
alto nível pluviométrico, ou seja, nível de chuvas, chegando o fator exportação que não deixou a produção cair e por-
a até 1.500 mm por ano. Por outro lado, nas regiões de cli- que ainda atende uma demanda interna de alto padrão,
que passou ilesa à crise”, afirma o presidente da Condepe/
ma semiárido, no sertão e no agreste pernambucano, po-
Fidem Maurílio Lima. No geral, os polos industriais em Per-
demos encontrar um clima bem mais seco, quente e com
nambuco ainda estão no campo potencial. “É essa capaci-
baixos níveis de chuva. Na região chamada de Polígono da
dade que será ocupada e trabalhada a partir dos próximos
seca, a quantidade de chuvas pode chegar ao máximo a sinais positivos que vierem, se vierem”, complementou.
600 mm.75 Vale ressaltar o setor da Construção Civil. Depois de 12
Ultimos dados sobre a economia de Pernambuco, trimestres seguidos de queda, houve um crescimento, de
que teve o PIB apresentando alta, depois de sete quedas 2,8%, o que aponta para o início de recuperação do mer-
consecutivas. cado imobiliário.
Em relação ao setor de Serviços, o movimento de alta
O Produto interno Bruto (PIB) de Pernambuco apresen- foi um pouco mais tímido. Comparando o primeiro tri-
tou elevação real de 0,7% no primeiro trimestre de 2017 mestre de 2017 com o mesmo recorte de 2016, a alta foi
comparado ao quarto trimestre de 2016. Quando se com- de 0,6%. O problema é que o setor de serviços represen-
para o primeiro trimestre deste ano com o mesmo período ta mais de 75% da economia de Pernambuco, um sinal de
de 2016, o registro foi de alta de 1,4%. Em valores corren- que os reflexos na ponta ainda estão demorando a chegar.
tes, o PIB do trimestre alcançou R$ 40,7 bilhões. Os prin- “O setor de serviços contempla o comércio, mas os
cipais setores responsáveis pela alta foram a Agropecuária dois têm uma diferença, que é o tempo que respondem
e a Indústria, que mostraram recuperação no período. É o à recuperação. O setor de comércio apresentou queda de
primeiro indicador positivo depois de sete quedas conse- -0,7% no trimestre, mas o comércio é um segmento sensí-
75 www.resumoescolar.com.br vel, que merece atenção. Primeiro que ele despencou com

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
a crise, então o -0,7% pode, sim, ser considerado uma re-
cuperação. Além disso, é divido em Atacado e Varejo. O
Atacado é como os serviços em geral, que responde à ex-
pectativas. Bons sinais geram negócios e movimentações.
Já o varejo é um pouco mais demorado, porque responde
à renda das pessoas, ao consumo direto, ou seja, a ponta
do negócio, que depende do fator emprego, que ainda não
está no circuito”, ressaltou Rodolfo Guimarães, economista
da Condepe/Fidem. “Os sinais nacionais de que a inflação
está sendo tratada com atenção, caminhando para cada
vez mais redução já é um bom indicativo, porque mostra Geraldo de Barros
que o dinheiro das pessoas está parando de ser corroído”, Sem título, 1949
complementa.76

ESPAÇO E TEMPO: LOCALIZAÇÃO,


ORGANIZAÇÃO, REPRESENTAÇÃO. TEMPO
FÍSICO. LINHA DE TEMPO.

TEMPO e ESPAÇO, em arte, são conceitos bastante


elásticos, com a possibilidade de serem constantemente
mudados, ou até mesmo serem diferentes, de acordo com
as concepções de cada um a respeito deles. Explico, ou
tento: uma das definições físicas que podemos encontrar
sobre tempo, por exemplo, é que ele é entendido como Henri Cartier-Bresson
um continuumonde um evento sucede outro, do passado
Atrás da Gare Saint-Lazare, 1932
ao futuro, e de espaço como o local onde um corpo pode
descrever sua trajetória. Já no campo das artes, cada indi-
Assim como o tempo, o conceito de espaço também
víduo, seja ele produtor (artista) ou expectador, definirá es-
pode variar bastante. Para começar, o espaço não precisa
ses conceitos de acordo com o obra, ou a situação artística
ser um lugar físico, muito menos estar delimitado. O espa-
com a qual ele é confrontado.
ço em arte, pode ser o lugar onde a obra está, ou a obra em
si, como espaço total dos conceitos que ela contém, mes-
Assim, uma obra pode discutir o conceito de tempo
mo as questões nela presentes, ou até tudo isto ao mesmo
de maneira linear, como em Erro de continuidade sem fim,
de Beth Campbell;de maneira descontínua, como nos tra- tempo.77
balhos de Geraldo de Barros e até mesmo de maneira a
priori paradoxal, como nas obras de Henri Cartier-Bresson.
Bresson denominou instante decisivo o ‘instante no qual LOCALIZAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E REPRESENTAÇÃO
todos os elementos que se movem ficam em equilíbrio’; nes- DO ESPAÇO E DO TEMPO DE TRABALHO
te momento o fotógrafo congela pontualmente o tempo,
que após transformar-se em imagem, torna o momento Para chegar a um determinado lugar pela primeira vez
um acontecimento perpétuo. é preciso ter referências ou o endereço, isso no campo ou
na cidade, no entanto, nem sempre temos em nossas mãos
instrumentos ou informações para a orientação. Em áreas
naturais como as grandes florestas, desertos e oceanos não
têm placas ou endereços para informar qual caminho se
deve tomar.
Nessas circunstâncias temos duas opções para nos
orientar, que são pelos astros ou por instrumentos.
O primeiro tem sua utilização difundida há muito tem-
po, principalmente no passado quando pessoas que per-
corriam grandes distâncias se orientavam por meio da ob-
Beth Campbel servação do sol, da lua ou das estrelas, apesar de que não
Erro de Continuidade sem fim, 2004 possui a mesma precisão dos instrumentos esse tipo de re-
curso pode ser bem aproveitado dependendo da ocasião.
77 Fonte: www.temposescolares.blogspot.com.br - Por
76 Fonte: http://www.diariodepernambuco.com.br Caroline Weiberg

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Até nos dias atuais pequenas embarcações desprovi-
das de equipamentos de orientação fazem o uso dos as-
tros para se localizar e orientar. Nos grandes centros ur-
banos parte deles ou mesmo um conjunto de bairros são
chamados de zona oeste, zona leste e assim por diante, as
pessoas se orientam sem estar munidas de bússola, basta
saber que o sol nasce leste para se localizar.
Já no caso da orientação por instrumentos foram cria-
dos diversos deles com objetivo de tornar o processo mais
dinâmico e preciso. Dentre vários instrumentos inventados
o mais utilizado é a bússola, esse corresponde a um objeto
composto por uma agulha com imã que gira sobre uma
rosa-dos-ventos.

As latitudes são medidas em graus entre os paralelos,


ou qualquer ponto do planeta até a Linha do Equador, as
latitudes oscilam de 0º Linha do Equador e 90º ao norte e
90º ao sul.
Meridianos correspondem a semicircunferências ima-
ginarias que parte de um pólo até atingir o outro. O prin-
cipal meridiano é o Greenwich, esse é o único que pos-
sui um nome especifico, esse é utilizado como referência
para estabelecer a divisão da Terra entre Ocidente (oeste)
e Oriente (leste).

Bússola
A bússola é instalada em aviões, navios e carros e mo-
tos de competição de rally, isso para manter as pessoas em
sua devida direção pretendida.
Apesar da importância da bússola até os dias de hoje,
existem aparelhos de orientação mais eficientes, geralmen-
te orientados por sinais de radar ou satélites, devido a isso
conseguem emitir informações de qualquer ponto da Terra,
tais como altitude, distâncias, localização entre outras.
Todas as informações citadas acima referem-se a re-
giões um tanto quanto restritas. O planeta Terra possui
uma superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados,
devido esse imenso espaço a localização se torna mais
complexa, dessa forma o homem criou linhas imaginarias
para facilitar a localização, os principais são os paralelos e  
latitudes e meridianos e as longitudes. As longitudes representam o intervalo entre os me-
Os paralelos são linhas imaginarias que estão dispos- ridianos ou qualquer ponto do planeta com o meridiano
tas ao redor do planeta no sentido horizontal, ou seja, de principal. As longitudes podem oscilar de 0º no meridiano
leste a oeste. O paralelo principal é chamado de Linha do de Greenwich até 180º a leste e a oeste.
Equador que está situado na parte mais larga do planeta, Através do conhecimento da latitude e longitude de
a partir dessa linha tem origem ao hemisfério sul e o he- um lugar é possível identificar as coordenadas geográficas,
misfério norte. Existem outros paralelos secundários mais que correspondem a sua localização precisa ao longo da
de grande importância como Trópico de Câncer, O Trópico superfície terrestre. A partir dessas informações a definição
de Capricórnio, o Circulo Polar Ártico e o Circulo Polar An- de coordenadas geográficas são medidas em graus, minu-
tártico. tos e segundos de pontos da Terra localizadas pela latitude
e longitude.78
78 Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
É importante que o espaço seja concebido e criado te, pois em realidade, a natureza sempre o traz em sutis
pelo professor a partir das condições existentes na escola, variações. As órbitas planetárias por exemplo, nunca são
para favorecer a produção artística dos alunos. Tal concep- tão precisas ou absolutamente determinadas pelo tempo
ção diz respeito: mecânico, mas estão sempre sujeitas a pequenas variações
• à organização dos materiais a serem utilizados dentro e mudanças.
do espaço de trabalho;
• à clareza visual e funcional do ambiente; Tempo Vivo – Ritmo 
• à marca pessoal do professor a fim de criar “a estética Nós nos aproximamos da verdadeira natureza do tem-
do ambiente”, incluindo a participação dos alunos nessa po ao considerá-lo qualitativamente. Este segundo olhar
proposta; para o tempo o enxerga como ritmo, como ciclos, como
• à característica mutável e flexível do espaço, que per- o tempo da natureza ou tempo vivo. Ritmo é sempre uma
mita novos remanejamentos na disposição de materiais, alternância regular, um pulsar vivo, um contrair e expandir,
objetos e trabalhos, de acordo com o andamento das ati- um aumentar e diminuir, e está sempre embebido em ou-
vidades. tros ritmos que o influenciam e podem variar. O portador
Um espaço assim concebido convida e propicia a cria- dos processos temporais na natureza é o assim chamado
ção dos alunos. Um espaço desorganizado, impessoal, re- reino etérico, e no ser humano, o corpo vital. Se nós co-
pleto de clichês, como as imagens supostamente infantis, nhecêssemos os ritmos do corpo vital e vivêssemos neles
desmente o propósito enunciado pela área. A criação do seríamos muito mais saudáveis.
espaço de trabalho é um tipo de intervenção que “fala” a
respeito das artes e de suas características por meio da or- Tempo Psicológico
ganização de formas manifestadas no silêncio, em ruídos, A forma como nos relacionamos com o tempo, como
sons, ritmos, luminosidades, gestos, cores, texturas, volu- o experimentamos, é chamada de dimensão psicológica.
mes, do ambiente que recebe os alunos, em consonância Uma conversa entediante dura uma eternidade, enquanto
com os conteúdos da área.79 um encontro que suscite em nós interesse, que nos apaixo-
ne, faz o tempo voar. Nossos sentimentos constantemente
Tempo Físico e Linha do Tempo influenciam nosso tempo natural e vital, alongando-o ou
comprimindo-o. Alegria, tristeza e outras emoções deixam
Os quatro tipos de tempo seu selo e estampa no modo como experimentamos o
Uma das medidas salutogenéticas mais eficientes que tempo, por exemplo, quando temos de esperar ou somos
podemos tomar no dia a dia é moldar nosso tempo cons- obrigados a nos apressar.
cientemente em um modo rítmico, enquanto o estilo de Ansiedade, tensão e nervosismo são forças de desgaste
vida contemporâneo é um em que o tempo nos determi- e destruição. Uma vez que stress conduz à exaustão, tempo
na através de experiências como a de “pressão de prazo”, psicológico deve ser considerado nestas condições como
dando-nos a sensação de já não termos tempo, ou tira- um oponente do tempo vivo. Nossos desejos insaciáveis de
nizando-nos com a ideia de lapsos de tempo dentro dos atar o futuro a ideias predeterminadas de como algo deve
quais temos de obter ou produzir certos resultados. A con- acontecer ( por falta de confiança no destino ou na vida) e
sequência disso é stress, nervosismo, pânico, etc.  Aprender manifestá-lo por meio de planos fixos, que geram inúme-
a lidar com o tempo estruturando-o ritmicamente é hoje ras preocupações se ele assim não se cumpre, acabam por
muito importante, pois está cada vez mais difícil lidar com adoecer-nos. Felizmente, há uma quarta ordem do tempo
ele em nossa cultura tecnológica e mecanicista. E ao exami- que pode vir em nosso socorro.
narmos nosso relacionamento com o tempo descobrimos
que existem quatro diferentes dimensões do tempo. Com- Tempo do Eu – tempo Livre
preendê-las e distingui-las pode ser um primeiro passo na O fato de que podemos observar, experimentar e até
direção da transformação de pressão  angustiante em rit- estudar o tempo como fenômeno mostra que uma parte
mo vivificante. de nosso ser vive em uma situação que nos permite eman-
cipar-nos tanto do tempo quanto do espaço. Nosso eu é
Tempo cronológico - o tempo do relógio capaz de compreender conceitos tais como tempo, espaço,
Em verdade, este tempo que dividimos em segundos, eternidade, duração etc, somente porque é independen-
minutos, horas, dias, semanas, meses, anos e assim por te de todos eles. Portanto, nosso eu não apenas sente e
diante, não é real. Nós o inventamos como um artifício, compreende o tempo, mas pode também estruturá-lo.Para
um molde, uma forma de ter sob controle o tempo real. chegarmos a uma conexão com o tempo do eu podemos
Ele é quantitativo e mensurável. Nenhuma cultura antiga praticar exercícios que conduzam a uma calma interior e
jamais viveu sob as restrições e limites de tempo de forma equilíbrio íntimo, e também fortalecer nossa habilidade de
a adaptar-se a eles como nós fazemos hoje. Vivia-se guiado atenção e concentração. Em outras palavras, estamos fa-
pelos ritmos cósmicos, tal como se expressam na natureza. lando de meditação. Uma das importantes consequências
O tempo do relógio é uma violação do tempo real. Ficamos destes exercícios pode ser o cultivo progressivo da capaci-
aprisionados neste tempo e o convertemos em doença cul- dade de sair do tempo e elevar-se acima dele. É como se
tural. Nenhum relógio pode replicar o tempo precisamen- pudéssemos viver num estado de atenção tão plena que
79 Fonte: www.ftp.fnde.gov.br entramos num outro reino, no eterno presente. E assim,

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
vivemos a partir de uma “presença de espírito”, como se Cartografia, portanto, é a arte e ciência de graficamen-
costuma dizer. Neste estado, nos sentimos íntegros e equâ- te representar um área geográfica em uma superfície plana
nimes, proativos em lugar de reativos, e confiantes ao in- como em um mapa ou gráfico (normalmente no papel ou
vés de hesitantes ou apreensivos.Quanto mais praticamos monitor). As representações de área podem incluir supe-
exercícios desta natureza, mais nos tornamos aptos a es- rimposições de diversas informações sobre a mesma área
truturar o tempo e viver na sincronicidade. Queremos com através de símbolos, cores, entre outros.81
isso convidá-los a iniciar um caminho de prática meditativa
que possa levar a meditação a se tornar não apenas um Aprender Cartografia para a Geografia é aprender re-
exercício momentâneo, mas uma postura de vida, uma ati- gras de construção de mapas, suas diferenças, o uso de
tude que permeia toda a existência e nos põe em contato cada tipo de produto gráfico, e, atualmente, técnicas com-
com a fonte geradora de tempo e vida.80
putadorizadas. Isso deve ser considerado e ensinado como
Na concepção de Newton: “o tempo (é) absoluto, ver-
conteúdo técnico, mas não basta. Temos que entender a
dadeiro e matemático, por si mesmo e por sua própria na-
tureza flui igualmente sem relação com nada de externo, e Cartografia como construção social, não como algo pron-
com outro nome, é chamado de duração’’. to, acabado e estático. A Cartografia não é meramente um
Porém o tempo físico é determinado por instrumentos amontoado de técnicas, ela constrói, reconstrói e acima
- os relógios - que permitem marcar intervalos de tempo de tudo revela informações. A Cartografia teria seus gran-
iguais. Qualquer que seja o tipo de relógio, ele é um objeto des avanços nas inovações em estreita consonância com
concreto, ou seja, se baseia num fenômeno físico periódico, as mais significativas transformações da vida material da
e como qualquer objeto ou fenômeno está sujeito às leis sociedade. Este desenvolvimento, portanto, não pode ser
da física. Com isto não se pode saber a priori se os medi- entendido nem explicado fora do contexto do processo de
dores de tempo que funcionam em condições mais corri- desenvolvimento das forças produtivas e relações de pro-
queiras não seriam afetados quando sujeitos a condições dução.
muito diferentes daquelas nas quais já foram sobejamente        O compromisso com a cidadania que cada ramo
testados. do conhecimento humano deve ter, deve estar também di-
retamente relacionado com o seu meio social, dessa forma
Linha do Tempo a Cartografia e a Geografia estão diretamente presentes na
A linha do tempo, em inglês timeline, é uma maneira sociedade tanto no dia-a-dia como em setores específicos.
de visualizar uma lista de eventos em ordem cronológica, A escola é um desses locais cuja presença desses conheci-
descrito por vezes como o artefacto do projecto. Consiste
mentos é importante na tarefa de formar e informar nossos
geralmente num desenho gráfico que mostra uma barra
cidadãos. Trazer a Cartografia para escolares como tema
longa com a legenda de datas junto da barra do uso do
tempo que (normalmente) indica os eventos junto dos de análise de pesquisas educacionais pode elucidar melhor
pontos onde eles aconteceram. como produzir mapas cartograficamente adequados aos
Utilizações de linha do tempo usuários das escolas. Isto significa que ensinar mapas para
As linhas do tempo são normalmente utilizadas na crianças e jovens nas escolas é uma questão que vai além
educação para ajudar estudantes e investigadores a com- da Cartografia.
preender os eventos e estabelecer relações dos eventos        Na verdade, os mapas, assim como todos os demais
num determinado assunto. Estas normalmente mostram os meios de produção de conhecimento escolar, criam signi-
períodos do tempo entre dois eventos. ficado para a aprendizagem quando vistos no contexto de
uma epistemologia escolar. Isto quer dizer, considerar que
a aprendizagem não se faz em separado dos meios e dos
MAPAS E GLOBO TERRESTRE. modos de pensar que eles possibilitam; e, que as relações
de aprendizagem são também mediadas pelas relações
pessoais entre os alunos e o professor, e entre os próprios
alunos. Assim, não basta produzir mapas cartograficamen-
A arte de traçar mapas começou com os gregos que, te adequados, se estes não forem devidamente apropria-
no século VI a.C., em função de suas expedições militares e dos pelos «usuários» da escola. Reforçando, a Cartografia
de navegação, criaram o principal centro de conhecimento
como ramo do conhecimento científico sempre atrelado à
geográfico do mundo ocidental. O mais antigo mapa já en-
Geografia,  principalmente ao ensino de Geografia. Pois, fa-
contrado foi confeccionado na Suméria, em uma pequena
tábua de argila, e representa um Estado. A confecção de lar de Cartografia no Ensino de Geografia implica falar de
um mapa normalmente começa a partir da redução da su- uma Cartografia feita de forma crítica no ambiente educa-
perfície da Terra em seu tamanho. Em mapas que figuram a cional sem esquecer ou reduzir o conhecimento teórico e
Terra por inteiro em pequena escala, o globo se apresenta científico dos mapas frente os seus pressupostos básicos
como a única maneira de representação exata. A transfor- consolidados na longa história da Cartografia, atrelados às
mação de uma superfície esférica em uma superfície plana, novas tecnologias e à complexidade espacial.82
recebe a denominação de projeção cartográfica. 81 Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br
80 Fonte: http://www.sab.org.br - Por Ana Paula I. Cury 82 Fonte: www3.unifai.edu.br

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
A cartografia é a ciência da representação gráfica da A outra técnica cartográfica, o sensoriamento remoto,
superfície terrestre, tendo como produto final o mapa. Ou consiste na transmissão, a partir de um satélite, de informa-
seja, é a ciência que trata da concepção, produção, difusão, ções sobre a superfície do planeta ou da atmosfera. Quase
utilização e estudo dos mapas. Na cartografia, as repre- toda coleta de dados físicos para os especialistas é feita por
sentações de área podem ser acompanhadas de diversas meio de sensoriamento remoto, com satélites especializa-
informações, como símbolos, cores, entre outros elemen- dos que tiram fotos da Terra em intervalos fixos.
tos. A cartografia é essencial para o ensino da Geografia e
tornou-se muito importante na educação contemporânea,
tanto para as pessoas atenderem às necessidades do seu
cotidiano quanto para estudarem o ambiente em que vi-
vem.

 
Para a geração das imagens pelos satélites, escolhe-se
o espectro de luz que se quer enxergar, sendo que alguns
  podem enviar sinais para captá-los em seu reflexo com a
Terra, gerando milhares de possibilidades de informação
  sobre minerais, concentrações e tipos de vegetação, entre
O surgimento outros. Existem satélites que chegam a enxergar um objeto
Os primeiros mapas foram traçados no século VI a.C. de até vinte centímetros na superfície da Terra, quando o
pelos gregos que, em função de suas expedições militares normal são resoluções de vinte metros.
e de navegação, criaram o principal centro de conhecimen-  
to geográfico do mundo ocidental. O mais antigo mapa já
Mapas
encontrado foi confeccionado na Suméria, em uma peque-
na tábua de argila, representando um Estado. A confecção A localização de qualquer lugar na Terra pode ser
de um mapa normalmente começa a partir da redução da mostrada em um mapa. Os mapas são normalmente de-
superfície da Terra em seu tamanho. Em mapas que figuram senhados em superfícies planas, em proporção reduzida
a Terra por inteiro em pequena escala, o globo se apresenta do local da Terra escolhido. Nenhum mapa impresso con-
como a única maneira de representação exata. A transfor- segue mostrar todos os aspectos de uma região. Mapas,
mação de uma superfície esférica em uma superfície plana em contraposição a foto aéreas e dados de satélite, podem
recebe a denominação de projeção cartográfica. mostrar concentração populacional e de renda, diferenças
  de desenvolvimento social, entre outras informações.
Na pré-história, a Cartografia era usada para delimi-
tar territórios de caça e pesca. Na Babilônia, os mapas do
mundo eram impressos em madeira, mas foram Eratosthe-
nes de Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram
as bases da cartografia moderna, usando um globo como
forma e um sistema de longitudes e latitudes. Ptolomeu
desenhava os mapas em papel com o mundo dentro de um
círculo. Com a era dos descobrimentos, os dados coletados
durante as viagens tornaram os mapas mais exatos. Após a  
descoberta do novo mundo, a cartografia começou a tra-
Como os mapas possuem representação plana, eles
balhar com projeções de superfícies curvas em impressões
planas. não representam fielmente a forma geóide da Terra, o que
  levou cartógrafos a utilizarem globos para imitar essa for-
Atualmente... ma. Os mapas mais comuns são os políticos e topográficos.
Hoje, a cartografia é feita por meios modernos, como Os políticos representam graficamente os continentes e as
as fotografias aéreas (realizadas por aviões) e o sensoria- fronteiras entre os países, enquanto os topográficos repre-
mento remoto por satélite. Além disso, com os recursos dos sentam o relevo em níveis de altura (normalmente inclui
computadores, os geógrafos podem obter maior precisão também os rios mais importantes). Para desenhar mapas
nos cálculos, criando mapas que chegam a ter precisão de cartográficos depende-se de um sistema de localização
até 1 metro. As fotografias aéreas são feitas de maneira
com longitudes e latitudes, uma escala, uma projeção e
que, sobrepondo-se duas imagens do mesmo lugar, ob-
tém-se a impressão de uma só imagem em relevo. Assim, símbolos. Atualmente, boa parte do material que o cartó-
representam-se os detalhes da superfície do solo. Depois, o grafo necessita é obtido por sensoriamento remoto com
topógrafo completa o trabalho sobre o terreno, revelando foto de satélite ou fotografias aéreas.
os detalhes pouco visíveis nas fotografias.

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
Projeções cartográficas
Sabemos que a maneira mais adequada de representar a Terra como um todo é por meio de um globo. Porém, pre-
cisamos de mapas planos para estudar a superfície do planeta. Transformar uma esfera em uma área plana do mapa seria
impossível se os cartógrafos não utilizassem uma técnica matemática chamada projeção. No entanto, imagine como seria
se abríssemos uma esfera e a achatássemos para a forma de um plano. Com isso, as partes da esfera original teriam que ser
esticadas, principalmente nas áreas mais próximas aos os pólos, criando grandes deformações de área. Então, para chegar
a uma representação mais fiel possível, os cartógrafos desenvolveram vários métodos de projeções cartográficas, ou seja,
maneiras de representar um corpo esférico sobre uma superfície plana.
 
Como toda projeção resulta em deformações e incorreções, às vezes algumas características precisam ser distorcidas
para representarmos corretamente as outras. As deformações podem acontecer em relação às distâncias, às áreas ou aos
ângulos. Conforme o sistema de projeção utilizado, as maiores alterações da representação localizam-se em uma ou outra
parte do globo: nas regiões polares, nas equatoriais ou nas latitudes médias. É o cartógrafo define qual é a projeção que
vai atender aos objetivos do mapa.

 
A projeção mais simples e conhecida é a de Mercator (nome do holandês que a criou). Outras técnicas foram evoluindo
e muitas outras projeções tentaram desfazer as desigualdades de área perto dos pólos com as de perto do equador, como
por exemplo a projeção de Gall. Como não há como evitar as deformações, classifica-se cada tipo de projeção de acordo
com a característica que permanece correta. Temos então:
• Projeções eqüidistantes = distâncias corretas
• Projeções conformes = igualdade dos ângulos e das formas dos continentes
• Projeções equivalentes = mostram corretamente a distância e a proporção entre as áreas
 
Os três principais tipos de projeção são:

Cilíndricas: consistem na projeção dos paralelos e meridianos sobre um cilindro envolvente, que
é posteriormente desenvolvido (planificado). Uma das projeções cilíndricas mais utilizadas é a de
Mercator, com uma visão do planeta centrada na Europa.

Cônicas: é a projeção do globo terrestre sobre um cone, que posteriormente é planificado. São mais
usadas para representar as latitudes médias, pois apenas as áreas próximas ao Equador aparecem retas.

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA

Azimutais: é a projeção da superfície terrestre sobre um plano a partir de um determinado ponto


(ponto de vista). Também chamadas planas ou zenitais, essas projeções deformam áreas distantes
desse ponto de vista central. São bastante usadas para representar as áreas polares.3

Exercícios

01. (IFB/2017 - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília) Sobre o processo atual de Ensino
e Aprendizagem da Arte, assinale a alternativa INCORRETA.
a) A escolha das atividades ou assuntos a serem propostos precisa ser feita de maneira cuidadosa, no sentido de
possibilitar aos jovens o exercício de colaboração artística e estética com outras pessoas com as quais convivem, com a sua
cultura e com o patrimônio artístico da humanidade.
b) Um dos objetivos do processo de ensino e aprendizagem de Arte é capacitar os estudantes a humanizarem-se
melhor como cidadãos inteligentes, sensíveis, estéticos, reflexivos, criativos e responsáveis, no coletivo, por melhores qua-
lidades culturais na vida dos grupos e das cidades, com ética e respeito pela diversidade.
c) O ensino e aprendizagem de Arte deve ter assegurada a presença da instância reflexiva em todas as etapas do
processo de produção artística.
d) Deve ser incentivada a dicotomia que opõe Teoria x Prática.
e) A Arte é considerada um conhecimento humano articulado no âmbito sensível-cognitivo. Por meio dela manifes-
tamos significados, sensibilidades, modos de criação e comunicação sobre o mundo da natureza e da cultura.

02. (IPAD/2010 - SESC-PE) A água é um recurso renovável; porém, as reservas de água propícia para o consumo
estão, cada vez mais, escassas na natureza. Sobre as características da água, seu estado físico e uso pelo homem é
correto afirmar:
a) A água é a principal responsável pela transmissão de doenças como a dengue, a gripe e a leptospirose, pois a água
atua como via entre o agente causador dessas doenças e o ser humano;
b) A água está distribuída por toda a superfície do planeta Terra, sendo o estado físico sólido (gelo) a forma mais abun-
dante da superfície, localizada principalmente nos pólos Norte e Sul da Terra;
c) As águas dos rios e córregos em áreas urbanas, comumente poluídas por esgotos urbanos e industriais, formam
chuvas poluídas e contaminadas com doenças presentes na poluição das águas;
d) Da mesma forma que os animais, as plantas liberam água para o ambiente através da transpiração, contribuindo para
o ciclo da água na natureza;
e) As mudanças climáticas estão elevando a temperatura e a sensação térmica no planeta, resultando na diminuição do
volume dos oceanos, decorrência da maior evaporação de suas águas.

03. (FGV/2014 - SEDUC-AM) A degradação dos ecossistemas naturais pelas atividades humanas indica clara-
mente que muitas dessas atividades não são sustentáveis.
Com relação a propostas que visam à sustentabilidade, analise as afirmativas a seguir.
I. Reduzir o uso de combustíveis fósseis para o transporte e atividades industriais.
II. Restringir o uso de defensivos e fertilizantes agrícolas produzidos a partir do petróleo e de gás natural, utili-
zando técnicas produtivas menos poluentes.
III. Estimular o uso de biocombustíveis que é uma forma de energia sustentável e não degrada o ambiente.
Assinale:
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
04. (COPEVE-UFAL/2011 – UFAL) A Erosão é o pro-
cesso de “desagregação e remoção de partículas do
solo ou de fragmentos e partículas de rochas, pela ação
combinada da gravidade com a água, vento, gelo e/ou
organismos (plantas e animais).” Dadas as seguintes
afirmativas a esse respeito,
I. Erosão laminar é aquela causada por concentração das
linhas de fluxo das águas de escoamento superficial, resul-
tando em incisões na superfície do terreno, na forma de sul-
cos, ravinas e voçorocas e solapamento de margens de canal.
II. A erosão laminar é dificilmente perceptível; porém,
em culturas perenes, pode-se perceber a sua ocor-
rência, após alguns anos, pela exposição das raízes.
III. O ravinamento corresponde ao canal de escoamento pluvial Observe a cadeia alimentar e o fluxo de energia nos
concentrado, apresentando feições erosionais com traçado níveis tróficos
bem definido, podendo aprofundar-se devido à erosão das a) As aves, pois são os predadores do topo dessa ca-
enxurradas, atingindo até alguns metros de profundidade. deia e acumulam mercúrio incorporado pelos componen-
IV. As voçorocas têm dimensões inferiores às ravinas e tes dos demais elos.
são geralmente ramificadas. No mecanismo de desen- b) Os caramujos, pois se alimentam das raízes das
volvimento desta feição atuam tanto a ação da água plantas, que acumulam maior quantidade de metal.
de escoamento superficial quanto os fluxos d’água c) Os grandes peixes, pois acumulam o mercúrio pre-
sub-superficiais, por meio do fenômeno de piping. sente nas plantas e nos peixes pequenos.
são corretas d) Os pequenos peixes, pois acumulam maior quanti-
a) I e II. dade de mercúrio, já que se alimentam das plantas conta-
minadas.
b) I e III.
e) As plantas aquáticas, pois absorvem grande quanti-
c) II e III.
dade de mercúrio da água através de suas raízes e folhas.
d) II e IV.
e) III e IV.
07. (CESPE/2012 - SAEB/BA) Considerando a impor-
tância de se conhecer a dinâmica natural das espécies
05. (Marinha/2015 – EAM) Considere uma certa
para a recuperação de ecossistemas degradados, assi-
quantidade de água, inicialmente no estado sólido.
nale a opção correta.
Aquecendo gradativamente de forma homogênea toda a) A sucessão ecológica, por envolver poucas variáveis,
essa quantidade de água, ela passa para o estado liqui- é considerada um processo simples e de fácil aplicação.
do e, mantendo-se o mesmo regime de aquecimento, b) Utiliza-se a técnica de poleiros artificiais na restau-
a mesma passa do estado liquido para o gasoso. Sobre ração de áreas degradadas para atrair aves dispersoras na-
as propriedades da água nos referidos estados físicos e turais de sementes.
sobre os processos de mudança de estado físico pode- c) Quanto à sucessão ecológica, as espécies podem ser
se afirmar que: classificadas em pioneiras, secundárias e invasoras.
a) o processo de mudança do estado sólido para o es- d) Os modelos tradicionais de recuperação de áreas
tado líquido chama-se fusão. degradadas têm como base o plantio de mudas na área de
b) o processo de mudança do estado sólido para o es- acordo com critérios como regeneração natural e intera-
tado líquido chama-se líquefação. ções entre espécies.
c) a densidade da água no estado sólido é maior que
no estado líquido. 08. (CESPE/2012 - SAEB/BA) Uma das tecnologias
d) o processo de mudança do estado líquido para o para o tratamento de resíduos sólidos industriais é a
estado gasoso chama-se condensação. incineração. Acerca desse assunto, assinale a opção cor-
e) no processo de mudança do estado líquido, a água reta.
perde calor. sólido para o estado líquido, a água perde ca- a) O sistema de tratamento térmico não necessita de
lor. equipamentos que reduzam a emissão de poluentes.
b) Durante o processo de tratamento térmico, deve ser
06. (ENEM-2010) A figura representa uma cadeia realizado o monitoramento de material particulado, dioxi-
alimentar em uma lagoa. As setas indicam o sentido do nas e furanos.
fluxo de energia entre os componentes dos níveis tró- c) Os gases gerados no processo de tratamento dos in-
ficos. cineradores e lançados na atmosfera, ainda que sem trata-
Sabendo-se que o mercúrio se acumula nos tecidos mento, não causam impactos negativos ao meio ambiente.
vivos, que componente dessa cadeia alimentar apre- d) A incineração é uma tecnologia que consiste no tra-
sentará maior teor de mercúrio no organismo se nessa tamento térmico do resíduo à temperatura máxima de 100
lagoa ocorrer um derramamento desse metal? ºC.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
09. (CESPE/2011 - SEDUC/AM)

A partir do texto acima e das ideias por ele suscitadas, julgue os itens seguintes acerca do lixo e seu destino.
Uma das funções dos aterros sanitários é receber pilhas e baterias descartadas.
( ) Certo
( ) Errado

10. (ESGRANRIO/2010 - Prefeitura de Salvador – BA) Matéria é o que compõe tudo o que ocupa lugar no espaço.
O ensino desse conceito nas aulas de Ciências é auxiliado pela compreensão da natureza particulada da matéria.
Nessa perspectiva, sabe-se que
a) a divisibilidade é uma propriedade presente apenas em alguns tipos de matéria.
b) o nêutron é a menor porção de matéria que constitui um átomo.
c) o átomo foi assim denominado por Rutherford por ser divisível.
d) as subpartículas formam a matéria por meio de interações.
e) os prótons são subpartículas presentes em toda a extensão do átomo.

11. (Instituto Excelência/2017 - Prefeitura de Lauro Muller-SC) A alfabetização é a aquisição do código da es-
crita e da leitura. O ato de ler ativa uma série de ações e pensamentos que ocorrem ao mesmo tempo, sendo assim
surgem estratégias de leitura. Analise as afirmativas abaixo sobre essas estratégias:
I- Decodificação: aprender a decodificar pressupõe aprender as correspondências que existem entre sons da linguagem
e os signos, ou os conjuntos de signos gráficos.
II- Inferência: contexto para interpretar o texto. Usar os conhecimentos de mundo para entendê- lo.
III- Antecipação: não está escrito no texto. Vai se confirmando ou não, de acordo com a leitura.
IV- Seleção: utilização durante a leitura do que é útil para a interpretação do texto, desprezando o que não é impor-
tante.
Estão CORRETAS as afirmativas: 
a) I-II-III e IV.
b) II e III. 
c) I- II e IV.
d) Nenhuma das alternativas.

12. (VUNESP/2012 - SEE/SP) Isabel Cristina de Moura Carvalho, no livro Educação Ambiental: a formação do
sujeito ecológico (2008), sugere que para renovar a nossa visão de mundo, às vezes, é importante trocar as lentes,
implicando em desnaturalizar os modos óbvios que tínhamos de ver as coisas. Isso é necessário, por exemplo, nas
questões relativas ao meio ambiente. Propondo lançar novos olhares sobre a percepção de ambiente disseminada
no conjunto da sociedade, a autora propõe uma visão socioambiental que consiste, em linhas gerais, numa visão
a) que tende a considerar a natureza como o mundo de ordem biológica, pacificada, equilibrada, estável em suas inte-
rações ecossistêmicas, o qual segue vivendo como autônomo e independente da interação com o mundo cultural humano.
b) orientada por uma racionalidade complexa e interdisciplinar, pensando o ambiente como sinônimo de natureza
intocada, mas que pode ser afetado pelas constantes ações antrópicas e por fenômenos naturais.
c) orientada por uma racionalidade complexa e interdisciplinar, pensando o ambiente como um campo de interações
entre a cultura, a sociedade e a base física e biológica dos processos vitais.
d) que tende a considerar a natureza como o mundo de ordem biológica, o qual segue vivendo como autônomo e
independente da interação com o mundo cultural humano, exceto no caso de populações ribeirinhas e indígenas.
e) orientada por uma racionalidade complexa e interdisciplinar, pensando o ambiente como um campo de interações
entre a cultura e a sociedade, desconsiderando- se a base física e biológica dos processos vitais.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
13. (CESPE/2013 - SERPRO) O uso da cor tem gran- 16. Acerca da função sociocultural da escola, assi-
de importância no design, sendo um dos principais ele- nale a opção correta.
mentos visuais por sua capacidade de eliciar os sentidos. a) Os conteúdos escolares devem ser transmitidos aos
O designer deve considerar aspectos psicológicos, técni- estudantes para que eles aprendam a se comportar em so-
cos e estéticos ao desenvolver projetos de comunicação ciedade.
visual, em que a luz pode ser transmitida ou refletida. b) A escola deve focar especificamente o desenvolvi-
Com relação a esse assunto, julgue os itens que se se- mento intelectual de seus alunos, enfatizando a assimila-
guem. ção de conteúdos científicos.
As cores primárias aditivas são o amarelo, o ciano e c) A escola deve estar vinculada às questões sociais e
o magenta. aos valores democráticos, visando à construção da cida-
( ) Certo dania.
( ) Errado d) A escola deve desempenhar seu papel independen-
temente do momento histórico e das questões sociais vivi-
das pelo aluno.
14. Para aprender a escrever uma língua que tem
por base um sistema alfabético, a criança necessita com-
17. (IF-RS/ 2016 – IF/RS) O conceito de saúde sexual
preender que as letras, enquanto símbolos gráficos, cor-
e reprodutiva vem sendo discutido pelos movimentos
respondem a segmentos sonoros que não possuem sig-
nificados entre si. feministas e de direitos humanos há várias décadas. O
Esta afirmação significa que conceito de direitos reprodutivos e sexuais tem sua for-
o conhecimento implícito nessa compreensão refere-se mulação inicial nas décadas de 80 e 90, no âmbito dos
à noção de fonema. Isto é fundamental para o entendimento movimentos gay e lésbico europeus e norte-america-
do princípio alfabético. nos, produzindo-se, em seguida, uma sinergia com os
b) a criança necessita de um domínio fonológico em segmentos mundiais. As alternativas abaixo discutem
termos da noção mais abstrata de fonemas enquanto uni- alguns conceitos apresentados no caderno de atenção
dades sonoras que compõem as palavras, uma vez que o básica: saúde sexual e reprodutiva.
processamento da linguagem oral requer outros níveis de I. Entende-se que a saúde reprodutiva é um estado de
conhecimento fonológico. completo bem-estar físico, mental e social, em todos os
c) a consciência ou conhecimento fonológico não faz aspectos relacionados com o sistema reprodutivo e as suas
parte do que se considera como conhecimento metalinguís- funções e processos, e não de mera ausência de doença ou
tico e tem pouco envolvimento na compreensão dos símbo- enfermidade.
los gráficos. II. Relacionamentos igualitários entre homens e mulhe-
d) a consciência fonológica não tem sido considerada res não existem, sempre vão ocorrer diferenças entre os se-
como capacidade metalinguística que permite refletir sobre xos que podem ser justificadas pela biologia e pela cultura.
as características estruturais da fala, assim como manipulá III. Os direitos humanos das mulheres incluem seu di-
-las. reito a ter controle e decidir livre e responsavelmente sobre
e) a consciência fonológica é importante para a escrita questões relacionadas à sua sexualidade, incluindo a saúde
e não para a leitura. sexual e reprodutiva, livre de coação, discriminação e vio-
lência.
15. Um elemento importante do trabalho de alfabe- IV. A saúde reprodutiva implica que a pessoa possa ter
tização é a criação (na sala de aula e na escola como um uma vida sexual segura e satisfatória, tendo autonomia
todo) de um ambiente alfabetizador, tanto por parte do para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e
professor, quanto dos outros profissionais da instituição.
quantas vezes deve fazê- lo.
Nesse sentido, o professor deve
V. Nas questões referentes às relações sexuais e à re-
a) optar por materiais escritos produzidos para o uso
produção, não requerem respeito mútuo, consentimento e
escolar, como livros didáticos, uma vez que não precisam ser
adaptados ou transformados para se adequarem aos alunos. divisão de responsabilidades sobre o comportamento se-
b) adaptar materiais diversos de uso social em sua lin- xual e suas consequências.
guagem e formato para que se adequem à realidade dos Assinale a alternativa em que todas as afirmativas
alunos e sua capacidade de compreensão, evitando-se ma- estão CORRETAS:
teriais complexos e muito extensos dentro da sala de aula. a) I, II, III, IV e V.
c) selecionar, além de materiais produzidos para o uso b) Apenas III e IV.
escolar, os diversos tipos de texto que circulam na socieda- c) Apenas III e V.
de, de preferência em seus suportes originais, cumprindo a d) Apenas I, III, IV e V.
mesma função que exercem fora da escola, desde que não e) Apenas I, III e IV.
sejam inadequados aos alunos.
d) produzir com a equipe da escola materiais escritos 18. (FUNDATEC/2017 – BRDE) Observa-se no cená-
para uso no processo de alfabetização, que considerem as rio mundial da atualidade a crescente busca por fontes
características do ano de escolaridade, a realidade do gru- alternativas de energia que tenham impacto cada vez
po de alunos e os objetivos didáticos, evitando inadequa- menor para o meio ambiente. As chamadas energias
ções naquilo que é apresentado à classe. limpas são caracterizadas por não emitirem poluentes

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Professor - PA
na atmosfera nem liberarem, durante seu processo de c) A relação entre as coordenadas dos pontos localiza-
produção ou consumo, gases ou resíduos que contri- das na superfície da Terra e as do mapa é definida a partir
buam para o aumento do efeito estufa e do aquecimen- da definição do modelo matemático, do Datum e da super-
to global. Qual alternativa NÃO pode ser considerada fície de projeção.
um tipo de energia limpa?  d) Em função do fator de achatamento do elipsoide
a) Maremotriz.  de revolução, não é possível estabelecer uma relação ine-
b) Biomassa. quívoca entre as coordenadas dos pontos localizadas na
c) Geotérmica.  superfície da Terra e as do mapa.
d) Hidráulica.  e) Em função das deformidades observadas no geoide,
e) Térmica.  não é possível estabelecer uma relação inequívoca entre as
coordenadas dos pontos localizados na superfície da Terra
19. (IDECAN/2016 – SEARH/RN) Com relação a orga- e as do mapa.
nização do tempo/espaço e aprendizagem no cotidiano
escolar, é INCORRETO afirmar que GABARITO
a) refletir sobre o tempo dos alunos revela a preocu-
pação somente com o cumprimento do rol de conteúdos. 1 D
b) o ensino em ciclos concebe a escola como tempo/ 2 D
espaço de formação, em compromisso com o desenvolvi- 3 C
mento integral dos alunos.
c) o ensino organizado em ciclos pressupõe modifica- 4 C
ção no tempo/espaço escolar em função do processo de 5 A
aprendizagem das crianças.
6 A
d) a organização do ensino em ciclos é uma proposta
presente em muitos municípios brasileiros, que visa à refor- 7 B
mulação dos programas escolares. 8 B
20. Analise as afirmativas sobre as características 9 Errado
econômicas de Pernambuco e marque (V) para as ver- 10 D
dadeiras e (F) para as falsas. 11 A
a) O setor de serviços é o principal responsável pelo
PIB de Pernambuco, impulsionado pelo turismo e pelo co- 12 C
mércio. 13 Errado
b) Importante atividade econômica nos séculos ante-
riores, a agricultura não contribui mais para o PIB estadual. 14 A
c) O setor industrial está em constante expansão, com 15 C
destaque para os segmentos de transformação de mine- 16 C
rais, confecção, petroquímico e farmacêutico.
d) Apesar do potencial turístico do estado, essa ativida- 17 E
de é pouco desenvolvida, sobretudo pela falta de estrutura 18 E
hoteleira.
19 A
Alternativa correta
a) V – F – F –V 20 B
b) V – F – V – F 21 C
c) F – F –V - F

21. (NC/UFPR/2017 - Usina Hidroelétrica de Itaipu (Footnotes)


(ITAIPU Binacional) Projeções cartográficas estabele- 1 Fonte: www.marcelohortafisica.blogspot.com.br
cem uma relação inequívoca entre um ponto na super-
fície da Terra e um ponto projetado no mapa. Levando 2 Fonte: www.biomania.com.br
em consideração a informação apresentada, assinale a
alternativa correta.
3 Fonte: www.sogeografia.com.br
a) A relação entre as coordenadas dos pontos localiza-
dos na superfície da Terra (coordenadas esféricas) e as do
mapa (coordenadas planas) é definida a partir das distân-
cias e azimutes obtidos diretamente na superfície da Terra
e do modelo topocêntrico adotado.
b) A relação entre as coordenadas dos pontos locali-
zados na superfície da Terra e as do mapa é inequívoca,
independentemente do modelo matemático, do Datum e
da superfície de projeção.

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