Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Domingos Faria
Clifford defende que não é legítimo acreditar que Deus existe, uma
vez que só é legítimo acreditar naquilo para o qual temos indícios
suficientes, e não temos indícios suficientes da existência de Deus.
Deste modo, Clifford argumenta que não há qualquer caso em que
acreditar em algo sem indícios conclusivos seja perfeitamente
racional. Plantinga nega esta proposição, mas para isso não se
compromete com a ideia de que é sempre racional acreditar em algo
sem indícios conclusivos. Apenas argumenta que há certos casos em
que acreditar em algo sem indícios conclusivos é perfeitamente
racional, nomeadamente que existem alguns contextos que justificam
racionalmente uma crença mesmo sem provas ou indícios. Por isso,
defende que pode ser legítimo acreditar na existência Deus sem
provas, argumentos ou indícios.
Portugal | Brasil
Uma crença é básica quando a aceitamos mas não com base noutras
crenças ou indícios. E estas crenças que não são justificadas com
base noutras tanto podem ser inapropriadas como apropriadas. Uma
crença básica é inapropriada quando não se justifica a si mesma,
sendo assim irracional. Por exemplo, a aluna Vera, apesar de
aprender várias teorias éticas, acredita, sem quaisquer razões ou
indícios, que no próximo teste de filosofia moral só sairá Kant, e por
isso só estuda a ética de Kant. Para ela, esta é uma crença básica,
pois não foi formada a partir de outros indícios ou razões; aliás, o
professor nem esclareceu que conteúdos iriam sair no teste. No
entanto, a crença básica desta aluna não é apropriadamente básica,
pois é uma crença arbitrária e a circunstância a partir da qual a formou
não a torna justificada.
“Ao ler a Bíblia, pode-se ficar impressionado com o profundo sentido de que Deus nos
fala. Depois de fazer o que considero reles, ou imoral ou malévolo, posso sentir-me
culpado aos olhos de Deus e formar a crença Deus desaprova o que fiz. Ao confessar-
me e arrepender-me, posso sentir-me perdoado formando a crença Deus perdoa-me o
que fiz. Uma pessoa em grave perigo pode voltar-se para Deus, pedindo-lhe protecção
e ajuda; e claro que ele ou ela formará então a crença de que Deus é de facto capaz
de ouvir e ajudar se o considerar apropriado. Quando a vida é doce e gratificante, um
sentido espontâneo de gratidão pode ascender na alma; alguém nesta condição pode
agradecer e louvar o Senhor pela bondade e formará evidentemente a crença
concomitante de que na verdade há que agradecer ao Senhor e louvá-lo”. (Plantinga
1981: 186)
Domingos Faria
Questões de revisão
1. O que significa dizer que a crença em Deus é apropriadamente básica?
2. Por que motivo Plantinga consideras que não é plausível a crítica
indiciarista?
3. Explique em que circunstâncias e condições a crença em Deus pode
tornar-se apropriadamente básica.
4. A crença na Grande Abóbora pode tornar-se apropriadamente básica?
Justifica.
5. Segundo Plantinga, por que razão os ateus não têm uma crença básica
em Deus?
6. Formula a objecção que consideres mais forte contra a teoria de
Plantinga.
Questões de discussão
7. “A crença em Deus é apropriadamente básica”. Concordas? Porquê?
8. “A crença apropriadamente básica em Deus não é infundada ou
gratuita”. Concordas? Porquê?
9. Consideras que é ética e epistemicamente legítimo acreditar em Deus
sem qualquer prova, argumento ou indício? Justifica.