Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Graduanda do curso de Letras - Língua Portuguesa e Literaturas – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Aluna de Iniciação Científica na área da Análise Textual. UFRN/REUNI/GETED.
luazinnnha@hotmail.com
2
Orientadora Professora Doutora do Departamento de Letras e do Programa de Pós-Graduação em Estudos
da Linguagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Líder do Grupo de Pesquisa em Estudos do
Texto e do Discurso/GETED e integrante do e Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise –
GEPPEP/USP. sulemifabiano@yahoo.com.br
BAKHTIN E O ESTUDO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS
Nesse ponto, iremos analisar um excerto de texto produzido por alunos iniciantes
da graduação em Letras (AI) na finalidade de mapear os conceitos de heterogeneidade
discursiva, encontrados na escrita do gênero acadêmico.
Aluno Iniciante (AI)
01.[...] Sobre o ato da leitura, Mary Neiva Surdi da Luz, em seu artigo
02.Como se ensina português no Ensino Médio, faz crítica colocando
03.que:
Tal como se foi discutido na análise do excerto de texto produzido por alunos
iniciantes, o que ocorre no texto dos alunos concluintes, com relação ao uso dos conectores
é exatamente a mesma problemática: o conector cumpre somente o requisito de organizar
estruturalmente o texto, funciona como um mero “iniciador de parágrafos”, utilizado na
finalidade “encaixar” no discurso do AC a teoria citada, deixando de atingir o nível lógico-
semântico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer das análises, pudemos perceber que tanto os alunos iniciantes quanto
os concluintes marcam a heterogeneidade discursiva por meio de várias citações diretas,
indiretas. Isso significa que boa parte da preocupação que os alunos, tanto iniciantes
quanto concluintes, têm é de mostrar afinidade com a teoria que, possivelmente, foi-lhes
instruída a estudar. O problema é que esses alunos demonstram em seus textos um
congelamento das teorias, ou seja, eles se preocupam na fixação da teoria através dos
enunciados. Essa fixação da teoria faz com que os alunos não consigam produzir outra
coisa em seu texto, que não seja voltada a demarcação do discurso do outro, através das
citações.
Na tentativa de produzir algo que não seja exclusivamente do outro, ambos, tanto
os iniciantes quanto os concluintes, se utilizam dos elementos conectores tais como:
“baseando-se nisso, com isso, a partir disso” com a finalidade de estabelecer relação entre
essas tantas citações com alguma conclusão escrita por eles. Muitas vezes, porém, o que
ocorre é a frustração dessas tentativas de conexão, onde, em muitos casos, um parágrafo
semanticamente não tem relação nenhuma com o outro, mas o conector está lá.
O que ocorre nesse tipo de escrita é considerado aceitável no caso dos iniciantes,
que possivelmente estão tendo um primeiro contato com esses teóricos, e têm o interesse
de fundamentar o seu discurso com a teoria deles. Por isso, citam. E citam, na maioria dos
casos, honestamente. Pois deixam bem claro qual a função das remissões, além de não
omitir as referências bibliográficas. Eles são iniciantes, estão estudando a teoria e querem
mostrar isso. Não há produção de conhecimento, mas há preocupação com o discurso do
outro.
Por outro lado, observando a escrita dos alunos concluintes, não podemos dizer
que o que ocorre nesses textos é considerado aceitável. A graduação em Letras dura no
mínimo de quatro a cinco anos. Esses alunos chegaram ao fim da graduação; estudaram
essas teorias por anos. O mínimo que esperaríamos seriam paráfrases, ou boas relações
entre um parágrafo e outro, e não basicamente inúmeras citações sem relação lógico-
semântica entre elas. Os alunos concluintes, nesse caso, não estão produzindo
conhecimento, estão repetindo teorias. Após terem estudado por toda a graduação,
esperava-se que eles fossem capazes de escrever algo próprio, constitutivo.
Percebemos ainda, voltando ao estudo do gênero, que os textos em geral, de
iniciantes e concluintes possuem características similares, obedecendo a um mesmo padrão
formal de estrutura, que tipifica o gênero acadêmico. Isso significa que a grande maioria
respeita fielmente o tipo “relativamente estável” de texto, que Bakhtin (2000) chama de
gênero. Em contrapartida, chegamos à conclusão de que seguir atentamente o padrão
estabelecido pelo gênero não significa produzir conhecimento, visto que os alunos
iniciantes e concluintes se mantiveram alicerçados a uma escrita congelada pelo gênero e
fundamentada por inúmeras citações, ou seja, pela marcada voz do outro.
Com bases nesses resultados, podemos concluir que a escrita na universidade
precisa ser reavaliada, de modo que o aluno, ao sair da graduação, seja capaz de ler,
interpretar, incorporar as teorias ao seu texto e, finalmente, conseguir se apropriar daquela
idéia, tornar aquilo constitutivo e, enfim, produzir conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS