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RECUPERANDO INFORMAÇÕES PARA A HISTÓRIA DO CINEMA

EM PERNAMBUCO: AGENDA DO CINEMA AMBULANTE


(1900-1909)

1
Maria Luiza Nóbrega de Morais

Quando as primeiras exibições de cinema acontecem em Recife, no início do século
XX, a cidade já dispõe de uma movimentada vida cultural que se distribui pelos subúrbios e
pelo centro urbano.2  Contando com sistema de comunicação que ligava a cidade ao Rio de
Janeiro   e   Europa,     beneficiada   pela   existência   de   uma   imprensa   consolidada   e   com   uma
intensa   movimentação   teatral,   o   Recife   maravilhava­se   com   a   chegada   dos   primeiros
automóveis e com as projeções cinematográficas.
As primeiras exibições aconteciam nos mais diferentes lugares: teatros, festas de largo,
circos, velódromo, cafés e casas de diversão. Os teatros abrigavam as exibições quando a
pauta não estava ocupada pelas grandes companhias que visitavam a cidade, pelos grupos
amadores distribuídos pelos bairros e eventualmente pelas companhias amadoras vindas do
interior de Pernambuco para se apresentarem na capital.
Este trabalho compreende uma primeira aproximação das informações que cobrem o
início do século XX até o momento em que a cidade inaugura seus primeiros cinemas fixos:
Pathé, Carlos Gomes, Royal e Palace, no ano de 1909.

As primeiras projeções

Num salão de variedades instalado na Rua da Imperatriz n° 25, funciona um


Cinematógrafo Lumière. Uma nota do Jornal Pequeno, em 13 de janeiro de 1900, informa a
exibição de fatos históricos, costumes de diversos países e cenas humorísticas em vistas
coloridas.3 As projeções acontecem todas as noites, em três sessões, acompanhadas de uma
orquestra. A entrada, com direito a cadeira, custava 1$000. Embora prevista para iniciar as
19.30h, os horários variavam de acordo com as condições técnicas do aparelho. Os problemas
eventuais de falta de energia e os constantes desarranjos do aparelho não conseguem estragar
o humor dos espectadores. O que não se vira hoje, poderia ser visto amanhã ou depois de
amanhã. Ainda no mês de janeiro, o Jornal do Recife, na secção Gazetilhas, informa que, em
um dos salões do Hotel Commercial, funciona um Motoscópio que exibe interessantes vistas.
No dia 10 de janeiro, o sr. Domingos Mafra anuncia que as entradas para as sessões do

1
Professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco. Líder do Grupo
de Pesquisa: História e Imagens da Comunicação. Coordenadora do Núcleo Pernambucano da Rede Alcar.
2
É provável que outras experiências de projeção tenham acontecido antes de 1900. A ampliação da pesquisa
para outros jornais da época pode aumentar as informações sobre as experiências dessa natureza. A má
conservação dos jornais e o registro em diferentes datas para um mesmo evento dificultam a precisão dos dados.
3
Pelas informações disponíveis, não foi possível, até o momento, identificar o exibidor.
Motoscópio passarão a custar 1$000.Conforme informações do jornal, esse aparelho
funcionaria até o dia 14 do mês. No mês de maio, ainda aparecem anúncios do Motoscópio
funcionando na Rua da Imperatriz n° 17. Em agosto, a secção Gazetilla informa um excelente
cinematógrafo funcionando, no pavimento térreo de um prédio  da Rua da Imperatriz, até
início do mês de setembro quando os proprietários anunciam que vão despedir-se da cidade. 4
Em 19 de março, o Jornal Pequeno anuncia as últimas sessões do cinematógrafo e, no
fim do   mês, antecipa a vinda de um novo aparelho com   projeções  animadas  que   seria
trazido pelo   prestidigitador, Comendador Ernesto Acton. Segundos registros na imprensa,
Ernesto Acton esteve em Recife,  no mês  de janeiro,   apresentando espetáculos  dos  quais
constavam   trabalhos   de   “altas   magia   branca   e   preta”   (Jornal   Pequeno,   22.01.1901)5
Enquanto   espera   a   chegada   do   novo   aparelho,   o   público   reclama   das   escuras   vistas   do
Martírio de Cristo   e   aplaude uma fita sobre duas maxixeiras que o jornal não identifica o
nome mas que faz referência ao conteúdo. 
                       Como não há um registro preciso das companhias de exibição,  mas eventuais
referências, fica difícil identificar, em alguns casos, quando muda a empresa exibidora. O
foco da informação é sempre o aparelho e as vistas.  Assim que, quando em maio de 1900, o
Jornal   Pequeno  notifica   o   sucesso   da   Paixão   de   Cristo   que   traz   ao   cinema   não   apenas
representantes do clero mas  famílias vindas do interior do estado para conhecer a novidade,
não faz maiores referências. Conforme registros na imprensa, há um trabalho de divulgação
do exibidor junto à direção das escolas. Assim sendo, os colégios passam a usar  as vistas da
Paixão de Cristo como auxílio à educação religiosa e começam a agendar suas presenças. 
Em 28 de maio de 1900, o Jornal Pequeno anuncia que, brevemente,  num salão de
variedades da Rua da Imperatriz,  será apresentado o Fotolumière exibindo  algumas cenas e
episódios do Batalhão de Canudos. Além da foto do general, foram apresentadas algumas
cenas,   episódios,   panoramas,   batalhões   e   acampamento   de   Canudos.   Outras   fotografias
exibidas   seriam   do   General   Serra   Martins,   Coronel   Medeiros,   Capitão   Albino   Noronha,
Tenente Lacerda6, entre outros. 
.
“Agradam bastante as vistas de Canudos que foram ontem exibidas pelo aparelho de
projeções fixas. As cenas são reproduzidas com muita verdade e as figuras têm perfeita
semelhança; não há exata nitidez em todos os quadros parecendo ser defeito dos clichês;
em compensação, outros apresentam vivamente as cenas, tendo dignas dimensões – a da
barraca do coronel Medeiros, as duas jovenzinhas, a autópsia, o general Artur Costa”
(Jornal Pequeno,  30.05.1900)

4
ASSIS, André Ferraz Sitônio. Notas sobre projeções cinematográficas no Jornal do Recife (1900). Recife.
UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa: História e Imagens da Comunicação. 1998. (Relatório de Pesquisa. ) Há dois
registros de cinematógrafos, um funcionando no n° 17 e outro no n° 25 da Rua da Imperatriz. É provável que
seja o mesmo cinematógrafo apesar do jornal, em dias diferentes, registrar as duas numerações como se fossem
dois prédios diferentes. A última notícia de cinematógrafos no ano 1900, no Jornal do Recife, é no mês de
outubro.
5
Ari Bezerra Leite faz referência ao Comendador Acton como um dos pioneiros do cinema na capital cearense
que, em setembro de 1897, trouxeram os primeiros Kinetoscopes da Edison . In: LEITE, Ari Bezerra. Fortaleza
e a era do cinema: pesquisa histórica (1891-1931). Fortaleza. Secretaria da Cultura, 1995. 537p.
6
PEIXOTO, Leandro; VILLAS-BOAS, Silvana. Projeções fixas entre os anos de 1900-1903 no Jornal Pequeno.
Recife. UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa: História e Imagens da Comunicação 1996 ( Relatório de pesquisa)
O jornal anuncia ainda que estes seriam os últimos dias da
projeção desde que, em junho, o artista, proprietário do aparelho, deve
viajar para cumprir outros itinerários no sul do país .
Em 18 de outubro de 1900, a revista Diário, do Diario de
Pernambuco informa que um cinematógrafo que funciona na Rua da
Imperatriz, n° 17, prepara a exibição de novas vistas. A informação,
praticamente ilegível, faz uma referência aos exibidores C&Bilhas.
Ainda em 1900, encontramos o registro de sessões especiais
para o sexo masculino. Às vezes, é a segunda sessão mas em outros
registros, não há informações sobre o horário.
Em 1901, o Jornal do Recife dedicava-se à divulgação das
novidades do mundo da imagem e às especulações sobre o uso do
cinematógrafo divulgando notícias curiosas. Em 06 de março, uma
matéria informava que um fabricante de cinematógrafos teria
oferecido à policia parisiense um aparelho que poderia vigiar e
registrar o cumprimento dos regulamentos de trânsito. Capaz de
registrar o delito na hora da ocorrência, este aparelho agilizaria o
trabalho da polícia fornecendo a prova material do delito e a
identidade do delinqüente, evitando, assim, a prisão preventiva, o
auto de flagrante e o interrogatório ao infrator. O cinematographo
falaria pelo réu e pelas testemunhas. Diante das imagens, ficariam
dispensados o escrivão, guardas de segurança e se economizaria papel
selado e tinta. O cinematógrafo ainda beneficiaria o delinqüente
poupando-o das despesas do processo .
Em janeiro, o jornal A Província registra um cinematógrafo,
com fitas e vistas coloridas e simples, funcionando na Rua Duque de
Caxias, n° 65, de propriedade de Barbosa Lima &C. 7
            Em 29 de março de 1901, o Jornal do Recife publicava as seguintes informações: 

“Maravilhas da photographia

As machinas photographicas instantaneas têm agora um competidor terrivel, o


mirographo, inventado ha pouco por Reulos e Goudeau. Pode trazer-se no bolso como
um binóculo, pois mede 0,14 de altura, 0,10 de cumprimento e 0,6 de largura. 0
mirographo tira vistas ou scenas. As vistas desdobram-se e o apparelho transforma-se
em cinematógrapho, onde se animam as scenas e se admiram as paisagens tomadas.
Cada fita póde encerrar 500 imagens, pois mede seis metros de comprimento; a duração
da projecção é de 40 segundos. As imagens projectadas alcançam de 1m a 1,90. Com o
alludido aparelho todos podem tirar retratos animados de pessoas da família ou dos
amigos, com os seus gestos, movimentos e verdadeira phisionomia. 

7
RIBEIRO, Raquel Gaudêncio de Melo. . Atividades culturais no jornal A Províncias (jan-dez 1901). Recife,
UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa História e Imagens da Comunicação. 1999. (Relatório de pesquisa)
Vindo a combinar­se o phonographo com cinematographo, podemos ter presentes e ouvir
falar as pessoas queridas que tenham morrido ou se hajam ausentado.” 8

Em março de 1901, o jornal  A Província  registra a presença do famoso ilusionista


Faure Nicolay, no Teatro Santa Isabel9. LEITE registra a presença de Nicolay, em Fortaleza,
em 1894, apresentando “projeções elétricas de tamanho natural”.10
            Se 1901 foi fraco em termos de cinema, o ano de 1902  é um ano de novidades.
A coluna Factos Diversos, do Jornal Pequeno, inicia o mês de fevereiro de 1902, com
a inauguração do Theatroscópio, na Rua da Imperatriz, no. 61. Entre as vistas que serão
mostradas na estréia, às 7 horas da noite, o jornal destaca a ascensão do aerostato Santos
Dumont. Nos intervalos, tocava uma orquestra. A partir da inauguração, 13 de fevereiro, passa
a funcionar diariamente, à noite, e a entrada custa mil reis. Durante o período de carnaval, os
espetáculos são suspensos.

  “Anúncio   do   Theatroscopio   –   Rua   dr.   Rosa   e   Silva,   nº   61   (antiga   Imperatriz).


Funcionará depois do carnaval. Vistas animadas e fixas. Espetáculo variado. Recomenda
às Exmas. Famílias. Com Santos Dumont e seu dirigível, a saída para o Prêmio Deutsch,
Quo Vadis (cenas tiranas do romance do célebre escritor Henrique Sienkiwicz), A paixão
de Cristo (11 cenas tiradas dos quadros dos mais célebres  pintores)  e muitas outras
vistas, recebendo novidades por todos os vapores. (08.02.1903, Diário de Pernambuco) “

O mundo da imagem encanta e os jornais atualizam as informações técnicas para um


público interessado. Ainda na coluna Factos Diversos, encontramos a seguinte nota:

“   Photographon   É   uma   descoberta   extraordinariamente   importante.   Decompõe   as


palavras como no kinematographo, em ondas sonoras muito perceptíveis, as quais são
transmitidas a uma placa enegrecida, sobre a qual incide a luz em raios claros e escuros
de forma especial, por intermédio de uma chapa cilíndrica. Esta luz da placa cilíndrica é
posta em movimento de trepidação por meio das ondas sonoras, indo este movimento da
luz fixar­se sobre placas muito sensíveis. Se fizermos então incidir o movimento retratado
sobre   urna   película   de   selênio   que   esteja   em   comunicação   com   um   telefone,
produzir­ se­ hão, em virtude da Influência da luz sobre a película de selênio, vibrações
sobre estas, as quais transmitidas de um telefone produzirão efeito acústico.”   (Jornal
Pequeno, 03.02.1902)

           Maravilhado com o sucesso do cinema, o Diario de Pernambuco no artigo “O futuro
do cinematógrafo” (06.08.1902)  ressalta não apenas suas possibilidades enquanto meio de
diversão mas como apoio às atividades pedagógicas. 
           Em 12 de outubro do mesmo ano, o mesmo jornal anuncia a estréia, no Theatro Santa
Isabel, da  Companhia de Arte e Bioscope Inglês cujo diretor é o Sr. J.  Filippi. A previsão é
que a companhia apresente apenas cinco espetáculos variados durante sua curta temporada.  A
companhia demora um pouco além do previsto. O sucesso do Bioscope fez com que sua
temporada   fosse   ampliada.   Em   virtude   dessa   ampliação   ,   o   jornal   pede   moderação   aos
freqüentadores que exigem que a empresa ofereça dois espetáculos por noite. 
            A empresa anuncia a apresentação de vistas do Vaticano e suas galerias artísticas onde
se apreciariam o Juízo Universal e a  Transfiguração. A exibição das vistas foi devidamente

8
BARBOSA, Douglas Rocha. Anotações de cinema no Jornal do Recife (1901-1903). Recife,
UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa História e Imagens da Comunicação. 1997. (Relatório de pesquisa)
9
BARROS, Nathália Duprat. A vida cultural em Recife na primeira década do século XX: agenda do
teatro.Recife, UFPE/DECOM/Grupo de Pesquisa História e Imagens da Comunicação. 1999. (Relatório de
pesquisa)
10
LEITE, Ari Bezerra. Op. Cit. p. 31. O autor cita Simone Stecz confirmando sua presença no Teatro Hauer, em
Curitiba em 25.08.1897 com o seu “Diadorama Universal em combinação com o célebre cinematógrafo”. Ele
também teria realizado espetáculos no Teatro Apolo, em São Paulo, no dia 09.01.1998.
autorizada pela Diocese. Na seqüência, foram apresentadas vistas da Terra Santa e quadros
animados da Paixão de Cristo. 
           Em 30 de outubro, o Bioscope Inglês anuncia a apresentação de  8 vistas fixas sobre o
balão Santos Dumont e algumas outras vistas do Ceará, Paraíba e Pernambuco.  A companhia
se despede da cidade e parte para Maceió, a bordo do vapor São Salvador,   no dia 07 de
novembro.11
Ainda no fim de outubro, há o registro da exibição de vistas
através de um equipamento chamado Polyoscópio instalado num
parque de diversões e com o ingresso ao preço de $500.
A tecnologia da imagem avança com novidades que despertam
a curiosidade e ocupam as páginas de jornais. Em outubro de 1902, o
Jornal do Recife anuncia o Stereoscópio.
“Stereoscopio  ­  Os   illustres   srs.   Tondella   &   Oliveira,   conhecidos   e   acreditados
photographos, tiveram a fineza, que agradecemos, de nos offertar bonito Stereoscopio a
que  acompanham diversas excellentes vistas desta cidade. Tanto o apparelho como as
vistas, em grande  variedade  se acham   à venda por preço  módico no atelier  dos srs.
Tondella &  Oliveira,  à rua da Imperatriz n º 79.     0 Stereoscopio  é uma distracção
interessantíssima.” (Jornal do  Recife, 21.10.1902)

No início de fevereiro de 1903, estréia em Recife, vinda de Alagoas,  a Companhia
Japonesa Kuhdara, do Teatro Kabuki (Tókio) ,  numa turnê que incluiria Brasil, Argentina e
Chile com a apresentação de vistas fixas e movimentadas. Segundo os jornais, o público teria
vibrado, em ruidosa salva de palmas,  com a projeção do retrato  do Senhor Coronel Plácido
de Castro, chefe do Movimento Revolucionário do Acre. As vistas cinematográficas eram um
dos   quadros   que   antecedia   um   variado   espetáculo   incluindo   malabaristas   e   números   de
trapézio. As vistas policrômicas eram projetadas pelo aparelho elétrico do Professor Maltene,
de   Paris.   A   companhia   permanece   na   cidade   durante   o   mês   de   fevereiro.   Apesar   da
propaganda   mostrando   o   seu   sucesso   na   cidade   de   Manaus,   a   sua   temporada   em   Recife
transcorreu sem grandes alardes. Por volta do dia 24, a companhia viaja para Salvador, no
Paquete Brasil.
         LEITE registra a chegada, em Fortaleza, da Empreza D’Arte e Bioscope Ítalo Francesa,
vinda de Pernambuco pelo vapor Recife no dia 05 de maio de 1903, sendo diretor Cesare
Menanzinne. Nessa ocasião, Mennanzinne teria apresentado vistas fixas feitas em Fortaleza. 12
                       Em   abril de 1904, o Teatro Santa Isabel   abre suas portas para apresentação do
Bioptick, cujo proprietário Domingos Matos apresenta­o como o mais aperfeiçoado aparelho
para projeção de vistas animadas.

11
 LEITE,  registra a  presença de J. Fillippi, em Fortaleza, vindo de São Luiz, durante o mês de agosto de 1902.
Antes de São Luis, apresentou­se no Teatro Politeama em Belém do Pará.   J. Fillipi permanece em São Luiz
entre   13   de   julho   e   09   de   agosto   deste   ano.   Conforme   Fábio   Matos,   baseado   em   informação   dos   jornais
maranhenses, J. Fillipi utilizava um moderno aparelho que funcionava a luz elétrica através de gerador. Entre
todas as companhias que visitaram o Maranhão, naquele período,  teria sido a de maior sucesso pela nitidez das
imagens e pela  variedade das fitas, algumas delas em cores. Os primeiros registros de filmagens em São Luiz
são de J. Fillipi. Segundo informações de PÓVOAS, quando J. Fillipi visita Rio Grande do Sul, em 1904, trazia
na bagagem além de fitas internacionais, uma série de filmagens feitas por ele mesmo como as vistas animadas
do Rio e de Guaratinguetá e ainda as  primeiras imagens rodadas em Curitiba, em 1903.   No RS, também são
dele as primeiras filmagens (23.02.2004) na cidade de Rio Grande. 
POVOAS,   Glênio   Nicola.  Filmagens   pioneiras   no   Rio   Grande   do   Sul   aconteceram   em   1904.  In:
http://www.pucrs.br/uni/poa/famecos/imagina/edicao­8/povoassed8.pdf. Acesso em 02.02.2005.
12
LEITE in: http://planeta.terra.com.br/arte/memoriadocinema/telaprateada.html )
Desde fins de março, a publicidade exposta em cartazes
mostrando o cinematógrafo já fazia a divulgação antecipada e a
bilheteria do teatro, através de Domingos Mafra recebia encomendas
de entradas para os espetáculos. No dia 02 de abril, a empresa
realizou uma pré-estréia exclusiva para a imprensa . Com um
programa composto por vistas fixas e animadas, a empresa anuncia
uma redução de preços menos de uma semana após a sua estréia. Os
camarotes de segunda ordem passaram de 20$000 para 15$000. A
conhecida orquestra de Romeo Dionesi acompanhava as exibições que
começavam as 8.30 da noite e terminavam às 10.00h. Devido às
limitações do equipamento, as vistas animadas não podiam ser
bisadas. Nem sempre o cinema estava exposto apenas aos desarranjos
das máquinas. Os problemas de transporte também representavam um
transtorno para as companhias . Quando o Bioptik anuncia, pela
primeira vez, a exibição de vistas coloridas de fotogravuras
sucessivas com duração de meia hora, o espetáculo precisou ser
adiado porque o condutor do bonde adoeceu. No dia 19 de abril, o
Bioptick apresenta seu último espetáculo no Teatro Santa Isabel. A
função é em benefício do conhecido bilheteiro Sr. Domingos Mafra
que organizou um atraente programa composto de uma parte de vistas
fixas e duas de vistas animadas.
Em 17 de maio de 2004, a  secção Gazetilha,  do Jornal do Recife,  registra a seguinte
informação: 

“No Teatro Santa Isabel, a Companhia Luso­Brasileira d’Arte e Bioscope ( 0 Verdadeiro
American­Biograph) de propriedade de   Arlindo Costa e Carlos Braga. O regente da
orchestra será o  Maestro Cavalheiro Romeu Dionesi. Preços ­ Camarote de primeira e
segunda 15$000 ­ Camarotes de terceira 12$000.Depois do Espetaculo haverá bonds
para todas as linhas. As exhibições do “American­Biograph”, começarão ás 8 e meia e
terminarão às 10 horas em ponto”

                    Na   realidade,   a     estréia   anunciada   para   o   dia     17   só   aconteceu   no   dia   18.


Na última exibição do American Biograph, no início de junho, o programa é associado com a
apresentação de uma companhia teatral.  O espetáculo compõe­se três partes:  duas  em que
serão   apresentadas   vistas   do   engenhoso   aparelho   e   uma   constituída   de   monólogos   e
cançonetas  apresentadas pelo grupo de teatro.   Antes de partir, por iniciativa do jornal A
Pimenta, o American Biograph realiza uma exibição em favor aos flagelados da seca, no dia
09 de junho.  
Em 17 de agosto de 1904, chega a Recife, vindo da Paraíba pelo trem da Great Western,
o Sr. Edouard Hervet, com o cinematógrafo falante,  segundo o jornal, a última novidade em
Paris do Fabricante Lumière.   O aparelho, que estréia no   Teatro Santa Isabel,   possui, um
repertório de vistas que pode oferecer 10 espetáculos sem precisar repeti­los. O espetáculo de
lançamento consta da exibição de 20 vistas sendo a última delas em 11 quadros coloridos. Em
cada dia, haverá apenas uma apresentação de vistas falantes e as demais serão não falantes. O
cinematógrafo falante será exibido na segunda parte e não exibirá vistas fixas. 
Preços-
Camarotes de 1ª 15$000, ditos de 2ª 15$000, ditos de 3ª 10$000,
ditos de 4ª 6$000.
       Cadeiras de 1ª 3$000, ditas de 2ª 2$500.
                     Platéias   2$000, Paraísos 1$000.
                     Trens para todas as linhas.
                     Principiará ás 8 ½ horas da noite"

                         No programa divulgado, os espectadores poderão ver e ouvir o célebre cantante
Mister Mercurier na canção La femme est un jouet. Ainda segundo o jornal,  seria a primeira
vez que um cinematógrafo falante seria exibido no Brasil.13
             Em 25 de agosto de 1904, a secção Gazetilha do Jornal do Recife, publica a seguinte
nota:   
 25 de agosto de 1904, Quinta­ feira, nº 191, pág. 1 ­ Secção Gazetilha
Cinematographo­ "Allegando não ter lucros sufficientes, o Sr. E. Hervet, dono do  
cinematographo fallante, suspendeu as funcções que  iniciara ha dias no Theatro 
                     Santa Izabel.0 Sr. Hervet pede­ nos para  agradecer as excelentes referencias 
                     feitas   pelo público e pela Imprensa a seu cinematographo”
                       
              O ano de 1905, conforme as informações que dispomos, foi pouco significativo em 
termos de projeções. O Diário de Pernambuco, na coluna Artes e Diversões,  registra um 
Phanteon Ceroplástico funcionando à Rua Dr. Rosa e Silva.14 
Em fevereiro de 1906, Edouard Hervet volta ao Recife, com o seu aperfeiçoado
cinematógrafo  falante. Depois de gastar praticamente uma semana montando as máquinas
elétricas, o cinematógrafo inicia suas funções. A publicidade chama a atenção para o sucesso
do aparelho em Paris e no Teatro Lírico do Rio de Janeiro.  Durante o período carnavalesco, o
cinematógrafo   suspende   suas   funções,   voltando   posteriormente     para   complementar   a
temporada que se encerra no fim do mês de março com um espetáculo em benefício do Liceu
de Artes e Oficio. O grande sucesso da temporada foi   "A Vida, Paixão e Morte de Nosso
Senhor Jesus Cristo", em cores. Conforme o anúncio do jornal, uma verdadeira obra prima
representada por artistas de mérito, com  12 quadros. Era a primeira vez que o Recife assistia
ao phonographo associado ao cinematógrafo.  Entre as apresentações  que fizeram  sucesso,
estaria a “Viagem do Dr. Campos Salles a Buenos Aires”.
Com preços populares, as entradas custavam: “Camarotes de
1ª com 6 entradas 12$. Dito de 2ª com 6 entradas 10$. Dito de 3ª com
5 entradas 3$. Platéia 2$. Galeria 1$.”
Em 20 de março, antes de partir para uma temporada em
Manaus, Hervet anuncia a apresentação de uma vista pernambucana a
ser exibida em seus últimos espetáculos. O público reclama do
repetitivo repertório da banda de música da polícia, contratada para
acompanhar as funções.
“Terça­feira, 20 de março nº 63 Secção Gazetilha, Jornal do Recife 
“  A  empreza  E.  Hervet,   que  com   o  seu  cinematographo  Fallante  tem   proporcionado
agradabilissimias noites à platéia pernambucana, annunncia para esta semana os seus
13
LEITE registra a presença de Hervet, em Fortaleza, de 29 de maio a 16 de junho de 2004. Informa, ainda, que
da capital cearense, ele teria seguido para os portos do Norte. Em março de 1905, ele estréia em São Paulo, no
Teatro Santa’Anna com o mesmo cinematógrafo falante que teria apresentado em Fortaleza.
14
LEITE informa que , em novembro de 1904, Paschoal Segreto esteve em Fortaleza com seu Pantheon
Ceroplástico.
últimos espectaculos.Antes, porém, de retirar­se para Manaus, attendendo assim a um
convite   que   lhe   foi   feito,   para   uma   temporada   na   capital   do   Amazonas,   a  referida
empreza   trabalha   no   sentido   de   dar   ainda   esplendidos   espectaculos   ao   público.     0
programma   para   a   funcção   de   hoje   está   variado,   salientando­se   uma         vista
pernambucana, annunciada com verdadeira surpreza, que   segundo ouvimos dizer é de
bonito effeito. Aquelles que ainda não tiveram a occasião de apreciar o cinematographo
da empreza E. Hervet, não devem perder os espectaculos desta semana   annunciados
últimos.”Antes de terminar a presente notícia pedimos ao mestre da banda de musica de
Polícia contractada para os espectaculos do cinematographo que faça variar o repertório
das   peças   a   serem   executadas,   de   modo   a   não   tornar   enfadonho   o   espectaculo.   As
mesmas peças todas as noites, deixam adormecidos os espectaculos.”

No   mês   de   setembro,   começa   a   funcionar   uma   casa   de   distrações   chamada   Park


Olímpia, situada no Carmo, em Olinda. Na inauguração, no dia 7 de setembro,  realizou­se
um espetáculo que incluía canções   e cenas cômicas protagonizadas pelo ator Lira e pela
exibição de vistas animadas através de um cinematógrafo que a imprensa registra como Moto­
Picteroscope.15 O espetáculo é acompanhado pela orquestra do Clube Musical Matias Lima.
Preços:  Camarotes com 5 entradas 10$000 Cadeiras numeradas 2$000. Entrada Geral 1$000.
Depois do espetáculo haverá trem para Recife e Beberibe. As projeções de cinema eram uma
constante   no   Park   Olímpia.   Na   sua   primeira   exibição   o   Moto­picteroscope   apresenta,   na
primeira parte, entre outras, as seguintes fitas:    Rapaz no Pic­ nic das Solteironas,   A Loja
Encantada (grande vista mágica de bonitos effeitos),  0 buraco da chave, 5­  A Historia de um
crime,  0 Desastre de Martinica,  A Briga do Galo,  A morte de Leão XIII e ascensão do Papa
Pio X. Na segunda parte, a programação destaca:
Vistas na nova machina ­ DISSOLVING VIEW"
1 ­ A morte de Nosso Senhor Jesus Christo.
2­ Rock of Ages.
3­ Photographias de Flores em cores naturais.
4­ Estatuas em Vida.
5­ Grandes novidades da engenharia de nosso século
6­  Actrizes em actividade.

            Entretanto, a  grande novidade do mês de setembro, seria a vinda de Arlindo Costa, do
Rio   de   Janeiro,     para   instalar   nas   imediações   da     Praça   da   Independência   um   grande
cinematógrafo   movido   a   eletricidade.   Serão   três   funções,   por   noite,   cada   uma   com   um
programa específico. O cinematógrafo funcionaria na Rua Larga do Rosário   nº 26., com
sessões diárias, às 7, 8, e 9 horas, fazendo­se ouvir uma boa orquestra.  
No mês de novembro de 1906, em Floresta dos Leões, na Zona da Mata de
Pernambuco, o Cinematógrafo Kaurt16 faz a festa na pequena comunidade enquanto espera a
oportunidade  de exibir­se na capital. Em dezembro,  chega a Recife e a pré­estréia , no Teatro
Santa Isabel,  conta com a presença de repórteres de vários jornais.  Se a pré­estréia foi um
sucesso, a estréia, dia 20.12,  foi um fiasco. Começou 40 minutos atrasada  e o aparelho ainda
deu pane. As vistas saíram escuras e eram interrompidas a cada momento. A desordem entre
os espectadores aborrecidos com o insucesso da apresentação levou a polícia a  intervir. No
fim   de   dezembro,   o   diretor   do   cinematógrafo   Kaurt   suspende   as   exibições   porque
anteriormente o teatro já havia programado a apresentação de um transformista que vem do
sul   do   país   para   exibir­se   em   Recife. Terminada   a   temporada   do   transformista,   o
cinematógrafo   recomeça   a   sua   atividade.   Essa   negociação   entre   cinema   e   teatro   é   uma

15
Não encontramos nas obras consultadas nenhum aparelho de projeção que traga essa denominação.
16
  Pelos   registros   de   Ari   Bezerra   Leite,   acreditamos   que   o   Cinematógrafo   Kaurt     seria   de   propriedade   da
Empreza Norte do Brasil S/A cujo diretor era Joaquim Moura Quineau, fotógrafo cearense e um dos pioneiros do
cinema,   em   Fortaleza. No  dia   15/01/1907,  a   imprensa   pernambucana   registra   a   presença   do   cinematógrafo
falante da Empreza Norte do Brasil  funcionando  no estado da Paraíba. 
constante durante os primórdios do cinema em Pernambuco.  O grande sucesso desta fase da
temporada foi  O aeroplano de Santos Dumont.
Em janeiro de 1907, estão na capital pernambucana, o     Cinematógrafo Kaurt e o
cinematógrafo   do   Park   Olímpia.   No   subúrbio   de   Afogados,   o   cinematógrafo   da   Empresa
Award suspende os espetáculos  anunciados  para o Teatro da Paz. Conforme o  Diario de
Pernambuco,   o   empresário   não   explica   a razão   da   suspensão   e   informa   que   ainda   não
escolheu um novo local para realizar as exibições. 
                     No mês de fevereiro, estréia, no Teatro Santa Isabel, o Cinematógrafo A. Jolie.
Conforme revela o Jornal Pequeno, o cinematógrafo traz fitas de grande duração, em cores.
Inicia sua exibição com Os mártires da inquisição, O gato de botas, A galinha dos ovos de
ouro, A vida de Moisés e A paixão de Cristo, esta com 30 quadros coloridos, mais de quinze
quadros   são   desconhecidos   do   nosso   público,     entre   os   quais Os   Santos   Lugares,   A
Multiplicação  de Pães, A Pesca Milagrosa, O Santo Sepulcro, O Rochedo de Abraão, A
Santa Família, As Núpcias de Canaã e Jesus e a Samaritana.
          No dia 21 de março, no Jornal do Recife, uma matéria anunciava a última exibição do
cinematógrafo A. Jolie.  

“­  Pelo estimável bilheteiro do Santa Izabel, o senhor Francisco Lisboa,                     nos
foram oferecidos alguns exemplares de O Último Beijo (impressões do    cinematographo) que a
empresa Joulie está distribuindo entre os apreciadores do    cinematographo que faz exibir­se
no Santa Izabel. É a descrição de empolgantes       cenas de uma história de sentenciados que
projetando uma fuga do presídio onde     se acham dão lugar a trágicos acontecimentos que
trazem ao expectador profunda     e     verdadeiramente interessado pelo desfecho. São quadros
sensacionais que farão    as delícias dos que assistirem hoje ao último espetáculo da empresa
Joulie.     
 Agradecidos.”

          Em 03 de julho, volta ao Teatro Santa Isabel, o cinematógrafo do Sr. Hervet, segundo a
publicidade, com uma grande coleção de fitas de última novidade. Pelo comentário do jornal,
há uma clara preferência por fitas cômicas. Para comemorar a Queda da Bastilha, Hervet
realiza grande festa de gala no Teatro Santa Isabel, ornamentado pelo hábil decorador Alfredo
Rodrigues, escolhendo para o momento as melhores fitas.  Os bilhetes foram expostos à venda
com   antecedência.   No   início   de   agosto,   o   público   parecia   desinteressado   dos   programas
monótonos que o empresário Hervet vinha oferecendo. 

“Diário de Pernambuco/ Quinta-feira: 1 de agosto/Artes e


Diversões
Com um programa atraente, realizou o Sr. Hervet mais uma função no Santa Isabel.  A
concorrência foi menor, o que era de se esperar, tendo havido no dia anterior espetáculo
do mesmo gênero. O cinematógrafo já está no ocaso. É sol posto. Cremos que mesmo a
nova remessa de fitas, aliás boas, não poderá salvá­lo. Todos agora se voltam para a
Vitale, que a julgar pela imprensa do Rio e São Paulo, fará sucesso. Promovido pela
mocidade acadêmica, realiza­se hoje um espetáculo no cinematógrafo do Sr. Hervet, em
beneficio   do   monumento   que   vai   ser   erigido   ao   Sr.   Martins   Júnior.   0   programa   é
variado.”

Em outubro desse ano, encontramos o registro de um


cinematógrafo funcionando no Café 15 de Novembro , com as funções
começando às sete horas da noite mas não há informações sobre a
freqüência de exibição e/ou sobre o exibidor. O Café 15 de
Novembro, de propriedade do Sr. José Girão, inaugurado em outubro
de 1905, é um elegante ponto de encontro da sociedade
pernambucana.
            No dia 17 de dezembro estréia, no Teatro Santa Isabel,  um cinematógrafo de Pathé
Frères,  de propriedade dos senhores Oliveira, Coelho & C.  Logo depois, o público reclama
da qualidade das imagens.
            No dia 20 de dezembro, encontra­se publicada a seguinte nota no Jornal Pequeno:

  “Senhores   redatores   do   Pequeno   tenho   por   inúmeras   vezes   abusado   da   vossa


benevolência ocupando espaço em vossas colunas com as minhas cartas e talvez já se
tenha   me   colocado   o   apelido   de   homem   das   reclamações,   com   o   que   muito   hei   de
incomodar. Fui à estréia do cinematographo Pathé Frères da empresa Oliveira Coelho e
Cia que se exibe atualmente no Teatro Santa Izabel. Posso garantir que nunca chorei
tanto   meu   dinheiro   perdido,   o   teatro   mal   iluminado,   vazio,   dava   assim,   uma   idéia
fúnebre. Creiam senhores quase não vi acabar a última parte porque dormia a valer. Um
calor insuportável, luz trêmula, vistas escuras e por demais conhecidas, uma chinfrineira
enfim. O que me faz admirar é que os senhores  Oliveira Coelho e Cia tragam para nossa
capital semelhante Lanterna Mágica e nos queira impingir uma coisa muito boa. Não
direi que o aparelho não presta, porém posso afirmar que a luz elétrica não vale duas
patacas. Apenas na sala de  espetáculo um arco voltáico de 800 velas; luz insuficiente
para iluminar toda a platéia. Enfim se não fosse a música que barulhenta e retumbante,
não   permitiu   que   melhormente   eu   dormisse   de   certo   não   teria   admirado   as   duas
primeiras sessões, por demais enfadonhas. Os senhores Oliveira Coelho e Cia fariam boa
aquisição se arrumassem pelo interior do estado um lugar cômodo para suas exibições
cinematográficas e  deixassem  em paz nosso teatro, vítima de  tantos insucessos  e tão
ridicularizado como tem sido pelos pantomimeiros que nos tem visitado, de Vs. Ss. Mais
uma vez agradecido, Justino Alencar.

                           A empresa contra a qual o leitor reclama seria Empreza Oliveira & Coelho,
“constituída  em Fortaleza,  em setembro de 1907, pelo exibidor ambulante  Rufino Coelho
Júnior e o negociante local Antonio Arcanjo de Oliveira. Cada sócio respondia por 6:000$000
(seis contos de réis), sendo a parcela de Rufino integralizada por um Cinematógrafo Pathé
Frères, "seus mecanismos e de iluminação elétrica" e "cinco mil metros de vistas diversas". A
sociedade anunciava­se sob a denominação Empreza Cinematographica Grande Oriente”.17  
             No mês de dezembro,  encontra­se    a informação de um cinematógrafo funcionando
ao ar livre, no Pátio do Carmo, em Olinda.  A exibição acontece das 7 às 9 da noite e as fitas
têm longa duração e grandes efeitos, conforme a nota publicada na imprensa.  
Em novembro de 1907, o Jornal Pequeno informa que no Rio de Janeiro funcionam
18 cinematógrafos nas principais ruas da grande cidade, além dos outros pedidos de licença
que aguardam despacho na Secretaria de Polícia.
No mês de dezembro, teria chegado no Recife, para exibir-se
no Teatro Santa Isabel, mais um cinematographo falante. O aparelho
foi trazido pelo Sr. Juca de Carvalho, conhecido empresário teatral,
vindo do Norte, a bordo do vapor Olinda.
Em janeiro de 1908, o Diario de Pernambuco registra o
espetáculo de um cinematógrafo do Sr. Homero, vindo do Norte do
Brasil, com a mais escolhida coleção de filmes vindo do Norte do
Brasil mas não oferece detalhes sobre local de exibição ou outras
informações que permitam identificar melhor. Ainda neste mês, a

 LEITE,  Ary Bezerra. In http://planeta.terra.com.br/arte/memoriadocinema/telaprateada.html )
17
imprensa registra a estréia, no Teatro Santa Isabel, de um
cinematógrafo falante denominado cinegramoteatrófono apresentando
a obra Aída, cantada por Caruso.
Em fevereiro, por volta do dia 15, instala-se no Teatrinho da
Arcádia Dramática Pinheiro Chagas18, um aparelho cinematográfico
da Empresa Costa Campos. No Teatro Santa Isabel, no mesmo
período, teria funcionado, em curta temporada um cinematógrafo de
propriedade do Sr. Pereira dos Santos. 19
           Enquanto aguarda a chegada  do Cinematógrafo Ideal, da Empresa Hervet, o Teatro
Santa  Isabel     apresenta   o  cinematógrafo   do  Sr.  Pereira  dos  Santos.    O   cinematógrafo   da
empresa Hervet estréia seu cinematógrafo falante, no dia 22 de fevereiro, com o filme  A
esquadra americana no Rio de Janeiro.  e se despede do Recife, em 31 de março, com um
filme português sobre os funerais do rei Carlos I e do Duque de Bragança, D. Luiz Felipe. A
seguir  viaja para o estado do Pará.   
           Em abril , foi inaugurado um local de diversões públicas nas imediações da Estrada do
Arraial,   junto   a   Estação   de   Casa   Amarela,   com   jogos   de   bilhar,   xadrez,   velódromo,
cinematógrafo, entre outras diversões.
           De março a agosto, o Velódromo Pernambucano, na rua Barão de São Borja, às sete
horas da noite,  realiza exibições cinematográficas com um  Cinematógrafo Pathé Frères.  Em
abril,     encontramos   um   registro   da   Empresa   Franco   Brasileira 20  realizando   exibições   no
velódromo mas não temos indicações de que essa empresa estaria até o mês de agosto quando
ainda   temos   registros   de   funcionamento   de   um   cinematógrafo   Pathé   Frères   funcionando
naquele local. 
            No dia 30 de março, o Velódromo Pernambucano  anuncia a apresentação de vistas
fixas e instantâneos  publicados no Jornal Pequeno e, ainda, outras produções de retratos de
crianças, ciclistas e freqüentadores daquele estabelecimento esportivo.  No dia 1 de maio, o
jornal anunciava que o sucesso da noite seria 

“ a reprodução em tamanho natural do rosto da distinta senhora pernambucana cujo
clichê cinematográfico, pela perfeição, conseguiu o prêmio de honra na exposição da
Sociedade de Fotografia de Gênova, em 1907. Surpresas que agradarão um dos mais
estimados   médicos  pernambucanos,   o   deputado   pernambucano   mais   moço   e   mais
ativo”.

O sucesso foi tanto que no dia seguinte, outras fotografias


foram projetadas.
“Velódromo pernambucano. Função ciclo cinematográfico repetida a do dia anterior.
Parece que as funções vão ter amanhã maravilhoso sucesso. Novidades cinematográficas
são   anunciadas,   que   decerto   atrairão   a   maior   parte   do   público.   Reprodução   dos
instantâneos do Jornal Pequeno. Destacados senhores e   senhoras em altíssimos clichês

18
A Arcádia Dramática Pinheiro Chagas era um grupo de teatro amador que apesar de surgir nos jornais ainda
em 1905, tem seu registro de fundação em junho de 1906. O seu teatrinho , inaugurado em 16.08.1906, ficava no
Pátio do Carmo, n° 26.
19
Em fevereiro, o Diario de Pernambuco registra a presença, no Teatro Santa Isabel, do pintor e cinegrafista da
Companhia Trajano apresentando caricaturas de pessoas conhecidas. As informações que dispomos não
permitem estabelecer uma relação entre este cinegrafista e o Sr. Pereira dos Santos.
20
LEITE registra a presença de um cinematógrafo da Empreza Franco-Brasileira ou Franco-Brasiliense
apresentando-se em Fortaleza, em 1904, cujo diretor era A. Meirelles. O aparelho utilizado era um Bioscope.
especialmente feitos pela fotografia Chic. Atelier Santiago B Telles. Será exposto o clichê
cinematográfico da senhora pernambucana mais distinta” (Jornal Pequeno, 02.05.1908)

                 Aparecer na tela era uma glória para poucos e as projeções dos clichês lotavam o
Velódromo. No dia 11 de maio, encontramos um novo registro: 

“ Serão expostos os seguintes rostos: conhecida noivinha pernambucana e clínico de
mais intensa simpatia. Na exibição da função de ontem, reclamaram pelas famílias que
ficaram de pé, o que vai ser remediado na função próxima onde os ingressos estarão
devidamente numerados de acordo com os lugares. A sessão ocorreu animadíssima e saiu
sobremodo, apesar de estarem dois filmes com defeito por terem sido importados do Rio
de janeiro. Foram expostos vários clichês.”

Em junho, estréia no Teatro Santa Isabel, o Cinematógrafo Colosso, de propriedade da
Companhia de Variedades Guido Appiani21  em sua segunda temporada na capital. A trupe
apresenta espetáculos que incluem a projeção de vistas cinematográficas. 
                       Por volta de fins de setembro e início de outubro, funcionando até princípio de
novembro, a imprensa registra um cinematógrafo norte­americano , no Teatro Santa Isabel. 22
            Em outubro, estréia no subúrbio da Várzea, um cinematógrafo Lumière de propriedade
da Empresa Nunes Vieira.   Em novembro, encontramos ainda o registro de uma Empresa
Nacional de Cinematógrafo funcionando em Recife mas não há detalhes sobre o local de
exibição.  
        O ano de 1909 traz a instalação definitiva  das salas de exibição embora continuem as
exibições itinerantes. 
                        Em   janeiro,   encontra­se   o   registro   do   Esteereopticon   da   Empresa
Carvalho&Companhia. No mês de dezembro,  esta mesma companhia apresenta­se no novo
Theatro de Jaboatão. O programa de estréia apresentava 03 partes e 19 filmes. Entre eles, 0
melão,   Guerra   infantil,   A   obsessão   e   Ouro   pelo   ouro.  A   publicidade   informa  que     “nos
intervalos de uma film para outra haverá projecções polychromicas por um grande projetor
Molteni”. 
No mês de fevereiro, em temporada que vai até princípio
de março, a Empresa A. Joulie: Phono-Cinema-Jolie, exibe, no
Teatro Santa Isabel, os espetáculos cinematográficos apresentando ao
publico seu aparelho falante, o syncrophone automático de Pathé
Frères. Também, em janeiro, encontramos o registro de um aparelho
cinematográfico funcionando no Teatrinho do Feitosa apresentando
fitas interessantes e coloridas.23
Em maio, no Teatro da Encruzilhada, estréia o cinematógrafo
internacional do Sr Martorelli J & C. Segundo a imprensa, o aparelho,
Pathé Frère, apresenta fitas de excelente nitidez.
Em julho de 1909, é inaugurado o primeiro cinema fixo de
Pernambuco, Cinema Pathé, pertencente aos senhores Dr. Francisco
Guedes e Antônio J. da Fonseca. Situado na Rua Barão de Vitória, n°
21
Algumas vezes, o registro aparece como Trupe Negri-Appiani.
22
Em novembro, encontramos um registro na imprensa da despedida da Empresa Nacional de Cinematógrafo
que teria funcionado no Teatro Santa Isabel. Não conseguimos identificar se esta empresa seja a proprietária do
cinematógrafo norte-americano a que o jornal se refere.
23
O Teatrinho do Feitosa pertencia a Sociedade Dramática do Feitosa e foi inaugurado em 1901.
45, no andar térreo onde anteriormente teria funcionado a Casa
Campos.24As diversas sessões são distribuídas da seguinte maneira: as
primeiras, de doze quatro da tarde e as últimas de seis às dez da
noite. O preço da entrada é módico: 1$000 para lugares de primeira
ordem, $500 reis para cadeiras e bancos, todos simetricamente
dispostos e considerados de segunda ordem. O Cinema mantém
anúncios diariamente na imprensa e, em agosto de 1909, teve uma
concorrência extra com a exibição dos funerais de Afonso Pena.
                     No início de setembro, foi o inaugurado o Cinema Carlos Gomes . Um dia antes,
houve uma apresentação em sessão especial para a imprensa.  Em novembro, é inaugurado o
Cinema Royal, da Empresa Ramos e Companhia, na Rua Barão de Vitória n° 47.. O Cinema
Royal só exibe fitas de Pathé Frères e as nacionais de Júlio Ferrez. 
               Em dezembro,  identificamos  o registro do Cinema  Veneza, sob a direção  do Sr.
Frederico Ramos, funcionando no Teatro Santa Isabel e, a seguir, no Teatro Olímpia, em
Olinda. Ainda no mês de dezembro foi inaugurado o Cinema Palace, no subúrbio da Várzea
sob a direção do operador José de Barros, há pouco chegado da capital federal. 
         Mesmo com a inauguração dos cinemas fixos, a atividade do cinema ambulante ainda
permanece   durante   algum   tempo   mas   vai   aos   poucos   desaparecendo   dos   locais   mais
privilegiados. 

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24
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