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[21/12 17:13] Luiz Fernando:

https://www.google.com.br/amp/s/jus.com.br/amp/artigos/3906/1

[21/12 17:13] Luiz Fernando:


http://www.achegas.net/numero/vinteeoito/luiz_fernando_28.htm

[22/12 10:00] Luiz Fernando: COMUNICAÇÃO PARA O COLÓQUIO “MÁQUINA MORTÍFERA III:
REFLEXÕES SOBRE GLOBALIZAÇÃO E PODER”, PROMOVIDO PELO LABORATÓRIO CIDADE E
PODER (LCP), DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, DA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, NO DIA 13 DE DEZEMBRO DE 2002.

*Luiz Fernando Martins da Silva

A presente comunicação – em parte inspirada nos escritos do filósofo do Direito José Eduardo
Faria, e especialmente, tributária das inesquecíveis aulas e conversas com os professores
Aluízio Alves Filho e Antonio Celso Pereira, pretende se ajustar aos termos da proposta deste
Colóquio, segundo o conteúdo veiculado no release previamente divulgado, ao produzir uma
análise crítica de questões econômicas, jurídicas, e políticas do Brasil contemporâneo, numa
perspectiva interdisciplinar que utiliza ferramentas de análises fornecidas pelas Ciências
Jurídicas e Políticas, e pela Sociologia.

Trata-se de uma sucinta análise de como o Direito Constitucional – e em última instância a


própria Constituição – foi atingido mortalmente pelas transformações econômicas e políticas
nas duas últimas décadas.

O Direito Constitucional é criação da engenharia política liberal-burguesa do século XIX, que


desenvolveu a idéia de Constituição como centro irradiador do ordenamento jurídico.

Esse ramo do Direito principiou o século XX como sinônimo de segurança e legitimidade,


“delimitando o exercício dos mecanismos de violência monopolizados pelo Estado;
institucionalizando os seus procedimentos decisórios, legislativos e adjudicatórios; e
estabelecendo formas de participação política”, segundo o entendimento de José Eduardo
Faria.

No novo Milênio que se inicia, entretanto, a idéia de Constituição cada vez mais é apontada
como entrave ao funcionamento do mercado, como freio da competitividade dos agentes
econômicos e como obstáculo à expansão da economia.

Com isso, o constitucionalismo – e o próprio direito público – teve um refluxo sem


precedentes, permitindo as pretensões hegemônicas do direito privado, por excelência de
cunho liberal-burguês.
O fato é que os princípios e mecanismos básicos criados pelo constitucionalismo, lastreados no
ideário dos direitos individuais edificados pela burguesia, eram capazes de enfrentar a
crescente complexidade sócio-econômica gerada pelo capitalismo mercantil.

Atualmente, com a “globalização dos mercados e a internacionalização do sistema financeiro,


valores como ganhos incessantes de produtividade, acumulação ilimitada e livre circulação de
capitais” impuseram-se como única lógica, transcendendo os limites da economia e
contaminando todas as esferas da vida social.

Na ordem política, essa contaminação atinge a ordem jurídica criada pelos Estados-Nação com
base nos princípios da soberania e territorialidade. Com o advento da globalização e a
internacionalização do sistema financeiro, as fronteiras se dissolvem e os governos têm
relativizada a sua capacidade de gerir livremente seus instrumentos de política monetária,
fiscal, trabalhista e previdenciária.

As conseqüências sociais, políticas e jurídicas são as piores possíveis: o encolhimento do


Estado diminui o alcance do direito público; a substituição predatória do trabalho humano pela
informática e pela robótica precariza as condições sociais dos trabalhadores, que aumenta a
desigualdade social e o surgimento de atividades informais ou mesmo ilegais.

Nessa busca incessante de novos ganhos de produtividade, os valores do individualismo


possessivo se sobrepõem ao da solidariedade, levando à redução da responsabilidade coletiva;
enfim, à quebra do contrato social.

Nesse ínterim, a justiça fiscal fica cada vez mais longe; os investimentos sociais são encarados
como despesas; os mecanismos de proteção ao trabalho são submetidos a um processo de
flexibilização, desregulamentação e desconstitucionalização; a revogação dos monopólios
públicos e os programas de privatização convertem obrigações do Estado e direitos dos
cidadãos em negócio empresarial; a educação, a saúde, e previdência submetem-se à lógica
mercantil, passando a simples mercadoria.

Mas, apesar do quase desmantelamento da sociedade civil, vêm surgindo reações a todas a
essas mudanças, promovidas, por exemplo, pelos intelectuais, pelos Chiapas ou os grupos que
quase impediram as reuniões entre os grandes Estados capitalistas, o FMI e o Banco Mundial
na Europa e nos EUA, na tentativa de se retornar às questões sobre o reconhecimento da
dignidade humana, da manutenção das redes sociais de produção, dos direitos dos pobres e
das minorias, do papel do Estado na equalização de oportunidades, da justiça e do bem
comum.
Tudo isso torna muito maior a responsabilidade do próximo governo, do presidente Luis Inácio
Lula da Silva, que terá de, pelos menos, consolidar a redemocratização brasileira; promover o
combate ao racismo e a discriminação racial, através de ações afirmativas, promover o
fortalecimento do Poder Legislativo; redefinir as competências do Poder Executivo; aperfeiçoar
e modernizar o arcabouço jurídico; viabilizar o acesso aos círculos decisórios aos grupos
oprimidos; impor o respeito aos direitos humanos fundamentais, e praticar a justiça social,
aperfeiçoando a estrutura da propriedade em nosso país.

* O autor é advogado, diretor e assessor jurídico do Instituto de Pesquisa e Culturas Negras e


do Centro Brasileiro de Informação e Documentação do Artista Negro, professor, licenciado, da
Faculdade de Direito da Universidade Cândido Mendes (Ipanema) e da Faculdade Brasileira de
Ciências Jurídicas e mestrando do programa em Direito Político, do Núcleo de Pesquisa e pós-
graduação do Instituto Metodista Bennett.

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