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[22/12 10:00] Luiz Fernando: COMUNICAÇÃO PARA O COLÓQUIO “MÁQUINA MORTÍFERA III:
REFLEXÕES SOBRE GLOBALIZAÇÃO E PODER”, PROMOVIDO PELO LABORATÓRIO CIDADE E
PODER (LCP), DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, DA
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE, NO DIA 13 DE DEZEMBRO DE 2002.
A presente comunicação – em parte inspirada nos escritos do filósofo do Direito José Eduardo
Faria, e especialmente, tributária das inesquecíveis aulas e conversas com os professores
Aluízio Alves Filho e Antonio Celso Pereira, pretende se ajustar aos termos da proposta deste
Colóquio, segundo o conteúdo veiculado no release previamente divulgado, ao produzir uma
análise crítica de questões econômicas, jurídicas, e políticas do Brasil contemporâneo, numa
perspectiva interdisciplinar que utiliza ferramentas de análises fornecidas pelas Ciências
Jurídicas e Políticas, e pela Sociologia.
No novo Milênio que se inicia, entretanto, a idéia de Constituição cada vez mais é apontada
como entrave ao funcionamento do mercado, como freio da competitividade dos agentes
econômicos e como obstáculo à expansão da economia.
Na ordem política, essa contaminação atinge a ordem jurídica criada pelos Estados-Nação com
base nos princípios da soberania e territorialidade. Com o advento da globalização e a
internacionalização do sistema financeiro, as fronteiras se dissolvem e os governos têm
relativizada a sua capacidade de gerir livremente seus instrumentos de política monetária,
fiscal, trabalhista e previdenciária.
Nesse ínterim, a justiça fiscal fica cada vez mais longe; os investimentos sociais são encarados
como despesas; os mecanismos de proteção ao trabalho são submetidos a um processo de
flexibilização, desregulamentação e desconstitucionalização; a revogação dos monopólios
públicos e os programas de privatização convertem obrigações do Estado e direitos dos
cidadãos em negócio empresarial; a educação, a saúde, e previdência submetem-se à lógica
mercantil, passando a simples mercadoria.
Mas, apesar do quase desmantelamento da sociedade civil, vêm surgindo reações a todas a
essas mudanças, promovidas, por exemplo, pelos intelectuais, pelos Chiapas ou os grupos que
quase impediram as reuniões entre os grandes Estados capitalistas, o FMI e o Banco Mundial
na Europa e nos EUA, na tentativa de se retornar às questões sobre o reconhecimento da
dignidade humana, da manutenção das redes sociais de produção, dos direitos dos pobres e
das minorias, do papel do Estado na equalização de oportunidades, da justiça e do bem
comum.
Tudo isso torna muito maior a responsabilidade do próximo governo, do presidente Luis Inácio
Lula da Silva, que terá de, pelos menos, consolidar a redemocratização brasileira; promover o
combate ao racismo e a discriminação racial, através de ações afirmativas, promover o
fortalecimento do Poder Legislativo; redefinir as competências do Poder Executivo; aperfeiçoar
e modernizar o arcabouço jurídico; viabilizar o acesso aos círculos decisórios aos grupos
oprimidos; impor o respeito aos direitos humanos fundamentais, e praticar a justiça social,
aperfeiçoando a estrutura da propriedade em nosso país.