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10 curiosidades sobre...

Fernando Pessoa

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O "10 curiosidades sobre..." de hoje, vai ser sobre um dos mais


importantes escritores de todos os tempos. Estamos falando de
Fernando António Nogueira Pessoa ou para nós íntimos, apenas
Fernando Pessoa. O escritor, poeta e filósofo português, educado na
África do Sul, conhecido também pelos seus heterônimos, Alberto
Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Bernardo Soares só
ganhou reconhecimento após sua morte em 30 de novembro de 1935.

1- Além de poeta, Pessoa trabalhou como tradutor, jornalista, crítico


literário, editor, publicitário e até inventor. Ele também arranjava tempo
para exercer o ativismo político.

2- Com o segundo casamento de sua mãe, Maria Magdalena, com o


comandante João Miguel Rosa, Fernando Pessoa muda-se com sua
família para a África com apenas 7 anos e lá realiza seus estudos até
o nível universitário. Isso explica sua vasta obra em inglês e a
influência que escritores como Shakespeare e Allan Poe exerceram
sobre ele.

3- Seu primeiro poema foi escrito aos seis anos, dedicado a sua mãe,
intitulado "À Minha Querida Mamãe". Não é um marco da literatura
portuguesa, mas já mostra que a inclinação às palavras surgiu cedo
na vida do escritor.

4- Pessoa era muito amigo de outros dois nomes da poesia


portuguesa: Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro. A intensa troca
de correspondência com Sá-Carneiro, só foi interrompida com o
suicídio do amigo.
5- O poeta não podia ver um lápis sem ponta. Antes de escrever, ele
costumava sempre aponta-los. Algumas pessoas ainda contam que
Pessoa também tinha o costume de escrever em pé.

6- Ele gostava muito de astrologia, por isso tinha mania de fazer


mapas astrais de amigos, parentes, conhecidos e até mesmo de
grandes personalidades históricas.

7- Conta-se que o escritor foi o responsável pela introdução do planeta


Plutão (hoje em dia rebaixado para a categoria dos planetas-anões)
nos mapas atrológicos.

8- Existe na cidade do Porto uma universidade chamada Fernando


Pessoa, em homenagem a esse importante poeta da língua
portuguesa.

9- A poetisa brasileira Cecília Meireles viajou em 1934 para Portugal


para uma conferência na Universidade de Coimbra e de Lisboa, e
possuía o interesse de conhecer o poeta, pelo qual nutria uma
admiração. Combinaram o encontro para o meio-dia, mas Fernando
Pessoa nunca apareceu. Quando Cecília retornou ao seu hotel havia
recebido um exemplar de Mensagem com um recado do poeta de que
"os dois não era pra se encontrar", porque ele havia consultado os
astros e assim deveria ser.

10- Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática, porém em seu


atestado de óbito, conta "obstrução intestinal" como causa da morte.

Fernando Pessoa
1. 1. FERNANDO PESSOA
2. 2. <ul><li>Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões são dois dos maiores poetas
de língua portuguesa. </li></ul>
3. 3. O seu nascimento <ul><li>Fernando António Nogueira Pessoa nasceu a 13 de
Junho de 1888 em Lisboa. </li></ul><ul><li>Foi-lhe dado “António” como segundo
nome porque nasceu o dia de Santo António, padroeiro de Lisboa. </li></ul>
4. 4. A família <ul><li>Os seus pais foram Maria Magdalena Pinheiro Nogueira , uma
açoriana de 26 anos; e Joaquim de Seabra Pessoa , um lisbonense de 38 anos
que trabalhava como funcionário público no Ministerio da Justiça e como crítico
musical no jornal “Diário de Notícias”. </li></ul><ul><li>Viviam no Largo de São
Carlos com a avó paterna Dionísia , que era doente mental. </li></ul>Maria
Magdalena Joaquim A avó Dionísia
5. 5. <ul><li>Em Junho de 1893 o pai morre com 43 anos vítima de tuberculose.
Fernando Pessoa tinha cinco anos. </li></ul><ul><li>A família leiloa parte da
mobília e muda-se para uma casa mais modesta. </li></ul><ul><li>No ano
seguinte morre o irmão do Fernando, o Jorge. </li></ul><ul><li>O Fernando
começa a povoar o seu universo com amigos imaginários, em nome dos quais
escreve cartas a si próprio para superar a solidão. </li></ul>
6. 6. Durban (1896-1905) <ul><li>Em Dezembro de 1895 a sua mãe casa-se por
procuração com o comandante João Miguel Rosa, cônsul de Portugal em Durban
(África do Sul). </li></ul>
7. 7. Durban (1896-1905) Pessoa recebe uma educação britânica em Durban que lhe
proporciona um profundo contacto com a língua inglesa.
8. 8. Durban (1896-1905) <ul><li>Lê obras de Shakespeare, Edgar Allan Poe e Lord
Byron entre outros. </li></ul><ul><li>Domina perfeitamente o novo idioma e torna-
se um dos melhores alunos. </li></ul><ul><li> A família em Durban: a mãe Maria
Madalena Nogueira com a filha Madalena Henriqueta ao colo, Fernando Pessoa, a
irmã Henriqueta Madalena, o irmão Luís Miguel e o padrasto João Miguel Rosa.
</li></ul>
9. 9. Durban (1896-1905) <ul><li>Em 1903 obtem o prestigioso “Queen Victoria
Memorial Prize” pelo ensaio apresentado no exame de admissão à Universidade
do Cabo da Boa Esperança. </li></ul><ul><li>Escreve poesia e prosa em inglês
com varios heterónimos: Charles Robert Anon, H. M. F. Lecher, etc. </li></ul>
10. 10. <ul><li>Em 1905 regressa sozinho a Lisboa para viver em casa da sua tia
Anica. </li></ul><ul><li>Em 1906 matricula-se no Curso Superior de Letras, que
abandona sem sequer completar o primeiro ano. </li></ul><ul><li>Tenta montar
uma pequena tipografia com a herança da avó Dionísia em 1907. </li></ul>O
regresso a Portugal
11. 11. <ul><li>A partir de 1908 dedica-se à tradução de correspondência comercial.
Nessa profissão trabalha a vida toda, tendo uma modesta vida pública.
</li></ul><ul><li>Lê intensamente os classicos portugueses. Aproxima-se do
movimento místico da “Renascença Portuguesa” e publica uma série de artigos
sobre a nova poesia portuguesa na revista “A Águia”. </li></ul>O início da
actividade literária
12. 12. A amizade com Mário de Sá-Carneiro <ul><li>Em 1912 Fernando tem uma
asidua troca de correspondência com o poeta Mário de Sá-Carneiro, em que se
alternam confidências e projectos literarios. </li></ul><ul><li>Pessoa frequenta
várias tertúlias intelectuais que se reunem nos cafés. Conhece a artistas plásticos
como Almada Negreiros, e literatos como Luís de Montalvor, Armando Côrtes
Rodrigues, Raul Leal, António Ferro e Alfredo Pedro Guisado. </li></ul>
13. 13. A revista “Orpheu” <ul><li>Pessoa com este grupo de intelectuais funda em
1915 a revista “Orpheu”, porta-voz das novas tendências literarias das vanguardas
históricas europeias (Cubismo, Futurismo,…). </li></ul><ul><li>A revista foi
efémera mas inaugurou uma nova estética profundamente moderna no século XX.
</li></ul>
14. 14. O começo dos heterónimos <ul><li>A partir de Março de 1914 Pessoa tem
experimentado a formação doutras personalidades chamadas “heterónimos”.
</li></ul><ul><li>Os heterónimos são personalidades diferentes e até
independentes do seu criador que se exprimen em literatura. Cada heterónimo
escreve por conta própria e com os seus próprios cânones literarios.
</li></ul><ul><li>O primeiro heterónimo é Alberto Caeiro, um poeta bucólico que
escreve o conjunto de poemas “O guardador de poemas”. </li></ul>
15. 15. A morte do seu amigo <ul><li>Em 1916 Mário de Sá-Carneiro suicida-se em
Paris. Com esta morte o Fernando atravessa um momento difícil do seu equilibrio
espiritual. </li></ul><ul><li>Começa a cultivar as ciências ocultas, o estudo das
coisas irracionais e a teosofia. </li></ul><ul><li>Esta experiência traduz-se numa
série de sonetos intitulada “Passos da Cruz”, que se publica na revista “Centauro”.
</li></ul>
16. 16. Ophélia Queiroz <ul><li>Num dos escritórios onde Pessoa trabalha é que
conhece Ophélia Queiroz, uma rapariga de 19 anos com quem tem uma relação
sentimental. É um namoro à antiga, com passeios a pé e troca de cartas e
bilhetinhos. </li></ul><ul><li>Ela criou um heterónimo engraçado para Pessoa:
Ferdinand Personne. “Personne” significa “ninguém”, sendo un trocadilho pelo
facto do Fernando, por criar outras personalidades, não ter um eu definido.
</li></ul>
17. 17. Entre o amor e a sua obra literaria <ul><li>Entre uma vida familiar normal e a
obra a escrever que reclama espaço e tempo, Pessoa escolhe romper com
decisão o namoro em Novembro de 1920. </li></ul><ul><li>Definitivamente
solitário, sem amizades nem amores, mas com a sua mãe doente de regresso da
África do Sul, Pessoa dedica-se completamente à sua obra literaria. </li></ul>
18. 18. O reconhecimento da sua obra <ul><li>Torna-se uma das figuras intelectuais
portuguesas mais conhecidas e operosas. </li></ul><ul><li>Toma a palabra
intensamente na vida política e cultural portuguesa. </li></ul><ul><li>O seu nome
aparece nas mais importantes revistas literárias portuguesas com a publicação de
poemas dos seus heterónimos: “Contemporânea”, “Athena”, “Presença”, etc.
</li></ul>
19. 19. A publicação do seu primeiro livro <ul><li>A sua obra poetica, espalhada nas
revistas, reflecte os grandes temas da literatura de todos os tempos: a angústia do
conhecimento, a metafísica do real, etc. </li></ul><ul><li>Em 1934 publica
“Mensagem”, o seu único volume de versos portugueses que se publicou enquanto
foi vivo. São poemas esotérico-místicos sobre a História de Portugal. </li></ul>
20. 20. A sua morte <ul><li>No ano seguinte, a 30 de Novembro de 1935, depois
duma breve doença morre no Hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa.
</li></ul><ul><li>Morre de problemas hepáticos, provocados pelo óbvio excesso
de alcóol ao longo da sua vida. </li></ul><ul><li>Morre aos 47 anos na mesma
cidade onde nascera, tendo sua última frase sido escrita em inglês: “I know not
what tomorrow will bring…”. </li></ul><ul><li>NÃO SEI O QUE O AMANHÃ
TRARÁ… </li></ul>Fernando Pessoa em flagrante delito
21. 21. O ORTÓNIMO E OS SEUS HETERÓNIMOS
22. 22. O ortónimo <ul><li>É considerado como simbolista e modernista.
</li></ul><ul><li>Foi profundamente influenciado por doutrinas religiosas como a
teosofia, e sociedades secretas como a Maçonaria. </li></ul><ul><li>A poesia
resultante tem um certo ar mítico, heróico e, por vezes, trágico. </li></ul><ul><li>A
principal obra de Pessoa como ortónimo é “Mensagem”. </li></ul>MENSAGEM
Dom Dinis Na noite escreve um seu Cantar de Amigo O plantador de naus a haver,
E ouve um silêncio múrmuro consigo: É o rumor dos pinhais que, como um trigo
De Império, ondulam sem se poder ver. Arroio, esse cantar, jovem e puro, Busca o
oceano por achar; E a fala dos pinhais, marulho obscuro, É o som presente desse
mar futuro, É a voz da terra ansiando pelo mar.
23. 23. Poesia de Álvaro de Campos <ul><li>Nasceu em Tavira em 1890.
</li></ul><ul><li>Estudou engenharia mecánica e engenharia naval na Escócia.
</li></ul><ul><li>Fez uma viagem ao Oriente que marcou a sua obra poética.
</li></ul><ul><li>Era um engenheiro de origem portuguesa, mas sempre com a
sensação de ser estrangeiro em qualquer parte do mundo.
</li></ul><ul><li>Começa como decadentista, depois como futurista e afinal
assume uma veia intimista. </li></ul>
24. 24. Poesia de Ricardo Reis <ul><li>Nasceu em Porto em 1887.
</li></ul><ul><li>Estudou num colégio de jesuítas e depois formou-se em
medicina. </li></ul><ul><li>Era latinista, semi-helenista e monárquico. Mudou-se
para o Brasil em protesto à proclamação da República em Portugal.
</li></ul><ul><li>Não se sabe o ano da sua morte. Há uma obra de Saramago, “O
ano da morte de Ricardo Reis”, onde o fantasma de Pessoa estabelece um diálogo
com o seu heterónimo. </li></ul>Não Consentem Não consentem os deuses mais
que a vida. Tudo pois refusemos, que nos alce A irrespiráveis píncaros, Perenes
sem ter flores. Só de aceitar tenhamos a ciência, E, enquanto bate o sangue em
nossas fontes, Nem se engelha conosco O mesmo amor, duremos, Como vidros,
às luzes transparentes E deixando escorrer a chuva triste, Só mornos ao sol
quente, E refletindo um pouco.
25. 25. Poesia de Alberto Caeiro <ul><li>Nasceu em Lisboa em 1889.
</li></ul><ul><li>Viveu quase toda a vida como camponês. </li></ul><ul><li>É
considerado o mestre dos heterónimos de Fernando Pessoa, a pesar da sua pouca
instrução. </li></ul><ul><li>É um poeta ligado à natureza.
</li></ul><ul><li>Possuía uma linguagem estética direta, concreta e simples.
</li></ul><ul><li>Morreu de tuberculose em 1915. </li></ul><ul><li>A sua principal
obra é “O guardador de rebanhos”. </li></ul>
26. 26. Bernardo Soares <ul><li>É o autor do “Livro do Desassossego”, escrito em
forma de fragmentos. </li></ul><ul><li>Apesar de fragmentário, o livro é
considerado uma das obras fundadoras da ficção portuguesa do século XX.
</li></ul><ul><li>Bernardo Soares é considerado um semi-heterónimo.
</li></ul><ul><li>Escreveu toda a prosa de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é considerado um dos maiores poetas da literatura universal. Figura


enigmática, criou diversos heterônimos, deixando uma complexa e incomparável obra literária.

Publicado por: Luana Castro Alves Perez em Literatura Portuguesa 0 Comentários

Fernando Pessoa

Fernando Pessoa nasceu e morreu em Lisboa, Portugal. De sua genialidade nasceram vários
heterônimos com biografias e estilos peculiares

“Não sei quantas almas tenho.

Cada momento mudei.

Continuamente me estranho.

Nunca me vi nem acabei.

De tanto ser, só tenho alma.

Quem tem alma não tem calma.

Quem vê é só o que vê,

Quem sente não é quem é (...)”.

Fragmento do poema “Não sei quantas almas tenho”, Fernando Pessoa.


Fernando António Nogueira Pessoa, ou apenas Fernando Pessoa, foi um dos maiores escritores
da literatura universal e um dos mais aclamados e respeitados poetas da língua portuguesa e
da língua inglesa. A figura misteriosa, cuja genialidade fez nascer diversos heterônimos com
estilos e biografias próprios, é sinônimo de multiplicidade e versatilidade literária.

Nascido no dia 13 de junho de 1888 na cidade de Lisboa, Portugal, Fernando Pessoa perdeu o
pai aos cinco anos de idade, vítima da tuberculose. Passou a infância na cidade de Durban,
África do Sul, onde seu padrasto era cônsul português. Aprendeu o inglês e nesse idioma
publicou vários livros, sendo que, em vida, o único livro publicado em língua portuguesa foi a
obra “Mensagem”. O vasto conhecimento da língua inglesa permitiu que Pessoa traduzisse
vários autores, entre eles Lord Byron, Shakespeare e as principais histórias de Edgar Allan Poe,
entre elas “O Corvo”.

Ao lado da mãe e da meia-irmã, o poeta viveu os últimos quinze anos de sua vida. A casa,
posteriormente, foi transformada na Casa Fernando Pessoa

Ao lado da mãe e da meia-irmã, o poeta viveu os últimos quinze anos de sua vida. A casa,
posteriormente, foi transformada na Casa Fernando Pessoa

Além de poeta e tradutor, Fernando Pessoa foi jornalista, editor e empresário. Sua extensa
obra poética teve no fenômeno da heteronímia a principal característica: o poeta criou
diferentes personalidades com biografias e estilos peculiares, em um complexo e
surpreendente processo de fragmentação psicológica. Entre seus principais heterônimos,
Alberto Caeiro, considerado o mestre de todos os outros, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Há
ainda Bernardo Soares, um semi-heterônimo, assim denominado por apresentar uma
linguagem e visão de mundo muito parecidas com a do próprio Pessoa e, conforme suas
palavras, Bernardo era como ele, mas desprovido de seu raciocínio e afetividade.

O livro Mensagem foi o único publicado em língua portuguesa quando o poeta ainda estava
vivo. Capa da primeira edição, ano de 1934

O livro Mensagem foi o único publicado em língua portuguesa quando o poeta ainda estava
vivo. Capa da primeira edição, ano de 1934

Ao lado dos escritores Mário de Sá-Carneiro, Luiz de Montalvor e Ronald de Carvalho,


Fernando Pessoa deu início ao Modernismo português. Foi um dos idealizadores e também
diretor da revista Orpheu, considerada a mais influente e importante publicação modernista.
Foi considerado pelo crítico literário Harold Bloom um dos 26 melhores escritores da
civilização ocidental, importante representante não só da literatura em língua portuguesa, mas
também da literatura em língua inglesa.
Foi ao lado da meia-irmã e da mãe, já viúva, que Pessoa passou os últimos quinze anos de sua
vida, na casa que hoje é conhecida como a Casa Fernando Pessoa. O poeta faleceu no dia 29
de novembro de 1935 em Lisboa, aos 47 anos de idade, provavelmente (a causa da morte do
poeta ainda gera divergências entre os pesquisadores) vítima de uma pancreatite aguda. Para
que você conheça um pouco mais da maestria e beleza dos versos do poeta, o Mundo
Educação traz de presente para você um de seus mais conhecidos e celebrados poemas,
Poema em linha reta. Boa leitura!

Espaço cultural inaugurado no ano de 1993 em homenagem ao poeta, a Casa Fernando Pessoa
localiza-se em Lisboa, na freguesia Campo de Ourique

Espaço cultural inaugurado no ano de 1993 em homenagem ao poeta, a Casa Fernando Pessoa
localiza-se em Lisboa, na freguesia Campo de Ourique

Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo.

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado

[sem pagar,

Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco;

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,


Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!

Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.

Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que venho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Fernando Pessoa

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