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Manual Prático de Ecodesign

Manual Prático de Ecodesign


FICHA TÉCNICA

Título
Manual Prático de Ecodesign

Projeto
Certif-Ambiental

Entidade Promotora
AEP- Associação Empresarial de Portugal
Gabinete de Projetos Especiais

Equipa
Conceição Vieira
Joaquim Alves
Manuela Roque

Tiragem
100 exemplares

ISBN
978-972-8702-83-0

Depósito Legal
370462/14

Dezembro 2013
PREFÁCIO

O atual ambiente de negócios caracteriza-se por rápidas mudanças que envolvem a esfera
política, económica, social e cultural da sociedade, tendo uma dimensão geográfica que
ultrapassa as fronteiras nacionais para se tornarem mundiais.

O cenário contemporâneo exige das organizações maiores competências para inovar e gerar
melhorias de forma contínua. Como resultado deste processo de adaptação, novas estratégias
e/ou ferramentas de gestão acabam por ser desenvolvidas, como forma de readequação à
competitividade, produtividade e sustentabilidade do negócio.

A preservação do meio ambiente é hoje em dia, uma variável imprescindível na definição da


estratégia empresarial, visando o desenvolvimento económico o qual já não se pode fazer
como no passado, à custa da degradação do capital natural.

A empresa que não procurar adequar as suas atividades ao conceito de desenvolvimento


sustentável perderá competitividade a curto ou médio prazo. No entanto, janelas de
oportunidades abrir-se-ão para as empresas que adotarem uma postura pró-ativa em relação
ao meio ambiente.

A AEP – Associação Empresarial de Portugal consciente da necessidade de estimular um


crescimento económico sustentável decidiu avançar para a implementação do Projeto
“Certif-Ambiental" que teve como objetivo potenciar a competitividade das empresas,
principalmente das PME, mediante um conjunto integrado de ações coletivas que pretenderam
sensibilizar os empresários para as vantagens da implementação de Sistemas de Gestão
Ambiental, da prática do Ecodesign e da colocação no mercado de produtos com reduzido
impacte ambiental.

Das atividades previstas no referido Projeto enunciam-se a conceção e a elaboração de uma


coletânea de ferramentas, nomeadamente um “Manual Prático de Ecodesign” que coloca à
disposição das empresas que pretendem implementar práticas de Ecodesign um conjunto de
requisitos e de modus operandi que contribuirão para a redução do impacte ambiental dos
produtos ao longo do seu ciclo de vida.

A AEP – Associação Empresarial de Portugal está convicta que, com esta iniciativa, ofere ce ao
setor empresarial um modesto e incontornável contributo para a promoção de um
desenvolvimento sustentável.

José António Ferreira de Barros, Engº


Presidente
ÍNDICE

ÍNDICE GERAL

1 INTRODUÇÃO 11
2 O ECODESIGN NO MUNDO EMPRESARIAL 12
2.1 Introdução 12
2.2 Ecodesign e as Empresas 14
2.3 Fatores de Motivação para o Ecodesign 20
2.4 Conceção Ecológica de Produtos Relacionados com o Consumo de
Energia 21
3 FERRAMENTAS DE ECODESIGN 28
3.1 Enquadramento 28
3.2 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) 32
3.3 Diagrama de Estratégias de Ecodesign (DEE) 34
3.4 Listas de Verificação do Ecodesign 37
4 ASPETOS AMBIENTAIS A CONSIDERAR NA ABORDAGEM AMBIENTAL AO DESIGN DO PRODUTO 40
4.1 Identificação dos Aspetos Ambientais de um Produto 40
4.2 Metodologia para Identificação dos Aspetos Ambientais de um Produto 43
4.3 Listas de Verificação Ambiental 46
5 INTEGRAÇÃO DO ECODESIGN NO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 55
6 METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE ECODESIGN 60
6.1 Etapas de Metodologia de Implementação de Ecodesign 60
6.2 Descrição das Etapas de Implementação do Ecodesign 63
6.3 Ferramentas de Apoio à Implementação do Ecodesign 94
6.4 Ficha de Apoio à Implementação de Ecodesign 95
7 CONCLUSÃO 105
8 BIBLIOGRAFIA 106

Projeto Certif-Ambiental // 7
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 Definição de Ecodesign 12


Figura 2 Design do Produto 14
Figura 3 Ciclo de Vida do Produto 15
Figura 4 Relação do Ecodesign com o Desenvolvimento dos Produtos 16
Figura 5 Visão Geral de Ferramentas de Ecodesign 28
Figura 6 Diagrama de Estratégias de Ecodesign 36
Figura 7 Etapas de Ciclo de Vida do Produto a Verificar 39
Figura 8 Pensamento do Ciclo de Vida 41
Figura 9 Rotulagem de Eficiência Energética 45
Figura 10 Identificação de Aspetos e Impactes Ambientais 70
Figura 11 Elaboração de Matriz MET 72
Figura 12 Seleção de Eco-Indicadores 74
Figura 13 Identificação Aspetos Ambientais no Ciclo de Vida do Produto 75
Figura 14 Grau de Complexidade das Ferramentas de Avaliação do Ciclo de Vida do Produto 78
Figura 15 Etapas para a Geração de um Conceito de Produto 85
Figura 16 Elaboração das Especificações do Produto 85
Figura 17 Marketing Verde 93
Figura 18 Tabela de Critérios para a Seleção de um Produto 95
Figura 19 Folha de Trabalho de Fatores de Motivação Externos 96
Figura 20 Folha de Trabalho de Fatores de Motivação Internos 96
Figura 21 Matriz MET 97
Figura 22 Eco-Indicadores 98
Figura 23 Ferramentas para a Geração de Ideias de Melhoria: As 8 Estratégias de Ecodesign 99
Figura 24 Ferramentas para a Geração de Ideias de Melhoria: Brainstorming 100
Figura 25 Ferramentas para a Valorização de Ideias de Melhoria: Matriz de Prioridades 102
Figura 26 Técnicas / Ferramentas para Desenvolvimento de Conceitos 103
Figura 27 Ferramentas para Estudo do Produto em Detalhe 103
Figura 28 Plano de Ação do Produto a Médio e Longo Prazo 104
Plano de Ação a Nível de Empresa de Ancoragem do Ecodesign com os 104
Figura 29 Procedimentos de Desenvolvimento de Produtos

8 // Manual Prático de Ecodesign


ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 Principais Impactes Ambientais e Melhorias Possíveis 17


Quadro 2 Fatores de Motivação do Ecodesign 19
Quadro 3 Elementos Ambientais do Sistema de Gestão para Avaliação da Conformidade 26
Quadro 4 Exemplos de Ferramentas de Design Qualitativas 31
Quadro 5 Princípios da Metodologia ACV 32
Quadro 6 Listas de Verificação do Ecodesign 37
Quadro 7 Princípios Básicos da Abordagem Ambiental sobre o Design do Produto 40
Quadro 8 Identificação dos Aspetos Ambientais do Produto 43
Quadro 9 Lista de Verificação Ambiental 47
Quadro 10 Aquisição de Matérias-Primas, Materiais e Componentes Pré-Fabricados 48
Quadro 11 Fabrico 49
Quadro 12 Embalamento 50
Quadro 13 Utilização Normal 50
Quadro 14 Durabilidade, Manutenção e Reparação do Produto 51
Quadro 15 Utilização de Produtos Adicionais 52
Quadro 16 Fim de Vida 53
Quadro 17 Transporte 54
Quadro 18 Etapas de Metodologia de Implementação de Ecodesign 60
Quadro 19 Principais Rótulos Ecológicos a Nível Mundial 66
Quadro 20 Diferenças entre as Ferramentas para Avaliação do Ciclo de Vida do Produto 77
Quadro 21 As 8 Estratégias de Ecodesign 80
Listagem de Ferramentas Aplicáveis a cada Etapa de Implementação dum Projeto de
Quadro 22 Ecodesign 94

Projeto Certif-Ambiental // 9
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento do mundo e o progresso das sociedades ao longo da história está associado ao
crescimento económico. De facto, os períodos de maior crescimento económico foram frequentemente
épocas de desenvolvimento a todos os níveis da condição humana.

Numa sociedade crescentemente consumista e exigente, os produtos fornecidos pelas empresas são
fundamentais para a riqueza da sociedade e para a qualidade de vida desejada. No entanto, o crescente
consumo de bens e serviços está também, direta ou indiretamente, na origem da maior parte da
poluição causada pelas sociedades, bem como pelo esgotamento de recursos naturais.

Todos os produtos causam impactes ambientais durante o seu ciclo de vida de alguma forma, desde a
extração da matéria-prima, produção e uso, até à gestão e deposição dos resíduos. Esses efeitos
ambientais resultam de decisões inter-relacionadas feitas em vários estágios do ciclo de vida do
produto.

Assim, para acompanhar o crescimento económico imprescindível ao progresso da civilização, é


fundamental introduzir aspetos de cariz ambiental na equação, que minimizem os impactes ambientais
e permitam um crescimento mais harmonioso da sociedade.

O desafio de tornar os produtos mais ecológicos deve ser assumido primordialmente pelas empresas e
pelos consumidores, visto que as principais decisões relativas aos impactes ambientais dos produtos são
tomadas na fase de projeto e no estabelecimento comercial. A preparação de uma estratégia
generalizada para a integração das questões ambientais no processo de design de produtos deve
considerar a complexidade e a diversidade dos produtos e a rápida evolução do conhecimento no
domínio do design.

O ecodesign surge como uma nova abordagem ao processo de design, uma abordagem com
preocupações ambientais no desenvolvimento de novos produtos, com vista a uma produção mais
eficiente, com menor geração de poluição.

O “Manual Prático de Ecodesign” foi estruturado em 8 capítulos.

Depois de uma introdução que faz o enquadramento ao ecodesign é apresentado um capítulo com
abordagem ao ecodesign no Mundo Empresarial.

O capítulo 3 tem o seu foco nas ferramentas de ecodesign, enquanto


que o capítulo 4 salienta os aspetos ambientais a considerar numa
abordagem ambiental ao design do produto.

O estudo prossegue com um capítulo (capítulo 5) que descreve a


articulação entre o ecodesign e os sistemas de gestão ambiental.

O capítulo 6 dá a conhecer a metodologia de implementação de um


projeto de ecodesign.

O estudo termina apresentando as conclusões do trabalho desenvolvido


(capítulo 7) e outro capítulo que descreve a bibliografia consultada no desenvolvimento deste trabalho.

A AEP – Associação Empresarial de Portugal espera que este manual seja uma ferramenta que sirva de
instrumento facilitador às empresas que pretendam implementar práticas de ecodesign.

Projeto Certif-Ambiental // 11
2. O ECODESIGN NO MUNDO EMPRESARIAL

2.1. Introdução
Analisando a origem etimológica da palavra ecodesign, chegamos à junção de duas palavras: eco, de
origem grega, que significa casa ou lar, e que é muitas vezes utilizada para designar o ambiente; design,
de origem anglo-saxónica, que pode significar projeto industrial dum produto de aplicação comum e em
que a utilidade prática deve estar associada a aspetos como a beleza, elegância, entre outros.

Foneticamente, o ecodesign reúne similaridades com os conceitos de “ecologia” e “economia”,


formando um conceito agregado que inclui a sustentabilidade humana – design com uma inter-relação
mais inteligente entre natureza e mundo empresarial.

Num sentindo amplo, o ecodesign pode significar, segundo alguns autores, produtos, serviços, híbridos
ou mudanças no sistema que minimizam os aspetos negativos e maximizam os aspetos positivos dos
impactes na sustentabilidade – a nível económico, ambiental, social e ético – durante e após o ciclo de
vida dos produtos e das soluções existentes, enquanto preenchem as necessidades e expectativas
sociais aceitáveis.

Resumidamente, o ecodesign consiste no desenvolvimento de produtos e métodos inteligentes,


sistemas com soluções efetivas e design atrativo.

Figura 1 – Definição de Ecodesign

O Ecodesign pode ser entendido como a designação europeia equivalente ao Design-for-the-


Environment (DfE) dos EUA, que significa reduzir o impacte ambiental de produtos e serviços durante
todo o seu ciclo de vida. Segundo a visão de ecodesign apresentada pela União Europeia (2008), este
consiste em melhorar o desempenho ambiental dos produtos através do seu ciclo de vida (produção,
uso e fim-de-vida) pela integração sistemática dos aspetos ambientais numa fase inicial do design do
produto.

Definições semelhantes são propostas por diversos autores: Segundo Park (2008), “o ecodesign é uma
atividade que identifica os aspetos ambientais de um produto e os integra posteriormente no processo
de design, numa fase inicial do seu desenvolvimento”; por Schischke (2005), que afirma que o ecodesign
é a redução dos impactes ambientais de todo o ciclo de vida, através da melhoria da conceção dos
produtos; por Hemel (2002), para quem ecodesign é a luta sistemática e consistente para melhorar o
perfil ambiental dos produtos em todos os estágios do ciclo de vida, incluindo a reciclagem adequada e
o desmantelamento. Antunes (2004) complementa esta ideia dizendo que o ecodesign é o desenho dos
produtos considerando critérios ambientais, minimizando os seus impactos diretos e indiretos em todas
as oportunidades. De uma forma mais resumida, a ADEME (2001) afirma que ecodesign é integrar o
ambiente no design do produto.

12 // Manual Prático de Ecodesign


Design Ecológico
O conceito de design ecológico ou ecodesign, reflete uma tendência mundial que integra as áreas da
arquitetura, engenharia e design, com o intuito de desenvolver produtos, sistemas e serviços que
reduzam a utilização de recursos não-renováveis e minimizem o seu impacte ambiental.

A relação entre design e ecologia remonta aos anos 70, sendo comummente atribuída a Victor Papanek,
um emigrante austríaco nos EUA, designer e professor de profissão. Foi um homem visionário,
incompreendido no seu tempo, que desde cedo defendeu a existência de uma relação intrínseca entre o
design de produtos e a envolvente natural. O seu maior contributo para a promoção do conceito de
ecodesign terá sido o livro “Design for the real world”, onde expressa a sua preocupação com a relação
homem/natureza e sobre o papel do design na produção de bens. Existem naturalmente outros nomes
importantes na área, como é o caso de Buckminster Fuller, um designer, arquiteto, inventor e autor
americano.

Hoje é sabido que foram precisamente a engenharia, design e processos de fabrico tradicionais, que
sempre desconsideraram quaisquer impactes ambientais posteriores nos momentos da conceção,
produção, transporte e venda de bens e serviços, os responsáveis pelos problemas ambientais com que
lidamos diariamente. Assim, o ecodesign assume-se como a aplicação prática de requisitos ambientais
desde o início, substituindo matérias-primas, materiais, tecnologia e processos produtivos, por outros
menos nocivos para o meio ambiente.

O design ecológico, para além do seu papel tecnológico, de otimização, assume adicionalmente um
papel educativo, na sensibilização do consumidor acerca do impacte ambiental negativo que o processo
produtivo acarreta, e sobre formas de minimização desses mesmos impactes, por via do consumo de
produtos, sistemas e serviços ecológicos.

O ecodesign é, acima de tudo, o reconhecimento de que devemos aproximar-nos novamente da


natureza e aprender ou reaprender dela os seus processos naturais e aplicá-los quando possível ao
mundo material e artificial do homem.

Pode dizer-se que o fim último das novas tendências da ecologia aplicada à economia é a criação de
uma sociedade verdadeiramente sustentável em todas as suas vertentes, o que implica uma mudança
em todos os sistemas de produção, consumo e pós-consumo – o que nos leva ao conceito de design
sustentável, ou seja, a aplicação destes princípios ao design de produtos.

Infelizmente, tal alteração de comportamentos está ainda longe de ser possível, sendo que nos dias de
hoje o que se discute e tenta aplicar é o conceito de design ecológico ou ecodesign, um patamar
intermédio na direção do design sustentável.

Uma alteração tão radical no paradigma social advirá seguramente do surgimento de novas correntes de
pensamento e inovação, não sendo alcançável com os atuais parâmetros e ferramentas ao dispor do
homem, que nos levaram à crise ambiental e financeira que atravessamos.

O ecodesign ou design ecológico pode ser definido como uma abordagem proactiva de gestão
ambiental, voltada ao processo de desenvolvimento de produtos, e cujo objetivo maior é a
minimização dos impactes ambientais durante todo o ciclo de vida de um produto, sem
comprometer, no entanto, outros critérios essenciais como desempenho, funcionalidade,
estética, qualidade e custo.

Projeto Certif-Ambiental // 13
2.2. Ecodesign e as Empresas

Enquadramento
Ecodesign significa que critérios ambientais são analisados quando
se tomam decisões durante o processo de desenvolvimento dos
produtos, como um fator adicional aos que tradicionalmente são
tidos em conta (custos, qualidade, funcionalidade, estética,
segurança…).

MEIO AMBIENTE

ESTÉTICA ERGONOMIA

DESIGN DO
PRODUTO

CUSTOS
QUALIDADE

FUNCIONALIDADE
SEGURANÇA

Figura 2 – Design do Produto

O objetivo do ecodesign é reduzir o impacte ambiental do produto ao longo de todo o seu ciclo
de vida. Por Ciclo de Vida entende-se todas as etapas da vida do produto, desde a produção dos
componentes e matérias-primas necessárias para a sua obtenção, até à sua eliminação.
(NP EN ISO 14040)

14 // Manual Prático de Ecodesign


O Ciclo de Vida do produto compreende portanto, diferentes fases, que se apresentam na figura
seguinte.

CICLO DE VIDA DE UM PRODUTO

ENTRADAS
SAÍDAS

Matérias-primas
Obtenção e consumo de matérias- Resíduos e
primas e outros componentes
emissões

Produção na fábrica

Distribuição e venda
Energia

Uso e utilização

Eliminação final

Figura 3 – Ciclo de Vida do Produto

A importância do planeamento de TODO o Ciclo de Vida do


produto é permitir identificar, de um modo claro, todas as
entradas e saídas do processo que têm IMPACTE AMBIENTAL
(não somente as produzidas na própria fábrica ou numa etapa
concreta do Ciclo).
O passo seguinte é reduzir ao mínimo a quantidade e a
perigosidade das entradas (materiais, água e energia) e das
saídas (emissões e resíduos) em cada fase do Ciclo de Vida do
Produto, ou seja, encontrar o equilíbrio adequado para
minimizar o impacto global do produto durante todo o seu Ciclo
de Vida.

Projeto Certif-Ambiental // 15
Relação do Ecodesign com o Desenvolvimento dos
Produtos
O ecodesign baseia-se nas etapas gerais do processo tradicional de desenvolvimento de um produto. A
estrutura básica do processo não se altera; o que se pretende é dar a este processo uma nova
abordagem, que inclua, além dos critérios habituais, os aspetos ambientais.

FASES DE DESENVOLVIMENTO TRADICIONAL NOVOS CONCEITOS INTRODUZIDOS PELO


DO PRODUTO ECODESIGN

Seleção da equipa de projeto tendo em conta os


Preparação de um novo design:
critérios ambientais e determinação dos Fatores de
Selecionar o produto, determinar Motivação para introduzir ecodesign.
exigências,…
(ESTRATÉGIA)
Determinação dos aspetos ambientais do produto.

Obtenção e seleção de ideias.


Ideias de melhoria ambiental
(NOVAS IDEIAS)
(obtenção, avaliação e seleção).

Proposta de soluções conceptuais de


design do produto.
Requisitos ambientais nas especificações.
(CONCEPÇÃO DE PRODUTO)

Seleção e desenvolvimento do melhor


conceito Requisitos ambientais na avaliação funcional das
alternativas.
(DESIGN DO PRODUTO)

Plano de produção, distribuição, marketing


Plano de novas melhorias ambientais do produto a
e venda do produto.
médio e longo prazo. Novas ferramentas derivadas
(PRODUTO NO MERCADO) deste novo enfoque, âncora do ecodesign…

Análise dos resultados ambientais, marketing verde,


Avaliação do projeto
formação-informação ambiental interna e externa.

Figura 4 – Relação do Ecodesign com o Desenvolvimento dos Produtos

16 // Manual Prático de Ecodesign


Benefícios do Ecodesign para as Empresas
Redução do Impacte Ambiental
O design dos produtos, considerando os critérios ambientais, supõe como primeiro e mais direto
benefício, a redução dos impactes ambientais do produto.

A seguir apresentam-se os principais impactes ambientais e os produtos implicados.

Quadro 1 – Principais Impactes Ambientais e Melhorias Possíveis

Principais Impactes Breve Descrição Produtos Implicados

Contaminação da Água A descarga de substâncias Substâncias tóxicas


tóxicas ou de excessiva (óleos, amoníacos,
matéria orgânica geram cianetos, solventes, …) e
uma elevada mortalidade águas residuais.
piscícola, alteram a fauna
e a flora aquática e põem Produtos que durante a
em perigo a saúde sua produção originam
humana. descargas de
contaminantes de forma
incontrolada.

Contaminação do Solo e A contaminação por Produtos com


Deposição Incontrolada de deposição incontrolada de substâncias tóxicas
Resíduos resíduos, fugas e acidentes (mercúrio, óleos,…) cujo
hipotecam a utilização dos ciclo de fim de vida não
solos para diversas seja gerido
utilizações (como a corretamente.
agricultura), põem em
perigo a saúde humana Produtos em cujo ciclo
através das águas de vida são produzidos e
subterrâneas e alteram a depositados resíduos de
fauna e a flora. maneira incontrolada.

Diminuição dos Recursos Uso desmedido e gestão Uso de recursos naturais


Naturais ineficaz dos combustíveis escassos, armazenados
fósseis e outros bens e não renováveis.
essenciais (água, minerais,
madeira,…) esgotam os
recursos naturais.

Projeto Certif-Ambiental // 17
Quadro 1 – Principais Impactes Ambientais e Melhorias Possíveis (conclusão)

Principais Impactos Breve Descrição Produtos Implicados

Efeito Estufa As emissões para a Transporte de produtos.


atmosfera de determinados
gases (CO2, CH4,N2O), Uso de materiais que
atuam como um filtro o exigem um grande gasto
que origina um de energia (Alumínio,
aquecimento global do cerâmicos e metais
nosso planeta. nobres).

Alto consumo de
energia durante o uso
do produto.

Redução da Camada do Certas atividades humanas Compostos de Cloro tais


Ozono estão a deteriorar a como CFCs, HFCs,…
camada de ozono
estratosférico que protege
a Terra das radiações
ultravioleta.

Chuva Ácida A chuva ácida produz-se Uso de fontes de


com a emissão de SO2, NOx energia com elevado
e NH3 para a atmosfera. conteúdo de enxofre.
Estes gases são absorvidos
na chuva, causando Falta de catalisadores
importantes danos na nos automóveis.
natureza.

Smog O smog supõe tanto um Emissões do produto e


aumento da concentração da produção.
de poeira e SO2 no
ambiente (smog de
inverno) como o aumento
do ozono, mas a nível
estratosférico (smog de
verão)

18 // Manual Prático de Ecodesign


Outros Benefícios
O ecodesign além dos benefícios ambientais, acarreta também benefícios adicionais que podem ser de
grande interesse para as empresas.

Estes benefícios estão ligados a alguns Fatores de Motivação que são apresentados no quadro seguinte.

Quadro 2 – Fatores de Motivação do Ecodesign

REDUÇÃO DE CUSTOS

A adoção do ecodesign pode reduzir os custos para a empresa e para o utilizador final.

INOVAÇÃO

Sendo o ecodesign um tema ainda pouco explorado, a conceção de um produto com critérios de
ecodesign confere a este um carácter inovador, uma vez que contempla a introdução de novos
aspetos na metodologia habitual de design (novas ideias acerca da estética, funcionalidade,
segurança…) que de outro modo não surgiriam.

CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

A introdução de critérios ambientais pode facilitar o cumprimento dos requisitos da legislação


ambiental, tanto nacionais, como os existentes nos países para onde o produto seja eventualmente
exportado.

MELHOR CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DOS CLIENTES

Ao conceber um produto com critérios ambientais, podem cumprir-se outras exigências dos
consumidores.

AUMENTO DA QUALIDADE DO PRODUTO

Ao introduzir critérios ambientais no design do produto, pode aumentar-se a sua qualidade.

MELHORIA DA IMAGEM DO PRODUTO E DA EMPRESA

Recorrendo ao ecodesign, a empresa pode melhorar a sua imagem e a do seu produto fruto das
melhorias ambientais realizadas pela projeção de uma imagem verde da empresa e do produto.

Estes benefícios coincidem com alguns dos Fatores de Motivação que impulsionam as empresas a fazer
ecodesign. Os Fatores de Motivação constituem desafios e oportunidades que a exigência de qualidade
ambiental oferece ao mercado.

Projeto Certif-Ambiental // 19
2.3. Fatores de Motivação para o Ecodesign
As razões para a aplicação do ecodesign podem surgir da
análise das forças e fraquezas das empresas e das
oportunidades e ameaças presentes no mercado (análise
SWOT). Podem considerar-se duas razões fundamentais:

 Fatores de Motivação Externos

 Fatores de Motivação Internos

Os Fatores de Motivação Externos podem ser classificados de acordo com as seguintes categorias:

 Gestão: legislação e regulação;

 Mercado: exigências dos clientes (industriais e comerciais);

 Concorrentes: fatores diferenciadores e marketing verde;

 Envolvente social: responsabilidade ambiental;

 Organizações setoriais: motivação ambiental sobre as empresas;

 Fornecedores: inovação tecnológica.

Já os Fatores de Motivação Internos para o Ecodesign são os seguintes:

 Aumento da qualidade do produto;

 Melhoria da imagem do produto e da empresa;

 Redução de custos;

 Poder de inovação;

 Sentido de responsabilidade ambiental da gestão;

 Motivação dos funcionários.

Todos estes fatores de motivação serão abordados em maior detalhe mais à frente, no capítulo
referente à metodologia de implementação de um projeto de ecodesign.

20 // Manual Prático de Ecodesign


2.4. Conceção Ecológica de Produtos Relacionados
com o Consumo de Energia

Introdução
O objetivo da conceção ecológica de produtos relacionados com o
consumo de energia é prosseguir, através de uma abordagem
preventiva, a otimização do desempenho ambiental dos produtos, ao
mesmo tempo que conserva as respetivas características funcionais.

Muitos dos produtos relacionados com o consumo de energia podem


ser significativamente melhorados, de forma a que se reduzam os
impactes ambientais, por via da melhoria da sua conceção, o que leva
em simultâneo a uma economia de custos para as empresas e para o
consumidor final.

CONCEÇÃO ECOLÓGICA
Entende-se por «conceção ecológica», a integração de aspetos ambientais na conceção de um
produto, no intuito de melhorar o seu desempenho ambiental ao longo de todo o seu ciclo de
vida.

REQUISITO DE CONCEÇÃO ECOLÓGICA


Qualquer requisito relativo a um produto, ou à sua conceção, com o fim de melhorar o seu
desempenho ambiental, bem como qualquer requisito de informação relativa aos aspetos
ambientais de um produto.

DIRETIVA ECODESIGN
Implementada em 2009, a Diretiva Quadro Ecodesign (2009/125/CE), do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, introduziu grandes alterações na conceção
ecológica de produtos de consumo elétrico.
A legislação comunitária, que foi transposta para o ordenamento jurídico nacional em 2011 –
através do Decreto-Lei n.º 12/2011, de 24 de janeiro, veio definir as medidas de execução
para os diferentes grupos de produtos relacionados com o consumo de energia. Essas
medidas são depois concretizadas em regulamentos específicos com limites mínimos de
ecodesign, que cada grupo de produtos deve cumprir.

PRODUTOS RELACIONADOS COM O CONSUMO DE ENERGIA


Qualquer bem colocado no mercado ou em serviço que tenha um impacto sobre o consumo
de energia durante a sua utilização, incluindo as peças a incorporar nesses produtos como
peças individuais colocadas no mercado ou em serviço para utilizadores finais, cujo
desempenho ambiental possa ser avaliado de forma independente.
(Decreto –Lei n.º 12/2011, de 24 de janeiro)

MEDIDAS DE EXECUÇÃO
As regras relativas à conceção ecológica de produtos relacionados com o consumo de energia.
(Decreto –Lei n.º 12/2011, de 24 de janeiro)

Projeto Certif-Ambiental // 21
Requisitos de Conceção Ecológica

REQUISITOS GENÉRICOS

O requisito genérico de conceção ecológica é qualquer requisito de conceção ecológica assente no perfil
ecológico global de um produto, sem estabelecer valores limite quanto a aspetos ambientais
específicos.

Os requisitos genéricos de conceção ecológica têm por objetivo melhorar o desempenho ambiental do
produto focando os seus aspetos ambientais significativos sem impor valores limite.

O «desempenho ambiental» de um produto é o resultado da gestão pelo fabricante dos aspetos


ambientais do produto, que se refletem no seu dossier de documentação técnica, considerando -se o
«melhoramento do desempenho ambiental» o processo de aperfeiçoamento do desempenho ambiental
de um produto, ao longo de várias gerações, se bem que não necessariamente quanto a todos os
aspetos ambientais do produto em simultâneo. Por «aspeto ambiental» entende -se o elemento ou a
função do produto que pode interagir com o ambiente ao longo do seu ciclo de vida.

Parâmetros de Conceção Ecológica para os Produtos


Os aspetos ambientais mais significativos são identificados em função das seguintes fases do ciclo de
vida do produto, na medida em que se relacionem com a sua conceção:

 Seleção e utilização da matéria-prima;


 Fabrico;
 Embalagem, transporte e distribuição;
 Instalação e manutenção;
 Utilização;
 Fim de vida, por tal se entendendo o estado de um produto que atingiu o fim da sua
utilização inicial até à eliminação final.

Relativamente a cada fase, devem ser avaliados os seguintes aspetos ambientais, caso sejam
pertinentes:

 Consumo previsto de materiais, de energia e de outros recursos;


 Emissões previstas para o ar, água ou solo;
 Poluição prevista devido a efeitos físicos como o ruído, a vibração, a radiação ou os campos
eletromagnéticos;
 Produção prevista de resíduos;
 Possibilidades de reutilização, reciclagem e valorização de materiais e/ou valorização
energética.

Particularmente, os parâmetros seguintes devem ser utilizados sempre que seja adequado e, se
necessário, complementados por outros, para avaliar a possibilidade de melhoria dos aspetos
ambientais referidos anteriormente:

 Peso e volume do produto;

 Utilização de materiais resultantes de atividades de reciclagem;

22 // Manual Prático de Ecodesign


 Consumo de energia, água e outros recursos ao longo do ciclo de vida;

 Utilização de substâncias classificadas como perigosas para a saúde e/ou para o ambiente;

 Quantidade e natureza dos materiais consumíveis necessários para a utilização e manutenção


corretas;

 Facilidade de reutilização e de reciclagem, expressa em número de materiais e componentes


utilizados, uso de componentes normalizados, tempo necessário para a desmontagem,
complexidade das ferramentas necessárias para a desmontagem, utilização de normas de
codificação de componentes e materiais para a identificação dos componentes e materiais que
podem ser reutilizados e reciclados, utilização de materiais facilmente recicláveis, fácil acesso a
componentes e materiais valiosos ou outros e fácil acesso a componentes e materiais que
contenham substâncias perigosas;

 Incorporação de componentes usados;

 Preocupação em evitar a utilização de soluções técnicas que prejudiquem a reutilização e a


reciclagem de componentes e de aparelhos;

 Extensão do tempo de vida, expressa em tempo de vida mínimo garantido, tempo mínimo para
a disponibilização de peças sobressalentes, modularidade, possibilidade de atualização e
reparação;

 Quantidade de resíduos gerados e quantidade de resíduos perigosos gerados;

 Emissões para o ar (gases com efeito de estufa, agentes acidificantes, compostos orgânicos
voláteis, substâncias persistentes que empobrecem a camada do ozono, poluentes orgânicos,
metais pesados, partículas finas e partículas em suspensão);

 Emissões para a água (metais pesados, substâncias com efeito negativo sobre o equilíbrio de
oxigénio e poluentes orgânicos persistentes);

 Emissões para o solo (especialmente fugas e derramamentos de substâncias perigosas durante


a fase de utilização dos produtos e potencial de lixiviação aquando da eliminação como
resíduo).

Requisitos Referentes à Prestação de Informações


As medidas de execução podem exigir informações a fornecer pelo fabricante que possam influenciar a
forma como o produto é manuseado, utilizado ou reciclado por outros que não sejam o fabricante, que
podem incluir, quando aplicável:

 Informação relativa ao processo de fabrico;

 Informação destinada aos consumidores sobre as características ambientais e de desempenho


significativas do produto, que o acompanha aquando da sua colocação no mercado, de modo
que o consumidor possa comparar esses aspetos dos produtos;

 Informação destinada a consumidores sobre o modo de instalação, utilização e manutenção do


produto, de forma a minimizar o seu impacte sobre o ambiente e a garantir uma esperança de
vida ótima, bem como sobre o modo de devolução do produto no fim do seu ciclo de vida e,
sempre que oportuno, informações sobre o período de disponibilidade de peças sobressalentes
e sobre as possibilidades de atualização de aparelhos;

 Informação destinada às instalações de tratamento, relativa a valorização ou eliminação no fim


da vida.

Projeto Certif-Ambiental // 23
Requisitos Relativos ao Fabricante
Ao ocuparem -se dos aspetos ambientais identificados na medida de execução que podem ser
influenciados de forma substancial na fase de conceção do produto, os fabricantes de um produto
devem realizar uma avaliação de um modelo de produto ao longo do seu ciclo de vida, pressupondo de
forma realista que ele será utilizado em condições normais e para os fins previstos. Podem igualmente
ser analisados de modo voluntário outros aspetos de incidência ambiental.

Com base nesta avaliação, os fabricantes devem estabelecer o perfil ecológico do produto, que deve
basear–se em características do produto relevantes em termos ambientais e nos meios utilizados e
rejeitados do produto ao longo do seu ciclo de vida, expressos em grandezas físicas mensuráveis.

O fabricante deve recorrer a esta avaliação para considerar soluções alternativas de conceção e apreciar
o desempenho ambiental do produto obtido, comparativamente a marcos de referência identificados na
respetiva medida de execução.

A escolha de uma solução de conceção específica deve permitir a obtenção de um equilíbrio razoável
entre os vários aspetos ambientais e entre os aspetos ambientais e outras considerações relevantes,
como a segurança e a saúde, requisitos técnicos de funcionalidade, qualidade e desempenho, bem
como aspetos económicos, incluindo custos de fabrico e possibilidade de comercialização, mantendo a
conformidade com toda a legislação pertinente.

REQUISITOS ESPECÍFICOS

O requisito específico de conceção ecológica é um requisito de conceção ecológica quantificável e


mensurável relativo a um aspeto ambiental específico de um produto, tal como o consumo de energia
durante a utilização, calculado para uma determinada unidade em termos de resultados de
desempenho.

Os requisitos específicos de conceção ecológica têm como objetivo melhorar um determinado aspeto
ambiental do produto. Podem consistir em requisitos de consumo reduzido de determinado recurso,
tais como limites de utilização desse recurso nas várias fases do ciclo de vida do produto, quando seja
adequado (por exemplo: limites de consumo de água na fase de utilização, ou das quantidades de
determinado material incorporado no produto, ou ainda nas quantidades mínimas exigidas de material
reciclado).

Ao elaborar as medidas de execução que fixam os requisitos específicos de conceção ecológica nos
termos do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 12/2011 de 24 de janeiro, a Comissão Europeia identificará,
conforme aplicável ao produto abrangido pela medida de execução, os parâmetros de conceção
ecológica pertinentes entre os parâmetros referidos no anexo I, parte 1 do referido diploma.

24 // Manual Prático de Ecodesign


Colocação no Mercado e Marcação CE
O fabricante de um produto relacionado com o consumo de energia deve, previamente à respetiva
colocação no mercado ou em serviço, apor-lhe a marcação CE e emitir a respetiva declaração CE de
conformidade, na qual garante e declara que o produto cumpre todas as disposições relevantes da
medida de execução aplicável.

«Colocação no mercado» a primeira disponibilização de um produto no mercado


comunitário, com vista à sua distribuição ou utilização na União Europeia, a título
oneroso ou gratuito, e independentemente da técnica de venda.
(Decreto-Lei n.º 12/2011, de 24 de janeiro)

«Colocação em serviço» a primeira utilização de um produto pelo utilizador final


na União Europeia, para a finalidade prevista.
(Decreto-Lei n.º 12/2011, de 24 de janeiro)

Marcação CE Declaração CE de Conformidade

A declaração CE de Conformidade deve incluir os


seguintes elementos:
 Nome e endereço do fabricante ou do seu
mandatário;
 Descrição suficiente do modelo para uma
identificação inequívoca;
A marcação CE deve ter uma altura de,  Se for o caso, referências das normas
pelo menos, 5 mm. Se a marcação CE harmonizadas aplicadas;
for reduzida ou ampliada, devem ser  Se for o caso, outras normas e especificações
respeitadas as proporções resultantes técnicas utilizadas;
do grafismo graduado acima indicado.
 Se for o caso, referência a outra legislação
A marcação CE deve ser aposta no comunitária aplicada no que se refere à
produto. Se isso não for possível, deve aposição da marcação CE;
ser aposta na embalagem e nos  Identificação e assinatura da pessoa com
documentos que acompanham o poderes para representar o fabricante ou o
produto. seu mandatário.

Projeto Certif-Ambiental // 25
Avaliação da Conformidade
Antes de ser colocado no mercado ou em serviço, qualquer produto que se encontre abrangido por
medidas de execução deve ser sujeito a uma avaliação de conformidade do produto com todos os
requisitos pertinentes especificados nas medidas de execução aplicáveis.

Após a colocação do produto no mercado, o fabricante ou o seu mandatário deve conservar todos os
documentos relativos à avaliação de conformidade emitida, de forma a facilitar a fiscalização nos
Estados-Membros, que pode ocorrer nos dez anos posteriores ao fabrico do produto.

Os procedimentos de avaliação da conformidade são especificados nas medidas de execução, cabendo


aos fabricantes a escolha entre o controlo interno da conceção ou a aplicação de um sistema de gestão
para avaliação da conformidade, previstos respetivamente nos Anexos IV e V do Decreto-Lei n.º 12/2011
de 24 de janeiro.

Os elementos ambientais do sistema de gestão para avaliação da conformidade do produto definido no


Anexo V do Decreto-Lei n.º 12/2011 estão indicados no quadro seguinte.

Quadro 3 – Elementos Ambientais do Sistema de Gestão para Avaliação da Conformidade

POLÍTICA DE DESEMPENHO AMBIENTAL DO PRODUTO

 O fabricante deve poder demonstrar a conformidade com os requisitos da medida de execução aplicável.
 O fabricante deve igualmente poder apresentar um quadro para a fixação e a revisão dos objetivos e
indicadores do desempenho ambiental do produto, tendo em vista melhorar o desempenho ambiental
geral do produto.
 Todas as medidas adotadas pelo fabricante para melhorar o desempenho ambiental geral do produto e
para estabelecer o seu perfil ecológico, se tal for requerido pela medida de execução, através da conceção
e do fabrico, devem ser documentadas de modo sistemático e ordenado, sob a forma de instruções e
procedimentos escritos.
 Os referidos procedimentos e instruções devem incluir, nomeadamente, uma descrição adequada:
o Da lista dos documentos a preparar para demonstrar a conformidade do produto e, se necessário, a
disponibilizar;
o Dos objetivos e indicadores do desempenho ambiental do produto, bem como da estrutura
organizacional, das responsabilidades, das atribuições da gestão e da afetação de recursos em matéria
de aplicação e manutenção;
o Das verificações e dos ensaios a realizar após o fabrico para verificar o desempenho do produto em
função de indicadores de desempenho ambiental;
o Dos procedimentos de controlo da documentação exigida, garantindo a sua constante atualização;
o Do método de verificação da aplicação e da eficácia dos elementos ambientais do sistema de gestão.

PLANEAMENTO

O fabricante deve instituir e manter:


 Procedimentos para o estabelecimento do perfil ecológico do produto;
 Objetivos e indicadores do desempenho ambiental do produto, atendendo a opções tecnológicas que
tenham em conta requisitos técnicos e económicos;
 Um programa para cumprir estes objetivos.

26 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 3 – Elementos Ambientais do Sistema de Gestão para Avaliação da Conformidade (conclusão)

APLICAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO

A documentação relativa ao sistema de gestão deve respeitar, nomeadamente, o seguinte:


 As responsabilidades e as entidades — devem ser definidas e documentadas de modo a garantir um
desempenho ambiental eficaz do produto e dar conta do seu funcionamento, para revisão e melhoria;
 Os documentos devem ser emitidos com indicação das técnicas de controlo e verificação da conceção
aplicadas e das medidas sistemáticas e dos processos utilizados na conceção do produto;
 O fabricante deve elaborar e manter informações para descrever os elementos ambientais essenciais
do sistema de gestão e os procedimentos de controlo de toda a documentação exigida.

A documentação relativa ao produto deve especificar, nomeadamente:


 Uma descrição geral do produto e da sua utilização prevista;
 Os resultados dos estudos de avaliação ambiental pertinentes efetuados pelo fabricante e/ou
referências à literatura relativa à avaliação ambiental ou a estudos de casos utilizados pelo fabricante
para avaliar, documentar e determinar as soluções de conceção do produto;
 O perfil ecológico, se for exigido pela medida de execução;
 Os documentos devem descrever os resultados das medições efetuadas quanto aos requisitos de
conceção ecológica, incluindo pormenores da conformidade dessas medições relativamente aos
requisitos de conceção ecológica estabelecidos na medida de execução aplicável;
 O fabricante deve incluir especificações que indiquem, em especial, as normas que tenham sido
aplicadas; se as normas harmonizadas não forem aplicadas ou se não cobrirem inteiramente os
requisitos da medida de execução pertinente, deve indicar os meios utilizados para garantir a
conformidade;
 Uma cópia das informações relativas aos aspetos de conceção ambiental do produto, que é fornecida
em conformidade com os requisitos especificados anteriormente e intitulados “Requisitos referentes à
prestação de informações”.

VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA

 O fabricante deve tomar todas as medidas necessárias para assegurar que o produto é produzido em
conformidade com as especificações de conceção e com os requisitos da medida de execução que lhe é
aplicável;
 O fabricante deve instituir e manter procedimentos para investigar e lidar com a não conformidade, e
introduzir as alterações resultantes da ação corretiva nos procedimentos documentados;
 O fabricante deve efetuar, pelo menos de três em três anos, uma auditoria interna total ao sistema de
gestão ambiental.

Projeto Certif-Ambiental // 27
3. FERRAMENTAS DE ECODESIGN

3.1. Enquadramento
As diferentes abordagens ao design com preocupações ambientais
levaram ao desenvolvimento de ferramentas orientadas para um
determinado aspeto ou fase do ciclo de vida, mas também ao
desenvolvimento de ferramentas mais abrangentes, que abordam todo o
ciclo de vida do produto.

Podem citar-se quatro objetivos fundamentais para as ferramentas de


ecodesign, a saber:
 Análise e avaliação;
 Seleção e definição de prioridades para melhoria;
 Apoio à geração de ideias e decisões de design;
 Coordenação com outros critérios.

É também possível ordenar as ferramentas de ecodesign pelo seu âmbito, nomeadamente:


 Ferramentas com foco num determinado objetivo ambiental;
 Ferramentas para o desenvolvimento do produto numa perspetiva de ciclo de vida;
 Ferramentas para o design ecoeficiente, com a integração de aspetos de sustentabilidade.

A figura seguinte fornece uma visão geral das ferramentas de ecodesign mais utilizadas, consoante os
seus objetivos, classificando-as de acordo com a sua complexidade e requisitos de tempo.

Fonte: Adaptado de adaptado de Tischner, Schminke, Rubik e Prösler

Figura 5 – Visão Geral de Ferramentas de Ecodesign

28 // Manual Prático de Ecodesign


As ferramentas de design podem ainda ser divididas em dois tipos:

 Quantitativas – requerem grandes quantidades de informação e tempo para a sua utilização;

 Qualitativas – requerem menos informação e tempo, permitindo uma aplicação mais fácil.

Ferramentas de Design Quantitativas


A principal ferramenta quantitativa é a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), existindo já diversos softwares
integrados, suportados em bases de dados de materiais e processos de produção.

A ACV é uma ferramenta que permite avaliar os aspetos ambientais e os impactes associados a um
produto, desde o berço ao túmulo, através de uma metodologia que compreende 4 fases:

 Definição do objetivo e âmbito;


 Análise do inventário;
 Avaliação de impactes;
 Interpretação.

Para a avaliação de impactes é necessário:

 Classificar e caracterizar;
 Normalizar;
 Avaliar.

Com base na metodologia de ACV existem múltiplas variações de ferramentas em diferentes suportes
informáticos, sendo mais relevante referir as que têm como objetivo simplificar o processo e tornar a
ferramenta mais acessível às empresas e aos designers, nomeadamente às pequenas e médias
empresas.

Apesar das muitas características positivas, quando abordadas numa perspetiva do designer, as
ferramentas quantitativas, particularmente as de ACV, apresentam cinco tipos de limitações, a saber:

 Complexidade;
 Exigência de tempo;
 Grande exigência de informação que dificulta a participação de várias partes interessadas;
 Carácter dinâmico, o que significa que os resultados estão largamente dependentes de uma
boa definição inicial;
 Dificuldade de interpretar os resultados.

Projeto Certif-Ambiental // 29
Ferramentas de Design Qualitativas
Para contrariar as limitações referidas anteriormente e de forma a adequarem-se as ferramentas à
necessidade de cada contexto, têm-se vindo a desenvolver versões mais simples e de cariz qualitativo.

Apesar de permitirem a incorporação de vários critérios ambientais, quanto mais resumidas, menos
fiáveis se tornam.

Neste grande grupo é possível identificar quatro tipologias de ferramentas que importa analisar:

MATRIZES DIAGRAMAS DE REDE LISTAS DE ESTRATÉGIAS LISTAS DE VERIFICAÇÃO

Entre as matrizes encontramos uma das mais utilizadas ferramentas de ecodesign: a Matriz MET

É uma tabela que percorre o ciclo de vida do produto segundo três colunas MET - MATERIAIS, ENERGIA
e TOXICIDADE.

O utilizador pode escrever os recursos utilizados pelo/no produto nas diferentes fases do seu ciclo de
vida. Esta síntese pode ser feita com base em informação quantitativa originária de uma avaliação de
ciclo de vida ou de uma avaliação mais qualitativa.

A maioria das matrizes existentes serve também para a avaliação de impactes, quer seja de produtos
existentes, quer seja de soluções em desenvolvimento, e/ou para a definição de prioridades, apesar de
o fazerem de formas diferentes e dando mais atenção à avaliação ou à definição de prioridades.

Os diagramas de rede (também conhecidos como diagramas polares) constituem a segunda tipologia de
ferramentas muito utilizadas no ecodesign. São ferramentas simples e que requerem pouco tempo. No
entanto, caso sejam sustentadas por uma análise mais extensa do ciclo de vida do produto, podem
requerer mais tempo de utilização, o que tem o efeito positivo de se ter maior segurança nos resultados
obtidos.

Graficamente, são todos muito semelhantes: apresentam-se como uma teia de aranha, em que nos
diversos eixos (normalmente entre 5 e 8) são avaliados determinados critérios ou aspetos. A união da
classificação qualitativa que se der em cada eixo permite criar uma área que traduz visualmente o
impacte do produto. Os critérios ou estratégias colocados em cada eixo são a principal variação entre as
diferentes versões da ferramenta.

Podem existir versões com uma análise a estratégias específicas de uma empresa, com estratégias
específicas para um setor, ou que acompanham o ciclo de vida de forma genérica.

A terceira tipologia, listas de estratégias, engloba várias ferramentas que apresentam listagens de
estratégias de ecodesign ou regras de ouro a utilizar no processo de desenvolvimento do produto. São
ferramentas genéricas, o que significa que são mais extensas e menos focadas, ou que permitem a
personalização. São ferramentas muito simples, que requerem pouco tempo de utilização, mas que caso
sejam orientadas para uma empresa ou setor específico requerem tempo de preparação.

30 // Manual Prático de Ecodesign


A quarta tipologia refere-se às listas de verificação que são, normalmente, listagens mais extensas e
exaustivas que as listas de estratégias e permitem uma pequena avaliação de cada critério listado. São
listas em forma de tabela, que expõem detalhadamente vários critérios em cada categoria, quer estas
sejam de estratégias de design, quer sejam as fases do ciclo de vida.

São ferramentas que podem exigir algum tempo de utilização consoante a sua extensão, mas que
também permitem uma ação pedagógica devido ao seu conteúdo. A variação dos conteúdos pode ser
grande mas são utilizados comummente dois modelos de análise e verificação: via uma classificação
alfabética ou através de uma classificação com sinais (+, +/-, - e 0). Existem também casos de listas de
verificação para um contexto empresarial específico – estes casos beneficiam de alguma simplificação
devido ao seu foco numa atividade específica, o que é benéfico para a utilização num contexto dinâmico
e exigente em termos de tempo, como é o contexto empresarial.

O quadro seguinte apresenta alguns exemplos de ferramentas desta tipologia, bem como das restantes
tipologias identificadas.

Quadro 4 – Exemplos de Ferramentas de Design Qualitativas

MATRIZES DIAGRAMAS DE REDE LISTAS DE ESTRATÉGIAS LISTAS DE VERIFICAÇÃO

 Dominance Matrix  Eco‐Compass  10 Guidelines for  Lista de Verificação


 Ecodesign Priority  Ecodesign Web Ecodesign ABC
Matrix  LiDS Wheel/Ecodesign  Econcept Strategy List  Ecodesign Checklist
 Ecodesign Project Strategy Wheel;  Expert Rules  Phillips Fast Five
Planning Matrix  Smart ecoDesign  Rules of Thumb  Volvo’s Black List
 Eco-portfolio Matrix Electronics Strategy  Ten Golden Rules
 Product Summary Wheel
Matrix  Sony Polardiagram
 Matriz de Avaliação  Spiderdiagram
Indicativa Econcept

Apresentam-se nos capítulos seguintes, em maior detalhe, três ferramentas indicadas previamente e
que se consideram das mais relevantes no processo de implementação de um projeto de ecodesign:
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), Diagrama de Estratégias de Ecodesign (DEE) e Listas de Verificação de
Ecodesign.

Projeto Certif-Ambiental // 31
3.2. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é um processo de
avaliação completo das características ambientais do
produto, é dinâmico e interativo, constituindo-se como
uma técnica para avaliar os aspetos ambientais e os
impactes associados a um produto através de:

 Compilação de um inventário das entradas e


saídas ambientalmente relevantes de um sistema
de produto;
 Avaliação dos impactes ambientais potenciais
associados a essas entradas e saídas;
 Interpretação dos resultados das fases de inventário e de impactes em relação aos objetivos do
estudo.

A metodologia assenta nos princípios plasmados no quadro seguinte.

Quadro 5 – Princípios da Metodologia ACV

DEFINIÇÃO DO OBJETIVO E ÂMBITO

O objetivo deve descrever a aplicação do estudo, as razões para a sua realização e o público-alvo a que se
destina. No caso da aplicação ao design de produtos, o objetivo do estudo deve relacionar-se com os objetivos
precisos do processo de desenvolvimento do produto.
Quando a equipa de desenvolvimento do produto recorre a esta metodologia, tem como objetivo saber:
 Quais os principais problemas ambientais de um produto?
 Qual a alternativa de design ambientalmente mais adequada?
O âmbito do estudo deve definir:
 Sistemas de produto a estudar: o sistema consiste no conjunto de operações que constituem o ciclo de
vida do produto e que serão consideradas para o estudo. A definição dos sistemas a estudar depende
em grande medida dos objetivos estabelecidos para o estudo de ACV;
 Função do sistema de produto, ou seja, qual a função a ser desempenhada pelo produto em estudo e a
que necessidade do utilizador vai o produto responder;
 Unidade funcional a ser utilizada no estudo, que consiste numa medida do desempenho funcional do
sistema, ou seja, uma medida do desempenho da função executada pelo produto. A unidade funcional
servirá de referência em relação à qual se vão determinar os dados de entradas e saídas na fase
seguinte, a de inventário do ciclo de vida. No caso de estudos comparativos entre sistemas que tenham
funções equivalentes, a unidade funcional deve permitir a comparação dos diferentes sistemas em
estudo;
 Fronteiras do sistema (espaciais e temporais): separam o sistema da sua envolvente e é através delas
que ocorrem as entradas e saídas de materiais e energia de e para o sistema em estudo;
 Categorias de impacte selecionadas e metodologia da avaliação de impactes, como, por exemplo, quais
os fatores de agregação de problemas globais (como o efeito de estufa) com problemas locais (como a
poluição de uma área natural sensível), bem como a interpretação subsequente a ser utilizada;
 Requisitos de informação (por exemplo, definir que se utilizam apenas bases de dados médios
europeus);
 Requisitos iniciais de qualidade da informação, incluindo a variabilidade e incerteza;
 Pressupostos admitidos;
 Limitações (técnicas, temporais, de conhecimento, financeiras, de recursos humanos, entre outras
possíveis);
 Tipo de revisão crítica do estudo, se considerado necessário (por exemplo, revisão interna por um
especialista ou por partes interessadas);
 Tipo e formato de relatório a apresentar, dependendo do público-alvo selecionado.

32 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 5 – Princípios da Metodologia ACV (conclusão)

INVENTÁRIO DO CICLO DE VIDA

Esta fase constitui a parte central da ACV, prendendo-se com ela a maior parte do tempo despendido no estudo.
O inventário do ciclo de vida consiste num processo de aquisição de dados: quantificação de materiais, de
consumos energéticos, emissões líquidas e gasosas, resíduos sólidos e outros ao longo de todo o ciclo de vida do
produto. Estes dados são organizados em bases de dados e em fluxogramas de processos e constituem a base
para a fase seguinte, a avaliação dos impactes do ciclo de vida.
Com a árvore de processos e a quantificação das entradas e saídas efetuadas, é agora possível elaborar um
inventário das entradas e saídas de materiais e energia associados ao produto. O resultado constitui a “tabela de
inventário”.

AVALIAÇÃO DE IMPACTES

Nesta fase procede-se ao tratamento da informação, com a seleção desta orientada para a fase de avaliação dos
impactes ambientais.
A avaliação de impactes pode levar à revisão iterativa dos objetivos e âmbito, quer seja devido à insuficiência de
informação, quer seja por se verificar ser mais útil focar a atenção apenas numa fase mais problemática do ciclo
de vida e não em todo o sistema, o que pode permitir poupar tempo e recursos.
A metodologia geral de avaliação dos impactes inclui elementos obrigatórios, a saber:
 Seleção de categorias de impacte, indicadores de categoria e modelos de caracterização;
 Imputação dos resultados do inventário (classificação);
 Cálculo dos resultados dos indicadores de categoria (caracterização) e elementos opcionais (cálculo da
magnitude dos resultados dos indicadores de categoria em relação à informação de referência
(normalização);
 Agregação;
 Ponderação.

INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Nesta fase, os resultados do inventário e da avaliação de impactes são interpretados de acordo com os objetivos
e o âmbito previamente definidos, de forma a obter conclusões, explicar limitações e fazer recomendações para
os decisores.
A fase de interpretação pode ainda envolver a revisão do âmbito do estudo de ACV, bem como da natureza e
qualidade dos dados recolhidos, em consonância com os objetivos estabelecidos para a ACV.
No âmbito do processo de desenvolvimento do produto, a ACV permite detetar os impactes ambientais
significativos associados a uma alternativa de design, bem como qual a fase do seu ciclo de vida em que estes
impactes ocorrem, permitindo desta forma orientar o processo de design para a resolução destes problemas.

Atualmente existem várias aplicações informáticas disponíveis no mercado que tornam a realização do
estudo de ACV bastante mais simples e rápida devendo, em todo o caso, ser utilizadas com precaução.
Alguns exemplos de aplicações: SimaPro, Eco-It (www.pre.nl), Team (www.ecobalance.com).

Projeto Certif-Ambiental // 33
3.3. Diagrama de Estratégias de Ecodesign (DEE)

O que é o Diagrama de Estratégias de


Ecodesign?
O Diagrama de Estratégias de Ecodesign (DEE), também conhecido como
Ecodesign Strategy Wheel ou Life Cycle Deseign Strategies, em inglês,
consiste numa representação gráfica das estratégias possíveis para a
implementação do ecodesign numa empresa – é assim uma ferramenta de
seleção e comunicação de estratégias de ecodesign.

No DEE, que é apresentado em diagrama polar ou “teia de aranha”, são apresentadas 8 estratégias de
ecodesign genéricas, a saber:

 Desenvolvimento de novos conceitos;

 Escolha de materiais com baixo impacte associado;

 Redução do uso de materiais;

 Otimização das técnicas de produção;

 Otimização do sistema de distribuição;

 Redução do impacte na fase de utilização;

 Otimização do tempo de vida inicial;

 Otimização do sistema de fim de vida.

A estratégia de desenvolvimento de novos conceitos referenciada pelo símbolo @ é diferente de todas


as outras, apresentando-se no topo do diagrama, em lugar de destaque, uma vez que assume um
caráter inovador muito superior a qualquer uma das outras, implicando uma profunda mudança a todos
os níveis da organização.

A maioria das estratégias está relacionada com o ciclo de vida do produto, havendo também estratégias
direcionadas a todos os níveis de desenvolvimento do produto:

 Ao nível do sistema do produto (criação de um conceito de produto);

 Ao nível da estrutura do produto (definição da sua estrutura funcional);

 Ao nível dos componentes do produto (seleção de detalhes de design do produto).

O DEE é assim uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer momento do processo de
desenvolvimento do produto, revelando-se uma ferramenta simples e prática de listagem dos aspetos
ambientais de um produto e possíveis melhorias no seu desempenho ambiental. Adicionalmente, o DEE
pode também ser utilizado no sentido inverso, assumindo o papel de ferramenta de incentivo à geração
de ideias de melhoria.

Uma vez finalizado o DEE pode ser utilizado para comunicar a estratégia de ecodesign seguida pela
empresa para o desenvolvimento do produto.

34 // Manual Prático de Ecodesign


Quando e Como usar o Diagrama de Estratégias de
Ecodesign?

QUANDO USAR COMO USAR

A melhor aplicação do DEE dá-se nas fases iniciais do  Definir o conceito de produto ou produto existente
desenvolvimento do produto, podendo ser utilizada a ser analisado;
para a apresentação e seleção de novas estratégias
para o desenvolvimento do produto.  Classificar o produto em cada uma das dimensões
do DEE, recorrendo a informação proveniente da
Pode ser utilizado em combinação com a Matriz MET Matriz MET, listas de verificação, in loco ou outra;
e listas de verificação, de forma a evitar que alguns
impactes ambientais sejam ignorados.  Considerar opções de melhoria para cada uma das
dimensões, prestando particular atenção àquelas
com menor classificação no diagrama e com maior
impacte ambiental.

Como usar
Diagrama de Estratégias
de Ecodesign

Definir conceito Determinar valores Criar um Análise


de produto diagrama

Sugestões de Aplicação do Diagrama de Estratégias de


Ecodesign
Listam-se de seguida algumas sugestões de aplicação do Diagrama de Estratégias de Ecodesign na
empresa.

SUGESTÕES DE APLICAÇÃO
 Utilizar o Diagrama de Estratégias de Ecodesign em conjunto com a Matriz MET e as
Listas de Verificação;

 Não considerar apenas soluções técnicas. Considerar também aspetos psicológicos


como a forma como o design influencia o utilizador em termos de eficiência energética,
duração do ciclo de vida, fim de vida, etc.;

 Estar ciente que algumas das estratégias de ecodesign são complementares e se


fortalecem em ambos os sentidos mas que outras podem entrar em conflito;

 No final do redesign, voltar a analisar o produto, de modo a perceber se este retém a


funcionalidade física e imaterial do produto antigo.

Projeto Certif-Ambiental // 35
A figura seguinte ilustra as principais considerações a ter em atenção aquando da utilização de um
Diagrama de Estratégia de Ecodesign, apresentando as estratégias de ecodesign anteriormente
identificadas, bem como 33 temáticas consideradas como opções possíveis para a melhoria do perfil
ambiental de um produto. A figura cataloga também cada um das estratégias de ecodesign em cada um
dos níveis de desenvolvimento do produto em que exercem influência.

Figura 6 – Diagrama de Estratégias de Ecodesign

36 // Manual Prático de Ecodesign


3.4. Listas de Verificação do Ecodesign
As listas de verificação para design do ciclo de vida constituem uma
ferramenta qualitativa que permite orientar a definição de estratégias de
ecodesign, considerando um conjunto de temas importantes ao longo do
ciclo de vida do produto em estudo, tal como apresentado no quadro
seguinte.

Quadro 6 – Listas de Verificação do Ecodesign

Etapa Lista Objetivo Critérios

Pré- O objetivo desta lista é incentivar a empresa a


Fabricação formular vias alternativas de satisfazer as
necessidades dos consumidores a que o produto
em estudo pretende responder. Para tal, é Expectativas do consumidor;
questionada a própria função do produto, bem Substituição do produto por
1. Otimização da serviços;
como os limites do sistema em que se integra, por
função
forma a levar o designer a ultrapassar a tradicional Uso de recursos em cascata;
focalização na otimização do produto (inovação Sistema do produto.
incremental), e a identificar novas formas de
satisfazer as necessidades e expectativas dos
consumidores (inovação radical).
O conjunto dos critérios apresentados nesta lista
visa minimizar o consumo de recursos naturais, do Dimensões do produto;
2. Poupança de
que resulta a prevenção, ou pelo menos a
recursos Re-fabricação do produto;
minimização, de impactes ambientais e a obtenção
naturais Uso de materiais.
de poupanças económicas ao longo do ciclo de
vida do produto.
Os critérios inseridos pretendem chamar a atenção
para as oportunidades de negócio que podem
resultar da minimização da utilização de recursos Uso de recursos renováveis;
3. Uso de recursos não renováveis, em particular dos recursos Uso de recursos suficientemente
renováveis considerados escassos, substituindo-os por disponíveis;
alternativas renováveis ou suficientemente Uso de recursos escassos.
disponíveis que existam no mercado a preços
acessíveis.
Os critérios de design apresentados nesta lista
visam dar prioridade às oportunidades de
prevenir, ou pelo menos minimizar, a utilização de
substâncias perigosas para a saúde humana ou
4. Uso de Uso de substâncias perigosas;
para o ambiente. Este tipo de materiais dificulta as
substâncias
potencialidades de reutilização e reciclagem do Gestão de substâncias perigosas.
perigosas
produto ou dos componentes, sendo muitas vezes
responsável por grande parte dos impactes
ambientais durante a utilização e deposição final
dos produtos.
Fabricação Estabelece um conjunto de critérios para otimizar Consumo de energia;
a fabricação do produto, através da racionalização Uso de energias renováveis;
5. Racionalização
dos consumos de energia, materiais e água Consumo de materiais;
de consumos
utilizados nos processos de fabrico necessários Consumo de água/ Recurso a
para a colocação do produto no mercado. lençóis freáticos
Efluentes líquidos;
Conjunto de critérios para otimizar a fabricação do Emissões gasosas;
6. Prevenção/
produto, através da prevenção, ou, pelo menos, Resíduos perigosos;
minimização na
minimização, das emissões e resíduos (outputs não
origem de Outros resíduos;
desejados) gerados nos processos de fabrico
emissões e Emissão de substâncias perigosas
necessários para a colocação do produto no
resíduos no local de trabalho;
mercado.
Ruído.

Projeto Certif-Ambiental // 37
Quadro 6 – Listas de Verificação do Ecodesign (continuação)

Etapa Lista Objetivo Critérios

Distribuição Conjunto de critérios a que a empresa deve


atender para otimizar o sistema de embalagem.
Começa-se por questionar a necessidade da Necessidade de embalagem,
embalagem em si para, em caso afirmativo,
Sistema de embalagem retornável;
analisar depois qual o sistema mais adequado, de
preferência um sistema de embalagem retornável Sistema de embalagem reutilizável;
7. Otimização do ou reutilizável. Se estas opções não forem viáveis Peso/volume da embalagem;
sistema de em termos económicos, a empresa poderá então
embalagem Uso de substâncias perigosas;
equacionar um tipo de embalagem de utilização
Reciclabilidade da embalagem;
única.
Uso de materiais reciclados;
Neste caso, deverá privilegiar-se a utilização de
uma embalagem reciclável, com utilização de Uso de materiais biodegradáveis.
recursos renováveis ou materiais reciclados e sem
substâncias perigosas.
Política de transporte;
8. Implementação O conjunto de critérios apresentados nesta lista Fornecedores locais/regionais;
de um sistema pretende apoiar o desenvolvimento de um sistema Uso de transporte rodoviário;
adequado de de logística eficiente que permita prevenir ou Gestão da frota;
logística minimizar impactes e riscos importantes. Compra de veículos;
Planeamento da logística.
Utilização Aumentar o tempo de vida de um produto pode
resultar numa diminuição significativa da Fiabilidade;
quantidade de resíduos gerada na fabricação. Em Desgaste;
geral, o aumento da durabilidade do produto Dependência da moda;
diminui o fluxo de materiais ao longo de todo o Design modular;
9. Aumento da seu ciclo de vida.
Adaptação a inovações
durabilidade do Para prosseguir esta estratégia de ecodesign, é tecnológicas;
produto necessário identificar as principais causas que
determinam o fim do tempo de vida útil do Limpeza;
produto (seja em termos físico-químicos, em Manutenção;
termos de adaptação à evolução tecnológica, ou Reparação;
por dependência do fator “moda”), e orientar o Período de garantia.
design para as ultrapassar.

A décima lista apresenta um conjunto de critérios Consumo de energia;


para otimizar a utilização do produto, através da Uso de energias renováveis;
10. Prevenção/
racionalização dos consumos de energia, materiais Consumo de materiais;
minimização
e água necessários ao seu funcionamento, bem
dos impactes Consumo de água;
como através da prevenção, ou pelo menos
da utilização do Recurso a lençóis freáticos;
minimização, das emissões e resíduos gerados
produto
quer em funcionamento normal, quer em caso de Emissões e resíduos;
incêndio ou outro tipo de acidente. Informação ao utilizador.
Fim de vida Adequação da estrutura à
desmontagem;
Quantidade de elementos de
ligação;
Variedade de elementos de ligação;
Facilitar a desmontagem do produto após o seu
tempo de vida útil pode viabilizar em termos Deteção dos elementos de ligação;
11. Otimização da Acesso aos elementos de ligação;
económicos a reutilização ou reciclagem do
desmontagem
produto ou componentes, aumentando assim o Separação dos elementos de
seu tempo de permanência no sistema económico. ligação;
Quantidade de componentes;
Necessidade de ferramentas;
Informação para a desmontagem;
Automatização da desmontagem.

38 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 6 – Listas de Verificação do Ecodesign (conclusão)

Etapa Lista Objetivo Critérios

Adequação da estrutura à
A reutilização do produto após o fim do seu tempo
reutilização;
de vida útil potencia novos ciclos de utilização,
12. Otimização da Acesso aos componentes;
evitando o consumo de mais recursos e
reutilização do
favorecendo a prevenção de emissões e resíduos Desgaste dos componentes;
produto
nas fases do ciclo de vida a montante da utilização Corrosão;
do produto.
Normalização dos componentes.
Variedade de materiais;
Caso a reutilização do produto ou componentes Compatibilidade dos materiais;
13. Otimização da Uso de materiais recicláveis;
não seja possível, o design do produto deverá
reciclagem de
otimizar a possibilidade de reciclagem dos Reciclabilidade;
materiais
materiais neles inseridos. Uso de materiais adicionais;
Marcação dos materiais.
Uso de substâncias perigosas;
14. Deposição Marcação das substâncias
Os materiais que não possam ser reutilizados ou perigosas;
adequada de
reciclados deverão ter uma deposição final
materiais não Remoção das substâncias perigosas;
adequada.
recuperáveis Compatibilidade com ciclos
biogeoquímicos.

Fonte: Cadernos do INETI n.º 10, INETI, Lisboa

A cada um destes temas corresponde uma lista de verificação, que se encontra desagregada em vários
critérios práticos de design. As listas de verificação estão estruturadas de acordo com um esquema de
tipo ABC, para permitir ao utilizador identificar, rapidamente, pontos fracos do design e oportunidades
de melhoria:
A: Indica que o critério foi considerado na sua globalidade (situação ideal);
B: Revela que há oportunidades de melhoria (situação a explorar);
C: Indica que o critério nunca foi considerado (necessidade urgente de ação).

Figura 7 – Etapas de Ciclo de Vida do Produto a Verificar

Projeto Certif-Ambiental // 39
4. ASPETOS AMBIENTAIS A CONSIDERAR NA
ABORDAGEM AMBIENTAL AO DESIGN DO PRODUTO
4.1. Identificação dos Aspetos Ambientais de um
Produto
Como foi referido anteriormente, o ecodesign consiste na integração de
aspetos ambientais no design e desenvolvimento de um produto, com o
objetivo de reduzir os impactes ambientais adversos ao longo do seu
ciclo de vida.

Tendo em vista a identificação dos aspetos ambientais de um produto,


torna-se necessário compreender como interagem os produtos com o
ambiente ao longo do seu ciclo de vida.

Há impactes ambientais do produto por cada


aspeto ambiental identificado. Os aspetos Os aspetos ambientais de um produto
incluem, por exemplo:
ambientais estão ligados aos impactes por uma
relação de causa e efeito. Alguns impactes  Emissões para o ar,
 Descargas para a água e para o solo,
ambientais que podem ser influenciados positiva ou
 Utilização de matérias-primas,
negativamente incluem:  Consumo de energia e de água,
 Alterações climáticas (através da emissão de  Uso do solo.
gases com efeito de estufa);

 Poluição do ar (através de emissões não controladas/não tratadas ou acidentais e de gases


tóxicos para o ar);

 Depleção de recursos não renováveis (consumo de combustíveis fósseis, minerais).

Tendo em atenção as condicionantes supramencionadas, o quadro seguinte aponta alguns princípios


básicos na abordagem ambiental ao design dos produtos e à identificação dos seus principais aspetos
ambientais.

Quadro 7 – Princípios Básicos da Abordagem Ambiental sobre o Design do Produto

PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO

O "Pensamento do Ciclo de Vida" remete para a análise de todos os aspetos ambientais


de um produto em todas as etapas do seu ciclo de vida. As melhorias específicas a atingir
numa determinada etapa do ciclo de vida podem afetar de modo adverso os impactes
ambientais noutras etapas do ciclo de vida do produto. Há que ter em atenção que as
Pensamento do Ciclo considerações do impacte ambiental de uma etapa não vão alterar nem influenciam
de Vida negativamente:
 O peso geral dos impactes ambientais relacionados com um produto;
 Outros aspetos do ambiente local, regional ou global.

40 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 7 – Princípios Básicos da Abordagem Ambiental sobre o Design do Produto (continuação)

PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO

Fonte: DNP CEN Guia 4

Figura 8 – Pensamento do Ciclo de Vida

Este princípio significa uma melhoria na utilização eficiente e eficaz dos recursos em todas
as etapas do ciclo de vida do produto, o que inclui, por exemplo, a seleção e utilização de
matérias-primas, a utilização de água, energia e solo, assim como a utilização de outros
materiais e energia recuperada de resíduos.
Além dos impactes ambientais associados à aquisição e utilização de recursos, a depleção
de recursos não renováveis, tais como depósitos minerais e combustíveis fósseis, é
insustentável. A depleção de recursos também se aplica a recursos renováveis cujas taxas
Utilização Eficiente de depleção são superiores às de renovação.
de Recursos Naturais
A atividade humana pode afetar a diversidade biológica e a taxa de reposição de
populações biológicas, podendo, em alguns casos, causar graves decréscimos dessas
populações ou a extinção definitiva de espécies.
Devem privilegiar-se os recursos renováveis, quando benéficos para o ambiente, assim
como as várias opções de tratamento de fim de vida do produto.
Existem também várias considerações associadas à energia. Entre elas, encontram-se a
eficácia de transformação de uma fonte selecionada e a utilização eficiente de energia.
Dever-se-á ter em conta a necessidade de prevenção da poluição em todas as etapas do
ciclo de vida do produto. Deve ser tida em consideração a abordagem hierárquica da
prevenção da poluição, ou seja, é dada preferência à prevenção da poluição na sua fonte,
procurando atingir uma produção sem resíduos nem emissões através da redução ou
eliminação na fonte (incluindo o design ambiental e desenvolvimento, a substituição de
materiais, alterações no processo, produto ou tecnologia, e a utilização ou conservação
eficiente de energia e recursos materiais).

Prevenção da Para além disso, devem ser consideradas as seguintes opções de prevenção da poluição:
Poluição  Reutilização ou reciclagem interna (reutilização ou reciclagem de materiais no
processo ou instalações);
 Reutilização ou reciclagem externa (transferência de materiais para reutilização
ou reciclagem noutro local);
 Recuperação e tratamento (recuperação de energia de fluxos de resíduos no
local ou no exterior, tratamento de emissões e descargas de resíduos no local
ou no exterior para reduzir os seus impactes ambientais).

Projeto Certif-Ambiental // 41
Quadro 7 – Princípios Básicos da Abordagem Ambiental sobre o Design do Produto (conclusão)

PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO

Reflete a necessidade de reduzir os riscos para o ambiente, tendo em conta as


consequências e probabilidade de ocorrência de incidentes e acidentes.
A identificação de efeitos prejudiciais para o ambiente no fabrico, utilização e eliminação
de um produto deverá ser seguida por iniciativas que visam a prevenção de incidentes e
acidentes bem como a minimização das consequências para o ambiente, incluindo a
saúde humana.
A prevenção e minimização de riscos ambientais estão relacionadas com a identificação
de potenciais variações do que foi planeado ou se pretendia com a gestão desses riscos
para a melhoria de decisões e resultados. Os princípios e técnicas aplicadas por uma
organização tendo como finalidade a prevenção e minimização de riscos podem originar
Prevenção e entradas importantes nas medidas de prevenção e minimização dos riscos.
Minimização de
Riscos Ambientais A prevenção e minimização de riscos ambientais deve ser tomada em linha com outros
aspetos ambientais, como por exemplo:
 Redução de riscos para a saúde humana relacionados com incidentes e
acidentes não ocupacionais;
 Redução ou prevenção da utilização de substâncias perigosas, como
componente do produto ou como facilitador ou catalisador na sua produção;
 Identificação e gestão adequada de riscos inevitáveis relacionados com o
processo;
 Potencial para a descarga controlada ou não controlada de materiais perigosos
durante a utilização ou desmontagem.

Sempre que existirem ameaças substanciadas de danos graves ou irreversíveis para o


ambiente ou a saúde humana, e sempre que tal for possível, a falta de certezas científicas
não deverá ser utilizada como motivo para adiar a introdução de medidas de caráter
ambiental na organização.
Em suma, o princípio da precaução preconiza uma fundamentação lógica para a aplicação
de medidas preventivas relativamente a uma prática ou substância, apesar da ausência de
certezas científicas, em detrimento da prossecução de uma prática suspeita enquanto
esta é alvo de estudo, ou enquanto não for realizado qualquer estudo.
Precaução
Em vez de perguntar qual o nível de prejuízo aceitável, uma abordagem de precaução
coloca as seguintes questões:
 Qual o nível de contaminação que pode ser evitado?
 Quais as alternativas para este produto ou atividade? São seguras?
 Este produto ou atividade é mesmo necessário?
O princípio da precaução foca-se mais nas opções e soluções do que no risco.

42 // Manual Prático de Ecodesign


4.2. Metodologia para Identificação dos Aspetos
Ambientais de um Produto
Para considerar as questões ambientais de forma
adequada, deve desenvolver-se um entendimento dos
aspetos ambientais relevantes do produto em
consideração.

Os impactes ambientais do produto estão relacionados


com as entradas utilizadas e consumidas, os processos
utilizados e as saídas que são geradas em todas as etapas
do ciclo de vida do produto.

Os impactes podem ser influenciados de forma benéfica pela aplicação das abordagens e dos princípios
básicos descritos anteriormente.

O quadro seguinte apresenta os principais pontos a ter em atenção, na identificação dos aspetos
ambientais do produto.

Quadro 8 – Identificação dos Aspetos Ambientais do Produto

ENTRADAS

Generalidades
As entradas incluem a utilização de recursos que podem ser materiais naturais (p. ex. minerais, água, gás,
petróleo, carvão, madeira), os que provêm de ambiente industrial (p. ex. materiais reciclados, co-produtos,
produtos intermédios, energia), ou do uso do solo.
Por motivos práticos, estes diversos recursos podem ser categorizados de forma abrangente em “materiais”,
“água”, “energia” e “uso do solo”.

Materiais
As entradas de materiais desempenham um papel importante em todas as etapas do ciclo de vida, desde a
extração das matérias-primas até à deposição final. Podem originar diversos impactes ambientais. Estes impactes
podem incluir a depleção de recursos, o uso danoso do solo e a exposição humana ou do ambiente a materiais
perigosos. As entradas de materiais também contribuem para a produção de resíduos, emissões para o ar e
descargas para o solo e água.

Água
A escassez de água, em especial da água doce de origem superficial ou subterrânea, é crítica em muitas regiões
do mundo. A utilização eficiente da água nas diversas etapas do ciclo de vida do produto precisa ser considerada
quando pertinente. Para além disso, a disponibilidade de água nos locais onde esta é necessária requer a
utilização de energia para a transportar.
A preservação dos habitats naturais e da biodiversidade é também importante nos oceanos, lagos e rios. A
poluição da água, o estrangulamento de leitos de rios e a conversão das regiões costeiras pode destruir a flora e a
fauna aquáticas naturais.

Energia
As entradas de energia são necessárias na maioria das etapas do ciclo de vida de um produto. As fontes de
energia incluem tipicamente combustíveis fósseis, combustíveis nucleares, resíduos e energia hidroelétrica,
geotérmica, de biomassa, solar e eólica. Cada fonte de energia tem o seu próprio conjunto de impactes
ambientais.

Projeto Certif-Ambiental // 43
Quadro 8 – Identificação dos Aspetos Ambientais do Produto (continuação)

Solo
O uso do solo pode levar a uma diminuição da biodiversidade e pode afetar a qualidade do solo, que demora
muito tempo a reconstruir-se. Mesmo que sejam empreendidos esforços para replantar a área afetada, o
equilíbrio e o fluxo naturais do ecossistema poderão demorar um período prolongado, ou mesmo nunca retornar
a um nível normal.

SAÍDAS

Generalidades
As saídas geradas durante o ciclo de vida de um produto compreendem geralmente produtos intermédios e co-
produtos, emissões para o ar, descargas para a água e para o solo, resíduos de materiais e outras descargas.

Emissões para o ar
As emissões para o ar compreendem descargas de gases, vapores ou partículas para o ar. As descargas (p. ex.
poeira e substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis, explosivas, ácidas ou odoríferas) podem afetar
negativamente a flora, a fauna e os seres humanos. Além disso, a chuva ácida pode causar danos em locais com
valor arquitetónico e arqueológico. Podem contribuir para outros impactes ambientais, tais como as alterações
climáticas, a depleção do ozono estratosférico ou a formação de smog fotoquímico. As emissões para o ar
incluem descargas de fontes controladas e não controladas, tratadas e não tratadas, e descargas de operações
normais ou descargas acidentais.

Descargas para a água


As descargas para a água compreendem a descarga de substâncias para um dreno, esgoto ou curso de água. A
descarga de nutrientes e de substâncias tóxicas, patogénicas, corrosivas, radioativas, persistentes, cumulativas ou
depletoras de oxigénio podem dar origem a impactes adversos no ambiente, incluindo vários efeitos de poluição
nos ecossistemas aquáticos e a deterioração da qualidade da água. As descargas para a água incluem as fontes
controladas e as não controladas, as tratadas e as não tratadas e as descargas de operação normal, bem como as
descargas acidentais.

Descargas para o solo


Todas as descargas e deposições no solo, assim como as aplicações do solo, deverão ser consideradas quanto ao
seu impacte ambiental potencial. Tal inclui os materiais perigosos, assim como os não perigosos, dependendo da
sua concentração e utilização. É preciso considerar os seus impactes potenciais em relação à qualidade do solo e
da água subterrânea.
As descargas para o solo incluem as fontes controladas e as não controladas, as descargas tratadas e as não
tratadas e as descargas de operação normal, assim como as descargas acidentais.

Resíduos
Os resíduos de materiais e produtos podem ser classificados nas seguintes categorias:
 aqueles que são enviados para deposição final, p. ex. incineração sem recuperação de energia ou aterro;
 aqueles que são recolhidos após a sua utilização e que poderão ser sujeitos a recuperação, incluindo
reciclagem;
 aqueles que resultam de um processo de produção e que não são sujeitos a um processamento posterior
ou utilização antes da sua recolha.
A existência de regulamentação regional ou nacional poderá ter influência no subsequente tratamento dos
resíduos de produtos e materiais.

Produtos intermédios e co-produtos


Deverão ser consideradas outras saídas, p. ex. a energia recuperada de resíduos (resíduos com poder calorífico
elevado), materiais reciclados, subprodutos e água reciclada.

Outras descargas
Outras descargas incluem ruído e vibração, radiação e calor.

44 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 8 – Identificação dos Aspetos Ambientais do Produto (conclusão)

RISCOS PARA O AMBIENTE DE ACIDENTES OU DE UTILIZAÇÃO NÃO INTENCIONAL

Existem muitos tipos de impactes ambientais que poderão ocorrer durante o ciclo de vida de um produto, que
resultam de explosões, colisões, queda de um contentor e outros incidentes.
Os impactes ambientais também podem ser originados por uma utilização incorreta acidental ou deliberada
quando, por exemplo, o produto não é utilizado de acordo com as instruções ou a utilização prevista, p. ex:
 excesso da dosagem recomendada de agroquímicos, que poderá causar a contaminação do solo ou de
água;
 riscos relacionados com fugas de produtos químicos resultantes de acidentes envolvendo veículos de
transporte;
 perdas de energia devido à utilização incorreta de câmaras frigoríficas, sistemas de ar condicionado, etc.

INFORMAÇÃO AO CLIENTE

Uma informação fiável, compreensível, comparável e verdadeira pode informar os clientes sobre os aspetos
ambientais significativos de um produto. Há diversos itens que podem ser considerados aqui, p. ex. que
informação é necessária (classificação e conteúdo/descarga de substâncias perigosas, eficiência energética, etc.).
A informação deverá estar facilmente disponível antes da compra.

Figura 9 – Rotulagem de Eficiência Energética

Projeto Certif-Ambiental // 45
4.3. Listas de Verificação Ambiental
Uma ferramenta útil para a avaliação sistemática dos aspetos
ambientais relevantes dum produto é a lista de verificação
ambiental que é baseada na disponibilidade da informação
ambiental, na perícia ambiental e do produto e na aplicação da
abordagem do pensamento de ciclo de vida.

Uma lista de verificação completa permite identificar as etapas


do ciclo de vida do produto onde se encontram os aspetos
ambientais relevantes.

A lista de verificação ambiental indicada no quadro 9 é particularmente adequada a produtos. Poderão


ser utilizadas outras ferramentas ou outro tipo de listas de verificação em alguns casos, p. ex. para
serviços, ou para considerar questões específicas regionais ou setoriais.

Por exemplo, as etapas do ciclo de vida poderão ser modificadas para melhor refletir os passos típicos
do fornecimento de serviços.

O objetivo da lista de verificação ambiental é explicitar se todos os aspetos ambientais relevantes do


produto se encontram abrangidos.

A lista de verificação deverá conter as seguintes informações:

 Número do documento (se disponível),

 Número do item de trabalho (se disponível),

 Versão da lista de verificação ambiental, e

 Data da última modificação da lista de verificação ambiental.

A matriz deverá ser preenchida como indicado seguidamente, encorajando-se, para esse efeito, o
envolvimento de técnicos de ambiente e a utilização dos dados recolhidos.

 Identificar os aspetos ambientais relevantes do produto.

 Preencher cada quadrícula com um "sim", se existir um aspeto ambiental significativo do


produto, ou com um "não", se não existir nenhum aspeto ambiental significativo do produto ou
se a quadrícula não for relevante.

 Utilizar um campo separado ("Comentários") para anotar as informações adicionais. Neste


espaço podem ser indicadas uma pequena descrição de cada aspeto ambiental do produto
(quadrículas assinaladas com um "sim") e a forma como estes são abordados (ou porque não o
são). Para além disso, ainda neste espaço, poderão ser incluídos os comentários relativos às
questões do ambiente.

 Ao avaliar os diversos aspetos ambientais durante o ciclo de vida de um produto, é necessário


ter em conta que a carga ambiental não deverá transitar de uma etapa do ciclo de vida para
outra, ou de um meio para outro.

O quadro seguinte apresenta um exemplo de modelo de uma lista de verificação ambiental.

46 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 9 – Lista de Verificação Ambiental

Número do documento

Versão lista de verificação ambiental: Data da última modificação da lista de verificação


ambiental:
Etapas do ciclo de vida Todas
as
Aquisição Produção Utilização Fim de vida Etapas
Item ambiental

Matérias-primas e energia

Reutilização/recuperação
Materiais e componentes

Manutenção e reparação

recuperação de energia
Utilização de produtos

de materiais e energia

Incineração sem

Eliminação final
pré-fabricados

Embalamento

Transporte
adicionais
Utilização
Produção

Entradas
Materiais

Água

Energia

Solo

Saídas
Emissões
para o ar
Descargas
para a água
Descargas
para o solo
Resíduos
Ruído,
vibração,
radiação,
calor
Outros aspetos relevantes
Risco para o
ambiente
devido a
acidentes ou
utilização
inadequada
Informação
ao cliente
Comentários:

NOTA 1: A etapa de embalamento refere-se à embalagem primária do produto fabricado. A embalagem secundária ou terciária
para transporte, que ocorre em algumas ou em todas as etapas do ciclo de vida, é incluído na etapa de transporte.
NOTA 2: Pode considerar-se que o transporte faz parte de todas as etapas (ver lista de verificação) ou que corresponde a
uma subetapa separada. Para questões específicas relativas ao transporte e embalamento do produto, podem ser incluídas
novas colunas e/ou comentários.

Projeto Certif-Ambiental // 47
Recomendações Ambientais para cada Etapa do Ciclo
de Vida
A análise das questões ambientais ajuda a minimizar potenciais impactes ambientais adversos
durante as diferentes etapas do ciclo de vida do produto, tanto quanto sejam compatíveis com os
requisitos de aptidão para a finalidade e outros critérios, com base num pensamento de ciclo de vida.

Os quadros seguintes (quadros 10 a 17) proporcionam exemplos de recomendações possíveis para


cada etapa do ciclo de vida, incluindo limitações e exemplos de possíveis escolhas a fazer, com
base num pensamento de ciclo de vida.

AQUISIÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS, MATERIAIS E


COMPONENTES PRÉ-FABRICADOS

O quadro seguinte faculta recomendações que deverão ser objeto de reflexão no que diz respeito à
seleção e aquisição de matérias-primas, incluindo a energia, e à aquisição de materiais e componentes
pré-fabricados, juntamente com considerações quanto a limitações e possíveis conflitos de decisão.

Quadro 10 – Aquisição de Matérias-Primas, Materiais e Componentes Pré-Fabricados

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações


Deverá ser tomada uma decisão quando uma grande
Utilizar as menores quantidades de materiais quantidade do material A com recursos abundantes é
possíveis comparada com uma menor quantidade de um material B
com recursos muito limitados.

Em relação à embalagem, deverão ser feitas escolhas


quando uma embalagem leve e flexível destinada a
Utilizar materiais que podem ser facilmente
incineração ou aterro é comparada com um recipiente
recuperados ou reciclados
pesado e rígido, como, p. ex., uma caixa de cartão ou uma
lata de aço que pode ser facilmente reciclada.

Como critério, a taxa de reciclagem em fim de vida deverá


ser preferida, em detrimento da percentagem de material
reciclado num produto.
Utilizar materiais reciclados ou reutilizados
A falta de conhecimento da qualidade do material reciclado,
como, p. ex., a composição química (substâncias perigosas,
contaminações), poderá limitar a utilização desses materiais.

Este critério só é válido se os recursos renováveis forem


Utilizar recursos renováveis e minimizar a
geridos de forma sustentável e não forem exauridos a uma
utilização de matérias-primas não renováveis
taxa superior à sua taxa de renovação.

Verificar os méritos de uma versão reutilizável Deverão ser feitas escolhas se um produto reutilizado
do produto consumir mais energia do que um produto novo.

Restringir a utilização de substâncias perigosas


Deverão ser feitas escolhas se pequenos vestígios de
à necessidade funcional inevitável, com
materiais perigosos estiverem dissolvidos em materiais
especial atenção às substâncias tóxicas e
reciclados. Nestes casos, é necessário considerar-se a
muito tóxicas, assim como carcinogénicas,
biodisponibilidade do material perigoso dissolvido.
mutagénicas e reprotóxicas

Selecionar matérias-primas para otimizar a


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
durabilidade e o tempo de vida

48 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 10 – Aquisição de Matérias-Primas, Materiais e Componentes Pré-Fabricados (conclusão)

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações


Utilizar elementos, peças e componentes
normalizados para uma manutenção, Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
reutilização ou reciclagem mais fácil

Minimizar o número de materiais diferentes Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.

Deverão ser feitas escolhas se um componente reutilizável


Reutilizar componentes noutros, ou de outros,
utilizar mais energia ou tiver mais impactes ambientais do
produtos
que um componente novo.

Poderá ocorrer um conflito de decisão entre, por exemplo, a


Minimizar a utilização de energia e a emissão
utilização de aço e alumínio em veículos rodoviários e
de gases de efeito de estufa durante a
ferroviários, nos quais a utilização de energia na etapa de
aquisição de matérias-primas
utilização poderá ser um aspeto ambiental crítico.

Normalmente, este aspeto requer uma especificação


Estabelecer critérios de desempenho que abrangente do fabricante e mais ensaios do produto.
incluem o desempenho ambiental em vez dos
materiais ou substâncias a utilizar Os critérios de desempenho técnico e de desempenho
ambiental podem contradizer-se.

PRODUÇÃO

Os quadros 11 e 12 facultam recomendações que deverão estar refletidas numa análise ambiental
relativa ao fabrico e embalagem do produto, juntamente com considerações devido a limitações e
possíveis conflitos de decisão.

Quadro 11 – Fabrico

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Deverão ser feitas escolhas entre um processo com


baixo consumo de energia, resultando num produto
Minimizar a utilização de energia e a
de baixo desempenho, e um processo com um
subsequente emissão de gases de efeito de estufa
consumo de energia mais intensivo, resultando num
durante a produção
produto com um bom desempenho ambiental
durante a sua utilização.

Preferir progressivamente equipamento que


Nalguns casos, o novo equipamento pode não
minimiza impactes ambientais, tais como bombas
substituir facilmente o equipamento existente devido
de baixo consumo de energia ou recuperação de
a uma longa vida útil deste, mesmo que o novo
calor, aquando da escolha do equipamento de
equipamento tenha um menor impacte ambiental.
produção ou de fabrico.

Adotar materiais auxiliares que permitam um Prevenir a utilização de resíduos como material
nível de poluição mínimo na fase de produção auxiliar, p. ex., na indústria do aço ou do cimento.

Deverão ser feitas escolhas se o desempenho do


Especificar um tratamento de superfície com um revestimento à base de água for inferior ao
nível de poluição mínimo quando aplicável, p. ex. desempenho do revestimento à base de solventes.
preferir revestimentos à base de água em
detrimento dos revestimentos à base de solventes Um revestimento à base de água poderá requerer uma
aplicação com um consumo de energia mais intensivo.

Referir e utilizar ensaios de produtos que minimizam Não são conhecidos conflitos de decisão ou
os impactes ambientais limitações

Projeto Certif-Ambiental // 49
Quadro 12 – Embalamento

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Tal poderá requerer material de embalagem que


Minimizar danos, perdas e deterioração ao utilizar
requer grandes quantidades de matérias-primas e
tipos de embalagem adequados
energia e/ou seja difícil de reciclar.

Deverão ser feitas escolhas quando é necessário muito


esforço para a recolha e recuperação de embalagens
para reutilização ou reciclagem, ou quando a
Reutilizar ou reciclar o material de embalagem reciclagem utiliza muita energia ou combustíveis
fósseis.

UTILIZAÇÃO DO PRODUTO

Esta etapa do ciclo de vida é, por vezes, aquela em que se consome mais energia. As questões
ambientais podem afetar significativamente os impactes ambientais do produto durante a sua fase de
utilização. Deverão ser consideradas questões ambientais relativas a:

 Utilização normal;

 Contribuição para um maior tempo de vida do produto e minimização dos impactes ambientais
adversos durante a manutenção e reparação;

 Durabilidade, manutenção e reparação do produto;

 Utilização de produtos adicionais.

Utilização normal
O quadro seguinte faculta recomendações que deverão ser objeto de reflexão numa análise ambiental
relacionada com uma utilização normal, juntamente com considerações devido a limitações e possíveis
conflitos de decisão.

Quadro 13 – Utilização Normal

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Remoção da função de vigília, opção para desligar a


Deverão ser feitas escolhas com base em questões de
fonte de alimentação (por interruptor) ou redução do
funcionalidade e de emergência.
consumo de eletricidade em vigília

Rótulos informativos no produto para uma utilização Escolhas relativas à quantidade de informação
energeticamente mais eficiente revelada, sem sobrecarregar o rótulo.

Minimizar a utilização geral de energia e a emissão de


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
gases de efeito de estufa durante a utilização

Deverão ser feitas escolhas com base na


Minimizar o tempo de arranque do produto
funcionalidade, p. ex., funções de aquecimento.

A quantidade de material de isolamento, cuja


Melhorar o isolamento para reduzir as perdas de calor produção tem impactes ambientais, precisa de ser
otimizada.

50 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 13 – Utilização Normal (conclusão)

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Conflito de decisão relativamente à utilização de


Utilizar componentes leves, p. ex. para veículos ou
energia para a produção de metais leves e questão de
peças móveis de máquinas
reciclagem relativa a plásticos e materiais compósitos.

Minimizar a utilização de água durante a fase de


Poderá ocorrer um conflito de decisão quando a
utilização, o que pode ser alcançado através da
poupança de água só pode ser efetuada pelo uso
redução do consumo geral de água ou da sua
adicional de produtos químicos ou energia.
reutilização

Minimizar a quantidade de resíduos gerados por


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
um produto durante a sua utilização

Assegurar que as substâncias perigosas não são Minimização da utilização de materiais perigosos sem
libertadas, tendo em conta todos os cenários de perda de funcionalidade e fornecimento de
emissão possíveis (emissões para o ar, ar interior e orientações adequadas sobre a utilização e deposição
descargas para o solo e para a água) do produto.

Deverá ser tomada uma decisão relativamente à


Minimizar o nível de ruído do produto durante a sua
espessura das camadas de isolamento e aos impactes
utilização
ambientais dos materiais de isolamento.

Fornecer orientações sobre as instruções de utilização,


p. ex., o manual de utilização do produto deverá
fornecer aconselhamento para minimizar os riscos de Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
utilização não intencional e os impactes ambientais
adversos

Durabilidade, Manutenção e Reparação do Produto


O quadro seguinte faculta recomendações que deverão ser objeto de reflexão numa análise ambiental
relacionada com a durabilidade, manutenção e reparação do produto, juntamente com considerações
devido a limitações e possíveis conflitos de decisão.

Quadro 14 – Durabilidade, Manutenção e Reparação do Produto

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Só poderá, por vezes, ser alcançado através de um


Melhorar a esperança de vida previsível do
tratamento de superfície que utiliza materiais perigosos, p.
produto
ex. Cr (VI).

Melhorar a resistência à corrosão Pode requerer um tratamento de superfície adicional.

Fazer o design do produto de forma a ser fácil de


Pode requerer um tratamento de superfície adicional.
limpar e/ou não se suje facilmente

Utilizar componentes que sejam fáceis de trocar Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.

Minimizar a poluição durante as operações de Aplica-se a operações que requerem produtos adicionais
limpeza, reparação e manutenção durante a limpeza, reparação ou manutenção

Disponibilizar técnicas de ligação que permitem Aplica-se a produtos cujo tempo de vida pode ser
uma fácil conexão e desconexão, p. ex. para significativamente aumentado pelas operações de
reparação reparação.

Projeto Certif-Ambiental // 51
Quadro 14 – Durabilidade, Manutenção e Reparação do Produto (conclusão)

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Pode requerer um aumento do tamanho do produto, o que


Assegurar o fácil acesso aos componentes para
significa maiores impactes ambientais nas etapas de
reparação e substituição
aquisição de matérias-primas e de produção.

Assegurar que podem ser utilizadas ferramentas


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações
normalizadas na manutenção

Aplica-se a produtos montados com componentes com um


Assegurar a disponibilidade de peças
tempo de vida reduzido ou que se danificam
sobresselentes
frequentemente.

Proporcionar possibilidades de atualização ou


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
melhoria do produto

Incluir orientações nas instruções sobre Aplica-se a produtos cujo tempo de vida pode ser
reparação e manutenção; incluindo os intervalos significativamente aumentado pelas operações de
de manutenção e de serviço reparação.

Minimizar a necessidade de manutenção e de


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
tratamento de superfície

Utilização de Produtos Adicionais


O quadro seguinte faculta recomendações que deverão estar refletidas em estudos ambientais
relacionadas com a utilização de produtos adicionais, juntamente com considerações devido a
limitações e possíveis conflitos de decisão.

Quadro 15 – Utilização de Produtos Adicionais

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Especificar os produtos adicionais Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.

Incluir instruções para utilizar o mínimo de produtos


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
adicionais possível

Encorajar a minimização da utilização de água e


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
promover a sua reciclagem, sempre que aplicável

Tornar os produtos adicionais reutilizáveis ou


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
recicláveis, recarregáveis e biodegradáveis

Minimizar a utilização de componentes de utilização


Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
única, a menos que sejam benéficos para o ambiente

Utilizar componentes e produtos normalizados (p. ex.


fontes de alimentação, conectores) como produtos Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
adicionais

52 // Manual Prático de Ecodesign


FIM DE VIDA

No fim da sua vida, um produto pode ser reutilizado/recuperado ou eliminado (após tratamento,
sempre que necessário), possivelmente após a desmontagem e processos suplementares. Em termos
ambientais, a melhor opção nesta etapa do ciclo de vida depende de muitos fatores, incluindo a
disponibilidade de infraestruturas locais de gestão de resíduos, a natureza/importância e
biodegradabilidade do fluxo de resíduos e, por último mas não menos importante, as opções de design
inicialmente selecionadas para o produto. A atenção dada a esta etapa de fim de vida não deverá
prejudicar a otimização ambiental do produto numa perspetiva global do ciclo de vida.

O quadro seguinte faculta recomendações que deverão estar refletidas numa análise ambiental
relacionada com as operações de fim de vida dos produtos, juntamente com considerações devido a
limitações e possíveis conflitos de decisão.

Quadro 16 – Fim de Vida

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Assinalar os vários componentes de forma a ser fácil Só é aconselhável para componentes grandes que são
diferenciá-los normalmente sujeitos a processos de desmontagem.

Colocar os materiais não-recicláveis e não- Não é necessário se o produto for sujeito a


reutilizáveis no produto de forma a poderem ser operações de trituração e triagem, sem operações
facilmente removidos prévias de desmontagem.

Os materiais compósitos podem contribuir para a


Evitar materiais compósitos que não podem ser
otimização ambiental de todo o ciclo de vida, p.
separados
ex. através da redução do peso.

Apenas para produtos que são normalmente sujeitos a


Minimizar o tempo e as vias de desmontagem
processos de desmontagem.

Apenas para produtos de pequenas dimensões que


Assegurar uma elevada taxa de recolha são fabricados em grandes conjuntos (latas, pilhas,
etc.).

Técnicas de separação a considerar (triagem


Minimizar o número de materiais diferentes utilizados
magnética, triagem eletromagnética, etc.).

Evitar componentes, constituintes, materiais


Tais elementos poderão contribuir significativamente
adicionais e tratamentos de superfície que podem
para o desempenho ambiental do produto.
criar obstáculos à reutilização ou reciclagem

Aplica-se essencialmente aos componentes que são


Utilizar elementos, peças e componentes
frequentemente utilizados como peças
normalizados para uma reutilização mais fácil
sobresselentes.

Assegurar uma desmontagem ou triagem simples das Não são conhecidos conflitos de decisão ou
substâncias ou materiais perigosos e de valor limitações.

Evitar, caso não seja funcionalmente indispensável, Não são conhecidos conflitos de decisão ou
a utilização de substâncias perigosas persistentes limitações.

Fornecer instruções e/ou utilizar rótulos,


destinados ao utilizador final, para as operações Não são conhecidos conflitos de decisão ou
adequadas de fim de vida, diferenciando os limitações.
resíduos perigosos dos não perigosos

Não são conhecidos conflitos de decisão ou


Reutilizar ou reciclar o material das embalagens
limitações

Projeto Certif-Ambiental // 53
TRANSPORTE

O design dos produtos pode influenciar significativamente os impactes ambientais do transporte em


todas as etapas do ciclo de vida. O design do produto pode ajudar a economizar quanto à utilização de
matérias-primas e de energia, assegurando uma distribuição eficiente, tendo em conta as distâncias de
transporte entre os vários locais da cadeia de produção, desde o fabricante até ao
distribuidor/retalhista/utilizador e os locais envolvidos nas operações de fim de vida.
O quadro seguinte faculta vários fatores que influenciam os aspetos ambientais do embalamento e
distribuição.

Quadro 17 – Transporte

Recomendações ambientais Exemplos de escolhas e limitações

Fazer o design do produto de forma a economizar energia Não são conhecidos conflitos de decisão ou
no seu transporte limitações.

Poupar necessidades de transporte, p. ex. para manutenção


e reparação, para a aquisição de produtos adicionais ou Não são conhecidos conflitos de decisão ou
para o tratamento/destino final de fim de vida e métodos limitações.
de reutilização/reciclagem/recuperação.

Selecionar meios de transporte adequados Não são conhecidos conflitos de decisão ou


(rodoviário/ferroviário/marítimo ou fluvial/aéreo) limitações.

Minimizar perdas e danos pela utilização de embalagem Não são conhecidos conflitos de decisão ou
para transporte adequada limitações.

Utilizar embalagem com eficiência máxima (peso, volume,


Não são conhecidos conflitos de decisão ou
carga/unidade de transporte, possibilidade de reutilização,
limitações.
capacidade de recuperação)

Poupar matérias-primas, materiais pré-fabricados e Não são conhecidos conflitos de decisão ou


componentes relativos ao transporte limitações.

Assegurar rotulagem adequada no produto, na embalagem Não são conhecidos conflitos de decisão ou
e na unidade de transporte limitações.

Os quadros 10 a 17 foram elaborados com base a informação disponibilizada no DNP CEN Guia - Guia
para a abordagem das questões ambientais em normas de produto.

54 // Manual Prático de Ecodesign


5. INTEGRAÇÃO DO ECODESIGN NO SISTEMA DE
GESTÃO AMBIENTAL
A implementação de uma Sistema de Gestão Ambiental (SGA) numa organização é um processo
complexo e que abrange todas as áreas da empresa, considerando todas as componentes da vertente
ambiental. A implementação de um sistema deste tipo é muitas vezes efetuada recorrendo aos
predicados da norma ISO 14001:2012, que regula precisamente os sistemas de gestão ambiental.
No entanto, a integração do ecodesign num sistema deste tipo, em função da sua especificidade, requer
uma atenção especial, de tal forma que foi concebida uma norma especificamente para este propósito.
Essa norma é a ISO 14006:2013, que fornece as linhas de orientação para a integração do ecodesign.
De seguida descrevem-se os principais requisitos e linhas de orientação para a utilização da ISO 14001 e
as especificidades da ISO 14006, na implementação de um SGA que contemple o ecodesign.

REQUISITOS GERAIS

A organização deve estabelecer, documentar, Ao estabelecer o âmbito do SGA, a organização


implementar, manter e melhorar continuamente um deverá prestar especial atenção ao seu processo de
sistema de gestão ambiental de acordo com os design e desenvolvimento e aos aspetos ambientais
requisitos da Norma ISO 14001, e determinar como dos seus produtos. É essencial incluir o design e
irá cumprir tais requisitos. desenvolvimento de produto dentro do âmbito do
SGA, uma vez que tem grande influência sobre o
A organização deve definir e documentar o âmbito
impacte ambiental dos produtos.
do seu sistema de gestão ambiental.

POLÍTICA AMBIENTAL

A Gestão de topo deve definir a política ambiental Para permitir à Gestão de topo a definição do seu
da organização e garantir que, no âmbito definido compromisso com o ecodesign, é vital que a política:
para o seu sistema de gestão ambiental, esta
 Esteja alinhada com a natureza, escala e
política:
impactes ambientais significativos dos produtos
 É adequada à natureza, à escala e aos ao longo do seu ciclo de vida;
impactes ambientais das suas atividades,  Inclua um compromisso para;
produtos e serviços;
 cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e
 Inclui um compromisso de melhoria contínua de outros requisitos que a organização
e de prevenção da poluição; subscreva relativos aos aspetos ambientais
 Inclui um compromisso de cumprimento dos dos seus produtos;
requisitos legais aplicáveis e de outros  melhoria contínua do processo de ecodesign;
requisitos que a organização subscreva
 melhoria contínua do desempenho ambiental
relativos aos seus aspetos ambientais;
dos produtos da organização ao longo do ciclo
 Fornece o enquadramento para estabelecer e de vida, não transferindo os impactes
rever os objetivos e metas ambientais; ambientais adversos de uma etapa do ciclo de
vida para outra, ou de uma categoria para
 Está documentada, implementada e mantida; outra, a menos que tal resulte numa redução
 É comunicada a todas as pessoas que líquida de impactes ambientais adversos ao
trabalham para a organização ou em seu longo do ciclo de vida.
nome; e  Proporcione o enquadramento para estabelecer
e rever os objetivos e metas ambientais
 Está disponível ao público.
relacionados com o produto.

Projeto Certif-Ambiental // 55
PLANEAMENTO

Aspetos ambientais Aspetos ambientais


A organização deve estabelecer, implementar e O processo de identificação e avaliação dos aspetos
manter um ou mais procedimentos para: ambientais deverá incluir explicitamente o ciclo de
vida dos produtos da organização a serem projetados,
 Identificar os aspetos ambientais das suas
ou daqueles a serem reprojetados. O objetivo é
atividades, produtos e serviços; determinar quais os aspetos que têm ou podem ter
um impacte significativo sobre o ambiente. Isto
 Determinar os aspetos que têm ou podem ter geralmente segue os estágios definidos abaixo.
impacte(s) significativo(s) sobre o ambiente.
 Identificação dos aspetos ambientais relacionados
A organização deve documentar esta informação e com o ciclo de vida dos produtos que podem ser
mantê-la atualizada. controlados ou influenciados pela organização
(consumo de materiais, energia, água, resíduos,
A organização deve assegurar que os aspetos emissões e outros).
ambientais significativos são tomados em
 Avaliação dos aspetos ambientais para determinar
consideração no estabelecimento, implementação e
a sua significância.
manutenção do seu sistema de gestão ambiental.
Durante o processo de design, a organização deverá
ter em conta todos os aspetos ambientais relevantes,
garantindo que os significativos são considerados no
estabelecimento dos seus objetivos ambientais.

Requisitos legais e outros requisitos Requisitos legais e outros requisitos


A organização deve estabelecer, documentar, A organização deverá prestar especial atenção ao seu
implementar, manter e melhorar continuamente um processo de design e desenvolvimento, e aos aspetos
sistema de gestão ambiental de acordo com os ambientais dos seus produtos.
requisitos da presente Norma, e determinar como
É essencial incluir o design e desenvolvimento do
irá cumprir tais requisitos.
produto dentro do âmbito do SGA, uma vez que tem
A Organização deve definir e documentar o âmbito grande influência sobre o impacte ambiental dos
do seu sistema de gestão ambiental. produtos.

Objetivos, metas e programa(s) Objetivos, metas e programa(s)


A organização deve estabelecer, implementar e A definição de objetivos relevantes é um fator chave
manter objetivos e metas ambientais para o sucesso de um processo de ecodesign.
documentados, a todos os níveis e funções
Os objetivos relacionados com os aspetos ambientais
relevantes dentro da organização.
dos produtos podem ser:
Os objetivos e metas devem ser mensuráveis e
 Horizontais (aplicáveis a todos os tipos de
consistentes com a política ambiental, incluindo os
compromissos relativos à prevenção da poluição, ao produtos de uma organização);
cumprimento dos requisitos legais e outros que a  Específicos do produto;
organização subscreva e à melhoria contínua.  Relacionados com o processo de ecodesign.

56 // Manual Prático de Ecodesign


IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO

Recursos, atribuições, responsabilidades e Recursos, atribuições, responsabilidades e


autoridade autoridade
As atribuições, as responsabilidades e a autoridade Ao definir as atribuições e responsabilidades, deverá
devem ser definidas, documentadas e comunicadas, ser dada atenção especial às pessoas envolvidas
de forma a fornecer uma gestão ambiental eficaz. no processo de design e desenvolvimento, incluindo
outras funções da organização que poderão
colaborar na melhoria do desempenho ambiental do
produto.

Competência, formação e sensibilização Competência, formação e sensibilização


A organização deve assegurar que qualquer pessoa Ao identificar as necessidades de competências, a
que execute tarefas para a organização ou em seu organização deverá ter em conta quaisquer pessoas
nome, que tenham potencial para causar impacte(s) (da organização ou que trabalham em seu nome) que
ambiental(is) significativo(s) identificado(s) pela são responsáveis pelo design e desenvolvimento de
organização, é competente com base numa produtos. A organização deverá assegurar que estas
adequada escolaridade, formação ou experiência. pessoas estão sensibilizadas e têm conhecimento dos
aspetos ambientais e impactes relacionados com os
A organização deve identificar as necessidades de
produtos ao longo do seu ciclo de vida. A par com
formação associadas aos seus aspetos ambientais e
outras áreas, as pessoas deverão possuir ou ter
ao seu sistema de gestão ambiental.
acesso a competências na aplicação de metodologias
A organização deve providenciar formação ou e ferramentas para a identificação e avaliação dos
desenvolver outras ações para responder a estas aspetos ambientais dos produtos e para a
necessidades, e deve manter os registos associados. identificação de estratégias de melhoria ambiental.

Comunicação Comunicação
No que se refere aos seus aspetos ambientais e ao Uma estratégia eficaz abrange a comunicação externa
seu sistema de gestão ambiental, a organização deve e interna. A organização deverá considerar e abordar
estabelecer, implementar e manter um ou mais os seguintes aspetos da comunicação, atuando
procedimentos para: sempre que relevante:
 Comunicação interna entre os vários níveis e  Comunicação interna sobre o desempenho
funções da organização; ambiental dos produtos entre os vários níveis e
funções da organização, incluindo aqueles que
 Receber, documentar e responder a
diretamente e indiretamente são responsáveis
comunicações relevantes de partes pelo design e desenvolvimento de produtos;
interessadas externas.
 Comunicações relevantes de/para partes
interessadas externas;
 Informando as diferentes partes envolvidas no
ciclo de vida do produto (p. ex. utilizadores,
distribuidores, recicladores) das ações
necessárias para melhorar o desempenho
ambiental para além da etapa de produção.

Controlo operacional Controlo operacional


A organização deve identificar e planear as A fim de assegurar que um processo de ecodesign é
operações que estão associadas aos aspetos levado a cabo nas condições especificadas, a
ambientais significativos identificados, consistentes organização deverá:
com a sua política ambiental e os seus objetivos e
 Estabelecer, implementar e manter um ou
metas, de forma a garantir que estas operações são
mais procedimentos documentados para
realizadas sob condições especificadas.
integrar o ecodesign no processo de design e
desenvolvimento existente.

Projeto Certif-Ambiental // 57
VERIFICAÇÃO

Monitorização e medição Monitorização e medição


A organização deve estabelecer, implementar e A monitorização e medição deverão incluir as
manter um ou mais procedimentos para monitorizar informações necessárias para avaliar a conformidade
e medir, de uma forma regular, as características com os objetivos e metas da organização
principais das suas operações que podem ter um relacionados com o processo de ecodesign e com o
impacte ambiental significativo. Este(s) impacte ambiental dos seus produtos ao longo do seu
procedimento(s) deve(m) incluir a documentação da ciclo de vida.
informação para monitorizar o desempenho, os
controlos operacionais aplicáveis e a conformidade
com os objetivos e metas ambientais da
organização.

Avaliação da conformidade Avaliação da conformidade


A organização deve estabelecer, implementar e A avaliação da conformidade deverá abranger os
manter um ou mais procedimentos para avaliar, requisitos legais e outros relacionados com os
periodicamente, a conformidade com os requisitos aspetos ambientais dos produtos, incluindo aqueles
legais aplicáveis e de outros que subscreva. relacionados com as etapas do ciclo de vida que não a
produção.
A organização deve manter registos dos resultados
das avaliações periódicas.

Não conformidades, ações corretivas e ações Não conformidades, ações corretivas e ações
preventivas preventivas
A organização deve estabelecer, implementar e Não há nenhuma orientação adicional sobre esta
manter um ou mais procedimentos para tratar as secção. Os requisitos da ISO 14001:2004, cobrem
não conformidades reais e potenciais e para totalmente as necessidades do processo de
implementar as ações corretivas e as ações ecodesign.
preventivas. Este(s) procedimento(s) deve(m) definir
requisitos para:
 A identificação e correção da(s) não
conformidade(s) e a implementação de ações
para minimizar os seus impactes
ambientais;
 A investigação da(s) não conformidade(s), a
determinação da(s) sua(s) causa(s) e a
implementação das ações necessárias para
evitar a sua recorrência;
 A avaliação da necessidade de ações para
prevenir não conformidade(s) e a
implementação das ações apropriadas,
destinadas a evitar a sua ocorrência;
 O registo dos resultados de ações corretivas e
de ações preventivas implementadas; e
 A revisão da eficácia de ações corretivas e de
ações preventivas implementadas.
As ações implementadas devem ser adequadas à
magnitude dos problemas e aos impactes
ambientais identificados.

58 // Manual Prático de Ecodesign


VERIFICAÇÃO

Controlo dos registos Controlo dos registos


A organização deve estabelecer e manter registos, Não há nenhuma orientação adicional sobre esta
na medida em que sejam necessários para secção. Os requisitos da ISO 14001:2004, cobrem
demonstrar a conformidade com os requisitos do totalmente as necessidades do processo de
seu sistema de gestão ambiental e dos normativos ecodesign.
legais, e para demonstrar os resultados obtidos.
A organização deve estabelecer, implementar e
manter um ou mais procedimentos para a
identificação, o armazenamento, a proteção, a
recuperação, a retenção e a eliminação dos registos.
Os registos devem ser e manter-se legíveis,
identificáveis e rastreáveis.

Auditoria interna Auditoria interna


A organização deve assegurar que as auditorias Não há nenhuma orientação adicional sobre esta
internas ao sistema de gestão ambiental são secção. Os requisitos da ISO 14001:2004, cobrem
realizadas em intervalos planeados para: totalmente as necessidades do processo de
ecodesign.
 Determinar se o sistema de gestão ambiental;
 está em conformidade com as disposições
planeadas para a gestão ambiental,
incluindo os requisitos normativos;
 foi adequadamente implementado e é
mantido.
 Fornecer à Gestão informações sobre os
resultados das auditorias.

Projeto Certif-Ambiental // 59
6. METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM
PROJETO DE ECODESIGN
6.1. Etapas de Metodologia de Implementação de
Ecodesign
De seguida, descrevem-se de forma sucinta as etapas de uma possível metodologia de implementação
de um Projeto de Ecodesign.

Quadro 18 – Etapas de Metodologia de Implementação de Ecodesign

ETAPA 1. PREPARAÇÃO DO PROJETO

Objetivos

 Seleção da equipa de trabalho


 Seleção do produto em que vai ser aplicado o Ecodesign
 Identificação dos Fatores de Motivação para fazer Ecodesign

Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas


 Gestão de Topo  Tabela de critérios para a seleção de um produto.
 Responsável pelo desenvolvimento do produto  Folha de trabalho de FATORES DE MOTIVAÇÃO EXTERNOS
 Outros departamentos  Folha de trabalho de FATORES DE MOTIVAÇÃO INTERNOS
 Agentes externos

ETAPA 2. ASPETOS AMBIENTAIS

Objetivos
Análise dos principais aspetos ambientais do produto em TODO O SEU CICLO DE VIDA
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
 Responsável de desenvolvimento do produto: lidera a  Matriz MET (método qualitativo e semiqualitativo que
avaliação e hierarquização. Transmite os conceitos serve para obter uma visão global das entradas e saídas
chave ao designer externo e a importância da etapa, no de cada etapa do ciclo de vida)
caso deste existir. Coordena a equipa.
 Eco-Indicadores
 Gestão de Topo: Será informado dos resultados
 Ferramentas de software para a Avaliação do Ciclo de Vida
(importante para o entendimento do processo e para a
tomada de decisões).
 Outros departamentos: Facilitam informação (países de
vendas e compras, cálculos de transporte, peso das
matérias-primas,..).
 Perito Ambiental Externo: Apoia com os seus
conhecimentos a avaliação-hierarquização dos aspetos
ambientais.
 Designer externo (se existir): recomenda-se a sua
participação no processo de determinação e
hierarquização dos aspetos ambientais.

60 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 18 – Etapas de Metodologia de Implementação de Ecodesign (continuação)

ETAPA 3. IDEIAS DE MELHORIA

Objetivos
Identificar e hierarquizar ideias de melhoria para o produto.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
 Departamento técnico e de design: lidera e participa na  Ferramentas para a produção de ideias de melhoria:
identificação, seleção e avaliação das ideias de melhoria. o As 8 estratégias do Ecodesign
 Outros departamentos: apoiam a identificação, seleção e
o Brainstorming
avaliação das ideias de melhoria com base nos seus
conhecimentos particulares.  Ferramentas para a valorização das ideias de melhoria:
 Gestão de Topo: Aprova as medidas de melhoria o Matriz da hierarquização
selecionadas.
 Especialista Ambiental Externo (se participar no projeto):
recomenda-se a sua participação no processo de
identificação, seleção e avaliação das ideias de melhoria,
dado que pode dar ideias e informação sobre medidas e
melhorias do ponto de vista ambiental.
 Designer externo (se existir): recomenda–se a sua
participação no processo de identificação, seleção e
avaliação das ideias de melhoria.

ETAPA 4. DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Objetivos
Desenvolver uma especificação das condições Técnico-Ambientais e criação de alternativas
conceptuais do produto com base na referida especificação.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
 Departamento de qualidade: Estabelece os requisitos de  Técnicas criativas
qualidade e normativos, para a especificação do produto.  Ferramentas de seleção
 Departamento técnico ou de design:  Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
o Estabelece os requisitos ambientais para a especificação aspetos ambientais do produto (Eco-Indicadores,
do produto a partir das ideias selecionadas na etapa 3. Ferramentas software).
o Desenvolve os conceitos.
o Estuda os aspetos ambientais dos diferentes conceitos e
faz a seleção.
o Fornece critérios ao designer externo, no caso de existir.
 Departamento de compras: informa sobre as exigências
concretas dos consumidores para o estabelecimento das
especificações ou a valorização de conceitos, assim como
de materiais com boa e má imagem no mercado,…

ETAPA 5. PRODUTO EM DETALHE

Objetivos
Definir o produto em detalhe
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
 Departamento técnico ou de design:  Técnicas criativas
o Desenvolve o produto em detalhe.  Ferramentas de seleção
o Avalia as diferentes alternativas e seleciona materiais,…  Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
com base em critérios ambientais. aspetos ambientais do produto (eco-Indicadores,
o Fornece critérios ao designer externo (caso exista, Ferramentas software).
este será responsável pelas tarefas anteriores.
O departamento técnico ou de design está encarregue
de lhe indicar os critérios necessários, assim como
qualquer outra informação que necessite).

Projeto Certif-Ambiental // 61
Quadro 18 – Etapas de Metodologia de Implementação de Ecodesign (conclusão)

Pessoas ou Departamentos implicados


(continuação)

 Departamento de qualidade: fornece informação


concreta sobre o cumprimento dos requisitos de
qualidade dos desenvolvimentos do departamento
técnico.
 Departamento de compras e marketing: fornece
informação concreta exigida pelo departamento técnico
ou pelo designer externo e informa sobre possíveis
problemas do novo produto,…

ETAPA 6. PLANO DE AÇÃO

Objetivos

 Estabelecer um plano de ação para todas as medidas de melhoria ambiental do produto a médio e
longo prazo (as MEDIDAS DE MELHORIA DO PRODUTO HIERARQUIZADAS para ser implantadas a
CURTO PRAZO não são incluídas neste plano de ação dado que é suposto que estas já tenham sido
executadas).
 Integrar definitivamente o Ecodesign nas ferramentas de design (a nível do departamento de
desenvolvimento de produtos), assim como as ferramentas de gestão (ISO 9001, ISO 14001, planos de
marketing,…) a nível de toda a empresa.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
 Responsável pelo desenvolvimento do produto: lidera e  Plano de ação do produto a médio e longo prazo.
supervisiona o plano de ação inicial.  Plano de ação a nível da empresa âncora do Ecodesign com
 Resto da equipa: verifica o plano de ação definitivo. os procedimentos de desenvolvimento dos produtos.
 Gestão de Topo: aprova os planos de ação a nível do  Plano de ação a nível da empresa através da ISO 9001.
produto e da empresa.  Plano de ação a nível da empresa através da ISO 14001.

ETAPA 7. AVALIAÇÃO

Objetivos
Avaliar os resultados do projeto para tirar conclusões e aprender a transmitir os resultados interna e
externamente com regularidade.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
 Responsável pelo desenvolvimento do produto: avalia as  Tabela de avaliação
melhorias ambientais do novo produto em relação ao  Referências de documentação sobre marketing ecológico
produto base e transmite os resultados a outros
departamentos da empresa que se encarregam de
divulgá-los externamente.
 Departamento de recurso humanos: elabora um plano de
comunicação interna e transmite os resultados do projeto
dentro da empresa.
 Departamento de marketing:
o Elabora um plano de marketing uma vez conhecidos
os resultados do projeto de Ecodesign e as
características ambientais do produto.
o Analisa e integra (se for do interesse da empresa)
técnicas de marketing ecológico.
 Gestão de Topo: Aprova as conclusões da avaliação.
Aprova os planos de comunicação interna e de marketing.

De seguida descrevem-se pormenorizadamente cada uma das etapas descritas anteriormente.

62 // Manual Prático de Ecodesign


6.2. Descrição das Etapas de Implementação do
Ecodesign

① PREPARAÇÃO DE UM PROJETO DE ECODESIGN

SELEÇÃO DA EQUIPA DE TRABALHO

Características da equipa de trabalho

A primeira fase do desenvolvimento de um projeto de ecodesign é a formação de uma equipa de


trabalho. Essa equipa será responsável pelo bom funcionamento do projeto. As características básicas
que esta equipa deve apresentar são:

 Equipa pequena e organizada


O grupo não deverá ser composto por demasiadas pessoas. Um dos membros da equipa (de
preferência o chefe do departamento de desenvolvimento do produto), será o responsável por
dirigir as etapas do projeto e servir como coordenador.
 Capacidade de decisão
Qualquer decisão ao nível estratégico da empresa deve poder ser tomada pelo grupo de
trabalho. Isto implica a necessidade de envolver a Gestão de Topo na equipa e outras pessoas
com poder de decisão.
 Equipa multidisciplinar
No projeto de ecodesign devem ser considerados todo o tipo de aspetos (ter em conta os
requisitos de qualidade do produto, ver como as mudanças afetam o custo do produto, manter
contacto com os fornecedores para conhecer possíveis alternativas de materiais do ponto de
vista ambiental, etc.). A equipa deve, portanto, ter pessoas de diferentes departamentos, de
modo que a informação possa ser recolhida em primeira mão.

Departamentos implicados

Considera-se prioritária a inclusão das seguintes áreas/trabalhadores da empresa:

 Gestão de Topo
A sua presença permite definir a importância da vertente ambiental no negócio da empresa e
tomar decisões sobre a integração de critérios de ecodesign.

 Responsável pelo desenvolvimento do produto


O objetivo do ecodesign é o desenvolvimento de novos produtos, de modo que a presença do
responsável de desenvolvimento do produto é essencial. Será quem preferencialmente atuará
como líder do grupo e procurará envolver os diferentes departamentos da empresa no projeto.
Encarregar-se-á de definir quais são as necessidades de formação/informação dentro da
empresa em termos de ecodesign.

 Outros departamentos
A sua incorporação no grupo é considerada importante para a análise dos Fatores de
Motivação e para fornecer informações sobre estas e outras questões que possam surgir ao
longo do projeto. Entre os departamentos mais interessantes para serem envolvidos destacam-
se os seguintes:

Projeto Certif-Ambiental // 63
 Compras
o Verifica os materiais existentes e tecnologias alternativas que respeitem o meio
ambiente. Promove estudos de viabilidade.

 Qualidade e Ambiente
o Presta informação acerca de aspetos da regulamentação existente sobre o produto
(normas de segurança, qualidade, ambiente), bem como de programas e iniciativas
ambientais existentes na empresa.
o Fornece outras informações necessárias sobre a qualidade dos processos utilizados
ou propostos.
o Classifica as alternativas de melhoria com base no cumprimento dos requisitos de
qualidade do produto e, se for o caso, do sistema de gestão ambiental.

 Marketing
o Identifica exigências ambientais relativamente aos produtos (em relação aos clientes
finais e clientes industriais).
o Fornece ideias sobre as preferências dos clientes no momento da tomada de decisão.
o Projeta e desenvolve campanhas de marketing com base nos resultados do projeto e
nas exigências ambientais identificadas.
o Se o marketing é feito por uma empresa externa, também devem ser envolvidos.

 Recursos Humanos/Pessoal
o Analisa a motivação dos colaboradores em relação ao ambiente.
o Sensibiliza os trabalhadores para o uso das melhores práticas.
o Incentiva sugestões dos trabalhadores relativamente à melhoria dos processos de
produção, em prol de uma melhoria contínua.
o Gere ou canaliza a formação/informação na empresa, com base em requisitos de
ecodesign.

Muitas vezes pode ser interessante envolver pessoas externas na equipa de projeto como por exemplo:

 Especialista Ambiental
Aconselha sobre as vantagens ambientais das diferentes alternativas que surgem ao longo do
projeto.

 Designer ou Engenheiro de design externo


Se a empresa trabalha com engenharia externa é essencial transmitir-lhes o interesse da empresa
nas matérias ambientais. A formação em ecodesign dos agentes externos facilita e enriquece o
processo.

SELEÇÃO DO PRODUTO EM QUE VAI SER APLICADO O ECODESIGN

Os critérios para a seleção de um produto são específicos de cada empresa, mas geralmente seguem as
seguintes orientações:

 O produto tem de ter um grau de liberdade suficiente para permitir a sua modificação.
(e.g. – O produto “saco plástico de polietileno” (PE) não tem grau de liberdade nem quanto à
forma nem quanto ao material utilizado, por isso, não é interessante para o ecodesign).

64 // Manual Prático de Ecodesign


 O produto deve ser preferencialmente passível de ser afetado pelos fatores de motivação para
o ecodesign, já que isto está relacionado com os benefícios potenciais que a empresa pode
obter a partir do projeto.

(e.g. – Se a introdução de critérios ambientais na conceção de um produto “A” pode promover


o cumprimento da legislação ambiental, melhorar o seu marketing e dar ao produto o caráter
inovador que ele necessita, será mais interessante para ecodesign este produto “A”, do que um
produto “B” que não é afetado por qualquer um desses fatores).

 No caso de ser o primeiro produto em que se introduzem critérios de ecodesign, é preferível que
o produto, ou parte do mesmo, que vai ser modificado, seja relativamente simples, já que isto
favorece a obtenção de resultados rápidos e com isso incrementa a motivação para o ecodesign.

IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE MOTIVAÇÃO PARA O ECODESIGN

As razões para a implementação do ecodesign surgem da análise dos pontos fortes e fracos da empresa
e das oportunidades e ameaças do mercado. Estas razões podem ser divididas em:

 Fatores de Motivação Externos.

 Fatores de Motivação Internos

Fatores de Motivação Externos

Os Fatores de Motivação Externos estão classificados de acordo com as seguintes categorias:

 ADMINISTRAÇÃO: legislação e regulação

A União Europeia está a desenvolver diretivas ambientais cujo foco se está a orientar para a
"responsabilidade alargada do produtor" ou para a "obrigação de recolha". Grande parte dessa
legislação é suscetível de se tornar lei nacional nos países da Europa num futuro próximo. Para
evitar surpresas desagradáveis, as empresas devem antecipar-se a tais obrigações, e começar a
conceber os seus produtos com a possibilidade de desmontagem e reciclagem.

Além disso, os governos de toda a Europa, EUA e Japão estão a desenvolver a sua própria
legislação ambiental.

Por outro lado, a promoção de produtos mais ecológicos é também uma parte das políticas dos
diferentes países da União Europeia. Para isso é concedido o rótulo ecológico (Ecolabel) a um
número crescente de grupos de produtos e o ecodesign é estimulado através de subsídios.

 MERCADO: exigências dos clientes (industriais e finais)

A opinião pública está cada vez mais sensibilizada para a qualidade ambiental dos produtos.

Os clientes industriais têm geralmente maior capacidade de influenciar uma empresa do que os
clientes finais. Atualmente, há um número crescente de empresas industriais que espera dos seus
fornecedores a prestação de informações acerca das características ambientais, tanto ao nível da
produção (através da certificação ISO 14001) como nos produtos ou nas respetivas embalagens
(apresentando melhorias ambientais em tais produtos ou embalagens).

Se os clientes exigem da empresa características ambientais de um produto, a empresa pode ser


grandemente beneficiada pela integração do ecodesign no desenvolvimento do produto.

Além disso, é cada vez maior o número de rótulos ecológicos existente para diferentes produtos.
Os produtos afetados por estas regras podem favorecer a introdução de critérios ambientais no
momento da conceção de um produto na empresa (ecodesign).

Projeto Certif-Ambiental // 65
De seguida, apresentam-se alguns dos rótulos ecológicos mais importantes a nível mundial.

Quadro 19 – Principais Rótulos Ecológicos a Nível Mundial

Alguns dos rótulos ecológicos mais importantes a nível mundial

Alemanha Blue Angel

Áustria Austrian Eco-Label

Canadá Environmental Choice

EUA Energy Star

Green Seal

Espanha AENOR Medio Ambiente

UE EU Ecolabel

França NF - Environmental

Holanda Stichting - Milieukeur

66 // Manual Prático de Ecodesign


 CONCORRÊNCIA
Os aspetos ambientais são parte integrante da qualidade do produto. Muitas empresas líderes de
mercado estão conscientes disso e agem em conformidade.

Outro ponto de interesse é a possibilidade de usar o desempenho ambiental como forma de


marketing. É cada vez mais importante que as empresas se distingam da concorrência através de
aspetos diferenciadores e o ecodesign pode fornecer às empresas essa diferenciação.

Além disso, as ações ambientais dos concorrentes podem servir como uma fonte de inspiração ao
fazer ecodesign.

 ENVOLVENTE SOCIAL: responsabilidade com o meio ambiente


O ecodesign pode ser uma forma de melhorar a imagem da empresa na sua envolvente social.

 ORGANIZAÇÕES SETORIAIS: foco ambiental sobre a empresa


Muitas organizações da indústria motivam, ou às vezes exigem às empresas, que tenham em
consideração o ambiente nos seus processos e produtos. O ecodesign pode ser uma maneira de
responder a essas exigências.

 FORNECEDORES: inovações tecnológicas


Todos os dias surgem novas tecnologias e produtos que melhoram a nossa relação com o
ambiente. Quando existem materiais ou tecnologias que podem melhorar as características
ambientais de um produto, este será afetado positivamente pelo ecodesign, pois será mais alta a
probabilidade de sucesso do projeto. Nesse caso, pode ser interessante analisar a possibilidade de
fazer ecodesign com o produto.

Fatores de Motivação Internos

Os Fatores de Motivação Internos ao ecodesign são os seguintes:

 Aumento da qualidade do produto


A constante procura pela qualidade dos produtos é uma prioridade para todas as empresas. Com o
ecodesign, é possível aumentar a qualidade ambiental do produto através de fatores como
funcionalidade, fiabilidade, durabilidade e capacidade de reparação.

 Melhoria da imagem do produto e da empresa


Após a obtenção de melhorias no produto, estas devem ser comunicadas corretamente ao utilizador.
Com o ecodesign, a qualidade ambiental do produto será difundida com a ajuda, por exemplo, de
rótulos ecológicos e marketing verde, melhorando a imagem do produto e da empresa.

 Redução de custos
A aplicação do ecodesign reduz os custos da empresa em dois momentos temporais distintos, a
saber:

 De forma imediata, por via de melhorias diretas no produto, tais como redução de peso ou
substituição de materiais, melhorias no processo de produção, na etapa de transporte, etc., com
a consequente diminuição do consumo de materiais auxiliares, combustíveis, energia, etc.

Projeto Certif-Ambiental // 67
 A longo prazo, através da implementação de critérios ambientais no funcionamento da
empresa, tais como a ecoeficiência, que minimiza o volume de resíduos e otimiza o consumo
de energia.

 Poder de inovação
O ecodesign facilita o desenvolvimento de novos produtos e de produtos inovadores e, assim, a
entrada em novos segmentos de mercado ou novos mercados (países mais exigentes ao nível dos
requisitos ambientais). O ecodesign pode enriquecer ainda mais o processo de design, trazendo
novas abordagens que promovem a inovação do produto e do processo produtivo.

 Sentido de responsabilidade ambiental da empresa


A consciência da importância do desenvolvimento sustentável de gestores e responsáveis pelo
desenvolvimento de produtos leva muitas vezes as empresas a iniciarem um projeto piloto de
ecodesign.

 Motivação dos colaboradores


O ecodesign pode ajudar a melhorar a saúde e segurança, questões que afetam diretamente os
colaboradores da empresa e aumentam a sensação de pertença a uma empresa "que funciona
tendo em conta o ambiente".

68 // Manual Prático de Ecodesign


② ASPETOS AMBIENTAIS

DEFINIR OS LIMITES DO SISTEMA DO PRODUTO

Quando se inicia um projeto de ecodesign é importante ter uma perspetiva geral dos aspetos do
produto que causam maiores impactes ambientais, a fim de identificar prioridades para a
implementação de melhorias.

Para obter esta perspetiva geral não é suficiente estudar apenas o produto físico, sendo aconselhável
obter uma visão do sistema do produto como um todo. Isto significa, por exemplo, que na análise dos
aspetos ambientais de uma cafeteira, também devem ser considerados os filtros, água, eletricidade e
café.

Um critério importante para a definição do sistema do produto é procurar incluir os elementos externos
ao produto que podem ser afetados pela modificação do design.

ASPETOS AMBIENTAIS DO PRODUTO E A IMPORTÂNCIA DA SUA IDENTIFICAÇÃO E PRIORIZAÇÃO

 Aspeto ambiental
Um elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o
ambiente. Está diretamente relacionado com o PRODUTO.

 Impacte ambiental
Qualquer alteração no ambiente, adversa ou benéfica, resultante, no todo ou em parte, das
atividades, produtos e serviços de uma organização. Está diretamente associado ao AMBIENTE
GLOBAL.

Já vimos ao longo deste manual quais são os principais impactes ambientais (mudanças globais do
Ambiente), que nos dão uma ideia de como é importante preservar o ambiente. O foco do manual é, no
entanto, mais específico, centrando-se na aplicação do ecodesign em produtos e serviços como forma
de minorar esses mesmos impactes ambientais. O que aqui nos interessa é identificar os aspetos
ambientais específicos de um produto e encontrar formas para os otimizar.

A figura seguinte identifica os principais aspetos e impactes ambientais associados a um


produto/serviço e ao seu processo produtivo.

Projeto Certif-Ambiental // 69
Figura 10 – Identificação de Aspetos e Impactes Ambientais

70 // Manual Prático de Ecodesign


MÉTODOS DE ANÁLISE DOS ASPETOS AMBIENTAIS DO PRODUTO E ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES

Existem vários métodos, qualitativos e quantitativos, para analisar o perfil ambiental do produto e
estabelecer prioridades ambientais. Todos os métodos são baseados na Avaliação de Ciclo de Vida, o
que significa que estes métodos analisam todas as fases do ciclo de vida do produto, em termos dos
aspetos ambientais. Os objetivos da utilização destes métodos são os seguintes:
 Obter uma visão geral dos principais aspetos ambientais do produto ao longo do seu ciclo de
vida.
 Identificar as prioridades ambientais a serem abordadas durante o processo de ecodesign.
Apesar de todos os métodos serem direcionados para a realização destes objetivos, uns e outros variam
em complexidade, custo, consumo de tempo para sua utilização e informação necessária. A seguir, são
discutidos os métodos considerados mais relevantes.

MATRIZ MET

O QUE É a Matriz MET


A Matriz MET é um método qualitativo ou semi-qualitativo usado para obter uma visão geral sobre as
entradas e saídas em cada fase do ciclo de vida do produto. Também fornece uma primeira indicação
das áreas para as quais é necessária informação adicional.
Esta é uma ferramenta qualitativa ou semi-qualitativa, pois apesar de controlar as quantidades, a
priorização dos aspetos ambientais propriamente ditos é qualitativa e baseia-se no conhecimento
ambiental e regras de ouro e não em números ou resultados.

COMO USAR a Matriz MET

A Matriz MET é composta por:

 M - Utilização de Materiais em cada fase do ciclo de vida


Refere-se a todas as entradas (consumo) em cada uma das fases do ciclo de vida. Isso
proporciona uma visão sobre quais são as entradas prioritárias pela sua maior quantidade,
toxicidade ou porque são materiais escassos.

 E - Uso da Energia
Refere-se ao impacto dos processos e do transporte em cada etapa do ciclo de vida (aqueles
que consomem muita energia, principalmente). Isto proporciona uma visão sobre quais são os
processos ou transportes de maior impacto em todo o ciclo de vida do produto.

 T – Emissões Tóxicas (todas as saídas: emissões, efluentes ou resíduos tóxicos)


Refere-se a todos os resultados produzidos no processo. Isto dá uma ideia sobre quais as saídas
mais importantes pela sua toxicidade.

Estes aspetos estão incluídos na matriz MET de uma forma simplificada e organizados de acordo com as
fases do ciclo de vida do produto.
Para entender um pouco melhor como usar a matriz MET, de seguida apresenta-se o tipo de informação
que está incluído em cada secção.
É muito importante que exista uma equipa de trabalho onde todos contribuam com informação sobre as
matérias em que têm maior conhecimento, de modo a completar a matriz MET da forma mais correta.
Por exemplo,

 Departamento de Compras: dados de materiais;

Projeto Certif-Ambiental // 71
 Logística: dados de transporte;
 Departamento de vendas: informação sobre a vida útil do produto;
 Especialista ambiental externo (se envolvido): apoio no âmbito da informação necessária.

EMISSÕES
Uso de MATERIAIS Uso de ENERGIA TÓXICAS
M E T
(Entradas) (Entradas) (Saídas: emissões,
derrames, resíduos)

Obtenção e  Todos os materiais, peças  O consumo de energia  Resíduos tóxicos


e componentes que são necessária para obter em gerados na produção
consumo de necessários. bruto as matérias-primas e processamento de
materiais e compradas. materiais comprados
componentes  A energia necessária para a antes da sua
obtenção de materiais no chegada à empresa
estado em que foram
adquiridos
 O consumo de energia para
o transporte dos materiais
adquiridos até à fábrica.

Produção em  Materiais auxiliares  O consumo de energia nos  Resíduos tóxicos


comprados (maquinaria, processos utilizados na produzidos na
fábrica artigos elétricos, etc.) fábrica. fábrica.
 Substâncias auxiliares  Restos de materiais:
que são utilizadas no sucata, desperdícios,
processo de produção e etc.
não incluídas na etapa
anterior (elementos para
soldagem, pintura, etc.).

Distribuição  Embalagem do produto.  Consumo de energia na  Resíduos de combustão


 Reembalagem de embalagem (onde produzidos durante o
elementos utilizados significativo). transporte.
para o transporte e  Transporte da fábrica para  Resíduos de
distribuição. os distribuidores finais. embalagens.

Uso ou  Consumíveis.  Energia consumida pelo  Resíduos de


 Peças de reserva produto durante a sua vida consumíveis
utilização estimadas. útil estimada.  Resíduos das peças
substituídas.

Sistema de fim  Consumo de matérias-  A energia utilizada em  Resíduos perigosos


primas e auxiliares para o qualquer um dos sistemas gerados pelo
de vida tratamento de fim de de fim de vida dos produto e destinado
Eliminação vida. materiais ou de partes a gestor autorizado.
final (incineração,  Materiais para
desmontagem, reciclagem, aterro.
etc.).  Reciclagem de
 Energia para o transporte materiais.
até aos sistemas de fim de  Combustão de
vida. resíduos.

Figura 11 – Elaboração de Matriz MET

72 // Manual Prático de Ecodesign


COMO PRIORIZAR os principais aspetos ambientais com a matriz MET
Para priorizar com a matriz MET deve-se seguir as regras de ouro, um conjunto de regras orientadoras
sobre as principais fontes de impacte ambiental.
As regras de ouro são:
 Para equipamentos com ficha, o consumo de energia é um ponto de interesse.
 O peso (em kg) é uma indicação da importância do aspeto ambiental. Terá que se ter cuidado
com os materiais de alto conteúdo energético necessário para a sua obtenção (por exemplo, Al)
e metais pesados (Cd, Zn, Pb, Cu, Cr, etc.). Em ambos os casos, o peso deve ser multiplicado por
10 para fazer a comparação e priorização.
 Prestar atenção ao consumo de materiais auxiliares durante a fase de uso do produto.
Outras recomendações:
 Depois de definidas as prioridades, deve proceder-se à marcação com cor diferente na matriz
MET.
 Recorrer a um consultor ambiental (especialista em ecodesign) para o estabelecimento de
prioridades.

QUANDO se recomenda o uso da matriz MET


 Quando se começa a trabalhar em ecodesign, uma vez que facilita a compreensão do processo
e da importância da otimização de cada aspeto ambiental.
 Quando se tem o apoio de um especialista em ecodesign ou consultor ambiental.
 Para recolher dados antes de usar um indicador de ecodesign ou uma ferramenta de software
para Avaliação do Ciclo de Vida (organiza adequadamente todas as informações sobre cada
etapa do Ciclo de Vida do Produto).
 Quando se quer ter uma visão geral de prioridades ambientais e não é necessário um alto grau
de precisão.
 Quando não há Eco-indicador relevante para materiais de produtos ou processos.

ECO-INDICADORES

O QUE são os Eco-indicadores

O Eco-indicador é uma ferramenta quantitativa de fácil utilização para os designers de produto. É mais
precisa do que a matriz MET na hora de priorizar aspetos ambientais relevantes do produto no seu ciclo
de vida. É quantitativa porque a priorização baseia-se em cálculos numéricos.

Os Eco-indicadores são o resultado de um projeto desenvolvido por uma equipa multidisciplinar de


indústrias de ponta em diferentes setores, cientistas de centros de investigação independentes e do
governo holandês. O seu objetivo foi tentar obter uma avaliação do impacte ambiental que a atividade
industrial exerce sobre o Ambiente, com foco no impacto sobre o ecossistema, os recursos e a saúde
humana na Europa.
Assim, foram levados em conta impactos como: o efeito de estufa, a redução da camada de ozono,
chuva ácida, depleção de recursos naturais, redução da biodiversidade e poluição.

O modelo aqui apresentado é apenas um dos modelos existentes; não é conhecida com certeza a sua
precisão (como para os outros modelos). É, no entanto, o modelo o mais amplamente utilizado para a
aplicação de eco-indicadores na Avaliação do Ciclo de Vida.

Projeto Certif-Ambiental // 73
Resultado do
Dano nos
Inventário
recursos

Inventário de Recursos Medida das


fluxos de e Dano no três
para os Modelo de categorias de Indicador
ecossistema
processos no Uso do solo danos dos danos
Ciclo de vida ditos fluxos
do produto
Emissões
Dano na
1 2 saúde 3
humana

Figura 12 – Seleção de Eco-Indicadores

Como resultado, obtêm-se tabelas de valores numéricos que expressam o impacte ambiental em termos
da quantidade ou do volume de cada um dos materiais ou processos. Estes valores são expressos numa
unidade própria chamada milipontos (mPt) não comparável com qualquer outra unidade de medida
tradicional.

COMO USAR os Eco-indicadores

Para a aplicação dos eco-indicadores de ecodesign ao produto, estão disponíveis matrizes para
preencher e que são do tipo que se mostra de seguida. Apresentam-se também algumas breves
instruções sobre o seu uso.

74 // Manual Prático de Ecodesign


Produto ou componente: Projeto: O Ciclo de Vida do Produto no modelo é
dividido em três etapas:
Data: Autor:  Produção – Inclui a obtenção dos
materiais necessários e a produção do
Notas e conclusões:
produto em fábrica. Deve listar-se cada
aspeto ambiental separadamente
(materiais, processos, transporte de
materiais, resíduos, etc.) com a quantidade
Produção (Materiais , processos e transporte) correspondente e com o eco-indicador
Material ou
Quantidade Indicador Resultado adequado, obtendo-se como resultado o
processo
produto de ambos. Devem utilizar-se os
eco-indicadores de materiais em materiais
que fazem parte do produto e nos
materiais auxiliares; os indicadores de
processo são utilizados nas diferentes
operações que os componentes sofrem
antes de chegar à fábrica e na fábrica; já os
eco-indicadores relativos à eliminação de
resíduos devem ser identificados em cada
processo, categorizados de acordo com o
seu destino. Também serão utilizados eco-
indicadores específicos para o transporte
de componentes e materiais dos
Total fornecedores para a fábrica.
A soma parcial desses valores nesta fase
Uso (Transporte , energia e materiais auxiliares) oferece uma ideia do impacte ambiental
Material ou do produto na fase de produção,
Quantidade Indicador Resultado
processo
comparativamente com as fases de
utilização e encaminhamento final do
produto.
 Uso – Aqui inclui-se o transporte do
produto desde a fábrica até aos
distribuidores e consumidores finais,
considerando-se o consumo de energia e
Total consumíveis utilizados ao longo da sua vida
(pelo que é necessário definir qual é a vida
útil aproximadamente), bem como as
Destino Final (Para cada tipo de material)
embalagens utilizadas no produto.
Material ou
Quantidade Indicador Resultado
processo  Destino final – Refere-se ao destino final
do produto e dos seus componentes após a
sua vida útil. Dependendo do destino dado
a cada parte ou à totalidade, deve
selecionar-se um eco-indicador diferente
(reciclagem, aterro sanitário, incineração,
etc.).
Finalmente, soma-se tudo isto, e obtemos
Total um valor quantitativo do impacte do nosso
produto durante o seu ciclo de vida.
TOTAL (todas as fases)
Figura 13 – Identificação Aspetos Ambientais no Ciclo de Vida do Produto

Projeto Certif-Ambiental // 75
COMO PRIORIZAR principais questões ambientais com o eco-indicador

Uma vez quantificados todos os materiais, processos, transporte etc. com os eco-indicadores, é possível:

 Ver que aspetos têm um resultado numérico superior.

 Identificar em que fase se produzem os grandes aspetos ambientais (produção, uso,


eliminação, etc.).

Este processo auxilia a empresa a identificar e priorizar ações de melhoria ambiental do produto.

QUANDO se recomenda o uso de eco-indicadores

 Em combinação com a matriz MET, quando se trabalha em ecodesign pela primeira vez, uma
vez que facilita a compreensão dos cálculos e a sua importância.

 Quando se quer priorizar os principais aspetos ambientais do produto sem recorrer a um


consultor externo ou a ferramentas de software e existem fontes de informação relevantes
para a criação de eco-indicadores.

 Quando se quiser apoiar a priorização ambiental em números (quantitativamente).

LIMITAÇÕES da ferramenta

 Os eco-indicadores são números que envolvem um processo trabalhoso para a sua obtenção.
Por vezes, pode acontecer que o eco-indicador que precisamos ainda não está definido.

FERRAMENTAS DE SOFTWARE PARA AVALIAÇÃO


DO CICLO DE VIDA (ACV)

O QUE são as ferramentas de software para ACV

Apesar de todas as ferramentas que têm sido descritas até agora (Matriz MET e Eco-indicadores) serem
utilizadas para a avaliação do ciclo de vida do produto, são referidas genericamente por ferramentas de
ACV as ferramentas de software que são utilizados para o mesmo fim.

Existem muitos programas de software para a realização de uma Avaliação do Ciclo de Vida detalhada,
cabendo ao utilizador escolher aquele que será mais adequado à realidade da empresa.

QUANDO se recomenda o uso de uma ferramenta de software

 Quando se quer fundamentar a priorização ambiental em números (quantitativamente).

 Quando se quer comparar os aspetos ambientais das diferentes alternativas para o mesmo
produto.

 Quando se analisam produtos excessivamente complexos (quando a utilização de eco-


indicadores requer muitas operações) ou formados por subsistemas comuns a diversos
produtos.

 Quando há necessidade de avaliar os aspetos ambientais de forma periódica.

76 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 20 – Diferenças entre as Ferramentas para Avaliação do Ciclo de Vida do Produto

DIFERENÇAS ENTRE OS TRÊS TIPOS DE FERRAMENTAS PARA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA

Vantagens Desvantagens
 É a mais fácil e rápida.  Não fornece uma quantificação
 Fornece uma visão geral do Ciclo de Vida numérica dos principais impactes
do Produto (entradas e saídas de cada nem das etapas críticas do ciclo de
etapa). vida (dá apenas uma orientação).
 Permite analisar as prioridades  Requer conhecimentos ambientais
Matriz MET ambientais, ainda que não existam eco- amplos ou colaboração de algum
indicadores relevantes para o produto. especialista ambiental para
analisar os resultados.
 Permite organizar bem toda a informação
para cada fase do ciclo de vida
(especialmente se se trabalha em
ecodesign, pela primeira vez).

 Permitem compreender melhor a  Listagem de eco-indicadores ainda


metodologia e os resultados não muito desenvolvida e alguns
(especialmente se se trabalhar em deles não totalmente adaptados à
ecodesign pela primeira vez). realidade de cada região / país.
Eco-  Avaliação numérica do impacte ambiental  Operações numéricas pesadas em
Indicadores dos produtos e processos sem o uso de produtos mais complexos.
uma ferramenta de software.
 Não há necessidade de qualquer
especialista em ambiente, quando se
domina o uso da ferramenta.
 Facilidade de cálculo e de iteração.  Maior dificuldade em
 Capacidade de adaptação à empresa, compreender a metodologia e os
incluindo parâmetros próprios de resultados (especialmente se se
avaliação. trabalhar em ecodesign pela
primeira vez).
 Permite maneira simples de comparar
alternativas para o mesmo produto.  O programa de software de
aquisição exige um esforço
financeiro.
Software
 Nem todos os programas estão
ACV
disponíveis em versão portuguesa.
 As bases de dados atualmente
disponíveis não são muito
completas.
 A introdução dos dados da
ferramenta pode levar algum
tempo, dependendo da
ferramenta em questão.

O quadro anterior mostra as vantagens e desvantagens de cada uma das ferramentas. Cada empresa
será responsável por avaliar qual é a ferramenta mais adequada à sua realidade, em função das suas
características e necessidades.

Projeto Certif-Ambiental // 77
No entanto, recomenda-se:

 Utilizar a matriz MET e os eco-indicadores se é a primeira vez que trabalha em ecodesign e com
o apoio de um especialista em ambiente externo.

 Utilizar uma ferramenta de software (aquela que melhor se adapte às necessidades da


empresa) em ocasiões posteriores. Evita erros de cálculo e uma vez que os dados são inseridos
regularmente facilita o uso e avaliação de diferentes alternativas para o produto.

 É importante a utilização destas ferramentas no âmbito de toda a metodologia sem descuidar


as etapas restantes, caso em que o processo de ecodesign seria parcial e incompleto.

Matriz MET
Eco-indicadores
Ferramenta software

Qualitativo Quantitativo
Simples Complexo

Figura 14 – Grau de Complexidade das Ferramentas de Avaliação do Ciclo de Vida do Produto

78 // Manual Prático de Ecodesign


③ IDEIAS DE MELHORIA

INTRODUÇÃO DE IDEIAS DE MELHORIA

Anteriormente conheceram-se os principais aspetos ambientais do produto. Agora, tentaremos otimizá-


los, identificando ideias para a melhoria.

Durante todo este processo, surgirão todo o tipo de ideias para melhoria. No final desse processo,
procede-se à sua seleção, análise e priorização, já que o objetivo é a focalização nas melhorias que se
relacionem com as grandes questões ambientais ou que se destinem ao cumprimento dos Fatores de
Motivação da empresa para o Ecodesign.

Para a geração de ideias de melhoria ambiental deve usar-se a tabela com as oito estratégias
apresentadas no ponto seguinte, já que qualquer tipo de ideia de melhoria ambiental pode ser
classificada em função de uma das oito estratégias. É um bom ponto de partida e pode servir para se
orientar e inspirar.

Além disso, a geração de ideias é um processo criativo para o qual existem diferentes técnicas. Mais à
frente é proposta uma delas, o brainstorming, pela sua simplicidade e pela sua capacidade de atender a
um dos requisitos mais importantes na área de ecodesign:

Envolvimento e ligação de diferentes departamentos da empresa.

As 8 estratégias de ecodesign

Durante a realização da Avaliação do Ciclo de Vida com qualquer uma das ferramentas descritas no
capítulo anterior, percebe-se quais são os principais aspetos ambientais do produto. Assim, algumas
ideias para a melhoria ambiental do produto podem surgir espontaneamente. No entanto, não serão as
únicas possíveis.

Portanto, para a identificação de ideias não nos vamos concentrar nos aspetos ambientais principais,
mas vamos novamente considerar todas as fases do ciclo de vida do produto. Isso dar-nos-á uma maior
liberdade e mais possibilidades.

Sabendo quais são os principais aspetos ambientais, bem como os Fatores de Motivação da empresa, o
ecodesign servirá agora para avaliar e priorizar as ideias a desenvolver e o tempo necessários para as
desenvolver e implementar no novo produto.

Existem diferentes estratégias que podem ser utilizadas na classificação de ideias para a melhoria
ambiental de um produto: pode adotar-se um total de oito estratégias, que podem ser observadas na
tabela seguinte, e que por sua vez estão relacionadas com as diferentes fases do ciclo de vida do
produto.

No entanto, uma das estratégias (a estratégia número oito: "otimizar a função") é uma estratégia de
caráter distinto das restantes, uma vez que envolve uma mudança "radical" que pressupõe a alteração
do conceito do produto ou serviço da empresa. Efetuando uma análise com visão alargada sobre o
produto, identificam-se as diferentes necessidades que o produto cobre e pensa-se em formas
diferentes de fornecer/atender essas necessidades.

Projeto Certif-Ambiental // 79
Durante todo este processo, devem ter-se em mente os Fatores de Motivação (exigências dos clientes,
exigências legais, etc.) para ajudar a orientar trabalho.

Quadro 21 – As 8 Estratégias de Ecodesign

Tipos de Medidas
Estratégias de Melhoria Comentários
Associadas

Obtenção e 1.- Selecionar materiais  Materiais mais limpos  Com base nos materiais
consumo de de baixo impacto  Materiais renováveis utilizados e nos processos
materiais e  Materiais de menor necessários para a sua
componentes consumo energético obtenção, analisar-se-á a
 Materiais reciclados possibilidade de utilizar
 Materiais recicláveis materiais alternativos que
tenham um menor impacte
ambiental, mantendo as
mesmas prestações técnicas ou
até mesmo melhorando-as.
2. – Reduzir o uso de  Redução do peso  A redução da utilização de
material  Redução do volume (de materiais supõe ao mesmo
transporte) tempo uma redução do aspeto
ambiental do produto e uma
redução de custos para a
empresa. Assim, tentar-se-á
fazer com que o volume seja o
mais baixo possível, o que leva a
uma menor ocupação de espaço
e permite otimizar o transporte
e armazenamento, o que trará
uma redução de custos.

Produção em 3. – Selecionar  Técnicas de produção Trata-se de obter uma "produção


fábrica técnicas de alternativas limpa" por meio de melhorias nas
produção  Menos etapas de técnicas de produção, isto é, por
ambientalmente produção exemplo:
eficientes  Consumo de energia  Melhorias nos materiais
menos e mais limpa auxiliares
 Consumíveis de  Boas práticas operacionais
produção: menos e na produção
mais limpos  Reciclagem na fábrica
 Alterações tecnológicas

Distribuição 4.- Selecionar formas  Embalagens: menos , O transporte da fábrica para o


de distribuição mais limpas e utilizador final deve ser o mais
ambientalmente reutilizáveis eficiente possível. Devem ser
eficientes  Modo de transporte analisados aspetos como
energeticamente embalagem, modo de transporte e
eficiente logística.

Uso ou 5. – Reduzir o impacte  Menor consumo de Os produtos precisam de todos os


utilização ambiental na fase energia tipos de consumíveis para
de utilização  Fontes energéticas mais funcionarem (energia, água,
limpas detergente, filtros, etc.). Isto
 Menor consumo de também se aplica à manutenção,
combustível limpeza e reparação. Nesta etapa,
 Consumíveis mais portanto, tentar-se-ão encontrar
limpos formas para projetar o produto de
 Evitar desperdícios de forma a otimizar o uso de
energia consumíveis ou até mesmo eliminar
alguns deles.

80 // Manual Prático de Ecodesign


Quadro 21 – As 8 Estratégias de Ecodesign (conclusão)

Tipos de Medidas
Estratégias de Melhoria Comentários
Associadas

Sistema de fim 6. – Otimizar o Ciclo de  Fiabilidade e No ciclo de vida de um produto


de vida Vida durabilidade podem ser distinguidos:
Eliminação final  Manutenção e  Ciclo de Vida Técnico - tempo
reparação mais fácil durante o qual o produto
 Estrutura modular do funciona bem.
produto  Ciclo de Vida Estético - tempo
 Desenho clássico durante o qual o utilizador acha o
 Forte relação produto - produto atrativo.
utilizador
A situação ideal seria que os dois
coincidissem. No entanto, raramente
é o caso, e muitas vezes é
descartado um produto que
funciona corretamente, porque o
utilizador não o acha atraente.
Portanto, nesta fase, tentar-se-á
ampliar e equalizar os dois ciclos.
Por exemplo, um design clássico
impedirá que o utilizador se canse
do produto, tal como a criação de
um produto com um forte
relacionamento com o utilizador.
7. – Otimizar o sistema  Reutilização do produto Esta estratégia visa a reutilização de
de fim de vida  Refabricação/ componentes valiosos do produto e
modernização assegurar uma gestão adequada dos
 Reciclagem de materiais resíduos.
 Incineração mais segura O lado benéfico das medidas é em
ordem decrescente ao apresentado,
ou seja, temos de avançar para
reutilização e se não for possível, re-
fabricação, reciclagem ou
incineração, nesta ordem.

Novas ideias de 8. – Otimizar a função  Uso compartilhado do Nesta estratégia a atenção não se vai
produto produto fixar no produto físico, mas antes na
 Integração de funções função que satisfaz. Para isso
 Otimização funcional do estudam-se as necessidades,
produto analisando:
 Substituição do produto  Que necessidade ou necessidades
por um serviço satisfaz o produto atual?
 Como se pode otimizar o
desempenho do produto?
 Pode-se desenvolver um sistema
alternativo que melhor atenda a
mesma necessidade?

O “brainstorming

Para ajudar a gerar ideias, recomenda-se a realização de uma sessão de "brainstorming". Consiste em
reunir diferentes pessoas de diferentes departamentos da empresa em torno das oito estratégias
existentes, para que todos possam expressar as ideias que lhes ocorram em relação a essas estratégias.

Projeto Certif-Ambiental // 81
No “brainstorming” é importante envolver os diferentes departamentos da empresa já que cada um
oferece uma perspetiva diferente, e isso pode enriquecer e promover o processo tendo em conta todas
as questões relevantes.

Por esta mesma razão, é também muito importante a presença da Gestão de Topo, que entenderá mais
facilmente as conclusões e isso facilitará a sua aprovação.

Existem algumas regras básicas do funcionamento do “brainstorming” que devem ser comunicadas aos
participantes no início da sessão.

Normas de funcionamento do “brainstorming”

 Expor todas as ideias.

 Não se admitem críticas.

 Dizer a primeira ideia que vier à mente.

 Importa a quantidade não a qualidade das ideias (já se terá em conta a qualidade na fase de
seleção).

 Podem-se fazer combinações com outras ideias. A ideia é do grupo e não individual.

Deve haver uma pessoa para conduzir o debate. Essa pessoa será preferencialmente do departamento
técnico ou de desenvolvimento de produtos e atuará como um líder natural de todo o projeto. As suas
funções serão:

 Convocar todos os participantes.

 Explicar o objetivo da reunião.

 Explicar as regras do brainstorming.

 Apresentar as oito estratégias para inspirar os participantes. Não é necessário seguir a ordem
das 8 estratégias. Estruturar a reunião pode retirar muita criatividade.

 Agilizar a reunião, para que seja ativa e sem momentos de silêncio. Para evitar isso, o próprio
líder deve lançar algumas novas ideias que estimulam os participantes ou, se há evidências de
que a criatividade se esgota, é preferível finalizar esta fase da reunião e prosseguir com a
seleção das melhores ideias a analisar. O líder deve permanecer neutro e não dirigir aos
participantes as suas próprias opiniões.

 Facilitar a seleção de ideias.

Após a sessão de “brainstorming” será feita a seleção de ideias. Para fazer isso, cada um dos
participantes deve dar a sua opinião sobre quais são as melhores. Todos os votos serão contados e
escolhem-se as 10-15 preferidas.

Este processo não tem de ser desenvolvido a partir de um ponto de vista técnico ou financeiro, mas a
partir da perspetiva do que são, na opinião de todos, as ideias mais interessantes para o produto – essa
avaliação será feita a posteriori.

Pode ser aconselhável em alguns casos comentar todas as ideias levantadas, para agrupar aquelas que,
na opinião do grupo, representam a mesma melhoria, e defini-las de forma prática antes de sua inclusão
nas especificações.

82 // Manual Prático de Ecodesign


VALORIZAÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE IDEIAS / MEDIDAS DE MELHORIA

Nesta fase já se conhecem as ideias mais pontuadas.

De seguida, deve proceder-se a uma valorização mais detalhada e priorizar cada uma delas. Devem ser
considerados os seguintes critérios de valorização:

 Viabilidade técnica
Refere-se à possibilidade de aplicar a ideia proposta com os meios técnicos disponíveis da
empresa.

 Viabilidade financeira
Avaliar a viabilidade económica de melhoria. A empresa tem condições para comportar os
custos económicos/financeiros?

 Benefícios esperados para o meio ambiente


Avaliar a importância para o Ambiente da ideia selecionada.

 Resposta positiva para os principais Fatores de Motivação


Se afeta positivamente os Fatores de Motivação que levou a empresa a fazer ecodesign é uma
ideia de maior valor.

Cada um destes pode ser avaliado, por exemplo, de acordo com os seguintes critérios:

2 Pontuação muito positiva/muito viável


1 Pontuação positiva/ viável
0 Pontuação neutra
-1 Pontuação negativa/ quase inviável
-2 Pontuação muito negativa/ de todo inviável

Além dos critérios listados aqui, cada empresa pode definir novos critérios, de acordo com as suas
características ou necessidades, ou dar um peso maior a alguns critérios face a outros.

Para a avaliação deve-se envolver outros departamentos que não intervieram anteriormente no
processo, como é o caso do departamento financeiro da empresa.

Após todas as medidas de melhoria selecionadas terem sido avaliadas, deve proceder-se à sua
priorização, decidir se cada uma é realmente interessante e aplicável a curto (CP), médio (MP) ou longo
prazo (LP). Isso será refletido numa lista de priorização.

Nesta fase, pode utilizar-se como uma ferramenta para alimentar a matriz de prioridades.

Todo o processo deve ser desenvolvido avaliando cuidadosamente cada um dos critérios relevantes
para a empresa envolvida, assistindo-se aos resultados nas próximas fases de desenvolvimento do
produto. Neste ponto, a supervisão por parte da Gestão de Topo será um aspeto essencial.

Projeto Certif-Ambiental // 83
④ DESENVOLVER CONCEITOS

INTRODUÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DE CONCEITOS

Na etapa 3 foram identificadas ideias de melhoria de desempenho ambiental e selecionadas as opções


mais relevantes a curto, médio e longo prazo, nomeadamente, em termos de Fatores de Motivação para
o ecodesign e benefícios ambientais esperados.

Esta etapa é o começo da fase de desenvolvimento propriamente dita, e que conduzirá eventualmente a
um novo produto.

A atividade de criação não segue um método passo a passo, mas é um processo iterativo (isto é, um
processo de avanços e retrocessos).

As ideias de melhoria de desempenho ambiental identificadas na etapa 3, definem de alguma forma as


novas exigências no design. Uma destas novas exigências, por exemplo, pode ser a conceção de um
produto que utiliza menos energia. Estes requisitos ambientais serão incluídos nas especificações a
desenvolver nesta etapa 4 e considerados em ideias concretas sobre o produto, proporcionando, assim,
conceitos de produtos, mas sem entrar em detalhes.

O objetivo desta fase é a obtenção de muitas soluções para o produto ou partes do produto que
atendam aos requisitos das especificações. Devem ser gerados conceitos alternativos que nos
encaminhem a encontrar a melhor opção. Naturalmente isto leva a divergências de opinião.

Ao desenvolvimento de todos os conceitos corresponde um aumento no número de possibilidades a


estudar. Portanto, é necessária convergência, que se consegue através da avaliação e seleção dos
melhores conceitos. Nesta seleção também estão incluídos critérios ambientais. O conceito selecionado
será desenvolvido posteriormente (etapa 5) com detalhe, o que implica um novo processo
divergente/convergente.

As diferenças desta etapa num projeto de ecodesign relativamente ao desenvolvimento de um


produto convencional são:
 Ponto de partida: os requisitos ambientais nas especificações do produto.
 Processo de avaliação e seleção do melhor conceito: tem-se em conta critérios ambientais
e são utilizadas ferramentas como eco-indicadores, ferramentas de software de Avaliação
do Ciclo de Vida, ou regras de ouro para essa seleção.

84 // Manual Prático de Ecodesign


Etapa 3. - Geração, avaliação
e seleção das ideias de IDENTIFICAÇÃO DE
melhoria ambiental IDEIAS DE MELHORIA

Especificações

Etapa 4. - Desenvolvimento GERAR CONCEITOS


do conceito do produto
SELECIONAR
CONCEITOS

Conceito de produto
selecionado

DESENVOLVIMENTO EM
Etapa 5. – Desenvolvimento
PORMENOR DO
detalhado do conceito
CONCEITO
selecionado
SELECIONADO
Seleção dos melhores detalhes e
conceção detalhada do novo produto

Figura 15 – Etapas para a Geração de um Conceito de Produto

ELABORAÇÃO DAS ESPECIFICAÇÕES DE NOVO PRODUTO

Como resultado das etapas anteriores, deve-se estabelecer uma especificação, que levará em conta
todas as especificações do produto, não só do ponto de vista ambiental, mas também as especificações
técnicas, ergonómicas, comerciais e económicas
Condições ambientais

Condições tradicionais Especificações


(técnicas, ergonómicas,
qualidade,…)

Figura 16 – Elaboração das Especificações do Produto

Projeto Certif-Ambiental // 85
As etapas anteriores focaram-se no ambiente. No entanto, nas próximas duas etapas o Ambiente é UM
dos requisitos do produto para a empresa, pois há alguns outros requisitos tão ou mais importantes do
que os requisitos ambientais: requisitos técnicos, económicos, da qualidade, etc., que não podem ser
ignorados em algum momento.

Se o designer é externo à empresa, a equipa de ecodesign deve transmitir-lhe claramente as exigências


ambientais incluídas nas especificações para a sua correta interpretação. Isto será mais fácil se o
designer tiver conhecimentos ambientais ou de ecodesign.

GERAÇÃO DE NOVOS CONCEITOS DE PRODUTO

Como já foi mencionado, o objetivo desta etapa é desenvolver conceitos de produtos. Esta etapa
prossegue o design preliminar, onde provisoriamente é definida a composição, forma e materiais do
produto.

Nesta fase, portanto, outros departamentos desempenham um papel importante, informando os


departamentos técnico ou de design. Assim, o departamento de marketing presta informação sobre
materiais alternativos, processos de produção detetados nos concorrentes, etc., enquanto o
departamento de compras é responsável por indicar informações sobre a sua disponibilidade no
mercado (fornecedores).

Para tal, devem ser recolhidas todas as informações pertinentes de forma periódica, informando o
departamento técnico ou de desenvolvimento de produtos sobre os resultados.

No caso de a empresa trabalhar com um designer externo, este deve reunir-se com os diferentes
departamentos da empresa no início desta etapa para ser informado sobre todos os dados recolhidos.

Devem ser consagrados em paralelo vários desenvolvimentos conceituais de soluções, a fim de


encontrar uma solução que cumpra as especificações da melhor maneira.

Há inúmeras maneiras de (re)criação de um produto, começando com um esboço do mesmo. Cada


designer tem seu próprio método e maneira de o fazer.

Quando as ideias de melhoria selecionadas (etapa 3 do projeto) são muito ambíguas, pode ser
necessário investigar ou desenvolver um pouco mais, e verificar quais as consequências que podem ter
sobre o produto. E.g.: Se a medida selecionada é "conceber uma cafeteira que consuma menos energia"
pode ser necessário investigar possíveis fontes de energia que possam ser utilizadas e como cada uma
afeta o produto.

Também podem ser usadas as ideias originais selecionadas no “brainstorming” que levou à criação de
especificações.

Quando temos um produto complexo que sabemos que terá muitos componentes (a determinação
detalhada destes terá lugar na fase seguinte), podemos dividi-lo em diferentes subsistemas funcionais,
todos eles inter-relacionados, formando o produto. Por sua vez, cada um terá diferentes peças, mas por
agora vamos considerar apenas os subsistemas de produtos.

A relação entre os diferentes subsistemas pode ser representada por fluxogramas.

SELEÇÃO DO CONCEITO DE PRODUTO

Nem todos os conceitos desenvolvidos nesta fase são úteis da mesma forma. Antes de se passar para a
próxima fase é necessária uma avaliação e seleção desses conceitos. Tem que se ter em conta a
possibilidade de combinar as melhores características de cada conceito em um só.

86 // Manual Prático de Ecodesign


Para selecionar entre os conceitos existentes, é útil construir uma tabela para avaliação dos mesmos.
Para isso, devem-se considerar os requisitos enunciados nas especificações. Uma vez que todos os
conceitos foram feitos considerando este documento como base, devem atender aos requisitos exigidos
no mesmo.

No entanto, observa-se que algumas funções satisfazem melhor do que as outras. Portanto, deve
continuar-se a avaliar cada um dos conceitos existentes com base na conformidade com os requisitos
das especificações.

Podem ser estabelecidos diferentes modos de avaliação (bom, regular, mau ou classificações 1-10). Com
todos estes valores deve ser feita uma estimativa global de cada um dos conceitos desenvolvidos.

Até agora, nesta etapa, a única coisa que difere de um design convencional é a valorização do
cumprimento dos requisitos ambientais.

Para a avaliação de melhoria do ambiente associada aos vários conceitos, podem ser úteis as
ferramentas utilizadas na etapa 2, para a análise de questões ambientais. A partir de estimativas que
contemplaram cada um dos conceitos relativos aos materiais e suas quantidades, processos, etc.,
obtemos uma aproximação da melhoria ambiental esperada.

Desta forma, pode-se ter uma ideia, não só de qual é o melhor conceito do ponto de vista ambiental,
mas também se é melhor do que o conceito anterior (em caso de redesign) ou do que os produtos
existentes no mercado.

Uma vez que ainda estamos numa fase preliminar, a informação disponível sobre cada conceito não é
exaustiva.

A avaliação será, portanto, subjetiva em muitos aspetos. Será particularmente importante a experiência
acumulada do departamento técnico ou de desenvolvimento de produtos da empresa, bem como do
designer externo, caso exista.

Neste último caso, será positivo que este detenha conhecimentos de ecodesign. Ainda assim, a empresa
vai decidir e escolher o conceito final. É interessante que os critérios ambientais sejam discutidos e
justificados por ambas as partes para assegurar que os objetivos e requisitos compreendidos por ambas
as partes são os mesmos.

Esta etapa termina com a seleção de um dos conceitos. Na próxima etapa, prossegue-se o seu
desenvolvimento em pormenor (e, dependendo do conceito selecionado, pode-se começar a ter em
conta os planos de fabricação e de comercialização).

Nessa fase, algumas das ideias selecionadas na fase anterior que foram baseadas nas especificações de
requisitos ambientais, podem ser substituídas ou complementadas por ideias melhores que possam ter
surgido durante o desenvolvimento de conceitos.

Projeto Certif-Ambiental // 87
⑤ PRODUTO EM DETALHE

INTRODUÇÃO À DEFINIÇÃO DO NOVO PRODUTO EM DETALHE

Depois de gerar conceitos de produtos (etapa 4), esta etapa tem como objetivo a definição detalhada do
conceito selecionado para o design final. Deve determinar as dimensões exatas, materiais e as técnicas
de produção.

Tal como na etapa anterior, o processo é iterativo e altamente caótico. A definição do produto evoluirá
a partir de uma definição grosseira até chegar ao nível do detalhe.

Nesta etapa e na anterior, o ambiente não é o único aspeto a ser tido em conta, contrariamente ao que
sucedia nas três primeiras etapas. No entanto, contrariamente a processos de desenvolvimento de
produto convencionais, o ambiente é mais um aspeto a ser avaliado e tido em consideração, entre
outros: económicos, técnicos, estéticos, ergonómicos, etc.

DEFINIR O PRODUTO EM DETALHE

O resultado desta etapa é a conceção final do produto, quase pronto para a produção e introdução no
mercado.

Embora o designer / equipa de projeto pormenorize o produto como um todo, provavelmente serão
feitos os esboços das peças. Isto significa que, na prática, a diferenciação entre as etapas 4 e 5 não é tão
estrita (é normal a conceção de um processo iterativo ser trabalhada em várias etapas em simultâneo).

 Num primeiro passo, definem-se as características do conceito selecionado na etapa 4.


Tomam-se as principais decisões sobre a forma e a construção do produto. Pode-se então
determinar os aspetos ambientais, funcionalidade, fiabilidade, capacidade de fabrico e custos.
Como resultado, temos planos gerais que mostram as principais dimensões e listas de materiais
preliminares.

 O segundo passo é a definição exata do número de peças, cada forma geométrica, dimensões,
tolerâncias, materiais e propriedades superficiais. O projeto deve ser representado em
desenhos gerais, desenhos em pormenor e listas de materiais e, se for o caso, protótipos.

Nesta etapa, o designer deve levar em conta todos os tipos de especificações. Algumas delas serão
ambientais. Para definir o produto, pode ser útil contactar fornecedores para identificar alternativas de
materiais ou componentes mais verdes, de menor custo ou com uma melhor funcionalidade.

Ao mesmo tempo, para ajudar na seleção de materiais e processos de um ponto de vista ambiental,
pode ser útil o uso de eco-indicadores ou qualquer uma das ferramentas de software de avaliação do
ciclo de vida.

SELEÇÃO DOS DETALHES DO CONCEITO DE PRODUTO

No processo de conceção em detalhe para um determinado aspeto podem ser identificadas várias
soluções. Após a análise, o designer ou equipa de projeto devem selecionar a melhor.

Em cada um dos casos, pode fazer-se um quadro comparativo das diferentes alternativas, de forma
semelhante ao que vimos no capítulo anterior, em que os aspetos funcionais são valorizados.

Nesta ocasião, os aspetos a serem avaliados são mais específicos do que no capítulo anterior. A
metodologia seguida é semelhante.

88 // Manual Prático de Ecodesign


No momento de recolha de dados para valorização dos pormenores do conceito, deve ter-se em
atenção os seguintes pontos:

 Calcular o custo do produto final.


 Desenvolver questionários a um grupo de utilizadores para saber como o novo design se
adapta às suas necessidades (pode ser uma tarefa do departamento de marketing).
 Utilizar eco-indicadores ou ferramentas de análise dos principais aspetos ambientais.
 Realizar testes ou protótipos para observar a viabilidade de cada um dos detalhes definidos.

Projeto Certif-Ambiental // 89
⑥ PLANO DE AÇÃO

INTRODUÇÃO

Uma vez implementada a metodologia e utilizadas as ferramentas de ecodesign, chega-se a uma série
de medidas de melhoria a implementar a médio e longo prazo no produto projetado (presume-se que a
curto prazo já foram ou estão a ser implementadas). Uma vez que esta é uma nova experiência de
negócio para a empresa, se tudo não estiver devidamente organizado, pode acontecer que algumas das
medidas não cheguem a ser implementadas.

O mesmo pode acontecer com a metodologia de ecodesign, o que, devido à inércia dos métodos de
trabalho habituais, pode não voltar a ser utilizada no desenvolvimento de novos produtos se não estiver
ligada a todas as outras ferramentas de gestão.

Para evitar essa situação e tirar o máximo proveito da experiência obtida, é requisito indispensável
estabelecer um plano de ação ao nível do produto e ao nível de toda a empresa no futuro.

Estabelecendo-se um plano de ação ao nível do produto garante-se que as medidas interessantes para
os produtos não são esquecidas e que poderão vir a ser implementadas.

Estabelecendo-se um plano de ação ao nível da empresa, consegue-se envolver o departamento de


desenvolvimento de produto e de outros departamentos da empresa, assegurando-se que os produtos
são desenvolvidos tendo em conta o meio ambiente, ou seja, interiorizando a metodologia de
ecodesign.

Além disso, o facto de se estabelecer um plano de ação geral a nível da empresa, coordenando os
diferentes departamentos, proporciona outros benefícios derivados do uso de ecodesign: marketing
verde, coordenação entre os requisitos de qualidade e meio ambiente, etc.

PLANO DE AÇÃO DO PRODUTO A MÉDIO E LONGO PRAZO

De acordo com as medidas de melhoria ambiental geradas e priorizadas, as ações realizadas


(relativamente ao desenvolvimento de novos produtos) podem apresentar uma visão distinta em
termos de prazos.

Agora é o momento de se estabelecer um plano de ação que reúna todas as medidas de melhoria
ambiental selecionadas, ainda que não implementadas (as de médio e longo prazo), definindo o seu
prazo de implementação, ações necessárias para o efeito e pessoa responsável por tais ações.

PLANO DE AÇÃO DE ECODESIGN A NÍVEL DA EMPRESA

Uma vez utilizada a metodologia e as ferramentas de ecodesign pela primeira vez, no departamento de
desenvolvimento de produtos, devem tirar-se conclusões sobre quais dessas ferramentas são
interessantes para a empresa e como podem ser integradas no processo de design de novos produtos.

Para isso, propõem-se os seguintes passos:

1. Realizar uma reunião no departamento de desenvolvimento de produtos em que se analisem a


metodologia de ecodesign e todas as fases do processo de desenvolvimento de produto na
empresa (incluindo ações tomadas por outros departamentos: troca de informações entre
departamento de marketing e departamento de desenvolvimento de produto e outros
departamentos) e tentar perceber como integrar as diferentes metodologias.

90 // Manual Prático de Ecodesign


Tentar também integrar tudo isso com outras ferramentas de gestão (ISO 9001, ISO 14001, etc.).

2. Fruto desta análise, estabelecer um plano de ação, desta vez a nível empresarial, para identificar
as alterações necessárias no plano de desenvolvimento do produto, ISO 9001 ou ISO 14001, no
departamento responsável, as tarefas necessárias e a sua periodicidade.

3. No último passo procede-se ao desenvolvimento ou adaptação das ferramentas necessárias.

Note-se que enquanto as ferramentas podem e devem ser adaptadas às necessidades específicas da
empresa, é importante não ignorar qualquer uma das fases da metodologia de ecodesign: embora
algumas pareçam mais interessantes ou importantes que outras, todas estão relacionadas e todas têm
importância.

Após o primeiro projeto de ecodesign feito, é aconselhável “ancorar” na empresa a experiência e


conhecimentos adquiridos. Quando esta ancoragem é feita corretamente, atinge-se uma melhoria
contínua dos aspetos ambientais dos produtos. O acompanhamento sistemático e melhoria dos aspetos
ambientais dos produtos dentro de uma organização assumem a forma de "produtos orientados para
sistemas de gestão ambiental".

O caminho para garantir o foco contínuo nos aspetos ambientais dos produtos é através da integração
dos resultados do projeto de conceção ecológica (no que diz respeito ao conhecimento e experiência),
dentro do sistema de gestão ambiental, ou dentro do sistema da qualidade de uma empresa.

De seguida fornece-se uma orientação sobre como integrar o ecodesign com as normas ISO 9001 e ISO
14001.

Ancoragem do ecodesign na norma ISO 9001

A ISO 9001 é uma norma globalmente aceite para a gestão da qualidade. O sistema é baseado num ciclo
em que se formulam políticas, objetivos e missão e, com base nesse estudo, procede-se à elaboração e
implementação de programas. Numa fase posterior, avalia-se o cumprimento de objetivos, tarefas e
ações corretivas estabelecidas.

Tal como a norma ISO 14001, a norma ISO 9001 oferece a oportunidade de ancorar a gestão ambiental
orientada para o produto. No âmbito da ISO 9001, as empresas podem integrar os aspetos ambientais
no desenvolvimento de produtos, incluindo requisitos ambientais sobre os critérios em que se baseiam
os produtos. Uma das possibilidades específicas é, por exemplo, a implementação de aspetos
ambientais nos procedimentos de compra.

Ancoragem do ecodesign na norma ISO 14001

Estritamente falando, a norma internacional ISO 14001 já pressupõe que as empresas, na


implementação desta norma, devem levar em conta o impacte ambiental dos seus produtos. Assim, a
cobertura estende-se a todo o sistema: em vez de controlar e melhorar apenas o impacte ambiental dos
processos de produção, o objetivo das empresas é controlar e minorar o impacte ambiental do produto
durante o seu ciclo de vida. Isto implica que a atenção para o impacte ambiental tem de se concentrar
na sua produção, mas não só.

Os aspetos fundamentais a ter em conta neste processo são os seguintes:

 Determinação dos aspetos ambientais dos produtos.


 Formulação de uma política ambiental para o produto.
 Medidas para reduzir o impacto ambiental de um produto.

Projeto Certif-Ambiental // 91
⑦ AVALIAÇÃO

PORQUÊ AVALIAR O PROJETO DE ECODESIGN

A avaliação do projeto ecodesign vai servir para ver em que medida estão a ser respeitados ou
melhorados os Fatores de Motivação que levaram a empresa a fazer ecodesign e a estabelecer
mecanismos para tirar o máximo proveito das melhorias.

Além disso, da avaliação pode resultar informação valiosa para formar, informar e motivar o pessoal
INTERNAMENTE e que possibilite a inclusão de marketing verde ou estratégias de marketing verde, ou
para informar outros agentes EXTERNAMENTE (grupos sociais de pressão, instituições de apoio
financeiro, grupos empresariais, organizações ambientais, etc.).

COMO AVALIAR O PROJETO DE ECODESIGN

Há muitas maneiras de avaliar um projeto de ecodesign, sendo que cada empresa integra na sua
metodologia diferentes procedimentos de avaliação de projetos.

No entanto, considera-se que há um certo número de critérios genéricos a ter em conta nesta avaliação:

 Avaliar a melhoria dos principais aspetos ambientais, comparando os principais aspetos


ambientais do novo produto com o produto de partida (quando possível) e verificar o
cumprimento das exigências ambientais estabelecidas.

 Analisar como as melhorias ambientais afetam o cumprimento de Fatores de Motivação. Ou


seja, analisar em que medida foram alcançados os objetivos para os quais se começou a
trabalhar em ecodesign.

 Conjugar as melhorias ambientais e o cumprimento dos Fatores de Motivação e comunica-las


da forma mais conveniente às partes interessadas (NÃO UTILIZAR DIRETAMENTE OS VALORES
DOS ECO-INDICADORES PARA MARKETING. SÃO UMA FERRAMENTA DE AVALIAÇÃO E
ANÁLISE INTERNA).

APLICAÇÕES PRÁTICAS DA AVALIAÇÃO DO PROJETO DE ECODESIGN: MARKETING VERDE

Os resultados da avaliação do projeto de ecodesign podem ser utilizados para diferentes objetivos em
cada empresa, nomeadamente:

 Avaliação ou justificação interna do projeto de ecodesign.

 Documentação que sirva de guia para futuros projetos de ecodesign dentro da empresa por
exemplo, percentagem de melhorias que são possíveis num aspeto concreto).

Mas há outros dois aspetos de interesse comum para a maioria das empresas, a saber:

Motivação dos colaboradores

Se foi definido um plano de ação a nível da empresa para a interiorização da metodologia de ecodesign,
os resultados do projeto são fundamentais para motivar cada departamento a realizar as tarefas que lhe
são confiadas, eliminando a ideia do ecodesign como uma obrigação adicional, mas antes como uma
oportunidade para melhorar os produtos e o meio ambiente. Propõe-se, portanto, utilizar estes
resultados como um material-chave para o lançamento do plano de ação da empresa em ecodesign.

92 // Manual Prático de Ecodesign


O marketing verde

Se o desempenho ambiental é um importante diferencial para a empresa ou para a melhoria da


qualidade do produto, pode ser muito interessante integrar melhorias ambientais nas campanhas de
marketing da empresa e começar a trabalhar em MARKETING VERDE.

Figura 17 – Marketing Verde

No entanto, o marketing verde não é tão simples como pode parecer a priori: tal como outras
estratégias de marketing, requer técnicas específicas, e referindo-se a uma questão tão importante e
global como o ambiente, deve ser baseado numa série de princípios básicos.

Normalmente, como mostrado na figura acima, o desenho das campanhas começa geralmente em
paralelo com as fases de distribuição e venda. Trabalhando em ecodesign, o marketing tem que ser
influenciado por todas as fases e tem de influenciar (através da análise dos Fatores de Motivação) todas
as fases do ciclo de vida.

Princípios básicos do Marketing Verde

 Estar e ficar a par das tendências / desenvolvimento / futura legislação.


 Levar em conta os novos "stakeholders" ou agentes envolvidos.
 Não basta falar em "verde", mas sim "ser verde":
o Integridade.
o Ser proativo (e não apenas cumprir os requisitos obrigatórios).
o Estender o ecodesign a todos os departamentos.
o A Gestão de Topo deve estar atenta e motivada.
o Motivar - envolver - formar funcionários.
 Não há nenhuma linha de meta, é um processo de melhoria contínua.
 A empresa deve ser acessível ao público e a informação transparente.

Projeto Certif-Ambiental // 93
6.3. Ferramentas de Apoio à Implementação do
Ecodesign
Ao longo deste manual citamos várias ferramentas de ecodesign. No quadro seguinte apresenta-se uma
listagem das ferramentas aplicáveis a cada etapa de implementação dum projeto de ecodesign.

Quadro 22 – Listagem de Ferramentas Aplicáveis a cada Etapa de


Implementação dum Projeto de Ecodesign

ETAPA FERRAMENTA
1. – Preparação do
 Tabela de critérios para a seleção de um produto.
Projeto
 Folha de trabalho de fatores de motivação externos.
 Folha de trabalho de fatores de motivação internos.

2. – Aspetos Ambientais
 Matriz MET.
 Eco-indicadores.
 Tabela de ferramentas de software para a Avaliação do Ciclo
de Vida.

3. – Ideias de Melhoria
 Ferramentas para a geração de ideias de melhoria:
o As 8 estratégias de Ecodesign.
o Brainstorming.
 Ferramentas para valorização de ideias de melhoria:
o Matriz de prioridades.

4. – Desenvolvimento de
 Técnicas criativas.
Conceitos
 Ferramentas de seleção.
 Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
aspetos ambientais do produto.

5. – Produto em Detalhe
 Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
aspetos ambientais do produto.

6. – Plano de Ação
 Plano de ação do produto a médio e longo prazo.
 Plano de ação a nível de empresa de ancoragem do Ecodesign
com os procedimentos de desenvolvimento de produtos.
 Plano de Ação a nível da empresa de ancoragem do Ecodesign
à norma ISO 9001.
 Plano de Ação a nível da empresa de ancoragem do Ecodesign
à norma ISO 14001.

7. – Avaliação
 Tabela de avaliação dos resultados.
 Referências bibliográficas sobre marketing ecológico.

94 // Manual Prático de Ecodesign


6.4. Fichas de Apoio à Implementação de Ecodesign

Seguidamente apresentam-se modelos de registos de apoio à implementação de algumas das


ferramentas de ecodesign identificadas. São meramente um ponto de partida, cabendo a cada empresa
adaptar cada um dos modelos às suas próprias necessidades.

ETAPA 1. – PREPARAÇÃO DE UM PROJETO DE ECODESIGN

TABELA DE CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE UM PRODUTO

CRITÉRIOS PARA SELEÇÃO DE UM PRODUTO:


 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …
 …

Os critérios para a seleção de um produto são específicos de cada empresa, mas geralmente seguem as seguintes
orientações:
 O produto tem de ter um número de graus de liberdade suficiente para permitir a sua modificação.
(e.g. – O produto saco plástico de polietileno (PE) não tem graus de liberdade nem quanto à forma ou
ao material utilizado, etc., e por isso não é interessante para fazer ecodesign).
 O produto deve ser preferencialmente aquele que seja principalmente afetado pelos fatores de
motivação para o ecodesign e para a empresa, já que isto está relacionado com os benefícios potenciais
que a empresa vai obter a partir deste projeto.
(e.g. - Se a introdução de critérios ambientais na conceção de um produto A pode promover o
cumprimento da legislação ambiental, melhorar o seu marketing e dar ao produto o caráter inovador
que ele necessita, será mais interessante para ecodesign este produto A, do que um produto B que não
é afetado por qualquer um desses fatores através da introdução de critérios ambientais na sua
conceção).
 Adicionalmente no caso de ser o primeiro produto em que se introduzem critérios de ecodesign, é
interessante que o produto ou parte do mesmo que vai ser modificado seja relativamente simples, já
que isto favorece a obtenção de resultados rápidos e com isso aumenta a motivação para o ecodesign.

Figura 18 – Tabela de Critérios para a Seleção de um Produto

Projeto Certif-Ambiental // 95
FOLHA DE TRABALHO DE FATORES DE MOTIVAÇÃO EXTERNOS
 ...
GESTÃO DE TOPO:
 …
Legislação e Regulação
 …

 ...
MERCADO:
 …
Exigências dos Clientes
 …

 ...
CONCORRENTES:
 …
O que eles fazem em
 …
Ecodesign

 ...
ENVOLVENTE SOCIAL:
 …
Responsabilidade
 …
Ambiental

 …
ORGANIZAÇÕES SETORIAIS
 …
 …

 ...
FORNECEDORES:
 …
Inovações Tecnológicas
 …
Figura 19 – Folha de Trabalho de Fatores de Motivação Externos

FOLHA DE TRABALHO DE FATORES DE MOTIVAÇÃO INTERNOS


 ...
Aumento da Qualidade do
Produto  …
 …

 …
Melhoria da Imagem do
Produto e da Empresa  …
 ...

 ...
Redução de Custos
 …
 …

 ...
Poder de Inovação
 …
 …

 ...
Sentido de
Responsabilidade  …
Ambiental da Gestão de  …
Topo

 ...
Motivação dos
Colaboradores  …
 …
Figura 20 – Folha de Trabalho de Fatores de Motivação Internos

96 // Manual Prático de Ecodesign


ETAPA 2. – ASPETOS AMBIENTAIS

MATRIZ MET

Uso de MATERIAIS Uso de ENERGIA EMISSÕES TÓXICAS


M E (Saídas: emissões, T
(Entradas) (Entradas) derrames, resíduos)

Obtenção e
Consumo de
Materiais e
Componentes

Produção em
Fábrica

Distribuição

Uso ou Utilização

Sistema de Fim de
Vida
Eliminação Final

Figura 21 – Matriz MET

Projeto Certif-Ambiental // 97
ECO-INDICADORES

ANTES DEPOIS
Produto ou componente Projeto Produto ou componente Projeto

Data Autor Data Autor

Notas e conclusões Notas e conclusões

Produção (Materiais , processos e transporte) Produção (Materiais , processos e transporte)


Material ou Material ou
Quantidade Indicador Resultado Quantidade Indicador Resultado
processo processo

Total Total

Uso (Transporte , energia e materiais auxiliares) Uso (Transporte , energia e materiais auxiliares)
Material ou Material ou
Quantidade Indicador Resultado Quantidade Indicador Resultado
processo processo

Total Total

Resíduos (Para cada tipo de material) Resíduos (Para cada tipo de material)
Material ou Material ou
Quantidade Indicador Resultado Quantidade Indicador Resultado
processo processo

Total Total

TOTAL (todas as fases) TOTAL (todas as fases)

Figura 22 – Eco-Indicadores

98 // Manual Prático de Ecodesign


ETAPA 3. – IDEIAS DE MELHORIA

FERRAMENTAS PARA A GERAÇÃO DE IDEIAS DE MELHORIA: As 8 Estratégias de Ecodesign

Estratégias de Melhoria Medidas Associadas


1.- Selecionar materiais de baixo  Materiais mais limpos
Obtenção e Consumo de impacto  Materiais renováveis
Materiais e Componentes
 Materiais de menor conteúdo de
energia
 Materiais reciclados
 Materiais recicláveis
2. – Reduzir o uso de material  Redução do peso
 Redução do volume (de transporte)

3. – Selecionar técnicas de produção  Técnicas de produção alternativas


Produção em Fábrica ambientalmente eficientes  Menos etapas de produção
 Menor consumo de energia/mais
limpa
 Consumíveis de produção: menos e
mais limpos

4.- Selecionar formas de distribuição  Embalagens: menos/mais


Distribuição ambientalmente eficientes limpas/reutilizáveis
 Modo de transporte eficiente em
energia

5. – Reduzir o impacto ambiental na  Menor consumo de energia


Uso ou Utilização fase de utilização  Fontes de energia mais limpas
 Menor necessidade de combustível
 Consumíveis mais limpos
 Evitar desperdícios de energia

6. – Otimizar o Ciclo de Vida  Fiabilidade e durabilidade


Sistema de Fim de Vida
 Manutenção e reparação mais fácil
Eliminação Final  Estrutura modular do produto
 Desenho clássico
 Forte relação produto - utilizador
7. – Otimizar o sistema de fim de vida  Reutilização do produto
 Re-fabricação/ modernização
 Reciclagem de materiais
 Incineração mais segura

8. – Otimizar a função  Uso compartilhado do produto


Novas Ideias de Produto
 Integração de funções
 Otimização funcional do produto
 Substituição do produto por um
serviço

Figura 23 – Ferramentas para a Geração de Ideias de Melhoria: As 8 Estratégias de Ecodesign

Projeto Certif-Ambiental // 99
FERRAMENTAS PARA A GERAÇÃO DE IDEIAS DE MELHORIA: Brainstorming

Estratégias de Melhoria Medidas Associadas


1.- Selecionar materiais de baixo  …
Obtenção e Consumo de impacto  …
Materiais e Componentes
 …
 …
 …
 …
2. – Reduzir o uso de material  …
 …
 …
 …
 …
 …

3. – Selecionar técnicas de produção  …


Produção em Fábrica ambientalmente eficientes  …
 …
 …
 …
 …

4.- Selecionar formas de distribuição  …


Distribuição ambientalmente eficientes  …
 …
 …
 …
 …

5. – Reduzir o impacto ambiental na  …


Uso ou Utilização fase de utilização  …
 …
 …
 …
 …

6. – Otimizar o Ciclo de Vida  …


Sistema de Fim de Vida
 …
Eliminação Final  …
 …
 …
 …
7. – Otimizar o sistema de fim de vida

8. – Otimizar a função  …
Novas Ideias de Produto
 …
 …
 …
 …
 …

Figura 24 – Ferramentas para a Geração de Ideias de Melhoria: Brainstorming

100 // Manual Prático de Ecodesign


Medidas Selecionadas Agrupamento e definição prática das medidas

Obtenção e Consumo de Materiais e


Componentes

Obtenção e Consumo de Materiais e


Componentes

Produção em Fábrica

Produção em Fábrica

Distribuição Distribuição

Uso ou Utilização

Uso ou Utilização
Sistema de Fim de Vida
Eliminação Final

Sistema de Fim de Vida


Eliminação Final
Novas Ideias de Produto

Novas Ideias de Produto

Projeto Certif-Ambiental // 101


FERRAMENTAS PARA A VALORIZAÇÃO DE IDEIAS DE MELHORIA: Matriz de prioridades

Resposta aos
Medidas Viabilidade Viabilidade Benefícios para
fatores de Prioridade
selecionadas técnica financeira o ambiente
motivação

Obtenção e consumo de materiais e componentes

Produção em fábrica

Distribuição

Uso ou utilização

Sistema de fim de vida


Eliminação final

Novas ideias de produto

2 Pontuação muito positiva/muito CP Curto Prazo


viável MP Médio Prazo
1 Pontuação positiva/ viável LP Longo Prazo
0 Pontuação neutra
-1 Pontuação negativa/ quase inviável
-2 Pontuação muito negativa/ de todo
inviável

Figura 25 – Ferramentas para a Valorização de Ideias de Melhoria: Matriz de Prioridades

102 // Manual Prático de Ecodesign


ETAPA 4. – DESENVOLVIMENTO DE CONCEITOS

TÉCNICAS E FERRAMENTAS

NÃO EXISTEM FORMULÁRIOS ESPECÍFICOS DE NOVAS TÉCNICAS / FERRAMENTAS

 Técnicas criativas: as utilizadas habitualmente pela empresa e/ou pelos colaboradores externos.
 Ferramentas de seleção: as utilizadas habitualmente pela empresa e/ou pelos colaboradores
externos.
 Ferramentas selecionadas pela empresa para estudar os aspetos ambientais do produto (MET,
ferramentas de software Eco-indicador).

Figura 26 – Técnicas / Ferramentas para Desenvolvimento de Conceitos

ETAPA 5. – PRODUTO EM DETALHE

FERRAMENTAS

NÃO EXISTEM FORMULÁRIOS ESPECÍFICOS DE NOVAS FERRAMENTAS

 Ferramentas selecionadas pela empresa para estudar os aspetos ambientais do produto (MET,
ferramentas de software Eco-indicador).

Figura 27 –Ferramentas para Estudo do Produto em Detalhe

Projeto Certif-Ambiental // 103


ETAPA 6. – PLANO DE AÇÃO

PLANO DE AÇÃO DO PRODUTO A MÉDIO E LONGO PRAZO


Prazo e/ou
Medidas de melhoria Prazo Ações Responsável
Periodicidade

Figura 28 – Plano de Ação do Produto a Médio e Longo Prazo

PLANO DE AÇÃO A NÍVEL DE EMPRESA DE ANCORAGEM DO ECODESIGN COM OS PROCEDIMENTOS


DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
Fase de Fase de Ecodesign
Data
desenvolvimento de integrado Tarefa Responsável
/Periodicidade
produtos (manual)

Figura 29 – Plano de Ação a Nível de Empresa de Ancoragem do Ecodesign com os Procedimentos de


Desenvolvimento de Produtos

104 // Manual Prático de Ecodesign


7. CONCLUSÃO
Todos os produtos têm um impacte ambiental em cada etapa do seu ciclo de vida, o que se verifica,
por exemplo, com a extração de recursos naturais, a aquisição de matérias-primas, a produção, a
distribuição, a utilização (aplicação), a reutilização, o tratamento de fim de vida, incluindo a sua
eliminação final. Estes impactes variam de ligeiros a significativos, podem ser de curto prazo ou de longo
prazo, e ocorrer a nível local, regional ou global.

Os potenciais impactes ambientais dos produtos podem ser reduzidos ao ter em conta questões
ambientais durante o seu ciclo de vida.

Sendo assim, encarar o desenvolvimento do produto com uma visão mais abrangente, considerando as
perspetivas ambientais e económicas, com foco na otimização global da performance ambiental é papel
daqueles que elaboram hoje as estratégias dos produtos que serão apresentados ao mercado amanhã.

O ecodesign consiste no método de projetar, que visa evitar ou diminuir, os impactos ambientais. Não
se trata apenas de “limpar”, mas principalmente de “não sujar”, levando-se isso em conta em todas as
fases de projeto.

O objetivo do ecodesign é reduzir o impacte ambiental do produto ao longo de todo o seu ciclo de vida.

É de fundamental importância que as empresas que desejam liderar os seus mercados adotem as
práticas de ecodesign face aos benefícios que lhes aportam, nomeadamente redução de custos,
inovação, cumprimento de legislação ambiental, melhor cumprimento das exigências dos clientes,
aumento da qualidade dos produtos e melhoria da imagem dos produtos e das empresas, tornando-as
mais competitivas no mercado global.

Projeto Certif-Ambiental // 105


8. BIBLIOGRAFIA
 NORMA NP EN ISO 14040:2008
Gestão ambiental
Avaliação do ciclo de vida
Principios e enquadramento

 NORMA NP EN ISO 14006:2013


Sistemas de gestão ambiental
Linhas de orientação para integração do ecodesign

 NORMA NP EN ISO 14001:2012


Sistemas de gestão ambiental
Requisitos e linhas de orientação para sua utilização

 DNP CEN GUIA 4


Guia para a abordagem de questões ambientais em normas de produto

 DECRETO-LEI Nº 12/2011, de 24 de janeiro


No âmbito da Estratégia Nacional da Energia 2020, estabelece os requisitos para a concepção
ecológica dos produtos relacionados com o consumo de energia e transpõe a Directiva n.º
2009/125/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Outubro.

 MANUAL DE ECODESIGN
INEDIC – Innovation and ecodesign in the ceramic industry.

 FRED – FERRAMENTA PARA RELATÓRIOS DE ECODESIGN


CARVALHO, V.M.F.A.; Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto;
2009.

 RELATÓRIO PROFISSIONAL
DUARTE, E.G.; Universidade de Aveiro; 2012.

 MANUAL PRÁTICO DE ECODESIÑO – OPERATIVA DE IMPLANTACIÓN EN 7


PASOS
Gobierno Vasco; 2000.

 www.ihobe.net

106 // Manual Prático de Ecodesign


AEP
Associação Empresarial de Portugal | Projeto Certif-Ambiental
Manual Prático de Ecodesign
T 22 998 1541 | F 22 998 1771
projectos.especiais@aeportugal.com
www.aeportugal.pt

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