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Título
Manual Prático de Ecodesign
Projeto
Certif-Ambiental
Entidade Promotora
AEP- Associação Empresarial de Portugal
Gabinete de Projetos Especiais
Equipa
Conceição Vieira
Joaquim Alves
Manuela Roque
Tiragem
100 exemplares
ISBN
978-972-8702-83-0
Depósito Legal
370462/14
Dezembro 2013
PREFÁCIO
O atual ambiente de negócios caracteriza-se por rápidas mudanças que envolvem a esfera
política, económica, social e cultural da sociedade, tendo uma dimensão geográfica que
ultrapassa as fronteiras nacionais para se tornarem mundiais.
O cenário contemporâneo exige das organizações maiores competências para inovar e gerar
melhorias de forma contínua. Como resultado deste processo de adaptação, novas estratégias
e/ou ferramentas de gestão acabam por ser desenvolvidas, como forma de readequação à
competitividade, produtividade e sustentabilidade do negócio.
A AEP – Associação Empresarial de Portugal está convicta que, com esta iniciativa, ofere ce ao
setor empresarial um modesto e incontornável contributo para a promoção de um
desenvolvimento sustentável.
ÍNDICE GERAL
1 INTRODUÇÃO 11
2 O ECODESIGN NO MUNDO EMPRESARIAL 12
2.1 Introdução 12
2.2 Ecodesign e as Empresas 14
2.3 Fatores de Motivação para o Ecodesign 20
2.4 Conceção Ecológica de Produtos Relacionados com o Consumo de
Energia 21
3 FERRAMENTAS DE ECODESIGN 28
3.1 Enquadramento 28
3.2 Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) 32
3.3 Diagrama de Estratégias de Ecodesign (DEE) 34
3.4 Listas de Verificação do Ecodesign 37
4 ASPETOS AMBIENTAIS A CONSIDERAR NA ABORDAGEM AMBIENTAL AO DESIGN DO PRODUTO 40
4.1 Identificação dos Aspetos Ambientais de um Produto 40
4.2 Metodologia para Identificação dos Aspetos Ambientais de um Produto 43
4.3 Listas de Verificação Ambiental 46
5 INTEGRAÇÃO DO ECODESIGN NO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL 55
6 METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM PROJETO DE ECODESIGN 60
6.1 Etapas de Metodologia de Implementação de Ecodesign 60
6.2 Descrição das Etapas de Implementação do Ecodesign 63
6.3 Ferramentas de Apoio à Implementação do Ecodesign 94
6.4 Ficha de Apoio à Implementação de Ecodesign 95
7 CONCLUSÃO 105
8 BIBLIOGRAFIA 106
Projeto Certif-Ambiental // 7
ÍNDICE DE FIGURAS
Projeto Certif-Ambiental // 9
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento do mundo e o progresso das sociedades ao longo da história está associado ao
crescimento económico. De facto, os períodos de maior crescimento económico foram frequentemente
épocas de desenvolvimento a todos os níveis da condição humana.
Numa sociedade crescentemente consumista e exigente, os produtos fornecidos pelas empresas são
fundamentais para a riqueza da sociedade e para a qualidade de vida desejada. No entanto, o crescente
consumo de bens e serviços está também, direta ou indiretamente, na origem da maior parte da
poluição causada pelas sociedades, bem como pelo esgotamento de recursos naturais.
Todos os produtos causam impactes ambientais durante o seu ciclo de vida de alguma forma, desde a
extração da matéria-prima, produção e uso, até à gestão e deposição dos resíduos. Esses efeitos
ambientais resultam de decisões inter-relacionadas feitas em vários estágios do ciclo de vida do
produto.
O desafio de tornar os produtos mais ecológicos deve ser assumido primordialmente pelas empresas e
pelos consumidores, visto que as principais decisões relativas aos impactes ambientais dos produtos são
tomadas na fase de projeto e no estabelecimento comercial. A preparação de uma estratégia
generalizada para a integração das questões ambientais no processo de design de produtos deve
considerar a complexidade e a diversidade dos produtos e a rápida evolução do conhecimento no
domínio do design.
O ecodesign surge como uma nova abordagem ao processo de design, uma abordagem com
preocupações ambientais no desenvolvimento de novos produtos, com vista a uma produção mais
eficiente, com menor geração de poluição.
Depois de uma introdução que faz o enquadramento ao ecodesign é apresentado um capítulo com
abordagem ao ecodesign no Mundo Empresarial.
A AEP – Associação Empresarial de Portugal espera que este manual seja uma ferramenta que sirva de
instrumento facilitador às empresas que pretendam implementar práticas de ecodesign.
Projeto Certif-Ambiental // 11
2. O ECODESIGN NO MUNDO EMPRESARIAL
2.1. Introdução
Analisando a origem etimológica da palavra ecodesign, chegamos à junção de duas palavras: eco, de
origem grega, que significa casa ou lar, e que é muitas vezes utilizada para designar o ambiente; design,
de origem anglo-saxónica, que pode significar projeto industrial dum produto de aplicação comum e em
que a utilidade prática deve estar associada a aspetos como a beleza, elegância, entre outros.
Num sentindo amplo, o ecodesign pode significar, segundo alguns autores, produtos, serviços, híbridos
ou mudanças no sistema que minimizam os aspetos negativos e maximizam os aspetos positivos dos
impactes na sustentabilidade – a nível económico, ambiental, social e ético – durante e após o ciclo de
vida dos produtos e das soluções existentes, enquanto preenchem as necessidades e expectativas
sociais aceitáveis.
Definições semelhantes são propostas por diversos autores: Segundo Park (2008), “o ecodesign é uma
atividade que identifica os aspetos ambientais de um produto e os integra posteriormente no processo
de design, numa fase inicial do seu desenvolvimento”; por Schischke (2005), que afirma que o ecodesign
é a redução dos impactes ambientais de todo o ciclo de vida, através da melhoria da conceção dos
produtos; por Hemel (2002), para quem ecodesign é a luta sistemática e consistente para melhorar o
perfil ambiental dos produtos em todos os estágios do ciclo de vida, incluindo a reciclagem adequada e
o desmantelamento. Antunes (2004) complementa esta ideia dizendo que o ecodesign é o desenho dos
produtos considerando critérios ambientais, minimizando os seus impactos diretos e indiretos em todas
as oportunidades. De uma forma mais resumida, a ADEME (2001) afirma que ecodesign é integrar o
ambiente no design do produto.
A relação entre design e ecologia remonta aos anos 70, sendo comummente atribuída a Victor Papanek,
um emigrante austríaco nos EUA, designer e professor de profissão. Foi um homem visionário,
incompreendido no seu tempo, que desde cedo defendeu a existência de uma relação intrínseca entre o
design de produtos e a envolvente natural. O seu maior contributo para a promoção do conceito de
ecodesign terá sido o livro “Design for the real world”, onde expressa a sua preocupação com a relação
homem/natureza e sobre o papel do design na produção de bens. Existem naturalmente outros nomes
importantes na área, como é o caso de Buckminster Fuller, um designer, arquiteto, inventor e autor
americano.
Hoje é sabido que foram precisamente a engenharia, design e processos de fabrico tradicionais, que
sempre desconsideraram quaisquer impactes ambientais posteriores nos momentos da conceção,
produção, transporte e venda de bens e serviços, os responsáveis pelos problemas ambientais com que
lidamos diariamente. Assim, o ecodesign assume-se como a aplicação prática de requisitos ambientais
desde o início, substituindo matérias-primas, materiais, tecnologia e processos produtivos, por outros
menos nocivos para o meio ambiente.
O design ecológico, para além do seu papel tecnológico, de otimização, assume adicionalmente um
papel educativo, na sensibilização do consumidor acerca do impacte ambiental negativo que o processo
produtivo acarreta, e sobre formas de minimização desses mesmos impactes, por via do consumo de
produtos, sistemas e serviços ecológicos.
Pode dizer-se que o fim último das novas tendências da ecologia aplicada à economia é a criação de
uma sociedade verdadeiramente sustentável em todas as suas vertentes, o que implica uma mudança
em todos os sistemas de produção, consumo e pós-consumo – o que nos leva ao conceito de design
sustentável, ou seja, a aplicação destes princípios ao design de produtos.
Infelizmente, tal alteração de comportamentos está ainda longe de ser possível, sendo que nos dias de
hoje o que se discute e tenta aplicar é o conceito de design ecológico ou ecodesign, um patamar
intermédio na direção do design sustentável.
Uma alteração tão radical no paradigma social advirá seguramente do surgimento de novas correntes de
pensamento e inovação, não sendo alcançável com os atuais parâmetros e ferramentas ao dispor do
homem, que nos levaram à crise ambiental e financeira que atravessamos.
O ecodesign ou design ecológico pode ser definido como uma abordagem proactiva de gestão
ambiental, voltada ao processo de desenvolvimento de produtos, e cujo objetivo maior é a
minimização dos impactes ambientais durante todo o ciclo de vida de um produto, sem
comprometer, no entanto, outros critérios essenciais como desempenho, funcionalidade,
estética, qualidade e custo.
Projeto Certif-Ambiental // 13
2.2. Ecodesign e as Empresas
Enquadramento
Ecodesign significa que critérios ambientais são analisados quando
se tomam decisões durante o processo de desenvolvimento dos
produtos, como um fator adicional aos que tradicionalmente são
tidos em conta (custos, qualidade, funcionalidade, estética,
segurança…).
MEIO AMBIENTE
ESTÉTICA ERGONOMIA
DESIGN DO
PRODUTO
CUSTOS
QUALIDADE
FUNCIONALIDADE
SEGURANÇA
O objetivo do ecodesign é reduzir o impacte ambiental do produto ao longo de todo o seu ciclo
de vida. Por Ciclo de Vida entende-se todas as etapas da vida do produto, desde a produção dos
componentes e matérias-primas necessárias para a sua obtenção, até à sua eliminação.
(NP EN ISO 14040)
ENTRADAS
SAÍDAS
Matérias-primas
Obtenção e consumo de matérias- Resíduos e
primas e outros componentes
emissões
Produção na fábrica
Distribuição e venda
Energia
Uso e utilização
Eliminação final
Projeto Certif-Ambiental // 15
Relação do Ecodesign com o Desenvolvimento dos
Produtos
O ecodesign baseia-se nas etapas gerais do processo tradicional de desenvolvimento de um produto. A
estrutura básica do processo não se altera; o que se pretende é dar a este processo uma nova
abordagem, que inclua, além dos critérios habituais, os aspetos ambientais.
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Quadro 1 – Principais Impactes Ambientais e Melhorias Possíveis (conclusão)
Alto consumo de
energia durante o uso
do produto.
Estes benefícios estão ligados a alguns Fatores de Motivação que são apresentados no quadro seguinte.
REDUÇÃO DE CUSTOS
A adoção do ecodesign pode reduzir os custos para a empresa e para o utilizador final.
INOVAÇÃO
Sendo o ecodesign um tema ainda pouco explorado, a conceção de um produto com critérios de
ecodesign confere a este um carácter inovador, uma vez que contempla a introdução de novos
aspetos na metodologia habitual de design (novas ideias acerca da estética, funcionalidade,
segurança…) que de outro modo não surgiriam.
Ao conceber um produto com critérios ambientais, podem cumprir-se outras exigências dos
consumidores.
Recorrendo ao ecodesign, a empresa pode melhorar a sua imagem e a do seu produto fruto das
melhorias ambientais realizadas pela projeção de uma imagem verde da empresa e do produto.
Estes benefícios coincidem com alguns dos Fatores de Motivação que impulsionam as empresas a fazer
ecodesign. Os Fatores de Motivação constituem desafios e oportunidades que a exigência de qualidade
ambiental oferece ao mercado.
Projeto Certif-Ambiental // 19
2.3. Fatores de Motivação para o Ecodesign
As razões para a aplicação do ecodesign podem surgir da
análise das forças e fraquezas das empresas e das
oportunidades e ameaças presentes no mercado (análise
SWOT). Podem considerar-se duas razões fundamentais:
Os Fatores de Motivação Externos podem ser classificados de acordo com as seguintes categorias:
Redução de custos;
Poder de inovação;
Todos estes fatores de motivação serão abordados em maior detalhe mais à frente, no capítulo
referente à metodologia de implementação de um projeto de ecodesign.
Introdução
O objetivo da conceção ecológica de produtos relacionados com o
consumo de energia é prosseguir, através de uma abordagem
preventiva, a otimização do desempenho ambiental dos produtos, ao
mesmo tempo que conserva as respetivas características funcionais.
CONCEÇÃO ECOLÓGICA
Entende-se por «conceção ecológica», a integração de aspetos ambientais na conceção de um
produto, no intuito de melhorar o seu desempenho ambiental ao longo de todo o seu ciclo de
vida.
DIRETIVA ECODESIGN
Implementada em 2009, a Diretiva Quadro Ecodesign (2009/125/CE), do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, introduziu grandes alterações na conceção
ecológica de produtos de consumo elétrico.
A legislação comunitária, que foi transposta para o ordenamento jurídico nacional em 2011 –
através do Decreto-Lei n.º 12/2011, de 24 de janeiro, veio definir as medidas de execução
para os diferentes grupos de produtos relacionados com o consumo de energia. Essas
medidas são depois concretizadas em regulamentos específicos com limites mínimos de
ecodesign, que cada grupo de produtos deve cumprir.
MEDIDAS DE EXECUÇÃO
As regras relativas à conceção ecológica de produtos relacionados com o consumo de energia.
(Decreto –Lei n.º 12/2011, de 24 de janeiro)
Projeto Certif-Ambiental // 21
Requisitos de Conceção Ecológica
REQUISITOS GENÉRICOS
O requisito genérico de conceção ecológica é qualquer requisito de conceção ecológica assente no perfil
ecológico global de um produto, sem estabelecer valores limite quanto a aspetos ambientais
específicos.
Os requisitos genéricos de conceção ecológica têm por objetivo melhorar o desempenho ambiental do
produto focando os seus aspetos ambientais significativos sem impor valores limite.
Relativamente a cada fase, devem ser avaliados os seguintes aspetos ambientais, caso sejam
pertinentes:
Particularmente, os parâmetros seguintes devem ser utilizados sempre que seja adequado e, se
necessário, complementados por outros, para avaliar a possibilidade de melhoria dos aspetos
ambientais referidos anteriormente:
Utilização de substâncias classificadas como perigosas para a saúde e/ou para o ambiente;
Extensão do tempo de vida, expressa em tempo de vida mínimo garantido, tempo mínimo para
a disponibilização de peças sobressalentes, modularidade, possibilidade de atualização e
reparação;
Emissões para o ar (gases com efeito de estufa, agentes acidificantes, compostos orgânicos
voláteis, substâncias persistentes que empobrecem a camada do ozono, poluentes orgânicos,
metais pesados, partículas finas e partículas em suspensão);
Emissões para a água (metais pesados, substâncias com efeito negativo sobre o equilíbrio de
oxigénio e poluentes orgânicos persistentes);
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Requisitos Relativos ao Fabricante
Ao ocuparem -se dos aspetos ambientais identificados na medida de execução que podem ser
influenciados de forma substancial na fase de conceção do produto, os fabricantes de um produto
devem realizar uma avaliação de um modelo de produto ao longo do seu ciclo de vida, pressupondo de
forma realista que ele será utilizado em condições normais e para os fins previstos. Podem igualmente
ser analisados de modo voluntário outros aspetos de incidência ambiental.
Com base nesta avaliação, os fabricantes devem estabelecer o perfil ecológico do produto, que deve
basear–se em características do produto relevantes em termos ambientais e nos meios utilizados e
rejeitados do produto ao longo do seu ciclo de vida, expressos em grandezas físicas mensuráveis.
O fabricante deve recorrer a esta avaliação para considerar soluções alternativas de conceção e apreciar
o desempenho ambiental do produto obtido, comparativamente a marcos de referência identificados na
respetiva medida de execução.
A escolha de uma solução de conceção específica deve permitir a obtenção de um equilíbrio razoável
entre os vários aspetos ambientais e entre os aspetos ambientais e outras considerações relevantes,
como a segurança e a saúde, requisitos técnicos de funcionalidade, qualidade e desempenho, bem
como aspetos económicos, incluindo custos de fabrico e possibilidade de comercialização, mantendo a
conformidade com toda a legislação pertinente.
REQUISITOS ESPECÍFICOS
Os requisitos específicos de conceção ecológica têm como objetivo melhorar um determinado aspeto
ambiental do produto. Podem consistir em requisitos de consumo reduzido de determinado recurso,
tais como limites de utilização desse recurso nas várias fases do ciclo de vida do produto, quando seja
adequado (por exemplo: limites de consumo de água na fase de utilização, ou das quantidades de
determinado material incorporado no produto, ou ainda nas quantidades mínimas exigidas de material
reciclado).
Ao elaborar as medidas de execução que fixam os requisitos específicos de conceção ecológica nos
termos do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 12/2011 de 24 de janeiro, a Comissão Europeia identificará,
conforme aplicável ao produto abrangido pela medida de execução, os parâmetros de conceção
ecológica pertinentes entre os parâmetros referidos no anexo I, parte 1 do referido diploma.
Projeto Certif-Ambiental // 25
Avaliação da Conformidade
Antes de ser colocado no mercado ou em serviço, qualquer produto que se encontre abrangido por
medidas de execução deve ser sujeito a uma avaliação de conformidade do produto com todos os
requisitos pertinentes especificados nas medidas de execução aplicáveis.
Após a colocação do produto no mercado, o fabricante ou o seu mandatário deve conservar todos os
documentos relativos à avaliação de conformidade emitida, de forma a facilitar a fiscalização nos
Estados-Membros, que pode ocorrer nos dez anos posteriores ao fabrico do produto.
O fabricante deve poder demonstrar a conformidade com os requisitos da medida de execução aplicável.
O fabricante deve igualmente poder apresentar um quadro para a fixação e a revisão dos objetivos e
indicadores do desempenho ambiental do produto, tendo em vista melhorar o desempenho ambiental
geral do produto.
Todas as medidas adotadas pelo fabricante para melhorar o desempenho ambiental geral do produto e
para estabelecer o seu perfil ecológico, se tal for requerido pela medida de execução, através da conceção
e do fabrico, devem ser documentadas de modo sistemático e ordenado, sob a forma de instruções e
procedimentos escritos.
Os referidos procedimentos e instruções devem incluir, nomeadamente, uma descrição adequada:
o Da lista dos documentos a preparar para demonstrar a conformidade do produto e, se necessário, a
disponibilizar;
o Dos objetivos e indicadores do desempenho ambiental do produto, bem como da estrutura
organizacional, das responsabilidades, das atribuições da gestão e da afetação de recursos em matéria
de aplicação e manutenção;
o Das verificações e dos ensaios a realizar após o fabrico para verificar o desempenho do produto em
função de indicadores de desempenho ambiental;
o Dos procedimentos de controlo da documentação exigida, garantindo a sua constante atualização;
o Do método de verificação da aplicação e da eficácia dos elementos ambientais do sistema de gestão.
PLANEAMENTO
APLICAÇÃO E DOCUMENTAÇÃO
O fabricante deve tomar todas as medidas necessárias para assegurar que o produto é produzido em
conformidade com as especificações de conceção e com os requisitos da medida de execução que lhe é
aplicável;
O fabricante deve instituir e manter procedimentos para investigar e lidar com a não conformidade, e
introduzir as alterações resultantes da ação corretiva nos procedimentos documentados;
O fabricante deve efetuar, pelo menos de três em três anos, uma auditoria interna total ao sistema de
gestão ambiental.
Projeto Certif-Ambiental // 27
3. FERRAMENTAS DE ECODESIGN
3.1. Enquadramento
As diferentes abordagens ao design com preocupações ambientais
levaram ao desenvolvimento de ferramentas orientadas para um
determinado aspeto ou fase do ciclo de vida, mas também ao
desenvolvimento de ferramentas mais abrangentes, que abordam todo o
ciclo de vida do produto.
A figura seguinte fornece uma visão geral das ferramentas de ecodesign mais utilizadas, consoante os
seus objetivos, classificando-as de acordo com a sua complexidade e requisitos de tempo.
Qualitativas – requerem menos informação e tempo, permitindo uma aplicação mais fácil.
A ACV é uma ferramenta que permite avaliar os aspetos ambientais e os impactes associados a um
produto, desde o berço ao túmulo, através de uma metodologia que compreende 4 fases:
Classificar e caracterizar;
Normalizar;
Avaliar.
Com base na metodologia de ACV existem múltiplas variações de ferramentas em diferentes suportes
informáticos, sendo mais relevante referir as que têm como objetivo simplificar o processo e tornar a
ferramenta mais acessível às empresas e aos designers, nomeadamente às pequenas e médias
empresas.
Apesar das muitas características positivas, quando abordadas numa perspetiva do designer, as
ferramentas quantitativas, particularmente as de ACV, apresentam cinco tipos de limitações, a saber:
Complexidade;
Exigência de tempo;
Grande exigência de informação que dificulta a participação de várias partes interessadas;
Carácter dinâmico, o que significa que os resultados estão largamente dependentes de uma
boa definição inicial;
Dificuldade de interpretar os resultados.
Projeto Certif-Ambiental // 29
Ferramentas de Design Qualitativas
Para contrariar as limitações referidas anteriormente e de forma a adequarem-se as ferramentas à
necessidade de cada contexto, têm-se vindo a desenvolver versões mais simples e de cariz qualitativo.
Apesar de permitirem a incorporação de vários critérios ambientais, quanto mais resumidas, menos
fiáveis se tornam.
Neste grande grupo é possível identificar quatro tipologias de ferramentas que importa analisar:
Entre as matrizes encontramos uma das mais utilizadas ferramentas de ecodesign: a Matriz MET
É uma tabela que percorre o ciclo de vida do produto segundo três colunas MET - MATERIAIS, ENERGIA
e TOXICIDADE.
O utilizador pode escrever os recursos utilizados pelo/no produto nas diferentes fases do seu ciclo de
vida. Esta síntese pode ser feita com base em informação quantitativa originária de uma avaliação de
ciclo de vida ou de uma avaliação mais qualitativa.
A maioria das matrizes existentes serve também para a avaliação de impactes, quer seja de produtos
existentes, quer seja de soluções em desenvolvimento, e/ou para a definição de prioridades, apesar de
o fazerem de formas diferentes e dando mais atenção à avaliação ou à definição de prioridades.
Os diagramas de rede (também conhecidos como diagramas polares) constituem a segunda tipologia de
ferramentas muito utilizadas no ecodesign. São ferramentas simples e que requerem pouco tempo. No
entanto, caso sejam sustentadas por uma análise mais extensa do ciclo de vida do produto, podem
requerer mais tempo de utilização, o que tem o efeito positivo de se ter maior segurança nos resultados
obtidos.
Graficamente, são todos muito semelhantes: apresentam-se como uma teia de aranha, em que nos
diversos eixos (normalmente entre 5 e 8) são avaliados determinados critérios ou aspetos. A união da
classificação qualitativa que se der em cada eixo permite criar uma área que traduz visualmente o
impacte do produto. Os critérios ou estratégias colocados em cada eixo são a principal variação entre as
diferentes versões da ferramenta.
Podem existir versões com uma análise a estratégias específicas de uma empresa, com estratégias
específicas para um setor, ou que acompanham o ciclo de vida de forma genérica.
A terceira tipologia, listas de estratégias, engloba várias ferramentas que apresentam listagens de
estratégias de ecodesign ou regras de ouro a utilizar no processo de desenvolvimento do produto. São
ferramentas genéricas, o que significa que são mais extensas e menos focadas, ou que permitem a
personalização. São ferramentas muito simples, que requerem pouco tempo de utilização, mas que caso
sejam orientadas para uma empresa ou setor específico requerem tempo de preparação.
São ferramentas que podem exigir algum tempo de utilização consoante a sua extensão, mas que
também permitem uma ação pedagógica devido ao seu conteúdo. A variação dos conteúdos pode ser
grande mas são utilizados comummente dois modelos de análise e verificação: via uma classificação
alfabética ou através de uma classificação com sinais (+, +/-, - e 0). Existem também casos de listas de
verificação para um contexto empresarial específico – estes casos beneficiam de alguma simplificação
devido ao seu foco numa atividade específica, o que é benéfico para a utilização num contexto dinâmico
e exigente em termos de tempo, como é o contexto empresarial.
O quadro seguinte apresenta alguns exemplos de ferramentas desta tipologia, bem como das restantes
tipologias identificadas.
Apresentam-se nos capítulos seguintes, em maior detalhe, três ferramentas indicadas previamente e
que se consideram das mais relevantes no processo de implementação de um projeto de ecodesign:
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), Diagrama de Estratégias de Ecodesign (DEE) e Listas de Verificação de
Ecodesign.
Projeto Certif-Ambiental // 31
3.2. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV)
A Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é um processo de
avaliação completo das características ambientais do
produto, é dinâmico e interativo, constituindo-se como
uma técnica para avaliar os aspetos ambientais e os
impactes associados a um produto através de:
O objetivo deve descrever a aplicação do estudo, as razões para a sua realização e o público-alvo a que se
destina. No caso da aplicação ao design de produtos, o objetivo do estudo deve relacionar-se com os objetivos
precisos do processo de desenvolvimento do produto.
Quando a equipa de desenvolvimento do produto recorre a esta metodologia, tem como objetivo saber:
Quais os principais problemas ambientais de um produto?
Qual a alternativa de design ambientalmente mais adequada?
O âmbito do estudo deve definir:
Sistemas de produto a estudar: o sistema consiste no conjunto de operações que constituem o ciclo de
vida do produto e que serão consideradas para o estudo. A definição dos sistemas a estudar depende
em grande medida dos objetivos estabelecidos para o estudo de ACV;
Função do sistema de produto, ou seja, qual a função a ser desempenhada pelo produto em estudo e a
que necessidade do utilizador vai o produto responder;
Unidade funcional a ser utilizada no estudo, que consiste numa medida do desempenho funcional do
sistema, ou seja, uma medida do desempenho da função executada pelo produto. A unidade funcional
servirá de referência em relação à qual se vão determinar os dados de entradas e saídas na fase
seguinte, a de inventário do ciclo de vida. No caso de estudos comparativos entre sistemas que tenham
funções equivalentes, a unidade funcional deve permitir a comparação dos diferentes sistemas em
estudo;
Fronteiras do sistema (espaciais e temporais): separam o sistema da sua envolvente e é através delas
que ocorrem as entradas e saídas de materiais e energia de e para o sistema em estudo;
Categorias de impacte selecionadas e metodologia da avaliação de impactes, como, por exemplo, quais
os fatores de agregação de problemas globais (como o efeito de estufa) com problemas locais (como a
poluição de uma área natural sensível), bem como a interpretação subsequente a ser utilizada;
Requisitos de informação (por exemplo, definir que se utilizam apenas bases de dados médios
europeus);
Requisitos iniciais de qualidade da informação, incluindo a variabilidade e incerteza;
Pressupostos admitidos;
Limitações (técnicas, temporais, de conhecimento, financeiras, de recursos humanos, entre outras
possíveis);
Tipo de revisão crítica do estudo, se considerado necessário (por exemplo, revisão interna por um
especialista ou por partes interessadas);
Tipo e formato de relatório a apresentar, dependendo do público-alvo selecionado.
Esta fase constitui a parte central da ACV, prendendo-se com ela a maior parte do tempo despendido no estudo.
O inventário do ciclo de vida consiste num processo de aquisição de dados: quantificação de materiais, de
consumos energéticos, emissões líquidas e gasosas, resíduos sólidos e outros ao longo de todo o ciclo de vida do
produto. Estes dados são organizados em bases de dados e em fluxogramas de processos e constituem a base
para a fase seguinte, a avaliação dos impactes do ciclo de vida.
Com a árvore de processos e a quantificação das entradas e saídas efetuadas, é agora possível elaborar um
inventário das entradas e saídas de materiais e energia associados ao produto. O resultado constitui a “tabela de
inventário”.
AVALIAÇÃO DE IMPACTES
Nesta fase procede-se ao tratamento da informação, com a seleção desta orientada para a fase de avaliação dos
impactes ambientais.
A avaliação de impactes pode levar à revisão iterativa dos objetivos e âmbito, quer seja devido à insuficiência de
informação, quer seja por se verificar ser mais útil focar a atenção apenas numa fase mais problemática do ciclo
de vida e não em todo o sistema, o que pode permitir poupar tempo e recursos.
A metodologia geral de avaliação dos impactes inclui elementos obrigatórios, a saber:
Seleção de categorias de impacte, indicadores de categoria e modelos de caracterização;
Imputação dos resultados do inventário (classificação);
Cálculo dos resultados dos indicadores de categoria (caracterização) e elementos opcionais (cálculo da
magnitude dos resultados dos indicadores de categoria em relação à informação de referência
(normalização);
Agregação;
Ponderação.
Nesta fase, os resultados do inventário e da avaliação de impactes são interpretados de acordo com os objetivos
e o âmbito previamente definidos, de forma a obter conclusões, explicar limitações e fazer recomendações para
os decisores.
A fase de interpretação pode ainda envolver a revisão do âmbito do estudo de ACV, bem como da natureza e
qualidade dos dados recolhidos, em consonância com os objetivos estabelecidos para a ACV.
No âmbito do processo de desenvolvimento do produto, a ACV permite detetar os impactes ambientais
significativos associados a uma alternativa de design, bem como qual a fase do seu ciclo de vida em que estes
impactes ocorrem, permitindo desta forma orientar o processo de design para a resolução destes problemas.
Atualmente existem várias aplicações informáticas disponíveis no mercado que tornam a realização do
estudo de ACV bastante mais simples e rápida devendo, em todo o caso, ser utilizadas com precaução.
Alguns exemplos de aplicações: SimaPro, Eco-It (www.pre.nl), Team (www.ecobalance.com).
Projeto Certif-Ambiental // 33
3.3. Diagrama de Estratégias de Ecodesign (DEE)
No DEE, que é apresentado em diagrama polar ou “teia de aranha”, são apresentadas 8 estratégias de
ecodesign genéricas, a saber:
A maioria das estratégias está relacionada com o ciclo de vida do produto, havendo também estratégias
direcionadas a todos os níveis de desenvolvimento do produto:
O DEE é assim uma ferramenta que pode ser utilizada em qualquer momento do processo de
desenvolvimento do produto, revelando-se uma ferramenta simples e prática de listagem dos aspetos
ambientais de um produto e possíveis melhorias no seu desempenho ambiental. Adicionalmente, o DEE
pode também ser utilizado no sentido inverso, assumindo o papel de ferramenta de incentivo à geração
de ideias de melhoria.
Uma vez finalizado o DEE pode ser utilizado para comunicar a estratégia de ecodesign seguida pela
empresa para o desenvolvimento do produto.
A melhor aplicação do DEE dá-se nas fases iniciais do Definir o conceito de produto ou produto existente
desenvolvimento do produto, podendo ser utilizada a ser analisado;
para a apresentação e seleção de novas estratégias
para o desenvolvimento do produto. Classificar o produto em cada uma das dimensões
do DEE, recorrendo a informação proveniente da
Pode ser utilizado em combinação com a Matriz MET Matriz MET, listas de verificação, in loco ou outra;
e listas de verificação, de forma a evitar que alguns
impactes ambientais sejam ignorados. Considerar opções de melhoria para cada uma das
dimensões, prestando particular atenção àquelas
com menor classificação no diagrama e com maior
impacte ambiental.
Como usar
Diagrama de Estratégias
de Ecodesign
SUGESTÕES DE APLICAÇÃO
Utilizar o Diagrama de Estratégias de Ecodesign em conjunto com a Matriz MET e as
Listas de Verificação;
Projeto Certif-Ambiental // 35
A figura seguinte ilustra as principais considerações a ter em atenção aquando da utilização de um
Diagrama de Estratégia de Ecodesign, apresentando as estratégias de ecodesign anteriormente
identificadas, bem como 33 temáticas consideradas como opções possíveis para a melhoria do perfil
ambiental de um produto. A figura cataloga também cada um das estratégias de ecodesign em cada um
dos níveis de desenvolvimento do produto em que exercem influência.
Projeto Certif-Ambiental // 37
Quadro 6 – Listas de Verificação do Ecodesign (continuação)
Adequação da estrutura à
A reutilização do produto após o fim do seu tempo
reutilização;
de vida útil potencia novos ciclos de utilização,
12. Otimização da Acesso aos componentes;
evitando o consumo de mais recursos e
reutilização do
favorecendo a prevenção de emissões e resíduos Desgaste dos componentes;
produto
nas fases do ciclo de vida a montante da utilização Corrosão;
do produto.
Normalização dos componentes.
Variedade de materiais;
Caso a reutilização do produto ou componentes Compatibilidade dos materiais;
13. Otimização da Uso de materiais recicláveis;
não seja possível, o design do produto deverá
reciclagem de
otimizar a possibilidade de reciclagem dos Reciclabilidade;
materiais
materiais neles inseridos. Uso de materiais adicionais;
Marcação dos materiais.
Uso de substâncias perigosas;
14. Deposição Marcação das substâncias
Os materiais que não possam ser reutilizados ou perigosas;
adequada de
reciclados deverão ter uma deposição final
materiais não Remoção das substâncias perigosas;
adequada.
recuperáveis Compatibilidade com ciclos
biogeoquímicos.
A cada um destes temas corresponde uma lista de verificação, que se encontra desagregada em vários
critérios práticos de design. As listas de verificação estão estruturadas de acordo com um esquema de
tipo ABC, para permitir ao utilizador identificar, rapidamente, pontos fracos do design e oportunidades
de melhoria:
A: Indica que o critério foi considerado na sua globalidade (situação ideal);
B: Revela que há oportunidades de melhoria (situação a explorar);
C: Indica que o critério nunca foi considerado (necessidade urgente de ação).
Projeto Certif-Ambiental // 39
4. ASPETOS AMBIENTAIS A CONSIDERAR NA
ABORDAGEM AMBIENTAL AO DESIGN DO PRODUTO
4.1. Identificação dos Aspetos Ambientais de um
Produto
Como foi referido anteriormente, o ecodesign consiste na integração de
aspetos ambientais no design e desenvolvimento de um produto, com o
objetivo de reduzir os impactes ambientais adversos ao longo do seu
ciclo de vida.
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
Este princípio significa uma melhoria na utilização eficiente e eficaz dos recursos em todas
as etapas do ciclo de vida do produto, o que inclui, por exemplo, a seleção e utilização de
matérias-primas, a utilização de água, energia e solo, assim como a utilização de outros
materiais e energia recuperada de resíduos.
Além dos impactes ambientais associados à aquisição e utilização de recursos, a depleção
de recursos não renováveis, tais como depósitos minerais e combustíveis fósseis, é
insustentável. A depleção de recursos também se aplica a recursos renováveis cujas taxas
Utilização Eficiente de depleção são superiores às de renovação.
de Recursos Naturais
A atividade humana pode afetar a diversidade biológica e a taxa de reposição de
populações biológicas, podendo, em alguns casos, causar graves decréscimos dessas
populações ou a extinção definitiva de espécies.
Devem privilegiar-se os recursos renováveis, quando benéficos para o ambiente, assim
como as várias opções de tratamento de fim de vida do produto.
Existem também várias considerações associadas à energia. Entre elas, encontram-se a
eficácia de transformação de uma fonte selecionada e a utilização eficiente de energia.
Dever-se-á ter em conta a necessidade de prevenção da poluição em todas as etapas do
ciclo de vida do produto. Deve ser tida em consideração a abordagem hierárquica da
prevenção da poluição, ou seja, é dada preferência à prevenção da poluição na sua fonte,
procurando atingir uma produção sem resíduos nem emissões através da redução ou
eliminação na fonte (incluindo o design ambiental e desenvolvimento, a substituição de
materiais, alterações no processo, produto ou tecnologia, e a utilização ou conservação
eficiente de energia e recursos materiais).
Prevenção da Para além disso, devem ser consideradas as seguintes opções de prevenção da poluição:
Poluição Reutilização ou reciclagem interna (reutilização ou reciclagem de materiais no
processo ou instalações);
Reutilização ou reciclagem externa (transferência de materiais para reutilização
ou reciclagem noutro local);
Recuperação e tratamento (recuperação de energia de fluxos de resíduos no
local ou no exterior, tratamento de emissões e descargas de resíduos no local
ou no exterior para reduzir os seus impactes ambientais).
Projeto Certif-Ambiental // 41
Quadro 7 – Princípios Básicos da Abordagem Ambiental sobre o Design do Produto (conclusão)
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
Os impactes podem ser influenciados de forma benéfica pela aplicação das abordagens e dos princípios
básicos descritos anteriormente.
O quadro seguinte apresenta os principais pontos a ter em atenção, na identificação dos aspetos
ambientais do produto.
ENTRADAS
Generalidades
As entradas incluem a utilização de recursos que podem ser materiais naturais (p. ex. minerais, água, gás,
petróleo, carvão, madeira), os que provêm de ambiente industrial (p. ex. materiais reciclados, co-produtos,
produtos intermédios, energia), ou do uso do solo.
Por motivos práticos, estes diversos recursos podem ser categorizados de forma abrangente em “materiais”,
“água”, “energia” e “uso do solo”.
Materiais
As entradas de materiais desempenham um papel importante em todas as etapas do ciclo de vida, desde a
extração das matérias-primas até à deposição final. Podem originar diversos impactes ambientais. Estes impactes
podem incluir a depleção de recursos, o uso danoso do solo e a exposição humana ou do ambiente a materiais
perigosos. As entradas de materiais também contribuem para a produção de resíduos, emissões para o ar e
descargas para o solo e água.
Água
A escassez de água, em especial da água doce de origem superficial ou subterrânea, é crítica em muitas regiões
do mundo. A utilização eficiente da água nas diversas etapas do ciclo de vida do produto precisa ser considerada
quando pertinente. Para além disso, a disponibilidade de água nos locais onde esta é necessária requer a
utilização de energia para a transportar.
A preservação dos habitats naturais e da biodiversidade é também importante nos oceanos, lagos e rios. A
poluição da água, o estrangulamento de leitos de rios e a conversão das regiões costeiras pode destruir a flora e a
fauna aquáticas naturais.
Energia
As entradas de energia são necessárias na maioria das etapas do ciclo de vida de um produto. As fontes de
energia incluem tipicamente combustíveis fósseis, combustíveis nucleares, resíduos e energia hidroelétrica,
geotérmica, de biomassa, solar e eólica. Cada fonte de energia tem o seu próprio conjunto de impactes
ambientais.
Projeto Certif-Ambiental // 43
Quadro 8 – Identificação dos Aspetos Ambientais do Produto (continuação)
Solo
O uso do solo pode levar a uma diminuição da biodiversidade e pode afetar a qualidade do solo, que demora
muito tempo a reconstruir-se. Mesmo que sejam empreendidos esforços para replantar a área afetada, o
equilíbrio e o fluxo naturais do ecossistema poderão demorar um período prolongado, ou mesmo nunca retornar
a um nível normal.
SAÍDAS
Generalidades
As saídas geradas durante o ciclo de vida de um produto compreendem geralmente produtos intermédios e co-
produtos, emissões para o ar, descargas para a água e para o solo, resíduos de materiais e outras descargas.
Emissões para o ar
As emissões para o ar compreendem descargas de gases, vapores ou partículas para o ar. As descargas (p. ex.
poeira e substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis, explosivas, ácidas ou odoríferas) podem afetar
negativamente a flora, a fauna e os seres humanos. Além disso, a chuva ácida pode causar danos em locais com
valor arquitetónico e arqueológico. Podem contribuir para outros impactes ambientais, tais como as alterações
climáticas, a depleção do ozono estratosférico ou a formação de smog fotoquímico. As emissões para o ar
incluem descargas de fontes controladas e não controladas, tratadas e não tratadas, e descargas de operações
normais ou descargas acidentais.
Resíduos
Os resíduos de materiais e produtos podem ser classificados nas seguintes categorias:
aqueles que são enviados para deposição final, p. ex. incineração sem recuperação de energia ou aterro;
aqueles que são recolhidos após a sua utilização e que poderão ser sujeitos a recuperação, incluindo
reciclagem;
aqueles que resultam de um processo de produção e que não são sujeitos a um processamento posterior
ou utilização antes da sua recolha.
A existência de regulamentação regional ou nacional poderá ter influência no subsequente tratamento dos
resíduos de produtos e materiais.
Outras descargas
Outras descargas incluem ruído e vibração, radiação e calor.
Existem muitos tipos de impactes ambientais que poderão ocorrer durante o ciclo de vida de um produto, que
resultam de explosões, colisões, queda de um contentor e outros incidentes.
Os impactes ambientais também podem ser originados por uma utilização incorreta acidental ou deliberada
quando, por exemplo, o produto não é utilizado de acordo com as instruções ou a utilização prevista, p. ex:
excesso da dosagem recomendada de agroquímicos, que poderá causar a contaminação do solo ou de
água;
riscos relacionados com fugas de produtos químicos resultantes de acidentes envolvendo veículos de
transporte;
perdas de energia devido à utilização incorreta de câmaras frigoríficas, sistemas de ar condicionado, etc.
INFORMAÇÃO AO CLIENTE
Uma informação fiável, compreensível, comparável e verdadeira pode informar os clientes sobre os aspetos
ambientais significativos de um produto. Há diversos itens que podem ser considerados aqui, p. ex. que
informação é necessária (classificação e conteúdo/descarga de substâncias perigosas, eficiência energética, etc.).
A informação deverá estar facilmente disponível antes da compra.
Projeto Certif-Ambiental // 45
4.3. Listas de Verificação Ambiental
Uma ferramenta útil para a avaliação sistemática dos aspetos
ambientais relevantes dum produto é a lista de verificação
ambiental que é baseada na disponibilidade da informação
ambiental, na perícia ambiental e do produto e na aplicação da
abordagem do pensamento de ciclo de vida.
Por exemplo, as etapas do ciclo de vida poderão ser modificadas para melhor refletir os passos típicos
do fornecimento de serviços.
A matriz deverá ser preenchida como indicado seguidamente, encorajando-se, para esse efeito, o
envolvimento de técnicos de ambiente e a utilização dos dados recolhidos.
Número do documento
Matérias-primas e energia
Reutilização/recuperação
Materiais e componentes
Manutenção e reparação
recuperação de energia
Utilização de produtos
de materiais e energia
Incineração sem
Eliminação final
pré-fabricados
Embalamento
Transporte
adicionais
Utilização
Produção
Entradas
Materiais
Água
Energia
Solo
Saídas
Emissões
para o ar
Descargas
para a água
Descargas
para o solo
Resíduos
Ruído,
vibração,
radiação,
calor
Outros aspetos relevantes
Risco para o
ambiente
devido a
acidentes ou
utilização
inadequada
Informação
ao cliente
Comentários:
NOTA 1: A etapa de embalamento refere-se à embalagem primária do produto fabricado. A embalagem secundária ou terciária
para transporte, que ocorre em algumas ou em todas as etapas do ciclo de vida, é incluído na etapa de transporte.
NOTA 2: Pode considerar-se que o transporte faz parte de todas as etapas (ver lista de verificação) ou que corresponde a
uma subetapa separada. Para questões específicas relativas ao transporte e embalamento do produto, podem ser incluídas
novas colunas e/ou comentários.
Projeto Certif-Ambiental // 47
Recomendações Ambientais para cada Etapa do Ciclo
de Vida
A análise das questões ambientais ajuda a minimizar potenciais impactes ambientais adversos
durante as diferentes etapas do ciclo de vida do produto, tanto quanto sejam compatíveis com os
requisitos de aptidão para a finalidade e outros critérios, com base num pensamento de ciclo de vida.
O quadro seguinte faculta recomendações que deverão ser objeto de reflexão no que diz respeito à
seleção e aquisição de matérias-primas, incluindo a energia, e à aquisição de materiais e componentes
pré-fabricados, juntamente com considerações quanto a limitações e possíveis conflitos de decisão.
Verificar os méritos de uma versão reutilizável Deverão ser feitas escolhas se um produto reutilizado
do produto consumir mais energia do que um produto novo.
Minimizar o número de materiais diferentes Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
PRODUÇÃO
Os quadros 11 e 12 facultam recomendações que deverão estar refletidas numa análise ambiental
relativa ao fabrico e embalagem do produto, juntamente com considerações devido a limitações e
possíveis conflitos de decisão.
Quadro 11 – Fabrico
Adotar materiais auxiliares que permitam um Prevenir a utilização de resíduos como material
nível de poluição mínimo na fase de produção auxiliar, p. ex., na indústria do aço ou do cimento.
Referir e utilizar ensaios de produtos que minimizam Não são conhecidos conflitos de decisão ou
os impactes ambientais limitações
Projeto Certif-Ambiental // 49
Quadro 12 – Embalamento
UTILIZAÇÃO DO PRODUTO
Esta etapa do ciclo de vida é, por vezes, aquela em que se consome mais energia. As questões
ambientais podem afetar significativamente os impactes ambientais do produto durante a sua fase de
utilização. Deverão ser consideradas questões ambientais relativas a:
Utilização normal;
Contribuição para um maior tempo de vida do produto e minimização dos impactes ambientais
adversos durante a manutenção e reparação;
Utilização normal
O quadro seguinte faculta recomendações que deverão ser objeto de reflexão numa análise ambiental
relacionada com uma utilização normal, juntamente com considerações devido a limitações e possíveis
conflitos de decisão.
Rótulos informativos no produto para uma utilização Escolhas relativas à quantidade de informação
energeticamente mais eficiente revelada, sem sobrecarregar o rótulo.
Assegurar que as substâncias perigosas não são Minimização da utilização de materiais perigosos sem
libertadas, tendo em conta todos os cenários de perda de funcionalidade e fornecimento de
emissão possíveis (emissões para o ar, ar interior e orientações adequadas sobre a utilização e deposição
descargas para o solo e para a água) do produto.
Utilizar componentes que sejam fáceis de trocar Não são conhecidos conflitos de decisão ou limitações.
Minimizar a poluição durante as operações de Aplica-se a operações que requerem produtos adicionais
limpeza, reparação e manutenção durante a limpeza, reparação ou manutenção
Disponibilizar técnicas de ligação que permitem Aplica-se a produtos cujo tempo de vida pode ser
uma fácil conexão e desconexão, p. ex. para significativamente aumentado pelas operações de
reparação reparação.
Projeto Certif-Ambiental // 51
Quadro 14 – Durabilidade, Manutenção e Reparação do Produto (conclusão)
Incluir orientações nas instruções sobre Aplica-se a produtos cujo tempo de vida pode ser
reparação e manutenção; incluindo os intervalos significativamente aumentado pelas operações de
de manutenção e de serviço reparação.
No fim da sua vida, um produto pode ser reutilizado/recuperado ou eliminado (após tratamento,
sempre que necessário), possivelmente após a desmontagem e processos suplementares. Em termos
ambientais, a melhor opção nesta etapa do ciclo de vida depende de muitos fatores, incluindo a
disponibilidade de infraestruturas locais de gestão de resíduos, a natureza/importância e
biodegradabilidade do fluxo de resíduos e, por último mas não menos importante, as opções de design
inicialmente selecionadas para o produto. A atenção dada a esta etapa de fim de vida não deverá
prejudicar a otimização ambiental do produto numa perspetiva global do ciclo de vida.
O quadro seguinte faculta recomendações que deverão estar refletidas numa análise ambiental
relacionada com as operações de fim de vida dos produtos, juntamente com considerações devido a
limitações e possíveis conflitos de decisão.
Assinalar os vários componentes de forma a ser fácil Só é aconselhável para componentes grandes que são
diferenciá-los normalmente sujeitos a processos de desmontagem.
Assegurar uma desmontagem ou triagem simples das Não são conhecidos conflitos de decisão ou
substâncias ou materiais perigosos e de valor limitações.
Evitar, caso não seja funcionalmente indispensável, Não são conhecidos conflitos de decisão ou
a utilização de substâncias perigosas persistentes limitações.
Projeto Certif-Ambiental // 53
TRANSPORTE
Quadro 17 – Transporte
Fazer o design do produto de forma a economizar energia Não são conhecidos conflitos de decisão ou
no seu transporte limitações.
Minimizar perdas e danos pela utilização de embalagem Não são conhecidos conflitos de decisão ou
para transporte adequada limitações.
Assegurar rotulagem adequada no produto, na embalagem Não são conhecidos conflitos de decisão ou
e na unidade de transporte limitações.
Os quadros 10 a 17 foram elaborados com base a informação disponibilizada no DNP CEN Guia - Guia
para a abordagem das questões ambientais em normas de produto.
REQUISITOS GERAIS
POLÍTICA AMBIENTAL
A Gestão de topo deve definir a política ambiental Para permitir à Gestão de topo a definição do seu
da organização e garantir que, no âmbito definido compromisso com o ecodesign, é vital que a política:
para o seu sistema de gestão ambiental, esta
Esteja alinhada com a natureza, escala e
política:
impactes ambientais significativos dos produtos
É adequada à natureza, à escala e aos ao longo do seu ciclo de vida;
impactes ambientais das suas atividades, Inclua um compromisso para;
produtos e serviços;
cumprimento dos requisitos legais aplicáveis e
Inclui um compromisso de melhoria contínua de outros requisitos que a organização
e de prevenção da poluição; subscreva relativos aos aspetos ambientais
Inclui um compromisso de cumprimento dos dos seus produtos;
requisitos legais aplicáveis e de outros melhoria contínua do processo de ecodesign;
requisitos que a organização subscreva
melhoria contínua do desempenho ambiental
relativos aos seus aspetos ambientais;
dos produtos da organização ao longo do ciclo
Fornece o enquadramento para estabelecer e de vida, não transferindo os impactes
rever os objetivos e metas ambientais; ambientais adversos de uma etapa do ciclo de
vida para outra, ou de uma categoria para
Está documentada, implementada e mantida; outra, a menos que tal resulte numa redução
É comunicada a todas as pessoas que líquida de impactes ambientais adversos ao
trabalham para a organização ou em seu longo do ciclo de vida.
nome; e Proporcione o enquadramento para estabelecer
e rever os objetivos e metas ambientais
Está disponível ao público.
relacionados com o produto.
Projeto Certif-Ambiental // 55
PLANEAMENTO
Comunicação Comunicação
No que se refere aos seus aspetos ambientais e ao Uma estratégia eficaz abrange a comunicação externa
seu sistema de gestão ambiental, a organização deve e interna. A organização deverá considerar e abordar
estabelecer, implementar e manter um ou mais os seguintes aspetos da comunicação, atuando
procedimentos para: sempre que relevante:
Comunicação interna entre os vários níveis e Comunicação interna sobre o desempenho
funções da organização; ambiental dos produtos entre os vários níveis e
funções da organização, incluindo aqueles que
Receber, documentar e responder a
diretamente e indiretamente são responsáveis
comunicações relevantes de partes pelo design e desenvolvimento de produtos;
interessadas externas.
Comunicações relevantes de/para partes
interessadas externas;
Informando as diferentes partes envolvidas no
ciclo de vida do produto (p. ex. utilizadores,
distribuidores, recicladores) das ações
necessárias para melhorar o desempenho
ambiental para além da etapa de produção.
Projeto Certif-Ambiental // 57
VERIFICAÇÃO
Não conformidades, ações corretivas e ações Não conformidades, ações corretivas e ações
preventivas preventivas
A organização deve estabelecer, implementar e Não há nenhuma orientação adicional sobre esta
manter um ou mais procedimentos para tratar as secção. Os requisitos da ISO 14001:2004, cobrem
não conformidades reais e potenciais e para totalmente as necessidades do processo de
implementar as ações corretivas e as ações ecodesign.
preventivas. Este(s) procedimento(s) deve(m) definir
requisitos para:
A identificação e correção da(s) não
conformidade(s) e a implementação de ações
para minimizar os seus impactes
ambientais;
A investigação da(s) não conformidade(s), a
determinação da(s) sua(s) causa(s) e a
implementação das ações necessárias para
evitar a sua recorrência;
A avaliação da necessidade de ações para
prevenir não conformidade(s) e a
implementação das ações apropriadas,
destinadas a evitar a sua ocorrência;
O registo dos resultados de ações corretivas e
de ações preventivas implementadas; e
A revisão da eficácia de ações corretivas e de
ações preventivas implementadas.
As ações implementadas devem ser adequadas à
magnitude dos problemas e aos impactes
ambientais identificados.
Projeto Certif-Ambiental // 59
6. METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO DE UM
PROJETO DE ECODESIGN
6.1. Etapas de Metodologia de Implementação de
Ecodesign
De seguida, descrevem-se de forma sucinta as etapas de uma possível metodologia de implementação
de um Projeto de Ecodesign.
Objetivos
Objetivos
Análise dos principais aspetos ambientais do produto em TODO O SEU CICLO DE VIDA
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
Responsável de desenvolvimento do produto: lidera a Matriz MET (método qualitativo e semiqualitativo que
avaliação e hierarquização. Transmite os conceitos serve para obter uma visão global das entradas e saídas
chave ao designer externo e a importância da etapa, no de cada etapa do ciclo de vida)
caso deste existir. Coordena a equipa.
Eco-Indicadores
Gestão de Topo: Será informado dos resultados
Ferramentas de software para a Avaliação do Ciclo de Vida
(importante para o entendimento do processo e para a
tomada de decisões).
Outros departamentos: Facilitam informação (países de
vendas e compras, cálculos de transporte, peso das
matérias-primas,..).
Perito Ambiental Externo: Apoia com os seus
conhecimentos a avaliação-hierarquização dos aspetos
ambientais.
Designer externo (se existir): recomenda-se a sua
participação no processo de determinação e
hierarquização dos aspetos ambientais.
Objetivos
Identificar e hierarquizar ideias de melhoria para o produto.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
Departamento técnico e de design: lidera e participa na Ferramentas para a produção de ideias de melhoria:
identificação, seleção e avaliação das ideias de melhoria. o As 8 estratégias do Ecodesign
Outros departamentos: apoiam a identificação, seleção e
o Brainstorming
avaliação das ideias de melhoria com base nos seus
conhecimentos particulares. Ferramentas para a valorização das ideias de melhoria:
Gestão de Topo: Aprova as medidas de melhoria o Matriz da hierarquização
selecionadas.
Especialista Ambiental Externo (se participar no projeto):
recomenda-se a sua participação no processo de
identificação, seleção e avaliação das ideias de melhoria,
dado que pode dar ideias e informação sobre medidas e
melhorias do ponto de vista ambiental.
Designer externo (se existir): recomenda–se a sua
participação no processo de identificação, seleção e
avaliação das ideias de melhoria.
Objetivos
Desenvolver uma especificação das condições Técnico-Ambientais e criação de alternativas
conceptuais do produto com base na referida especificação.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
Departamento de qualidade: Estabelece os requisitos de Técnicas criativas
qualidade e normativos, para a especificação do produto. Ferramentas de seleção
Departamento técnico ou de design: Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
o Estabelece os requisitos ambientais para a especificação aspetos ambientais do produto (Eco-Indicadores,
do produto a partir das ideias selecionadas na etapa 3. Ferramentas software).
o Desenvolve os conceitos.
o Estuda os aspetos ambientais dos diferentes conceitos e
faz a seleção.
o Fornece critérios ao designer externo, no caso de existir.
Departamento de compras: informa sobre as exigências
concretas dos consumidores para o estabelecimento das
especificações ou a valorização de conceitos, assim como
de materiais com boa e má imagem no mercado,…
Objetivos
Definir o produto em detalhe
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
Departamento técnico ou de design: Técnicas criativas
o Desenvolve o produto em detalhe. Ferramentas de seleção
o Avalia as diferentes alternativas e seleciona materiais,… Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
com base em critérios ambientais. aspetos ambientais do produto (eco-Indicadores,
o Fornece critérios ao designer externo (caso exista, Ferramentas software).
este será responsável pelas tarefas anteriores.
O departamento técnico ou de design está encarregue
de lhe indicar os critérios necessários, assim como
qualquer outra informação que necessite).
Projeto Certif-Ambiental // 61
Quadro 18 – Etapas de Metodologia de Implementação de Ecodesign (conclusão)
Objetivos
Estabelecer um plano de ação para todas as medidas de melhoria ambiental do produto a médio e
longo prazo (as MEDIDAS DE MELHORIA DO PRODUTO HIERARQUIZADAS para ser implantadas a
CURTO PRAZO não são incluídas neste plano de ação dado que é suposto que estas já tenham sido
executadas).
Integrar definitivamente o Ecodesign nas ferramentas de design (a nível do departamento de
desenvolvimento de produtos), assim como as ferramentas de gestão (ISO 9001, ISO 14001, planos de
marketing,…) a nível de toda a empresa.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
Responsável pelo desenvolvimento do produto: lidera e Plano de ação do produto a médio e longo prazo.
supervisiona o plano de ação inicial. Plano de ação a nível da empresa âncora do Ecodesign com
Resto da equipa: verifica o plano de ação definitivo. os procedimentos de desenvolvimento dos produtos.
Gestão de Topo: aprova os planos de ação a nível do Plano de ação a nível da empresa através da ISO 9001.
produto e da empresa. Plano de ação a nível da empresa através da ISO 14001.
ETAPA 7. AVALIAÇÃO
Objetivos
Avaliar os resultados do projeto para tirar conclusões e aprender a transmitir os resultados interna e
externamente com regularidade.
Pessoas ou Departamentos implicados Ferramentas
Responsável pelo desenvolvimento do produto: avalia as Tabela de avaliação
melhorias ambientais do novo produto em relação ao Referências de documentação sobre marketing ecológico
produto base e transmite os resultados a outros
departamentos da empresa que se encarregam de
divulgá-los externamente.
Departamento de recurso humanos: elabora um plano de
comunicação interna e transmite os resultados do projeto
dentro da empresa.
Departamento de marketing:
o Elabora um plano de marketing uma vez conhecidos
os resultados do projeto de Ecodesign e as
características ambientais do produto.
o Analisa e integra (se for do interesse da empresa)
técnicas de marketing ecológico.
Gestão de Topo: Aprova as conclusões da avaliação.
Aprova os planos de comunicação interna e de marketing.
Departamentos implicados
Gestão de Topo
A sua presença permite definir a importância da vertente ambiental no negócio da empresa e
tomar decisões sobre a integração de critérios de ecodesign.
Outros departamentos
A sua incorporação no grupo é considerada importante para a análise dos Fatores de
Motivação e para fornecer informações sobre estas e outras questões que possam surgir ao
longo do projeto. Entre os departamentos mais interessantes para serem envolvidos destacam-
se os seguintes:
Projeto Certif-Ambiental // 63
Compras
o Verifica os materiais existentes e tecnologias alternativas que respeitem o meio
ambiente. Promove estudos de viabilidade.
Qualidade e Ambiente
o Presta informação acerca de aspetos da regulamentação existente sobre o produto
(normas de segurança, qualidade, ambiente), bem como de programas e iniciativas
ambientais existentes na empresa.
o Fornece outras informações necessárias sobre a qualidade dos processos utilizados
ou propostos.
o Classifica as alternativas de melhoria com base no cumprimento dos requisitos de
qualidade do produto e, se for o caso, do sistema de gestão ambiental.
Marketing
o Identifica exigências ambientais relativamente aos produtos (em relação aos clientes
finais e clientes industriais).
o Fornece ideias sobre as preferências dos clientes no momento da tomada de decisão.
o Projeta e desenvolve campanhas de marketing com base nos resultados do projeto e
nas exigências ambientais identificadas.
o Se o marketing é feito por uma empresa externa, também devem ser envolvidos.
Recursos Humanos/Pessoal
o Analisa a motivação dos colaboradores em relação ao ambiente.
o Sensibiliza os trabalhadores para o uso das melhores práticas.
o Incentiva sugestões dos trabalhadores relativamente à melhoria dos processos de
produção, em prol de uma melhoria contínua.
o Gere ou canaliza a formação/informação na empresa, com base em requisitos de
ecodesign.
Muitas vezes pode ser interessante envolver pessoas externas na equipa de projeto como por exemplo:
Especialista Ambiental
Aconselha sobre as vantagens ambientais das diferentes alternativas que surgem ao longo do
projeto.
Os critérios para a seleção de um produto são específicos de cada empresa, mas geralmente seguem as
seguintes orientações:
O produto tem de ter um grau de liberdade suficiente para permitir a sua modificação.
(e.g. – O produto “saco plástico de polietileno” (PE) não tem grau de liberdade nem quanto à
forma nem quanto ao material utilizado, por isso, não é interessante para o ecodesign).
No caso de ser o primeiro produto em que se introduzem critérios de ecodesign, é preferível que
o produto, ou parte do mesmo, que vai ser modificado, seja relativamente simples, já que isto
favorece a obtenção de resultados rápidos e com isso incrementa a motivação para o ecodesign.
As razões para a implementação do ecodesign surgem da análise dos pontos fortes e fracos da empresa
e das oportunidades e ameaças do mercado. Estas razões podem ser divididas em:
A União Europeia está a desenvolver diretivas ambientais cujo foco se está a orientar para a
"responsabilidade alargada do produtor" ou para a "obrigação de recolha". Grande parte dessa
legislação é suscetível de se tornar lei nacional nos países da Europa num futuro próximo. Para
evitar surpresas desagradáveis, as empresas devem antecipar-se a tais obrigações, e começar a
conceber os seus produtos com a possibilidade de desmontagem e reciclagem.
Além disso, os governos de toda a Europa, EUA e Japão estão a desenvolver a sua própria
legislação ambiental.
Por outro lado, a promoção de produtos mais ecológicos é também uma parte das políticas dos
diferentes países da União Europeia. Para isso é concedido o rótulo ecológico (Ecolabel) a um
número crescente de grupos de produtos e o ecodesign é estimulado através de subsídios.
A opinião pública está cada vez mais sensibilizada para a qualidade ambiental dos produtos.
Os clientes industriais têm geralmente maior capacidade de influenciar uma empresa do que os
clientes finais. Atualmente, há um número crescente de empresas industriais que espera dos seus
fornecedores a prestação de informações acerca das características ambientais, tanto ao nível da
produção (através da certificação ISO 14001) como nos produtos ou nas respetivas embalagens
(apresentando melhorias ambientais em tais produtos ou embalagens).
Além disso, é cada vez maior o número de rótulos ecológicos existente para diferentes produtos.
Os produtos afetados por estas regras podem favorecer a introdução de critérios ambientais no
momento da conceção de um produto na empresa (ecodesign).
Projeto Certif-Ambiental // 65
De seguida, apresentam-se alguns dos rótulos ecológicos mais importantes a nível mundial.
Green Seal
UE EU Ecolabel
França NF - Environmental
Além disso, as ações ambientais dos concorrentes podem servir como uma fonte de inspiração ao
fazer ecodesign.
Redução de custos
A aplicação do ecodesign reduz os custos da empresa em dois momentos temporais distintos, a
saber:
De forma imediata, por via de melhorias diretas no produto, tais como redução de peso ou
substituição de materiais, melhorias no processo de produção, na etapa de transporte, etc., com
a consequente diminuição do consumo de materiais auxiliares, combustíveis, energia, etc.
Projeto Certif-Ambiental // 67
A longo prazo, através da implementação de critérios ambientais no funcionamento da
empresa, tais como a ecoeficiência, que minimiza o volume de resíduos e otimiza o consumo
de energia.
Poder de inovação
O ecodesign facilita o desenvolvimento de novos produtos e de produtos inovadores e, assim, a
entrada em novos segmentos de mercado ou novos mercados (países mais exigentes ao nível dos
requisitos ambientais). O ecodesign pode enriquecer ainda mais o processo de design, trazendo
novas abordagens que promovem a inovação do produto e do processo produtivo.
Quando se inicia um projeto de ecodesign é importante ter uma perspetiva geral dos aspetos do
produto que causam maiores impactes ambientais, a fim de identificar prioridades para a
implementação de melhorias.
Para obter esta perspetiva geral não é suficiente estudar apenas o produto físico, sendo aconselhável
obter uma visão do sistema do produto como um todo. Isto significa, por exemplo, que na análise dos
aspetos ambientais de uma cafeteira, também devem ser considerados os filtros, água, eletricidade e
café.
Um critério importante para a definição do sistema do produto é procurar incluir os elementos externos
ao produto que podem ser afetados pela modificação do design.
Aspeto ambiental
Um elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o
ambiente. Está diretamente relacionado com o PRODUTO.
Impacte ambiental
Qualquer alteração no ambiente, adversa ou benéfica, resultante, no todo ou em parte, das
atividades, produtos e serviços de uma organização. Está diretamente associado ao AMBIENTE
GLOBAL.
Já vimos ao longo deste manual quais são os principais impactes ambientais (mudanças globais do
Ambiente), que nos dão uma ideia de como é importante preservar o ambiente. O foco do manual é, no
entanto, mais específico, centrando-se na aplicação do ecodesign em produtos e serviços como forma
de minorar esses mesmos impactes ambientais. O que aqui nos interessa é identificar os aspetos
ambientais específicos de um produto e encontrar formas para os otimizar.
Projeto Certif-Ambiental // 69
Figura 10 – Identificação de Aspetos e Impactes Ambientais
Existem vários métodos, qualitativos e quantitativos, para analisar o perfil ambiental do produto e
estabelecer prioridades ambientais. Todos os métodos são baseados na Avaliação de Ciclo de Vida, o
que significa que estes métodos analisam todas as fases do ciclo de vida do produto, em termos dos
aspetos ambientais. Os objetivos da utilização destes métodos são os seguintes:
Obter uma visão geral dos principais aspetos ambientais do produto ao longo do seu ciclo de
vida.
Identificar as prioridades ambientais a serem abordadas durante o processo de ecodesign.
Apesar de todos os métodos serem direcionados para a realização destes objetivos, uns e outros variam
em complexidade, custo, consumo de tempo para sua utilização e informação necessária. A seguir, são
discutidos os métodos considerados mais relevantes.
MATRIZ MET
E - Uso da Energia
Refere-se ao impacto dos processos e do transporte em cada etapa do ciclo de vida (aqueles
que consomem muita energia, principalmente). Isto proporciona uma visão sobre quais são os
processos ou transportes de maior impacto em todo o ciclo de vida do produto.
Estes aspetos estão incluídos na matriz MET de uma forma simplificada e organizados de acordo com as
fases do ciclo de vida do produto.
Para entender um pouco melhor como usar a matriz MET, de seguida apresenta-se o tipo de informação
que está incluído em cada secção.
É muito importante que exista uma equipa de trabalho onde todos contribuam com informação sobre as
matérias em que têm maior conhecimento, de modo a completar a matriz MET da forma mais correta.
Por exemplo,
Projeto Certif-Ambiental // 71
Logística: dados de transporte;
Departamento de vendas: informação sobre a vida útil do produto;
Especialista ambiental externo (se envolvido): apoio no âmbito da informação necessária.
EMISSÕES
Uso de MATERIAIS Uso de ENERGIA TÓXICAS
M E T
(Entradas) (Entradas) (Saídas: emissões,
derrames, resíduos)
ECO-INDICADORES
O Eco-indicador é uma ferramenta quantitativa de fácil utilização para os designers de produto. É mais
precisa do que a matriz MET na hora de priorizar aspetos ambientais relevantes do produto no seu ciclo
de vida. É quantitativa porque a priorização baseia-se em cálculos numéricos.
O modelo aqui apresentado é apenas um dos modelos existentes; não é conhecida com certeza a sua
precisão (como para os outros modelos). É, no entanto, o modelo o mais amplamente utilizado para a
aplicação de eco-indicadores na Avaliação do Ciclo de Vida.
Projeto Certif-Ambiental // 73
Resultado do
Dano nos
Inventário
recursos
Como resultado, obtêm-se tabelas de valores numéricos que expressam o impacte ambiental em termos
da quantidade ou do volume de cada um dos materiais ou processos. Estes valores são expressos numa
unidade própria chamada milipontos (mPt) não comparável com qualquer outra unidade de medida
tradicional.
Para a aplicação dos eco-indicadores de ecodesign ao produto, estão disponíveis matrizes para
preencher e que são do tipo que se mostra de seguida. Apresentam-se também algumas breves
instruções sobre o seu uso.
Projeto Certif-Ambiental // 75
COMO PRIORIZAR principais questões ambientais com o eco-indicador
Uma vez quantificados todos os materiais, processos, transporte etc. com os eco-indicadores, é possível:
Este processo auxilia a empresa a identificar e priorizar ações de melhoria ambiental do produto.
Em combinação com a matriz MET, quando se trabalha em ecodesign pela primeira vez, uma
vez que facilita a compreensão dos cálculos e a sua importância.
LIMITAÇÕES da ferramenta
Os eco-indicadores são números que envolvem um processo trabalhoso para a sua obtenção.
Por vezes, pode acontecer que o eco-indicador que precisamos ainda não está definido.
Apesar de todas as ferramentas que têm sido descritas até agora (Matriz MET e Eco-indicadores) serem
utilizadas para a avaliação do ciclo de vida do produto, são referidas genericamente por ferramentas de
ACV as ferramentas de software que são utilizados para o mesmo fim.
Existem muitos programas de software para a realização de uma Avaliação do Ciclo de Vida detalhada,
cabendo ao utilizador escolher aquele que será mais adequado à realidade da empresa.
Quando se quer comparar os aspetos ambientais das diferentes alternativas para o mesmo
produto.
Vantagens Desvantagens
É a mais fácil e rápida. Não fornece uma quantificação
Fornece uma visão geral do Ciclo de Vida numérica dos principais impactes
do Produto (entradas e saídas de cada nem das etapas críticas do ciclo de
etapa). vida (dá apenas uma orientação).
Permite analisar as prioridades Requer conhecimentos ambientais
Matriz MET ambientais, ainda que não existam eco- amplos ou colaboração de algum
indicadores relevantes para o produto. especialista ambiental para
analisar os resultados.
Permite organizar bem toda a informação
para cada fase do ciclo de vida
(especialmente se se trabalha em
ecodesign, pela primeira vez).
O quadro anterior mostra as vantagens e desvantagens de cada uma das ferramentas. Cada empresa
será responsável por avaliar qual é a ferramenta mais adequada à sua realidade, em função das suas
características e necessidades.
Projeto Certif-Ambiental // 77
No entanto, recomenda-se:
Utilizar a matriz MET e os eco-indicadores se é a primeira vez que trabalha em ecodesign e com
o apoio de um especialista em ambiente externo.
Matriz MET
Eco-indicadores
Ferramenta software
Qualitativo Quantitativo
Simples Complexo
Durante todo este processo, surgirão todo o tipo de ideias para melhoria. No final desse processo,
procede-se à sua seleção, análise e priorização, já que o objetivo é a focalização nas melhorias que se
relacionem com as grandes questões ambientais ou que se destinem ao cumprimento dos Fatores de
Motivação da empresa para o Ecodesign.
Para a geração de ideias de melhoria ambiental deve usar-se a tabela com as oito estratégias
apresentadas no ponto seguinte, já que qualquer tipo de ideia de melhoria ambiental pode ser
classificada em função de uma das oito estratégias. É um bom ponto de partida e pode servir para se
orientar e inspirar.
Além disso, a geração de ideias é um processo criativo para o qual existem diferentes técnicas. Mais à
frente é proposta uma delas, o brainstorming, pela sua simplicidade e pela sua capacidade de atender a
um dos requisitos mais importantes na área de ecodesign:
As 8 estratégias de ecodesign
Durante a realização da Avaliação do Ciclo de Vida com qualquer uma das ferramentas descritas no
capítulo anterior, percebe-se quais são os principais aspetos ambientais do produto. Assim, algumas
ideias para a melhoria ambiental do produto podem surgir espontaneamente. No entanto, não serão as
únicas possíveis.
Portanto, para a identificação de ideias não nos vamos concentrar nos aspetos ambientais principais,
mas vamos novamente considerar todas as fases do ciclo de vida do produto. Isso dar-nos-á uma maior
liberdade e mais possibilidades.
Sabendo quais são os principais aspetos ambientais, bem como os Fatores de Motivação da empresa, o
ecodesign servirá agora para avaliar e priorizar as ideias a desenvolver e o tempo necessários para as
desenvolver e implementar no novo produto.
Existem diferentes estratégias que podem ser utilizadas na classificação de ideias para a melhoria
ambiental de um produto: pode adotar-se um total de oito estratégias, que podem ser observadas na
tabela seguinte, e que por sua vez estão relacionadas com as diferentes fases do ciclo de vida do
produto.
No entanto, uma das estratégias (a estratégia número oito: "otimizar a função") é uma estratégia de
caráter distinto das restantes, uma vez que envolve uma mudança "radical" que pressupõe a alteração
do conceito do produto ou serviço da empresa. Efetuando uma análise com visão alargada sobre o
produto, identificam-se as diferentes necessidades que o produto cobre e pensa-se em formas
diferentes de fornecer/atender essas necessidades.
Projeto Certif-Ambiental // 79
Durante todo este processo, devem ter-se em mente os Fatores de Motivação (exigências dos clientes,
exigências legais, etc.) para ajudar a orientar trabalho.
Tipos de Medidas
Estratégias de Melhoria Comentários
Associadas
Obtenção e 1.- Selecionar materiais Materiais mais limpos Com base nos materiais
consumo de de baixo impacto Materiais renováveis utilizados e nos processos
materiais e Materiais de menor necessários para a sua
componentes consumo energético obtenção, analisar-se-á a
Materiais reciclados possibilidade de utilizar
Materiais recicláveis materiais alternativos que
tenham um menor impacte
ambiental, mantendo as
mesmas prestações técnicas ou
até mesmo melhorando-as.
2. – Reduzir o uso de Redução do peso A redução da utilização de
material Redução do volume (de materiais supõe ao mesmo
transporte) tempo uma redução do aspeto
ambiental do produto e uma
redução de custos para a
empresa. Assim, tentar-se-á
fazer com que o volume seja o
mais baixo possível, o que leva a
uma menor ocupação de espaço
e permite otimizar o transporte
e armazenamento, o que trará
uma redução de custos.
Tipos de Medidas
Estratégias de Melhoria Comentários
Associadas
Novas ideias de 8. – Otimizar a função Uso compartilhado do Nesta estratégia a atenção não se vai
produto produto fixar no produto físico, mas antes na
Integração de funções função que satisfaz. Para isso
Otimização funcional do estudam-se as necessidades,
produto analisando:
Substituição do produto Que necessidade ou necessidades
por um serviço satisfaz o produto atual?
Como se pode otimizar o
desempenho do produto?
Pode-se desenvolver um sistema
alternativo que melhor atenda a
mesma necessidade?
O “brainstorming
Para ajudar a gerar ideias, recomenda-se a realização de uma sessão de "brainstorming". Consiste em
reunir diferentes pessoas de diferentes departamentos da empresa em torno das oito estratégias
existentes, para que todos possam expressar as ideias que lhes ocorram em relação a essas estratégias.
Projeto Certif-Ambiental // 81
No “brainstorming” é importante envolver os diferentes departamentos da empresa já que cada um
oferece uma perspetiva diferente, e isso pode enriquecer e promover o processo tendo em conta todas
as questões relevantes.
Por esta mesma razão, é também muito importante a presença da Gestão de Topo, que entenderá mais
facilmente as conclusões e isso facilitará a sua aprovação.
Existem algumas regras básicas do funcionamento do “brainstorming” que devem ser comunicadas aos
participantes no início da sessão.
Importa a quantidade não a qualidade das ideias (já se terá em conta a qualidade na fase de
seleção).
Podem-se fazer combinações com outras ideias. A ideia é do grupo e não individual.
Deve haver uma pessoa para conduzir o debate. Essa pessoa será preferencialmente do departamento
técnico ou de desenvolvimento de produtos e atuará como um líder natural de todo o projeto. As suas
funções serão:
Apresentar as oito estratégias para inspirar os participantes. Não é necessário seguir a ordem
das 8 estratégias. Estruturar a reunião pode retirar muita criatividade.
Agilizar a reunião, para que seja ativa e sem momentos de silêncio. Para evitar isso, o próprio
líder deve lançar algumas novas ideias que estimulam os participantes ou, se há evidências de
que a criatividade se esgota, é preferível finalizar esta fase da reunião e prosseguir com a
seleção das melhores ideias a analisar. O líder deve permanecer neutro e não dirigir aos
participantes as suas próprias opiniões.
Após a sessão de “brainstorming” será feita a seleção de ideias. Para fazer isso, cada um dos
participantes deve dar a sua opinião sobre quais são as melhores. Todos os votos serão contados e
escolhem-se as 10-15 preferidas.
Este processo não tem de ser desenvolvido a partir de um ponto de vista técnico ou financeiro, mas a
partir da perspetiva do que são, na opinião de todos, as ideias mais interessantes para o produto – essa
avaliação será feita a posteriori.
Pode ser aconselhável em alguns casos comentar todas as ideias levantadas, para agrupar aquelas que,
na opinião do grupo, representam a mesma melhoria, e defini-las de forma prática antes de sua inclusão
nas especificações.
De seguida, deve proceder-se a uma valorização mais detalhada e priorizar cada uma delas. Devem ser
considerados os seguintes critérios de valorização:
Viabilidade técnica
Refere-se à possibilidade de aplicar a ideia proposta com os meios técnicos disponíveis da
empresa.
Viabilidade financeira
Avaliar a viabilidade económica de melhoria. A empresa tem condições para comportar os
custos económicos/financeiros?
Cada um destes pode ser avaliado, por exemplo, de acordo com os seguintes critérios:
Além dos critérios listados aqui, cada empresa pode definir novos critérios, de acordo com as suas
características ou necessidades, ou dar um peso maior a alguns critérios face a outros.
Para a avaliação deve-se envolver outros departamentos que não intervieram anteriormente no
processo, como é o caso do departamento financeiro da empresa.
Após todas as medidas de melhoria selecionadas terem sido avaliadas, deve proceder-se à sua
priorização, decidir se cada uma é realmente interessante e aplicável a curto (CP), médio (MP) ou longo
prazo (LP). Isso será refletido numa lista de priorização.
Nesta fase, pode utilizar-se como uma ferramenta para alimentar a matriz de prioridades.
Todo o processo deve ser desenvolvido avaliando cuidadosamente cada um dos critérios relevantes
para a empresa envolvida, assistindo-se aos resultados nas próximas fases de desenvolvimento do
produto. Neste ponto, a supervisão por parte da Gestão de Topo será um aspeto essencial.
Projeto Certif-Ambiental // 83
④ DESENVOLVER CONCEITOS
Esta etapa é o começo da fase de desenvolvimento propriamente dita, e que conduzirá eventualmente a
um novo produto.
A atividade de criação não segue um método passo a passo, mas é um processo iterativo (isto é, um
processo de avanços e retrocessos).
O objetivo desta fase é a obtenção de muitas soluções para o produto ou partes do produto que
atendam aos requisitos das especificações. Devem ser gerados conceitos alternativos que nos
encaminhem a encontrar a melhor opção. Naturalmente isto leva a divergências de opinião.
Especificações
Conceito de produto
selecionado
DESENVOLVIMENTO EM
Etapa 5. – Desenvolvimento
PORMENOR DO
detalhado do conceito
CONCEITO
selecionado
SELECIONADO
Seleção dos melhores detalhes e
conceção detalhada do novo produto
Como resultado das etapas anteriores, deve-se estabelecer uma especificação, que levará em conta
todas as especificações do produto, não só do ponto de vista ambiental, mas também as especificações
técnicas, ergonómicas, comerciais e económicas
Condições ambientais
Projeto Certif-Ambiental // 85
As etapas anteriores focaram-se no ambiente. No entanto, nas próximas duas etapas o Ambiente é UM
dos requisitos do produto para a empresa, pois há alguns outros requisitos tão ou mais importantes do
que os requisitos ambientais: requisitos técnicos, económicos, da qualidade, etc., que não podem ser
ignorados em algum momento.
Como já foi mencionado, o objetivo desta etapa é desenvolver conceitos de produtos. Esta etapa
prossegue o design preliminar, onde provisoriamente é definida a composição, forma e materiais do
produto.
Para tal, devem ser recolhidas todas as informações pertinentes de forma periódica, informando o
departamento técnico ou de desenvolvimento de produtos sobre os resultados.
No caso de a empresa trabalhar com um designer externo, este deve reunir-se com os diferentes
departamentos da empresa no início desta etapa para ser informado sobre todos os dados recolhidos.
Quando as ideias de melhoria selecionadas (etapa 3 do projeto) são muito ambíguas, pode ser
necessário investigar ou desenvolver um pouco mais, e verificar quais as consequências que podem ter
sobre o produto. E.g.: Se a medida selecionada é "conceber uma cafeteira que consuma menos energia"
pode ser necessário investigar possíveis fontes de energia que possam ser utilizadas e como cada uma
afeta o produto.
Também podem ser usadas as ideias originais selecionadas no “brainstorming” que levou à criação de
especificações.
Quando temos um produto complexo que sabemos que terá muitos componentes (a determinação
detalhada destes terá lugar na fase seguinte), podemos dividi-lo em diferentes subsistemas funcionais,
todos eles inter-relacionados, formando o produto. Por sua vez, cada um terá diferentes peças, mas por
agora vamos considerar apenas os subsistemas de produtos.
Nem todos os conceitos desenvolvidos nesta fase são úteis da mesma forma. Antes de se passar para a
próxima fase é necessária uma avaliação e seleção desses conceitos. Tem que se ter em conta a
possibilidade de combinar as melhores características de cada conceito em um só.
No entanto, observa-se que algumas funções satisfazem melhor do que as outras. Portanto, deve
continuar-se a avaliar cada um dos conceitos existentes com base na conformidade com os requisitos
das especificações.
Podem ser estabelecidos diferentes modos de avaliação (bom, regular, mau ou classificações 1-10). Com
todos estes valores deve ser feita uma estimativa global de cada um dos conceitos desenvolvidos.
Até agora, nesta etapa, a única coisa que difere de um design convencional é a valorização do
cumprimento dos requisitos ambientais.
Para a avaliação de melhoria do ambiente associada aos vários conceitos, podem ser úteis as
ferramentas utilizadas na etapa 2, para a análise de questões ambientais. A partir de estimativas que
contemplaram cada um dos conceitos relativos aos materiais e suas quantidades, processos, etc.,
obtemos uma aproximação da melhoria ambiental esperada.
Desta forma, pode-se ter uma ideia, não só de qual é o melhor conceito do ponto de vista ambiental,
mas também se é melhor do que o conceito anterior (em caso de redesign) ou do que os produtos
existentes no mercado.
Uma vez que ainda estamos numa fase preliminar, a informação disponível sobre cada conceito não é
exaustiva.
A avaliação será, portanto, subjetiva em muitos aspetos. Será particularmente importante a experiência
acumulada do departamento técnico ou de desenvolvimento de produtos da empresa, bem como do
designer externo, caso exista.
Neste último caso, será positivo que este detenha conhecimentos de ecodesign. Ainda assim, a empresa
vai decidir e escolher o conceito final. É interessante que os critérios ambientais sejam discutidos e
justificados por ambas as partes para assegurar que os objetivos e requisitos compreendidos por ambas
as partes são os mesmos.
Esta etapa termina com a seleção de um dos conceitos. Na próxima etapa, prossegue-se o seu
desenvolvimento em pormenor (e, dependendo do conceito selecionado, pode-se começar a ter em
conta os planos de fabricação e de comercialização).
Nessa fase, algumas das ideias selecionadas na fase anterior que foram baseadas nas especificações de
requisitos ambientais, podem ser substituídas ou complementadas por ideias melhores que possam ter
surgido durante o desenvolvimento de conceitos.
Projeto Certif-Ambiental // 87
⑤ PRODUTO EM DETALHE
Depois de gerar conceitos de produtos (etapa 4), esta etapa tem como objetivo a definição detalhada do
conceito selecionado para o design final. Deve determinar as dimensões exatas, materiais e as técnicas
de produção.
Tal como na etapa anterior, o processo é iterativo e altamente caótico. A definição do produto evoluirá
a partir de uma definição grosseira até chegar ao nível do detalhe.
Nesta etapa e na anterior, o ambiente não é o único aspeto a ser tido em conta, contrariamente ao que
sucedia nas três primeiras etapas. No entanto, contrariamente a processos de desenvolvimento de
produto convencionais, o ambiente é mais um aspeto a ser avaliado e tido em consideração, entre
outros: económicos, técnicos, estéticos, ergonómicos, etc.
O resultado desta etapa é a conceção final do produto, quase pronto para a produção e introdução no
mercado.
Embora o designer / equipa de projeto pormenorize o produto como um todo, provavelmente serão
feitos os esboços das peças. Isto significa que, na prática, a diferenciação entre as etapas 4 e 5 não é tão
estrita (é normal a conceção de um processo iterativo ser trabalhada em várias etapas em simultâneo).
O segundo passo é a definição exata do número de peças, cada forma geométrica, dimensões,
tolerâncias, materiais e propriedades superficiais. O projeto deve ser representado em
desenhos gerais, desenhos em pormenor e listas de materiais e, se for o caso, protótipos.
Nesta etapa, o designer deve levar em conta todos os tipos de especificações. Algumas delas serão
ambientais. Para definir o produto, pode ser útil contactar fornecedores para identificar alternativas de
materiais ou componentes mais verdes, de menor custo ou com uma melhor funcionalidade.
Ao mesmo tempo, para ajudar na seleção de materiais e processos de um ponto de vista ambiental,
pode ser útil o uso de eco-indicadores ou qualquer uma das ferramentas de software de avaliação do
ciclo de vida.
No processo de conceção em detalhe para um determinado aspeto podem ser identificadas várias
soluções. Após a análise, o designer ou equipa de projeto devem selecionar a melhor.
Em cada um dos casos, pode fazer-se um quadro comparativo das diferentes alternativas, de forma
semelhante ao que vimos no capítulo anterior, em que os aspetos funcionais são valorizados.
Nesta ocasião, os aspetos a serem avaliados são mais específicos do que no capítulo anterior. A
metodologia seguida é semelhante.
Projeto Certif-Ambiental // 89
⑥ PLANO DE AÇÃO
INTRODUÇÃO
Uma vez implementada a metodologia e utilizadas as ferramentas de ecodesign, chega-se a uma série
de medidas de melhoria a implementar a médio e longo prazo no produto projetado (presume-se que a
curto prazo já foram ou estão a ser implementadas). Uma vez que esta é uma nova experiência de
negócio para a empresa, se tudo não estiver devidamente organizado, pode acontecer que algumas das
medidas não cheguem a ser implementadas.
O mesmo pode acontecer com a metodologia de ecodesign, o que, devido à inércia dos métodos de
trabalho habituais, pode não voltar a ser utilizada no desenvolvimento de novos produtos se não estiver
ligada a todas as outras ferramentas de gestão.
Para evitar essa situação e tirar o máximo proveito da experiência obtida, é requisito indispensável
estabelecer um plano de ação ao nível do produto e ao nível de toda a empresa no futuro.
Estabelecendo-se um plano de ação ao nível do produto garante-se que as medidas interessantes para
os produtos não são esquecidas e que poderão vir a ser implementadas.
Além disso, o facto de se estabelecer um plano de ação geral a nível da empresa, coordenando os
diferentes departamentos, proporciona outros benefícios derivados do uso de ecodesign: marketing
verde, coordenação entre os requisitos de qualidade e meio ambiente, etc.
Agora é o momento de se estabelecer um plano de ação que reúna todas as medidas de melhoria
ambiental selecionadas, ainda que não implementadas (as de médio e longo prazo), definindo o seu
prazo de implementação, ações necessárias para o efeito e pessoa responsável por tais ações.
Uma vez utilizada a metodologia e as ferramentas de ecodesign pela primeira vez, no departamento de
desenvolvimento de produtos, devem tirar-se conclusões sobre quais dessas ferramentas são
interessantes para a empresa e como podem ser integradas no processo de design de novos produtos.
2. Fruto desta análise, estabelecer um plano de ação, desta vez a nível empresarial, para identificar
as alterações necessárias no plano de desenvolvimento do produto, ISO 9001 ou ISO 14001, no
departamento responsável, as tarefas necessárias e a sua periodicidade.
Note-se que enquanto as ferramentas podem e devem ser adaptadas às necessidades específicas da
empresa, é importante não ignorar qualquer uma das fases da metodologia de ecodesign: embora
algumas pareçam mais interessantes ou importantes que outras, todas estão relacionadas e todas têm
importância.
O caminho para garantir o foco contínuo nos aspetos ambientais dos produtos é através da integração
dos resultados do projeto de conceção ecológica (no que diz respeito ao conhecimento e experiência),
dentro do sistema de gestão ambiental, ou dentro do sistema da qualidade de uma empresa.
De seguida fornece-se uma orientação sobre como integrar o ecodesign com as normas ISO 9001 e ISO
14001.
A ISO 9001 é uma norma globalmente aceite para a gestão da qualidade. O sistema é baseado num ciclo
em que se formulam políticas, objetivos e missão e, com base nesse estudo, procede-se à elaboração e
implementação de programas. Numa fase posterior, avalia-se o cumprimento de objetivos, tarefas e
ações corretivas estabelecidas.
Tal como a norma ISO 14001, a norma ISO 9001 oferece a oportunidade de ancorar a gestão ambiental
orientada para o produto. No âmbito da ISO 9001, as empresas podem integrar os aspetos ambientais
no desenvolvimento de produtos, incluindo requisitos ambientais sobre os critérios em que se baseiam
os produtos. Uma das possibilidades específicas é, por exemplo, a implementação de aspetos
ambientais nos procedimentos de compra.
Projeto Certif-Ambiental // 91
⑦ AVALIAÇÃO
A avaliação do projeto ecodesign vai servir para ver em que medida estão a ser respeitados ou
melhorados os Fatores de Motivação que levaram a empresa a fazer ecodesign e a estabelecer
mecanismos para tirar o máximo proveito das melhorias.
Além disso, da avaliação pode resultar informação valiosa para formar, informar e motivar o pessoal
INTERNAMENTE e que possibilite a inclusão de marketing verde ou estratégias de marketing verde, ou
para informar outros agentes EXTERNAMENTE (grupos sociais de pressão, instituições de apoio
financeiro, grupos empresariais, organizações ambientais, etc.).
Há muitas maneiras de avaliar um projeto de ecodesign, sendo que cada empresa integra na sua
metodologia diferentes procedimentos de avaliação de projetos.
No entanto, considera-se que há um certo número de critérios genéricos a ter em conta nesta avaliação:
Os resultados da avaliação do projeto de ecodesign podem ser utilizados para diferentes objetivos em
cada empresa, nomeadamente:
Documentação que sirva de guia para futuros projetos de ecodesign dentro da empresa por
exemplo, percentagem de melhorias que são possíveis num aspeto concreto).
Mas há outros dois aspetos de interesse comum para a maioria das empresas, a saber:
Se foi definido um plano de ação a nível da empresa para a interiorização da metodologia de ecodesign,
os resultados do projeto são fundamentais para motivar cada departamento a realizar as tarefas que lhe
são confiadas, eliminando a ideia do ecodesign como uma obrigação adicional, mas antes como uma
oportunidade para melhorar os produtos e o meio ambiente. Propõe-se, portanto, utilizar estes
resultados como um material-chave para o lançamento do plano de ação da empresa em ecodesign.
No entanto, o marketing verde não é tão simples como pode parecer a priori: tal como outras
estratégias de marketing, requer técnicas específicas, e referindo-se a uma questão tão importante e
global como o ambiente, deve ser baseado numa série de princípios básicos.
Normalmente, como mostrado na figura acima, o desenho das campanhas começa geralmente em
paralelo com as fases de distribuição e venda. Trabalhando em ecodesign, o marketing tem que ser
influenciado por todas as fases e tem de influenciar (através da análise dos Fatores de Motivação) todas
as fases do ciclo de vida.
Projeto Certif-Ambiental // 93
6.3. Ferramentas de Apoio à Implementação do
Ecodesign
Ao longo deste manual citamos várias ferramentas de ecodesign. No quadro seguinte apresenta-se uma
listagem das ferramentas aplicáveis a cada etapa de implementação dum projeto de ecodesign.
ETAPA FERRAMENTA
1. – Preparação do
Tabela de critérios para a seleção de um produto.
Projeto
Folha de trabalho de fatores de motivação externos.
Folha de trabalho de fatores de motivação internos.
2. – Aspetos Ambientais
Matriz MET.
Eco-indicadores.
Tabela de ferramentas de software para a Avaliação do Ciclo
de Vida.
3. – Ideias de Melhoria
Ferramentas para a geração de ideias de melhoria:
o As 8 estratégias de Ecodesign.
o Brainstorming.
Ferramentas para valorização de ideias de melhoria:
o Matriz de prioridades.
4. – Desenvolvimento de
Técnicas criativas.
Conceitos
Ferramentas de seleção.
Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
aspetos ambientais do produto.
5. – Produto em Detalhe
Ferramentas selecionadas pela empresa para o estudo dos
aspetos ambientais do produto.
6. – Plano de Ação
Plano de ação do produto a médio e longo prazo.
Plano de ação a nível de empresa de ancoragem do Ecodesign
com os procedimentos de desenvolvimento de produtos.
Plano de Ação a nível da empresa de ancoragem do Ecodesign
à norma ISO 9001.
Plano de Ação a nível da empresa de ancoragem do Ecodesign
à norma ISO 14001.
7. – Avaliação
Tabela de avaliação dos resultados.
Referências bibliográficas sobre marketing ecológico.
Os critérios para a seleção de um produto são específicos de cada empresa, mas geralmente seguem as seguintes
orientações:
O produto tem de ter um número de graus de liberdade suficiente para permitir a sua modificação.
(e.g. – O produto saco plástico de polietileno (PE) não tem graus de liberdade nem quanto à forma ou
ao material utilizado, etc., e por isso não é interessante para fazer ecodesign).
O produto deve ser preferencialmente aquele que seja principalmente afetado pelos fatores de
motivação para o ecodesign e para a empresa, já que isto está relacionado com os benefícios potenciais
que a empresa vai obter a partir deste projeto.
(e.g. - Se a introdução de critérios ambientais na conceção de um produto A pode promover o
cumprimento da legislação ambiental, melhorar o seu marketing e dar ao produto o caráter inovador
que ele necessita, será mais interessante para ecodesign este produto A, do que um produto B que não
é afetado por qualquer um desses fatores através da introdução de critérios ambientais na sua
conceção).
Adicionalmente no caso de ser o primeiro produto em que se introduzem critérios de ecodesign, é
interessante que o produto ou parte do mesmo que vai ser modificado seja relativamente simples, já
que isto favorece a obtenção de resultados rápidos e com isso aumenta a motivação para o ecodesign.
Projeto Certif-Ambiental // 95
FOLHA DE TRABALHO DE FATORES DE MOTIVAÇÃO EXTERNOS
...
GESTÃO DE TOPO:
…
Legislação e Regulação
…
...
MERCADO:
…
Exigências dos Clientes
…
...
CONCORRENTES:
…
O que eles fazem em
…
Ecodesign
...
ENVOLVENTE SOCIAL:
…
Responsabilidade
…
Ambiental
…
ORGANIZAÇÕES SETORIAIS
…
…
...
FORNECEDORES:
…
Inovações Tecnológicas
…
Figura 19 – Folha de Trabalho de Fatores de Motivação Externos
…
Melhoria da Imagem do
Produto e da Empresa …
...
...
Redução de Custos
…
…
...
Poder de Inovação
…
…
...
Sentido de
Responsabilidade …
Ambiental da Gestão de …
Topo
...
Motivação dos
Colaboradores …
…
Figura 20 – Folha de Trabalho de Fatores de Motivação Internos
MATRIZ MET
Obtenção e
Consumo de
Materiais e
Componentes
Produção em
Fábrica
Distribuição
Uso ou Utilização
Sistema de Fim de
Vida
Eliminação Final
Projeto Certif-Ambiental // 97
ECO-INDICADORES
ANTES DEPOIS
Produto ou componente Projeto Produto ou componente Projeto
Total Total
Uso (Transporte , energia e materiais auxiliares) Uso (Transporte , energia e materiais auxiliares)
Material ou Material ou
Quantidade Indicador Resultado Quantidade Indicador Resultado
processo processo
Total Total
Resíduos (Para cada tipo de material) Resíduos (Para cada tipo de material)
Material ou Material ou
Quantidade Indicador Resultado Quantidade Indicador Resultado
processo processo
Total Total
Figura 22 – Eco-Indicadores
Projeto Certif-Ambiental // 99
FERRAMENTAS PARA A GERAÇÃO DE IDEIAS DE MELHORIA: Brainstorming
8. – Otimizar a função …
Novas Ideias de Produto
…
…
…
…
…
Produção em Fábrica
Produção em Fábrica
Distribuição Distribuição
Uso ou Utilização
Uso ou Utilização
Sistema de Fim de Vida
Eliminação Final
Resposta aos
Medidas Viabilidade Viabilidade Benefícios para
fatores de Prioridade
selecionadas técnica financeira o ambiente
motivação
Produção em fábrica
Distribuição
Uso ou utilização
TÉCNICAS E FERRAMENTAS
Técnicas criativas: as utilizadas habitualmente pela empresa e/ou pelos colaboradores externos.
Ferramentas de seleção: as utilizadas habitualmente pela empresa e/ou pelos colaboradores
externos.
Ferramentas selecionadas pela empresa para estudar os aspetos ambientais do produto (MET,
ferramentas de software Eco-indicador).
FERRAMENTAS
Ferramentas selecionadas pela empresa para estudar os aspetos ambientais do produto (MET,
ferramentas de software Eco-indicador).
Os potenciais impactes ambientais dos produtos podem ser reduzidos ao ter em conta questões
ambientais durante o seu ciclo de vida.
Sendo assim, encarar o desenvolvimento do produto com uma visão mais abrangente, considerando as
perspetivas ambientais e económicas, com foco na otimização global da performance ambiental é papel
daqueles que elaboram hoje as estratégias dos produtos que serão apresentados ao mercado amanhã.
O ecodesign consiste no método de projetar, que visa evitar ou diminuir, os impactos ambientais. Não
se trata apenas de “limpar”, mas principalmente de “não sujar”, levando-se isso em conta em todas as
fases de projeto.
O objetivo do ecodesign é reduzir o impacte ambiental do produto ao longo de todo o seu ciclo de vida.
É de fundamental importância que as empresas que desejam liderar os seus mercados adotem as
práticas de ecodesign face aos benefícios que lhes aportam, nomeadamente redução de custos,
inovação, cumprimento de legislação ambiental, melhor cumprimento das exigências dos clientes,
aumento da qualidade dos produtos e melhoria da imagem dos produtos e das empresas, tornando-as
mais competitivas no mercado global.
MANUAL DE ECODESIGN
INEDIC – Innovation and ecodesign in the ceramic industry.
RELATÓRIO PROFISSIONAL
DUARTE, E.G.; Universidade de Aveiro; 2012.
www.ihobe.net