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Este trabalho tem o objetivo de produzir um material de apoio aos professores da rede pública de
ensino, visando uma nova abordagem pedagógica metodológica referente aos conteúdos
programáticos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A atividade propõe a partir do contato com as
mitologias indígenas estabelecer relações conceituais sobre os conteúdos encontrados nos livros
didáticos e com esta nova abordagem promover uma conscientização referente aos nossos processos
sociais e culturais. Espera-se com este trabalho a construção de conhecimento e de identidade do
sujeito no desenvolvimento crítico de seu papel consciente de sua cidadania em nossa sociedade.
Introdução
Nesta atividade visamos estabelecer uma relação conceitual, a partir da leitura e
explicação do Mito de Maíra para a compreensão dos processos históricos de aculturação a
que foram submetidos os povos indígenas, e a seu extermínio em grande parte pelos processos
de civilização estabelecidos pelas instituições da sociedade nacional brasileira.
Procuraremos através de um recorte histórico do período da ditadura militar, explicar
alguns fenômenos que promoveram o extermínio de alguns povos indígenas da Amazônia,
visando estabelecer um conteúdo diferente, ou seja, pela leitura e interpretação do mito uma
explicação possível através de uma narrativa mitológica estabelecer um novo olhar sobre a
produção de novas formas de conhecimento.
Justificativa
A atividade tem como proposta desenvolver novos conteúdos e materiais de apoio para
se trabalhar temas com outros olhares didáticos, ou seja, através do contato com outras formas
de saberes e vivências construir novas formas de conhecimento e relacionar com os nossos
processos tradicionais de aprendizagem.
Objetivos
1) Conhecer o significado conceitual dos mitos e sua relação com a produção de outras formas
de conhecimento, tais como as práticas de oralidades, narrativas, saberes e vivências míticas.
2) Estabelecer relações didático-pedagógicas na produção de conteúdos programáticos de
apoio ao ensino, analisando semelhanças e diferenças através do contato com outras formas
de saberes e vivências.
3) Desenvolver novas formas de compreensão do mundo através da leitura dos mitos.
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4) Identificar a relação existente entre os processos violentos de extermínio durante a ditadura
militar e sua relação com as cosmogonias e cosmologias das sociedades indígenas.
5) Aplicar a técnica surrealista do “cadáver esquisito” como atividade prática artística, como
forma de avaliação e proposta de desenvolver a subjetividade dos alunos em sua compreensão
da relação entre ditadura e extermínio indígena.
6) Desenvolver novos materiais didáticos de apoio a partir da relação com outras formas de
saberes, e que possam ser usadas como novas formas de abordagem mediante os conteúdos
tradicionais de ensino.
Metodologia
Para o desenvolvimento desta atividade é necessário ao professor(a) trabalhar
anteriormente a questão sobre o que foi a ditadura militar e seus impactos sobre a sociedade
civil brasileira. Em relação ao extermínio provocado pela ditadura militar, o professor(a)
poderá abordar alguns temas, tais como os conceitos sobre etnocentrismo, aculturação,
processo civilizatório e durante o período militar o desmatamento provocado para a
construção da rodovia Transamazônica e hidrelétricas nas regiões da Amazônia e Alto Xingu,
em prol da ideia de desenvolvimento e progresso. Cabe ressaltar que fica a critério do
professor escolher o tema que melhor lhe auxilie na elaboração e desenvolvimento da aula.
Aula 01
A aula terá início através de uma conversa informal acerca do que os alunos
compreendem sobre os mitos e em especial a mitologia indígena (10 min); em seguida será
realizado pelo professor (a) uma explicação conceitual sobre o que são os mitos e sua
importância para a construção de outras formas de conhecimento (15 min); após a explicação
sobre o que é um mito, o professor(a) realizará uma leitura sobre o Mito de Maíra
relacionando com uma breve análise e problematizando o papel no genocídio e extermínio de
povos indígenas pelos processos históricos da ditadura militar (15 min); finalizando a
atividade conceitual, o professor(a) procurará estabelecer sua relação com a ditadura militar e
o extermínio (ou quase) de alguns povos indígenas da Amazônia. (15 min).
O que é o mito? Segundo Mircea Eliade, em sua obra Mito e Realidade (1986):
O mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma
realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um
fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma
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instituição. É sempre, portanto, a narrativa de uma “criação”: ele relata de
que modo algo foi produzido e começou a ser. O mito fala apenas do que
realmente ocorreu, do que se manifestou plenamente. Os personagens dos
mitos revelam, portanto, sua atividade criadora e desvendam a sacralidade –
ou simplesmente a “sobrenaturalidade” de suas obras. Em suma, os mitos
descrevem as diversas, e algumas vozes dramáticas, irrupções do sagrado
(ou do “sobrenatural”). É essa irrupção do sagrado que realmente
fundamenta o mundo e o converte no que é hoje. E mais: é em razão das
intervenções dos Entes Sobrenaturais que o homem é o que é hoje, um ser
mortal, sexuado e cultural. O mito é considerado uma história sagrada e,
portanto, uma “história verdadeira”, porque sempre se refere a realidades. O
mito cosmogônico é “verdadeiro” porque a existência do Mundo aí está para
prová-lo; o mito da origem da morte é igualmente “verdadeiro” porque é
provado pela mortalidade do homem, e assim por diante. (…) Pelo fato de
relatar as gestas dos Entes Sobrenaturais e a manifestação de seus poderes
sagrados, o mito se torna o modelo exemplar de todas as atividades humanas
significativas (ELIADE, 1986, p. 11-12)
Os mitos são narrativas orais que expressam histórias verdadeiras dos tempos
imemoriais e são de fundamental importância para a cultura e fortalecimento de povos
indígenas. Os mitos definem pontos específicos dentro de cada grupo social, tais como a
linguagem, os rituais internos, as maneiras de se expressar e pensar.
O mito é uma forma de expressar e exercitar o pensamento, e de refletir sobre ideias
referentes as origens e as atuais relações socioculturais dos povos. Desta forma, o mito em
sentido amplo, é dotar de sentido as suas histórias mitológicas, que, de maneira geral,
complementam o plano simbólico que fortalece as estruturas de suas visões de mundo e suas
relações com a natureza e a cultura.
A transmissão deste conhecimento, segundo Eliade (1986) é ritualizado em processos
especiais, são celebrados em rituais de passagem e comunicados aos neófitos durante a sua
iniciação.
Vemos, portanto, que a “história” narrada pelo mito constitui um
“conhecimento” de ordem esotérica, não apenas por ser secreto e transmitido
no curso de uma iniciação, mas também porque esse “conhecimento” é
acompanhado de um poder mágico-religioso. Com efeito, conhecer a origem
de um objeto, de um animal ou planta, equivale a adquirir sobre eles um
poder mágico, graças ao qual é possível dominá-los, multiplicá-los ou
reproduzi-los à vontade (ELIADE, 1986, p. 18-19).
Aula 02
A turma será divida em duplas e serão distribuídas materiais para que possam
expressarem as suas subjetividades referente ao entendimento sobre o tema trabalhado na aula
anterior, ou seja, como através da prática da atividade surrealista do “cadáver esquisito”, os
alunos podem relacionar as temáticas entre o Mito de Maíra, a ditadura militar e o extermínio
de sociedades indígenas durante o processo histórico e civilizatório.
Após a conclusão da atividade, cabe ao professor(a) e a turma dos alunos
apresentarem suas produções temáticas em uma exposição da escola, durante as atividades de
produção cultural planejada pela escola.
A atividade proposta visa demonstrar aos alunos, que é possível desenvolver novas formas de
conhecimento, através de outras vivências e experiências, fora do lugar-comum a que estão
habituados em seu processo de aprendizagem. Bem como levá-los a pensar que suas
subjetividades podem ser expressadas, por exemplo e aplicado nesta atividade, na forma de
produções artísticas e culturais.
Quanto a abordagem do mito e a relação ao conteúdo do material didático, a proposta foi
relacionar ideias e concepções diferentes de entendimento de mundo, e de produzir novas
formas de conhecimento pela troca com outras formas de contrução de realidades, que não a
forma tradicional.
Concluímos, que esta atividade tem o intuito de levar os alunos a uma reflexão sobre a nossa
história, contada através de outros olhares, no caso de um mito, sobre a realidade de nossa
sociedade e da influência nevasta que processos civilizatórios de cultura dita dominante e
moderna, imbuídas de ideários de ordem e progresso, impõem a outras formas de cultura
consideradas por este processo como atrasadas.
Referências Bibliográficas
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Anexo – Atividades
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