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LEITO DE JORRO
Toledo – PR – Brasil
Setembro – 2012
UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ
CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS
ENGENHARIA QUÍMICA
LEITO DE JORRO
Toledo – PR – Brasil
Setembro – 2012
Sumário
1 lista de figuras....................................................................................................................................IV
2 LISTA DE TABELAS........................................................................................................................V
3 RESUMO........................................................................................................................................VII
4 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................8
5 LEITO DE JORRO............................................................................................................................9
5.1 GENERALIDADES.................................................................................................................................9
5.2 DESCRIÇÃO DO REGIME...................................................................................................................10
5.3 TIPOS DE LEITO DE JORRO...............................................................................................................12
6 CONCLUSÕES................................................................................................................................27
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................................28
III
1 LISTA DE FIGURAS
IV
2 LISTA DE TABELAS
V
3 RESUMO
VII
4 INTRODUÇÃO
8
5 LEITO DE JORRO
Em leitos de jorro uma interação intensa entre a fase sólida e gasosa tem lugar,
o que é de grande importância para o tratamento de pós finos. Além disso, em leitos
de jorro partículas podem ser fluidizado, que são normalmente impossíveis de serem
tratadas em leitos fluidizados convencionais, em especial as partículas com uma
distribuição de tamanho de partículas gama, sendo pequenas e leves ou muito
grandes, não esféricas, partículas com superfícies ásperas ou adesivas.
5.1 Generalidades
9
5.2 Descrição do Regime
10
Figura 01. Esquema de um leito de jorro (MATHUR e EPSTEIN, 1974)
FONTE: AQUARONE et al., 1983
O leito de jorro surge então como um substituto para o leito fluidizado, sendo
aplicado a uma grande variedade de materiais sólidos com dP maiores que 1mm, como
dito previamente. MATHUR e EPSTEIN (1974) citam unidades para resfriamento de
sólidos, granulação, revestimento de partículas, cristalização e ativação de carvão.
Potenciais aplicações industriais para o leito de jorro, embora ainda esteja em escala
piloto, inclui a carbonização e gaseificação do carvão, moagem e mistura de sólidos e
pirólise de xisto.
Como já dito previamente, o leito de jorro apresenta característica de boa
agitação dos sólidos e de um efetivo contato fluido-sólido, além do baixo investimento
inicial e custo operacional. Apresenta diversas aplicações como secagem e
revestimento de partículas (FREIRE e SARTORI, 1992).
Apesar de sua extensa aplicação, este equipamento possui algumas
limitações, sendo necessária uma melhor compreensão de seu comportamento
fluidodinâmico.
O leito de jorro apresenta algumas limitações na sua aplicação na forma
convencional como grande dificuldade na ampliação de escala (também chamado de
scale-up); elevada perda de carga antes de atingir o jorro estável; existência de uma
altura máxima de leito que limita a carga do equipamento; grande faixa de tempo de
residência das partículas; o chamado curto-circuito das partículas, sendo definido pelo
retorno de algumas partículas que estão na interface jorro-anular para a região de jorro
11
antes de completarem o ciclo. Este curto-circuito provoca uma maior distribuição de
tempo de residência das partículas, tendo como consequência um produto
heterogêneo (DUTRA, 1984).
A fim de contornar este problema, CLAFIN e FANE (1982), utilizaram um tubo
central (também chamado de tubo draft) separando as duas regiões, visando impedir o
curto-circuito de partículas. Com a introdução deste tubo, além de impedir o problema,
pode alterar significamente a fluidodinâmica do leito de jorro, trazendo outras
consequências ao contato fluido-sólido.
Para o projeto de sistemas de leito de jorro, deve-se conhecer os aspectos
fluidodinâmicos de jorro, incluindo o conhecimento dos escoamentos de fluido e
partícula, estrutura do leito (características como a forma do leito e a porosidade),
estabilidade de jorro e altura máxima de leito para um jorro estável. É de primordial
conhecimento saber a vazão e a queda de pressão na condição de mínimo jorro para
um projeto adequado do leito de jorro (NETO, 2007).
12
região central do equipamento. A região que compreende esse leito deslizante de
partículas recebe a denominação de ânulo ou região anular (MATHUR,1971).
A desaceleração das partículas provenientes do canal central ocorre após as
mesmas atingirem a superfície do leito (região de fonte), e resulta na queda sobre a
região anular. Por fim, essas partículas descrevem uma trajetória anular de volta para
a região de jorro, seja após atingirem a base do leito (próximo ao orifício de entrada do
ar). Na figura 2 ilustra esquematicamente a movimentação cíclica e ordenada das
partículas em um leito de jorro convencional.
13
As características únicas do regime diluído faz com que sua aplicação na
secagem de pasta possua desempenho superior frente ao observado na secagem por
leito de jorro convencional. Entretanto, na secagem de células vivas e possivelmente
na secagem de sistemas estruturados (como as microcápsulas), o elevado grau de
atrito interparticular é ou pode ser uma característica desfavorável na aplicação desse
regime. É demonstrado um diagrama esquemático de um leito de jorro diluído na
Figura 3.
14
Figura 04. Diagrama esquemático de um leito de jorro bidimensional fendado
FONTE: ARAÚJO, 1995
O leito de jorro cônico é constituído apenas por uma base cônica com principal
vantagem de maior carga, ou seja, para uma mesma altura do leito, é possível
alimentar uma carga inicial maior do que aquela comparada com um leito convencional
(mencionado previamente no item 2.1), onde o ângulo da base tronco-cônica é igual
ao ângulo do leito cônico (NETO, 2007).
15
5.3.7 LEITO VIBRO-JORRADO
O leito de jorro com tubo draft é uma variação dentre os leitos de jorro em que
já a inserção de um tubo concêntrico à parte cilíndrica do leito. Com o uso deste tubo,
obtém-se uma melhora do comportamento fluidodinâmico, direcionando o ar na região
de jorro central, possibilitando uma redução na queda de pressão para o jorro já
estabelecido (NETO, 2007).
Possui a vantagem de obter uma menor distribuição de tempo de residência
das partículas, bem como a homogeneização da circulação de partículas. O leito de
jorro com tubo draft apresenta desvantagens também como o comprometimento da
permeação do ar na região anular e a diminuição das taxas de transferência de calor e
massa nessa região, acarretando em prejuízos em operações de secagem e
revestimento. Porém, para contornar o problema da redução das taxas de
transferências de calor e massa, é utilizado um tubo draft poroso. Além de resolver o
16
problema, o tubo draft poroso ainda mantém uma homogeneização na circulação das
partículas (NETO, 2007).
Este leito apresenta sete regiões características: jorro central, região de fonte,
região anular, superfície do leito, interface jorro-anular, base cônica e entrada de ar.
A região de jorro central é a de maior porosidade no leito onde ocorre o
transporte pneumático das partículas com o movimento concorrente do gás e partícula
(sólido); a região de fonte é a região acima do leito, onde as partículas que sobem do
jorro central desaceleram, caindo na região anular. Para as colunas cilíndricas, a altura
da fonte aumenta com o incremento da velocidade superficial do gás, com a
diminuição das dimensões do orifício de entrada de ar e com a diminuição do diâmetro
das partículas; a região anular é o local onde as partículas que caem da região de
fonte deslizam até a base do leito num movimento contracorrente; a superfície do leito
é o cume do leito, onde irá aflorar a região fonte depois do jorro ter sido estabelecido;
a interface jorro-anular é a fronteira (imaginária) entre a região anular e o jorro central
onde ocorrem alguns problemas, como os chamados “curtos-circuitos”, comentados
previamente, sendo a migração antecipada dos sólidos da região anular para o jorro
central, fazendo com que seja diminuído o tempo de residência da partícula da base
do leito até a região da fonte, pelo jorro central, para logo em seguida, descer em
contracorrente ao escoamento de gás na região anular até a base da coluna onde irá
retornar ao jorro central, fechando, assim, o ciclo. Com a inserção de um tubo draft
separando estas duas regiões, proporcionará a movimentação de sólidos no leito; a
base cônica favorece o movimento circulatório das partículas, além de diminuir as
regiões conhecidas como zonas mortas, na base da coluna. O ângulo da base cônica
é um parâmetro importante a ser determinado, pois os ângulos menores facilitam o
escoamento de sólidos da região anular para a região de jorro, já os ângulos grandes
(por exemplo, quando o cone é muito fechado), o jorro fica instável; a região de
entrada de ar é o local por onde o ar é injetado. Esta área é localizada na parte central
da base da coluna. Uma relação ideal entre o diâmetro da parte cilíndrica da coluna e
o diâmetro do orifício de entrada de ar deve ser igual a seis (6) (DUTRA, 1984).
Na Figura 5 é demonstrado um leito de jorro com tubo “draft” com suas regiões
características.
17
Figura 05. Esquema de um leito de jorro com tubo draft com suas regiões características
FONTE: ARAÚJO, 1995
18
Figura 06. Curva típica de queda de pressão versus velocidade do ar
FONTE: MATHUR & EPSTEIN, 1974
Nesta figura estão expressas curvas para diversas alturas de leito, obtidos
tanto para vazão crescente quanto para vazão decrescente.
Conforme a vazão do fluido aumenta, é possível observar a seguinte sequência
de eventos, sintetizadas por ADEODATO (2003):
1. A baixas velocidades, este simplesmente passa sem perturbar o arranjo
estrutural das partículas e a queda de pressão aumenta com a taxa de
escoamento (sentido AB), comportamento padrão de um leito fixo.
2. A uma determinada velocidade, o jato torna-se suficientemente forte
para empurrar as partículas, ocasionando a formação de uma cavidade
na região central logo acima da entrada; a eventual camada sólida
compacta acima desta cavidade oferece uma grande resistência ao
fluxo do fluido, acarretando uma maior queda de pressão.
3. Com um acréscimo na vazão do gás, a cavidade se alonga formando
um jorro interno. A queda de pressão atinge um máximo (-ΔPM) no ponto
B, cuja velocidade superficial correspondente é UM.
4. Com o aumento da taxa de escoamento além do ponto B, a altura da
cavidade interna no jorro torna-se grande em comparação à camada
19
sólida compactada acima do jorro, fazendo com que a queda de
pressão comece a decrescer no trecho descrito pelo intervalo BC.
5. Aproximando-se do ponto C, um número suficiente de partículas sólidas
é deslocado para o centro d cavidade, causando uma expansão
considerável do leito, resultando em um decréscimo na queda de
pressão, essa expansão geralmente é acompanhada pela expansão
alternada de contração do jorro interno.
6. Com um ligeiro aumento na vazão para além do ponto C, conhecido
como ponto de jorro incipiente, a concentração de sólidos na região
logo acima do jorro interno decresce abruptamente, causando uma
redução notável na queda de pressão até o ponto D, no qual o jorro
interno rompe a superfície do leito. Este ponto representa o início do
jorro, no qual o leito torna-se móvel e o jorro contínuo se instala.
7. Aumentando-se mais ainda a taxa de escoamento do gás, o fluxo
adicional simplesmente passa através da região do jorro, o qual se
encontra estável com o patamar de mínima resistência, formando a
fonte, que não fornece efeito significante na queda de pressão, sendo
que esta permanece praticamente constante (-ΔPS) além do ponto D.
A instabilidade gerada pela ação de ruptura do jato através do leito faz com que
a velocidade do leito incipiente (C) e o princípio do jorro estável (D) não sejam
exatamente reprodutíveis. Opta-se então pela utilização de uma variável mais
reprodutível, a velocidade de jorro mínimo (Ujm), que é obtida diminuindo-se
gradativamente a vazão de fluido. O leito permanece em estado de jorro até o ponto
C’, que representa a condição de mínimo jorro. Uma pequena redução na velocidade
do gás nessa condição provoca colapso do jorro e a queda de pressão sobe
repentinamente até o ponto B’. Diminuindo ainda mais a taxa de escoamento, observa-
se um decréscimo contínuo na queda de pressão, ao longo do trecho B’A.
Os pontos B e D correspondem a valores de queda de pressão que são
importantes do ponto de vista prático em termos de projeto e operação de uma
unidade de leito de jorro, respectivamente, ao pico de queda de pressão (-ΔP M) e à
queda de pressão de operação no ponto de jorro estável (-ΔPS).
20
Segundo COSTA (1998), a estabilidade dos leitos de jorro é caracterizada pela
formação de três regiões características e perfeitamente distinguíveis, nomeadamente
o jorro, a fonte e o ânulo.
Uma breve descrição dessas regiões é apresentada abaixo (adaptada de
PASSOS et al. 1991):
O jorro consiste numa fase diluída de sólidos (porosidade entre 0,50 e
0,80), na qual as partículas são transportadas pneumaticamente pelo
jato de fluido no centro do leito. As principais características dessa
região são baixo tempo de residência e altos coeficientes de
transferência de calor e massa fluido-partícula.
O ânulo é a região de fase densa de sólidos (porosidade igual ao valor
de mínima fluidização) onde as partículas se movem em fluxo
contracorrente. A mistura dos sólidos se intensifica na parte inferior
dessa região devido ao movimento de reentrada na região do jorro.
A fonte é a região na qual as partículas transportadas no jorro mudam
seu movimento caindo novamente na região anular. O atrito e a colisão
entre as partículas se tornam intensos nessa região conforme o
aumento da vazão de fluido.
A obtenção e manutenção de um leito estável depende de uma série de
fatores, que serão abordados abaixo.
21
Há também o modo como é projetado o orifício da entrada do jato.
MANURUNG (1964) apud ADEODATO (2003) observou, após vários experimentos,
que o jorro torna-se mais estável quanto menor for o orifício de entrada do gás na
parte mais estreita do cone.
22
O grande “porém” do estudo da velocidade de escoamento é o fato de, devido
às características do processo, ser difícil obter dados que possam ser generalizados.
O que se tem feito ultimamente é o estudo da fluidodinâmica de leitos de jorro em
caráter experimental e com condições bem restritas, de modo a se simular o
comportamento fluidodinâmico no interior do leito.
Como as equações e geometrias utilizadas geralmente envolvem soluções
numéricas de alta performance, têm-se cada vez mais aderido à técnica da
Fluidodinâmica Computacional na modelagem e simulação de leitos de jorro.
23
O modelo Lagrangeano de fase discreta segue a aproximação de Euler-Euler-
Lagrange, isto é, a fase fluida é tratada como contínua pela resolução das Equações
de Navier Stokes calculadas no tempo, enquanto a fase dispersa ‘e resolvida
injetando-se um grande número de partículas, bolhas ou gotas através do campo de
escoamento calculado e são tratadas pela mecânica clássica de corpos sólidos (mais
especificamente a Segunda Lei de Newton), sendo que a fase dispersa pode trocar
momento, massa e energia com a fase fluida.
Esta abordagem é indicada para sistemas em que a fase dispersa ocupa baixa
fração de volume, uma vez que a trajetória das partículas é calculada individualmente.
Desta maneira, a partícula não influencia o escoamento do fluido, ao passo que este
unica e exclusivamente determina a trajetória da partícula. Este modelo é bastante
apropriado para se modelar e simular ciclones, hidrociclones, elutriação e alguns
sistemas de combustão, porém não é eficiente para modelar misturas líquido-líquido
ou leitos (fluidizados ou de jorro), uma vez que o volume da fase secundária é
significante.
Na abordagem Euler-Euler, as diferentes fases são tratadas matematicamente
como contínuas e interpenetrantes, ou seja, o volume de uma fase não pode ser
ocupado por outras. Desta maneira, surge o conceito de fração volumétrica das fases,
que são funções contínuas no espaço e tempo e cuja soma é igual a um. Forma-se,
então, um conjunto de equações contendo as equações de conservação para cada
fase. A este sistema acrescentam-se as equações constitutivas que são obtidas de
maneira empírica ou, em se tratando de escoamento granular, através da teoria
cinética granular.
24
Pós-processamento (ver Figura 08):
o Visualização da geometria do domínio e da malha;
o Obtenção de vetores das propriedades desejadas;
o Obtenção de gráficos 2D;
o Injeção de partículas (no caso da abordagem Euler-Lagrange);
o Manipulação da vista da geometria;
o Contorno dos perfis desejados
o Análise dos arquivos exportados pelo software utilizado.
(a)
25
(b)
Estudos sobre formato e diâmetro médio do jorro têm sido realizados desde a
concepção do equipamento. Quando se atinge o estado de jorro estável, a região do jorro
assume um formato estável, que depende das condições experimentais utilizadas. Os
pioneiros em se tratando de leitos de jorro, Kishan Mathur e Norman Epstein já haviam
“previsto” formatos distintos de acordo com determinadas relações geométricas
utilizadas (tendo estas “previsões” sido publicadas em MATHUR & EPSTEIN, 1974).
Reproduzindo estas condições através de simulações 2D, DUARTE (2006) corroborou
as teorias dos pesquisadores, como pode ser visto na Figura 09:
26
Figura 09. Comparação entre os formatos de leito citados por MATHUR & EPSTEIN (1974) e os
obtidos por DUARTE (2006) através de simulação com CFD
FONTE: SANTOS, 2008
27
Figura 10. Comparação entre os perfis de velocidade no jorro obtidos experimentalmente (HE et
al., 1994) e por meio de CFD (DUARTE, 2006)
FONTE: SANTOS, 2008
28
requerimentos para um leito de jorro é praticamente semelhante àquele do leito
fluidizado, sendo a principal diferença a taxa de fluxo requerida: a velocidade de jorro
mínimo é dependente do tamanho e geometria do leito, enquanto a taxa de fluxo
correspondente na fluidização é independente da altura do leito e é diretamente
proporcional à área de seção transversal da coluna.
Embora muitas equações baseadas em leitos de pequena escala (Dc<0,3 m)
estão disponíveis para predizer as propriedades hidrodinâmicas de leitos de jorro, há
ainda consideráveis incertezas em relação aos critérios adequados de ampliação de
escala. A maioria das equações existentes não trabalha bem para grandes colunas.
Segundo SANTOS (2008), recentemente, alguns dados experimentais foram obtidos
em colunas consideravelmente grandes de até 1,1 m de diâmetro. Entretanto, modelos
não totalmente disponíveis ou equações para grandes colunas não foram
desenvolvidas devido à falta de dados suficientes.
Estudos de ampliação de escala em leitos de jorro são, entretanto, de grande
importância. LIM & GRACE (1997) examinaram se as relações de escala propostas
por GLICKSMAN (1984) para ampliação de escala de leitos fluidizados poderiam ser
adaptadas para ampliação de escala de leitos de jorro.
O princípio da similaridade é freqüentemente usado na obtenção de dados
experimentais para representar o complexo fenômeno de fluxo em grande escala, isto
é, para calcular cargas de vento em construções e para projetar cascos de navios. O
conceito básico é que se dois campos são geometricamente similares e são operados
com valores idênticos de todos os importantes parâmetros adimensionais
independentes, então as variáveis adimensionais dependentes também devem ser
idênticas nos locais correspondentes (BISIO e KABEL, 1985).
Este princípio tem sido bastante utilizado ao longo do tempo de modo a se
fazer ampliação de escala de leitos fluidizados, e baseia-se em grupos adimensionais
característicos.
Ao se traslar este método para aplicação em leitos de jorro, deve-se observar o
que pode ser aproximado por leito fluidizado (isto é, quais grupos adimensionais são
semelhantes e representam o mesmo “fenômeno”) e se desenvolver a parte que não
se encaixar neste primeiro tópico.
Embora existam muitas características comuns entre leitos fluidizados e de
jorro, existem também diferenças significativas. A mais notável, obviamente, é o fato
da região anular de um leito de jorro constituir um movimento do leito compacto com
fluxo intersticial de fluido em contracorrente, enquanto os sólidos em leitos fluidizados
apresentam movimento mais aleatório e inteiramente sustentado pelo fluido. Disto,
deduz-se que existe uma substancial constante partícula-partícula na região anular
29
dos leitos de jorro de modo que as características reológicas dessa fase densa
possam ter um papel mais importante do que em leitos fluidizados, nos quais a
reologia da fase densa é geralmente ignorada. Entretanto, antes dos grupos
adimensionais propostos por GLICKSMAN (1984) poderem ser usados para ampliação
de escala em leitos de jorro, o fenômeno detalhado de todas as partes do leito de jorro
deve ser examinado.
Para derivar os grupos adimensionais, o autor supracitado adotou equações de
movimento para fluido e partícula em leitos fluidizados de partículas esféricas, descritas
abaixo:
Na qual EP é o tensor efetivo para a fase partícula. LIM & GRACE (1997)
também definiram quantidades adimensionais e, seguindo a linha proposta,
introduziram um “tensor de solicitação efetivo adimensional”. Os grupos adimensionais
utilizados foram:
30
O grupo adimensional gdp/U², relacionado à tensão, é, por coincidência ou não,
o próprio Número de Frode, que já houvera sido incluído nas relações de GLICKSMAN
(1984).
É possível derivar as relações de tensão efetiva na fase sólida através da
aplicação dos princípios da mecânica dos sólidos, como já foi realizado por diversos
autores (citados em SANTOS, 2008).
Além destes, em leitos de jorro outros fatores devem ser considerados. Na
análise clássica para leitos fluidizados, assumir a incompressibilidade dos gases foi
justificado devido ao fato da velocidade de escoamento em leitos fluidizados ser
pequena comparada à velocidade do som, portanto a pressão absoluta não se
alterava suficientemente de modo a influenciar apreciavelmente as propriedades
termodinâmicas do fluido. Entretanto, a velocidade do gás de entrada pode ser alta,
em até 80m/s, em grandes leitos de jorro, cerca de 20% da velocidade sônica, o que
mostra que a compressibilidade do gás pode ser, de fato, significante.
Embora se desconsiderando alguns efeitos que, de modo puramente empírico,
sabe se que não afetam significativamente a operação dos leitos de jorro (como por
exemplo forças eletrostáticas) e estando cientes do surgimento de alguns pequenos
desvios, os autores acreditam que a aplicação do princípio da similaridade possa ser
suficiente ao menos para uma primeira aproximação.
LIM & GRACE (1997) usaram o grupo completo de parâmetros adimensionais
governantes da Equação 5 e estudaram a validade dessas relações de escala,
examinando a influênca de cada grupo, bem como de suas interações, sobre a
similaridade do scale-up, além de estudar a influência da esfericidade e ângulo de
fricção interna das partículas, todas estas determinações tendo sido feitas em ensaios
a temperatura ambiente
Os resultados mostraram que todos os grupos adimensionais avaliados são
válidos para leitos de jorro em pequena escala e que, com exceção do grupo ρs/ρf,
nenhum outro grupo pode ser omitido do grupo total de parâmetros de escala. As
forças de interação partícula-partícula não puderam ser ignoradas para o estudo de
ampliação de escala de leitos de jorro.
Ensaios à altas temperaturas também foram conduzidos e a coincidência dos
resultados a quente e a frio sugeriram que os parâmetros de escala são suficientes
para a similaridade hidrodinâmica.
Estes resultados podem ser de grande importância para considerar o
comportamento de leitos de jorro em grande escala operando à temperatura ambiente,
já que a maioria das aplicações comerciais de leitos de jorro envolve grandes colunas
operando à elevadas temperaturas, sendo que a investigação experimental de tais
31
leitos é complicada e de alto custo. Por outro lado, a maioria das pesquisas são
executadas em leitos pequenos com ar à temperatura ambiente.
32
o domínio do processo. Essa constatação fica marcante quando se analisa os
problemas envolvidos no controle de secadores de leito de jorro (Corrêa et al., 2002;
Corrêa et al., 2004).
O movimento cíclico das partículas, único da técnica do leito de jorro, promove
um eficiente contato sólido-fluido. Desta forma, esta técnica pode ser aplicada à
secagem de diversos tipos de grãos (Freitas, 1996), e à secagem de suspensões em
leitos de partículas de inertes (Reyes, 1993; Oliveira, 1995; Passos et al., 1997).
Ressalta-se que o equipamento de leito de jorro requer um baixo investimento inicial e
é de fácil manuseio, podendo ser utilizado, no caso da secagem de grãos, na própria
região produtora (Freitas, 1996).
O secador de leito de jorro apresenta diversas geometrias, dentre elas: a
cilíndrica; a cônico cilíndrica ou convencional; a cônica; a bidimensional com injetor do
tipo fenda. A geometria convencional ou a cilíndrica apresenta restrições quanto à
capacidade de processamento, uma vez que a altura do leito de partículas, H, não
pode ultrapassar a máxima permitida, Hm (acima da qual o regime de jorro termina), e
o diâmetro da coluna, Dc, não deve ser superior a 1 m (para evitar o aparecimento de
regiões mortas no leito). A geometria bidimensional com injetor do tipo fenda apresenta
problemas quanto à estabilidade do jorro, devido aos efeitos de parede, além de ter a
sua capacidade de processamento limitada pela altura máxima do leito de partículas
(Passos, 1991). Já a geometria cônica não apresenta limitações em relação à altura
do leito de partículas, sendo utilizada, frequentemente, na secagem de suspensões
(Oliviera, 1995). Uma representação esquemática de um secador de leito de jorro
cônico pode ser visualizada na Figura 12.
33
Figura 12. Leito de jorro aplicada em secagem.
FONTE: ARAÚJO, 1995
34
Figura 013. Leito de jorro aplicada em recobrimento de partícula
FONTE: ARAÚJO, 1995
35
6 CONCLUSÕES
O leito de jorro tem sido aplicado para uma ampla variedade de processos
industriais que vão desde a secagem até o recobrimento de partículas, mistura de
sólidos, limpeza de gases, granulação, gaseificação, combustão e pirólise, e isto se
deve ao fato deste sistema promover, através de movimentos cíclicos, um efetivo
contato entre o fluido e o sólido caracterizado por três regiões distintas descritas
acima.
O conhecimento do comportamento fluidodinâmico do leito de jorro é
imprescindível para prever o comportamento do equipamento instalado para escala
industrial. Entretanto, para as simulações mais realistas, com intuito de se obter
comportamento mais próximo do real, os modelos se tornam mais complexos devido
às condições que antes eram desprezadas. Normalmente, os trabalhos que buscam
essas condições realistas têm suas simulações realizadas através da fluidodinâmica
computacional, com auxilio de softwares obtendo soluções e simulações mais
precisas.
Portanto, a técnica de leito de jorro demonstra grande potencial para
aplicações industriais, uma vez que seus princípios físicos e fluidodinâmicos estão
sendo mais bem estudados e descritos. Com o aumento gradativo de pesquisas a
respeito do funcionamento e restrições do leito de jorro, as técnicas de scale-up deste
equipamento também estão sendo aperfeiçoadas e consequentemente, a sua
utilização no mercado industrial poderá ser viabilizada.
36
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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