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Grandes empresas recrutam

antropólogos. Saiba por quê


Os antropólogos, cujas opções de carreira eram
limitadas ao ambiente acadêmico, estão sendo
recrutados por grandes empresas, como Unilever,
Citroën e Pepsico
Por Helena Fruet

Michel Alcoforado, antropólogo da Consumoteca: compras com o consumidor (Fabiano


Accorsi)

São Paulo – Recentemente, empresas como Unilever, Mena, Citroën, Telefônica,


Toyota, Kraft Food e Pepsico vêm recorrendo aos serviços de um profissional que antes
ficava restrito às salas de aula das universidades: o antropólogo. Um bom exemplo é
uma grande empresa de cosméticos que queria vender mais para a nova classe C.

Depois de inúmeras pesquisas convencionais, as vendas para esse público-alvo estavam


bem abaixo do esperado. Foi então que a empresa recorreu ao trabalho de um grupo de
antropólogos, que vivenciaram de perto os hábitos desses consumidores. Alguns
membros do time de consultores chegaram a se mudar para favelas e periferias do Rio
de Janeiro para aprofundar a pesquisa.
Na casa de consumidoras, conferiam a maleta de cosméticos delas, os produtos que
usavam no dia a dia e conversavam longamente sobre beleza e produtos, além de
acompanhá-las em visitas a lojas.

Os antropólogos descobriram que a consumidora não relacionava os novos produtos à


marca, achava que as lojas pareciam caras nem se interessava em entrar nelas.
Mudanças na decoração e na visibilidade da marca foram sugeridas e aplicadas e, em
pouco tempo, foi possível reconhecer um avanço nas vendas para esse target.

A companhia em questão contratou o trabalho da Consumoteca no ano passado. Trata-


se de uma consultoria formada por um time de antropólogos especializados em
etnografia, ramo da antropologia que estuda a cultura de um grupo de forma
aprofundada e que hoje atende clientes como Kraft Foods, Unilever, Ogilvy, Boticário e
grandes shoppings.

“O antropólogo vivencia a pesquisa”, explica Michel Alcoforado, sócio da


Consumoteca. Em vez de se limitar a fazer questionários para o consumidor, esse
profissional chega a passar meses inserido na realidade dele. Para estudar o consumo de
luxo no Brasil, por exemplo, Michel ia literalmente às compras com consumidoras
desse segmento.

“Além disso, visitava a casa delas e abria os armários para ver se o que elas diziam era
verdade. É um trabalho diferente do feito pelos departamentos de marketing, porque não
fazemos pesquisas de ‘sim e não’. Toda a cultura do grupo estudado é levada em conta”,
diz Michel.

Muitas empresas têm percebido a diferença entre as duas abordagens e estão criando
vagas para esses profissionais ou contratando os serviços de antropólogos.

É o caso da Heineken, multinacional do ramo de bebidas, que contratou Gabriela Leal,


de 25 anos. Antropóloga corporativa há quatro anos, ela conta que, quando escolheu o
curso de ciências sociais da USP, pensava em especializar-se em antropologia e
planejavava emendar o mestrado e o doutorado com a graduação para fazer uma bela
carreira como pesquisadora.

Gabriela descobriu a antropologia corporativa quando começou a buscar estágios em


empresas como forma de complementar a renda. Trabalhou em grandes institutos de
pesquisa, como Nielsen, TNS e Data Popular, e se apaixonou pelo mundo corporativo.
Depois de formada, foi convidada a ingressar em uma multinacional de varejo, já como
analista de pesquisa sênior.

Em um ano e meio, veio o convite para trabalhar na Heineken. Aos 25 anos, é


coordenadora de área e ganha pelo menos quatro vezes mais do que se tivesse seguido o
objetivo que tinha quando ingressou na faculdade.

O caminho não foi tão simples. Gabriela teve de adquirir habilidades que sua formação
acadêmica não forneceu. “Tive de me adaptar na marra. Fui atrás de uma especialização
em comunicação digital e quero fazer um MBA”, diz.
Para Juliana Nascimento, gerente da DMRH, no momento a demanda por antropólogos
corporativos é até maior do que a oferta por profissionais com esse perfil. “Tivemos
duas posições em uma multinacional da indústria de beleza que pedia alguém com esse
perfil, mas não encontramos antropólogos interessados em trabalhar no ambiente
corporativo”, diz Juliana.

A dificuldade, segundo ela, é que eles são treinados para gerar conhecimento, e não
lucro. “Com o olhar crítico e a profundidade com que entendem as relações humanas,
eles certamente têm grande valia nas empresas”, diz.

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