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Autor(es)
1
Bruno do Valle Pinheiro
2
Edimar Pedrosa Gomes
Nov-2011
1
Coordenador médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal
de Juiz de Fora.
Professor Adjunto de Pneumologia e Semiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de
Juiz de Fora.
Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina.
2
Médico do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário da UFJF
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4 - Como deve ser o tratamento da crise de asma no domicílio?
Ao surgimento de sintomas de asma ou redução do pico de fluxo expiratório (PFE) em mais de
20% do seu melhor valor, o paciente deverá usar sua medicação de resgate, que pode ser um
beta-2 agonista de curta ação (4-6 jatos de 100 mcg ou nebulização com 2,5 mg) ou a própria
associação budesonida-formoterol (6/200 ou 12/400 mcg), caso esta seja a medicação de
manutenção. Essas doses podem ser repetidas por mais duas vezes, a cada 20 minutos, caso
não haja melhora inicial. A continuação do tratamento dependerá da resposta a esta medida.
Boa resposta
Os sintomas melhoram e o PFE encontra-se acima de 80% do melhor valor do paciente. Pode-
se repetir o beta-2 agonista de curta ação a cada 4 horas por 24-48 horas. O médico assistente
deve ser informado sobre o ocorrido para eventuais ajustes no tratamento: aumento do
tratamento de manutenção, eventualmente um curto curso de corticoide oral. Deve-se atentar
para a presença de algum fator desencadeante, afastando-o se possível.
Resposta parcial
Apesar de haver melhora dos sintomas, ela é parcial e o PFE encontra-se entre 50% e 79% do
melhor valor do paciente. Deve-se manter o beta-2 agonista de curta ação e iniciar corticoide
oral (40 mg/dia de prednisona). O médico deve ser contatado com urgência para ser informado
sobre o caso e dar as orientações cabíveis.
Má resposta
Não há melhora ou há até piora dos sintomas e o PFE encontra-se abaixo de 50% do melhor
valor do paciente. Deve-se procurar um atendimento de urgência para tratamento da crise; até
que isso ocorra, pode-se repetir o beta-2 agonista de curta ação e usar corticoide oral
(prednisona 40 mg).
5 - Quais são os pacientes com maior risco de crise grave de asma e,
consequentemente, de óbito pela doença?
Alguns pacientes têm maior risco de apresentarem crises graves de asma e devem ser
orientados a procurarem rapidamente atendimento médico na vigência de sintomas de crise.
São os que apresentam uma ou mais das seguintes características:
• História anterior de crise grave, com necessidade de ventilação mecânica;
• Internação ou atendimento em emergência por asma no último ano;
• Uso atual ou recente de corticóide oral;
• Não uso atual de corticóide inalatório;
• Uso excessivo de beta-2 agonista de curta duração (mais de um dispositivo por mês ou
o equivalente aproximada em nebulizações);
• História de doença psiquiátrica, incluindo o uso de sedativos ou drogas ilícitas;
• Presença de co-morbidades cardíacas ou pulmonares;
• História de não adesão a um plano de tratamento;
• História de má percepção dos sintomas de asma e/ou de suas gravidades;
• Baixo nível sócio-econômico.
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7 - Como é classificada a gravidade da crise de asma?
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agonistas, visto que esta medicação pode levar a hipocalemia, hipomagnesemia e
hipofosfatemia.
O brometo de ipratrópio tem menor potência broncodilatadora na crise de asma, mas como tem
mecanismo de ação diferente e pode gerar efeito adicional aos beta-2 agonistas, ele pode ser
adicionado ao tratamento, sobretudo nas crises mais graves e naquelas que não responderam
ao tratamento inicial. As xantinas e o sulfato de magnésio, outras medicações
broncodilatadoras, não devem ser rotineiramente empregadas no tratamento da crise de asma,
mas apenas em situações especiais.
Se por algum motivo a via inalatória não puder ser utilizada, a terbutalina e a epinefrina podem
ser administradas por via subcutânea, embora, como já dito, sem vantagens e com maior
potencial de efeitos colaterais. As posologias são:
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Tabela 2. Posologias dos beta-2 agonistas de curta ação no tratamento da crise de
asma
Fenoterol Salbutamol Terbutalina
Aerossol 4-8 jatos com 4-8 jatos com
dosimetrado espaçador (400-800 espaçador (400-800
mcg) a cada 15-20 min mcg) a cada 15-20 min
na 1<sup>ª</sup> na 1<sup>ª</sup>
hora. hora.
Repetir as mesmas Repetir as mesmas
doses em intervalos de doses em intervalos de
1 a 4 horas conforme a 1 a 4 horas conforme a
resposta. resposta.
Turbuhaler® 1 aplicação (0,5 mg) a
cada 20 min na
1<sup>ª</sup> hora.
Repetir as mesmas
doses em intervalos
de 1 a 4 horas
conforme a resposta.
Nebulização 10-20 gotas (2,5-5 mg) 10-20 gotas (2,5-5 mg) 10 gotas (5 mg) a
a cada 15-20 min na a cada 15-20 min na cada 15-20 min na
1<sup>ª</sup> hora. 1<sup>ª</sup> hora. 1<sup>ª</sup> hora.
Repetir as mesmas Repetir as mesmas Repetir as mesmas
doses em intervalos de doses em intervalos de doses em intervalos
1 a 4 horas conforme a 1 a 4 horas conforme a de 1 a 4 horas
resposta. resposta. conforme a resposta.
Opção: 10-15 mg/h, Opção: 10-15 mg/h, Opção: 10-15 mg/h,
continuamente. continuamente. continuamente.
Os corticoides podem ser administrados por via oral ou endovenosa, sem diferenças em
relação à eficácia. Em 1988, em artigo publicado no JAMA, Ratto e colaboradores compararam
o uso de metilprednisolona por via oral (160 ou 320 mg/dia) ou por via endovenosa (500 ou
1000 mg/dia), em 75 pacientes internados com crise de asma. Não houve diferenças
significativas em relação à evolução do VEF1 ao longo dos dias, em relação à duração da
internação ou à ocorrência de efeitos adversos. Outros artigos já foram publicados com
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resultados semelhantes, mas a maior parte deles avaliando apenas crianças. Em pacientes
com vômitos, com distúrbios de absorção gastrintestinal ou que já vão receber outras
medicações endovenosas, a via endovenosa é preferível.
Uma metanálise conduzida por Parameswaren em 2003 avaliou 15 estudos que compararam a
adição de aminofilina ou placebo ao tratamento da crise de asma em adultos. Observou-se que
não há benefícios da adição da aminofilina, independente da gravidade da crise, ao mesmo
tempo em que houve maior ocorrência de vômitos e de arritmias cardíacas. Em função das
evidências da literatura, constitui-se erro grave priorizar a aminofilina no tratamento da crise de
asma.
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17 - Qual o papel do sulfato de magnésio no tratamento da crise de asma?
Vários estudos têm sido publicados nas últimas décadas avaliando os efeitos do sulfato de
magnésio no tratamento da crise de asma. Uma revisão sistemática da literatura produzida pelo
grupo Cochrane (atualizada em 2011) reuniu os estudos clínicos, prospectivos, controlados e
randômicos publicados até então (7 estudo com um total de 665 pacientes) e observou que o
sulfato de magnésio venoso não adiciona benefícios em relação ao tratamento convencional da
crise de asma, quando todos os pacientes são avaliados. Entretanto, entre os pacientes com
crise grave, ele determina melhora mais intensa no VEF1 e no pico de fluxo expiratório e reduz
a necessidade de internação. Ao mesmo tempo esta medicação não aumenta a ocorrência de
eventos adversos.
Apesar desses resultados, ainda não se recomenda de forma rotineira a utilização dos
corticoides inalatórios no tratamento da crise de asma, aguardando-se mais estudos que
esclareçam o real papel destes medicamentos.
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pacientes que não estão respondendo ao tratamento convencional, com o objetivo de reduzir o
risco de intubação traqueal.
21 - Como pode ser resumida a abordagem da crise de asma no atendimento de
urgência?
A figura 3 resume de forma esquemática a abordagem da crise de asma no atendimento de
urgência. Os detalhes sobre critérios de gravidade, de melhora ou piora clínica e sobre as
medicações já foram abordados em perguntas específicas.
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22 - Que medidas eventualmente implementadas não são recomendadas no tratamento
da crise de asma?
Não se recomenda no tratamento da crise de asma:
• Hiper-hidratação: apenas crianças pequenas costumam apresentar desidratação na
crise de asma;
• Antibióticos: as crises não são habitualmente desencadeadas por infecções
bacterianas. Antibióticos só devem ser prescritos se dados clínicos ou de radiografia de
tórax sugerirem essas infecções;
• Mucolíticos: não são indicados, pois podem piorar a tosse e a obstrução ao fluxo aéreo;
• Sedativos, ansiolíticos: contra-indicados nas crises graves pelo potencial risco de
depressão respiratória;
• Fisioterapia respiratória: desnecessária e pode trazer desconforto adicional ao paciene
dispneico.
23 - Que critérios devem ser observados para se liberar um paciente atendido no pronto-
socorro com crise de asma?
Embora as diferentes diretrizes sobre asma valorizem o pico de fluxo expiratório (PFE) como
critério objetivo para liberação ou internação de pacientes atendidos em crise, seu emprego
nos atendimentos de urgência não vem sendo comum. Acreditamos que a combinação do PFE
com a avaliação clínica seja a melhor estratégia para esta tomada de decisão. Assim temos:
• Pacientes que após o tratamento apresentam PFE >60% do previsto ou de seu melhor
valor basal e que não apresentam critérios de gravidade da crise podem ser liberados;
• Pacientes que após o tratamento apresentam PFE <40% do previsto ou de seu melhor
valor basal ou que apresentam critérios de gravidade da crise devem ser internados;
• Pacientes que após o tratamento apresentam PFE entre 40-60% devem ser avaliados
conforme a presença ou não de critérios de gravidade.
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26 - Quais as indicações de internação do paciente em crise de asma em UTI?
As principais indicações são:
• Persistência dos sinais de gravidade após 1-2 horas de tratamento: frequência
respiratória acima de 30 irpm, com utilização de musculatura acessória ou respiração
paradoxal;
• Confusão mental ou sonolência;
• VEF1 ou PFE <30-40% do previsto;
• PaO2 <60 mmHg, apesar da oferta de O2;
• PaCO2 >45 mmHg.
Embora as crises possam surgir em qualquer momento da gestação, estudos mostram que a
maioria ocorre entre 17 e 24 semanas, não sendo comum o desenvolvimento de crises
asmáticas durante o trabalho de parto. Há dados que indicam que é relativamente frequente a
melhora da asma durante o último trimestre da gravidez.
32 - Como deve ser o tratamento da crise de asma na gravidez?
Há uma série de receios que envolvem o tratamento da asma durante a gestação, sendo o
principal deles o emprego dos corticóides. Trabalho desenvolvido nos EUA revelou que as
chances das gestantes asmáticas atendidas em serviço de emergência por exacerbação
receberem prescrição de corticóide oral no momento da alta eram estatisticamente menores do
que as das não gestantes. O mesmo estudo demonstrou que as asmáticas grávidas
apresentavam três vezes mais chances de recaídas após a alta, quando comparadas com as
não gestantes. Tais dados servem para enfatizar o fato de que é frequente o subtratamento
das asmáticas na gravidez, incluindo durante as exacerbações da doença. É importante
destacar que uma crise asmática grave representa riscos maiores para o feto do que o uso das
medicações para a asma, reforçando a necessidade de que o tratamento durante as
exacerbações seja otimizado.
National Asthma Education and Prevention Program: Expert Panel Report III: Guidelines for the
diagnosis and management of asthma. Bethesda, MD. National Heart, Lung, and Blood
Institute, 2007.
Rodrigo GJ, Rodrigo C, Hall JB. Acute asthma ina dults: a review. Chest 2004;125:1081-92.
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