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INTRODUÇÃO

A palavra detergente procede do latim detergens/detergentis, particípio activo de


detergere, que significa limpar. Em medicina se entende por detergente, limpar uma
úlcera ou ferida, e se denominam detersórios as substâncias empregadas para tal
finalidade. Isto significa que podem qualificar-se como detergentes substâncias tão
dispares como a saliva, o sabão ou a gasolina, dependendo em que superfícies são
aplicadas.

Esta propriedade é obtida ao oxidar um ácido graxo de cadeia longa como, por exemplo,
palmítico, esteárico ou oleico com uma base alcalina, frequentemente de sódio, potássio
ou cálcio. Este processo é denominado saponificação. O extremo da molécula que
contém o ácido graxo é lipófilo, e o que contém o átomo alcalino.

Os detergentes são substâncias surfactantes com propriedades anfifílicas, ou seja,


apresentam em sua estrutura molecular uma parte polar e outra apolar, o que dá a estas
moléculas a propriedade de acumularem-se em interfaces de dois líquidos miscíveis ou
na superfície de um líquido.

Os detergentes são compostos por moléculas orgânicas de alto peso molecular,


geralmente sais de ácidos sulfónicos. Cada uma de suas extremidades apresenta carácter
polar diferente. Um lado é apolar (hidrofóbico), enquanto o outro é polar (hidrofílico).
Essas extremidades possuem propriedades coligativas diferentes.

Após um dia de calor, nada como um bom banho, pois, além de relaxante e refrescante,
o banho nos dá uma agradável sensação de limpeza. Na prática diária se entende como
detergente apenas as substâncias como sabões e similares, que emulsificam as gorduras
ou matérias orgânicas devido a propriedade de suas moléculas possuírem uma parte
hidrófila (que atrai moléculas de água) e uma parte lipófila (que é hidrófoba).

Enquanto uma possui afinidade pela água (polar) a outra possui afinidade com gorduras
e outras substâncias não solúveis (apolares). É para satisfazer essa necessidade de
higiene e limpeza que as indústrias químicofarmacêuticas fabricam e comercializam
anualmente toneladas de produtos para a higiene pessoal.

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Os principais produtos dessa indústria são os sabões e os detergentes. Deles derivam os
sabonetes, os xampus, os cremes dentais, os sabões especiais para máquinas de lavar
louça e roupas, os detergentes desinfetantes. , o sabão comum e outros. Sem dúvida
alguma, é o sabão comum o mais antigo.

O principal representante dos surfactantes é o sabão. Não obstante, quando apareceram


as lavadoras automáticas se criou uma demanda progressiva de substâncias mais ativas e
que se comportassem melhor em águas duras, mais ricas em cálcio.

As águas duras aumentam a hidrossolubilidade do sabão diminuindo o tempo de


contacto entre o mesmo e a roupa, reduzindo a eficiência do sabão.

OBJECTIVOS

Para abordagem do tema detergente, e a sua produção elaborou-se os seguintes


objectivos:

 Objectivo geral

Descrição de etapas de produção de detergentes, bem como as aplicações dos


detergentes no nosso dia-a-dia.

 Objectivos específicos
 Classificar os detergentes;
 Descrever as etapas de produção dos detergentes;
 Diferenciar os sabões de detergentes;
 Aplicações dos detergentes;
 Detergentes e o ambiente.

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CAPÍTULO I: CONCEITOS GERAIS SOBRE O DETERGENTE

1.1 História dos detergentes

A fabricação de sabão é, sem dúvida, uma das actividades industriais mais antigas de
nossa civilização. Sua origem remonta a um período anterior ao século XXV a.C.
Nesses mais de 4500 anos de existência, a indústria saboeira evoluiu acumulando
enorme experiência prática, além de estudos teóricos desenvolvidos por pesquisadores.

Tecnicamente, a indústria do sabão nasceu muito simples e os primeiros processos


exigiam muito mais paciência do que perícia. Tudo o que tinham a fazer, segundo a
história, era misturar dois ingredientes: cinza vegetal, rica em carbonato de potássio, e
gordura animal. Então, era esperar por um longo tempo até que eles reagissem entre si.
O que ainda não se sabia era que se tratava de uma reação química de saponificação.

Os primeiros aperfeiçoamentos no processo de fabricação foram obtidos substituindo as


cinzas de madeira pela lixívia rica em hidróxido de potássio, obtida passando água
através de uma mistura de cinzas e cal. Porém, foi somente a partir do século XIII que o
sabão passou a ser produzido em quantidades suficientes para ser considerado uma
indústria.

Tecnicamente, a indústria do sabão nasceu muito simples e os primeiros processos


exigiam muito mais paciência do que perícia. Tudo o que tinham a fazer, segundo a
história, era misturar dois ingredientes: cinza vegetal, rica em carbonato de potássio, e
gordura animal. Então, era esperar por um longo tempo até que eles reagissem entre si.
O que ainda não se sabia era que se tratava de uma reação química de saponificação.

Os primeiros aperfeiçoamentos no processo de fabricação foram obtidos substituindo as


cinzas de madeira pela lixívia rica em hidróxido de potássio, obtida passando água
através de uma mistura de cinzas e cal. Porém, foi somente a partir do século XIII que o
sabão passou a ser produzido em quantidades suficientes para ser considerado uma
indústria.

Até os princípios do século XIX, pensava-se que o sabão fosse uma mistura mecânica
de gordura e álcali. Foi quando Chevreul, um químico francês, mostrou que a formação
do sabão era na realidade uma reacção química. Nessa época, Domei completou estas
pesquisas, recuperando a glicerina das misturas da saponificação.

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Actualmente, o sabão é obtido de gorduras (de boi, de porco, de carneiro, etc) ou de
óleos (de algodão, de vários tipos de palmeiras, etc.). A hidrólise alcalina de glicerídeos
é denominada, genericamente, de reação de saponificação porque, numa reação desse
tipo, quando é utilizado um éster proveniente de um ácido graxo, o sal formado recebe o
nome de sabão.

O mais comum de todos é o sabão de sódio. O que é praticamente neutro, que contém
glicerina, óleos, perfumes e corantes, é o sabonete.

Os detergentes são os maiores sucessos comercial da química do século XX.


Representam 85% do consumo mundial de matérias de limpeza, juntamente com os
sabões. Assim como estes, os detergentes limpam da mesma forma, através da
solubilização das gorduras, mas seu grupo pode ter tanto cargas negativas quanto
positivas.

A primeira versão de detergentes surgiu na Primeira Guerra Mundial, na Europa. Eles


eram derivados de gorduras animais (sebo) e vegetais (óleo de coco). Os detergentes
foram usados pela primeira vez em lavagens da indústria têxtil. Como eles se mostraram
eficientes, passaram a ser empregados na limpeza doméstica e na fabricação de xampus.

Os xampus contêm detergentes geralmente dotados de cargas negativas. Assim,


removem as gorduras dos cabelos, mas também o carregam negativamente. Isso faz com
que eles adquiram o aspecto de "cabeleira espetada". Para resolver este problema foram
criados os condicionadores, pois são dotados de cargas positivas. As cargas positivas do
condicionador neutralizam as negativas deixadas pelo xampu.

Assim, os cabelos "assentam" e ficam com aparência sedosa. Os sabões, de forma geral,
melhoraram muito a vida das pessoas, pois facilitaram a limpeza de objetos e a
higienização dos mesmos e das residências. As condições sanitárias também
melhoraram, pois, o corpo poderia ser lavado de maneira mais eficiente, prevenindo
piolhos ou problemas na pele. Por uma questão estética, as vidas das pessoas também
melhoraram com a invenção dos sabões, xampus e condicionadores, pois as pessoas
puderam limpar melhor a pele, os cabelos e mantê-los mais bonitos. Por outro lado, os
sabões deixam muitos resíduos após sua utilização, fazendo como que rios sejam
poluídos.

Posteriormente, passaram-se a usar detergentes biodegradáveis, que não apresentam


esses inconvenientes e são formados por compostos orgânicos de cadeia linear, ou seja,

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sem ramificações o que possibilita que os organismos façam a degradação dessas
substancia

1.2 Tensoactivos
Os tensoactivos estão presentes em quase todos os produtos de limpeza ou de cuidados
de higiene. Os tensoactivos são moléculas anfipáticas que consistem numa parte
hidrofóbica (não polar), geralmente uma cadeia linear ou ramificada de hidrocarbonetos,
contendo entre 8 a 18 átomos de carbono. Esta cadeia encontra-se ligada a uma parte
hidrofílica (polar) de carácter iónico (Figura 1). Como resultado, estas moléculas
concentram-se nas interfaces de duas fases imiscíveis, diminuindo a sua tensão
superficial.

Figura 1: Estrutura de um agente tensoactivo

Este tipo de moléculas possui um conjunto de propriedades físico-químicas de grande

interesse. Entre estas podem salientar-se:

 Poder molhante;
 Poder emulsionante (de líquidos não miscíveis);
 Poder espumante;
 Poder dispersante e suspensivo (de insolúveis);
 Poder detergente.

A detergência é um processo que consiste na remoção de uma substância indesejável,


como a sujidade, de uma superfície sólida, geralmente, com a aplicação de uma força
mecânica, na presença de uma substância química. Esta substância química tem o poder

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de diminuir a tensão entre a sujidade e a superfície, denominada por tensão superficial.
Às substâncias, como os tensoactivos, que conseguem promover este processo, diz-se
que possuem poder detergente e designam-se por detergentes.

O mecanismo de detergência envolve três fases (Figura 2). A primeira fase consiste na
molhagem da superfície a limpar. Se existirem sujidades hidrofóbicas na superfície do
substrato, a molhagem fica dificultada. Deste modo, a adsorção do tensoactivo na
interface da sujidade/superfície, permite a molhagem das superfícies pela água.

A remoção da sujidade, segundo passo do processo de detergência, consegue-se por


acção mecânica de agitação, que leva a que o tensoactivo arraste consigo as partículas
de sujidade para o interior do banho de lavagem. Finalmente a partícula de sujidade,
mesmo sendo hidrofóbica, poderá ser mantida de forma estável dentro do banho de
lavagem no interior de uma micela cujas paredes são constituídas por moléculas de
tensoactivo com as extremidades lipofílicas orientadas para o interior e as hidrofílicas
orientadas para o meio exterior aquoso.

Dependendo da natureza da parte hidrofílica, quatro classes principais podem ser


distinguidas, nomeadamente aniónica, catiónica, não iónica ou anfotérica.

Figura 2: Fases da detergência. 1- Adição da molécula de tensoactivo ao banho de


lavagem; 2- Molhagem da superfície suja; 3- Remoção da sujidade da superfície; 4-
integração estável das partículas de sujidade no banho de lavagem.

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1.2.1 Classificação dos Tensoactivos
Conforme mencionado anteriormente, os agentes tensoactivos tem grupos hidrofílicos
numa extremidade da molécula e de grupos hidrofóbicos na outra extremidade. Na
grande maioria dos casos, a parte hidrofóbica é uma cadeia de hidrocarboneto com 8 a
18 átomos de carbono, linear ou ligeiramente ramificada. Em outros casos é possível
que um anel benzénico substitua alguns átomos da cadeia. O grupo hidrofílico funcional
pode variar amplamente, podendo ser aniónicos, catiónicos, não iónicos e dipolares.

1.2.1.1 Tensoactivos aniónicos


Estes tensoactivos são constituídos por uma cadeia lipolífica, ligada a uma parte
hidrofílica de natureza aniónica em solução aquosa. São os agentes tensoactivos mais
usados em aplicações industriais. São tensoactivos cuja parte hidrofílica da molécula é
carregada negativamente (anião).
Devido ao volume utilizado mundialmente, é a categoria mais importante dos
tensoactivos, sendo o alquilbenzeno de sódio e o dodecilbenzeno sulfonado de sódio ou
cálcio os normalmente empregados nos detergentes. O sabão comum também tem
carácter aniónico.

Os grupos hidrofílicos mais comuns são carboxilatos, sulfatos, sulfonatos e fosfatos. Na


Figura 3 estão representados os dois tensoactivos aniónicos mais usados na empresa, o
lauril éter sulfato de sódio (LESS), um surfactante com uma cadeia alquílica simples e
linear, e o dodecil benzeno sulfonato de sódio (LASNa), surfactante aniónico mais
utilizado, comumente denominado por ácido sulfónico.

Figura 3: Representações esquemáticas de dois tipos de tensoactivos usados na indústria dos


detergentes. Imagem 1 representa a molécula de LESS e a Imagem 2 representa a molécula de
LASNa.

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1.2.1.2 Tensoactivos catiónicos

Estes tensoactivos são constituídos por uma cadeia lipolífica, ligada a uma parte
hidrofílica de natureza catiónica em solução aquosa. Os tensoactivos catiónicos mais
comuns são os compostos de quaternário de amónio, como por exemplo o cloreto de
benzetónio, comercialmente denominado por Hyamine 1622, um tensoactivo catiónico
usado na determinação da matéria activa aniónica de detergentes (Figura 4). Estes
compostos têm a fórmula geral de R´ R´´ R´´´ R´´´´ N∗ X − , onde geralmente corresponde ao
ião Cl- e R representa grupos alquílicos.

Figura 4: Estrutura do cloreto de benzetónio

1.2.1.3 Tensoactivos não-iónicos

Estes tensoactivos são constituídos por uma parte hidrofílica e lipofílica, que não têm
carácter iónico. Os tensoactivos não-iónicos mais comuns são os baseados em
moléculas de óxido de etileno, sendo denominados por tensoactivos etoxilados. Os mais
conhecidos são os álcoois gordos etoxilados, que são produzidos pela etoxilação de uma
cadeia de álcool gordo, como o dodecanol.

Figura 5: Estrutura do dodecilpentaglicol

1.2.1.4 Tensoactivos anfotéricos

Estes tensoactivos contêm na mesma molécula grupos hidrofílicos aniónicos e


catiónicos ligados a uma cadeia lipofílica. A principal característica dos tensoactivos
anfotéricos é a sua dependência quanto ao pH da solução em que estão dissolvidos. Em
soluções ácidas (pH<3), a molécula adquire uma carga positiva e comporta-se como um
tensoactivo catiónico, enquanto que em soluções alcalinas (pH>6), a molécula torna-se
carregada negativamente e comporta-se como um tensoactivo aniónico.

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Os tensoactivos desta categoria são geralmente betaínas n-alquílicas, como a
cocoamidopropil betaína.

Figura 6: Dependência do pH tensoactivos anfotéricos

A cocoamidopropil betaína tem sido utilizada como tensoactivo secundário em diversos


produtos de higiene e limpeza, devido, principalmente, às suas características
toxicológicas.

Estes tensoactivos são usados para melhorar as propriedades do tensoactivo principal e


optimizar o desempenho do produto final com relação à capacidade espumante, de
espessamento, detergência e redução da irritação da pele. A betaína é estável na
presença de dureza de água, produtos alcalinos e ácidos, possibilitando um maior
número de aplicações devido à grande eficiência de limpeza que proporciona às
formulações de que faz parte.

1.3 Modificadores reológicos (Espessantes)

Os espessantes são usados para modificar as propriedades reológicas de fluidos,


nomeadamente líquidos, suspensões, emulsões, etc. As razões mais importantes para o
uso destes espessantes, é em primeiro lugar o factor marketing, onde um produto mais
espesso, significa um produto mais concentrado e em segundo lugar para estabilização
de suspensões. Em suspensões, estes aditivos dificultam e retardam a separação das
partículas sólidas em suspensão.

Existem dois grupos de espessantes, orgânicos e inorgânicos. No caso de espessantes


orgânicos, estes são maioritariamente compostos por polímeros. Os espessantes
inorgânicos são geralmente sais (NaCl), que possuem um custo mais baixo que os
espessantes poliméricos.

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1.3.1 Viscosidade
A viscosidade intrínseca de soluções de polímeros é obtida em soluções diluídas, onde
indica o volume hidrodinâmico de uma cadeia isolada de polímero em solução a uma
dada temperatura. Em soluções semidiluídas ou concentradas, as cadeias poliméricas
não se encontram isoladas.
Acima de uma concentração crítica, interacções moleculares ocorrem, que
proporcionam o aumento de valores da viscosidade aparente. Esta é a viscosidade de
fluidos Não-Newtonianos de acordo com uma determinada tensão de corte. Os fluidos
podem ser classificados como Newtonianos ou Não-Newtonianos, dependendo do seu
comportamento de escoamento.

A viscosidade, definida por Newton, é o rácio entre a tensão de corte (Pa) e a taxa de
corte (s-1), expresso em unidade de (Pa.s) ou centipoise (cP). Fluidos Newtonianos
possuem uma viscosidade que é independente da taxa de corte a que é medida, tendo
como exemplos, a água, leite, vinho, etc. A medição da viscosidade é feita em
viscosímetros, que usam um spindle e um copo medidor com uma geometria conhecida.

1.4 Desinfecção e preservação dos detergentes

Os químicos desinfectantes adicionados aos produtos têm de ter em consideração tanto


a toxicidade para a pele, como o grau de desinfecção conseguido. A preservação
consiste na protecção do produto contra microrganismos durante o tempo de vida útil do
produto.

De um modo geral, os produtos de limpeza possuem formulações extremas garantindo


baixo nível de contaminação. No entanto devido às preocupações ambientais, há,
actualmente a necessidade de produtos biodegradáveis, que, no entanto, são mais
susceptíveis de contaminações.

1.4.1 Compostos quaternários de amónia

Cloreto de benzalcónio ou cloreto de benzetónio são alguns exemplos. Induzem o


rompimento da membrana plasmática de bactérias. São eficazes contra bactérias gram-
positivas e vírus lipofílicos. As gram-negativas e alguns membros de pseudomonas são
capazes de resistir em quantidades reduzidas deste composto, formando um
exopolissacárido para protecção. Para remoção de gram-negativas pode ser usado
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contiguamente EDTA que por ligação aos iões magnésio da parede externa e posterior
destruição, possibilitam a entrada dos compostos quaternários de amónia.

1.4.2 Agentes lixiviantes

Hipoclorito é o desinfectante mais eficaz conhecido. Necessita de estar em solução com


pH’s elevados para estabilizar o hipoclorito, embora o seu pH de funcionamento seja
entre 6-8. É activo contra todos os tipos de bactérias, fungos, vírus, leveduras e esporos
(em baixas concentrações). O hipoclorito é inibido com proteínas e gorduras, sendo
somente usado na limpeza de superfícies limpas.

O peróxido de hidrogénio não é tão eficaz como a lixívia, pois não actua em vírus nem
em esporos. Os per ácidos, como o ácido per acético quando combinado com o peróxido
de hidrogénio actuam em bactérias gram-positivas e negativas, vírus, fungos, etc.

1.4.3 Produtos Antibacterianos e conservantes


Em sabonetes líquidos, o ingrediente bacteriano mais usado é o triclosan. Para lava-
loiças podem ser usados hipoclorito, peróxido de hidrogénio, associação de surfactantes
não iónicos e catiónicos. O formaldeído é o conservante mais usado actualmente, actua
como um componente bacteriostático. Este não elimina as bactérias, apenas inibe a sua

reprodução.

1.4.4 Corantes

Podem ser ácidos, caracterizando-se pela presença de um grupo carboxílico ou grupos


de ácido sulfónico, possuindo boa solubilidade em água. Podem ser básicos, onde o
grupo cromogéneo está carregado positivamente. Não são muito usados na indústria dos

detergentes por falta de estabilidade em pH básico.

As principais características dos corantes são:

 Solubilidade: Uma das mais importantes características. Os melhores corantes para


este efeito são os corantes ácidos;
 Compatibilidade: alguns corantes ácidos podem formar complexos insolúveis com
iões de quaternário de amónia;

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 Estabilidade com pH: existem corantes que podem variar a sua coloração
consoante a concentração de iões H+ em solução;
 Estabilidade térmica: os produtos corados podem sofrer alterações de temperatura
ao longo do seu carregamento e armazenamento;
 Resistência à luz solar: dependente do tipo de embalagem. Quanto mais opaco,
mais protegido estará o produto.

1.4.5 Perfumes

É necessário garantir a estabilidade do perfume, para não degradar o produto final.


Existe grande complexidade na fórmula de um produto, sendo constituído
maioritariamente por compostos orgânicos voláteis. É necessário prevenir a auto-
oxidação dos terpenos presentes nas fragâncias. Para produtos com uma gama de pH
entre 4,5 e 8, há maior variedade de fragâncias a ser usadas. Quando o pH se encontra
nas gamas 8-10 e 2,5-4,5, é necessário ter em atenção a reacções químicas secundárias.

1.5 Compatibilidade dos Tensoativos

A mistura de soluções de tensoativos aniónicos e de tensoativos catiónicos conduz,


quase sempre a formação de material insolúvel. Isto se deve à reação desses dois tipos
de tensoativos, formando sais insolúveis. Em alguns casos muito especiais, podem ser
obtidas misturas aniónicas/ catiónicas solúveis. Para isto, é necessário empregar alguns
artifícios, tais como o uso de excesso de um dos tensoativos ou o uso de um terceiro
tensoativo. As misturas aniónicas/ não iônico e catiónico/ não iônico são compatíveis.

1.6 Componentes dos detergentes

Nos últimos 30 anos, os detergentes domésticos, dos mais destacados países industriais,
experimentaram um rápido desenvolvimento e mudaram de composição
consideravelmente. Além dos tensoativos que desempenharam um grande papel neste
desenvolvimento, a inclusão de diversos aditivos contribuiu substancialmente para
aumentar desempenho dos detergentes, inclusive de seu poder de alvejamento.

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Em geral, além dos tensoativos, os detergentes podem conter os seguintes aditivos:

 Agentes modificadores de espuma;


 Coadjuvantes;
 Agentes removedores de manchas;
 Agentes de suspensão;
 Silicatos;
 Agentes modificadores de pó;
 Alcalinizantes;
 Ingredientes menores;
 Substâncias inertes.

1.6.1 Agentes modificadores de espuma

Embora a espuma não seja essencial para a comprovação da eficiência de um detergente


muitos produtos têm sua ação aumentada devido à espuma. Além disso, a presença de
espuma é muitas vezes tomada como indicação da existência do detergente na água de
lavagem. Por isso, um produto bem formulado deve ter uma espuma firme que
desapareça juntamente com o detergente na lavagem.

Outro ponto importante é relacionado com o uso do detergente em máquinas de lavar,


produtos que formam grande quantidade de espuma podem causar transbordamento ou a
necessidade de reduzir a carga, diminuindo a produtividade do equipamento. Neste
caso, a formulação deve procurar reduzir a espuma sem, entretanto, afectar a
detergência do produto.

1.6.2 Agentes coadjuvantes

Os detergentes sintéticos puros não são muito eficientes para remover sujeira argilosa.
Para corrigir este inconveniente, bem como fornecer um pH adequado da água e anular
a presença de iões metálicos (cálcio, ferro, cobre, etc..) adiciona-se certos sais alcalinos
como, por exemplo: tripolifosfato de sódio, fosfato trissódico, pirofosfato de sódio,
carbonato de sódio.

Deve ser enfatizado, que existe uma tendência atual para formulações de detergentes
contendo níveis mais baixos de fosfatos, em função dos efeitos adversos causados por

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esses compostos ao meio ambiente. A substituição completa dos fosfatos por outro
componente ainda não foi viabilizada, pois os produtos alternativos testados apresentam
custos mais elevados e menor eficiência.

1.6.3 Agentes removedores de manchas

Os agentes removedores de manchas podem agir por oxidação, redução ou ação


enzimática. Entre esses, o mais empregado diretamente em fórmulas específicas com
acção alvejante é o perborato de sódio, que em solução aquosa fornece peróxido de
hidrogénio. Actualmente existe uma tendência da inclusão de diversos tipos de enzimas
(protéases, lípases, amílases e celulases) na formulação dos detergentes.

1.6.4 Agentes de suspensão

São compostos que evitam a reposição da sujeira no tecido ou mesmo evitam que a
sujeira removida de uma peça seja transferida para as demais. Isto pode ser alcançado
através do uso de estabilizantes coloidais, como por exemplo, os derivados de celulose
(sal sódico de carbóxi-metil-celulose, hidroetilcelulose, metilcelulose). Em geral, a
quantidade desses derivados de celulose na formulação de detergentes depende do grau
de polimerização e do grau de substituição da molécula.

1.6.5 Silicatos

Os silicatos conferem aos detergentes melhores propriedades de armazenamento,


combatem a corrosão nas máquinas de lavar e mantém em suspensão as sujeiras de
natureza argilosa. Podem ser empregados diversos tipos de silicatos de sódio, contendo
diferentes massas de sílica (SiO2) e óxido de sódio (Na2O). Os tipos comercias mais
conhecidos são:

 Silicato de sódio neutro: relação SiO2 : Na2O => 3,2:1,2


 Silicato de sódio alcalino: relação SiO2 : Na2O => 2,2:1,0
 Metassilicato de sódio: relação SiO2 : Na2O => 1,0:1,0

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1.6.6 Agentes modificadores do pó

Sob este título genérico pode-se incluir uma série de agentes específicos que podem ser
adicionados a uma formulação para conferir ou melhorar alguma propriedade, por
exemplo, é muito comum o uso de corantes com a finalidade de melhorar o aspecto do
pó.

1.6.7 Branqueadores ópticos

São substâncias que quando depositadas sobre os tecidos, recebendo radiação de luz
ultravioleta (geralmente invisível), emitem luz visível na região azul-violeta. Isto
mascara o amarelado dos tecidos, dando mais brilho ao tecido, pois aumenta a
quantidade de luz visível emitida. Os branqueadores óticos são, normalmente,
adicionados em concentrações de 0,1 até 1,0% e o tipo de branqueador depende do tipo
de fibra dos tecidos.

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CAPÍTULO II: PROCESSOS DE FABRICO DE DETERGENTES

2.1 Surfactantes

O principal representante dos surfactantes é o sabão. Não obstante, quando apareceram


as lavadoras automáticas se criou uma demanda progressiva de substâncias mais activas
e que se comportassem melhor em águas duras, mais ricas em cálcio.

As águas duras aumentam a hidrossolubilidade do sabão, diminuindo o tempo de


contacto entre o mesmo e a roupa, reduzindo a eficiência do sabão. Somado com a
escassez de produção de sabão durante a 1ª guerra Mundial levou a obtenção de novos
tipos de detergentes.

Apareceram, então, no mercado doméstico produtos detergentes não saponáceos de


origem industrial, incluindo misturas de tensioativos com outras substâncias,
coadjuvantes como os polifosfatos, silicatos, carbonatos e perboratos, e agentes
auxiliares que incluem, entre outros, enzimas, substancias fluorescentes, estabilizadores
de espuma, corantes e perfumes. Os primeiros detergentes deste tipo, derivados do
benzeno, foram amplamente utilizados nos anos 40 e 50, porém não eram solúveis e
nem biodegradáveis, sendo ecologicamente danosos ao meio ambiente. Uma segunda
geração de detergentes, baseados no sulfonato de alquilbenzeno linear, são menos
tóxicos e mais biodegradáveis.

Os detergentes são substâncias surfactantes com propriedades anfifílicas, ou seja,


apresentam em sua estrutura molecular uma parte polar e outra apolar, o que dá a estas
moléculas a propriedade de acumularem-se em interfaces de dois líquidos miscíveis ou
na superfície de um líquido.

Os detergentes são compostos por moléculas orgânicas de alto peso molecular,


geralmente sais de ácidos sulfónicos. Cada uma de suas extremidades apresenta carácter
polar diferente. Um lado é apolar (hidrofóbico), enquanto o outro é polar (hidrofílico).
Essas extremidades possuem propriedades coligativas diferentes. Enquanto uma possui
afinidade pela água (polar) a outra possui afinidade com gorduras e outras substâncias
não solúveis (apolares). Essa interação resulta em uma estrutura conhecida como micela
(algo como uma almofada com milhares de alfinetes espetados), que remove a sujeira,
auxiliando na limpeza.

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2.2 Processo de fabrico de detergentes

As reacções mais importantes nos processos de fabrico de detergentes são as reacções


de oligomerização, sulfonação, de neutralização, de alquilação de Friedel Crafts e de
acilação de Friedel-Crafts.

A reacção de oligomerização é semelhante a uma polimerização, enquanto que na de


polimerização um determinado monómero é repetido indefinidamente, na de
oligomerização o número de monómeros presentes numa cadeia é bem definido. Este
tipo de reacção é importante na criação das cadeias hidrofóbicas dos surfactantes, assim
como na criação de cadeias de poliésteres que vão constituir a zona hidrofílica de alguns
tensioativos não iónicos.

Na reacção de sulfonação, um átomo de hidrogénio de um alcano, cicloalcano ou areno


é substituído pelo grupo funcional ácido sulfónico na reacção de um destes com ácido
sulfúrico concentrado e trióxido de enxofre. Esta reacção é fundamental para a criação
de surfactantes com grupos sulfatos.

Na reacção de neutralização, a molécula obtida durante a formação do grupo hidrofílico


iónico é transformada de um ácido/base (conforme seja o caso) para um sal, usando para
isso uma base forte como NaOH ou KOH no caso de ser ácido, ou um ácido forte como
HCl ou HF no caso de ser básico.

Figura 7: Síntese do ABS, tendo em conta as reacções de oligomerização (a), de alquilação (b),
de sulfonação (c) e de neutralização (d)

Na reacção de alquilação de Friedel-Crafts acontece a alquilação (transferência de um


grupo alquilo de uma molécula para outra) de um areno com um halogeneto de alquilo
(R-Cl) catalisado por um ácido de Lewis forte. Isto é útil para a ligação da cadeia
hidrofóbica a moléculas de benzeno, que aparecem em muitos surfactantes.

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Existe, no entanto, uma desvantagem inerente ao uso desta reacção, que é o da
possibilidade de ligação de mais do que um alquilo ao areno ou da subsequente ligação
do alquilo a outra zona do areno, o que leva a um menor rendimento da reacção de
formação do composto pretendido.
A reacção de acilação de Friedel-Crafts acontece em condições semelhantes à de
alquilação, no entanto nesta acontece a acilação (transferência de um grupo acilo de
uma molécula para outra) de um areno com um cloreto de Acila (R-COCl). Esta reacção
tem vantagens em relação à de alquilação, já que nesta não ocorrem múltiplas acilações
do mesmo composto.
Tomando como exemplo a reacção de formação do alquilbenzeno sulfonato de sódio
(ABS: cadeia ramificada «não biodegradável») a partir de propileno, benzeno e trióxido
sulfúrico, observa-se que todas as reacções previamente descritas são importantes na
síntese de tensoactivos. Este foi o primeiro detergente sintético criado, que serviu de
base para muitos outros.

2.2.1 Reacções para obtenção dos detergentes

Entre outros métodos os detergentes podem ser produzidos por reações de sulfonação de
alcanos de cadeia longa. As Figuras 8 e 9 apresentam estas reacções:

Figura 8: Reacção de sulfonação de alcanos de cadeia longa. Primeira etapa

Figura 9: Reacção de neutralização. Obtenção do detergente

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Outra forma de obtenção detergentes é através de reacções a partir de alcenos e álcoois
de cadeia longa. As Figuras 10 a 13 apresentam estas reacções:

Figura 10: Obtenção de haleto a partir de álcool de cadeia longa

Figura 11: Obtenção do dodecil benzeno através de uma reacção de substituição

Figura 12: Formação do ácido benzeno sulfónico

Figura 13: Reacção de formação de um detergente

2.2.2 Detergente em pó

Dentre os vários ingredientes líquidos e sólidos, o tripolifosfato de sódio, que é um


reforçador, o sulfato de sódio e o carboximetilcelulose de sódio são deixados num
grande tanque conhecido como um misturador de lama.

Como os ingredientes são adicionados, a mistura aquece como resultado de duas


reacções exotérmicas: a hidratação do tripolifosfato de sódio e a reacção entre a soda
cáustica e o sulfato de alquilbenzeno linear (agente tensioativo).

A mistura é, de seguida, aquecida a 85 °C e agita-se até se formar uma lama


homogénea. Depois a lama é purgada numa câmara de vácuo e separada por um
atomizador em finíssimas gotículas. Estas são pulverizadas numa coluna de ar a 425ºC
onde secam instantaneamente.

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O pó resultante é conhecido como “pó de base”, e o seu tratamento exacto a partir deste
ponto depende do produto a ser fabricado.

2.2.3 Detergentes em líquidos

O detergente líquido contém maioritariamente tensioativos sintéticos, podendo


apresentar aditivos e sabão. Isto é normalmente feito em primeiro lugar como uma pré-
mistura, misturando depois o resto nela. Esta etapa consiste simplesmente em
neutralizar ácidos gordos com soda cáustica (NaOH) ou com hidróxido de potássio.

Todos estes ingredientes, excepto as enzimas, são adicionados e misturados a altas


temperaturas. Normalmente os ingredientes utilizados no fabrico de detergentes líquidos
são o tripolifosfato de sódio, soda cáustica, ácido sulfónico, perfume e água.

Estes componentes têm diversas funções. O tripolifosfato de sódio funciona como


tampão do pH (reduz a alcalinidade), a água dissolve os vários ingredientes e a soda
cáustica neutraliza o sulfato de alquilbenzeno linear.

A mistura é, então, arrefecida e moída, e as enzimas são adicionadas na forma de pó.

No momento, os dois principais tipos de detergente de lavanderia são o detergente em


pó e o líquido. Em sua maioria, os detergentes em pó e líquido usam os mesmos
ingredientes ativos, e apenas a matéria-base diferente.

2.3 Tipos de detergentes

Quanto ao seu caracter temos:

 Detergente Ácido: é indicado para sujidades de composição mineral: cimento,


óleos, graxas e demais derivados de petróleo. A diluição deve ser feita corretamente
porque o mal uso pode danificar o piso. É indicado para limpeza pós obra ou
limpeza pesada e tem seu pH entre 0 e 7;

 Detergente Neutro: Não agride o piso, pois não realiza limpeza agressiva. É
indicado para limpeza diária, mas tem poder de remoção elevado com pH
estabilizado em 7;

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 Detergente Alcalino: Remove todo tipo de sujidade, com exceção das de origem
mineral. Deve ser usado com cuidado para não agredir o piso. Tem seu pH entre 7 e
14 e é indicado para s uperfície com alto teor de gordura e sujidade incrustas.

2.4 Detergentes Biodegradáveis

Mas até mesmo antes da preocupação com o meio ambiente se tornar parte do nosso
dia-a-dia, foram criados os detergentes biodegradáveis. Eles recebem esse nome por
serem passíveis de degradação pelos microrganismos presentes nas águas. Isso foi
conseguido reduzindo a quantidade de fosfato presente no detergente.

É importante lembrar que apenas os detergentes em gel, utilizados para lavar louça, são
biodegradáveis. Os sabões em pó e em barra permanecem na natureza ainda por um
longo período de tempo após serem despejados. Por isso precisam de um prévio
tratamento.

Como exemplo de tensoactivo biodegradável, pode ser citado o próprio ABS com
estrutura química modificada (ABL: cadeia lateral linear «biodegradável»)

2.3 Detergente Comum

Quando o assunto é agrotóxico, temos que nos preocupar. Afinal, grande percentagem
do que comemos contém o produto que pode se tornar fatal a saúde. Não é de agora que
ouvimos falar sobre agrotóxicos e seus malefícios. A utilização dos agrotóxicos teve
início na década de 20 e, durante a segunda guerra mundial foram utilizados até como
arma química.

Os agrotóxicos são substâncias químicas (herbicidas, pesticidas, hormônios e adubos


químicos) utilizadas em produtos agrícolas e pastagens, com a finalidade de alterar sua
composição, e assim, preservá-los da ação danosa de seres vivos ou substâncias
nocivas. Eles podem ser encontrados em vegetais (verduras, legumes, frutas e grãos),
açúcar, mel e café. Nos seres humanos, a ação do agrotóxico pode ser prejudicial,
desenvolvendo doenças como câncer de pâncreas, fígado, testículos e outros, tornando
assim fatal.

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Num país, onde nem todos têm acesso a alimentos orgânicos, temos que prestar atenção
em tudo que ingerimos e tomar devidas precauções. A lavagem simplesmente não
resolve o caso, pois, as substâncias tóxicas não são hidrossolúveis.

Figura 14: Lavagem de alimentos

2.4 Similaridades entre sabão e detergentes

Existem três tipos de avaliação com relação às semelhanças existentes entre sabões e
detergentes. Primeiramente, trabalharemos as semelhanças da utilização e da
degradação dos dois compostos. Em segundo lugar, verificaremos suas semelhanças
químicas e estruturais e, por último, as similaridades na forma de atuação nas sujidades.

2.4.1 Semelhanças de ordem funcional

Tanto sabões quanto detergentes pertencem a um mesmo grupo de substâncias químicas


- os tensoativos. Assim sendo, os dois produtos são redutores de tensão superficial e
possuem a característica comum de, quando em solução e submetidos à agitação,
produzirem espuma. Por esse motivo, ambos são utilizados para limpeza;

2.4.2 Semelhanças de ordem estrutural da molécula

Quanto às características de estrutura molecular, as similaridades se repetem. Tanto


sabões quanto detergentes possuem, pelo menos, um ponto de polaridade na molécula, o
que os coloca em outra classificação química comum - ambos são sais. É comum
também o facto de possuírem característica polar e apolar na mesma molécula. Ambas
as estruturas possuem, como parte apolar da molécula, grandes cadeias carbonadas

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(mais de 8 carbonos). A facilidade de degradação também tem motivo comum: cadeia
carbónica linear;

2.4.3 Forma de actuação

Já que ditos compostos possuem várias características comuns, é de se esperar que os


dois atuem de forma igual, ou semelhante, com relação à forma de limpar, o que, de
fato, ocorre. As moléculas de detergente, por apresentarem várias características
comuns com as do sabão, actuam de forma similar. É devido a essa característica
comum que estes dois compostos receberam, dentro da classificação dos tensoativos, o
nome de tensoativos aniónicos.

2.5 Biodegradação dos detergentes

Na água existem microrganismos que produzem enzimas capazes de quebrar as


moléculas de cadeias lineares. Essas enzimas, porém, não reconhecem as moléculas de
cadeias ramificadas, fazendo com que esses detergentes permaneçam na água sem sofrer
degradação (não-biodegradável).

Recentemente, a par da evolução tecnológica, tem havido também uma grande evolução
nos detergentes biodegradáveis. Quando se utiliza detergentes, quer seja para uso
doméstico, quer para uso industrial, estes vão parar aos lagos e rios.

Porém após um certo tempo os resíduos são degradados por microrganismos que
existem na água, ou seja, não são prejudiciais para o ambiente.

No entanto, ainda há quem fabrique detergentes não-biodegradáveis, pois possuem


custos de produção menos elevados, acumulando-se nos rios e formando uma camada
de espuma que impede a entrada de oxigénio na água. Isto pode causar graves prejuízos
ao ambiente.

Figura 15: Detergente não biodegradável

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Figura 16: Detergente biodegradável

As moléculas orgânicas “tensoactivos” são em partes destruídas com a produção de


substâncias inorgânicas e, em parte, incorporadas nas células ou utilizadas pelas
mesmas como fonte de energia, na prática essa degradação nunca é completa, e faz com
que o detergente seja degradado o mínimo necessário para não agredir o meio ambiente
já é considerado satisfatório.

No entanto, também se deve ter cuidado ao utilizar detergentes biodegradáveis, pois


quando estes são despejados em excesso em rios e lagos provocam um grande aumento
de matéria orgânica o que faz com que os microrganismos consumam mais oxigénio da
água para realizar a degradação. Consequentemente, haverá morte em cadeia de várias
espécies que habitam no ecossistema e que necessitam do oxigénio para sobreviver.
Assim para além de ser importante optar pelos detergentes biodegradáveis, também é
importante economizar na quantidade utilizada.

2.6 Diferenças entre Sabão e detergentes

Dos tensoactivos mais conhecidos o sabão foi o primeiro a ser produzido


industrialmente.

As principais diferenças situam-se em:

 Processo de obtenção;
 Estrutura química;
 Acção.

 Quanto a sua estrutura química


 Sabões: são essencialmente sais de sódio e potássio de diversos ácidos graxos;
 Detergentes: são misturas complexas de varias substancias cada uma selecionada
para efectuar uma acção particular durante a limpeza.

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 Para sua acção

os sabões dão precipitados e não são eficientes em presença de águas duras.

 Nas águas duras: os detergentes, nessas águas, não perdem sua acção tensoactiva,
enquanto que os sabões, nesses casos, reduzem grandemente e até podem perder seu
poder de limpeza. Os sais formados pelas reacções dos detergentes com os iões
cálcio e magnésio, encontrados em águas duras, não são completamente insolúveis
em água, o que permite ao tensoactivo sua permanência na solução e sua
possibilidade de acção.

Figura 19: Reacção que ocorre entre os sabões e cálcio, presentes em águas duras

Figura 20: Reacção que ocorre entre um detergente e cálcio, presentes em águas duras

 Nas águas ácidas: em presença de águas ácidas, os detergentes são menos


afectados, pois possuem também carácter ácido e, novamente, o produto formado
não é completamente insolúvel em água, permanecendo, devido ao equilíbrio das
reacções químicas, em solução e mantendo sua acção de limpeza.

O elemento básico do detergente é um agente de superfície ou agente tensoactivo, que


reduz a tensão superficial dos líquidos, sobretudo da água, e facilita a formação e a
estabilização de soluções coloidais, de emulsões e de espuma no líquido. Para penetrar
na superfície e interfaces dos corpos (adsorção), a molécula do agente tensoactivo
contém uma parte polar ou hidrofílica, solúvel em água, e uma parte lipofílica, solúvel
em gordura.

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Figura 17: Reacção que ocorre entre o sabão quando em águas ácidas

Figura 18: Reacção que ocorre entre o detergente quando em águas ácidas

2.7 Toxicidade dos Tensoactivos

Embora não pareça, os sabões e detergentes possuem um grau de toxicidade que, apesar
de baixo, pode tornar-se grave, dependendo do grau de intoxicação e do tipo de produto
que a causa.

Os sabões, se forem excessivamente alcalinos, irritam a pele. Se o uso for contínuo,


pode, inclusive, causar dermatites. O contacto prolongado do sabão com a mucosa
ocular pode determinar lesões relativamente graves, e a sua ingestão pode causar
distúrbios como vômitos, cólicas abdominais e diarreia.

Os tensoactivos aniónicos como o lauril benzeno sulfonato linear são mais tóxicos que
os sabões, a DL50 deste composto, em experiências utilizando ratos, por ingestão via
oral, é de 800-300 mg de detergente por quilograma de cobaia.

Os detergentes aniónicos, assim como os sabões, podem causar dermatites e irritam a


mucosa ocular com maior facilidade. Os sintomas de ingestão são determinados por
surgimento de náuseas seguidas por vómitos, cólicas abdominais e diarreia. A ingestão,
para seres humanos, entre 0,1 e 1 grama por quilograma de massa não causa efeitos
tóxicas. Dentre os surfactantes catiónicos existem alguns com grau de toxicidade
relativamente grande para estes tipos de produto. O Cloreto de Dimetil diestearil
amônio possui DL50, em testes realizados com ratos por via oral.

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2.8 Enzimas

Enzimas são proteínas que agem como catalisadores nas reações bioquímicas,
decompondo estruturas moleculares complexas em estruturas mais simples, facilitando
sua dissolução. As enzimas utilizadas nos detergentes enzimáticos são: amílase, lípase,
protéase e carbohidrase.

 Acção das Enzimas


 Protéase: degradam manchas de origem manchas de origem proteica (sangue,
proteica (sangue, ovo, carne) e ovo;
 Lípase: responsável pela degradação de pela degradação de gorduras;
 Amílase: degradam manchas de origem manchas de origem amilásia (creme de
amido, sopa);
 Carbohidrase: degradação dos Carbohidratos através carboidratos através da acção
sobre as ligações ß.

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CAPÍTULO III: IMPACTOS AMBIENTAL NA PRODUÇÃO DE
DETERGENTES

Em sistemas que dependem do oxigénio, como rios e lagos, os


agentes tensoactivos interferem nas taxas de aeração, pela redução da tensão superficial
do meio, que faz com que as bolhas de ar permaneçam um menor tempo que o previsto
em contacto com meio. Além disso, a formação de espuma na superfície com o
movimento das águas impede a entrada de luz nos corpos d'água, essencial para a
fotossíntese dos organismos subaquáticos.

Outro prejuízo causado pelo detergente no meio ambiente, é a interferência que


provocam nas aves aquáticas. Elas possuem um revestimento de óleo em suas penas e
boiam na água graças à camada de ar que fica presa debaixo delas. Quando esse
revestimento é removido, essas aves não conseguem mais boiar e se afogam.

Todos os sabões são produzidos a partir de matérias-primas biodegradáveis, óleos e


gorduras que passaram por um processo de saponificação. Portanto, os sabões possuem
tensoativos biodegradáveis. Já os detergentes sintéticos podem ou não ter tensoativos
biodegradáveis, pois eles são provindos do petróleo, matéria-prima não renovável.
Experiências mostram que os detergentes de cadeia carbônica não-ramificada são
biodegradáveis, ao passo que os de cadeia ramificada não são.

Contudo, os detergentes não são constituídos apenas de tensoativos. Eles também


contêm substâncias conhecidas como agentes sequestrantes, cuja função é melhorar o
poder de limpeza em águas (que têm maior concentração de iões de cálcio e magnésio, o
que dificulta a acção de detergentes). Um dos agentes sequestrantes mais usados é
o tripolifosfato de sódio.

Porém, sabe-se que o uso desses agentes causa eutrofização dos corpos hídricos, pois
eles são nutrientes para as algas e, quando vão parar num lago, favorecem a proliferação
delas. Esse crescimento de algas em demasia interfere no equilíbrio natural e diminui o
oxigénio dissolvido na água, acarretando a problemas na vida aquática. Em virtude
disso, aumentou-se a pressão para retirada dessa substância e a troca por outra menos

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impactante ao meio ambiente. Muitas indústrias já estão diminuindo e retirando esse
componente de sua fórmula.

Um dos aspectos mais relevantes para a venda dos produtos são as fragrâncias e os
corantes. Esses componentes são importantes para a aceitação do produto pelo público,
mas nem todas as pessoas têm uma sensação agradável pelo uso dessas substâncias.
Elas podem causar alergias respiratórias, de contacto, irritações e ressecamento da pele.

No meio ambiente, essas substâncias podem aumentar a demanda bioquímica de


oxigénio, requerendo um tratamento prévio antes de serem lançadas nos corpos
hídricos. Dê sempre preferência a fragrâncias e corantes naturais, pois eles têm menos
riscos de causarem alergias e causam menos impacto ao meio ambiente.

Qualquer produto de higiene causa algum tipo de impacto. O importante é sempre


ponderar o uso e fazer escolhas certas. Usar métodos físicos de limpeza, como varrer e
aspirar, são importantes para diminuição de uso de químicos.

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CONCLUSÃO

A detergência é um processo que consiste na remoção de uma substância indesejável,


como a sujidade, de uma superfície sólida, geralmente, com a aplicação de uma força
mecânica, na presença de uma substância química.

Os detergentes podem classificar-se em: tensoactivos aniónicos, tensoactivos catiónicos,


tensoactivos não-iónicos e tensoactivos anfotéricos.

As reacções mais importantes nos processos de fabrico de detergentes são as reacções


de oligomerização, sulfonação, de neutralização, de alquilação de Friedel Crafts e de
acilação de Friedel-Crafts.

Quanto ao caracter, os detergentes podem ser: detergente ácido, detergente neutro,


detergente Alcalino.
Mas até mesmo antes da preocupação com o meio ambiente se tornar parte do nosso
dia-a-dia, foram criados os detergentes biodegradáveis. Eles recebem esse nome por
serem passíveis de degradação pelos microrganismos presentes nas águas.

Os sabões podem diferenciar-se dos detergentes essencialmente na sua constituição


pelos sais de sódio e potássio de diversos ácidos graxos, enquanto que os detergentes
são misturas complexas de varias substancias, cada uma selecionada para efectuar uma
acção particular durante a limpeza.

Embora não pareça, os sabões e detergentes possuem um grau de toxicidade que, apesar
de baixo, pode tornar-se grave, dependendo do grau de intoxicação e do tipo de produto
que a causa. Os detergentes aniónicos, assim como os sabões, podem causar dermatites
e irritam a mucosa ocular com maior facilidade. Os sintomas de ingestão são
determinados por surgimento de náuseas seguidas por vómitos, cólicas abdominais e
diarreia.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Castro H. F. 2009. Sabão e detergentes. Processos químicos industriais II. Apostila 6.

Costa C. F. P. 2014. Optimização do processo de produção numa indústria de


detergentes. Trabalho de dissertação para obtenção do Grau de mestre em Engenharia
Química.

Neto O. G. Z; Pino J. C. D. 2009. Trabalhando a química dos sabões e detergentes.


Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Pinto A. C. L; Reis A. H. S. L; Gerós A. I. S. 2012. Sabão, detergentes e glicerina.


Faculdade de Engenharia do Porto.

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