Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
2. Avanços Políticos
As únicas reformas no âmbito político foram realizadas ou por iniciativa de uma
interpretação do judiciário e por um projeto de lei de iniciativa popular. O judiciário foi
questionado sobre a quem pertencia o mandato dos políticos, se a eles próprios ou se a seus
partidos. O TSE se posicionou a favor da tese de que o mandato pertence ao partido, e essa
tese foi posteriormente confirmada pelo STF. Essa medida tinha como objetivo fortalecer os
partidos políticos e na prática não se mostrou eficiente.
A lei que mais avanço promoveu foi a Lei da Ficha Limpa, como ficou conhecida a
proposta de lei de iniciativa popular e coordenada pelo movimento de Combate a Corrupção
Eleitoral (MCCE). A manifestação de apoio de diversos setores organizados da sociedade
gerou um clima de apoio popular que arrecadou 1,6 milhões de assinaturas (necessitavam de
1,3 milhões). A lei dispunha sobre os motivos pelos quais uma pessoa se tornaria inelegível em
uma clara medida de combate as ações de corrupções na esfera política.
Lei da Ficha Limpa
"Lei Complementarnº 135, de 4 de junho de 2010”
Altera a Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, que estabelece, de acordo com o §
9o do art. 14 da Constituição Federal, casos de inelegibilidade, prazos de cessação e
determina outras providências, para incluir hipóteses de inelegibilidade que visam a proteger a
probidade administrativa e a moralidade no exercício do mandato.
O Presidenteda República faz saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei Complementar:
Art. 1o Esta Lei Complementar altera a Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990, que
estabelece, de acordo com o § 9o do art. 14 da Constituição Federal, casos de inelegibilidade,
prazos de cessação e determina outras providências.
Art. 2o A Lei Complementar no 64, de 1990, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1o
I
c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-
Prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição
Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições
que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao
término do mandato para o qual tenham sido eleitos;
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral,
em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração
de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido
diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento
da pena, pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público;
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei
que regula a falência;
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à
inabilitação para o exercício de função pública;
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos;
8. de redução à condição análoga à de escravo;
9. contra a vida e a dignidade sexual; e
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8
(oito) anos”.
A diferença, neste governo, está em uma maior isenção das apurações da Polícia
Federal e da Justiça Federal, que, em conjunto com o Ministério Público da União (MPU) e a
Controladoria Geral da União (CGU), tem se destacado como nunca na luta contra a
corrupção, que é uma constante em nossa história política desde os tempos coloniais. Outro
aspecto relevante para a eficiência dos órgãos de controle foi a infraestrutura montada durante
o governo petista nessas instituições, como equipamentos, viaturas e aumento do número de
pessoal. Devemos destacar a importância do governo FHC na estruturação do MPU e do
governo Lula na estruturação da CGU.
Além disso, há de se destacar a escolha dos nomes para os cargos do judiciário
obedecendo a lista tríplice e nomeando para o cargo sempre o primeiro colocado em eleição
direta feita pelos órgãos da justiça, sempre coordenada pela associação da instância jurídica
responsável. Essa medida, segundo o governo, visa assegurar a autonomia e independência
do poder judiciário.
Nesse processo de ampliação e autonomia do poder judiciário a Justiça Federal, que,
em 2003, tinha cerca de 100 Varas em todo o País, chegou a 513 Varas, em 2010, todas com
um juiz titular e um substituto.
Em 2002 Lula vence pela primeira vez a eleição para presidente da república. Neste
ano o Partido dos Trabalhadores gastou 33,7 milhões de reais, recebidos do fundo partidário e
de doações do empresariado brasileiro. Desta eleição em diante o partido não mais contou
com a sua aguerrida militância no processo de microfinanciamento da campanha. Enquanto
isso seu oponente José Serra gastou 34,4 milhões de reais demonstrando que o dinheiro da
elite dos negócios se dividiu nessa eleição.
Por último, nas eleições de 2006 o PT conseguiu arrecadar 103,3 milhões de reais,
enquanto o “suposto” candidato das elites, Geraldo Alckmin recebeu 81,9 milhões. **
** (g1.globo.com – Valor Econômico – 29/11/2006)
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) foi a maior doadora à campanha da reeleição
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A mineradora, privatizada em 1997, doou R$ 4,05
milhões ao comitê financeiro do PT, que repassou ao caixa da campanha do candidato. A
prestação de contas da campanha petista foi entregue ontem ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
As doações legais foram feitas por meio de duas empresas controladas pela Vale do
Rio Doce. Por lei, a mineradora não pode fazer doações diretas porque ela é dona de
concessões público no setor de ferrovias. Por conta desta limitação, o dinheiro foi entregue
pela Caemi e a Minerações Brasileiras Reunidas (MBR).
A Vale do Rio Doce, presidida por Roger Agnelli, também foi a empresa que mais
financiou candidaturas vitoriosas à Câmara Federal, elegendo 46 deputados, conforme
levantamento realizado pelo Valor no último dia 10. No Legislativo, a Vale havia gasto R$ 5,3
milhões.
Empreiteiras (Camargo Corrêa, OAS e Andrade Gutierrez), bancos (Itaú, Bradesco,
ABN AMRO Real e Unibanco) e siderúrgicas (CSN e Gerdau) voltaram a figurar no topo da lista
dos maiores doadores de campanha do candidato a presidente.Uma das surpresas na lista dos
contribuintes da campanha do PT foi a aparição da Cutrale, segunda maior doadora. A
empresa, maior fabricante de suco de laranja do mundo, doou R$ 4 milhões ao cofre do
candidato do PT.
Outra novidade foi a presença maciça das usinas de açúcar e álcool entre os
financiadores. A Coopersucar, maior cooperativa do setor, destinou R$ 1,28 milhão. Embora os
valores sejam inferiores a R$ 500 mil, pelo menos cinco usinas - Cosan, Caeté, Moema, Dedini
e Cerradinho - destinaram entre R$ 374 mil e R$ 50 mil ao candidato reeleito.
No rol das doações pessoais, os irmãos Pedro e Alexandre Grendene tiraram R$ 1
milhão, cada um, de suas fortunas (...). O empresário Eike Batista, dono da holding EBX,
também tirou R$ 1 milhão do próprio bolso (...), além de executivos da Petrobras que também
ajudaram a financiar a campanha do PT.
g1.globo.com – Valor Econômico – 29/11/2006.
Para alguns analistas esses números demonstram, além da tese de que o dinheiro
vence as eleições, a eficiência das pesquisas eleitorais para orientarem os “investimentos” que
as doações de campanha representam.
Combate a corrupção
Com relação ao combate à corrupção, a Polícia Federal, que, no início do governo
Lula, embora tenha feito uma greve que trouxe inúmeros transtornos, principalmente nos
aeroportos (no setor de embarque internacional), tem realizado operações importantíssimas
com a prisão de corruptos e bandidos. Estas operações dizem respeito ao combate dos crimes:
cibernéticos, praticados através da Internet, tais como, o desvio de saldo bancário, a pedofilia,
as compras em cartão de crédito, as brigas de gangue, o racismo e o neonazismo; formação
de quadrilha e lavagem de dinheiro; tráfico nacional e internacional de drogas e armas; grupos
de extermínio; evasão fiscal; ambiental; crime organizado; corrupção ativa e passiva na
administração pública, entre outros.
Porém a atuação da Polícia Federal tem sido questionada por políticos e magistrados.
A cobertura cinematográfica da mídia expondo os acusados, o vazamento de informações
sobre os inquéritos, a “truculência” dos agentes, entre outros, são argumentos contra a
instituição. Foi a operação Hurricane (2007) que deflagrou a crítica contundente, talvez pelas
revelações estarrecedoras, vinculando membros do judiciário a uma quadrilha de venda de
sentenças. Foram denunciados chefes de grupos ligados a jogos ilegais, empresários,
advogados, policiais civis e federais, magistrados e um membro do Ministério Público Federal.
Outro fato que merece destaque foi a melhoria na infraestrutura da polícia federal e sua
maior autonomia em relação ao executivo. Prova disso tem sido a evolução, a cada ano, do
número de operações realizadas pela instituição. Durante os oito anos do governo FHC foram
48 operações, já durante o governo Lula foram 16 em 2003; 42 em 2004; 67 em 2005; 167 em
2006; 189 em 2007 e 218 em 2008.
A Controladoria Geral da União, instituída pela Constituição de 1988, também atua na
apuração de fraudes em verbas públicas fazendo auditoria nos repasses federais para estados
e municípios. Outra forma de fiscalização promovida pela Controladoria é a chamada devassa
fiscal em 50 prefeituras por mês, mediante sorteio, e com isto tem, felizmente, exposto as
feridas da corrupção endêmica que assola as instituições do Estado brasileiro.
Quanto ao ministério público, embora ele seja acusado de gerar privilégios par seus
membros e cometer excessos em sua missão de investigar, o saldo é positivo. Suas ações
foram fundamentais para a apuração de crimes contra o patrimônio público.
** eleicoes.uol.com.br 20/07/2006.
Corrupção
A corrupção também se verifica nas loterias da Caixa Econômica Federal que são
utilizadas para a lavagem de dinheiro, contando, inclusive, com a conivência de funcionários.
Em 2007 o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), tornou público a existência
da fraude que vigorou de 2002 a 2006 e envolveu 75 pessoas tendo superado a quantia de 32
milhões de reais. O criminoso era avisado por um funcionário da Caixa sobre o vencedor do
sorteio que, em seguida, era procurado pelo estelionatário a fim de comprar-lhe o bilhete e dar
origem lícita ao dinheiro. Esse tipo de lavagem de dinheiro atende a todo tipo de crimes como,
por exemplo, o de colarinho branco, o tráfico de armas e o de drogas, entre outros.
Este fato já havia ocorrido antes no período do governo Itamar Franco em 1993, e foi
descoberto pela CPI do Orçamento que esclareceu a forma com que então o deputado João
Alves lavava o dinheiro desviado do orçamento. Por intermédio da compra de bilhetes
premiados, legalizava-se a entrada desses recursos em sua contabilidade, foram 221 prêmios
conquistados pelo deputado do PP da Bahia.
Em 2007 mais duas quedas importantes no senado. Os escândalos derrubaram os
influentes senadores, Joaquim Roriz e Renan Calheiros, este último presidente do Senado.
Roriz foi pego em escuta telefônica tratando de divisão de propina com dinheiro desviado do
Banco de Brasília (estatal) num montante superior a 2 milhões de reais, havendo renunciado
logo no início do escândalo para não perder os direitos políticos.
Renan Calheiros foi acusado de cinco crimes, quais sejam: pagar pensão ao filho
bastardo com dinheiro de empreiteiro (absolvido em plenário com o apoio da base governista);
lavagem de dinheiro em negócios de pecuária, sonegação fiscal, compra de emissoras de rádio
e jornais por intermédio de laranjas e espionagem de políticos do PSDB e do DEM. Depois de
resistir quase cinco meses de crise renunciou a presidência do Senado para manter o
mandato.
Até a multinacional brasileira de petróleo, a estatal Petrobras, não escapou dos
escândalos de corrupção. Duas grandes compras anunciadas pela Petrobras, a Ipiranga e a
Suzano petroquímica em 2007, são investigadas pela Polícia Federal por vazamento de
informações privilegiadas, sendo afastado um de seus diretores. O esquema ficou nítido com a
compra de ações da Ipiranga na Bolsa de Valores de São Paulo um dia antes da aquisição
dando a grupos de investidores, de um dia para o outro, uma rentabilidade recorde.
Foram abertos dois inquéritos para investigar o vazamento de informações tanto na
Bolsa de Valores quanto no CADE (Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico).
Outro fato curioso foi o roubo de Laptops da empresa que estavam dentro de um contêiner no
porto de Macaé, no Rio de Janeiro e que continham informações preciosas sobre as
descobertas do pré-sal, inclusive o poço de gás natural de Júpiter, também no pré-sal. A
Polícia Federal após o termino das investigações afirmou, para quem quiser acreditar, que o
roubo foi um crime comum, afastando a possibilidade de espionagem empresarial.
Em junho de 2008 a Polícia Federal, baseada na operação Satyagraha (do hindu:
firmeza na verdade) conduzida pelo delegado Protógenes Queiroz desde 2004 e que efetuou a
prisão de empresários, doleiros, investidores, políticos e de uma figura já conhecida nos
escândalos de corrupção já vistos até agora, o banqueiro Daniel Dantas do Banco Oportunity.
Ele foi acusado de formação de quadrilha e evasão de divisas juntamente com o doleiro Naji
Nahas, porém sua prisão foi cancelada pelo presidente do STF, Gilmar Mendes que lhe
concedeu também um Habeas Corpus preventivo. Já as investigações nas ilhas Cayman sobre
a lavagem de dinheiro do grupo Oportunity determinaram a prisão de Daniel Dantas assim que
ele voltar ao paraíso fiscal.
A ação foi anulada pelo STJ em 2011 e arquivada definitivamente pelo STF em 2015,
alegando ilegalidades no processo inquisitório. Quanto ao delegado Protógenes, ele foi eleito
deputado federal pelo PCdoB de São Paulo por duas legislaturas e em 2014 foi expulso da
Polícia Federal e condenado pelo STF a dois anos e meio de prisão que foi revertido para pena
de prestação de serviços a comunidade.
Os escândalos de corrupção e uso de influência política não param de acontecer no
poder legislativo. Após a eleição para a presidência do Senado no início de 2009 o presidente
eleito, José Sarney, teve que extinguir 181 diretorias da casa por causa da falta de
necessidade de muitas delas aliadas a criação de cargos em excesso para correligionários e
parentes. O curioso e que 70% dessas diretorias foram criadas pelo próprio Senador José
Sarney, quando presidente do Senado em outra legislatura.
Em seguida é descoberto o escândalo dos atos secretos que nomeavam parentes de
parlamentares, inclusive do próprio Sarney. O ex-presidente também teve sua fundação
investigada por estar envolvida em repasses de verbas da Petrobrás para programas culturais
que não foram realizados.
Já o empresário Fernando Sarney, o filho, foi investigado na operação Faktor da
Polícia Federal que o indiciou em 2009 acusando-o de tráfico de influência no Governo
Federal, formação de quadrilha. Porém, O senador Sarney conseguiu na justiça impor o
silêncio ao jornal O Estadão para que ele não mais acompanhasse nem publicasse notícia
sobre o fato (censura).
Em 2011 o STJ anula a investigação sob a alegação de que as escutas telefônicas
devem ser o último instrumento de uma investigação e não podem acontecer antes de depois
de esgotados todos os demais tipos de investigação. A anulação foi confirmada definitivamente
em 2015 pelo STF.